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SEMANA DA ARTE MODERNA

Capa do catálogo da exposição, desenhado por Di Cavalcanti. (Imagem: Acervo/Theatro Municipal de São Paulo)

Em cada dia, as apresentações foram divididas por tema: no dia 13, pintura e escultura; no dia 15, a literatura; e no dia 17, a música. Ironicamente, alguns dos nomes mais importantes do Modernismo não estiveram presentes na Semana. É o caso de Tarsila do Amaral, provavelmente a pintora mais conhecida do movimento, que estava em Paris, e Manuel Bandeira, que ficou doente e faltou à declamação do seu próprio poema, Os sapos, no segundo dia.

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Onde aconteceu? Teatro Municipal de São Paulo - 1922

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Principais Nomes da Semana da arte moderna e da primeira geração moderna no Brasil

1 - Mario de Andrade:

Um dos principais nomes do Modernismo

Profissão: Mário Raul de Moraes Andrade foi um poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta brasileiro. Ele foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Paulicéia Desvairada em 1922.

O escritor ajudou a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922 e esteve ao lado de grandes personalidades do modernismo, como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia.  

Mário de Andrade trabalhou na “Revista da Antropofagia”, criada em 1928 pelo amigo e também modernista Oswald de Andrade. Um dos seus romances de maior sucesso, “Macunaíma”

Mário de Andrade era um estudioso de cultura brasileira, por isso foi o fundador do Departamento de Cultura de São Paulo, vinculado à Prefeitura Municipal de São Paulo. Por alguns anos, atuou também como fotógrafo.

Algumas Obras:

Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, 1917

Pauliceia Desvairada, 1922

A Escrava que não É Isaura, 1925

Macunaíma, 1928

2 – Oswald de Andrade

José Oswald de Sousa Andrade foi um escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro.

Fundador da “Revista da Antropofagia”, em 1928

Ajudou a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922

Autor dos Manifestos:

Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924)

Manifesto Antropófago (1928)

3 – Manuel Bandeira

ajudou a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922 e esteve ao lado de grandes personalidades do modernismo, como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia.

 Autor do poema “ Os Sapos”, onde utilizando de ironia e sarcasmo, faz ferrenha crítica aos poetas parnasianos, (abaixo veremos este poema)

Autor do poema "Vou-me embora pra Pasárgada", onde é questão a evocação sonhadora de um país imaginário, , onde todo desejo, principalmente erótico, é satisfeito.

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

 E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

 Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

 E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

Como foi cada dia de apresentação:

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O público não gostou

Toda aquela modernidade não agradou o público. As pinturas e esculturas, de formas estranhas, fizeram os visitantes se perguntarem se os quadros estavam pendurados da maneira certa. Os poemas modernistas eram declamados entre vaias e gritos da plateia. Conta-se, inclusive, que no último dia o músico Heitor Villa-Lobos entrou para sua apresentação calçando sapato em um pé e chinelos no outro, o que foi considerado um desrespeito pelo público presente. Não deu outra: ele foi vaiado furiosamente. Depois, o maestro explicou que fora calçado assim porque estava com um calo no pé. A reação dos visitantes ecoou entre os especialistas, que tratou o movimento como desimportante e retomou as críticas vorazes de Monteiro Lobato. De fato, à época, a Semana de Arte Moderna não teve tanta importância. Mas, nos anos seguintes, o evento passou a ser considerado o marco que inaugurou o Modernismo no país e provocou os efeitos sentidos em todos os aspectos da cultura brasileira.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Análise do poema “Os Sapos”

O poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, escrito em 1918, e publicado em 1919. Foi declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922, evento que deu início ao Modernismo na Literatura e nas Artes no Brasil. Na poesia, Manuel Bandeira joga com as palavras à maneira dos parnasianos, colocando pontos essenciais e características importantes defendidos e cultuados pelos parnasianos, a exemplo da sonoridade e métrica regular. Manuel Bandeira também fez uso de recursos como ironia, sarcasmo e paródia.

Para o crítico literário e escritor Alfredo Bosi, na História Concisa da Literatura Brasileira, a figura do poeta parnasiano, comparado a uma "máquina de fazer versos" no "Manifesto Antropófago" (1928) de Oswald de Andrade, (representado na pintura surrealista de Anita Malfatti em 1929), foi ridicularizada e atacada em inúmeros artigos e poemas, como “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, recitado por Ronald de Carvalho na segunda noite da Semana de Arte Moderna. Em oposição ao rigor gramatical e ao preciosismo lingüístico parnasianos, os poetas modernistas valorizaram a incorporação de gírias e de sintaxe irregular, e a aproximação da linguagem oral de vários segmentos da sociedade brasileira.

Bandeira chama de sapos os poetas parnasianos que somente aceitavam a poesia rimada, formal, como os sonetos. Em “Os Sapos” ele também satirizou as reclamações dos poetas parnasianos e as comparou com o coaxar dos sapos num rio. Cada um desses poetas ele dá uma denominação diferente: sapo-boi, sapo tanoeiro e aos menores chama de saparia. Também mostra algumas das regras que eles seguiam: comer hiatos, nunca rimar cognatos, dar importância à forma.

“Os sapos”, de Manuel Bandeira é composto por 14 quartetos isométricos (iguais), em versos de redondilha menor, com um ritmo que varia. Com rimas ricas e pobres, o poema está construído segundo o rigor formal adotado pelo Parnasianismo.

O conteúdo do poema é essencialmente metalingüístico: na fala do sapo-tanoeiro aparece o fazer da poesia, apresenta-se a técnica da arte parnasiana e é possível observar a vitória da forma sobre o conteúdo. Os aspectos formais citados são o ritmo, o horror ao hiato, as rimas consoantes, a beleza formal. As demais estrofes podem ser divididas em duas ideias básicas: participação contraditória e duvidosa no diálogo sobre arte, do sapo-boi e dos sapos-pipas e a isenção do sapo-cururu como participante do diálogo.

Manuel Bandeira também utiliza a personificação, pois são atribuídas aos sapos qualidades e ações próprias do homem: “Berra o sapo-boi:/ Meu pai foi à guerra!” ou “O sapo-tanoeiro, / Parnasiano aguado,/ Diz: - Meu cancioneiro/ é bem martelado” ou “ Urra o sapo-boi:/ -‘Meu pai foi rei”- “Foi!’”.

O poema também é uma metáfora, pois não acontece a personificação de apenas um elemento, mas de todos os elementos que agem no poema, ou seja, os sapos. Eles substituem figurativamente os homens que trabalham com arte, com versos, com poesia, portanto, os poetas. Trata-se do diálogo de vários sapos que representa a classe dos poetas; estes comparados a sapos, cujo coaxar não tem beleza alguma, são automaticamente inferiorizados.

Por se tratar de uma crítica aos parnasianos, o poeta modernista faz uso de formas na composição do poema para atacar o movimento da arte pela arte. Chamar o sapo-tanoeiro de “parnasiano aguado”, com seu “cancioneiro bem martelado”, é dizer que o ritmo marcado do Parnasianismo é como o coaxar do sapo-tanoeiro (ferreiro). Trata-se do desprezo irônico a esse ritmo.

O poeta destaca ainda as virtudes poéticas parnasianas com termos rebuscados “Vede como primo”, seguido de uma expressão grosseira “Em comer hiatos”, com o verbo “comer” em lugar de “suprimir” estendendo a ideia de digerir a uma ocorrência estético-formal.

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Os sapos

Enfunando os papos,

Saem da penumbra,

Aos pulos, os sapos.

A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,

Berra o sapo-boi:

- "Meu pai foi à guerra!"

- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,

Parnasiano aguado,

Diz: - "Meu cancioneiro

É bem martelado.

Vede como primo

Em comer os hiatos!

Que arte! E nunca rimo

Os termos cognatos.

Vocabulário:

O meu verso é bom

Frumento sem joio.

Faço rimas com

Consoantes de apoio.

Vai por cinquüenta anos

Que lhes dei a norma:

Reduzi sem danos

A fôrmas a forma.

Clame a saparia

Em críticas céticas:

Não há mais poesia,

Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:

- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"

- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo

O sapo-tanoeiro:

- A grande arte é como

Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.

Tudo quanto é belo,

Tudo quanto é vário,

Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas

(Um mal em si cabe),

Falam pelas tripas,

- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,

Lá onde mais densa

A noite infinita

Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,

Sem glória, sem fé,

No perau profundo

E solitário, é

Que soluças tu,

Transido de frio,

Sapo-cururu

Da beira do rio...

Manuel Bandeira in "Estrela da Vida Inteira"

- Assomo: aparência, indício, acesso

- Cognatas: palavras de mesma família; ex. cor, colorir, colorado, incolor

- frumento: tipo de trigo

- estatuário: referente a estátuas

- perau: declive forte/ inclinação que da para um rio

Tipos de rimas:

- Mórfica:

• Ricas – têm classes gramaticais diferentes:

Exemplo:

"Não há machado que corte

a raiz ao pensamento

não há morte para o vento

não há morte" 

por Carlos de Oliveira;

• Pobre – Pertencem à mesma classe gramatical:

Exemplo:

"Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia

Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia" por Ary dos Santos;

Posição na estrofe:

• Emparelhadas ou paralelas (A...A...B...B)

(A) - "Manuel, tens razão. Venho tarde. Desculpa.

(A) - Mas não foi Anto, não fui eu quem teve a culpa,

(B) - Foi Coimbra. Foi esta paisagem triste, triste,

(B) - A cuja influência a minha alma não resiste. (...)

• Cruzadas ou alternadas (A...B...A...B)

(A) - "Senhora, partem tão triste

(B) - meus olhos por vós, meu bem,

(A) - que nunca tão tristes vistes

(B) - outros nenhuns por ninguém."

• Opostas: intercaladas ou interpoladas (A...B...B...A)

(A) - "Busque Amor novas artes, novo engenho

(B) - para matar-me, e novas esquivanças;

(B) - que não pode tirar-me as esperanças,

(A) - que mal me tirará o que não tenho."

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