IV – RESULTADOS: MEIO FÍSICO



IV – RESULTADOS: MEIO FÍSICO

1. Clima

O Planalto Paulistano representa uma região de transição climática, apresentando climas do tipo Cfa, Cfb, Cwa ou Cwb de Köppen (1948) (ver Aragaki e Mantovani 1998). As diferentes classificações ocorrem conforme o período selecionado para a avaliação climática e a delimitação do período de seca (Aragaki e Mantovani 1998). A partir dos dados meteorológicos fornecidos pelo CIIAGRO/IAC para Ibiúna (Figura 4), pode-se caracterizar o clima da área de estudo como temperado quente e úmido, do tipo Cfa (Köppen 1948), com temperatura média mensal do mês mais quente acima de 22oC e precipitação média do mês mais seco entre 30-60 mm. A precipitação média anual fica em torno de 1340 mm. Os dados climáticos padronizados indicam a existência de uma sazonalidade na região, com uma diminuição na pluviosidade e temperaturas médias entre os meses de abril e agosto, mas sem apresentar déficit hídrico (Figura 4). Segundo dados da SABESP (1997), a área da bacia do rio Cotia é fortemente afetada por diversos sistemas sinóticos, ou seja, frentes frias e linhas de instabilidade.

A direção predominante do vento durante todo o ano é SE/SSE, e secundariamente predomina a direção WNW/NW durante o período de maior aquecimento do dia (15 horas local), sendo que as maiores velocidades médias anuais atingem 2,6 m/s (SABESP 1997).

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Figura 4. Precipitação média mensal (mm) e temperatura média mensal (oC) no período de 1962-1992 para a região de estudo. Dados meteorológicos coletados no Posto Meteorológico de Ibiúna, SP (47°13’W e 23°40’S, 850 m de altitude) distante cerca de 26 km da Reserva Florestal do Morro Grande (Fonte de dados: CIIAGRO - Instituto Agronômico de Campinas, SP, iac..br).

2. Geologia

2.1. Regional

Hasui (1975) considera o elemento tectônico mais importante na região a existência de um conjunto de falhamentos sub-verticais (60 a 90o), denominados, à luz dos conhecimentos teóricos atuais, zonas de cisalhamento dúcteis (Ramsay e Huber 1983) ocorrendo em grande quantidade no sudeste brasileiro. São grandes estruturas com centenas de quilômetros de extensão e espessuras que podem atingir centenas de metros. As principais zonas de cisalhamento da região são Taxaquara e Caucaia (Figura 5).

A zona de cisalhamento Taxaquara determina a separação de dois compartimentos: o Conjunto São Roque (ao norte) e o Conjunto Paranapiacaba (ao sul), permeados por rochas sedimentares cenozóicas (Figura 5).

Na porção norte, no Conjunto São Roque, predomina o Grupo São Roque, o qual é constituído de uma grande diversidade de rochas com baixo grau de metamorfismo, como xistos, micaxistos, filitos, metarenitos, mármores e anfibolitos (Carneiro 1983, Juliani 1992). Nesta unidade, xistos e filitos são as rochas predominantes em termos de área, mas o que se destaca em termos de modelado de relevo são as rochas quartzíticas devido a sua resistência ao intemperismo, configurando os relevos mais proeminentes. Na Região Metropolitana de São Paulo, o Pico do Jaraguá é o exemplo mais expressivo (Simões e Goulart 2001).

Na parte sul, no Conjunto Paranapiacaba, predominam as rochas tidas como constituintes do embasamento do grupo São Roque. O Conjunto Paranapiacaba é, portanto, constituído principalmente pelo Complexo Embu (Almeida et al. 1981, Juliani 1992) e corpos graníticos intrusivos. No Complexo Embu, predominam gnaisses e migmatitos, rochas de médio a alto grau de metamorfismo. Em menor quantidade ocorrem anfibolitos, mármores e quartzitos. Na Folha São Roque, os maciços graníticos mais expressivos em dimensão são os de Jurupará e Caucaia, os quais são truncados pela Zona de Cisalhamento de Caucaia (Hasui 1975).

As coberturas cenozóicas são compostas de material inconsolidado, em particular os depósitos aluvionares ao longo das principais drenagens e os depósitos coluvionares em vertentes.

Na região próxima a Reserva Florestal do Morro Grande, a Zona de Cisalhamento de Caucaia é o elemento que mais se destaca em termos de aspectos estruturais. Ela recorta diagonalmente a área em dois conjuntos distintos. Possui orientação NE-SW, acompanhando a principal foliação regional com uma largura aproximada de trezentos metros. A influência deste cisalhamento pode ser vista em afloramento, afetando, por exemplo, os corpos graníticos expostos (Simões e Goulart 2001).

Simões e Goulart 2001 (2001) destacam uma intensa rede de fraturamentos na região como outro elemento estrutural muito importante, formadas a partir de atividades tectônicas tardias. Hasui (1975) considera que fraturamento e foliação têm um importante papel no condicionamento da drenagem, principalmente nos níveis hierárquicos mais baixos (cursos d’água de 1a e 2a ordem). Por outro lado, alguns cursos d’água são, em parte, controlados pelas intrusões graníticas.

2.2. Local

Foram encontrados sete conjuntos distintos de rochas nas proximidades da Reserva Florestal do Morro Grande (IPT 1981). Devido à ausência de mapeamentos detalhados na região, esta foi a base utilizada para a compilação do mapa geológico ilustrativo (Figura 5):

Eon Criptozóico/Era Proterozóica/Período Proterozóico Superior/(1.000 m. a. – 570 m. a.)

Grupo Açungui - Complexo Pilar (PSp)

PSpX _ quartzo-mica xistos, biotita-quartzo xistos, muscovita-quartzo xistos, granada-biotita xistos, xistos grafitosos, clorita xistos, sericita-biotita, talco xistos, magnetita xistos e calcoxistos com intercalações subordinadas de filitos, quartzitos, mármores, calcossilicáticas e metassiltitos.

Grupo Açungui - Complexo Embu (Pse)

PseM _ Migmatitos heterogêneos de estruturas variadas, predominando estromatitos de paleossoma xistoso, gnáissico ou anfibolítico; migmatitos homogênios variados predominando os de natureza homofânica, oftalmítica e facoidal;

PseB _ com ocorrência subordinada de corpos metabásicos

Grupo São Roque (PSs)

PSsC _ calcários dolomíticos, calcíticos e hornfels calcossilicáticos em aurélas termo-metamórficas;

PSsF _ filitos, quartzo filitos e filitos grafitosos em sucessões rítmicas, incluindo subordinadamente metassiltitos e quartzo xistos, micaxistos e quartzitos.

Suítes Graníticas Sintectônicas

Fácies Cantareira (PS(c) _ Corpos para-autóctones e alóctones, foliados, granulação fina a média, textura porfirítica frequente; contatos parcialmente concordantes e composição granodiorítica a granítica.

Eon Fanerozóico/Era Cenozóica/Período Quaternário/Época Holoceno (1,8 m. a. ()

Sedimentos aluvionares Qa _ Aluviões em geral, incluindo areias inconsolidadas de granulação variável, argilas e cascalheiras fluviais subordinadamente, em depósitos de calha e/ou terraços.

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3. Geomorfologia

3.1. Regional

Segundo a divisão geomorfológica para o Estado de São Paulo realizada por Almeida (1964), a região da Reserva Florestal do Morro Grande está totalmente inserida no Planalto Atlântico. Esta se caracteriza como uma região de terras altas, constituída predominantemente por rochas cristalinas pré-cambrianas, cortadas por intrusivas básicas e alcalinas mesozóico-terciárias e pelas coberturas das bacias sedimentares de São Paulo e Taubaté.

Para o detalhamento destas unidades, Almeida (1964) propôs uma sub-divisão em zonas. Três zonas geomorfológicas contidas no Planalto Atlântico recobrem a região da Reserva Florestal do Morro Grande: a Serrania de São Roque, o Planalto de Ibiúna e o Planalto Paulistano, mais especificamente a região da Morraria do Embu.

A Serrania de São Roque é uma extensa área montanhosa, onde as maiores altitudes são encontradas na Serra do Japi, com cerca de 1200-1250 metros. Possui composição litológica diversificada, que vai dos metamorfitos de baixo grau do Grupo São Roque até rochas gnáissicas e migmatíticas com intrusões graníticas.

O Planalto de Ibiúna é uma pequena unidade do relevo paulista onde o seu relevo é sustentado por rochas graníticas, gnáissicas e metassedimentos. É formado predominantemente por granitos relacionados com as mais altas elevações. Faz limite com a zona serrana de São Roque, ao norte, através da serra de Taxaquara.

O Planalto Paulistano apresenta relevo suave na parte central com colinas e áreas de morros cristalinos, com altitude entre 715 e 900 metros, onde predominam micaxistos. O compartimento referente a Morraria do Embu compreende terrenos cristalinos que circundam a Bacia Sedimentar de São Paulo a oeste, sul e leste, com nível topográfico mais elevado e processos de evolução de vertentes mais dinâmicos. Apresenta relevo de morros e uma rede de drenagem muito densa.

3.2. Local

Seguindo a divisão de Almeida (1964), a Reserva Florestal do Morro Grande e o seu entorno, estão incluídas predominantemente no Planalto de Ibiúna. Ponçano et al. (1981), delimitaram de forma mais detalhada os limites propostos por Almeida (1964). Na região da Reserva Florestal do Morro Grande e o seu entorno são apresentados os seguintes sistemas de relevo, segundo a classificação de Ponçano et al. (1981). Devido à ausência de mapeamentos detalhados na região, esta foi a base utilizada para a compilação do mapa geomorfológico ilustrativo (Figura 6):

Formas do Relevo

1. Relevos de Agradação

1.1. Continentais

111. Planícies Aluviais – terrenos baixos mais ou menos planos junto às margens dos rios sujeitos a inundações periódicas.

2. Relevos de Degradação em planaltos dissecados

2 3. Relevos de Morrotes (predominam declividades médias a altas – acima de 15% e amplitudes locais inferiores a 100 metros)

231. Morrotes baixos_ relevo ondulado, onde predominam amplitudes locais < que 50 metros. Topos arredondados, vertentes com perfis convexos a retilíneos. Drenagem de alta densidade, padrão em treliça, vales fechados a abertos, planícies aluviais interiores restritas. Presença eventual de colinas nas cabeceiras dos cursos d`água principais.

232. Morrotes alongados paralelos_ topos arredondados, vertentes com perfis retilíneos à convexos. Drenagem de alta densidade, padrão paralelo ou treliça, vales fechados.

233. Morrotes alongados e espigões_ predominam interflúvios sem orientação preferencial, topos angulosos a achatados, vertentes ravinadas com perfis retilíneos. Drenagem de médio a alta densidade, padrão dendrítico, vales fehados.

2. 4. Relevo de Morros: - predominam declividades médias a altas, acima de 15%, e amplitudes locais de 100 a 300 metros.

243. Mar de Morros_ topos arredondados, vertentes com perfis convexos a retilíneos. Drenagem de alta densidade, padrão dendrítico a retangular, vales abertos a fechados, planícies aluvionares interiores desenvolvidas. Constitui, geralmente, um conjunto de formas em “meia laranja”;

244. Morros paralelos_ topos arredondados, vertentes com perfis retilíneos a convexos. Drenagem de alta densidade, padrão em treliça a localmente sub-dendrítica, vales fechados a abertos, planícies aluvionares interiores restritas.

245. Morros com Serras Restritas_ morros de topos arredondados, vertentes com perfis retilíneos, presença de serras restritas. Drenagem de alta densidade, padrão dendrítico, vales fechados, planícies aluvionares interiores restritas;

2. 5. Relevo Montanhoso (predominam declividades médias a altas – acima de 15% e amplitudes locais acima de 300 metros).

251. Serras Alongadas_ topos angulosos, vertentes ravinadas com perfis retilíneos. Drenagem de alta densidade, padrão paralelo, vales fechados.

5. Relevos de transição

5. 2. Escarpas (predominam declividades altas – acima de 30% - amplitudes > que 100 metros)

521. Escarpas festonadas_ desfeitas em anfiteatros separados por espigões, topos angulosos, vertentes com perfis retilíneos. Drenagem de alta densidade, padrão subparalelo a dendrítico, vales fechados.

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Hipsometria

As altitudes na RFMG estão compreendidas entre 860 e 1075 metros, resultando numa amplitude máxima de apenas 215 metros. A porção sul - região de cabeceira dos rios Cotia e Capivari - apresentam as maiores elevações. Já as menores elevações concentram-se na porção norte da RFMG. As altitudes inseridas entre 900 e 1000 metros englobam 86,13 % da área total, sendo que apenas 4,42 % estão em altitudes superiores a 1000 metros. O gráfico abaixo (Figura 7) e o mapa hipsométrico (Figura 8) mostram a distribuição das classes de altitude dentro dos limites da RFMG (Goulart 2004).

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Figura 7. Distribuição das classes de altitude na RFMG.

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Declividade

A maior parte da RFMG (98,28 %) apresenta declividade abaixo de 25 graus e apenas 1,72 % estão inseridos em declividades entre 25 e 45 graus (Figura 9). O gráfico abaixo (Figura 9) e o mapa de declividade (Figura 10) mostram a distribuição das classes de declividade dentro dos limites da RFMG.

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Figura 9. Distribuição das classes de declividade em graus na RFMG.

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Orientação de vertente

A orientação de vertente na RFMG está bem dividida entre as classes Norte, Leste, Sul, Oeste e Plano (Figura 11). O gráfico abaixo (Figura 11) e o mapa de orientação de vertente (Figura 12) mostram a distribuição das classes de orientação de vertente dentro dos limites da RFMG.

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Figura 11. Distribuição (em porcentagem) das classes de orientação de vertente na RFMG.

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4. Pedologia

Segundo o Mapa Pedológico do Estado de São Paulo, organizado por Oliveira et al. (1999), são encontrados na Região da Reserva Florestal do Morro Grande e seu entorno os seguintes solos de acordo com o novo sistema de classificação da EMBRAPA (1999): latossolos vermelho-amarelos, argissolos vermelho-amarelos e cambissolos háplicos. Devido à ausência de mapeamentos detalhados na região, esta foi a base utilizada para a compilação do mapa pedológico ilustrativo (Figura 13).

Cambissolos - Relativo ao grupamento de solos pouco desenvolvidos com horizonte B incipiente e referente aos Cambissolos existentes nas classificações anteriores. São solos de pedogênese pouco avançada evidenciada pelo desenvolvimento da estrutura do solo, ausência ou quase ausência da estrutura da rocha, croma mais forte, matizes mais vermelhas ou conteúdo de argila mais elevado que os horizontes subjacentes;

Argissolos - Agrupamento de solos com horizonte B textural, com argila de atividade baixa e evolução avançada, com atuação incompleta de processo de ferralitização, em conexão com paragênese caulinítica-oxídica ou virtualmente caulinítica, na vigência de mobilização de argila da parte mais superficial, com concentração ou acumulação em horizonte subsuperficial. Conhecidos anteriormente como Podzólico Vermelho-Amarelo, parte das Terras Roxas Estruturadas e similares, Terras Brunas, Podzólico Amarelo, Podzólico Vermelho-Escuro.

Latossolos - Agrupamento de solos com horizonte B latossólico e evolução muito avançada, com atuação expressiva do processo de latolização, com intemperização intensa de minerais primários, concentração relativa de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio.

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Caracterização dos horizontes no entorno da Reserva Florestal do Morro Grande

Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e adjacências, a maioria dos estudos que tratam da caracterização e evolução dos solos nos terrenos de idade pré-cambriana está mais direcionada para as questões geotécnicas (Vargas 1981, Bandini 1992, Godoy 1992). Estes trabalhos consideram a diferenciação usualmente utilizada em Geotecnia entre solos superficiais (horizontes A e B pedológicos) e os solos de alteração (horizonte C pedológico). Abaixo, segue uma caracterização desses horizontes feita por Simões e Goulart (2001) no entorno da RFMG para os latossolos.

Horizonte A

Possui pequena espessura variando de 15 a 30 cm. Apresenta uma variação de cinza a castanho na coloração e seus constituintes minerais tendem a se agrupar formando torrões, devido ao papel cimentante dos minerais argilosos e da matéria orgânica. A maior parte das raízes das plantas tende a se concentrar neste horizonte, embora elas possam se estender para o horizonte inferior.

Horizonte B

A espessura deste horizonte varia de 0,60 a 2,0 m, sendo possível normalmente estabelecer uma diferenciação marcante entre os horizontes B1 e B2, tratando-se, portanto, de solos B-texturados. Raramente, caracteriza-se um horizonte B3, que estabelece uma transição com o horizonte C.

A cor predominante do horizonte B nos perfis da região é amarelo-avermelhado, com uma gradação para tonalidades mais avermelhadas com o aumento da profundidade.

Horizonte C

No caso das áreas onde ocorrem migmatitos, os solos são predominantemente silto e argilo-arenosos devido à alteração, completa ou parcial, do feldspato e ferromagnesianos (biotita), e à preservação dos minerais de quartzo. Apresentam alternância de níveis esbranquiçados a amarelo-avermelhado. Os corpos graníticos tendem a produzir solos mais arenosos com permeabilidade mais elevada do que as porções xistosas dos migmatitos.

5. Hidrografia

A RFMG compreende as cabeceiras da bacia do Rio Cotia, que integra a bacia do Alto Tietê (Figura 14). A região do entorno da RFMG engloba mais duas grandes bacias hidrográficas: a bacia do Ribeira do Iguape, em direção ao Litoral Sul do estado de São Paulo, e a bacia do Sorocaba e Médio Tietê (Figura 14).

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Figura 14. Bacias hidrográficas da RFMG e o seu entorno, sem escala. Fonte: Atlas Sinbiota (), © 2001, Biota/Fapesp & Centro de Referência em Informação Ambiental, modificado.

6. Uso e cobertura do território

6.1. O entorno da RFMG

Mapeamento da vegetação a partir de imagens de satélite

A ocupação e o uso das terras no entorno da RFMG apresenta um padrão altamente fragmentado e dinâmico (Figura 15). A expansão das atividades agrícolas e da urbanização provocou alterações profundas em sua cobertura vegetal original. Restaram poucos remanescentes, a maioria de pequenas dimensões e há muito tempo modificados pela ação do homem. A matriz original de floresta foi substituída por uma nova matriz antrópica e, atualmente, encontram-se nela fragmentos florestais de diferentes dimensões, formas e graus de conservação e isolamento. A Reserva Florestal do Morro Grande é uma das poucas áreas a apresentar florestas em bom estado de conservação, embora o entorno se encontre profundamente antropizado. A Tabela 2 apresenta as classes de cobertura do solo e as porcentagens em que estas são encontradas na área considerada por este relatório.

Tabela 2. Porcentagem de ocupação de cada classe de cobertura em relação à área total da RFMG e do entorno considerado. Calculado a partir da imagem Landsat 7 ETM+ classificada.

|Classe de cobertura |Porcentagem de cobertura |

|Agricultura |16,3% |

|Área urbana |12,5% |

|Campo ou área degradada |9,1% |

|Vegetação em estádios sucessionais iniciais |3,3% |

|Vegetação em estádios sucessionais avançados |57,5% |

|Água |1,3% |

A classe agricultura apresentou alguma confusão com pastagem. A ocupação do solo na região é dinâmica, sendo que pequenas áreas, em alguns anos, têm ocupação agrícola e em outros são destinadas a pastagem.

A classe área urbana apresentou, em dois dos dez pontos, confusão com usos especiais. Uma área classificada como urbana corresponde a um lixão e uma outra a um grande depósito de sucata a céu aberto.

A classe vegetação em estádios de sucessão iniciais inclui tanto vegetação natural quanto implantada. Assim, esta classe abrange as áreas de regeneração da floresta nativa, os reflorestamentos com pinos e eucaliptos em estádios iniciais ou rebrotando depois do corte e as áreas em que a vegetação é mantida em estádios iniciais mediante queima ou cortes periódicos. Esta última situação foi encontrada no SW da reserva onde passa uma linha de energia elétrica de alta tensão. A vegetação que se encontra sob os fios transmissores é cortada regularmente e se encontra permanentemente em estádio de regeneração inicial.

A classe vegetação em estádios de sucessão avançados inclui a mata e capoeira em estádios avançados de regeneração, bem como os reflorestamentos com pinos e eucaliptos mais antigos.

A superfície da classe água apresentou mudanças grandes já que, no momento da realização do trabalho de campo, o lago do reservatório encontrava-se atravessando um período de vazante excepcional, com menos do 10% de sua capacidade preenchida. A imagem foi adquirida em um momento em que o reservatório se encontrava com sua capacidade quase totalmente preenchida.

Figura 15 (próxima página). Classificação do uso do solo da Reserva Florestal do Morro Grande e entorno a partir de duas imagens Landsat ETM+ (abril/2000).

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Figura 15. Classificação do uso do solo da Reserva Florestal do Morro Grande e entorno a partir de duas imagens Landsat ETM+ (abril/2000).

6.2. Fitofisionomias da RFMG

Mapeamento de fitofisionomias a partir de fotointerpretação

Através de análises da classificação obtida, concluiu-se que a ocupação da terra predominante na área de estudo corresponde à Floresta Ombrófila Densa Montana (9.400,62 ha ou 86,48%), em sua maioria em estádios sucessionais médio (6949,8 ha ou 63,93%) e avançado (2450,91 ha ou 22,55%) de regeneração (Tabela 3). Áreas correspondentes a estádios iniciais de regeneração (pioneiro e inicial) ocupam apenas uma pequena parcela da área de estudo, correspondendo a 373,52 ha (3,44%). Em relação ao grau de fragmentação, detectado em um primeiro momento pelo número de polígonos gerados na fotointerpretação, tem-se que as matas em estádio médio de regeneração (49 polígonos) apresentam-se menos fragmentadas – com tamanho médio dos fragmentos igual a 141,83 ha – em relação às matas em estádio avançado de regeneração (242 polígonos) – com tamanho médio dos fragmentos igual a 10,13 ha. A presença das represas de Cachoeira da Graça e Pedro Beicht, somadas a outros pequenos corpos d’água, totalizaram 354,4 ha (3,26%). Áreas de vegetação natural ripárias somaram 564,92 ha (5,2%). É importante ressaltar que a maior parte dessa vegetação (470,74 ha ou 4,33%) encontra-se em estádios mais avançados de regeneração. As áreas sujeitas a ações de manejo, como reflorestamento e outros usos, totalizaram 168,55 ha (1,48%), o que indica a existência de influência antrópica na regeneração das áreas naturais do Morro Grande (Figura 16).

Tabela 3. Número de polígonos, área total e porcentagem de ocupação (em relação à área total da RFMG) de cada uma das 10 classes obtidas pela fotointerpretação (1994/1995).

|Classe |Número de polígonos |Área (ha) |Porcentagem |

|(1) Corpos d’água |4 |354,40 |3,26 |

|(2) Vegetação natural – estádio pioneiro |44 |228,32 |2,10 |

|(3) Vegetação natural – estádio inicial |62 |145,20 |1,34 |

|(4) Vegetação natural – estádio médio |49 |6949,70 |63,93 |

|(5) Vegetação natural – estádio avançado |242 |2450,91 |22,55 |

|(6) Áreas de vegetação natural sujeitas à |33 |94,18 |0,87 |

|influência fluvial em estádio | | | |

|pioneiro-inicial | | | |

|(7) Áreas de vegetação natural sujeitas à |53 |470,74 |4,33 |

|influência fluvial em estádio médio-avançado| | | |

|(8) Reflorestamento |4 |83,86 |0,77 |

|(9) Uso/Influência antrópica |6 |84,70 |0,78 |

|(10) Sem informação |1 |8,79 |0,08 |

|TOTAL |498 |10870,08 |100 |

Figura 16 (próxima página). Mapa de uso e cobertura das terras referente à área da RFMG nos anos de 1994 e 1995. Foram adicionado ao mapa o limite da RFMG, os principais pontos de coleta da fauna & flora e a localização das principais estradas da região.

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A

B

C

QUILOMBO

GRILOS

TORRES

FERROVIA

Figura 16. Mapa de uso e cobertura das terras referente à área da RFMG nos anos de 1994 e 1995.

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Corpos d’água

Vegetação natural – pioneiro

Vegetação natural – inicial

Vegetação natural – médio

Vegetação natural – avançado

Vegetação natural com influência fluvial – pioneiro/inicial

Vegetação natural com influência fluvial – médio/avançado

Reflorestamento

Influência/uso antrópico

Sem informação

Escala aproximada

1:60.000

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Pontos de coleta de Fauna e Flora

Vias

Limite da Reserva

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LEGENDA

Projeção: UTM; Datum: SAD69

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