Apostila 27



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Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira

APOSTILA Nº. 35/300.000 MIL CURSOS GRATIS EM 347 PAGINAS.

Apostila 35

Estudo da Teologia de Seitas e Heresia EINSTEIN E OS CAMINHOS DA CRIAÇÃO

Parte I

A cosmogonia judaica e o conceito espaço-tempo - em Gênesis Um

Aos olhos de Hitler e de seus fiéis, conforme descreve Raphaël Draï [La Pensée Juive et L'Interrogation Divine, Exégèse et Épistémologie (Paris: Presses Universitaires de France, 1966) 1], existia um perigoso pensamento judaico, caracterizado por sua essência maléfica, inspiradora da física de Einstein, da literatura de Kafka, da música de Schoenberg e da psicanálise de Freud. Deixando de lado os delírios hitlerianos, podemos dizer que há um criativo e fecundo pensamento judaico, que através dos séculos soube combinar Torah e conhecimento, ética e epistemologia. Nosso propósito é, numa primeira aproximação, mostrar que os estudos judaicos dos conteúdos de Gênesis Um produziram uma epistemologia que interliga o conceito espaço/tempo em Gênesis Um com a teoria da relatividade. Essa dialética tem especial importância para a teologia cristã, já que a partir dela podemos entender melhor a realidade de Gênesis Um.

No começar Deus criando o fogoágua e a terra.

E a terra era lodo torvo e a treva sobre o rosto do abismo

E o sopro-Deus revoa sobre o rosto da água.

[Tradução de Augusto de Campos in Bere'shith, A Cena da Origem, SP, Perspectiva, 1988, p. 45].

O desafio maior para quem analisa significações é o próprio exercício da leitura. O desejo de conservar a linguagem pode levar a uma solução oposta àquela se pretende. Considerar o simbólico como abstrato e irrelevante é, em última instância, separar signo e objeto. Assim quando um texto passa a ser apenas e somente um conjunto fechado costumamos dizer que compreendemos o referido texto. Mas ao fazer isso, na verdade, eliminamos a possibilidade de restaurar sua intenção original e de ultrapassar a letra para captar o sentido primeiro de seu autor. Logicamente, esse midrash tem como ponto de partida, e exige como garantia, a compreensão do primeiro discurso.

Em novembro de 1942, o poeta e crítico Ezra Pound afirmava que "o mistério profundo da vida é descobrir porque os outros não compreendem aquilo que se escreve e diz. A coisa parece simples e clara ao escritor, mas outros o tomam em sentido diferente. E se gastam anos para saber porque e como" [Ezra Pound, Lettere 1907-1958, Milão, Feltrinelli Editore, 1980, p. 7]. Logicamente, como autor e crítico, Pound falava de hermenêutica em seu sentido laico, que não implica na inesgotabilidade do texto sagrado. Produto não inspirado, esse texto, fruto da inteligência e arte de um homem, pode ser percorrido por outro homem em sua totalidade, arrancando do discurso poético os elementos lógicos que lhe deram constituição, interpretando-o com tal maestria e clareza quanto poderia fazê-lo seu próprio autor. Mas mesmo assim, como alerta Pound, isso pode transformar-se em tarefa de anos.

Interpretar o texto bíblico, decifrá-lo, arrancar dele significações é um desafio que não se resume a um homem ou a um curto período de anos. É nosso pressuposto que Gênesis Um enquanto palavra/ordem do Deus criador apresenta mais conteúdos do que é perceptível na leitura de toda uma geração. Aqui há uma dialeticidade que permanecerá no equilíbrio de seus contrários, sem solução ou síntese enquanto houver história: a revelação do que é perfeito dá-se através de um instrumento imperfeito, a linguagem humana. Nossa necessidade histórica de interpretar nasce daí, dessa inadequação entre significante e significado. "A tarefa do intérprete consiste, pois, na explicitação da mensagem divina, através do raciocínio bem dirigido. As conclusões a que se chega nada acrescentam ao significado do texto, pois já estavam contidas ali desde sempre; embora para ele sejam novas, uma vez que diferem do que está escrito, em si mesmas não o são, porque estavam gravadas no subsolo do texto que se interpretou. Contudo, sendo a Bíblia obra de um ser infinito, as interpretações jamais se esgotam. Cada novo corte no texto aprofunda o seu sentido, mas é sempre possível avançar mais. Elas se sucedem através do tempo, porém, por mais surpreendentes que pareçam, têm a garantia de se situarem no mesmo campo inicial". [Renato Mezan, Freud: A Trama dos Conceitos, SP, Perspectiva, 1982, p. 342].

Exatamente, por isso, parto do pressuposto de que a teologia judaica nos últimos mil e novecentos anos apresenta uma hermenêutica bastante criativa do Gênesis Um. Essa hermenêutica ou midrash não ficou restrita aos círculos rabínicos, mas fez parte da tradição e da cultura do judaísmo através dos séculos. Escritores, artistas e cientistas judeus utilizaram esses conhecimentos em seus campos de trabalho. Einstein conhecia essas fontes, em parte desconhecidas para o mundo cristão, mas ricas e cheias de significados para todo intelectual judeu. Por isso, esta releitura da teoria do caos tem como roteiro a cosmogonia judaica e as idéias centrais da teoria da relatividade.

Albert Einstein era judeu, acreditava em Deus criador, mas não aceitava o conceito bíblico de Deus pessoal. Foi um sionista militante durante toda sua vida, a ponto de em 1952 lhe ser oferecida a presidência de Israel. Não aceitou. Estava casado com a física. "As equações são mais importantes para mim porque a política é feita para o presente, ao passo que uma equação é algo para toda a eternidade". [Stephen W. Hawking, Uma Breve História do Tempo, RJ, Rocco, 1988, pp. 240-241].

DO TZIMTZUM AO PROCESSIO DEI AD EXTRA

Apesar de seus matizes, o judaísmo mostrou uma coerência em relação à hermenêutica de Gênesis Um, a defesa da criação ex nihilo. Assim, o recuo de Deus para permitir que surgisse o vazio, o nada, e nele o universo finito, é desenvolvido na teoria da contração, em hebraico tzimtzum. Essa teoria formalizada pelo rabino Luria (1534-1572) é uma das concepções mais surpreendentes do pensamento judaico. Isaac Luria, um dos maiores expoentes da tradição mística no judaísmo, nasceu no Cairo, mas desenvolveu seu ministério em Safed, na Palestina.

A expressão tzimtzum significa originariamente concentração, mas acabou sendo entendida como retirada. Segundo Scholem, Luria partiu de textos do Midrash, onde encontramos que Deus concentrou sua Shekiná, sua presença divina, no Santo dos Santos, assim todo seu poder retraiu-se num único ponto. É assim que surge a expressão tzimtzum. [Exod Raba ao Êx 25:10, Lev. Raba ao Lv 23:24; Pessikta de Rab Kahana, Ed. Buber 20 a; Midrasch Schir Ha-Schidim, Ed. Griinhut (1899), f. 15b, citado por Gershom Scholem, A Mística Judaica, SP, Perspectiva, 1972, p. 263].

Infelizmente, as duas expressões, concentração e retirada, que deveriam ser entendidas como complementares, já que Deus se retira e então concentra a sua luz sobre este ponto, passa a dividir os estudiosos em dois grandes grupos: os que defendem o tzimtzum como base para a doutrina da creatio ex nihilo e também para aqueles que defendem a doutrina da emanação (em hebraico atsilu) ou processio Dei ad extra.

Dessa maneira, o próprio Luria, apesar de partir de uma expressão que naturalmente deve levar à creatio ex nihilo, torna-se o principal expositor dentro do misticismo judaico do processio Dei ad extra, que tem por base não um processo no tempo, mas uma estrutura da realidade, enquanto emanação, criação, formação e ação. Assim, para esses rabinos, níveis inferiores de realidade emanaram de níveis superiores que, por sua vez, tiveram origem em Deus. Dentro dessa concepção há um midrash, a teoria do vaso quebrado, que trabalha com a hipótese de que o mundo foi feito de remanescentes de mundos anteriores, que Deus havia destruído. Uma conhecida lenda rabínica explica esse processo como o desprender de uma chama de carvão da roupa de Deus.

"No princípio (Gênesis 1:1), a vontade do Rei começou a gravar signos na esfera superior. Do recesso mais oculto, uma negra chama brotou do mistério do ein sof, o Infinito, como um novelinho de massa informe, como que inserido no aro dessa esfera, nem branca nem preta, nem vermelha nem verde, de nenhuma cor. Somente depois de distender-se como um fio, produziu ela cores para luzir em si. Do âmago da chama, jorrou uma fonte da qual brotaram cores e se espalharam sobre tudo embaixo, oculto na ocultação mais misteriosa do ein sof. Mal rompeu ela, inteiramente irreconhecível, seu círculo de éter, sob o impacto da irrupção, um ponto oculto, superno fulgiu da irrupção final. Aquém desse ponto está excluído todo conhecimento e por isso ele é chamado reschit, princípio, a primeira palavra do Todo". [O Princípio, Sefer ha-Zohar (Livro do Esplendor), in J. Guinsburg, Do Estudo e da Oração, SP, Perspectiva, 1968, p. 605]. Apesar de sua riqueza teológica, não estaríamos longe da verdade ao classificar a doutrina da emanação como um panenteísmo, que define o mundo material como o desdobramento de Deus em diferentes níveis. E porque o mundo existe dentro de Deus, os defensores do processio Dei ad extra consideram necessário descobrir o que há de divino nos fenômenos do cotidiano.

Se entendermos, porém, a teoria do tzimtzum, como a relação dialética de dois movimentos, o da retirada e o da concentração ficará mais fácil aproveitar os estudos de Luria. O tzimtzum explica o recuo de Deus para permitir que surgisse o vazio, o nada, e nele o universo finito. Como Deus é infinito, sem o tzimtzum não haveria o nada no qual pudesse produzir a estrutura espaço/tempo de uma criação separada. É interessante notar, que se por um lado a dialética da autocontração e concentração divinas deu origem ao mundo material, o choque entre o movimento restritivo e o transbordante amor de Deus criou também a possibilidade do mal. Nesse sentido, a cosmogonia judaica, vê a criação em primeiro lugar como consciente autolimitação e na seqüência como revelação e julgamento. E como julgamento é entendida a imposição de limites, ele faz parte da revelação, que se expressa pela primeira vez como criação de Deus. Em outras palavras: se o mal é uma probabilidade que surge da dialética amor divino e retração, o julgamento passa a ser inerente a tudo na criação, já que todas as coisas estão determinadas enquanto limites.

A tradição do debate sobre a creatio ex nihilo é antiga no pensamento judaico. Na verdade, podemos dizer que começa a ser realizada no segundo século. Por isso, não é de estranhar que encontremos reflexões profundas sobre Gênesis Um nos séculos posteriores. Assim, em um dos textos mais representativos do pensamento caraíta, movimento medieval de retorno à letra da Escritura, considerado por muitos um protestantismo judeu de coloração pietista, a "Explanação dos Mandamentos", de Aha Nissi ben Noah de Bassorá, que ensinou em Jerusalém na segunda metade do século IX, lemos:

"No primeiro dia, Deus criou sete coisas: o céu, a terra, as trevas, a luz, a água, o abismo e o vento (Gn.1:1-12). Primeiro criou tohu e bohu (a solidão e o caos), dos quais surgiu a terra (Gn.1:1-2). Criou as trevas: 'Ele formou a luz e criou as trevas' (Isaías 45:6). Criou o vento, conforme a palavra: 'e criou o vento'. Criou a água, pois com a criação da terra havia água. Criou o abismo, para que a água tivesse uma profundidade e uma submersão. Criou a luz (Gn.1:3). Para a criação do mundo foram necessárias quatro coisas: a ordem, o trabalho, a determinação e a proclamação" [Nissi ben Noach, Explanação dos Mandamentos, in J. Guinsburg, op. cit., p.309]. Nesse texto aparentemente tão simples, encontramos dois conceitos muito importantes: tohu e bohu fazem parte da criação e para que haja criação é necessário ordem.

Outro grande teólogo judeu, que fez oposição ao pensamento caraíta, foi Saadia Gaon (892-942). Influenciado pela efervescente teologia do Islã e pelo pensamento helenístico clássico, Gaon combateu a presença heterodoxa, de tendência maniqueísta, os remanescentes de Filo e a crítica gnóstica. Seu texto sobre a doutrina da creatio ex nihilo é de uma profunda beleza, apesar de apresentar imperfeições normais ao conhecimento da época, como, por exemplo, sua visão geocêntrica. Mas, de forma brilhante enfrenta opositores bem parecidos aos que encontramos hoje em dia.

"Aqueles que acreditam na eternidade do mundo procuram provar a existência de algo que não tem começo nem fim. Por certo, nunca depararam com uma coisa que percebessem, pelos sentidos, sem ser começo nem fim, mas procuram estabelecer sua teoria por meio de postulados da razão. Semelhantemente, os dualistas empenham-se em provar a coexistência de dois princípios separados e opostos, cuja mistura fez que o mundo viesse a ser. Sem dúvida, nunca testemunharam dois princípios separados e opostos, nem o pretenso processo da mistura, mas tentaram suscitar argumentos derivados da razão pura em favor de sua teoria. De maneira similar aqueles que acreditam numa matéria eterna consideram-na como um hilo, isto é, algo em que não há originalmente qualidade de quente ou frio, de úmido ou seco, mas que se transforma por uma determinada força e assim produz aquelas quatro qualidades. Indubitavelmente, seus sentidos nunca perceberam uma coisa carente de todas essas quatro quantidades, nem jamais perceberam um processo de transformação e a geração das quatro qualidades como é sugerido. (...) Assim sendo, é claro que todos concordam em admitir alguma opinião concernente à origem do mundo que não tem base na percepção sensorial". [Saadia Gaon, Criação Ex-Nihilo in J. Guinsburg, op. cit., p. 316].

Para sua defesa da criação ex-nihilo, Gaon trabalha com quatro argumentos, três dos quais muito bem expostos: de finitude do universo, estrutura e acidentalidade. "(...) continuou a afirmar que nosso Senhor, louvado e enaltecido seja, informou-nos que todas as coisas foram criadas no tempo, e que Ele as criou do nada (...). Ele nos comprovou essa verdade por meio de sinais e milagres, e nós a aceitamos. Examino ainda mais nesta matéria com o intuito de saber se ela podia ser comprovada por especulação como foi comprovada por profecia. Achei que era este o caso por um certo número de razões, da quais, devido à brevidade, selecionei as quatro seguintes: 1. A primeira prova baseia-se no caráter finito do universo (...). 2. A segunda prova é derivada da união de partes e da composição de segmentos. Vi que os corpos consistem de partes combinadas e de segmentos ajustados entre si (...). 3. A terceira prova baseia-se na natureza dos acidentes. Verifiquei que nenhum dos corpos são desprovidos de acidentes que os afetem direta ou indiretamente. Animais, por exemplo, são gerados, crescem até que alcançam sua maturidade, então, definham e se decompõem. Então eu disse a mim mesmo: Será que a terra como um todo é livre destes acidentes? (...) 4. A quarta prova baseia-se na natureza do tempo. Sei que o tempo é triplo: passado, presente, futuro. Embora o presente seja menor do que qualquer instante, tomo o instante como se toma um ponto e digo: Se um homem tentasse em seu pensamento ascender deste ponto no tempo ao ponto mais elevado, ser-lhe-ia impossível fazê-lo, porquanto o tempo é agora admitido como infinito e é impossível ao pensamento penetrar no ponto mais remoto daquilo que é infinito." [Saadia Gaon, Quatro Argumentos para a Criação, idem, op. cit., pp. 317-320].

De todos os pensadores judeus medievais, talvez o mais conhecido fora dos meios judaicos, seja o talmudista francês Shlomo bar Itzhak, o rabi Rashi de Troyes (1040-1105). Exegeta, Rashi apresenta uma tradução para o versículo um de Gênesis que leva em conta estrutura e acidentalidade: "No princípio, ao criar Deus os céus e a terra, a terra era vã..." E segundo seu midrash, o texto não está preocupado em mostrar a ordem da criação, mas em afirmar o ato criador de Deus. Rashi mostra-se preocupado com o sentido literal, mas define claramente sua hermenêutica: "Todo texto se divide em muitos significados, mas, afinal nenhum texto está destituído de seu sentido literal" [Herman Hailperin, Rashi and the Christian Scholars, Pittsburgh, University of Pittsburgh Press, 1963].

A DIALÉTICA DA ESTRUTURA E ACIDENTALIDADE

Dessa maneira, tanto para expositores da creatio ex nihilo como para os defensores do processio Dei ad extra a intenção primeira de Gênesis-Um é apresentar Deus como criador, que utiliza tohu e bohu como matéria prima para a formação do universo. E é a partir dessa relação entre criação e revelação, que os estudiosos judeus entenderão a redenção, já que o fim messiânico ou estágio final do mundo revelado significa uma volta ao começo, uma nova criação.

"A Redenção deveria ser conseguida não por um movimento tempestuoso na tentativa de apressar crises e catástrofes históricas, mas antes pela remarcação do caminho que conduz aos primórdios da Criação e da Revelação, ao ponto em que o processo do mundo (a história do universo e de Deus) principiou-se a desenvolver-se dentro de um sistema de leis. Aquele que conhecia a senda pela qual viera podia ter esperanças eventualmente de poder retornar sobre seus passos". [Gershom Scholem, A Mística Judaica, SP, Perspectiva, 1972, p. 248].

Assim, mais do que qualquer intencionalidade em apresentar a cronologia da criação, Gênesis Um apresenta uma ordem enquanto dialética da estrutura e acidentalidade. Esse processo é interpretado por Scholem como "o primeiro ato, o ato do tzimtzum, no qual Deus determina e (...) limita a Si mesmo, é um ato de julgamento que revela as raízes dessa qualidade em tudo o que existe. Essas raízes do julgamento divino subsistem em mistura caótica com o resíduo da luz divina que remanesceu, após a retirada ou retraimento original, dentro do espaço primário da criação de Deus. Então um segundo raio de luz emanado da essência do Ein-Sof traz ordem ao caos e põe o processo cósmico em movimento, ao separar os elementos ocultos e moldá-los em nova forma" [Iossef ibn Tabul in Gershom Scholem, Kiriat Sefer, vol. XIX, pp. 197-199].

E dois escritos antigos nos mostram que a doutrina da creatio ex nihilo tem suas bases tanto no Tanach, como apócrifos intertestamentários. Lemos em Isaías: "Assim diz Iahveh, teu redentor, aquele que te modelou desde o ventre materno. Eu, Iahveh, é que fiz tudo, e sozinho estendi os céus e firmei a terra. Com efeito, quem estava comigo?" (Is.44:24). E em II Macabeus 7:28: "Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano surgiu da mesma forma". Esta, aliás, é a primeira afirmação explícita da criação ex nihilo.

A primeira vista, a cosmogonia judaica define a centralidade de Gênesis-Um no ato criativo de Deus apenas enquanto espacialidade. Seria uma busca do lugar, da centralidade espacial. O que leva muitos a afirmarem que não há nenhum elemento espaço-temporal em Gênesis. Mas, isso não é verdade. Em 1740, Anton Lazzaro Moro, cristão novo, geólogo e exegeta italiano, desenvolveu uma sofisticada defesa da hipótese espaço-temporal em Gênesis Um. Dizia ele que tudo que está "envolto e fechado" precisa de um tempo para libertar-se e tornar-se evidente, e que Deus, ao criar a natureza, colocou-se com administrador das leis criadas. Daí conclui: "Quando a Escritura afirma que 'Spiritus Dei ferebatur super aquas (...)' indica uma função que traz consigo sucessão de tempo" [Anton Lazzaro Moro, De Crostacei e degli altri Corpi Marini che si Truovano su Monti, 1740, in Paolo Rossi, A Ciência e a Filosofia dos Modernos, São Paulo, Editora Unesp, 1992, p. 345].

Desenvolvendo sua tese espaço-temporal, explica que toda a criação sofreu duas produções diferentes, que precisam ser cuidadosamente separadas: "a primeira é a do nada pela mão imediata do criador; a outra provém do seio das segundas causas acionadas pelo administrador da natureza. A primeira produção é instantânea e é ato divino proporcionado pela onipotência e eternidade de Deus; a segunda [produção] implica que o ato divino seja adaptado às exigências da natureza que Deus estabeleceu em cada coisa" [Idem, op. cit., p. 345]. A partir daí sua cosmogonia é surpreendente. Explica que é Deus quem moveu circularmente "a celeste matéria de todo o planetário vórtice", obrigando essa matéria que formaria o Sol a colocar-se no lugar que lhe era destinado. Constatando que seja qual for a velocidade que se queira atribuir ao movimento diário do Sol e de seu vórtice, "isso não aconteceu num só dia e em só vinte e quatro horas". A formação do Sol, assim como a produção dos planetas, afirma Moro, "comprova que aqueles seis dias não foram de medida igual aos dias modernos, mas que foram espaços de tempo de duração muito mais longa, ou seja, de uma duração proporcional à atividade das causas segundas e à exigência dos efeitos produzidos; espaços esses que foram chamados dias, conforme o costume freqüentemente usado nas Escrituras de exprimir com o nome de dias certos espaços de tempo longos e indeterminados" [Idem, op. cit., p. 347]. É interessante ver como a física do século vinte, principalmente aquela que sofreu influências dessa mesma cosmogonia, traduziu para uma nova linguagem antigos conceitos.

É verdade, que desde Aristóteles a ciência avaliou equivocadamente o conceito tempo, considerando-o absoluto, sem relação imediata e causal com o espaço. Pensou um tempo sem ambigüidades, achando que se fosse medido corretamente, entre dois espaços ou eventos, o intervalo de mensuração seria sempre igual. Durante séculos, inclusive para Newton, o tempo foi independente do espaço. Mas, em 1905, Einstein tornou pública uma nova teoria de espaço, tempo e movimento, que ele chamou de relatividade especial. Comprovada em experiências de laboratório, essa teoria, aceita pela grande maioria dos físicos atuais, levanta algumas hipóteses simplesmente impressionantes, como a equivalência da massa e da energia, a elasticidade do espaço e do tempo e a criação e destruição da matéria. Dez anos depois, na seqüência da teoria anterior, Einstein publica a sua teoria da relatividade geral, com novas e surpreendentes previsões: a curvatura do espaço e do tempo, a possibilidade de que o universo seja finito, mas ilimitado e a possibilidade de o espaço e o tempo se esmagarem, deixando de existir.

"(...) estas considerações levou-nos a conceber teoricamente o universo real como um espaço curvo, de curvatura variável no espaço e no tempo, de acordo com a densidade de distribuição da matéria, susceptível porém, quando considerada em larga escala, de ser tomado como um espaço esférico. Esta concepção tem, pelo menos, a vantagem de ser logicamente irrepreensível, e de ser aquela que melhor se cinge ao ponto da teoria da relatividade geral". [Albert Einstein, Considerações Cosmológicas sobre a Teoria da Relatividade, in O Princípio da Relatividade, H. A Lorentz, A. Einstein, H. Minkowski, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1958, pp. 239-240].

E ao criticar a teoria do tempo absoluto, Einstein vai mostrar que à medida que o deslocamento de um objeto se aproxima da velocidade da luz, sua massa aumenta mais rapidamente, de forma que gasta mais energia para aumentar sua velocidade. Por isso, muito possivelmente nunca possa atingir a velocidade da luz, pois deixaria de ter massa intrínseca. O importante dessa teoria é ter modificado a compreensão de tempo e de espaço. Antes, considerava-se que a velocidade da luz era a distância que ela percorre, dividida pelo tempo que leva para fazer isso. Agora, compreendemos que a velocidade pode ser a mesma, mas não a distância percorrida. A partir da teoria da relatividade, o conceito de simultaneidade, ou seja, da existência de um mesmo momento em dois lugares diferentes, deixou de ter qualquer significado em termos de universo.

O TEMPO ENQUANTO NÃO-DETERMINAÇÃO

Em linguagem da física da relatividade o tempo gasto é a velocidade da luz multiplicada pela distância que a luz percorreu. Temos então várias medidas de tempo, ou seja, medições diferentes entre dois eventos ou espaços. Gênesis nos apresenta este conceito de tempo com

Dessa maneira, à medida que a luz percorre verticalmente o campo gravitacional da Terra perde energia e sua freqüência diminui. Em outras palavras, espaço e tempo são quantidades dinâmicas. Quando um corpo se move no universo afeta a curva do espaço-tempo e, por sua vez, a curva do espaço-tempo afeta a forma como os corpos se movem e as forças atuam. Só que, e esse conceito é importantíssimo para a relatividade geral, não há como falar de espaço-tempo fora dos limites do universo. Essa premissa é interessante, pois descarta a idéia de um universo imutável, que sempre existiu, para trabalhar com a possibilidade de um universo que teve início, é plástico e encontra-se em expansão.

Ora, o que Gênesis está mostrando é que o universo teve um início, que a criação não é um mito. "Não há nenhum paralelo bíblico aos mitos pagãos que relatam a morte de deuses mais velhos (ou poderes demoníacos) pelos mais jovens; não se acham presentes nos tempos primevos quaisquer outros deuses. As batalhas de Iahveh com monstros primevos, aos quais é feita ocasionalmente alusão poética, não são lutas entre deuses pelo domínio do mundo. As batalhas de Iahveh com Raabe, o dragão, Leviatã, no mar, a serpente veloz, etc., não são esclarecidas pela referência ao mito da derrota de Tiamat por Marduc e sua subsequente tomada do poder supremo". [Yehezkel Kaufmann, A Religião de Israel, São Paulo, Perspectiva, 1989].

Assim, para a teoria da relatividade o universo tem começo como singularidade, que ficou conhecida como Big Bang e deverá ter um final também singular, o colapso total ou Big Crunch. Mesmo sem querer forçar, o Big Crunch nos leva ao texto de Pedro: "Ora, os céus e a terra estão reservados pela mesma palavra ao fogo (...) O dia do Senhor chegará como ladrão e então os céus se desfarão com estrondo, os elementos, devorados pelas chamas se dissolverão e a terra, juntamente com suas obras, será consumida" (II Pedro 3.7 e 10). Só que, como o espaço-tempo é finito, mas sem limites, o Big Crunch poderia levar a uma concentração de energia tal, que muito possivelmente possibilitaria a formação de um novo universo. E essa formulação nos leva a outro texto bíblico: "Vi então um céu novo e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra se foram (...)" Apocalipse 21.1.

"De forma semelhante, se o universo explodisse novamente, deveria haver um outro estado de densidade infinita no futuro, o Big Crunch, que seria o fim do tempo. Mesmo que o universo como um todo não entrasse novamente em colapso, haveria singularidades em algumas regiões determinadas, que explodiriam para formar buracos negros. Essas singularidades seriam o fim do tempo para quem ali caísse. Na grande explosão e demais singularidades todas as leis são inoperantes. Então, Deus ainda teria tido completa liberdade para escolher o que aconteceu e como o universo começou". [Stephen Hawking, op. cit., p. 236].

Ora, como a expansão do universo implica em perda de temperatura, que é uma medida de energia, quando o universo dobra de tamanho, sua temperatura cai pela metade. Assim, quando Deus cria o universo, supõe-se que tinha tamanho zero e temperatura infinitamente quente. Mas à medida que se expande, a temperatura cai. Isso explica porque o universo é tão uniforme, e parece igual mesmo nos mais diferentes pontos do espaço. Uma das consequências, caso consideremos o fiat divino como o Big Bang, é que a partir da grande explosão não houve tempo de a luz se deslocar por ilimitadas distâncias. É por isso que Gênesis apresenta em primeiro lugar tohu e bohu, as trevas e o abismo, e só no versículo três o surgimento da luz.

É interessante ver que uma das possibilidades que alguns físicos baralham, um pouco a contragosto, é a de que Deus escolheu a configuração inicial do universo por razões que não temos condições de compreender. Consideram que os acontecimentos do surgimento do universo não se deram de forma arbitrária, mas refletem um ordem comum. Hawking, como não é teólogo, opta por uma variável que chama limitação caótica ou escolha ao acaso. Dentro desse ponto de vista, o universo primordial surgiu como caos. Ora a segunda lei da termodinâmica mostra que há essa tendência no universo, e que a ordem e o equilíbrio, ou seja, a vida, que é a forma mais organizada da matéria, surge como oposição a este caos.

"Einstein uma vez formulou a pergunta: 'Que nível de escolha Deus teria tido ao construir o universo?' Se a proposta do não limite for correta, ele não teve qualquer liberdade para escolher as condições iniciais. Teria tido, ainda naturalmente, a liberdade de escolher as leis a que o universo obedece. Isto, entretanto, pode não ter sido um grau assim tão elevado de escolha. Pode ter sido apenas uma, ou um pequeno número de teorias completas unificadas, tal como a teoria do filamento heterótico, que são autoconsistentes e permitem a existência de estruturas tão complexas quanto os seres humanos, que podem investigar as leis do universo e fazer perguntas acerca da natureza de Deus". [Stephen Hawking, op. cit., p. 237].

"Toda variação de entropia no interior de um sistema termodinâmico pode ser decomposta em dois tipos de contribuição: a entrada exterior de entropia, que mede as trocas com o meio e cujo sinal depende da natureza dessas trocas, e a produção de entropia, que mede os processos irreversíveis no interior do sistema. É essa produção de entropia que o segundo princípio define como positiva ou nula". [Ilya Prigogine e Isabelle Stengers, Entre o Tempo e a Eternidade, São Paulo, Companhia das Letras, 1992, p. 53].

"(...) as leis científicas não distinguem entre as direções para frente e para trás do tempo. Entretanto, há pelo menos três setas de tempo que distinguem o passado do futuro, que são a seta termodinâmica, direção do tempo em que a desordem aumenta; a seta psicológica, direção do tempo na qual se recorda o passado e não o futuro; e a seta cosmológica, direção do tempo em que o universo se expande mais do que se contrai. Demonstrei que a seta psicológica é essencialmente a mesma que a termodinâmica, de modo que ambas sempre apontam para a mesma direção. A proposta do não limite para o universo prevê a existência de uma seta termodinâmica do tempo bem definida, porque o universo deve começar num estado plano e ordenado. E a razão por que se observa esta seta termodinâmica se adequar à cosmologia é que os seres inteligentes só podem existir na fase de expansão". [Stephen Hawking, idem, op. cit., pp. 210, 211].

Coerente com sua visão de que Deus não joga dados com o universo, Einstein dará um feroz combate às teses de acausalidade na mecânica quântica, defendidas pelas escolas de Copenhagem e Gottingen. "Não posso suportar a idéia de que um elétron exposto a um raio de luz possa, por sua própria e livre iniciativa, escolher o momento e a direção segundo o qual deve saltar. Se isso for verdade, preferia ser sapateiro ou até empregado de uma casa de jogos em vez de ser físico". Citado por Franco Selleri, Paradoxos e realidade, Ensaios sobre os Fundamentos da Microfísica, Lisboa, Fragmentos, 1990, p. 41. Em 1944, voltaria à carga: "Nem sequer o grande sucesso inicial da teoria dos quanta consegue convencer-me de que na base de tudo esteja o indeterminismo, embora saiba bem que os colegas mais jovens considerem esta atitude como um efeito de esclerose. Um dia saber-se-á qual destas duas atitudes instintivas terá sido a atitude correta". [Ibidem, op. cit. p. 59].

Guardadas as devidas proporções, Agostinho, pai e mestre da igreja cristã, também considera que o caos transcende o tempo. "E por isso o Espírito, Mestre do vosso servo, quando recorda que no princípio criaste o céu e a terra, cala-se perante o tempo. Fica em silêncio perante os dias. O céu dos céus, criado por Vós no princípio, é, por assim dizer, uma criatura intelectual, que apesar de não ser coeterna convosco, ó Trindade, participa contudo da vossa eternidade. (...) Sem movimento nenhum desde que foi criada, permanece sempre unida a Vós, ultrapassando por isso todas as volúveis vicissitudes do tempo. Porém, este caos, esta terra invisível e informe não foi numerada entre os dias. Onde não há nenhuma forma nem nenhuma ordem, nada vem e nada passa; e onde nada passa, não pode haver dias nem sucessão de espaços de tempo" [Santo Agostinho, Confissões, XII, 9, SP, Abril, 1973, pp. 264, 265].

O bispo de Hipona faz claramente uma separação, não somente neste texto, entre os céus dos céus, uma dimensão além dos limites da ciência, e "o nosso céu e a nossa terra" (universo), que segundo ele é terra. Para ele é totalmente compreensível que essa terra fosse "invisível e informe", pois estava reduzida a um abismo sem luz, exatamente porque não tinha forma. Diríamos hoje, não há espaço-tempo. E, de maneira brilhante, tenta uma definição, apesar de alertar para suas limitações: "um certo nada, que é e não é". Interessante, Nissi ben Noach diria praticamente a mesma coisa.

"O conceito de tempo não tem significado antes do começo do universo. O que foi apontado pela primeira vez por Agostinho, quando indagou: 'O que Deus fazia antes de criar o universo?'"[Stephen Hawking, op. cit., p. 27].

Conhecemos as três principais teorias cristãs sobre a criação: tudo é criação original, teoria da brecha e teoria do caos. A partir do que vimos, gostaria de fazer alguns acréscimos à teoria do caos:

1. O versículo primeiro de Gênesis-Um está fora do espaço-tempo. Nesse sentido refere-se à dimensão divina do céus dos céus conforme explicita Agostinho. A criação do espaço-tempo começa com o próprio caos, que não deve ser entendido como negação ou pura ausência, mas como entropia. É ex-nihilo enquanto universo-espaço-temporal que surge, mas não enquanto realidade de Deus, que repousa naqueles quatro conceitos enumerados por Noach: determinação, proclamação, trabalho e ordem.

2. O tempo não pode ser medido pois não é cronológico, é o tempo da ordem/organicidade de Deus, ou se quisermos kairoV, ou. Isso é explicável porque não há um tempo, mas diversos tempos. A criação implica na expansão do espaço-tempo. Assim o espaço-tempo de Gênesis 1:3 é totalmente diferente do espaço-tempo de Gênesis 1:12.

3. Toda discussão que tente uma polaridade entre evolução teísta ou criação de seis dias de vinte e quatro horas não procede. Isto porque o espaço-tempo entre os seis dias não são iguais e porque não há evolução, uma teoria do progresso aplicada à natureza. Há criação e expansão da massa, o que na Bíblia traduz-se em criação e sustentação. "És tu, Iahveh, que és o único! Fizeste os céus, os céus dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo o que ela contém, os mares e tudo o que eles encerram. A tudo isso és tu que dás vida, e o exército dos céus diante de ti se prostra". (Neemias 9.6).

Parte II

A CONFISSÃO POSITIVA E AS ENFERMIDADES

A seguinte declaração de Jesus deve causar algum incômodo aos filhos da Confissão Positiva: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20).

Como é que Jesus fez tal declaração negativa? Ele desconhecia que as palavras têm poder? Que o que falamos se transforma em realidade? Que confirmar miséria é duvidar da providência divina? É dar brecha ao diabo? É claro que Jesus desconhecia tal doutrina. A doutrina dEle era a da Verdade. Jesus sabia que nem sempre o que é positivo é verdadeiro. Não procurava enganar a Si próprio. Se um “positivista”, por algum motivo, for morar debaixo de uma ponte dirá: “Estou morando numa linda mansão com piscina de água cristalina”.

Jesus disse que Pedro O negaria três vezes. Aconteceu exatamente como afirmara, apesar da confissão positiva de Pedro (Lc 22.34, 57-60). Que coisa! Como é que o Mestre fez essa confissão negativa? Falou negativo, deu negativo. Em outra ocasião, Pedro disse a Jesus, em tom de branda repreensão, que de modo nenhum Ele iria padecer em Jerusalém, nas mãos dos principais sacerdotes e escribas. Ouviu uma dura repreensão: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (Mt 16.22,23). Jesus disse que Pedro estava agindo de modo semelhante ao diabo, querendo impedir Sua morte expiatória. Pedro já deveria ter aprendido que o positivo para Jesus era sempre o verdadeiro, e não o falso. Se ele disse que seria morto Jerusalém, é porque Ele seria morto em Jerusalém.

O rei Josafá andou na contramão da Confissão Positiva. Fez tudo ao contrário. Em vez de levantar-se e exigir que o diabo saísse do seu caminho; em vez de “confessar a Palavra de Deus” que sempre prometeu livramento ao seu povo; em vez de “decretar” a sua vitória, “pôs-se a buscar o Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá”, e disse: “Em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti” (2 Cr 20.3,12). As palavras de Deus ainda estavam bem conservadas no coração daquele rei: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14).

A Bíblia nos ensina que nossas confissões positivas não podem contrariar a verdade dos fatos. Se um crente está com um câncer nos intestinos, com metástase no estômago e no fígado, não pode simplesmente afirmar que são apenas sintomas ou artimanhas do diabo para que haja confissão negativa. E quando o crente morre é porque morreu mesmo; não são sintomas da morte. Se o apóstolo Paulo fosse um “positivista”, teria negado a existência de um espinho na sua carne.

Teria dito: “Saia de cima de mim, Satanás. Você quer me enganar com seus sintomas, mas você não me engana não. Ouviu bem, seu safado? Arrume tudo o que é seu e esqueça meu endereço. O Senhor já levou as minhas dores e enfermidades. Já fui completamente curado por Suas pisaduras”.

Porém, com humildade, e reconhecendo a realidade da situação, revelou que “orei [pediu] ao Senhor por três vezes” para que desviasse de mim esse espinho. A reposta de Deus foi um “NÃO” bem grande. Os “positivistas” não querem nem ouvir falar nessa “fraqueza” de Paulo. O apóstolo era um pessimista? Ou era porque ele, seguindo o exemplo de Cristo, sempre falava a verdade? Falava o que era verdadeiro sem perder a confiança: “Como a verdade de Cristo está em mim, esta glória não me será impedida nas regiões da Acaia” (2 Cr 11.10). De modo algum Paulo seria admitido no rol dos arautos da Confissão Positiva. Como é que um crente que já foi sarado pode sofrer tantas adversidades? Mas Paulo se gloriava nas fraquezas: “Sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor a Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” (2 Co 12.10). Os arautos ensinam e afirmam: “Não sou fraco, não fico doente, não passo necessidade, então sou forte”.

Não podemos confessar nossas doenças porque elas não existem, porque são apenas sintomas colocados pelo diabo para nos enganar? O Apóstolo desconhecia essa estratégia do inimigo. Não negou que estava doente quando pregou pela primeira vez aos gálatas (Gl 4.13-14) e confessou a doença de Trófimo e a freqüente enfermidade de Timóteo (2 Tm 4.20; 1 Tm 5.23).

Deus é bom, não castiga ninguém com doenças nem que seja para provar a fé de seus filhos? Leiamos: 1) “E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? (Êx 4.11). 2) “E o Senhor feriu o rei, e ficou leproso até ao dia da sua morte” (2 Rs 15.5). 3) “A lepra lhe saiu na testa [de Uzias]... visto que o Senhor o ferira” (2 Cr 26.19,20). 4) “Miriã ficou leprosa como a neve” porque “a ira do Senhor se acendeu” contra ela” (Nm 12.9-10). 5) Jó “era homem íntegro, reto e temente a Deus e se desviava do mal”; foi chamado por Deus de “meu servo”, mas Deus permitiu que a destruição viesse sobre ele: perdeu seus filhos e seus bens, e ficou coberto de “úlceras malignas, desde a planta do pé ao alto da cabeça” (Jó 1.1,8,12; 2.5).

Deus sempre atende ao que lhe pedimos? Deus disse “não” a Moisés quando este pediu para entrar em Canaã: “Rogo-te que me deixes passar, para que veja esta boa terra. Porém o Senhor não me ouviu. Antes o Senhor me disse: Basta, não me fales mais deste assunto” (Dt 3.25-26). É porque esse Deus era do Antigo Testamento? Mas na Nova Aliança Ele também não atendeu ao pedido de Paulo na questão do espinho na carne (2 Co 12.7-9). Hoje em dia, Ele diz não a muitos de seus filhos, porque muitas vezes pedimos coisas inconvenientes, ou que serão pedra de tropeço no futuro. Graças a Deus não somos atendidos em tudo que Lhe pedimos. O melhor é dizermos “se Deus quiser”, pois Ele sabe o que é melhor para nós (Tg 4.15). A Confissão Positiva condena com veemência a oração em que se diz “se for da Sua vontade”. Mas vejam:

“Porque melhor é que padeçais fazendo bem, se a vontade de Deus assim o quer, do que fazendo o mal” (1 Pe 3.17; cf 4.19). “Esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5.14). Os crentes são exortados a orarem para que a vontade de Deus seja feita (Mt 6.10; 26.42. Lc 11.2; Rm 15.30-32; Tg 4.13-15).

Comparemos agora esses fatos bíblicos com o pronunciamento de alguns arautos da Confissão Positiva:

“Jesus era sempre positivo em Sua mensagem” (E.W.Kenyon). Positivo ou sincero? A conotação do Movimento é diferente. Confessar positivo é dizer as coisas boas segundo as promessas da Bíblia. Exemplo: se alguém está doente, nunca deve confessar que está doente, mas dizer que já foi curado. Se um casal crente tiver um filho paraplégico, deve dizer que a criança está curada. Levar uma criança ao médico, ainda que os sintomas nos digam que se trata de grave enfermidade, é não confiar na Palavra de Deus.

Assim, podemos dizer que Deus foi sincero, e não positivo, quando disse ao primeiro casal: “Porque no dia em que dela comeres certamente morrerás” (Gn 2.17). E quando disse à mulher: “Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos” (3.16). E quando disse a Adão: “Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (v.17).

“Nosso problema é que oramos e confessamos muito., mas não mandamos. É gostoso mandar!...

Jesus pagou o preço para fazermos isso...” (Kenneth Hagin Jr). Isto é, orar muito não convém; confessar nossas fraquezas, idem. Mandar seria o melhor caminho. Que arrogância! Tal ensino destoa dos termos da oração-modelo ensinada por Jesus: “Pai nosso, que estais nos céus, seja feita a tua vontade... não nos deixes cair em tentação, livra-nos do mal...”. Na relação com o Pai, Jesus não mandava: “Se queres, passa de mim este cálice” (Lc 22.42).

“Não ore mais por dinheiro... Exija tudo o que precisar. Deus quer que seus filhos usem a melhor roupa, dirijam os melhores carros e tenham o melhor de tudo... simplesmente exija o que você precisa” (Kenneth Hagin). O tema principal da Confissão Positiva é dinheiro, sucesso, prosperidade para viver bem aqui e agora. Muito pouco ou quase nada se fala em arrependimento e perdão, uma das primeiras recomendações de Pedro, no início da Igreja (At 2.38).

“Satanás, espíritos demoníacos da AIDS, eis que eu os amarro! Vocês, espíritos demoníacos do câncer, da artrite, das infecções, da enxaqueca, da dor – saiam já desse corpo. Espíritos de enfermidades que atormentam o estômago, Satanás, eu amarro você, no nome de Jesus” (Roberto Tilton, na televisão). Algumas dessas enfermidades não têm nada a ver com demônios, mas com desejos pecaminosos da carne. “Infelizmente, porque esses vícios humanos [como o de fumar], como a lascívia, o egoísmo e a glutonaria são tidos como provocados pelos demônios, os crentes se condicionam a interpretá-los como ataques satânicos, fugindo à sua responsabilidade pessoal.

Quando um homem casado comete adultério, ele pode racionalizar convenientemente o seu pecado, ser exorcizado do “demônio” da lascívia, e seguir seu caminho sem ao menos descobrir seu verdadeiro problema espiritual – que é a raiz de tudo – e a única e real solução – o arrependimento” (Hank Hanegraaff).

“Quase a cada dia um novo personagem da Fé parece emergir do nada. Entretanto, todos têm uma coisa em comum: as conseqüências de seus ensinos são letais. Nalguns casos, o dano é físico; noutros, espiritual, e, tragicamente, em alguns poucos, o dano é múltiplo, tanto um como o outro. Só podemos orar para que a Igreja cristã finalmente reconheça os proponentes da Fé [Confissão Positiva] como o que de fato são: falsos mestres que estão desviando seus seguidores da verdadeira fé para o reino das seitas” (Hank Hanegraaff, Cristianismo em Crise, p.393).

“Recuso-me a considerar o meu corpo, recuso-me a ser movido pelo que vejo e pelo que sinto...Escolho ouvir sua Palavra, em vez de dar crédito ao que meu corpo tenta dizer... Tenho visto pessoas morrerem, mas eu continuo firme, dizendo: `Bendito seja Deus, você não vai morrer! E de qualquer jeito morrem!´ Mas permaneço alegre porque resisti” (Kenneth Copeland). Aí temos uma confissão negativa da Confissão Positiva. Ou seja: há pessoas que adoecem e morrem, apesar da oração, apesar de “por suas pisaduras fostes sarados”. Copeland não deveria permanecer alegre ao ver os outros morrerem. Deveria se recolher em arrependimento e reconhecer que acima de tudo está a soberania de Deus, que não promete cura instantânea e automática para todos os que passam à condição de filhos de Deus (Jo 1.12).

“A fé em Deus – fé que parte do coração – acredita na Palavra de Deus, sem importar quais sejam as evidências físicas. Uma pessoa que busque cura deveria olhar para a Palavra de Deus e não para seus sintomas. Ela deveria dizer: “Sei que estou curada, porque a Palavra diz que pelas suas pisaduras eu fui curada” (Kenneth Hagin).

Seguindo os passos doutrinários de Hagin e de outros “positivistas”, o televangelista brasileiro R.R. Soares assim resume suas convicções: É errada a idéia que “o Senhor Deus é quem cura, e que Ele é o responsável para que os milagres ocorram. Enquanto você esperar que Ele venha curá-lo, provavelmente continuará sofrendo. Se você descobre que certa coisa é sua, você não precisará de nenhuma fé para exigir aquilo que sabe que é seu. Você simplesmente tomará posse do que é seu. Você deve exigir o cumprimento do seu direito imediatamente e, logicamente, ficar curado. Você deve “exigir os seus direitos em Cristo. Usar a frase `se for a Tua vontade´ em oração pode parecer espiritual, e demonstrar atitude piedosa de quem é submisso à vontade do Senhor, mas além de não adiantar nada, destrói a própria oração. Não é pela misericórdia de Deus que você poderá ser curado, mas sim que você tem o direito de exigir a sua cura. É só você crer no que o Senhor declara e exigir a Sua bênção [exigir de Deus a bênção], ordenando ao mal que saia do seu corpo. Você não precisa orar, jejuar ou pedir a quem quer que seja para orar por você. Segundo estas declarações [Is 53.4,5] você pode ter certeza absoluta que Deus já o curou.

Você é o único responsável por sua cura. Você deve exigir o cumprimento do seu direito imediatamente e, logicamente, ficar curado” (R.R.Soares, “O Direito de Desfrutar Saúde”, pp. 6,7,8,10,17-19,23,31).

“Aquilo que você diz invariavelmente torna-se no que você será ou terá. Falar em fracasso, comentar o quanto você sofre, confessar o que o mal está lhe fazendo, é dar aos poderes das trevas o senhorio da sua vida. As suas palavras farão de você um vencedor ou um derrotado. São as nossas palavras que nos darão saúde, ou que nos manterão enfermos. Os sintomas não significam que você já esteja doente. Quando você fala dos seus sofrimentos e dissabores... você faz com que o inimigo tenha mais força e controle sobre a sua vida. Quem confessa isso está semeando as piores sementes da destruição. Quando o diabo lhe trouxer qualquer sintoma de doença ou de qualquer outra coisa, recuse receber e resista-lhe usando a Palavra do Senhor. Assim, você não ficará enfermo. É impossível alguém confessar fracassos e derrota e viver vitoriosamente. Não adianta ficar orando, jejuando e pedindo ao Senhor que o vença [o diabo] por você”.

(R.R.Soares, A Sua Saúde Depende do que Você Fala, pp. 5,6,9,10,42,43).

Os bereanos foram chamados de “mais nobres” em relação aos de Tessalônica “porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At 17.11).

Sejamos tão nobres quanto aqueles irmãos de Beréia. Façamos um resumo da doutrina apresentada por R. R. Soares: 1) Não é Deus quem cura. 2) A ocorrência de milagres não é responsabilidade de Deus. 3) É inútil ficar esperando por Deus. 4) O crente não precisa de fé para exigir o que é seu. 5) O crente deverá simplesmente exigir seus direitos em Cristo. 6) Colocar-se à mercê da vontade de Deus anula a oração. 7) A cura não decorre da misericórdia de Deus, mas do direito a que fizemos jus, o qual deve ser exigido. 8) Basta exigir que o mal saia do corpo, sem necessidade de orar ou jejuar, ou pedir oração a qualquer pessoa. 9) As doenças que os crentes julgam ter são apenas sintomas. 10) Quem fala de seus sofrimentos e dissabores está semeando as piores sementes da destruição.

Essa doutrina é estranha à Bíblia. Os expositores da teologia da prosperidade têm a liberdade de criar dia após dia novas teses, conceitos, dogmas, modismos sem fim. Agora mesmo – escrevo em setembro de 2004 – a Igreja Universal lançou a campanha para troca do anjo da guarda. Os cristãos brasileiros foram convidados a comparecerem aos templos daquela Igreja para os procedimentos legais com vistas à substituição do seu anjo guardião. Mas voltemos ao que foi ensinado pelo missionário, que tentou sintetizar em dois ou três livros a doutrina da teologia da prosperidade.

Para contradizer esses ensinos, vejamos, em primeiro lugar, a carta de Paulo aos filipenses: “Mas confio no Senhor que também eu mesmo, em breve, irei ter convosco. Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nos combates...

porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2.24-27).

Primeiro, deduz-se desse relato que crente adoece e poderá chegar a morrer em conseqüência da doença. Paulo também declara que Timóteo sofria de freqüentes enfermidades no estômago (1 Tm 5.23) e que ele mesmo orou três vezes ao Senhor para que se livrasse de um espinho na carne, e o Senhor não o atendeu (2 Co 12.7-10).

Segundo, vimos que Epafrodito e Timóteo não estavam com sintomas de doença, mas estavam enfermos mesmo.

Terceiro, Paulo não apelou para exigir seus direitos em Cristo ou para mandar o diabo sair nem dele nem de seus discípulos. Pelo contrário, considerou que a cura de Epafrodito foi resultado da misericórdia de Deus (“Deus apiedou-se dele”).

Quarto, o texto nos revela que Paulo sempre esperava que a vontade de Deus prevalecesse. Isto está ainda mais claro na questão do espinho na carne.

Quinto, vê-se que não se pode interpretar em termos absolutos o versículo 22, capítulo 21 de Mateus: “E tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis” (v.Mc 11.24). Vimos que Deus disse “não” para Paulo e Timóteo e “sim” para Epafrodito. É que nossos pedidos esbarram na soberana vontade de Deus, que pode agir ou deixar de agir, atender ou não atender.

Sexto, vimos que em nenhum momento Paulo julgou que a enfermidade de Epafrodito e Timóteo fosse de origem maligna, embora o apóstolo fosse dotado de discernimento para detectar tal investida (v.Atos 13.8-11; 16.16-17).

Sétimo, deduz-se que a vontade de Deus prevaleceu nas enfermidades desses dois irmãos, pois Deus, “pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam” (At 19.11-12). Apesar de tais poderes, não pôde curar seus queridos companheiros. Entendemos portanto que tudo o que pedirmos receberemos... se for da vontade de Deus.

Filipenses 2.24-17 talvez não tenha sido suficiente para convencer os contradizentes (Tt 1.9). Vamos então obter mais subsídios no livro de Tiago, escrito “para encorajar os crentes judeus que enfrentavam várias provações, que punham sua fé à prova, para corrigir crenças errôneas a respeito da natureza da fé salvífica”. Não há dúvida quanto aos destinatários do livro: “Doze tribos da Dispersão” (Tg 5.1); “irmãos” (5.2,19; 2.1,5; 5.7,9,10,12). Vejamos o que diz: “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará... Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.13-16). Deduz-se que:

Primeiro, em qualquer situação devemos falar com Deus e rogar por Sua misericórdia. Segundo, o pedido é feito, mas quem levanta o enfermo é o Senhor, se Ele quiser. Não é a nossa atitude isolada de levantar-se e exigir nossos direitos em Cristo Jesus. Terceiro, contrariando a doutrina da prosperidade, Tiago recomenda pedir oração a outro irmão, “orai uns pelos outros”.

Falta mais alguma coisa. A Confissão Positiva diz que se confessarmos nossos problemas estaremos semeando destruição e dando brecha para o diabo nos dominar. Vamos recorrer em primeiro lugar ao Senhor, que revelou não ter onde repousar a cabeça, como já dito no início deste trabalho (Mt 8.20). E mais uma vez recorremos a Paulo, que de modo algum seria aceito como arauto da Confissão Positiva. Além de não negar seu “espinho na carne”; de não ocultar a doença em Timóteo e Epafrodito, ele jogou pesado ao falar de suas vicissitudes. Vejamos.

“São ministros de Cristo? Eu ainda mais; em trabalhos, muito mais; em açoites, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentena de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, de salteadores; em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, na cidade, no deserto, no mar, entre falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez” (2 Co 11.23-27).

Como o próprio nome diz, a Confissão Positiva ensina que devamos falar positivamente, confessando a Palavra. O Espírito Santo não orientou Paulo nessa direção. Ele, segundo essa doutrina, deveria ter dito: “Nunca passei fome nem sede, nem sofri açoites nem perseguições porque a Palavra diz que Deus supre as minhas necessidades. Porque Deus não deseja que nenhum filho seu sofra; porque Deus é amor dEle não pode se originar o mal, por isso eu vivo num mar de rosas, e a minha casa tem uma piscina de água mineral e empregados à minha disposição. Eu sou um homem próspero”. Nada disso. Paulo falou simplesmente a verdade, sem receio de que suas “poderosas” palavras o colocasse sob o senhorio de forças malignas. Não satisfeito com o relato de suas mazelas, Paulo ainda declarou que se gloriava em suas fraquezas (v.30), que sentia “prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 Co 12.10). Jamais um discípulo da Confissão Positiva diria tamanha asneira. Falaria assim: “Sinto prazer na minha boa vida, quando estou no meu carro importado, comendo em bons restaurantes, ganhando muito dinheiro. Porque, enquanto sou próspero, sou forte”.

Nossas palavras têm poder? Aquilo que falamos se concretiza? Não aconteceu com Jonas. Ele preferiu morrer a cumprir a missão em Nínive. Foi preciso passar pelo vale da sombra da morte para compreender que Deus é soberano e faz o que lhe agrada (Jn 1.12,17): “Agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43.13). Eu mesmo, durante a doença de minha esposa, pedi que, se fosse da vontade de Deus levá-la para Si, levasse a mim. Eu a substituiria na morte. Deus tinha outro plano. Ele não me atendeu.

Pelas suas pisaduras fomos sarados

A principal coluna em que a Confissão Positiva se sustenta, com relação às enfermidades, é Isaías 53.4-5, como segue: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si... Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. A partir daí, os arautos defendem que, ao sermos aceitos como filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, estamos automaticamente livres de qualquer espécie de doença; que a nossa conquista de saúde perfeita se deu na cruz; que não precisamos orar, ter fé ou pedir que a vontade de Deus seja feita; que cabe a cada um se levantar e tomar posse da bênção e exigir de Deus seus direitos, e, do diabo, que saia do nosso corpo. Em síntese, é assim que a Confissão Positiva apresenta sua doutrina. Benny Hinn tenta resumir a questão assim: “Se seu corpo pertence a Deus, não pode pertencer às enfermidades”. Kenneth Copeland: “Depende de você decidir se quer ou não viver sofrendo enfermidades”. Kenneth Hagin: “Faz grande diferença aquilo que alguém pensa. Acredito que esse é o motivo pelo qual muitas pessoas estão enfermas. O que faz um crente ser bem-sucedido é o pensamento certo, a crença certa e a confissão certa”.

Devemos aceitar pacificamente tais ensinos, ou fazermos como os bereanos? A segunda opção é a mais correta, pois tudo deve ser examinado e passado pela peneira da Palavra.

Vejamos a experiência pessoal. Você conhece ou teve notícias de crentes verdadeiros que estão ou estiveram doentes? Muitos, não é verdade? Você conheceu crentes fiéis que morreram em conseqüência de determinada doença, apesar das orações e vigílias? Muitos, não é verdade? Talvez o próprio leitor esteja lutando contra determinado mal, apesar de se levantar, de exigir, de repreender.

As evidências nos revelam que os crentes adoecem e eventualmente morrem em conseqüência das enfermidades adquiridas. Isto é um fato. Outra comprovação, além das nossas experiências pessoais e dos exemplos bíblicos, já relatados (Paulo, Timóteo, Epafrodito), é a que lemos no livro de Tiago, capítulo cinco, já citado. Ali se diz que crente pode adoecer, e, quando, adoece, o melhor é pedir oração (vv. 14,15 e 16).

Tais evidências nos levam a refletir no seguinte: a) Se “pelas suas pisaduras fomos sarados”, por que as doenças ocorrem? b) As doenças relatadas na Bíblia e as que conhecemos por experiências pessoais são apenas sintomas? Elas não existem e nunca existiram? c) Se nossas doenças foram levadas por Jesus há dois mil anos, por que Deus na Sua Palavra, pela carta de Tiago aos crentes, recomenda que estes chamem os presbíteros para receberem oração? d) Por que a doutrina de não pedir oração, de não aceitar, de decretar, estrebuchar, exigir somente foi dada aos santos da Confissão, depois de dois mil anos? e) Tiago não foi inspirado pelo Espírito Santo e portanto suas recomendações não servem para os dias atuais?

Tais proposições nos levam a examinar com maior atenção Isaías 53.4-5. O versículo quatro fala em “enfermidades” e “dores”. Os versículos 5 a 12 falam em “transgressões”, “iniqüidades”, “expiação do pecado” “justificará a muitos e “levar sobre si o pecado de muitos”. Então, o livramento proporcionado por Jesus envolve os problemas físicos e espirituais, isto é, abrange enfermidades e pecados, porém em tempos diferentes. Como veremos mais adiante, a profecia de Isaías foi cumprida uma parte durante o ministério de Jesus (Mt 8.16-17) e outra na Sua expiação (1 Pe 2.24). Se a morte expiatória de Cristo nos torna imune às doenças, como propõem os “positivistas”, deveria também nos tornar imunes ao pecado, pois os efeitos da expiação envolvem “transgressões”. “iniqüidades” e “enfermidades” (Is 53.4-5). Se a proposta dos “positivistas” diz que estamos livres das enfermidades, por que não encampa também o pecado? Seríamos então seres perfeitos em todos os aspectos, iguais a Adão e Eva antes da queda. Não sofreríamos sequer de dor de dente ou de unha cravada, e estaríamos isentos de qualquer pecado. Mas não é assim.

Já vimos que estamos sujeitos às doenças, e, quanto ao pecado, sabemos que não estamos isentos dele. Não vivemos na prática do pecado (1 Jo 5.18), o pecado não tem domínio sobre nós (Rm 6.14), mas pecamos eventualmente. Tiago recomenda aos crentes que confessem seus pecados uns aos outros (Tg 5.16). “Ele foi ferido por nossas transgressões” (Is 53.5) é o mesmo que “Cristo morreu por nossos pecados” (1 Co 15.3). Os presbíteros, assim como todos os crentes, estão sujeitos a pecar (1 Tm 5.20). Leiam mais: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1 Jo 1.8,10). A natureza pecaminosa é uma ameaça constante na vida do crente. Contamos com o socorro do Espírito Santo para que as obras do corpo sejam mortificadas (Rm 8.13; Gl 5.16-25). Mas há um escape para quem peca: “Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9).

Todos os dias os “positivistas” oram por crentes enfermos. É uma incoerência. Eles oram, rogam a Deus, expulsam as enfermidades chamando-as pelo nome e declaram que “estão curados em nome de Jesus”. Ora, seria o caso de agir conforme ensinam, isto é, não adianta orar nem ter fé; basta tomar posse do direito conquistado. Para que haja coerência com o que pregam, em vez de oração deveriam dizer aos irmãos doentes: “Voltem para seus lugares. Vocês não estão enfermos. Será preciso explicar tudo novamente? Vocês foram curados há dois mil anos. O que vocês estão sentindo é apenas um sintoma colocado pelo diabo para enganar vocês. Essa miopia, essa dor de dente, dor na coluna, sinusite, câncer nas vias respiratórias, tudo isso vai passar. Basta mandar o diabo sair do corpo de vocês e proferir palavras de comando para que se cumpra o que está dito na Palavra. Voltem tranqüilos; não procurem médicos nem tomem remédios. Se alguém morrer, é porque já estava no tempo. Pelo menos morrem positivamente”. Ademais, quando oram pela cura dos crentes estão “confessando” a doença de cada um. Incoerência.

Dizem que Deus não deseja que seus filhos fiquem doentes. Este argumento é mais ou menos semelhante ao usado pelo espiritismo com relação ao inferno. Ora, Deus, sendo amor, bondade e misericórdia, também não deseja que nenhum se perca ou cometa qualquer pecado. Porém, ele conhece as nossas fraquezas. Para o pecado, temos o Espírito Santo que nos convence quando nos desviamos da Palavra. Pelo arrependimento, recebemos o perdão e a nossa conciliação com Deus se restabelece. Para a doença, Deus capacitou a Igreja com “dons de curar” destinados à restauração da saúde (1 Co 12.9; cf. Mc 16.18). Deus estaria sendo incoerente? Observadas as recomendações de Tiago 5.14-15, entende-se que os dons de curar se destinam a curar também os crentes. Como pode? Os crentes foram ou não foram curados há dois mil anos “pelas pisaduras” de Jesus? Podemos entender como dons de curar sintomas? Improvável.

Mateus 8.17 é usado pela Confissão como prova de que nenhum vírus ou bactéria ataca os crentes: “E chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”.

Quando realizou essa cura e outras mais, Jesus ainda não havia passado pelo Calvário. Ao realizá-las durante seu ministério, cumpriu-se a profecia messiânica de Isaías 53. Foi necessário que assim procedesse para mostrar que Ele era realmente o Messias esperado e profetizado; que se Ele tinha poder para curar, também o tinha para perdoar. Caso semelhante ocorreu quando, no início de sua missão, leu Isaías 61.1, e, ao final, disse: “Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lc 4.21). Ele veio para libertar os cativos, e libertou-os. A dois discípulos de João Batista, que lhe perguntaram se ele era o Messias esperado, Jesus respondeu: “Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.1-5). O reino de Deus chegou com demonstração de poder. Jesus explica: “Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus” (Mt 12.28).

Para melhor compreensão, vejamos: “Elevando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça. E pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe 2.24). “Pelas suas pisaduras fomos sarados”, de Isaías 53.5, recebe aqui o seu significado maior e o seu cumprimento na morte expiatória. Não a cura automática das doenças, mas a remissão de nossos pecados, que se verificou no Calvário, e não antes, visto que Ele morreu por nossos pecados (1 Co 15.3; cf. Jo 1.29; 2 Co 5.21; 1 Pe 3.18). Pedro não está afirmando que o sofrimento e morte de Jesus nos tornaram imunes às doenças. Ele ressalta que “Cristo carregou os nossos pecados na cruz, tornando-se nosso substituto, quando tomou sobre Si a penalidade dos nossos pecados. O propósito de Sua morte vicária foi livrar-nos totalmente da culpa, poder e influência do pecado. Cristo, pela sua morte, removeu nossa culpa e o castigo dos nossos pecados e proveu um caminho, mediante o qual pudéssemos voltar a Deus, conforme a sua justiça (Rm 3.14-26) e receber a graça de vier em retidão diante dEle (Rm 6.2,3; 2 Co 5.15; Gl 2.20). Pedro usa a palavra “sarados” ao referir´se à salvação e todos os seus benefícios” (Bíblia de Estudo Pentecostal).

A cura de enfermidades continua na Igreja. Para isso, Deus distribui dons de curar, como já dito. A Igreja também pode proclamar o perdão dos pecados, desde que haja sincero arrependimento (Mc 2.7; Jo 20.23; At 2.38; 1 Jo 1.9).

À guisa de conclusão, destacamos:

1 - Não há uma cura automática de todos os enfermos que se convertem. Um paraplégico poderá ser curado na hora da conversão, ou permanecer enfermo pelo resto da vida. Nem por isto deixará de ser feliz e ter paz no coração, pois a alegria em Cristo independe das circunstâncias.

2 – As conseqüências da queda de Adão, pelo que herdamos um corpo corruptível e cheio de fraquezas, só serão desfeitas quando estivermos no céu, onde teremos um corpo incorruptível e imortal (1 Co 15.54). Na glória, “Deus limpará de seus olhos toda a lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).

3 – Se acometido de alguma enfermidade, o crente deverá seguir as recomendações da Palavra de Deus, conforme Tiago 5.14-16: a) limpar sua vida de qualquer impureza; b) limpar o coração de qualquer sentimento de vingança ou ódio, e perdoar as ofensas; c) solicitar oração aos líderes da Igreja e aos irmãos; d) esperar no Senhor, confiante que Ele ouve as orações de seus filhos e agirá no tempo determinado, segundo a Sua vontade.

4 – O texto de Isaías 53.4-5, examinado o contexto, fala de cura espiritual (“transgressões”, “iniqüidades”) como resultado da morte vicária de Cristo, isto é, nossos pecados foram cancelados “por suas pisaduras”, no Calvário. Tal interpretação é evidenciada em 1 Pedro 2.24.

5 – A profecia de Isaías 53.4-5 concernente às enfermidades foi cumprida em Jesus durante seu ministério. Tal evidência está explicitada em Mateus 8.16-17.

6 – Assim como não precisamos decretar o perdão de nossos pecados, recebido pela fé, não precisamos decretar a cura de nossas enfermidades, que depende, como vimos, de nossa fé e da soberana vontade de Deus.

Parte III

A DIVINDADE DE JESUS CRISTO

 No espiritismo, Ele era um reformador da Judéia, com a missão de ensinar aos homens uma elevada moral, a moral evangélico-cristã; foi a segunda revelação de Deus (a primeira teria sido Moisés, e a terceira, o espiritismo); foi um médium de primeira grandeza, um espírito iluminado. Para os testemunhas-de-Jeová, Ele é um ser criado por Jeová, poderoso, mas não todo-poderoso. No budismo, Jesus foi um grande Mestre. No mormonismo, Jesus não foi gerado pelo Espírito Santo, e viveu em poligamia: Marta e Maria, irmãs de Lázaro, teriam sido suas esposas. No islamismo, um mensageiro de Deus, porém menor que Maomé. Na Nova Era, Jesus não é Deus porque todos somos deuses; a Era de Peixes, de Jesus, está se expirando, e um novo avatar surgirá para conduzir a humanidade à Era de Aquários, que colocará o mundo em ordem e estabelecerá a paz.

Negar a divindade de Jesus é uma das características das seitas, mas "as portas do inferno não prevalecerão" contra a Igreja de Cristo. Para nós, cristãos, Jesus Cristo é Deus. A prova disso não é apenas a nossa fé. Contamos com a Bíblia Sagrada, livro escrito por cerca de 40 escritores, divinamente inspirados; contamos com o testemunho de apóstolos que caminharam com Jesus, ouviram suas palavras e viram seus milagres, a exemplo de Pedro que declarou enfático: "TU ÉS O CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO" (Mateus 16.16). Temos as palavras do próprio Jesus que afirmou: "EU E O PAI SOMOS UM" (João 10.30). Temos o testemunho do profeta Isaías que, 700 anos de o Verbo habitar entre nós, chamou-O de "Deus Forte" e "Pai da Eternidade" (Isaías 9.6). Contamos, também, com o testemunho de milhões de vidas transformadas pelo poder que há no nome de Jesus. Tratar-se-ia de apenas um espírito evoluído, um homem com poderes mediúnicos como desejam os kardecistas? Se Jesus é apenas um espírito iluminado, por que não "baixa" nas sessões espíritas? Se Jesus foi igual a Buda e Maomé, onde estão seus ossos? Em lugar nenhum iremos encontrá-los porque Jesus ressuscitou, e vive e reina para sempre. Aleluia! Vejamos o que dizem as Escrituras sobre a divindade de Jesus.

CRISTO, O CRIADOR

§ "Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez... estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu (João 1.3, 10)). "Pois nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades, tudo foi criado por ele e para ele" (Colossenses 1.16). "...a nós falou-nos [Deus] nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez o mundo (Hebreus 1.2).

CRISTO, O DEUS

§ "A virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco" (Mateus 1.23). "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... e o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1.1,14). Atenção: "O Verbo era Deus", e não "o Verbo era um deus", como desejam os testemunhas-de-Jeová. "Eu e o Pai somos um" (João 10.30); "Quem me vê, vê o Pai" (João 14.9). "O Pai está em mim, e eu nele" (João 10.38); "Disse-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu" (João 20.28); "Deles são os patriarcas, e deles descende Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém". (Romanos 9.5). "Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Colossenses 2.9). "Porque um filho nos nasceu...o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9.6). "Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5.20). Outras referências: João 1.15,18,30; Colossenses 1.15; 2 Coríntios; 4.4; 5.19.

CRISTO, O ETERNO

§ "Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim" (Apocalipse 22.13). "Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão nascesse, eu sou" (João 8.58). "Eu e o Pai somos um" (João 10.30,38). "Há tanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai... crede-me quando digo que estou no Pai e o Pai está em mim" (João 14.9-11,20; 17.21). "Vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai" (João 16.28) Outras ref.: João 1.18; 6.57; 8.19.

CRISTO, O TODO-PODEROSO

§ "É-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mateus 28.18). "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso" (Apocalipse 1.8). Outras referências: Efésios 1.20-23; João 21.17.

CRISTO, O SALVADOR

§ "Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador"(Tito 3.4-6).

§ "E em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4.12). Vejam a ênfase: "Em nenhum outro nome". Não sobra para Buda, para Allan Kardec, para Maomé, para Confúcio, para Lao-Tsé, para ninguém. E mais: João 3.16; Lucas 4.18; Isaías 61.1.

Jesus não foi um simples fundador de uma religião. Os afamados fundadores de seitas que surgiram na história da humanidade estão todos mortos e devidamente enterrados; seus corpos foram comidos pelos vermes, e seus ossos, se ainda restam, estão em algum lugar. Com Jesus não aconteceu a mesma coisa. A terra não pôde detê-lo, a morte não teve domínio sobre Ele. Jesus ressuscitou do sepulcro e sobre isto há o testemunho das Escrituras; há o registro de testemunhas oculares que com Ele estiveram durante sua vida terrena e após a sua ressurreição, e viram-no ascender aos céus (Mateus 28.1-10; 16-18; Marcos 16.1-14; Lucas 24.1-53; João 20.1-18).

OS TÍTULOS DE JESUS

De forma direta ou indireta, pelo nome ou pelos títulos, o nosso Salvador permeia toda a Bíblia, onde é apresentado, por exemplo, como Messias, Redentor, Libertador, Perdoador de pecados, Juiz, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Vejamos alguns dos títulos de Jesus distribuídos por vários livros:

Gênesis: Semente da mulher.

Jó: Redentor.

Salmos: Pedra angular.

Cantares: Rosa de Saron.

Isaías: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, Emanuel, Glória do Senhor, Legislador, Poderoso de Jacó, Renovo, Santo de Israel.

Jeremias: Justiça nossa.

Daniel: Ungido ou Messias.

Miquéias: Juiz de Israel.

Ageu: Desejado de todas as nações.

Zacarias: Rei.

Malaquias: Mensageiro da aliança, Sol da justiça.

Mateus: Filho amado, Filho de Davi, Filho de Deus, Filho do homem, Guia, Rei dos judeus.

Marcos: Filho do Deus Bendito, Santo de Deus.

Lucas: Consolação de Israel, Filho do Altíssimo, Poderoso Salvador, Profeta, Salvador, Sol nascente.

João: A Porta, a Ressurreição e a Vida, Bom Pastor, Cordeiro de Deus, Criador, Deus Unigênito, Eu Sou, Luz do mundo, Luz Verdadeira, Verbo, Verdade, Vida, Videira verdadeira.

Atos: Justo, Santo, Senhor de todos.

Romanos: Deus bendito, Libertador.

1 Coríntios: Adão, Nossa Páscoa, Rocha, Senhor da glória.

2 Coríntios: Imagem de Deus.

Efésios: Cabeça da Igreja.

1 Timóteo: Bem-aventurado e único Soberano, Mediador, Rei dos reis, Rei dos séculos, Senhor dos senhores.

Tito: Salvador.

Hebreus: Apóstolo da nossa confissão, Herdeiro de todas as coisas, Autor e Consumador da fé, Grande Sumo Sacerdote.

1 Pedro: Pastor e Bispo das almas, Príncipe dos pastores.

1 João: Advogado.

Apocalipse: Alfa e Ômega, Cordeiro, Leão da Tribo de Judá, O Primeiro e o Último, Primogênito, Rei dos santos, Resplandecente estrela da manhã, Todo-poderoso.

A TRINDADE

Negar a divindade de Jesus é negar a existência do Deus trino, ou seja, do Deus único, eternamente subsistente em três Pessoas: a Primeira Pessoa, Deus Pai; a Segunda Pessoa, Deus Filho; e a Terceira Pessoa, Deus Espírito Santo. A unidade divina é uma unidade composta dessas três pessoas, coexistentes, porém distintas. Examinemos a Palavra:

§ "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR" (Deuteronômio 6.4). Este versículo é muito usado pelos que não aceitam a Trindade. Sustentam que não existem três Deuses, mas apenas um. Ora, a idéia do Deus trino, da unidade composta, está subjacente em outras passagens, como veremos a seguir.

§ "Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem..." (Gênesis 1.26). O uso da primeira pessoa do plural - FAÇAMOS - indica que Deus não estava só na obra da Criação: o Filho e o Espírito estavam presentes. Vejam também Gênesis 3.22; 11.7; Isaías 6.8.

§ "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28.19).

§ "A graça do Senhor Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2 Coríntios 13.13). Conhecida como a "bênção apostólica", este versículo revela o Deus trino.

§ No batismo de Jesus no Jordão, conforme Mateus 3.16-17, temos o Espírito de Deus "descendo sobre Jesus"; a voz do Pai dizendo "Este é o meu Filho amado"; e o Verbo, o Deus Filho ali encarnado e habitando entre nós.

§ O livro de Judas fala da Trindade: "Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai a vós mesmos na caridade de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna" (Judas 20.021).

§ O apóstolo Pedro deixou o seu testemunho sobre as Pessoas da Trindade: "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo" (1 Pedro 1.2).

§ Na seguinte passagem Jesus mais uma vez revela sua divindade e reafirma a existência da trindade em Deus: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lucas 24.49). A promessa diz respeito ao batismo no Espírito Santo, plenamente cumprida em Atos 2.1-4. Vejam que a promessa é do Pai, mas quem envia é o Senhor Jesus; envia do alto, do céu. Jesus confirma o que já houvera dito: "Eu e o Pai somos um". Outra referência: Atos 2.32-33.

A verdade é que "Deus estava em Cristo", como afirmou o apóstolo Paulo (2 Coríntios 5.19). Finalmente, fiquemos com estas palavras gloriosas: "O Filho é o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa [do próprio Deus], sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas" (Hebreus 1.3).

§ Estejamos mais conscientes de que Deus habitou entre os homens, falou a língua dos homens, sofreu nossos sofrimentos, sentiu nossas dores; foi desprezado, perseguido, traído, injustamente condenado; morreu por nós numa cruz, ressuscitou ao terceiro dia, e voltou para sua glória.

Parte IV

AS FALSAS PROFECIAS

das Testemunhas de Jeová (1914,1918,1920,1925 e 1975)

 As declarações oficiais da Sociedade Torre de Vigia mencionadas neste trabalho foram extraídas, com permissão dos autores, do livro `A Verdade sobre as Testemunhas de Jeová´, de Cid de Farias Miranda e William do Vale Gadelha, Editora gráfica LCR, 1a edição/2004). Os autores trabalharam por duas décadas na Sociedade.

"Mas o profeta que presumir de falar em meu nome alguma palavra que eu não lhe tenho mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, o tal profeta será morto. Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e o que disse não acontecer nem se realizar, essa palavra não procede do Senhor. Com soberba a falou o tal profeta. Não tenham temor dele" (Dt 18.20-22).

"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; eles vos ensinam vaidades. Falam da visão do seu próprio coração, não da boca do Senhor. Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis. Não mandei esses profetas, todavia eles foram correndo; não lhes falei, todavia profetizaram. Ouvi o que dizem esses profetas, profetizando mentiras em meu nome. Até quando continuará isso no coração desses profetas mentirosos, que profetizam o engano do seu próprio coração? O profeta que tem um sonho conte o sonho, mas aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra, com verdade. Portanto, eu sou contra esses profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras. Deveras, sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor. Eles os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades, mas eu não os enviei, nem lhes dei ordem. Não trazem proveito nenhum a este povo, diz o Senhor" (Jr 23.1-32).

"Acautelai-vos, porém dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos conhecereis" (Mt 7.15-16). Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos (Mt 24.11).

Vejam que a advertência no Antigo Testamento é confirmada na Nova Aliança. Em resumo, qualquer profecia que não se cumpre não é de Deus. Na maioria dos casos nem é preciso esperar o longo tempo até a confirmação ou não da profecia. Basta examinar a Bíblia. As profecias do Corpo Governante do grupo conhecido por Testemunhas de Jeová se enquadram perfeitamente nessa palavra. Aliás, se enquadram aqui todas as palavras mentirosas que não saíram da boca de Deus, mas do coração enganoso do homem. A Sociedade Torre de Vigia para Bíblias e Tratados, representada por seu Corpo Governante, se autoproclama:

"Organização de Jeová para a salvação" (A Sentinela, 15.07.1982, página 21). Portanto, a Sociedade é o caminho.

"Instrumento usado por Deus, para recebermos a vida eterna no Paraíso terrestre", sendo "necessário identificar essa organização e servir a Deus como parte dela" (A Sentinela, de 15.09.1983, página 14).

"A organização (Sociedade) está [de tal forma] "unida sob a proteção do Organizador Supremo", que "apenas as Testemunhas de Jeová têm esperança bíblica de sobreviver ao iminente fim deste sistema condenado" (A Sentinela, de 01.09.1989, página 19). Portanto, fora da Sociedade não há salvação.

"Por meio desta agência [da Sociedade], Jeová revela suas verdades, e faz com que se cumpra o profetizar em escala intensificada e sem paralelo" (A Sentinela, 15.12.1964, pág. 749). Portanto, o corpo Governante é o único capaz de profetizar com acerto.

"Tem Deus algum profeta para declarar as coisas futuras? Tem. São as testemunhas cristãs de Jeová" (A Sentinela, 01.10.1972, página 58).

"A Bíblia não pode ser entendida sem se ter presente a organização visível de Jeová" (A Sentinela, 01.06.1968). Isto é, a Sociedade detém a exclusividade no que tange à interpretação das Escrituras. Logo, os seus seguidores são declarados incapazes de raciocinar.

"Só a organização de Jeová, em toda a terra, é dirigida pelo espírito santo ou a força ativa de Deus. Apenas esta organização funciona para o propósito de Jeová e para seu louvor. Ela é a única para a qual a Palavra Sagrada de Deus, a Bíblia, não é um livro lacrado" (A Sentinela, 01.01.1974, pág. 18, parágrafo 4).

Para progredir na vida é necessário que "estejamos em contato com este canal [a organização visível, a Sociedade]" (A Sentinela, 01.08.1982, página 27, parágrafo 4).

"Sem a ajuda do "escravo fiel e discreto" [O Corpo Governante], nem entenderíamos o pleno sentido do que lemos, nem saberíamos como aplicar aquilo que aprendemos - Mateus 24.454-47" (A Sentinela, 15.07.1987, página 19). Portanto, estão em situação deplorável os quase 500 milhões de evangélicos no mundo, pois dispensam a ajuda da Sociedade.

"É por meio deste instrumento [a Sociedade] designado pelo espírito que suas diretrizes e sua estratégia são comunicadas a todos os seus "soldados" (A Sentinela, 01.12.1982, página 19, parágrafo 10). Se para os TJs o Espírito Santo é uma força ativa de Deus, como aqui está sendo tratado como uma Pessoa que designa, orienta, manda? Incoerência. Se é guiada pelo Espírito Santo, por que as profecias da Sociedade não se cumpriram?

"Lá no ano de 613 a.C., Jeová passou por cima do Sumo Sacerdote Seraías e do segundo sacerdote Sofonias, no templo de Jerusalém, e designou Ezequiel, filho de Buzi, um subsacerdote, para ser seu profeta na terra de Babilônia... O mesmo se deu com as testemunhas ungidas e dedicadas de Jeová lá no ano de 1919 d.C. Os fatos desde então provam que receberam sua ordenação, designação e comissão para seu trabalho neste "tempo do fim" do próprio Jeová, mediante sua organização celestial." (Livro "As Nações Terão de Saber Que Eu Sou Jeová", publicado em 1973, página 63).

"Os fatos provam"? Onde está escrito? Mesmo com essa suposta unção especial o Corpo Governante até agora não acertou uma só profecia; todas elas foram um fiasco, como veremos mais adiante.

"Do mesmo modo, a moderna classe de Ezequiel foi enviada...este grupo de testemunhas ungidas de Jeová... em breve saberão que houve realmente um "profeta" de Jeová entre eles" (Mesmo livro, página 66). O Corpo governante da Sociedade se autoproclama equiparado aos grandes profetas de Deus, como Ezequiel. Eles não dizem que querem ser; afirmam que são. Vejamos as falsas profecias desse "instrumento de Deus". Registraremos apenas os trechos mais importantes das declarações oficiais da STV.

O fim do mundo virá em 1914:

"Em vista desta forte evidência bíblica concernente aos Tempos dos Gentios, consideramos como uma verdade estabelecida que o final definitivo dos reinos deste mundo e o pleno estabelecimento do Reino de Deus estarão cumpridos em fins de 1914 A.D." (The Time is at Hande (O Tempo Está Próximo, mencionado no livro Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus, pg. 53, rodapé), de 1889, pg. 99). Notem que a Sociedade, afirmando possuir informações privilegiadas sobre o fim do mundo, declara que sua profecia é "uma verdade estabelecida".

Antes de prosseguirmos, vejamos o que disse Jesus sobre o tempo do fim:

"Porém, a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o Pai; portanto vigiai, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor; por isso estai vós também apercebidos, porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis" (Mt 24.36,42,44). Na sua condição humana Jesus não sabia, mas agora, ressurreto e glorificado, sabe todas as coisas. O Corpo Governante se colocou em posição superior aos anjos.

Somente a ele Deus teria revelado o mês e o ano do estabelecimento definitivo do Reino do Céu. Prossigamos: "E, com o fim de 1914 A.D., aquilo que Deus chama de Babilônia e os homens chamam de Cristandade, terá passado, conforme já demonstrado pela profecia" (Livro Thy Kingdom Come (Venha o Teu Reino, mencionado no Proclamadores, pg 53, rodapé), de 1891, pg. 153).

"A data do encerramento dessa "batalha" está definitivamente marcada nas Escrituras como sendo outubro de 1914. Ela já está em andamento, seu início tendo se dado em outubro de 1874" (The Watch Tower (A Sentinela), 15.01.1892, pg. 23). O Corpo Governante faltou com a verdade. A Escritura nunca marcou data nenhuma.

"Não vemos razão para mudar os números, nem poderíamos mudá-los, se quiséssemos. Estas são, acreditamos, datas de Deus, e não nossas. Mas tenham em mente que o final de 1914 não é a data do início, mas do fim do tempo de aflições. Não vemos razão para mudar nossa opinião expressa no conceito apresentado na Sentinela de 15 de janeiro de 1892. Aconselhamos que leiam novamente" (A Sentinela, 15.07.1894, pg. 16). Ora, se fossem realmente "datas de Deus", exclusivamente confiadas ao Corpo Governante, essas datas teriam sido cumpridas e Jesus teria mentido quando disse que ninguém as conhece. Afirmam os autores de "A Verdade sobre as Testemunhas de Jeová" que, hoje, "a Sociedade ensina que 1914 marcou o início do tempo do fim, época de maiores aflições, e não do seu encerramento" (Ibidem, cap 3, pg. 29).

Tentativas de explicar o fracasso da profecia:

"A data marcava apenas um ponto de partida quanto ao domínio do Reino" (Livro ´Proclamadores´, 1993, pg 135). Aqui começam a mudar a ênfase do discurso. Em 1894 afirmaram que 1914 era o final e não o início dos templos de aflições.

"Em 1914 alguns Estudantes da Bíblia, como eram então chamadas as Testemunhas de Jeová, esperavam ser "arrebatados em nuvens, para encontrar o Senhor no ar...Um dia, alguns deles foram para um lugar isolado a fim de esperar o evento ocorrer. Entretanto, quando nada aconteceu, foram obrigados a voltar novamente para casa num estado mental bem deprimido. Como resultado, muitos deles caíram da fé" (Anuário das Testemunhas de Jeová de 1983, pg. 120). Notem que o Corpo Governante, que antes definiu como certo o fim de todas as coisas em 1914, agora tenta fugir à responsabilidade pelo fracasso da profecia. Esses "profetas de Deus" nunca confessaram seus erros. O ´Anuário´ de 1978, sobre a Noruega, página 205 diz que "alguns cujas expectativas quanto a 1914 eram demasiadas ficaram desapontados e abandonaram a verdade. Mas, na maior parte, os irmãos continuaram fiéis". Houve uma baixa considerável. Um grande número de testemunhas ficaram decepcionadas e abandonaram a Sociedade. Não abandonaram a verdade. Ao contrário, abandonaram a mentira e ficaram do lado da verdade. O Corpo Governante, único responsável pelas falsas profecias, faz de conta que não tem nada a ver com o assunto. No Anuário de 1981, página 45, sobre a França, referindo a uma testemunha chamada Emile Lanz, diz que "ele viu 1914 chegar ao fim sem os cristãos serem arrebatados...para encontrar o Senhor no ar, de acordo com o seu entendimento de 1 Tessalonicenses 4.17". Ora, foi o Corpo Governante quem criou a falsa expectativa de 1914, enganando um número incalculável de incautos, que, em vez de confiar no que diz a Bíblia, confiaram na palavra de homens falíveis, enganadores, sem temor de Deus.

Fim do mundo adiado para 1918 e 1920:

"Também, no ano de 1918, quando Deus destruir as igrejas em escala total e os membros das igrejas aos milhões, será nesse dia que, qualquer um que escapar, se voltará para as obras do Pastor Russell para aprender o significado da derrocada do "Cristianismo" (The Finished Mystery (O Mistério Consumado), publicado pela sociedade em 1917, pg. 485). Até para enganar as pessoas é preciso alguma sabedoria. Se 1914 fracassou, como é que marcam nova data tão próxima? Deveriam ter empurrado o fim para vinte anos depois, para que pessoas ficassem mais tempo iludidas.

"Até as repúblicas desaparecerão no outono de 1920. Todos os reinos da terra passarão, serão tragados pela anarquia" (O Mistério Consumado, pg. 258). Nada disso aconteceu.

Fim do mundo adiado para 1925:

"Este período de tempo principiando 1.575 anos antes da era cristã, naturalmente terminará no outono do ano de 1925. Desde que outras escrituras definitivamente estabelecem o fato, de que Abrahão, Isaac e Jacó ressuscitarão e outros fiéis antigos, e que estes seriam os primeiros favorecidos, podemos esperar em 1925 a volta desses homens fiéis de Israel, ressurgindo da morte e completamente restituído à perfeição humana,os quais serão visíveis e reais representantes da nova ordem das cousas da terra. Uma vez restabelecido o Reino do Messias, Jesus e sua igreja glorificada...estes ministrarão as bênçãos ao povo... Como previamente temos demonstrado, o grande ciclo de júbilo deve principiar em 1925. Nesta data a parte terrestre do Reino será reconhecida. Podemos seguramente esperar que 1925 marcará a volta às condições de perfeição humana, de Abrahão, Isaac, Jacó e os antigos profetas fiéis, especialmente esses mencionados pelo Apóstolo no capítulo onze de Hebreus. Baseado nos argumentos até aqui apresentados, isto é, que a ordem velha das coisas, o velho mundo está se findando e desaparecendo, e que a nova ordem ou organização está se iniciando, e que 1925 será a data marcada para ressurreição dos anciãos dignos e fiéis, e o princípio da reconstrução, chega-se á conclusão razoável de que milhões dos que vivem agora na terra, ainda estarão vivos no ano de 1925. Então, baseados nas promessas encontradas nas palavras divinas, chegamos à positiva e indiscutível conclusão de que, milhões que agora vivem jamais morrerão" (Milhões que Agora vivem Jamais Morrerão (mencionado no livro Proclamadores, página 78), lançado pela Sociedade em 1920, foi publicado no Brasil em 1923, fragmentos extraídos das páginas 110, 111, 112, 122). Mais um fiasco. Alguém viu Abraão, Isaque, Jacó e outros andando por aí?

"A data de 1925 é ainda mais distintamente indicada pelas Escrituras porque foi fixada pela lei que Deus deu a Israel" (A Sentinela, 01.09.1922, pg 262). "1925 está definitivamente estabelecido pelas Escrituras, marcando o fim dos jubileus típicos´(A Sentinela, 01.04.1923, pg. 106). Onde na Bíblia está fixada essa data? Como pode uma meia dúzia de homens enganar tantos por tanto tempo e ainda conseguir milhões de seguidores em todo o mundo? Uma coisa é certa: os mais novos seguidores dessa seita não conhecem a história das falsas profecias, ou, as conhecem mas têm medo de serem considerados apóstatas e perderem o "amparo" da Sociedade. É possível que muitos fiquem em silêncio pelo temor de enfrentar a tortura das "audiências judicativas", com seus métodos inquisitoriais. "Devemos, portanto, aguardar para pouco depois de 1925 assistir o despertar de Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó, Melquisedeque, Jó, Moisés, Samuel, Davi, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, João Batista, e outros mencionados no capítulo de Hebreus" (The Way to Paradise (O Caminho Para o Paraíso), pg 224, publicado pela Sociedade em 1924). Explicam Cid Miranda e William Gadelha que esse livro, "apesar de pouco conhecido atualmente, é mencionado no Anuário de 1987, página 140).

O Corpo Governante dessa organização sabe conceituar os falsos profetas. Vejam o que ele escreveu no livro Raciocínio à Base das Escrituras, de 1985, pg. 158: "Falsos Profetas - Definição: Indivíduos e organizações que proclamam mensagens que atribuem a uma fonte sobre-humana, que, porém, não se originam do verdadeiro Deus e não estão em harmonia com a sua vontade revelada". Qual a organização que profetiza mentiras em nome de Deus?

Tentativas de explicar o fracasso da profecia:

"O povo de Deus teve de ajustar seu modo de pensar sobre 1925. Pensava-se que então o restante dos seguidores ungidos de Cristo iria para o céu, e que os fiéis homens da antiguidade, tais como Abraão, Davi e outros, seriam ressuscitados como príncipes para assumir o governo da terra como parte do reino de Deus. Veio e foi-se o ano de 1925. Os seguidores ungidos de Jesus ainda estavam na terra como classe. Os homens fiéis da antiguidade não foram ressuscitados. 1925 foi um ano triste para muitos irmãos. Alguns deles tropeçaram; suas esperanças foram despedaçadas. Ao invés de isso [ressurreição dos antigos] ser considerado uma probabilidade, leram que era uma certeza" (Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, pg 146). Observem a tática de eximir-se de qualquer responsabilidade pelo fiasco da profecia. As profecias de 1914 e 1925 foram apresentadas como certeza, e não como probabilidade. Agora dizem que seus seguidores leram mal. Eles atropelam a Bíblia e se apresentam como ungidos do Senhor. Vejam o que disse Jesus: "Não vos pertence saber os tempos ou as épocas que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" (At 1.7). Sem nenhuma cerimônia nem receio de enfrentar o Justo Juiz nos tempos do fim, eles declaram que as datas anunciadas foram estabelecidas por Deus.

"Os fatos inquestionáveis, portanto, mostram que o "tempo do fim" começou em 1799; que a segunda presença do Senhor começou em 1874..." (A Sentinela, de 01.03.1799, traduzido do inglês). "Os fatos mostram que se trata de um período limitado, com um princípio definido e um fim definido. Começou em 1914, quando Jesus Cristo foi entronizado como rei nos céus" (Livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna, 1968, pg 94). Nota-se que a Sociedade se perdeu num labirinto de datas. Não sabe mais quem, quando, como, onde e porque. Estão perdidos nas masmorras que eles mesmos cavaram. Vejam mais:

"A profecia bíblica mostra que o Senhor devia aparecer pela segunda vez no ano de 1874.

A profecia cumprida mostra além de dúvida que ele de fato apareceu em 1874. As profecias cumpridas podem também ser chamadas de fatos físicos; e estes fatos são incontestáveis. Todos os observadores sinceros estão familiarizados com estes fatos, conforme estabelecidos nas Escrituras e explicados na interpretação pelo servo especial do Senhor" (A Sentinela, em inglês, de 01.11.1922). Profecia cumprida? Ninguém viu, ninguém sabe. E mais profecia sobre 1914: "A evidência bíblica mostra que nos ano de 1914 E.C. o tempo de Deus chegou para Cristo voltar e começar a dominar. Visto que a volta de Cristo é invisível..." (Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, 1983, pg. 147). Vejam que a Sociedade agora garante que a profecia foi cumprida, mas que a vinda de Jesus foi invisível. Se foi invisível, como souberam? Antes, a Sociedade afirmava que "o ano de 1878 assinala o tempo para a verdadeira tomada do poder [de Cristo] como Rei dos reis pelo nosso presente, espiritual e invisível Senhor..." (Livro The Time is at Hand (O Tempo Está Próximo), 1889, pg 129. Menos de um século depois essa data foi alterada para 1914: "Isto significa que Jesus Cristo começou a dominar qual rei do governo celestial de Deus em 1914" (Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, 1983, pg 141). As Testemunhas de Jeová teimam em estabelecer uma data para o início do reinado do Senhor Jesus. "O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (2 Co 4.4).

Todas as profecias até aqui registradas são extravagantes e inverídicas, mas a que você verá a seguir supera tudo em termos de heresia. O Corpo Governante declararou recentemente que "em 1918, o entronizado Rei Jesus Cristo encontrou um pequeno grupo de cristãos que haviam abandonado as igrejas da cristandade... Depois de refiná-los como que com fogo, Jesus conferiu aos seus escravos, em 1919, uma autoridade ampliada, e designou-os sobre todos os seus bens" (A Sentinela, 15.03.1990, pg 15). Dizem, portanto, que os membros da Sociedade possuem o domínio, a posse e o controle de todos os bens de Cristo. Eles possuem desde 1919 um poder ampliado. É possível que haja pessoas na plena posse de suas faculdades mentais que acreditem nisso?

A profecia para 1975:

O Corpo Governante não pára de fixar datas. Continuam alimentando com falsas esperanças e vãs expectativas milhões de seguidores. Essas datas fazem parte da teologia do medo. Se o tempo está próximo, então se preparem, estejam unidos a nós, a única organização confiável e ungida por Cristo. A Bíblia adverte seriamente para não nos envolvermos com adivinhos: "Não deis ouvidos aos vossos profetas, aos vossos adivinhos, aos vossos sonhos, aos vossos agoureiros e aos vossos encantadores..." (Jr 27.9). Se nenhuma das profecias da Sociedade foi cumprida; se nenhuma delas apóia-se na Bíblia Sagrada, é o caso de perguntarmos se os membros que governam a Sociedade torre de Vigia são profetas de Deus ou do diabo. Deixemos que Deus responda: "Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e o que disse não acontecer nem se realizar, essa palavra não procede do Senhor. Com soberba a falou o tal profeta. Não tenham temor dele" (Dt 18.22).

Jesus arremata: "Vós pertenceis ao vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44). "Mas, quanto aos medrosos...e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte" (Ap 21.8). "A única organização na Terra que compreende as coisas profundas de Deus" inventou que no ano de 1975 algo extraordinário aconteceria. Vejam:

"Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo período de mil anos da história humana começará no outono (segundo hemisfério setentrional) do ano de 1975. Assim, seis mil anos da existência do homem na terra acabarão em breve, sim, dentro desta geração. Dentro de poucos anos em nossa própria geração atingiremos o que Jeová Deus poderia considerar como o sétimo dia da existência do homem" (Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus, publicado pelo Corpo Governante em 1966, páginas 27-29).

Notem como esses adivinhos fazem especulações em torno de datas e com isso alimentando seus fiéis seguidores. Nada de extraordinário aconteceu na década de 70. E continuam:

"Em que ano, então, terminariam os primeiros 6.000 anos do dia de descanso de Deus? No ano de 1975. Isso significa que dentro de relativamente poucos anos testemunharemos o cumprimento das profecias restantes que têm que ver com o "tempo do fim" (Despertai! De 22.04.1967, pg. 20, artigo com o título "Quanto Tempo Ainda Levará?", e o subtítulo "Os 6.000 Anos Terminam em 1975"). "Em vista do curto período de tempo que resta, desejamos fazer isso tão amiúde quanto as circunstâncias o permitam. Apenas pensem, irmãos, restam menos de noventa meses até que se completem os 6.000 anos da existência do homem na terra" (Ministério do Reino, informativo interno da organização, de maio/1968, pg. 4). "Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente..." (A Sentinela, 15.02.1969, pg.115).

Agora vejam os conselhos do Corpo governante aos jovens para que intensifiquem o trabalho gratuito em favor da sociedade, de venda de revistas e "evangelização": "Em vista do pouco tempo que resta, a decisão de seguir uma carreira neste sistema de coisas não só é sábia, mas também extremamente perigosa. A muitos jovens irmãos e irmãs se ofereceram bolsas de estudos ou empregos que prometiam bons ordenados. Todavia, eles os rejeitaram e puseram em primeiro lugar os interesses espirituais" (Ministério do Reino, dezembro, de 1969, pg. 3). Entenda-se como "interesses espirituais" os altos interesses da Sociedade. "Depois que 1975 veio e passou, muitos dos que rejeitaram empregos e estudos (em prol do que o Corpo Governante considerava que estava em primeiro lugar) sentiram como estes lhes faziam falta. Deixaram-se levar por uma falsa expectativa criada por humanos e sofreram as conseqüências. Suas amargas experiências jamais foram publicadas em A Sentinela, Despertai! E Ministério do Rein" (A Verdade sobre as Testemunhas de Jeová, pg 67). Em sucessivas publicações, por anos seguidos, a Sociedade tentou manter a chama da falsa expectativa sobre o ano de 1975. O mesmo método foi utilizado com relação às datas anteriores de 1914, 1918, 1920 e 1925. Faltando 15 meses para o início do trágico 1975, a sociedade informou:

"Receberam-se notícias a respeito de irmãos que venderam sua casa e propriedade e que planejam passar o resto dos seus dias neste velho sistema de coisas empenhados no serviço pioneiro. Este é certamente um modo excelente de passar o pouco tempo que resta antes de findar o mundo iníquo" (Ministério do Reino, julho/1974, páginas 3 e 4). Tenho a impressão que esses registros já seriam forte motivo para uma ação judicial contra a Sociedade por perdas e danos.

Transcorria o ano de 1975 e a Sociedade ainda alimentava seu rebanho com a falsa profecia: "E agora, neste ano crítico de 1975, pode-se perguntar: Será que o Deus Altíssimo da profecia fez para si um nome? A resposta é óbvia: Sim! Por meio de quem? Não pela cristandade, nem pelo judaísmo, mas pelas testemunhas cristãs de Jeová" (A Sentinela, 15.03.1975, pg. 189).

Tentativa de explicar o fracasso da profecia:

"Pode ser que alguns daqueles que têm servido a Deus planejaram sua vida de acordo com um conceito errôneo do que é que deveria acontecer em determinada data ou em certo ano... Mas, eles desperceberam o ponto das advertências bíblicas a respeito do fim deste sistema de coisas, pensando que a cronologia bíblica revelasse uma data específica. Mas não é aconselhável que fixemos a vista em certa data... Caso alguém tenha ficado desapontado...deve agora concentrar-se em reajustar seu ponto de vista, por não ter sido a palavra de Deus que falhou ou o enganou e lhe causou desapontamento, mas, sim, seu próprio entendimento baseado em premissas erradas" (A Sentinela, 15.01.1977, pg. 56-57).

Quem se baseou em premissas erradas? Foram os fiéis seguidores? Quem disse que a cronologia bíblica era fidedigna e que a infalível profecia para 1975 somente foi revelada por Deus às "testemunhas cristãs de Jeová"? Como aconteceu das vezes anteriores, mais uma vez o Corpo Governante procura esquivar-se da responsabilidade pelas mentiras publicadas. Em nenhum momento assume o erro. Nem pedem desculpas aos milhões que foram enganados. Vejam mais como funciona a tática de culpar os outros:

"Criou-se muita expectativa sobre o ano de 1975... publicaram-se outras declarações que davam a entender que tal cumprimento da esperança até aquela ano era mais uma probabilidade do que mera possibilidade". (A Sentinela, 15.09.1980, páginas 17 e 18).

Desculpas pelas falsas profecias:

Diante dos fatos, a Sociedade declarou: "As Testemunhas de Jeová, devido ao seu anseio pela segunda vinda de Jesus, sugeriram datas que se mostraram incorretas Por isso, há quem as chame de falsos profetas. No entanto, nunca nesses casos presumiram que suas predições eram feitas no nome de Jeová" (Despertai!, 22.03.1993, páginas 3 e 4). O Corpo Governante não "sugeriu" datas. As datas foram anunciadas como fato incontestável. Vamos relembrar o que acima foi dito:

A Sociedade declarou que é o canal de Deus para profetizar com acerto:

"Por meio desta agência [da Sociedade], Jeová revela suas verdades, e faz com que se cumpra o profetizar em escala intensificada e sem paralelo" (A Sentinela, 15.12.1964, pág. 749).

Portanto, o corpo Governante é o único capaz de profetizar com acerto. "Tem Deus algum profeta para declarar as coisas futuras? Tem. São as testemunhas cristãs de Jeová" (A Sentinela, 01.10.1972, página 58).

A profecia sobre 1914 era uma verdade estabelecida:

"Em vista desta forte evidência bíblica concernente aos Tempos dos Gentios, consideramos como uma verdade estabelecida que o final definitivo dos reinos deste mundo, e o pleno estabelecimento do Reino de Deus estarão cumpridos em fins de 1914 A.D."

A profecia sobre 1925 era verdade indiscutível:

"Então, baseados nas promessas encontradas nas palavras divinas, chegamos à positiva e indiscutível conclusão de que, milhões que agora vivem jamais morrerão".

A profecia sobre 1975 decorria de cronologia bíblica fidedigna:

"Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a criação do homem terminarão em 1975".

Qual será a próxima data?

Parte V

A "IGREJA"

Da unificação

1. NOME OFICIAL: Associação do Espírito Santo Para Unificação do Cristianismo Mundial.

2. ADVERTÊNCIAS BÍBLICAS

Provar os espíritos (1 João 4:1-3)

Os falsos cristos (Mateus 24:23, 24)

3. HISTÓRIA

3.1. Na Coréia e no Mundo:

Fundador: Sun Myung Moon. Seu verdadeiro nome: Yong Myung Moon. Nasceu em 06 de janeiro de 1920. Conhecido nos meios de comunicação como "reverendo Moon";

Suas revelações extra-bíblicas;

"Deus" lhe apareceu em 1972.

3.2. No Brasil:

1965 - Moon visita o Brasil e organiza a IU (Igreja da Unificação)

1975 - Organizada a IU em São Paulo

1976 - Traduzida para o português a "bíblia" da seita: Princípio Divino (PD)

1977 - São impresso 1000 exemplares do PD pela Imprensa Metodista.

1981 - Denúncia da TV Globo sobre "lavagem cerebral" gera perseguições contra a seita.

1986 - Noticia-se que a IU iria gastar Cz$ 600 milhões para "assessoramento" de 100 candidatos a deputado federal. E queria eleger 57 simpatizantes para poder influenciar na Constituinte.

1996 - A IU consegue levar vários evangélicos (pastores, seminaristas, missionários e leigos) para um congresso em Montevidéu, no Uruguai.

1996 - A IU compra algumas fazendas no Mato Grosso do Sul, querendo tornar do Brasil o seu quartel-general para alcançar a América Latina.

4. DOUTRINAS

4.1. A doutrina da IU segue um padrão dispensacionalista:

a) Primeiro Adão (Gênesis)

Queda do homem e de Satanás: física e espiritual

Adão e Eva = Abel; Eva e Satanás = Caim

A queda exige redenção

b) Segundo Adão (Jesus)

Propósito de sua vinda: unificar todas as culturas e religiões

Sua morte foi provocada por João Batista

Jesus realizou "apenas a redenção espiritual do homem"

c) Terceira Adão (Senhor do Segundo Advento)

Jogo de números para estabelecer a data da vinda do "Senhor do 2° Advento"

PD aponta "profecias" de outras religiões sobre a vinda de um "messias"

O "Senhor do Segundo Advento" completará o que Jesus não pode fazer.

4.2. Deus

Frustrado, triste e chorão. Sem soberania e impotente.

4.3. Jesus

O ensino sobre a Pessoa de Cristo: ressurreição da heresia ariana (séc. IV)

Jesus é um "filho bastardo"

Jesus não ressuscitou dos mortos com um novo corpo

Sua missão falhou. Seu corpo foi invadido por Satanás

Sua 2ª vinda sobre as nuvens é "incompreensível para o homem do século XX".

4.4. Espírito Santo

Relacionado com o "mundo dos espíritos" (espíritos desencarnados, i.e., dos mortos)

"(...) O Espírito Santo atua para a unificação".

"Autoriza o desenvolvimento da revelação"

O PD sugere uma tendência materna (feminina) ao Espírito

4.5. Mediunidade e Reencarnação

O filho carnal de Moon, Heung Jin Nim, morto em dezembro de 1983

A mediunidade da Sra. Faith Jones

Heung Jin Nim "reencarna" em um africano

4.6. O livro sagrado da IU: Princípio Divino

As idéias do PD não são originalmente de Moon, e sim de Paik Moon Kim

Para a seita, as Escrituras Sagradas são: Antigo, Novo e o Completo (PD) Testamentos.

O PD diz: "A Bíblia não é a própria verdade..."

4.7. Quem é Moon para os moonistas?

Moon auto-proclamou-se "Messias"

É chamado de "Verdadeiro Pai da Humanidade"

Juntamente com sua (segunda ou quarta) esposa auto-proclamaram-se "Verdadeiros Pais"

Moon é um "mediador". As orações são terminadas "em nome dos Verdadeiros Pais"

As ordens de Moon são dadas com: "O mestre fala" ou "Eu sou seu cérebro"

5. ATUAÇÃO TENTACULAR DA IU

Aliciamento: Pregações ao ar-livre; distribuição de literatura; infiltração em igrejas; acampamentos (cursos chamados "seminários"); pesquisas de opinião, etc.

Fachadas: Causa-Brasil: Anticomunismo e liberdade religiosa.

Amasa: Assistência social, atua junto a creches, casas de recuperação.

Carp: Atua entre universitários e profissionais liberais.

AIC: Atua entre religiosos e acadêmicos.

2. Outras: Aivoc, IOWC, Ailpa, Uneesp, Aiaca, etc.

Lar-igreja: residências de casais abençoados, e também cooperativa

Empresas: Tecnicamente pertencem a membros da IU. Os membros "internos" geralmente trabalham nessas empresas, e se dizem estudantes de "teologia".

Publicações: Tribuna Universitária (jornal); Mundo Unificado (revista); Família Mundial (revista); Folha do Brasil (jornal); mais seis jornais no exterior.

6. ORIGEM DOS ADEPTOS: de qual religião ou seita se originam? 40% evangélicos; 36% católicos; 5, 6% judeus; 3, 4 % budistas, 0, 7% mórmons; 0, 3 % muçulmanos; 14% outras.

Parte VI

A INQUISIÇÃO DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

 Quem já leu o livro “Crise de Consciência”, de Raymond Franz, deve ter ficado perplexo diante das graves revelações. O autor serviu por quase quarenta anos à Sociedade Torre de Vigia (STV), nove anos dos quais como membro efetivo do Corpo Governante, o cérebro do grupo. Suas denúncias são, portanto, merecedoras da maior credibilidade. Ele fala com a autoridade de quem viu e ouviu, e, além disso, apresenta fatos e documentos incontestáveis. Leiam o que diz:

“Em fins de 1979, eu tinha chegado a minha encruzilhada pessoal. Tinha passado quase quarenta anos como representante por tempo integral, servindo em cada nível da estrutura organizacional. Os últimos quinze anos, eu os passei na sede internacional e, desses, os nove finais como membro do Corpo Governante mundial das Testemunhas de Jeová” (1)

Franz, por várias vezes, descreve a falta de misericórdia por parte do Corpo Governante, e faz um paralelo entre os métodos da Inquisição romana e os utilizados pela organização, excluindo, é claro, a tortura, prisão e morte na fogueira:

“O modo de agir é típico, entretanto, de muitas organizações religiosas do passado, remontando até o primeiro século, organizações que sentiam uma necessidade compulsiva de eliminar qualquer coisa que, na visão deles, ameaçasse diminuir sua autoridade sobre os outros”. “Em seu livro, A History of Cristianity (Uma História do Cristianismo), Paul Johnson escreve acerca dos métodos empregados durante o período obscuro de intolerância religiosa que produziu a Inquisição, e diz: Sendo difíceis de obter as provas de culpa por crimes de opinião, a Inquisição recorria a procedimentos proibidos em outros tribunais...”.

“Os métodos”, continua Franz, “empregados regularmente pelas comissões judicativas compostas de anciãos seriam considerados indignos dos sistemas judiciários de qualquer país esclarecido. A mesma prática de ocultar informações criticamente importantes (como os nomes das testemunhas hostis), como também de usar informantes anônimos e táticas similares, descritas pelo historiador Johnson como empregadas na Inquisição, têm sido usadas com grande freqüência por estes homens ao lidarem com os que estão totalmente de acordo com o “canal”, com “a organização”. O que se dava então de fato, na história, é verdadeiro hoje na vasta maioria dos casos, conforme o expressa Johnson: `O objetivo era, simplesmente, arrancar confissões de culpa a qualquer custo; somente dessa maneira, pensava-se, a heresia poderia ser contida´.

As revelações contidas nesse livro de 514 páginas soam como uma advertência aos milhões de membros da Sociedade, à qual Franz serviu por tantos anos. Pois, como ele afirma, “a vasta maioria das Testemunhas de Jeová simplesmente não tem consciência das realidades envolvendo a estrutura do poder. Pela minha longa experiência entre elas, em muitos países, sei que, para uma grande percentagem, a organização tem uma certa “aura”, como se houvesse uma radiação luminosa em torno dela... os ensinos se revestem de uma qualidade esotérica, tendo “esotérico” a ver com “aquilo que se destina aos especialmente iniciados e que só eles podem entender. A maioria das Testemunhas supõe que as sessões do Corpo Governante são conduzidas em alto nível, manifestando um conhecimento bíblico e sabedoria espiritual fora do comum”. (2)

Mas não podia ser diferente. Os membros são bombardeados de modo incessante com uma enxurrada de interpretações da Bíblia, e orientados a confiar cegamente na “única organização na terra que compreende as coisas profundas de Deus”. Por confiar cegamente, muitos ficaram desiludidos com as falsas profecias que apontavam o fim de todas as coisas para a geração de 1914 (já passou e nada aconteceu), depois para 1918, 1920, 1925 e 1975. A proibição de vacina, do serviço alternativo e da transfusão de sangue, para ficarmos só nesses exemplos, são ações que refletem o grau de autoritarismo desse organismo religioso. Registra o autor que “milhares de Testemunhas, principalmente jovens, passaram temporadas na prisão por se recusarem a aceitar designações para executar diversas formas de serviço comunitário como alternativa ao serviço militar”, opção válida em alguns países. Impossível calcular os prejuízos morais e financeiros, traumas familiares e vidas perdidas. Essas coisas continuam: “Relatório da Anistia Internacional declarou que, na França, `mais de 500 objetores de consciência ao serviço militar, a vasta maioria deles Testemunhas de Jeová estiveram presos durante o ano”.(3) Na Itália, 500 foram aprisionados por idêntico motivo. Tudo isso para servir a uma organização religiosa, e não a Deus.

“Uma Testemunha de Jeová jamais pára para pensar que a maioria dessas religiões [as demais que consideram falsas, principalmente as cristãs] nunca matou em tempos de paz ou mesmo gerou óbitos desnecessários, como os que foram causados pela proibição de vacinas (na década de 20) ou pela política contraditória de frações do sangue que têm sido liberadas e proibidas ao longo da história da organização das Testemunhas de Jeová; nem pela proibição de transfusões de sangue, transplantes de órgãos (1968 a 1980), serviço civil alternativo (até 1995), ou que muitas delas nunca mancharam sua história com especulações proféticas que contrariavam textos como o de Deuteronômio 18.22, Jeremias 23.21, Atos 1.7, etc.”(4)

Métodos inquisitoriais de investigação

O autor nos revela que os membros temem os processos de desassociação (exclusão da sociedade).

Os excomungados, que são considerados “apóstatas, “anticristos” e “instrumentos de Satanás” passam a ser rejeitados até por seus familiares. Nenhuma Testemunha pode ter qualquer tipo de contato com o desassociado. Discordar de qualquer ensino da organização, ainda que arbitrário e antibíblico, é motivo bastante para a excomunhão. Os suspeitos são “postos perante um pequeno grupo de três ou cinco homens (uma “comissão judicativa”) em reuniões secretas”, mas não podem testemunhar a discussão. Depois de lida a sentença condenatória, nenhuma Testemunha pode falar com os desassociados, o que elimina a possibilidade de as vítimas darem explicações a amigos e irmãos da própria organização. Todos os processos estão arquivados no Departamento de Serviço em Brooklyn e não podem ser destruídos. É bom mesmo que não sejam destruídos. Como está acontecendo com a Inquisição do catolicismo, que aos poucos abre segredos guardados a sete chaves, poderá, quem sabe, ocorrer com essa organização.

As Testemunhas não podem sequer cumprimentar um “apóstata”. Leiam a palavra oficial: “E todos sabemos de experiência no decorrer dos anos que um simples “Oi” dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?” 5

Na verdade, o Corpo Governante tem medo de que a verdade bíblica que contagiou o “apóstata” possa incendiar os corações dos que deles se aproximem. A intolerância, aliada à segregação, é uma das características das seitas. Os membros não devem ouvir nem ler qualquer norma que não seja ditada diretamente pela organização. É-lhes privado o direito de ler a Bíblia e interpretá-la sem a intervenção do “canal” de Deus. Ora, apostatar da fé significa abandonar a fé cristã, abandonar as verdades bíblicas, abandonar o ensino de Jesus, nosso Senhor e Salvador. Desligar-se de uma organização, que por sua vez já é considerada apóstata, não se configura apostasia. Na Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 5, verso 11 – usada pela organização para abrir processo inquisitório -, Paulo adverte para que não haja associação com irmãos “devassos”, “avarentos”, “idólatras”, “maldizentes”, “beberrão” ou “roubador”, e os trata como “iníquos” (v.13). Não se pode achar essas más qualidades em pessoas que simplesmente discordam de sua liderança religiosa. As falsas profecias e as alterações bíblicas feitas através da Tradução do Novo Mundo, como relatadas nos estudos abaixo, justificam as discordâncias:

As Falsas Profecias das Testemunhas de Jeová- Ler mais...

Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová? - Ler mais...

Ruptura familiar

“Creio – diz Franz - que o desligamento da afeição de alguém, com a aparente facilidade com que se desliga um interruptor de luz é também um produto da doutrinação da organização, não algo normal nos sentimentos naturais da maioria das pessoas”.(6) Ele está dizendo que o Corpo Governante é frio, calculista, sem misericórdia, sem amor ao próximo, legalista e autoritário. À página 41 do mesmo livro há um testemunho comovente de uma mãe, na Pensilvânia:

“Tenho filhos na organização que são casados e que, por ocasião de minha dissociação, até me ofereciam para que eu viesse à casa deles para descansar... Posteriormente, quando saiu a informação [em A Sentinela de 15.12.1981, que apresentava instruções detalhadas quanto à associação com quem quer que tivesse, até então, se dissociado], tendo sido evitada por eles desde então e não querem mais falar comigo por telefone ou por qualquer outro meio. Tenho que fazer alguma coisa quanto a isso, mas não sei o quê... Estive hospitalizada durante este tempo devido a um esgotamento emocional e sofri uma crise adicional, tudo dentro de um curto espaço de tempo... Não sei como vou suportar a perda de meus filhos (e futuros netos). A perda é monumental”.

O Corpo Governante ensina a desagregação familiar; pais podem ficar contra filhos e filhos contra pais e irmão contra irmão, tudo para preservar os altos interesses de uma organização humana, que não pode contar com a direção do Espírito Santo, em quem não acredita. Jesus agiu completamente diferente. Ele foi ao encontro dos pecadores.

O mais cruel e desumano ato dessa organização é o que proíbe seus membros de visitar pais, parentes e amigos, ainda que seja para cumprimentá-los, quando estes se desligam da STV. Embora sintam em seus corações o desejo de chorar com a família a morte de um ente querido, não podem.

Com isso, o Corpo Governante ensina a ruptura familiar, o desamor; a separação de casais, ódio entre pessoas que deveriam estar unidos por laços fraternais ainda que um ou outro professe religião diferente. Não importa qual seja a religião de minha mãe; não importa qual tenha sido o motivo pela qual ela tenha deixado de ser Testemunha de Jeová; importa saber que ela é a minha mãe e que estou unido a ela por laços indestrutíveis. É assim que as mães fazem com relação aos filhos com desvios de conduta. O filho pode não ter nenhuma virtude; ser viciado, ladrão, assassino; pode ser preso como traficante... mas a sua mãe jamais o abandona. Ele pode ser tudo no mundo, mas é o seu filho amado. Não sei como os membros do Corpo Governante conseguem dormir tranqüilos sabendo que inúmeras famílias (pai, mãe, sobrinhos, netos) estão neste momento chorando a “perda” de um parente. É como se o parente estivesse morto. Isso mesmo. São mortos-vivos cujo único entretenimento saudável é trabalhar e trabalhar para...para uma sociedade.

Jesus afirmou que veio trazer divisão no meio familiar, mas essa divisão no Cristianismo consiste em que a família nem sempre aceita a opção cristã de um de seus membros. O novo cristão convertido, todavia, passa a amar mais ainda pais e irmãos, agora que tem a mente de Cristo e o amor de Deus. O pai, da parábola do filho pródigo, aguardava com ansiedade a volta do filho.

Jesus tomou a iniciativa de aproximar-se de Zaqueu, um cobrador de impostos odiado por muita gente.

“Como na Inquisição”, diz Raymond Franz, “todos os direitos estavam nas mãos dos inquisidores, os acusados não tinha nenhum. Os investigadores achavam que tinham o direito de fazer qualquer pergunta e, ao mesmo tempo, de recusar-se a responder às perguntas que lhes eram formuladas. Insistiam em manter seus procedimentos judicativos em segredo, completamente longe da vista de qualquer outra pessoa e, no entanto, reivindicavam o direito de investigar as conversas particulares e as atividades daqueles a quem interrogavam... Eles procuraram encurralá-lo [René Vázquez, um excomungado] em seus sentimentos mais íntimos, em suas crenças pessoais”. Tal como acontecia nos tribunais da Inquisição, as perguntas se sucediam para forçar uma contradição.

Conclui René: “Que razão justifica a maneira sutil e maliciosa com a qual as perguntas foram feitas? As audiências foram realizadas como se tivessem o objetivo de juntar informações que provassem a culpa, não o de ajudar a um irmão `em erro´” .(7)

Os oitos pontos da “Confissão de Fé” , com base na qual a organização se livra dos “apóstatas”, são todos antibíblicos. Vejam o relato de Franz, o mesmo que, antes de conhecer a Verdade, ensinou e creu em tais ensinos. Onde está escrito nas Bíblia: 1. Que Deus tem uma organização na terra, uma do tipo em questão?

2. Que a esperança celestial não está disponível a toda e qualquer pessoa que a adote, que ela foi substituída por uma esperança terrena (desde 1935) e que as palavras de Cristo com relação ao pão e vinho emblemáticos, “Fazei isto em memória de mim”, não se aplicam a todas as pessoas que depositam fé em seu sacrifício resgatador?

3. Que o “escravo fiel e discreto” é uma “classe” composta só de certos cristãos,que não pode ser aplicado a indivíduos, e que esta opera através de um Corpo Governante?

4. Que os cristãos estão divididos em duas classes, com uma relação diferente com Deus e Cristo, com base num destino terreno ou celestial?

5. Que os 144.000 em Revelação devem ser entendidos como um número literal e que a “grande multidão” não se refere, nem pode se referir, a pessoas que servem nas cortes celestial de Deus?

6. Que os “últimos dias” começaram em 1914, e que quando o apóstolo Pedro (em Atos 2:17) falou dos últimos dias como se aplicando de Pentecostes em diante, não queria dizer os mesmos “últimos dias” que Paulo mencionou (em 2 Timóteo 3.1)?

7. Que o ano de 1914 foi o ano em que Cristo foi oficialmente entronizado pela primeira vez como Rei sobre todas a terra e que essa data do calendário marca o início de sua parousia?

8. Que quando a Bíblia diz em Hebreus 11.16 que homens tais como Abraão, Isaque e Jacó estavam “procurando alcançar um lugar melhor, isto é, um pertencente ao céu”, não há possibilidade alguma disto significar que eles teriam vida celestial? (8)

Franz relata que a “vasta maioria das Testemunhas de Jeová não tem qualquer acesso aos arquivos do passado”, nem de como funciona a estrutura central do poder. “Ficam elas à mercê dos redatores”. (9) É verdade. Acontece também com outras religiões. Às vezes a base desconhece até as doutrinas básicas ditadas pela elite dominante. O prejuízo ainda é maior, no caso sob exame, porque a base não pode usar da liberdade, que deve ter todo ser humano, de examinar as Escrituras e expor seu pensamento livremente. Há, como diz Franz, um controle das consciências.

Como discordar de homens que se dizem ungidos, canal de Deus, única organização verdadeiramente divina? Ao discordar, pensam, estão discordando do próprio Deus. O domínio se completa com a exigência de serviço gratuito e permanente mediante apresentação regular de relatório das atividades diárias. Vejam o lamento do homem que conheceu todas as etapas desse trabalho em prol da Sociedade Torre de Vigia:

“Tendo gasto a maior parte de minha vida [inutilmente, acrescento, do ponto de vista de crescimento espiritual e salvação em Jesus Cristo] esforçando-me em dirigir pessoas para Deus e seu Filho, descubro que essa organização vê tais pessoas como se fossem um rebanho dela, responsáveis perante ela, sujeitas à vontade dela. Algumas decisões iniciais, baseadas em apresentações falsas da vontade de Deus, produziram efeitos que parecem praticamente irreversíveis. Ainda sou acometido de um sentimento de vazio por dentro toda vez que penso em deixar para trás uma esposa sem nenhum filho ou filhas que lhe proporcione apoio e conforto emocionais, ou que cuide talvez de suas necessidades econômicas de maneira mais adequada do que eu possa fazer nos anos que ainda me restam”. (10)

O Império do Medo e do Ódio

O conjunto de normas proibitivas e o massacrante controle das atividades de cada membro, e, ainda, o ensino errôneo de que a organização é autêntico canal de Deus, ajudam a manter o rebanho sob pressão. Cid e William, que por vinte anos trabalharam para a sociedade, revelam que “muitos membros que já perderam grande parte de sua fé nos ensinos dos homens do Corpo Governante”, ainda assim continuam na sociedade, pelos seguintes motivos: “medo de perder a família e amigos em caso de desassociação; medo de ser destruído na Guerra do Armagedom por se achar fora da “Arca de salvação”, a organização de Deus; medo de não ser ressuscitado, caso venha a falecer fora da organização; medo de “faltar chão” ou não haver vida fora da organização; medo de ver a boa reputação destruída por meio de boatos maldosos; medo de perder o emprego ou tratos comerciais importantes com Testemunhas de Jeová”. (11)

Após tomarmos conhecimento das proibições de vacinas e transfusão de sangue, causa de um número não revelado de óbitos, chega-se fatalmente à triste conclusão de que os dirigentes dessa seita não têm misericórdia. É sintomático como tratam os que de modo espontâneo deixam a Sociedade. “O Sr, Stanley High, escritor e ex-redator do Reader´s Digest [Revista Seleções], num artigo que escreveu no jornal Saturday Evening Post, edição de 14 de setembro de 1040, assim conclui: `As Testemunhas de Jeová odeiam a todos, e procuram tornar este ódio recíproco´. Em seu livreto “Jehovah´s Witnesses” W.R.Martin, à página 14,tratando deste assunto, diz: `Para os que desejam mais prova documental sobre este ponto, indicamos as próprias publicações deles. A Watch Tower de dezembro de 1951, ler bem o que se acha nas páginas 731 a 733, nas quais as testemunhas demonstram a pior traficância do ódio. Outro material precioso sobre isto se encontra na mesma revista, edição de outubro de 1952, páginas 596 e 594, onde se aconselha às testemunhas a manifestarem puro ódio aos inimigos da Teocracia” (12)

O que sobressai das declarações oficiais da própria Sociedade, é a falta de respeito pelas vidas sob sua direção e controle. Leiam: “No passado, milhares de jovens morreram porque colocaram Deus em primeiro lugar. Ainda há jovens assim, só que hoje o drama acontece em hospitais e tribunais, tendo como questão as transfusões de sangue”. (13) À página 9 da mesma revista, sob o título “Jovens com Poder Além do Normal”, conta as histórias de três destas crianças que morreram depois de recusarem tratamento com sangue”. Há portanto um incentivo ao suicídio, ao desprezo pela vida em prol de benesses celestiais garantidas pela estrita obediência à Sociedade. Tempos depois, tal como aconteceu com as vacinas, surge uma “nova luz” e o que era pecado mortal passa a ser a expressa vontade de Jeová. À vista disso, as famílias das vítimas podem requerer em juízo vultosas indenizações, mas não o fazem por medo do famigerado processo de desassociação. Ou porque simplesmente atribuem à vontade de Jeová a perda de entes queridos.

É próprio das seitas impor uma fidelidade extrema à organização, sem a qual, dizem, o membro não herdará bênçãos divinas; próprio delas, também, o ensino de que Deus somente atua sobre aqueles que estão sob sua proteção, que visitam seus templos, que recebem a unção de seus ungidos.

Viagem Sem Retorno

Quando afastados, ou quando apresentam fraco desempenho no trabalho (venda de revistas, visitas, freqüência às reuniões, etc), os servos da STV aceitam a repreensão dos superiores e a rejeição de seus pares, por julgarem que é da vontade de Deus. Wilson Gadelha, ex-ancião da STV, assim relata: “O tratamento dispensado a todos que passam pela desassociação (expulsão) e dissociação (solicitação voluntária para sair) é totalmente contrário ao amor demonstrado pelo filho de Deus. No entanto, esse ensinamento impiedoso não é questionado entre as Testemunhas de Jeová. Ele é simplesmente aceito, por incrível que pareça, como instrução baseada na Bíblia”.

O medo de enfrentar uma situação de desprezo por parte de velhos amigos e da própria família leva muitos a permanecerem na Organização como não praticantes, inativos, isto é, contra a própria vontade. Leiam o testemunho de uma assídua leitora da página .br:

“Até um ano atrás todos os objetivos de minha vida tinham apenas um foco: meu serviço de corpo e alma à organização que achava ser de Deus. Mudar essa conclusão em minha vida era o mesmo que morrer espiritualmente... Era um sentimento de infinita dependência a um compromisso mental com o serviço que aprendi a fazer como sendo somente para Deus... Ao menor sinal de mudanças nessa maneira de pensar, ia logo ao desespero total e chegava a ter pesadelos,pois achava que poderia estar me tornando uma mulher iníqua. Era bem aí nesse terreno que jorravam mil sentimentos de culpa por estar diminuindo o passo. Para mim, foi um grande alívio saber que posso estar lá na congregação, `meio livre, meio presa´, no meu cantinho lá no salão. É tão bom agora sem todos aqueles medos absurdos de reduzir minhas horas de campo ou recusar um privilégio congregacional sem achar que estou desagradando a Deus... Mas você entende minhas razões, não é?! Minha família, filhos, marido...! Morro de medo que eles. venham a descobrir o que leio sobre a organização na Internet. Suportaria (sem problemas) o desprezo da organização, mas não saberia o que fazer sem o amor e amizade dos meus filhos e marido“.

Infelizmente, essa senhora, “meio livre, meio presa”, ainda não encontrou a verdadeira liberdade em Cristo Jesus. Está como uma borboleta parcialmente presa ao casulo. Deseja voar, mas não pode. Contempla os campos verdejantes, mas algemas invisíveis tolhem seus movimentos.

Quem está “meio livre” não está totalmente liberta. Geme, ainda, sofre ainda diante do jugo opressor. O caminho da salvação é para os fortes, valentes e decididos. Os vacilantes ficam pela estrada. Melhor será perder muitos amigos do que perder a vida eterna. Talvez ela já tenha lido: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (Jo 8.32). Com certeza, esta Verdade ainda não incendiou seu coração. Talvez o tenha queimado pela metade.

Para os que estão na mesma situação, coxeando entre dois pensamentos, permanecendo num caminho de medo, ódio e incertezas, rejeitando a voz do próprio coração, lembro as palavras de Jesus Cristo, a quem devemos servir:

“Se alguém vier a mim e não aborrecer [amar menos] a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo; e qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26-27).

A nossa lealdade e amor a Jesus devem estar acima de todos os demais vínculos, inclusive os relacionados à nossa própria família.

Referências:

01) Franz, Raymond, Crise de Consciência, 1a Edição, p.265

02) Ibid. p. 412

03) Ibid. p.495

04) Cid F. Miranda e William V. Gadelha, A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová, 1a Edição, p.235

05) A Sentinela, 15.12.1981, p.21

06) Franz, Raymond, Crise, p. 425

07) Ibid. p.324

08) Ibid. p.337/8

09) Ibid. p.439

10) Ibid. p.431/2

11) Cid e William Gadelha, A Verdade, p. 297

12) .br/explicação/transfusão.htm

foreign/abstain-port.shtml(Revista Despertai, 22.5.1994, p.2).

Parte VII

ASTROLOGIA:

Seu futuro está escrito nas estrelas?

Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. (Sl 19:1)

Introdução: A astrologia está entre nós. A astrologia está nos jornais e até a ex-primeira dama dos Estados Unidos, Nancy Reagan, não negou que a astrologia influenciou o governo do ex-presidente Ronald Reagan.

O jornal "O Estado de São Paulo, de 17/11/94, Caderno T, pág. 11", trazia a seguinte chamada: "Heróis do Zodíaco dão ibope na Manchete". Outro exemplo está nas escolas.

Hoje já existem no Brasil universidades com cursos de Astrologia de nível superior. Não é incomum ouvir-se num diálogo à pergunta: Qual é o seu signo? Tais pessoas que pensam divertir-se com a astrologia, admitem que essa prática não deve ser levada à sério, pois não passa de um divertido passatempo. A astrologia é só um passatempo? Para a maioria das pessoas parece que sim e quando são indagadas se acreditam nas previsões astrológicas respondem que não, mas gostam de consultar seu horóscopo só por "curiosidade".

I -UM CASO ANTIGO

O zodíaco é uma zona imaginária nos céus que supostamente determina o futuro. A astrologia estuda as " influências dos astros" na vida das pessoas estrelas. A astronomia saiu da astrologia, enquanto que a astronomia estuda os astros. Newton, Copérnico, Kepler - estes trouxeram o foco de ciência dentro da astrologia, a qual mostrou que não era nada de ciência.

A astrologia é muito antiga. Ele vem de 3.500 a 4.000 anos atrás. Astecas, incas, druídas (possivelmente), egípcios, babilônicos e caldeus a usaram. A Bíblia menciona pessoas que praticavam e publicavam horóscopos.

A palavra astrologia é formada por duas palavras gregas: "astron"(astro) e "logos" (palavra, dissertação). É definida como a arte de conhecer, na posição ou na constelação das estrelas, o destino, o futuro e mesmo o caráter do homem. Para chegar a conhecer esses dados pessoais, a astrologia se exprime pelo horóscopo. A palavra horóscopo, é também grega, formada por dois vocábulos: "hora" (hora) e "skopéo" (observar). Horoskópion era o aparelho para ver a hora, o relógio. Desse vocábulo se deriva o termo horóscopo da língua portuguesa, que tem o sentido de sentença derivada da posição dos astros no momento em que o indivíduo nasce.

II - ASTROLOGIA E IDOLATRIA

Segundo a Bíblia os astros foram criados com a finalidade descrita de alumiar a terra. É assim que lemos:

"No princípio criou Deus os céus e a terra (Gn 1:1)

Haja luminares na expansão dos céus, para alumiar a terra. E assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. E Deus os pôs na expansão dos céus para alumiar a terra (Gn 1:14-17).

Os antigos se afastaram dessa compreensão e afirmação bíblica e acreditavam que um deus diferente governava cada setor do céu. Essa divisão hoje é conhecida como os signos do Zodíaco que são, ao todo, doze.

Zodíaco, significa as doze divisões do céu: áries, touro, gêmeos, câncer, leão, virgem, libra, escorpião, sagitário, capricórnio, aquário, peixes. Cada movimento ou fenômeno celeste como o nascer e o pôr do sol, dentre outros, supostamente eram atos desses deuses. Cria-se que todos os assuntos, tanto públicos como particulares, eram controlados por esses deuses dos céus. Em consequência disso, decisões militares como públicas só eram tomadas depois de se convocarem os astrólogos, também conhecidos como magos ou caldeus para ler e interpretar os agouros e dar o seu conselho.

III - A PROIBIÇÃO DIVINA

Guarda-te não levantes os olhos para os céus, e vendo o sol, a luz e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, não sejas seduzido a inclinar-te perante eles, e dês cultos àqueles, coisas que o Senhor teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus. (Dt 4:19)

Quando no meio de ti, em alguma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus, se achar algum homem ou mulher que fizer mal aos olhos do Senhor teu Deus transpassando o seu concerto, que for, e servir a outros deuses, e encurvar a eles, ou ao sol, ou à lua, ou a todo o exército do céu; o que eu não ordenei, e te for denunciado, e o ouvires; então bem o inquirirás; e eis que, sendo verdade, e certo que se fez tal abominação em Israel. (Dt 17:2-4).

A astrologia estava ligada à adoração de Moloque, deus representado com a cabeça de touro (signo de touro). O touro era adorado pelos babilônicos, cananeus, egípcios e outros, como símbolo de suas deidades - Marduque, Moloque, Baal e outros.

Embora as advertências divinas para que o povo de Israel não praticasse esse tipo de idolatria, a história bíblica registra que Israel também se contaminou. Falando contra Manassés lemos:

Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha derribado; levantou altares a Baalim, e fez bosques, e prostrou-se diante de todo o exército dos céus, e os serviu... Edificou altares a todo o exército dos céus, em ambos os pátios da casa do Senhor. (2 Cr 33:3-5).

IV - UMA FARSA POPULAR

A astrologia é tão popular hoje porque as pessoas, sem o conhecimento correto de Deus crêem que:

a.) a astrologia protege; b.) traz sucesso; c.) orienta; d.) prediz o futuro; e.) ajuda as pessoas a se encontrarem a si mesmas.

De modo geral, a astrologia vende esperança e, num país como o nosso, quando as esperanças parecem acabar, as pessoas se voltam à astrologia na esperança de que dias melhores estejam reservados no futuro, o que a astrologia poderia antecipar.

A astrologia realmente prediz o futuro? Sim - Michel de Notre Dame, conhecido como Nostradamus, predisse a morte de um rei e eventos que aconteceram com detalhes dentro de um período de quarenta anos. Jeane Dixon predisse muitos eventos que se cumpriram, assim mesmo, somente 40% de suas predições foram corretas. Mas, apesar dos erros, o sucesso deles continua. As pessoas obcecadas com as estrelas não estão interessadas nas Escrituras e tão pouco adoram o Senhor Jesus Cristo, a fonte do verdadeiro conhecimento.

V - É MELHOR CONFIAR EM DEUS

Se uma pessoa tem que escolher entre um Deus onisciente e infalível como revela a sua Palavra, e um homem falível, seria razoável escolher o homem e lugar de Deus? É lógico que não!

Deus, no passado, zombou das pessoas que procuram refúgio na astrologia dizendo: "Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora os agoureiros dos céus, os que contemplavam os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que há de vir sobre ti. Assim serão para contigo aqueles com quem trabalhaste, os teus negociantes desde a tua mocidade; cada qual irá vagueando pelo seu caminho; ninguém te salvará"(Is 47:13-15).

No presente Deus nos diz na sua Palavra:

"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia"(Sl 46:1)

"Sejam vosso costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei"(Hb 13:5)

E no futuro, temos a Palavra de Deus que nos garante:

...eis que estou convosco todos os dias, até `consumação dos séculos" (Mt 28:20)

"Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará" (Sl 37:5)

Em vez de tentar prever o futuro de modo impróprio e condenado por Deus, é melhor buscar a orientação na Bíblia. Se um jovem quer se casar a Bíblia o aconselha a não ir buscar uma mulher imoral (Pv 7:6-27), mas, como cristão, escolher uma jovem da sua fé (2 Co 6:14-17). Depois de casado, a Bíblia dá conselhos como mulheres e maridos devem viver (Ef 5:22-31). E quando aparecem os filhos, a Bíblia aconselha como criá-los (Ef. 6:14). E, finalmente, se se derem acontecimentos tristes que não se pode evitar, temos a palavra de Jesus que nos anima: "Tenho-vos dito isto; para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo"(Jo 16:33)

CONCLUSÃO

Os céus declaram a glória de Deus. E nós devemos buscá-lo, e não procurar segredos nas estrelas. Todos os horóscopos soam a mesma coisa . E todos nós em um aspecto ou outro temos as características de todos os signos do zodíaco porque todos somos descendentes de um homem, Adão. Devemos recordar que todo o mundo está no maligno e que somos peregrinos e estrangeiros. (I Jo 5:19; I Pe 2:11)

Parte VIII

A UNÇÃO DO RISO

I - INTRODUÇÃO

Atualmente há em todo o planeta distintos "avivamentos". Um dos mais notórios é o das religiões orientais, particularmente do hinduísmo. O mundo ocidental está vendo nestes últimos dias uma invasão de gurus, lamas tibetanos, mestres iluminados, e uma infinidade de técnicas de meditação, yoga e cursos para alcançar "graus elevados de consciência".

Em meio a tudo isto temos uma ala do movimento carismático (também chamado de neo-pentecostal) que decidiu ter sua própria versão comercial do misticismo oriental para não ficar atrás da conquista das massas. Este novo fenômeno religioso se chama "O Avivamento do Riso", "A Unção do Riso", "A Bebedeira Espiritual", "A Bênção de Isaque" e "A Bênção de Toronto".

Devem ser bem poucos os cristãos que no Brasil a esta altura ainda não ouviram falar da "Experiência de Toronto". Até o programa Fantástico, da Rede Globo, apresentou reportagem especial sobre a "Bênção de Toronto". Uma onda de manifestações físicas, incluindo prostrações, estremeções e especialmente riso tem assolado, e ainda assola, as igrejas em várias partes do mundo.

II - O FENÔMENO DE TORONTO E SUAS RAÍZES

A. A expressão:

O nome "Benção de Toronto", ou "Unção do Riso", como prefiro chamá-la, tem sido aplicado a estes fenômenos porque a mais importante erupção destas manifestações ocorreu na Igreja Vineyard do Aeroporto de Toronto. Na verdade, não há nada que seja novo nestes fenômenos.

B. Suas Raízes:

Rodney Howard-Browne, segundo todos os estudos que existem a respeito do fenômeno, a figura mais respeitada atrás do controvertido fenômeno. Ele é considerado o "barman de Deus".

C. Principais Promotores

Nos Estados Unidos a maioria dos pregadores da prosperidade como, por exemplo: Oral e Richard Roberts, Pat Robertson, Paul Crouch, Kenneth Copeland, Francis e Charles Hunter, Benny Hinn. Temos ainda na Inglaterra Colin Day (que já esteve várias vezes no Brasil), Breed Flooker (que também já esteve no Brasil). São muitos os pregadores no Brasil que foram influenciados por esta nova onda ao ponto de hoje termos várias empresas de turismo fazendo vôos turísticos para Toronto levando vários pastores brasileiros para visitar a Igreja Vineyard do Aeroporto de Toronto.

III - DIVINO OU DEMONÍACO?

A comunidade evangélica em todo mundo está dividida a este respeito. Uns consideram esta experiência um sinal divino ainda que reconheçam que não tem respaldo bíblico, nem na história do cristianismo. Outros embora a considerem demoníaco, reconhecem que algo acontece (algo sobrenatural), porem, descartam totalmente a possibilidade que seja de origem do Espírito Santo; mas que se trata, crêem, de algo parecido com uma manifestação de terreiro de candomblé, umbanda ou até um transe como acontece nas reuniões dos gurus da Nova Era. Veja (I Co 14:29; I Ts 5:21; I Jo 4:1ss.)

IV - BEM VINDOS AO CIRCO DA ALEGRIA

Os cultos promovidos pelos pregadores são de aparência igual a qualquer culto numa igreja carismática ou pentecostal. Muito louvor e na hora da mensagem começam a falar que algo novo vai acontecer na vida das pessoas que ali estão, e que elas serão cheias de alegria naquela noite. Em meio às pregações começam a ouvir aqui ou ali pessoas rindo de uma forma incontrolável, algumas pessoas começam a dar gargalhadas ao ponto de caírem no chão incontroláveis.

A chamada Igreja Vineyard do Aeroporto de Toronto é uma comunidade carismática que enfatiza as experiências místicas mais do que a Palavra de Deus e os valores cristãos objetivos. têm sido um dos centros de atenção mundial ao que o "Avivamnento do Riso" se refere. O que acontece nos cultos do pastor Randy Clark é bastante similar ao que acontece em todo mundo, apesar de existirem traços distintivos. Além das gargalhadas os participantes emitem sons de vários animais como "prova" de estar possuído por Deus. Mulheres rugem como leoas, homens bufam como touros, e uivam como lobos, gritam como aves. Em muitos destes cultos há uma participação muito grande de padres e freiras católicas que também recebem esse "poder".

V - NEGANDO A BÍBLIA, A HISTÓRIA E A RAZÃO

É quase impossível que pessoas razoáveis e em sã juízo se deixem levar por este fenômeno. Ainda que seja normal o fato de o ser humano rir ao ouvir algo engraçado, pode ser considerado muitas vezes sintomas de demência a pessoa fazer isso sem causa alguma; muito mas se isto acontece por um período de tempo prolongado. Minha experiência ao visitar vários manicômios e hospitais psiquiátricos, é que a maioria dos seus internos chegaram ali com estes sintomas.

VI - TORCENDO OS FATOS

Se é praticamente impossível que uma pessoa em sua sã consciência participe do Avivamento do Riso, o mesmo podemos dizer de qualquer cristão que conhece a Palavra de Deus e a história dos avivamentos cristãos. Sinceramente, o fenômeno da "Gargalhada Santa" não tem precedente algum, nem na Bíblia nem na História. Não só isso: é totalmente contrário e incompatível com os princípios que ensinou Nosso Senhor Jesus Cristo. Convencê-los do erro é outro assunto.

VII - OS FENÔMENOS DOS AVIVAMENTOS HISTÓRICOS

Os defensores dos fenômenos atuais astutamente lembram aos seus leitores que ocorreram fenômenos extraordinários nos avivamentos históricos. É verdade; no entanto, o mais estranho é que nenhum historiador de religião ou erudito de avivamento o tenha percebido em centenas de anos. Uma leitura atenta das evidências mostra que esses eram significativamente diferentes.

A. América do Norte

O nome que estão procurando associar hoje, na tentativa de defender o que está acontecendo, é Jonathan Edwards.

B. As Ilhas Britânicas

Um quadro similar emerge aqui, pois nos avivamentos todos os tipos de fenômenos se manifestaram. Todavia, de novo, os líderes dos avivamentos geralmente procuravam distinguir a obra de Deus da de Satanás, e desencorajar ou proibir as manifestações que pareciam originar-se de Satanás.

VIII - FENÔMENOS ACONTECENDO EM OUTRAS RELIGIÕES

O problema da unção do riso tem afetado não apenas o meio evangélico, mas também a outros movimentos religiosos, como por exemplo: Hinduísmo, Meditação Transcendental, seitas da Nova Era, além de técnicas de hipnose etc.

IX - REFUTAÇÃO BÍBLICA

Os que favorecem a "Experiência de Toronto" freqüentemente citam certos textos ou incidentes

bíblicos em apoio à sua causa. (Salmo 23:2)

A. Velho Testamento

Abraão caiu num sono profundo, conforme Gn 15:12

Saul em I Sm 19

II Cr 5:13,14

Daniel caiu amedrontado com o rosto em terra Dn 8:17

B. Novo Testamento

Caiam em adoração Mt 2:11ou para rogar-lhe socorro Mc 1:40

Caiam de medo Mt 17:6; Mt 28:4

A experiência de Pedro At 10:10

A experiência de João Ap 1:7

X - O PERIGO DO ENGANO

Um dos mais sérios perigos que defrontam o avivamento é a incapacidade demonstrada por líderes e liderados de discernir entre a obra de Deus nas almas dos homens e a obra do diabo no contra-avivamento.

A. A Necessidade de Discernimento

Há pelo menos meia dúzia de passagens no Novo Testamento que falam da astúcia e das manhas do maligno. (II Co 11:13, 14 e Ef 6:11).

B. O Mandado para Julgar

Não se deve confundir realidade com legitimidade. Numa época de experiências religiosas sem conteúdo, a atração exercida por fenômenos espirituais poderosos é muito maior do que a da sua legitimidade.

XI - DISCERNIMENTO E MENTE SÃ

Um dos aspectos mais estarrecedores dos pregadores é a seguinte exortação: "Não tente usar a sua mente para entender isto. Apenas o receba". Isso é completamente contrário ao ensino do Novo Testamento. O apóstolo Pedro, ao instar com seus leitores, e conosco, a que nos preparemos para servir a Deus, escreve: "Cingi os lombos do vosso entendimento"(I Pe 1:13 (RA), cf. 4:7; 5:8).

XII - CONCLUSÃO: CRISES E VALORES TEOLÓGICOS EM CAOS

A existência e popularidade do fenômeno conhecido como Avivamento do Riso deve preocupar qualquer pessoa sensata, mesmo que seja remota a possibilidade de que se deixe enganar por ele. Deve ser motivo de reflexão tanto para o pastor como para as ovelhas ver milhões de pessoas caindo na gargalhada santa ou latindo como cachorros, rugindo como animais e agindo como verdadeiros beberrões num show onde usam o nome de Deus. Quantas pessoas podem deixar sua razão em troca de experiências místicas que as levam a um profundo caos teológico e intelectual. O fato é que este mesmo tipo de pessoa pode levar vidas aparentemente normais fora desses cultos religiosos e, ainda que alguns deles pretendam estudar de vez em quando a Bíblia, faz o assunto todavia mais preocupante, pois isto quer dizer que os princípios mais elementares da genuína espiritualidade e do raciocínio têm sido transtornados.

O perigo não tem limite e legitima a pergunta: Uma vez que uma seita pode induzir seus seguidores a praticarem o suicídio coletivo como aconteceu agora com 39 pessoas nos Estados Unidos, ou outras vezes induzir seus seguidores a entregar grande quantia de dinheiro, a latir, a babar como um louco sem motivo algum, o que acontecerá depois? Qual será a próxima experiência que nos oferecerão? Já que têm sido removidos os limites de sã teologia e do sentido comum, a resposta é: Qualquer coisa. Nós estamos a mercê disto e mil tipos distintos de gurus carismáticos sem escrúpulos que têm acesso direto a consciência de seus seguidores.

Jim Jones, em Guiana, Mangayonon Butog, nas Filipinas, Park Soon Ja, na Coréia do Sul, David Koresh, em Texas, Luc Jouret, em Cantão de Friburgo e Marshall Appelewhite, no Rancho Santa Fé sobreenfatizaram as experiências subjetivas, anularam a razão seus respectivos adeptos e logo sobreveio a tragédia. Com o movimento Avivamento do Riso as portas estão aberta a todo tipo de abuso.

Haverá no século XXI uma religião mundial única que imponha as experiências subjetivas sobre a razão, a sã teologia e a verdade objetiva? Será substituído o cristianismo por técnicas metafísicas da Nova Era para induzir a estados alterados de consciência? Continuará enfatizando estranhas revelações em vez da Palavra de Deus? Continuará a presente tendência a utilizar a religiosidade como simples escalão para obter prazer através das experiências esotéricas? Seremos perseguidos pelos poderosos impérios desses gurus ao negarmos a reconhecer as tais experiências como divinas? A resposta a temos todos aqueles que ainda têm raciocínio, famílias e valores cristãos que defender. Façamos algo para impedi-lo. Promovamos ativamente o genuíno cristianismo, o estudo sério da Bíblia e denunciemos claramente seus perigos e erros.

Parte IX

AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ DECLARAM

A divindade de Jesus

Além disso, dizem que o Filho de Deus é Senhor, Rei e Salvador. Acrescentam ainda que Ele liberta, é adorado pelos anjos e recebeu adoração durante Seu ministério terreno. Isto pode parecer estranho, uma vez que as Testemunhas de Jeová juram de pés juntos que não acreditam na divindade de Jesus.

Um modo objetivo e prático de fazermos apologética é examinarmos com cuidado o que os contradizentes dizem em caráter oficial. O exame e conseqüente refutação se tornam mais fáceis quando o grupo examinado usa a Bíblia como indicativo para suas doutrinas, a exemplo do Espiritismo e da Torre de Vigia. A partir daí, é só uma questão de hermenêutica. Esses dois grupos religiosos apresentam uma interpretação particular das Escrituras. O primeiro possui “Evangelho Segundo o Espiritismo”, escrito por Allan Kardec, em que alguns textos bíblicos são interpretados segundo a ótica da crença espírita. O segundo, a Torre de Vigia, possui a Tradução do Novo Mundo (TNM) em que muitos textos bíblicos foram modificados para se ajustarem aos seus ensinos. Isto ficou fartamente demonstrado em nosso estudo “Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová”.

No presente trabalho, colocaremos em evidência os versículos em que a Sociedade Torre de Vigia para Bíblias e Tratados, por descuido ou por um imperativo do próprio enunciado bíblico, deixou evidente que Jesus é o Deus encarnado, o Salvador, o Libertador, o Rei e Senhor.

Portanto, analisemos o que está escrito na Tradução do Novo Mundo, documento oficial da Sociedade.

Jesus, digno de adoração

“Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, ele diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (TNM, edição de 1967 - Hb 1.6).

Então, Jesus é digno de adoração. Assim, Ele se iguala a Deus, pois está dito pelo próprio Jesus: “Somente a Deus adorarás” (Mt 4.10), e como tal está traduzido pela TNM. A bem da verdade, na edição de 1986, a Sociedade retificou o “engano”, e colocou assim: “E todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem”. Foi a forma encontrada para amenizar a situação. Não adiantou a mudança. Quando Jesus disse que somente Deus é digno de adoração (Mt 4.10), confirmando Deuteronômio 6.13 e 10.20, foi empregado o mesmo termo proskuneõ que aparece nas situações em que Ele próprio foi adorado. “Prestar homenagem” e “receber adoração” são expressões sinônimas, a partir da tradução do termo proskuneõ. Maiores detalhes estão no artigo acima referido. O que ficou evidente foi o “descuido” da Sociedade ou falta de seriedade e justos critérios nas referidas traduções.

Jesus é Deus

“Tomé disse-lhe: Meu Senhor e meu Deus” (TNM – Jo 20.28).

Não se pode interpretar essa afirmação como um “descuido” da Sociedade. A TNM registrou exatamente o que está na Bíblia Sagrada. Ao fazê-lo, concorda em que Tomé reconheceu achar-se diante do Verbo encarnado (Jo 1.1,14). As Testemunhas podem até alegar que essa declaração em nada compromete suas doutrinas, por tratar-se de uma opinião pessoal do apóstolo Tomé. Se pensam assim, ficam em condição desconfortável, por dois motivos. Primeiro, Jesus não refutou a declaração, da mesma forma como não recusou ser adorado como Deus. Ao contrário, Ele validou a crença do apóstolo: “Creste porque me viste?” (v.29). Segundo, porque “toda a Escritura é divinamente inspirada” (2 Tm 3.16).

Tudo indica não ter havido critérios bem definidos nessas traduções. Enquanto a declaração de Tomé foi transcrita na íntegra, a do apóstolo João sofreu alteração. Vejam: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus” (Jo 1.1). Se os critérios fossem uniformes e justos, a TNM aceitaria a palavra de João, e teria registrado:

“...e a Palavra [ou o Verbo] era Deus”. Outra incoerência foi registrar, como está na Bíblia, “Conosco está Deus”, ao referir-se a Jesus (Mt 1.23), e em 1 João 5.20, também se referindo a Ele: “Esse é o verdadeiro Deus e a vida eterna”.

Jesus, o Salvador

“Ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa manifestação do grande Deus e [do] Salvador de nós, Cristo Jesus” (TNM - Tt 2.13).

“Porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo [o] Senhor” (TNM – Lc 2.11).

“Porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este homem certamente é o salvador do mundo” (TNM – Jo 4.42).

“De fato, assim vos será ricamente suprida a entrada no reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (1 Pe 1.11).

Vejam a tremenda confusão para adequar a Pessoa do Senhor Jesus à crença do grupo. No primeiro exemplo, Ele é nosso Salvador, porém distinto de Deus; no segundo, é o Senhor e um Salvador; no terceiro, é o salvador do mundo; no último, como que de joelhos diante da inerrante evidência bíblica, Ele é nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Notem que as Testemunhas admitem que o reinado é de Jesus. Existem dois salvadores? Deus-Jeová é Salvador, porém distinto de Jesus Cristo, também “o” Salvador?

Jesus, Senhor e Rei

“...até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo... o Rei dos que reinam e Senhor dos que dominam” (1 Tm 6.14-15; v.1 Pe 1.11, acima).

“Estes batalharão contra o Cordeiro, mas, porque ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis, o Cordeiro os vencerá” (TNM – Revelação [Apocalipse] 17.14).

Existem dois reis num só reinado? O Rei Jeová-Deus e o Rei Jesus? Existem dois salvadores dos homens?

Jesus, o Libertador

“Portanto, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres” (TNM – Jo 8.36). A Sociedade reconhece que Jesus é o nosso Libertador.

Se as Testemunhas de Jeová acreditam que a TNM é a expressão da verdade, por coerência deveriam admitir a divindade de Jesus Cristo. Ensinar uma coisa e sua Bíblia particular dizer outra, é algo realmente muito desgastante para o grupo. Não tivemos o propósito de esgotar o assunto. A Tradução do Novo Mundo é um terreno fértil para novas pesquisas e estudos. No site o leitor encontrará maiores informações sobre seitas, heresias e apologética.

Parte X

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO

INTRODUÇÃO

Ao estudar a doutrina espírita, mais especificamente, ao ler o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, fiquei perplexo e ao mesmo tempo preocupado com algumas afirmações ali encontradas, como por exemplo: "o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa"; "o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã"; "no cristianismo se encontram todas as verdades". No referido livro, diversas citações bíblicas são analisadas sob o enfoque e a ótica do espiritismo.

Seguindo o caminho de Allan Kardec, várias mensagens da Bíblia Sagrada são citadas pelos espíritas como prova de que a doutrina espírita tem o apoio da Palavra de Deus.

Sabe-se que muitos crentes, principalmente os novos convertidos, não se encontram preparados para rebater essas inverdades e investidas contra a pureza do Evangelho do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso, este trabalho tem por objetivo esclarecer que espiritismo e cristianismo são irreconciliáveis e não ensinam a mesma coisa. Por exemplo, para os espíritas Jesus foi um homem como outro qualquer, no máximo um grande médium, ou um espírito puro. Para nós, evangélicos, Jesus é Senhor; Jesus é o Verbo que desceu de Sua glória e habitou entre nós.

Tive a preocupação, também, de analisar várias das questões levantadas pelos espíritas, nas quais eles tentam explicar que a Bíblia Sagrada dar legitimidade à doutrina da reencarnação; da preexistência da alma; da comunicação dos vivos com os mortos; da salvação somente pela caridade, e outras. Que esta leitura lhe seja proveitosa.

A Paz do Senhor

O AUTOR

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"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios"

(1 Timóteo 4.1).

"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema" [amaldiçoado]

(Gálatas 1.8).

A bíblia do espiritismo é o Livro dos Espíritos, escrito em 1857 pelo escritor francês Hyppolyte Léon Denizart Rivail, conhecido pelo nome de Allan Kardec. Este livro, segundo seu autor, contém mensagens recebidas de espíritos desencarnados. Entre 1859 e 1868, escreveu outros livros: O Que é Espiritismo, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, Livro dos Médiuns, Céu e Inferno. Esses compêndios formam o que se chama codificação da doutrina espírita, nascendo daí o Espiritismo, denominação criada pelo referido escritor.

Inúmeras religiões há no mundo e algumas até defendem princípios e doutrinas ensinados por outras. É exemplo o ensino budista e hinduísta da transmigração das almas adotado no espiritismo, com algumas alterações, com o nome de reencarnação. Outro exemplo é a absorção, pelo espiritismo, da teoria evolucionista do inglês Darwin, desenvolvida no livro A Origem das Espécies, em 1859, na mesma época em que Kardec escrevia seus livros. Até aqui nada de anormal nessa colcha de retalhos, não fosse a moldura que o kardecismo colocou em sua doutrina: o cristianismo, mais precisamente o Evangelho do Senhor Jesus.

Assim, difunde-se o "Espiritismo Cristão", com fachada cristã, com nomenclatura cristã, com apelos cristãos, mas na verdade nega as doutrinas do cristianismo. Qual trepadeira enrosca-se o kardecismo na frondosa árvore do cristianismo, não para lhe dar vida ou beleza, mas, suponho, para ter mais credibilidade e sustentação. Os cristãos-evangélicos denunciamos e rejeitamos, porque falsos, os afagos, aplausos e palavras doces originários de uma seita que se compraz, por exemplo, em desonrar a imagem do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e negar a autoridade e inspiração divina das Sagradas Escrituras, como veremos mais adiante. Assim, o quadro do espiritismo apresenta uma moldura falsa.

A MOLDURA

"Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da SUA MISSÃO DIVINA" (Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. I, item 4).

"O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos: que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma perfeita moral, enfim, QUE HÁ DE TRANSFORMAR A TERRA, TORNANDO-A MORADA DE ESPÍRITOS SUPERIORES aos que hoje a habitam"(E.S.E., cap. I, item 9).

"O espiritismo não encerra uma moral diferente daquela de Jesus"(Livro dos Espíritos, seção VIII, conclusão).

"Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na JUSTIÇA DE DEUS, QUE CRISTO VEIO ENSINAR AOS HOMENS" (E.S.E., cap. VI, item 2).

"Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. NO CRISTIANISMO ENCONTRAM-SE TODAS AS VERDADES. São de origem humana os erros que nele se enraizaram" (E.S.E., cap. VI, item 5).

"Deus transmitiu a sua lei aos hebreus, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus"(E.S.E., cap., XVIII, item 2).

"O Espiritismo diz: Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução. NADA ENSINA EM CONTRÁRIO AO QUE ENSINOU O CRISTO, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica"(E.S.E., cap. I, item 7).

"Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, POIS QUE UM O MESMO É QUE OUTRO. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam" (E.S.E., cap. XVII, item 4).

"O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa" (E.S.E., Introdução, VII).

"O espiritismo é a única tradição VERDADEIRAMENTE CRISTÃ e a única instituição verdadeiramente divina e humana" (Obras Póstumas, Allan Kardec, p. 308).

"O reino de Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio. Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar"(E.S.E., cap. I, item 10).

Sobre o apóstolo Paulo: "Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!" "E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho"(E.S.E., cap. I, item 11).

"Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso" (A Gênese, p. 60, FEB, 28a Ed., Rio de Janeiro, 1985).

"O Espiritismo é a terceira revelação de Deus... e os Espíritos são as vozes do Céu" A primeira revelação de Deus teria sido em Moisés, e a segunda, em Jesus. (E.S.E. cap.I, item 6).

"Assim, será com os adeptos do Espiritismo. Pois que a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo"(E.S.E., cap. XXIV, item 16).

"Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam" (E.S.E., cap. XV, item 10. Esta mensagem teria sido do desencarnado apóstolo Paulo - Paris 1860).

"Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece... O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa de Cristo... Assim o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra" (E.S.E., cap. VI, item 4).

Vimos, portanto, as palavras afáveis e elogiosas ao cristianismo dirigidas. A pintura, todavia, não guarda sintonia com a moldura. Somente a fachada é cristã, como veremos a seguir. (O realce nas citações acima é nosso). O espiritismo tem-se esforçado por encontrar na Bíblia Sagrada passagens que dêem sustentação ou legitimidade aos seus ensinos sobre comunicação com os mortos, preexistência das almas, reencarnação, salvação somente pela caridade, mediunidade, pluralidade de mundos habitados, inexistência de céu, de inferno e de juízo final, e outros. O principal objetivo deste trabalho é refutar essas doutrinas e mostrar que o ensino das Palavra de Deus é totalmente diferente.

A ORIGEM DO HOMEM

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:

"Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura dos primeiros espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. VESTIU-SE ENTÃO DAS PELE DE MACACO, sem deixar de ser espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem" (A Gênese, Allan Kardec, FEB, Rio de Janeiro, 1985, 28a ed., p. 212).

Allan Kardec, como se vê, ficou muito impressionado com a teoria revolucionista do seu contemporâneo inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), e resolveu incluí-la na codificação do Espiritismo. Seus adeptos seguiram-lhe os passos. O espírita Alexandre Dias, no livro Contribuições para o Espiritismo (2a ed., Rio de Janeiro, 1950, a partir da p. 19), além de corroborar o pensamento kardecista, acrescentou que antes de serem macacos, os homens foram um mineral qualquer, ou seja, uma pedra ou um tijolo. Não apenas isso: "A espécie humana provém material e espiritualmente da pedra bruta, das plantas, dos peixes, dos quadrúpedes, do mono (macaco). E, de homem, ascenderá a espírito, a anjo, indo povoar mundos superiores..."(Leopoldo Machado, Revista Internacional do Espiritismo, 1941, Matão, SP, p. 193).

"A espécie humana não começou por um só homem. Aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro nem o único a povoar a Terra" (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, resposta à pergunta número 50).

A PALAVRA DO CRISTIANISMO

A teoria da seleção natural das espécies é contrária ao que ensina a Bíblia Sagrada. Esta teoria diabólica que incorpora o pensamento panteísta (Deus é tudo em todos) é a negação do Deus criador de todas as coisas. "NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA". É assim que inicia o primeiro livro da Bíblia, Gênesis, escrito por Moisés. Com a Sua palavra, Deus criou a luz, as águas, o firmamento, a parte seca (a terra), a relva e árvores frutíferas para "darem frutos segundo a sua espécie"; depois produziu os astros luminosos para iluminarem a terra; produziu os peixes e as aves, segundo suas espécies; produziu Deus os animais domésticos, répteis e animais selvagens conforme a sua espécie.

"Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os animais domésticos, sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente. Assim Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. Viu Deus que tudo o que tinha feito, e que era muito bom" (Gênesis 1 e 2).

"Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva" (1 Timóteo 2.13).

Como vimos, depois de fazer a terra e os céus, Deus criou as matas, as árvores frutíferas, os animais, e, enfim, o homem. O sopro de Deus no homem formado do pó representa que a vida é um dom de Deus; que o homem foi criado para ser moralmente semelhante a Deus, como expressão do seu amor e glória; para ter permanente comunhão com Deus. Portanto, não tem respaldo das Sagradas Escrituras a afirmação de que a alma humana encontrou morada primeiramente em animais, e que o homem é conseqüência de uma seleção natural das espécies. O Senhor Jesus legitima o livro de Gênesis, ao dizer: "Não leste que no princípio o Criador os fez macho e fêmea"?

Como poderia a alma humana, nascida do sopro de Deus, haver se instalado no macaco, criado antes do homem? Por que então afirmar que espiritismo e cristianismo ensinam a mesma coisa? Proselitismo, engodo, mentira, hipocrisia ou leviandade? Moisés teria escrito uma asneira? Mas como, se o espiritismo diz que Moisés foi a Primeira Revelação de Deus? Se as revelações de Deus não sabem o que afirmam ou mentem, a Terceira Revelação, o espiritismo, seria uma exceção?

(Espiritismo e Cristianismo - Pr. Airton E. da Costa)

A BÍBLIA SAGRADA

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:

"A Bíblia não pode ser considerada produto da inspiração divina. É de origem puramente humana, semeada de ficções e alegorias, sob as quais o pensamento filosófico se dissimula e desaparece o mais das vezes" (Cristianismo e Espiritismo, de León Denis, p. 130, 5a, FEB).

"Do velho Testamento, já nos é recomendado somente o Decálogo, e do Novo Testamento, apenas a moral de Jesus. Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor, mais de 90% do texto da Bíblia"(FEB, O Reformador, p. 13, janeiro/1953).

"Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo"(À Margem do Espiritismo, FEB, 3a edição, 1981, p. 2l4).

"A Bíblia, evidentemente, encerra fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia hoje aceitar e outros que parecem estranhos e derivam de costumes que já não são os nossos" (A Gênese, p. 87, opinião de "espíritos").

Os evangelistas S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João foram alvo de uma dura crítica do codificador da doutrina espírita: "Eles possivelmente se enganaram quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos..." (A Gênese, p. 386). Contudo, na tentativa de legitimar seu espiritismo Kardec buscou a experiência cristã e as palavras dos evangelistas, principalmente de Mateus, muito citado no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ademais, como vimos inicialmente, Kardec declarou que o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã, e que no cristianismo estão todas as verdades. Podemos levar a sério o que o espiritismo diz? O kardecismo seria muito mais autêntico se se firmasse em seus próprios pés, na palavra e experiência de seus "espíritos".

A PALAVRA DO CRISTIANISMO:

"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).

Esta belíssima mensagem é da lavra do apóstolo Paulo, de quem Allan Kardec disse ter sido "um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho". É o mesmo Paulo que escreveu 1 Coríntios 13.13, mensagem plenamente aceita pelo codificador da doutrina espírita. Podemos dizer que "o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa"? No mesmo livro, em 1

Coríntios 15, Paulo empresta o devido valor às Escrituras Sagradas: "Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; e que foi sepultado, e que ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras".

"Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo"(2 Pedro 1.21). O Senhor Jesus confirma a inspiração divina da Bíblia quando diz:

"Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito"(João 14.26).

"Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Jesus, Mateus 22.29). Quem assim falou foi o Senhor Jesus, aquele que veio em "missão divina" para ensinar a justiça de Deus aos homens", conforme assim definiu Allan Kardec, na embalagem do espiritismo. Podemos confiar no Livro dos Espíritos e nos demais, soprados por "espíritos" que dizem e se contradizem, fazem e desfazem, juram e negam? Fiquemos com o Salmo 119.105: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho".

Parte XI

COMO DERRUBAR VÁRIAS HERESIAS

De uma só Cajada

“Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Com esta afirmação de Jesus ao ladrão crucificado podemos demolir pretensões de vários contradizentes. Vejamos.

Purgatório

Aquele homem, ao crer em Jesus e clamar por misericórdia, foi imediatamente perdoado.

Além disso, ficou sabendo que logo após sua morte iria descansar em paz. Segundo a doutrina católica do purgatório, ele seria imediatamente jogado numa espécie de masmorra, onde passaria um bom tempo, até que as rezas movessem o coração de Deus. Qual a doutrina certa? A dos homens ou a de Jesus? O purgatório também não existiu para Estêvão, que antes de morrer entregou seu espírito a Jesus (At 7.59). Ver meu artigo “O Purgatório e o Sangue de Jesus”.

Mortalidade da alma

Os exterminadores dizem que a alma sucumbe com o corpo na sepultura. Em outras palavras, dizem que a parte imaterial do homem não sobrevive, morre com o corpo. Ora, o corpo do ladrão iria ficar no túmulo, mas seu espírito iria para o paraíso. Alegam alguns mortalistas que as coisas não são bem assim, pois Jesus não subiu naquele mesmo dia. Esquecem que onde está o Pai está o Filho. Leiam: “Eu e o Pai somos um”; “Quem me vê a mim, vê o Pai”; “Ninguém VEM ao Pai senão por mim”. Jesus também disse que não deveríamos temer os que matam o corpo mas não podem matar a alma (Mt 10.28). Mais uma vez declara a imortalidade da alma. Foi isso o que aconteceu com Estêvão e com o ladrão na cruz. Mataram o corpo, mas o espírito sobreviveu. Jesus nos ensinou uma realidade espiritual através da parábola do rico e Lázaro (Lc 16.19-31). Ali está dito que o corpo desce ao pó e o espírito segue seu destino. Ver meu artigo “Reflexões sobre a Imortalidade da Alma”.

Batismo pelos mortos

O mormonismo ensina e pratica o batismo pelos mortos. Consiste em se batizar alguém que já morreu. Como não se pode batizar um espírito, um mórmon faz as vezes do falecido. Acho que não existe uma heresia mais braba do que esta. Talvez se iguale a esta, em extravagância, o ato de urinar em pontos estratégicos de uma cidade para marcar território, ou a do uso de sal grosso para afastar demônios. Pois bem, Jesus teria se esquecido de batizar o ladrão? Aferram-se os contradizentes à tese de que Jesus continua evangelizando os espíritos em prisão. Deduzem que os espíritos convertidos deverão descer às águas. Como espírito por óbvias razões não pode ser molhado e não existe água no mundo espiritual, Jesus espera que a sua igreja batize os mortos.

Ao afirmar a salvação do ladrão, Jesus tinha certeza de que alguém iria batizá-lo dois mil anos depois? Como ele foi direto para o paraíso sem batismo? Ver meu artigo “Batismo pelos Mortos” – debate.

Reencarnação

Segundo a doutrina espírita da reencarnação, referido ladrão deveria voltar à terra inúmeras vezes, nascer, morrer, nascer de novo até o total pagamento de sua dívida. Nada disso aconteceu. Jesus desconhecia esses nascimentos e mortes. O perdão de Jesus foi total e incondicional. Estêvão com certeza também não sabia que para chegar ao céu teria de enfrentar muitas vicissitudes, pois entregou seu espírito diretamente a Jesus. O rico e o pobre, como ensinou Jesus (Lc 16.19-31), também não tiveram que “sofrer” encarnações. O profeta Elias foi direto para o céu, sem ter que penar em outras vidas (2 Rs 2.1,11 – ver meu artigo “O Espiritismo e a Reencarnação”).

Maldição hereditária

Será que Jesus se esqueceu de que aquele homem crucificado a seu lado estava cheio de maldições hereditárias que deveriam ser quebradas antes de sua subida para o paraíso? E Estêvão? E Elias? Os apóstolos em suas primeiras pregações teriam se esquecido desse detalhe tão importante? Nada disso. A pior maldição é ser descrente. Os que não crêem já estão amaldiçoados e condenados (Jo 3.18). Em Jesus, todos os vínculos satânicos, algemas, laços, pactos e maldições são quebrados, pois “se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). Ver meu artigo “Maldição Hereditária”.

A negação da divindade de Jesus

Ao perdoar os pecados do ladrão e garantir sua salvação, Jesus estaria agindo como um lunático ou mentiroso? Não é mais razoável admitir que só quem perdoa pecados é Deus e que naquele momento quem estava perdoando era verdadeiramente o Deus encarnado? Como Jesus poderia garantir a salvação daquele homem se Ele realmente não fosse Deus? Ouçam: “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.8-9. V. Jo 1.1,2,3,4,14). Ver meu estudo “A Divindade de Jesus – II”.

“Deve reter firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso tanto para admoestar na sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9).

Parte XII

COMO NASCE UMA HERESIA

 Meus irmãos. Depois de sete dias em jejum e oração, tive uma visão. Jesus, montado no jumentinho, entrava em Jerusalém e, ao passar por mim, disse: - Filhinho, assim como este jumentinho está me carregando, ele carregará seus problemas para bem longe. Diga a meu povo que uma vez por ano, durante uma campanha de sete sábados, todos orem com uma réplica deste jumento nas mãos. Os que fizerem esse sacrifício com fé, serão prósperos.

Por isso, iniciaremos na próxima semana a campanha do jumento. Nossos pastores estarão no templo, montados em seus asnos, para recebê-los. Vocês terão oportunidade de tocar e montar no jumentinho de Jesus. Mandamos fazer dez mil réplicas desse santo animalzinho. Todo o estoque está ungido. Por uma bagatela de cinqüenta a quinhentos reais, dependendo da opção, vocês poderão adquirir um exemplar. Temos modelos pequenos para serem pendurados no pescoço, e maiores, para serem montados na Igreja, na hora da bênção. Adquiram já o seu. No momento da montaria poderão até tocar a "trombeta para derrubar muralhas".

Conforme descrição dos jumentólogos, esse animal possui uma cruz no seu dorso, indicativa de que carregará sua pobreza para bem longe. O jumento será o seu "bode emissário". Leiam: "E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado. E assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto" (Lv 16.8,21,22). Portanto, a minha visão tem apoio bíblico. Mas é preciso uma palavra de poder. Montem seus jumentos e, ao terminar a oração dos pastores, determinem: Jumentinho de Jesus, eu te ordeno: leve a minha pobreza para longe. Ao fim dos sete sábados, todos os que adquiriram a imagem do eqüídeo receberão uma oração especial.

Assim nascem as heresias. As ovelhas apenas ouvem e obedecem. Tomara que essa visão ilustrativa não seja levada a sério e passe da ficção à realidade.

08.03.2004

Parte XIII

COMO NASCE UMA HERESIA II

Barbunção -

O jumentinho voou nas asas da internet e aterrissou em lugares distantes. Tão próxima da realidade ficou a ficção, que dos Estados Unidos um pastor, perplexo, me perguntou se realmente eu acreditava no amuleto do jumentinho, como meio de adquirir prosperidade. Outro pastor, aqui do Brasil, pediu-me perdão por haver entendido que eu virara heresiarca. E teve um que me pediu permissão para usar o exemplo em aulas de hermenêutica.

Como não fizera nenhum preâmbulo, pois iniciei o artigo com a pregação do suposto pregador, e levando em conta que somente nas duas últimas linhas disse que se tratava de uma ilustração, compreende-se a perplexidade de alguns. Mais de uma vez tive de dizer: Eu, heresiarca? Jamais.

Como vimos no exemplo do jumentinho, as heresias não raro vêm associadas a algum relato bíblico. No caso em tela, recorri à figura do “bode emissário”. Tenho plena convicção de que essa heresia seria bem recebida se apresentada por um líder carismático.

Não se pode descartar a possibilidade de existir algum interessado, a matutar com seus botões: “Sabe que é uma boa idéia!? Como não pensei nisso antes!?”. Um bem-humorado irmão me alertou sobre um possível plágio; a idéia poderia ser roubada. Ora, patentear uma heresia para evitar cópia seria um caso único na história das religiões, além de muito curioso. Eu não faria tal coisa. Os heresiólogos ficariam atônitos sem saber como explicar tal fenômeno.

Apenas imaginei como as heresias surgem. Determinados grupos usam pirâmides, cristais, símbolos, pulseiras, figas e penduricalhos diversos. Com engenho e arte é possível conseguir uma razoável diversificação na produção de novos amuletos.

O interesse de um professor em usar o exemplo do jumentinho em aulas de hermenêutica, animou-me a continuar dando outros exemplos, utilizando somente emblemas bíblicos. O objetivo é alertar crentes e não crentes contra a palavra enganosa. Vejamos mais um exemplo de “como nasce uma heresia”.

Está escrito na Bíblia: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes” (Salmo 133.1-2). Além disso, Deus ordena que os homens não danifiquem “as extremidades da barba” (Lv 19.26). Fazendo a vontade do Criador, os anciães de antigamente conservavam barbas bem compridas. A queda de Adão e Eva levou os homens a serem desobedientes. Por isso, se apresentam hoje de cara lisa, imberbes, sem nenhum temor a Deus. Voltar à austeridade dos velhos tempos é um imperativo divino. Num sonho que tive, um velhinho de barbas brancas como a neve se aproximou de mim e disse: “Deixai crescer a barba, nem que seja apenas simbólica. Você é o meu mensageiro. Entrego-lhe a responsabilidade de avivar a minha Igreja. Não temas, eu estarei sempre com você”. Fiquei trêmulo e quase desmaio.

Daí porque, meus fiéis seguidores, vocês deverão doravante usar uma barba simbólica. Uma barbicha ficará muito bem. O prazo para a formação da barbicha será de trinta dias, ao fim dos quais vocês se apresentarão no templo para receberem a unção da barba, a barbunção. Sete gotas de óleo ungido serão derramadas sobre cada barbicha. A partir daí, a unção será renovada a cada trinta dias. Como está dito no Salmo 133, a barbicha será símbolo de união entre os irmãos.

As mulheres estão dispensadas dessa obrigação por óbvias razões. Todavia, deverão ostentar um broche com uma barbicha estilizada, símbolo de união conjugal estável. Vocês sabem que a união faz a força e a força produz prosperidade. Todos devem atender ao chamado de Deus, sob pena de serem atacados por gafanhotos devoradores que devorarão seus bens, suas rendas, sua paz.

Colocaremos cem mil broches à disposição das mulheres que nunca negaram sua fé. Não será desta vez que negarão a Cristo. Esses símbolos podem ser adquiridos pelo preço simbólico de cinqüenta reais. Os broches folheados a ouro custarão de quinhentos a mil reais. Qualquer sacrifício é válido para ganharmos a vida e a vida Eterna.

Parte XIV

COMO NASCE UMA HERESIA III

O cristianismo explica que a miséria humana teve origem na queda do homem, em razão de sua desobediência. Deus fez o homem perfeito. Quando Ele concluiu a criação do homem, disse que era MUITO BOM. A desobediência do primeiro casal levou a humanidade a passar por sofrimentos. E o maior defeito não é o físico; é o espiritual.

Assim como uma mangueira produz sempre manga, a desobediência do primeiro casal alcançou toda a humanidade. A rebeldia gerou rebeldia. "Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 3.23, 5.12). Somos herdeiros dessa natureza pecaminosa, porém "a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo é para todos os que crêem"; por isso, somos "justificados gratuitamente por Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.22,24). A nossa esperança não está aqui na Terra, mas no céu. Lá, não haverá lágrimas nem defeitos físicos, nem fome.

Não raro somos desafiados a explicar a razão pela qual Deus, sendo bom, permite o nascimento de crianças defeituosas. É mais ou menos a mesma coisa que perguntar por que Deus, sendo bom, criou o mal. Deus criou o homem com possibilidade de obedecer ou desobedecer. Isto é, com livre arbítrio. Deus não quis criar um ser autômato, um fantoche totalmente dirigível. Se Deus é amor, se Deus é bom, logo, Ele não criou o mal. Ao buscar a razão do sofrimento humano em vidas passadas, a teoria da reencarnação apresenta uma explicação diferente da do cristianismo.

Sobre as crianças que nascem defeituosas, convém sabermos que um corpo saudável, perfeito, sem dores não é sinônimo de felicidade e paz. Há cegos e paralíticos que são mais felizes do que pessoas sem nenhum problema físico. Há ricos que se suicidam e pobres que são plenamente felizes. A paz é um estado de espírito, e não uma condição material.

A paz verdadeira nasce da comunhão com Deus, pela aceitação do senhorio de Jesus, que assim nos prometeu: "Deixo-vos paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá" (Jo 14.27) Isto vale para cegos, aleijados e portadores de qualquer enfermidade. Daí afirmarmos que uma pessoa cega, surda e muda pode ser feliz, pode ter seus pecados perdoados, ter paz e ser salva. Ainda que esteja no leito de morte, passando por muito sofrimento, a pessoa pode sentir essa paz. As novas vidas corpóreas e novos sofrimentos, para garantir perfeição e paz, são um vôo no escuro. Ninguém sabe quando findará o ciclo morte-nascimento. Tudo é incerto. Não há paz na incerteza. O cristianismo oferece uma alternativa melhor, pois basta crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou ao terceiro dia, que é Senhor e Salvador; basta crer, obedecer e continuar na fé. Basta isto para ser salvo. O ladrão na cruz não precisou morrer muitas mortes e viver muitas vidas. Crer foi o suficiente. Apesar do terrível sofrimento da crucifixão, morreu na certeza da paz celestial. As pedradas que sofreu Estevão, o mártir, não foram capazes de subtrair sua paz. Sei que tal verdade soa como insanidade aos ouvidos de muitos, pois "a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (1 Co 1.18).

Sabermos exatamente como o orgulho e a vontade de desobedecer tiveram origem em seres bons, criados por Deus, a exemplo dos anjos e do homem, é um problema insolúvel que somente na glória nos será revelado. Enquanto peregrinos nesta vida, enxergamos com certa dificuldade as realidades espirituais. Vemo-las embaçadas, como se as olhássemos através de um espelho (1 Co 13.12).

Quando o pecado entrou no mundo, entrou também a dor, a tristeza, o conflito. "Deus disse à mulher: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio às dores darás à luz filhos". E a Adão: "Em fadigas obterás dela [da Terra] o sustento durante os dias de tua vida". Se Deus é bom, por que Ele disse isso ao primeiro casal? Ora, Adão e Eva eram puros, sem pecado.

Sua folha corrida estava limpa. Como a teoria da reencarnação explica o sofrimento do primeiro casal, se não em decorrência do pecado? Adão e Eva não haviam passado pela experiência de vidas anteriores. Para aperfeiçoamento? Não, não foi. Está mais do que claro que seus sofrimentos, estabelecidos por Deus, não foram em decorrência de desvios em vidas anteriores. Sei que para os evolucionistas estas considerações não fazem o menor sentido. A Bíblia diz que pela ofensa de um homem (Adão) entrou o pecado no mundo. A pior lepra não é a de cunho físico; é o pecado, isto é, a desobediência a Deus. Deus é BOM, mas castiga e repreende. A prova está no que aconteceu com o primeiro casal.

O espiritismo acredita que Deus não "manda um filho seu para o inferno" porque Ele é amor.

Realmente Ele não manda. Os homens maus, de corações duros, é que, no uso de seu livre-arbítrio, caminham em direção ao inferno. Portanto, o sofrimento passou a fazer parte da vida. O próprio Deus soberano assim o quis. Não podemos ser materialistas a ponto de acharmos que os defeitos físicos são os que nos causam maior sofrimento e prejuízos espirituais. Vejam o que disse Jesus: "É melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o seu corpo lançado no inferno" (Mt 5.29). O que dizer da inveja, do ódio, da mentira, do orgulho, do adultério, da idolatria? Perguntemos então por que Deus, em tudo perfeito e bom, permite que os homens odeiem uns aos outros e consintam na prática do aborto, em que crianças inocentes e sem defesa são assassinadas. Por que Deus permite a existência de enfermidades como a AIDS e o câncer que têm dizimado milhões de vidas? A teoria da reencarnação tem respostas para todos os casos? A reencarnação é injusta na medida em que acredita que tudo nesta vida está determinado. As decisões anteriores selaram nosso presente destino. Não há nada que possamos fazer. Nessa situação, não há esperança. Nada há que fazer para mudar essas condições. A reencarnação é fatalista. Nada se pode fazer por uma pessoa que sofre, pois estaríamos retardando seus passos rumo à perfeição. O cristianismo apresenta o perdão e a promessa de uma vida futura, não cheia de incertezas, mas de plena paz. A salvação do ladrão na cruz é exemplo. "Hoje estarás comigo no paraíso". A felicidade de saber que seguiremos para o céu em nada se compara aos sofrimentos desta vida. Mais uma vez apresento o exemplo de Estevão, o mártir. Ele estava sendo apedrejado, mas, revelando possuir paz no coração, olhou para o céu e entregou seu espírito ao Senhor Jesus.

A teoria da reencarnação empurra o sofrimento para existências futuras, tantas que o espiritismo não sabe quantificar. Vejam: "O número de reencarnações é o mesmo para todos os Espíritos?". Resposta: "Não. Aquele que avança rapidamente evita provas. Contudo, essas encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso é quase infinito" (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, cap. IV, item 169).Portanto, de acordo com essa teoria ninguém sabe ao certo se alcançará a tão sonhada perfeição.

Pela essa teoria, os sofredores não sabem por que ou por quem estão sofrendo. Sequer se lembram das vidas passadas. Estão condenados a sofrer infindas encarnações, mas não sabem como, onde, quem, porque e quando. O inocente, manso de coração, mesmo que não faça nenhum mal nesta vida, terá que sofrer para ser melhor na próxima existência.

O sofrimento de Jesus, a partir do seu nascimento, é uma prova de que as vicissitudes desta vida não têm a finalidade de limpar as impurezas em vidas anteriores. Como Ele foi definido como "Espírito Puro", enviado em missão divina para ensinar aos homens uma superior moral, tudo conforme imaginou Allan Kardec, seu caso não pode ser enquadrado na teoria da reencarnação (Veja "O Espiritismo e o Sofrimento de Jesus"). Ele não é e não era um ser imperfeito. Não havia o que aperfeiçoar nEle. Por que sofreu? Seria para que servisse de exemplo? Exemplo? Devemos todos ser crucificados por uma causa nobre? Não.

A teoria da reencarnação não mostrou que funciona na prática. Apesar dos avanços tecnológicos e das inúmeras encarnações ao longo de milhares de anos a humanidade continua sofredora. A fome está aumentando. Ou fome não um sofrimento muito maior do que um defeito físico? Não se nota expressiva melhoria de ordem moral na raça humana. Os incontáveis ciclos morte-nascimento deveriam ter produzido melhoria considerável, pois muitas vidas já estariam quase atingindo a perfeição, ou sofrendo a última encarnação. Então seria o caso de não existirem tantas guerras, epidemias e fome. Quando chegará a tão sonhada perfeição da humanidade, conquistada por inúmeras encarnações? Leiam: "Qual o objetivo da reencarnação?" Resposta: "Melhoramento progressivo da Humanidade" (Ibidem, cap.IV, item 167). A tese de que a humanidade caminha para a perfeição moral contraria as palavras de Jesus sobre a situação futura. Vejam:

"Nesse tempo, muitos se escandalizarão, trair-se-ão mutuamente e se odiarão uns aos outros. Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase todos esfriará" (Mt 24.9-12).

É bom lembrar que Jesus, segundo o espiritismo, é o Espírito Puro que veio com missão divina, enviado por Deus para nos ensinar. Ora, ao falar em "princípio das dores" (Mateus 24), Jesus nos revela que os problemas da humanidade, tais como as dores de parto, serão intensificados na medida em que o fim se aproxima. Quando o espiritismo diz que cada encarnação é um passo rumo à perfeição - e só se pode entender isso como perfeição moral - está afirmando algo que destoa do ensino do Mestre dos mestres. O ensino da perfeição de todas as almas indica que a humanidade atingirá um considerável desenvolvimento moral. Quando? A palavra de Jesus se apresenta na contramão de tal proposta. Ele assegurou que as coisas vão piorar. "O princípio das dores", como nas dores de parto, significa dores maiores e mais freqüentes com o passar do tempo. O cristianismo explica que há um fim para o sofrimento da humanidade. No espiritismo não há um fim à vista.

A reencarnação do espiritismo científico ensina que a ressurreição de Jesus não foi possível porque a ciência não pode explicar como dar vida a um corpo em estado de putrefação. Ora, Jesus foi o único homem que predisse a própria ressurreição e afirmou que passaria só três dias no sepulcro. Por tudo que Ele fez e ensinou, está provado que não era mentiroso, impostor ou lunático. Se desejarmos explicar a Sua ressurreição via ciência, nunca encontraremos respostas.

Assemelha-se ao esforço, que dura décadas, de encontrar o "elo perdido", o meio termo entre homem e macaco.

O espiritismo argumenta que na reencarnação está a resposta para pessoas que já nascem com dons especiais, tais como pintores, músicos, escritores, etc. Alega que a razão disso é a experiência em vidas passadas. Leiam: "Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parece que têm a intuição de certos conhecimentos, como línguas, cálculo, etc".

Resposta: 'Progresso anterior da alma, do qual, entretanto, ela não tem consciência" (Ibidem, cap. IV, item 219). Todavia, se fizermos uma pesquisa mundial veremos que as grandes fortunas, os talentos, o aprendizado se verificaram em vida, depois de muito trabalho e dedicação. Tal situação está conforme as palavras de Deus: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão" (Gn 3.19). O homem iria multiplicar-se, adquirir experiência, inventar objetos facilitadores dos trabalhos manuais, arar a terra e fazer plantações, inventar a roda, organizar-se. Deus estaria presente distribuindo dons. Todos os dons são recebidos de Deus. Até a vida eterna é dom gratuito de Deus (Rm 6.23). A fé é dom de Deus (Ef.2.8). Deus capacitou Bezalel e Aioliabe e lhes deu sabedoria, entendimento e criatividade para serem artífices da obra do tabernáculo (Gn 31.1-6). Estes homens não adquiriram tais dons em vidas anteriores. Então, tudo que temos ou foram adquiridos em vida, pelo estudo e dedicação árdua, ou recebemos diretamente de Deus.

Os reencarnacionistas acreditam que o indivíduo é um deus, na medida em que crêem na salvação pelo esforço próprio. Essa doutrina é contrária à do cristianismo. Jesus disse que quem nele crê tem a salvação. Ao falar assim Jesus se colocou como objeto de fé, igualando-se ao Pai. Somente Deus pode salvar. O homem não salva a si mesmo. O ladrão tinha tudo para SOFRER milhares de encarnações até atingir o estado de perfeição, mas pela fé e arrependimento foi ali mesmo justificado e perdoado. O cristianismo ensina que não podemos alcançar a salvação por nossos méritos, mas sim pela graça que nos é dada mediante a fé em Jesus.

A reencarnação opera num mundo diferente. O viver na terra será sempre uma punição. A esperança ensinada pelo espiritismo reside no fato de deixar este mundo e seus ciclos de vida, morte e renascimento, embora, como vimos, esse ciclo seja "quase infinito". Segundo essa tese, a salvação consiste em libertar-se do corpo, como uma borboleta liberta-se do casulo. Após a última encarnação, o espírito estaria livre. O corpo seria um trampolim para o aperfeiçoamento.

Deus não aprova isso. No cristianismo, a salvação é algo que se possui neste mundo. A nossa salvação se dá em vida, ainda no corpo, apesar dos sofrimentos, e se completa na morte. Nosso corpo está incluído na obra de redenção: "...também gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a saber, a REDENÇÃO DO NOSSO CORPO" (Rm 8.23). O corpo, para o cristianismo, ao contrário da crença espírita, não é um invólucro descartável e desprezível. Quando Deus fez o homem o fez à sua imagem e semelhança.

A teoria da reencarnação é antibíblica na medida em que assegura, embora sem base científica e sem provas, que no ciclo da vida há várias mortes e vários nascimentos, ou seja, morremos e prosseguimos morrendo vezes sem conta. A Bíblia diz que os homens morrem UMA SÓ VEZ (Hb 9.27).

O próprio Jesus, um "Espírito Puro", segundo o espiritismo, ensinou, através da parábola do rico e Lázaro, que imediatamente após a morte o espírito segue para o céu, se justo, ou para um lugar de tormentos, se injusto (Lc 16.19-31). Através dessa parábola, Jesus nos ensinou uma realidade espiritual. Disse Ele que Lázaro morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. Lázaro, o mendigo, não precisava mais de nenhuma reencarnação? O ladrão na cruz e Estevão não precisaram voltar ao sofrimento terreno. O profeta Elias foi trasladado para o céu (2 Rs 2.11).

A reencarnação é antibíblica, ainda, na medida em que não admite um Juízo Final. Não há julgamentos no espiritismo. Mas Jesus ensinou a respeito de um dia de juízo, em que todos serão julgados. Vejam:

"Mas eu vos digo que de toda palavra frívola que os homens proferirem hão de dar conta no dia do juízo" (Mt 12.37). Onde está o dia de juízo na reencarnação, se todos caminham inexoravelmente rumo à perfeição?

Parte XV

COMO NASCE UMA HERESIA IV

Sandalhaço e Dobradinha

Estive orando três dias e três noites no monte. Pedi a Deus que me mostrasse o caminho para o avivamento de sua igreja. De repente, fui levado em espírito para o céu. Lá estavam reunidos o Pai, o Filho e o Espírito. Não via rosto nenhum. Eram três luzes que me ofuscavam e se fundiam numa só. Não ouvia três vozes, mas uma só. Compreendia perfeitamente qual dos três estava falando comigo. A comunicação era apenas mental.

A Luz, representando o Filho, aproximou-se mais de mim e me disse – “Meu irmão, você está encarregado de uma grande missão. Ouvi a sua súplica. Vou usá-lo como vaso de honra para reavivar o meu povo que padece por falta de sacrifício. O sacrifício que ordeno agora é o do dízimo duplo, isto é, não mais dez por cento, mas vinte por cento. Lance uma grande campanha com o título “A dobradinha santa do dízimo”. Todos os anos, nos meses de fevereiro, junho e novembro, meus irmãos deverão participar da dobradinha santa. Lembre-lhes que colhe mais quem mais semeia”.

A Luz também me disse que nos meses da dobradinha os que aderirem à campanha, homens, mulheres e crianças deverão calçar sandálias. A vitória é certa para quem usá-las. Abrir-se-ão as portas; os caminhos ficarão mais largos, as dificuldades menores. As sandálias transmitem energia positiva e afastam a negativa. O pai do filho pródigo, quando este retornou, deu-lhe de presente sandálias novas (Lc 15.22). “João Batista disse que não era digno de desatar a correia das minhas sandálias”, disse a Luz.

Agora, meus amados, vamos às instruções. O próximo mês de fevereiro é o primeiro da dobradinha e do sandalhaço. Vamos mostrar que somos o povo escolhido de Deus. Não haverá salvação para quem ficar de fora. A partir de janeiro, colocaremos à disposição dos fiéis 500.000 pares de sandálias de várias cores e tamanho. Os preços variam de R$15,00 a R$70,00.

Foram feitas em couro de camelos do Egito, por onde o povo de Deus peregrinou por quarenta anos.

É couro abençoado. Estas custam mais caro. Para os menos exigentes, temos sandálias em couro de bode do riquíssimo e abençoado sertão nordestino.

As sandálias deverão ser calçadas no primeiro dia do primeiro mês da campanha, e somente deverão ser retiradas no último dia do mês. Somente o usuário poderá atar e desatar as correias das sandálias. Assim como Jesus se colocou em nosso lugar na cruz, vocês devem fazer esse sacrifício, isto é, usar um calçado que foi usado por Ele. É um ato de gratidão. Lembrem do que está escrito: “Sede imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5.1). Jesus pede que todos façam esses dois sacrifícios: a dobradinha do dízimo e uso das sandálias. Muito mais ele fez por nós.

Nossos adversários irão dizer que isto é uma heresia. Não dêem ouvidos a tais comentários. Sempre haverá os inimigos da fé, os falsos mestres a ensinar heresias destruidoras.

Vocês viram que tudo que falamos aqui é bíblico. No período da campanha, nossos pastores também estarão participando do sandalhaço. Só do sandalhaço.

Patê XVI

COMO NASCE UMA HERESIA V

O Machado da Prosperidade

A situação daqueles homens era desesperadora. O ferro do machado, com que cortavam a madeira para a construção de uma habitação, caiu na água (2 Reis 6.5).

Talvez você esteja enfrentando o mesmo problema em sua vida. Sua vida financeira está arruinada. Você está sem forças até para lutar. A sua única fonte de renda, o emprego, foi perdida. Seu desespero é semelhante ao daqueles homens. O seu machado caiu. A sua fé desapareceu.

Assim como Eliseu fez flutuar aquele machado, nós iremos fazer reaparecer a sua fé. Você será restabelecido no seu emprego e sua vida espiritual e financeira será reconstruída. Veja o relato da Bíblia: “Perguntou o homem de Deus [Eliseu]: Onde caiu? Mostrando-lhe ele o lugar, Eliseu cortou um pau, lançou-o ali, e fez flutuar o ferro” (v.6).

Iremos usar a mesma fé de Eliseu para fazer flutuar a sua prosperidade. Você poderá achar que tudo foi de água abaixo, que não há mais condições de reaver seus bens, seu emprego, sua paz. Agora, ouça o que você precisa fazer. No próximo mês lançaremos a campanha do “Machado da Prosperidade”. Os que dela não participarem perderão a bênção.

Iremos instalar no templo a “Máquina de Flutuação de Machados – MFM”. No seu interior estarão duzentos mil pequenos machados de plástico, de quatro centímetros de comprimento, fabricados em Jerusalém e, portanto, já ungidos na origem. A MFM, do estilo caça-níquel, será acoplada a um pequeno tanque com água. Ao ser acionado um botão, imediatamente um machadinho flutuará no tanque ao lado. Esse será o seu “Machado da Prosperidade”. Guarde-o com carinho. Ele poderá ser usado como broche, guardado na carteira ou colocado dentro de um copo dágua benzida. Se usado na água, deverá ficar exposto na sala principal da casa durante sete semanas. Durante esse tempo não será tocado por ninguém. Findo esse prazo, ele estará superungido. Em razão de sua leveza, o machadinho flutua sem problema. Ele será a materialização de sua fé. Daí para frente é só contar as moedas. Você será próspero.

Talvez você esteja indagando: E a oferta? Pensou bem. Vocês já sabem como funciona. A pergunta revela bom condicionamento. O sacrifício da oferta é indispensável. Antes de acionar o botão da MFM, você depositará no lugar indicado vinte moedas de R$1,00. Ao tilintarem as moedas na caixa, a bênção sobe. Para atender a demanda, a MFM funcionará 24 horas, durante os trinta dias da campanha. As máquinas serão instaladas nas dez maiores capitais do Brasil, e possuem mecanismos que permitem a imediata contagem das santas ofertas. As moedas são mecanicamente acondicionadas em sacos plásticos de até duzentas unidades, lacrados com o símbolo de nossa congregação. Um carro-forte ficará à disposição para, ao final do dia, transportar o numerário para um banco, onde será feito o santo depósito da Casa do Tesouro.

Os machadinhos da prosperidade poderão ser entregues em domicílio. Para isso ofereceremos três opções: reembolso postal, depósito prévio em conta a ser anunciada e cheque pré/30 dias. Esta opção será válida somente para aquisição superior a dez machadinhos.

Até hoje nenhum de nossos lançamentos permaneceu em vigor por mais de quatro meses, mas, se essa “heresia construtiva” vingar, daremos um prazo maior de validade. Alguém perguntará: Por que chamar de heresia o ungido Machado da Prosperidade? É para que vocês aprendam a se defender das investidas de nossos adversários. Quando disserem que tudo isto são heresias destruidoras, respondam: “Não, não e não. São heresias construtivas e nós estamos nos dando muito bem com elas”.

Alguém poderia perguntar: “O que fazer com as dezenas de objetos abençoados que já possuímos?”. Essa pergunta nem deveria ter sido feita. Nossos verdadeiros e fiéis seguidores não fazem perguntas. Os que fazem tal pergunta são pessoas de pouca fé. Não conhecem a Bíblia nem os desígnios de Deus. Vivemos de glória em glória, de luz em luz. A nossa vida espiritual se renova a cada dia. Diz a Palavra que vivemos em “novidade de vida”. Como é então que querem continuar com as coisas velhas? Ora, o que é velho já passou. Viva a cada dia uma nova unção. E essa nova unção está em suas mãos, agora, via “O Machado da Prosperidade”. E tem mais: para ser abençoado mais depressa, faço um voto de todo o seu salário do mês, no mesmo dia em que você for agraciado com o MP. Tome posse dessa bênção e seja feliz.

Parte XVII

COMO NASCE UMA HERESIA VI

O Cinto da Verdade

Este é o produto que estava faltando em sua coleção de objetos ungidos. São eles que nos transmitem bênçãos e com as bênçãos a prosperidade. São facilitadores de nossa fé. São como os trilhos de uma ferrovia. Deslizando por eles a locomotiva não sai da linha, segue rumo a um lugar seguro.

Fico feliz quando visito meus seguidores e vejo em suas casas esses facilitadores. No alto da geladeira, o “jumentinho”. Lembram-se dele? Continua ali abençoando o lar. Junto a ele, o “Machado da Prosperidade” flutua dentro de um copo dágua. Olho para os pés do homem de Deus e vejo que ainda usa as “Sandálias de Jesus”. No rosto, ainda curte uma barbicha bem aparada e ungida.

Nosso Deus é um Deus de grandes coisas. Jamais se contentaria em que seu povo ficasse de braços cruzados, a olhar para o passado. Deseja que seus instrumentos de trabalho sejam renovados a cada dia. A batalha é constante. Não lutamos contra pessoas humanas, mas contra o Maligno. A Bíblia recomenda o uso de determinados apetrechos para que tenhamos vitória. Os que ficam de fora, os que duvidam, os murmuradores não serão abençoados. Leiam:

“Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo. Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade” (Ef. 6.10,14).

Eis a chave da vitória, do sucesso e da prosperidade. Com o cinto estaremos seguros e firmes na batalha contra o nosso maior inimigo. Ele, o Diabo, deseja sugar todo o seu dinheiro, se possível, todo o seu salário mensal. Pelo desejo dele, você ficaria sem nada para comer e daria tudo a ele. Mas estou aqui para fortalecê-lo. Chegou o “Cinto da Verdade”. Dê adeus aos problemas espirituais e financeiros. Você se sentirá seguro. Vamos todos amarrar Satanás. No exato momento em que você colocar o cinto ungido, sentirá um aperto no abdômen e um alívio no coração.

Ninguém pode negar que João Batista foi um homem abençoado. Não foi rico, mas também naquele tempo ele não precisava de dinheiro. Para quê? Ele vivia mesmo no deserto! Eis o relato bíblico: “As roupas de João eram feitas de pelos de camelo, e ele usava um cinto de couro na cintura” (Mt 3.4). Usava o quê? Um cinto de couro. Agora, nos tempos modernos, Deus orienta seu povo a usar o “cinto da Verdade” para afastar o inimigo.

Colocaremos 400.000 cintos à disposição dos fiéis. Foram fabricados com materiais diversos, de vários tamanhos e cores. Há cintos em couro de primeira qualidade; cintos de linho, largura e comprimento diferenciados. Para nossas santas mulheres mandamos confeccionar cintos em linho puro, produzidos com lã importada dos campos de Israel. O nosso Departamento de Lançamento de Produtos Ungidos – DELPU já ultimou as medidas de marketing para o lançamento em grande estilo. O Espírito me disse que quem não participar ficará desprevenido. Já imaginou você no templo vendo todo mundo com o Cinto da Verdade, e você sem?

O Espírito também me instruiu para não vender os cintos. Serão distribuídos gratuitamente. Mas há uma condição: o cinto só será entregue mediante um voto de trezentos reais. Se o seu salário for inferior a esse valor, vale um voto de menor valor, mas nunca abaixo de duzentos reais. Para este material, não receberemos cheque pré. Agora vamos às instruções de uso. Primeiro, durante os sete primeiros dias do mês de agosto de cada ano, todos os fiéis que desejarem participar do “cinturaço”, comparecerão ao culto cingidos com o “Cinto da Verdade”, o CV. O primeiro dia será o da unção. Os fiéis que fizerem e cumprirem o voto, receberão o CV. Depois ficarão de pé e receberão uma oração especial. Somente após a oração é que colocarão os cintos. Será um momento de grande emoção e alegria. Os demais, que não quiseram fazer o voto, ficarão sentados e envergonhados. Que Deus tenha misericórdia deles. Nos dias seguintes, todos os participantes continuarão freqüentando o templo e usando o CV. Até o fim dos sete dias os retardatários, os que se arrependeram de seus pecados e resolveram participar, têm chance de fazer o voto e receber o CV. Vamos lá, a nossa segurança está no cinto. Outro dia um irmão me perguntou: - A unção do cinto só dura sete dias? Quanta ingenuidade! O objeto de fé se acaba, mas a unção é duradoura. Outro dia ouvi uma crítica azeda. Diziam que “nossos objetos ungidos funcionam como uma cenoura colocada à frente de um jumento: ele nunca alcança a cenoura, mas continua andando rápido na esperança de alcançá-la”. Quanta falta de fé nos propósitos divinos. Todos os nossos produtos são lançados com embasamento bíblico. O melhor é que nossos seguidores não dão ouvidos a vozes discordantes.

Informo que esse cinto nada tem a ver com o “Cinto da Castidade”, cujo lançamento ainda está em estudo. Será uma grande revolução nos métodos de combate à carnalidade.

Parte XVII

COMO NASCE UMA HERESIA VII

O Sacrifício do Voto e da Galinha

 Antes de alguém pensar que se trata de plágio, declaro que a heresia do “Sacrifício do Voto” é completamente diferente da que circula no mercado. O título pode ser semelhante, mas os métodos são diferentes. Heresiarca que se preza não copia as heresias de outro colega.

Eu estava passeando pelas ruas de Paris, onde pretendo comprar um apartamento, quando, de repente, uma voz inaudível falou ao meu coração: “O meu povo está perecendo por falta de sacrifício. Convoque o meu povo para fazer um sacrifício dantes nunca visto na história de minha Igreja. Eu me sacrifiquei por todos, mas ninguém quer sacrificar-se por mim”.

Sabia que o Senhor estava falando comigo. Então, ainda enlevado com aquela voz, perguntei: - “Senhor, o sacrifício pode ser em dinheiro vivo ou em animais? E o Senhor respondeu apenas com uma palavra: “PODE”. Fiquei mais feliz ainda. O pensamento do Senhor ajustava-se ao meu pensamento. Fiquei tão contente que entrei numa loja e comprei cinco ternos para bem me apresentar ungido diante do povo de Deus.

Desta vez, meus irmãos, vocês não terão em mãos qualquer objeto ungido. É fantástico. Assim como Jesus se ofereceu para o sacrifício, vocês farão um “voto de sacrifício” como gratidão ao Senhor, por tudo que Ele fez. Quem ficar de fora desse sacrifício não será abençoado. Perderá a qualidade de filho de Deus, e quando morrer sua alma ficará eternamente ardendo no inferno. Quem deseja fazer o sacrifício do voto? Ótimo, vejo que todos aceitaram. Vamos agora às instruções.

Estão lembrados de que o Senhor permitiu dois tipos de voto: um em dinheiro vivo e um em animais. O Senhor deixou comigo a decisão de escolher quais animais devem ser sacrificados e qual o montante do voto. Louvo a Deus pela confiança depositada neste humilde servo. Outro dia, após apresentar esta heresia num de nossos templos, um irmão me perguntou: - “Meu grande pastor, no mês passado eu fiz um voto de duzentos reais para ser abençoado. Permita-me indagar qual a validade daquela bênção”. Após saber que ele tinha oito anos de fé, respondi: “Meu amado, as bênçãos são adicionadas às já existentes. A cada voto você recebe uma bênção especial.

Pelos meus cálculos você já deve ter feito vinte e três votos. Pois bem, quando uma nova bênção se junta à anterior, há um efeito multiplicador. Se nesses oito anos você tivesse feito apenas um sacrifício, teria apenas uma bênçãozinha medíocre, sem expressão, uma bênção que não lhe garantiria nem um prato de comida. Ademais, se não houver constante sacrifício, a sua fé tende a perecer, e “sem fé é impossível agradar a Deus”. Como você demonstrará a sua fé se você não faz o sacrifício? Fé sem obras é morta. Sem voto você é um homem morto. Como Deus vai encher seus bolsos de dinheiro se você rejeita a voz do meu coração, isto é, do coração que recebeu a voz de Deus? Ou será que você não gosta de prosperidade? Pessoal, quem aqui não gosta de dinheiro? Viu, ninguém levantou a mão. Então, é dando que se recebe. Com Deus o negócio é mão dupla.

Mais uma alma rebelde se levantou contra Deus, e me disse: - “Meu grande pastor, não tenha por mal as minhas ignorantes palavras, mas gostaria de sua orientação. A Bíblia diz que “o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender é melhor do que a gordura de carneiros”, conforme está em 1 Samuel 15.22”. “Diz também, amado pastor das nossas almas, que “Sacrifício e oferta não quiseste...holocausto e expiação pelos pecados não reclamaste...deleito-me em fazer a sua vontade”, como está em Salmos 40, versos de 6 a 8”. “Entendo, amado pastor – continuou a alma rebelde – que já somos salvos e abençoados pela fé no Senhor Jesus Cristo, e, assim, constituídos filhos de Deus, e que nada que façamos poderá aumentar a bênção adquirida pelo eficaz sacrifício do Senhor, na cruz. Já somos propriedade dEle, pois fomos comprados com Seu sangue redentor”.

De vez em quando encontramos esses corações renitentes. São pessoas que em lugar de ficarem atentas ao que seus pastores dizem ficam decorando passagens bíblicas ou lendo coisas indevidas na internete. Respondi-lhe que participar do “Voto de Sacrifício” é um sinal de obediência a Deus. Trazer uma galinha colocá-la aos pés do altar, como veremos a seguir, é também um ato de obediência. Ou querem duvidar de mim? Será que não recebi o mandamento de Deus?

Ou será que não sou um ungido de Deus? Todo o meu ser e meus pertences pessoais são ungidos; minha gravata, meias, lenços, camisas, pijamas, lençóis de cama, óculos, caneta até a minha dentadura é ungida.

Retornemos às instruções. Nos dias trinta de junho e primeiro de dezembro de cada ano, cada família comparecerá ao templo para fazer dois sacrifícios. O primeiro será o “Voto do Sacrifício” , de valor igual a um salário mínimo vigente na época. No mesmo dia os que querem ser abençoados depositarão aos pés do Senhor uma galinha viva, de qualquer raça e idade, desde que sem defeito, em bom aspecto, devidamente alimentada e vacinada. Se não houver galinha disponível, que venham os frangos. A vacina é uma exigência legal. A família que tiver apenas uma galinha, que põe um ovo diário para reforço alimentar, traga-a assim mesmo. Quanto maior o sacrifício, maior a bênção. Este princípio vale para o sacrifício do voto. Para não dizerem que esta heresia não é bíblica, ouçam: “Quando alguma pessoa cometer ofensa, e pecar por ignorância nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor por oferta um carneiro sem defeito do rebanho...”, como está em Levítico 5.15. São muitas as citações na Bíblia que falam em sacrifício e oferta de animais. No momento estou exigindo uma galinha. É o começo de uma longa caminhada. Amanhã, conforme as revelações que receber, quem sabe surgirá a necessidade de um porco ou de um bode para o sacrifício. Alguém poderá perguntar: por que os dois votos de sacrifício, o do dinheiro e o da galinha? Aqui funciona o princípio da potencialização da bênção. Uma bênção sobre outra potencializa os efeitos das duas. Duas bênçãos valem mais do que uma bênção. Dois sacrifícios valem mais do que apenas um sacrifício. Dito isto, desejo explicar a destinação das galinhas.

Mandamos construir uma granja com cem galpões para o sacrifício das aves ofertadas, numa área de dez mil metros quadrados. A comercialização desses animais é uma realidade que se impõe. O lucro correspondente será totalmente carreado para a bendita Casa do Tesouro.

Contratamos dez avicultores e cinco sanitaristas para controlar e fiscalizar o desenvolvimento das aves até o seu abate. Cinqüenta obreiros foram convocados para darem o dízimo de seu tempo na recepção das ofertas e manutenção dos galpões. Nosso objetivo é oferecer à população carne congelada de galinha “da terra” e de frango a preços competitivos, em embalagens de até três quilos. A sua oferta ajudará a população carente. Vejam quão elevados são nossos objetivos. Nos primeiros anos, atenderemos apenas o mercado interno. Esse negócio será “a galinha-dos-ovos-de-ouro” que dará grande impulso aos nossos projetos evangelísticos. Na verdade, a galinha ofertada voltará à mesa do ofertante pelo menor preço da praça. E mais, ao passar por nossos frigoríficos toda a produção receberá uma unção especial, a “Unção do Alimento”. E o dinheiro do sacrifício do voto? Será destinado também à abençoada Casa do Tesouro. Vamos todos unidos ao voto do sacrifício e ao sacrifício da galinha.

Parte XVIII

COMO NASCE UMA HERESIA - VIII

Capim Santo

Tenho novidades para vocês. Outro dia, quando iniciava o meu discurso num dos nossos templos, um irmão gritou: “Qual será o preço do sacrifício”? Fiquei feliz e ao mesmo tempo triste. Feliz pelo bom condicionamento em que estão as ovelhas do meu aprisco. Triste fiquei pela ironia implícita. O importante é que todos já estão conscientes de que os sacrifícios precisam ser renovados. Sem sacrifício é impossível agradar a Deus. Como agradaremos a Deus sem as obras do sacrifício? Ora, a fé sem obras é morta.

Nossos adversários alegam que o sacrifício de Jesus foi completo e eficaz e que somos salvos não por nossos méritos e sacrifícios, mas pela graça divina derramada sobre os que nele confiam. Eu lhes digo que vocês não devem dar ouvidos a vozes estranhas. Ouçam o seu pastor: “As ovelhas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não reconhece a voz dos estranhos... O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10.5,11). Quem é o pastor de vocês? Quem encaminha vocês diariamente ao matadouro, aliás, ao sacrifício para que tenham vida abundante? Quem criou dezenas de objetos e os ungiu, a fim de a fé de vocês fossem materializadas? Quem aqui pode sair de casa sem a sua imagem, aliás, sem o seu amuleto de estimação? Quem pode negar que eles proporcionam paz, felicidade, segurança e, especialmente, prosperidade?

Quem não se lembra do “jumentinho”, do “Machado da Prosperidade”, do “Cinto da Verdade”, do “Sacrifício da Galinha”, do “Barbunção”, do “Sandalhaço” e de tantos outros meios de bênçãos colocados à disposição de vocês? Quem não se lembra do “princípio da potencialização da bênção” criado e ensinado por mim, e que tantos benefícios trouxeram a vocês?

Não fiquem ansiosos quanto ao valor do novo sacrifício. Vejo irmãos inquietos já contando seus trocados. Nunca exigi sacrifício superior ao que vocês podem suportar. Primeiro, informo que criei o “Livro de Registro de Heresias”, para evitar plágio. Funciona como registro de patente. A partir de então minhas criações estão patenteadas e só poderão ser copiadas com meu prévio consentimento. O “Termo de Abertura” está assim redigido:

“O presente livro com 500 folhas numeradas tipograficamente de 1 a 500 destina-se ao registro das heresias criadas pelo Pastor Airton Evangelista da Costa. É proibida a reprodução de métodos e símbolos concernentes às heresias aqui registradas, sob pena de os infratores, respeitados os direitos autorais, responderem criminalmente em juízo e se sujeitarem às penalidades da lei”.

Agora vamos à novidade do dia. Decididamente entramos na era das plantas medicinais como veículo de bênçãos. A de hoje dispensa maiores comentários porque seu nome já diz tudo: Capim Santo. Quem não conhece as qualidades terapêuticas dessa planta? Milhões de pessoas, até ovelhas nossas, vêm utilizando o capim santo para curas de seus males físicos. É sabido que o chá dessa planta, também conhecida como erva cidreira, é usado como refrigerante, como calmante e sedativo; contra gases intestinais, dores musculares, etc. Porém, qual o efeito no plano espiritual?

O “capim santo”, que, como o próprio nome indica, já é santo, fica mais santo ainda quando ungido. Após a unção, adquire propriedades espirituais, tornando-se assim um santo remédio espiritual. Instalamos uma verdadeira indústria para sua manipulação e fabricação do chá, que será acondicionado em garrafas de dois litros. A nossa plantação de 100 hectares do referido capim está bem desenvolvida. Estimamos uma produção de um milhão de garrafas dentro dos próximos 45 dias. O importante é que usaremos água fluidificada na composição do chá. Alguns chamam de água benta. Além disso, estamos fabricando a “Pasta da Concupiscência”, feita das cinzas do capim, destinada a anular os efeitos nocivos dos desejos carnais. Usada sobre os olhos, nos lábios e orelhas, refreia o desejo de ver, falar e ouvir coisas contrárias à vontade de Deus, como, por exemplo, pornografias. A pasta será acondicionada em latinhas de 200 gramas. O início da distribuição dos novos produtos está previsto para o dia quinze de agosto deste ano. O lançamento será em grande estilo. Defronte à nossa sede será plantado um enorme pé de capim santo.

As propriedades espirituais do santo capim santo são as seguintes: assegura prosperidade econômica e afasta energias negativas. Outros objetos ungidos, anteriormente lançados, tinham essas propriedades, mas estão com prazos de validade vencidos. Modo de usar: duas colheres de sopa ao deitar. A validade desse novo produto é por tempo indeterminado. Terminado o estoque, a ovelha se dirigirá a qualquer um dos nossos pontos de distribuição, cumprirá o voto do sacrifício, como explicarei a seguir, e levará os dois litros de chá e o brinde da pasta.

Falei em distribuição, mas há um detalhe muito importante. Sem o seu sacrifício a bênção não funciona. A Máquina de Flutuação de Machados, a MFM, foi adaptada para receber as ofertas e liberar as garrafas de chá. O sacrifício será de cinqüenta reais. Pagou, levou. Sem sacrifício não há bênção, sem bênção não há salvação. Nossos adversários poderão até dizer que todo esse dinheiro virá para o meu bolso. Não é verdade. Gasto muito com a criação dos produtos, com sua divulgação, com matéria-prima, com empregados, etc. O lucro se destina à Casa do Tesouro.

A participação de todos é indispensável. Muitas ovelhas já assimilaram a idéia e deram um nome mais popular para o produto: “O Chá da Bênção”. Gostei. A voz do povo é a voz de Deus. Não fique de fora. Tome posse da sua bênção. O chá é seu. Será a sua porção diária de bênção.

Parte XIX

COMO NASCE UMA HERESIA - IX

A Arca da Prosperidade

 Sabemos que os amuletos do esoterismo ou do ocultismo não produzem qualquer benefício espiritual. Os que tenho lançado, todavia, possuem um ingrediente que os diferencia dos demais: a unção. Os amuletos do paganismo não são ungidos. Os meus são diferentes porque passam necessariamente pelo ritual da unção com óleo importado de Israel. Ora, “o justo viverá da fé”, diz a Bíblia. Portanto, sem fé não há amuleto ungido que funcione.

Antes de apresentar meu novo produto, desejo informar que nos primeiros dias da campanha do “sacrifício do voto e da galinha” recebi milhares de aves. Trinta mil galinhas e frangos são sacrificados em minhas granjas, diariamente. Desejo ajudar muitas pessoas pobres, isto é, vender o produto pelo menor preço do mercado.

Mas agora preciso falar do meu mais novo lançamento: A “Arca da Prosperidade”. A terra estava cheia de violência. Então, Deus mandou Noé construir uma grande “arca de madeira de cipreste”, e lhe disse: “Eu trago o dilúvio sobre a terra, para destruir tudo o que tem vida debaixo dos céus. Mas contigo estabelecerei a minha aliança, e entrarás na arca tu e contigo os teus filhos, a tua mulher e as mulheres de teus filhos”. Recomendou também que na arca fossem colocados os animais, dois de cada espécie. Como sabemos, todos foram salvos do dilúvio que se abateu sobre a terra (Gn 6,7,8 e 9).

Deus quer renovar o pacto com seu povo. A violência de nossos dias supera em muito a dos tempos de Noé. É hora de aceitarmos a provisão de Deus. Vamos todos entrar na Arca da Prosperidade. Este gesto simbólico produzirá benefícios espirituais imensuráveis. Entrar na arca será uma prova de nossa fé. Naquele tempo, as pessoas não deram atenção ao chamado de Deus. Hoje, os que conhecem a verdade, estão prontos a aceitar o convite. Entrar na arca significa afastar de vez as forças negativas. Deus contemplará cada um que tomar essa decisão.

Mandei construir uma arca de madeira cipreste – a mesma usada por Noé - de vinte metros de comprimento por quatro de largura, que será instalada no meio do templo. As ovelhas entrarão na arca, percorrerão toda a sua extensão e sairão pela porta dos fundos. No seu interior, encontrarão um grande gazofilácio, onde serão depositadas as ofertas do sacrifício, e um depósito com água benzida, que poderá ser bebida ou passada no rosto. Trata-se de uma bênção adicional. Para permitir que a fila ande mais depressa, os familiares do ofertante não entrarão na Arca. Mulher e filhos ficam de fora, em espírito de oração. Serão distribuídos gratuitamente aos ofertantes um broche com a figura de uma arca. O Espírito Santo me falou que esse sacrifício deve ser de cem reais. Maior sacrifício experimentou Noé e seus familiares. Alguém me perguntou se os cem reais podem ser dados diretamente aos pobres. Respondi que não, não e não. O sacrifício válido é aquele depositado aos meus pés, aliás, aos pés do Senhor.

A passagem pelo interior da Arca da Prosperidade redundará em vitória diante do inimigo. Será vencido o dilúvio das doenças, da pobreza, dos problemas conjugais. Da mesma forma como Noé e sua família foram vitoriosos, as ovelhas sairão da barca com mais poder, mais força, mais fé. A Arca ficará em exposição no Templo Central durante a primeira quinzena de setembro. Depois disso, a relíquia percorrerá todas as principais capitais do país.

Nota: Este trabalho objetiva enfatizar a facilidade com que as heresias são criadas, e como facilmente são aceitas e assimiladas pelos desavisados. O “pacote” consiste em vender a idéia com aparência de verdade. Primeiro, escolhe-se o amuleto; depois procura-se um versículo bíblico que lhe dê sustentação. O resto é marketing.

Parte XXI

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO

Em função da exposição de meus argumentos contradizendo doutrinas do Espiritismo Cristão, especificamente quanto a Hebreus 9.27-28 (v. Dificuldades do Espiritismo Kardecista - V), o espírita cristão Sr. Rogério André dos Santos, apresentou seu ponto de vista, contrapondo-se à minha posição, como abaixo. Tal debate, veiculado num grupo de discussão, é útil para conhecermos com maior profundidade a doutrina do espiritismo.

AIRTON - É evidente que a morte anunciada (Hb 9.27) não abrange a parte imaterial do homem (o espírito), que é imortal. O argumento de que o versículo se refere ao corpo, que morre só uma vez, não encontra guarida numa mente sã. A morte corporal foi instituída por Deus já no Jardim do Éden, após a queda do primeiro casal: "Comerás o teu pão, até que tornes terra...porquanto és pó e em pó te tornarás" (Gn 3.19). Desnecessário seria afirmar, 70 anos depois de Cristo, que o corpo desce à sepultura. Isto é o óbvio. [Abaixo o assunto é melhor explicado].

ROGÉRIO - O espírito nunca morre. Evidentemente, Paulo negou a ressurreição, conforme acreditam os evangélicos: mortos voltando dos túmulos. E não foi a única vez que ele negou: "Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção; semeia-se em vileza, ressuscitará em glória; semeia-se em fraqueza, ressuscitará em vigor. E semeado o corpo animal, ressuscitará o CORPO ESPIRITUAL. Se há corpo animal, há também o corpo espiritual. (...) Eu vo-los digo, meus irmãos, A CARNE E O SANGUE não PODEM POSSUIR O REINO DE DEUS, nem a corrupção possuirá a incorruptibilidade" (I Epístola aos Coríntios, XV, 42-50).

AIRTON - É óbvio que o espírito nunca morre. Não afirmamos o contrário. Ressurreição é mortos voltando do túmulo. É, como já disse, o reencontro da parte imaterial com a material, do espírito com o corpo. Assim aconteceu com Jesus, o primeiro dentre os mortos a ressuscitar. Reviver para nunca mais morrer. E Paulo não ensina o contrário. Examinando o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Kardec, vê-se que ele na Primeira Carta aos Coríntios só analisou até o capítulo 14. O verso 15, onde de forma clara Paulo discorre sobre ressurreição, não foi objeto de exame. O corpo desce à sepultura em corrupção, mas quando surge na ressurreição, surge um corpo espiritual, não natural, totalmente dominado pelo espírito. Antes da ressurreição, um corpo terrestre (1 Co 15.40), corruptível (v.42), fraco (v.43). mortal (v.53) e natural (v.44). Depois da ressurreição: celestial, incorruptível, poderoso, imortal, sobrenatural. Daí porque ele, Paulo, afirmar que "carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus"(v.50). Daí porque se faz necessária a transformação: "...os mortos ressuscitarão incorruptíveis"(v.52), o "que é corruptível se revista de incorruptibilidade"(v.53). Até os vivos, no arrebatamento, passarão por essa transformação (v.51,52; 1 Ts 4.17).

AIRTON - "Vindo, depois disso, o juízo" (Hb 9.27). Ora, o corpo sepultado não será julgado, isoladamente. Deus não julga o pó; julga o homem. Daí o enunciado referir-se ao homem.

ROGÉRIO - Depois da morte, somos (o espírito) julgados. E não há como retornar àquele mesmo corpo para consertar as besteiras que fez.

AIRTON - Seremos julgados? Como se processará esse julgamento segundo a visão do espiritismo cristão? Não há como retornar ao corpo? Mas onde está escrito? Quem falou? A Bíblia diz que quem morre sem Cristo ressuscitará no dia do Juízo. (Ap 20.5). Entre a morte e a ressurreição ficará em tormentos (Lc 16.19-31). Diz que quem morre em Cristo não será julgado; ficará num lugar de paz, e aguardará a ressurreição quando do arrebatamento da Igreja, na volta de Jesus. (1 Ts 4.16-17; Jo 3.18)

Segundo os "espíritos" de Kardec, Juízo é algo inexistente ou indefinido. Vejam a questão 331 e 332 do Livro dos Espíritos: Pergunta: "Todos os Espíritos se preocupam com sua reencarnação? Resposta: Alguns há que não se preocupam absolutamente, pois nem mesmo a compreendem. Isto depende de sua natureza mais ou menos adiantada. Para alguns a incerteza do futuro constitui uma punição". Pergunta: "Pode o Espírito abreviar ou retardar o momento de reencarnar-se? Resposta: Pode abreviá-lo, chamando-o por seus votos; também pode retardá-lo recuando ante a prova, pois entre os Espíritos há os covardes e indiferentes. Não o faz, entretanto, impunemente: sofre com isso, assim como alguém que recusa o remédio salutar que poderá curá-lo".

É o tipo da situação em que ninguém manda em ninguém. Se a prova é difícil, o desencarnado recua. Está claro que se a prova é boa, ele aceita imediatamente. Hitler gostaria muito de voltar a ser comandante de uma poderosa nação, com um grande exército, com um arsenal atômico à sua disposição. Mas ser agricultor no sertão do Ceará, nem pensar. E onde estaria Deus? Bom, Deus ficaria de braços cruzados aguardando a boa vontade dos espíritos.

ROGÉRIO - Não foi dito ali em cima que o espírito não fica impune ???

AIRTON - Quem diz que o espírito pode recusar ou adiar a prova é o espiritismo. A Bíblia ensina que a condenação ocorrerá depois da ressurreição, isto é, da volta do espírito ao seu corpo de origem, tal qual aconteceu com Jesus. Exemplo disso foi dado logo após a morte de Jesus na cruz. Apenas uma amostra, porque aqueles mortos que ressurgiram voltaram a morrer (Mt 27.52).

AIRTON - "Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez..." (Hb 9.28). Note-se a similaridade de nossa morte única com a de Cristo, que, encarnado, viveu como homem, e morreu uma vez somente.

ROGÉRIO - SE OFERECEU uma vez somente, seu sacrifício foi único e não sua vida. Não deturpe, por favor.

AIRTON - Ofereceu-se significa que Ele morreu na cruz, morreu de morte morrida (desculpem-me pela redundância). Não entendi nesse ponto a refutação. A idéia ficou confusa. Como homem, Jesus ofereceu sua vida, seu corpo, isto é, Ele morreu na cruz por nossos pecados, para que todo aquele que nEle crê não morra em seus pecados, mas alcance a vida eterna (Jo 3.16). No E.S.E., Kardec não quis examinar Jo 3.16. Do capítulo 3 ele examinou os versos de 1 a 12. Chegou muito perto. Ademais, por que razão Jesus se ofereceu? Como o espiritismo vê isso? Para que um Bom Espírito encarna, vive entre os homens, ensina uma elevada moral aos homens (tudo segundo a ótica espírita) e deixa-se morrer numa cruz? A Bíblia diz que morreu por nossos pecados. Mas onde entra o pecado no espiritismo? Qual o benefício que os desencarnados de Kardec tirariam do sacrifício de Jesus, se esses desencarnados, com Jesus ou sem Jesus, terão que sofrer inúmeras provas, em sucessivas reencarnações para alcançarem a perfeição?

AIRTON - Para o espiritismo, Jesus é um Bom Espírito que alcançou elevado grau de perfeição, tendo reencarnado para ensinar aos homens uma elevada moral. Em nenhum momento, todavia, Jesus falou de suas vidas passadas. Ele, o Filho, a Segunda pessoa da Trindade, teve apenas uma vida corpórea, e essa vida Ele ofereceu por nós (Jo 3.16).

ROGÉRIO - - Não falou, mas também não falou que encarnou uma vez só. Disse sobre João Batista, que este era Elias.

AIRTON - Ora, se Rivail soube que fora uma reencarnação de Allan Kardec, quanto mais Jesus não saberia. Ele poderia muito bem contar aos seus discípulos todas as suas encarnações, desde o princípio. Seria útil para consolidar o espiritismo, que, segundo a visão kardecista, seria o Consolador prometido. Não desejo sair desfocar o assunto Hebreus 9.27-28. Mas, de passagem e porque o assunto foi abordado: se Hyppolyte Léon Denizart Rivail soube que fora Allan Kardec, numa vida passada, quanto mais não saberia João Batista se fora ou não Elias. Mas, perguntado sobre isso, ele disse: Não sou.

AIRTON - "Aparecerá segunda vez" (Hb 9.28).

Não encontrei no Livro dos Espíritos ou no Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, qualquer referência à volta de Jesus, como dito em 1 Tessalonicenses 4.16-17, Mateus 24.30-31, Atos 1.11, 2 Tessalonicenses 1.7, 1 Coríntios 15.23,52, Apocalipse 22.20. Mais trabalho para os espíritas "cristãos". Como afirma o kardecismo, Jesus foi a Segunda Revelação de Deus, e o espiritismo, a Terceira e última (E.S.E., cap. I, item 6). Pergunta-se: o que viria fazer na Terra uma Revelação já substituída, que já cumpriu sua missão? Jesus não retornaria? A Palavra é mentirosa? Então os demais livros e versículos analisados por Kardec no seu livro são verdadeiros? O que é verdade, o que é mentira na Bíblia? Kardec responde: "No cristianismo encontram-se todas as verdades. São de origem humana os erros que nele se enraizaram" (E.S.E, cap. VI, item 5). Os erros seriam de interpretação? Então, cabe aos seguidores de Kardec esclarecer.

ROGÉRIO - Sua volta não será em carne, nem mesmo em espírito - pois sempre está conosco. Será com a aceitação do Evangelho em todo o mundo. Veja detalhes em minha HP.

AIRTON - Se Ele não voltará em carne nem em Espírito, então não voltará. Se o espiritismo cristão julga que Ele não voltará para uma missão determinada (para arrebatar sua Igreja, para julgar, para reinar), então cabe ao espiritismo cristão explicar as passagens bíblicas sobre Sua volta e dar a devida interpretação. Jesus está conosco? Está em nosso meio como estão todos os espíritos, segundo a visão espírita? Está conosco fazendo o quê? Mas Ele falou que iria e mandaria outro Consolador, este sim ficaria conosco; e este Consolador prometido Kardec interpretou como sendo o espiritismo, embora não se saiba onde ele foi buscar essa absurda idéia.

ROGÉRIO - Então, entenda que Paulo só podia estar falando do CORPO, que morre uma vez só, não se recompõe.

AIRTON - Paulo afirma que o que é corruptível se reveste de incorruptibilidade (1 Co 15). O corpo fraco e mortal reveste-se de poder e imortalidade. O mesmo espírito une-se ao corpo original. Tal qual aconteceu com Jesus. E a aparência é a mesma do primeiro corpo (veja-se Moisés e Elias na Transfiguração de Jesus). Morre uma vez porque após a ressurreição nunca mais morrerá. Hebreus 9.27 diz exatamente que após a morte o homem ficará aguardando julgamento.

ROGÉRIO - Elias e Moisés eram espíritos que foram vistos materializados. Eram espíritos, sumiram e tornaram a desaparecer. Os apóstolos estavam cheios de sono, pois eram médiuns de efeitos físicos e cediam energia para o fenômeno. Jesus também apareceu como espírito, pois entrou em lugares fechados, entre outras coisas que a narrativa demonstra serem características de uma materialização. E uma materialização que não era total quando Jesus surgiu a Maria Madalena, pois não deixou que ela o tocasse. A materialização, o perispírito, são coisas estudadas, coisas que sabemos que existe. Mas se alguns preferem acreditar em mortos levantando dos túmulos com corpos de características espetaculares.

AIRTON - Ali foram vistos Elias e Moisés. Deus chama os espíritos pelo nome. Os espíritos, ao contrário do que afirma o kardecismo, só encarnam uma única vez, e seus corpos descem ao pó uma única vez. (Hb 9.27). Daí serem conhecidos por seus nomes originais. Do contrário, Moisés não seria Moisés, mas seria, por exemplo, Pedro, João, Maria, Francisco, Josefa. Elias não seria Elias, mas seria João Batista, Raimunda, Antonia, Godofredo. Por obra da vontade de Deus eles apareceram ali da mesma forma como Deus nos verá na ressurreição. A afirmação de que os apóstolos ali presentes eram "médiuns de efeitos físicos que cediam energia para o fenômeno" parece-me estapafúrdia. Jesus, um Espírito bastante elevado, a Segunda Revelação de Deus -segundo Kardec - ainda assim precisaria da energia dos pobres mortais Pedro, Tiago e João? Se o rei Saul foi morto porque freqüentou uma sessão espírita, Deus permitiria tal ocorrência? Vejam: "Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade ao Senhor; não guardou a palavra do Senhor, e até CONSULTOU UMA ADIVINHADORA"; e não buscou ao Senhor. Pelo que Ele o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé" (1 Sm 27.7; 1 Cr 10.13-14). Jesus apareceu num corpo ressurreto, diferente do corpo anterior; um corpo poderoso e glorioso, não mais sujeito à morte. É assim que ensina a Bíblia e o cristianismo (1 Ts 4.16-17; 1 Co 15.42,43,44,51,52-54). O que vale é o que a Palavra diz porque é a Verdade. A palavra do espiritismo cristão ou kardecista baseia-se na palavra dos "desencarnados", nos quais, segundo Kardec, não se pode confiar. A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS é doutrina do cristianismo, e Jesus foi o primeiro: "MAS DE FATO CRISTO RESSURGIU DENTRE OS MORTOS, E FOI FEITO AS PRIMÍCIAS DOS QUE DORMEM" (1 Co 15.20). Desculpem-me pelo óbvio, mas ressurgir dentre os mortos é ressurgiu dentre os mortos. E o corpo não ressurge sozinho. Ressurge com o seu espírito original. Está escrito em bom português.

AIRTON - A Bíblia ensina que o decreto condenatório, a sentença final ocorrerá depois da ressurreição, isto é, da volta do espírito ao seu corpo de origem, tal qual aconteceu com Jesus. Exemplo disso foi dado logo após a morte de Jesus na cruz. Apenas uma amostra, porque aqueles mortos que ressurgiram voltaram a morrer (Mt 27.52).

ROGÉRIO -Voltaram a morrer ? Ué, mas para vc não se morre uma vez só ?

AIRTON - Esta é uma boa oportunidade para que as dúvidas sejam dirimidas. Há dois tipos de ressurreição:

1) Ressurreição do corpo que estava morto, ou restauração da vida, mas que voltará a morrer. É uma volta do corpo à vida terrena, como aconteceu com Lázaro, que morreu, ressuscitou, morreu, e agora aguarda a ressurreição no Juízo. Outros exemplos iguais ao de Lázaro: o filho da viúva de Serepta (1 Rs 17.19-22); o filho da sunamita (2 Rs 4.32-35); o defunto na cova de Eliseu (2 Rs 13.21); a filha de Jairo (Mc 5.21-23, 35-43); o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17), Dorcas (Atos 9.36-43), Êutico (Atos 20.9).

2) Ressurreição plena, final, não mais para retornar à vida terrestre, mas para possuir o mesmo corpo, porém adaptado ao mundo espiritual, como já reportado acima. Nesta ressurreição inclui-se a de Jesus. Veja: Cristo devia padecer e, SENDO O PRIMEIRO A RESSUSCITAR DOS MORTOS..." (Atos 26.23).

ROGÉRIO - Sim, e a este corpo nós espíritas chamamos de PERISPÍRITO, que já foi pesquisado por vários cientistas. Não é o mesmo corpo que desce a sepultura.

AIRTON - A Bíblia não fala em perispírito. [Jesus ressurreto disse aos apóstolos: "Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um ESPÍRITO não tem carne nem ossos, como verdes que eu tenho].

ROGÉRIO - Como eu disse, há analogia total entre os fatos citados e os fatos espíritas. Não vejo razão para crer em mortos saindo dos túmulos com corpos com características espirituais.

AIRTON - O espiritismo cristão não vê, mas o cristianismo vê, consoante a Palavra de Deus. Veja 2 Coríntios 4.4. Ademais, Paulo fala de revestimento de imortalidade. Logo, longe está de tratar-se de perispírito que por natureza seria imortal.

ROGÉRIO - O perispírito, sim. Mas ele conserva a nossa última aparência.

AIRTON - Pensamento truncado. A ressurreição não pode ser do perispírito porque perispírito não morre nem se reveste de imortalidade. Acredito que o que o espiritismo cristão chama de perispírito, o cristianismo chama de corpo transformado, glorioso, ressurreto. O perispírito subiria e o corpo ficaria na terra. Mas, e no caso de Jesus? Onde está Seu corpo? Ele ressuscitou realmente e disso as Escrituras dão testemunho. Ele próprio afirmou mais de uma vez que ressuscitaria.

ROGÉRIO - As pessoas não tinham condições de entender que Jesus veio trazer verdades espirituais, não materiais. A idéia de mortos vivendo com seu próprio corpo é por demais materialista. Eu não sei onde está seu corpo. Mas o fato dele ter sumido nada prova. Como não compreenderiam que a ressurreição é espiritual, poderiam ter sumido com o corpo para o bem de todos. Futuramente, tudo seria esclarecido.

Mais do que evidente que Jesus na verdade foi contra o MATERIALISMO aqui, Segundo Ele, a vida espiritual é a verdadeira vida, pois a vida terrena e transitória e passageira, espécie de morte, se a compararmos ao esplendor e atividade da vida espiritual. O povo daquela época estava dominado pelo materialismo. Jesus veio trazer as verdades espirituais. "E quando chegaram a Mísia, intentavam ir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu" (Atos 16:6,7).

AIRTON - Essas considerações nada trazem de novo. É claro que todos viveremos, no futuro, no mundo espiritual. Mas se considerarmos o corpo como materialismo, nenhuma doutrina é mais materialista do que a do espiritismo cristão. Haja vista a premente necessidade que os desencarnados terem novos corpos, para alcançarem a perfeição. A maior dificuldade do espiritismo cristão, segundo meu entendimento, é buscar sustentação na Bíblia; é usar o nome cristão; é desejar viver à sombra do cristianismo. Sem essa tentativa de simbiose, de entrelaçamento, de sincretismo, o espiritismo seria muito mais autêntico. [Nota: Quanto ao corpo de Jesus, já se passaram dois mil anos e ninguém o encontrou. O sepulcro de Jesus ficou sob vigilância em tempo integral].

AIRTON - Seremos julgados? Como se processará esse julgamento segundo a visão do espiritismo cristão?

ROGÉRIO - Pelas obras e não pela crença de cada um, como Jesus mesmo descreveu.

AIRTON - A Bíblia diz: "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é Dom de Deus - NÃO DAS OBRAS, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8-9).

ROGÉRIO - Paulo diz: "Não vem de obras, para que ninguém se GLORIE". Sim, é necessário praticar o bem sem interesses, por amor e não por vaidade, pois HUMILDADE é boa obra. Ao dizer que ninguém se salvaria pelas obras da lei, Paulo estava querendo demonstrar que de nada adiantava a escravidão as formulas e ordenações sem a fé. A lei, por si mesma, não salva e não salvava ninguém, apenas prescrevia o que é certo e o que é errado, o que se deve e o que não se deve fazer. A seu ver, estavam justificados os gentios que cumpriam naturalmente a lei, sem que para isso estivessem sujeitas a ela como os judeus (Romanos 2:12 e seguintes). Ele advertia os cumpridores hipócritas dos preceitos biblicos. Alias, é justamente isso o que ele faz em Romanos, 2:17-23:

"Mas se tu, que te dizes judeu e descansas na lei; que te glorias em Deus; que conheces sua vontade; que discernes o melhor, segundo a lei e te jactas de ser guia de cegos, luz aos que andam nas trevas, educador de ignorantes, mestre de crianças, porque possuis na lei a expressão mesma da ciência e da verdade... Pois bem, tu que instruis os outros, a ti mesmo não instruis! Pregas: não roubar! E roubas! Proíbe o adultério e adulteras. Aborreces os ídolos e saqueias os templos. Tu que te glorias na lei, transgredindo-a, desonra a Deus".

O próprio Paulo afirmou em Romanos 2:6: "(Deus) dará a cada um segundo as suas obras". Paulo também escreveu: "Importa que compareçamos perante o tribunal do Cristo, a fim de que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito enquanto no corpo" (2.Cor.5:10) E Paulo escreveu ainda o mais belo texto que se conhece sobre o poder e a glória da caridade, que ocupa todo o capitulo 13 da Primeira Epistola aos Corintios.

AIRTON - "Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus PARA AS BOAS OBRAS, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.8-10). Nossas boas obras são decorrentes da nossa situação de justos.

ROGÉRIO - É mesmo ? Quer dizer que basta crer que Jesus é Deus para sair fazendo boas obras? Então, porque isso não ocorre no mundo cristão, nem entre os evangélicos que, me desculpem, são altamente intolerantes. Sei até de pessoas que não conseguiram emprego porque não eram evangélicos e o empregador preferir colocar uma pessoa com menos capacidade só porque era evangélica; Por que só uns poucos, talvez os de espírito mais evoluído, permanecem realmente regenerados? A maioria ostenta um cristianismo de fachada, persistindo com os mesmos sentimentos íntimos de 'homem velho': egoísmo, desamor, intolerância, racismo, ausência de empatia e de fraternidade. Mesmo admitindo que os indivíduos se transformem, que efeitos tem produzido o Evangelho nos grupos sociais que se intitulam cristãos, tanto católicos como protestantes? Acaso o mundo foi transformado, após quase dois mil anos de catequese? Reinam paz e harmonia entre os povos cristãos? Foi implantado nos corações o ideal da solidariedade humana? Ou continuam os homens a digladiar-se, não raro trucidando os adversários em nome do próprio Cristo, como ocorreu nas 'Cruzadas', nos tribunais da 'Santa Inquisição', no massacre dos camponeses alemães (com o apoio do próprio Lutero), na matança dos huguenotes e nas lutas fratricidas dos nossos dias entre os cristãos irlandeses? Observe-se que o próprio Jesus preveniu: 'Pelos frutos os conhecereis'... (Mat 7:16)

AIRTON - Tudo isso soa como uma meia verdade. As obras, embora necessárias, não salvam, se não acompanhadas na fé no Senhor e Salvador Jesus. É preciso crer que Ele foi o Verbo que desceu do céu e tomou a forma de homem; ressuscitou dos mortos e voltará para arrebatar a sua Igreja e julgar os povos. O espiritismo faz obras, mas não para glória do Senhor Jesus nem em decorrência da fé nEle. Reinará paz e harmonia com o espiritismo? O mundo está conturbado e a culpa não é do cristianismo. É dos homens que não dão ouvidos ao Seu evangelho.

ROGÉRIO - Espiritismo ensina a fazer o bem por amor ao próximo, algo que nada mais é que uma obrigação, e não esperando recompensas de Jesus, salvação, vida eterna. Isso virá depois, quando realmente merecermos, quando formos perfeitos, mas estamos todos longe disso.

AIRTON - O cristianismo ensina que não podemos comprar a salvação (doutrina contrária ao ensino do espiritismo) com boas obras. Seríamos deuses e viveríamos independentes da graça de Deus. Fosse assim o movimento espírita chamado Legião da Boa Vontade estaria no rumo certo. Porém, esse movimento ensina que podemos ser amigos de Satanás, amar a Satanás. Veja um trecho do "Poema do irmão Satanás", de Alziro Elias Davi Abraão Zarur, que se considerava a reencarnação de Allan Kardec. : "Amigos meus, oremos por Satã/Amemo-lo de todo o coração/E respondamos sempre com o perdão/Aos males que nos faça, hoje e amanhã/E, um dia, todos nós iremos ver/Satanás redimido, a trabalhar/Por aqueles que veio tresmalhar/Dos rebanhos do Cristo, a reviver/Por mim, com honra, eu amo Satanás/Meu pobre irmão perdido nos infernos/Com este amor dos sentimentos ternos/Pra que ele, também receba paz". Ora, a Bíblia diz que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. Zarur certamente fará companhia de seu prezado amigo. Como temos visto, cristianismo e espiritismo não ensinam a mesma coisa, como declarou Allan Kardec. A Bíblia ensina que o diabo deseja tragar o homem, e que a melhor maneira de oferecermos resistência a ele é sermos obedientes a Deus (Tg 4.7; 1 Pe 5.8). Jesus disse que o diabo só deseja matar, roubar e destruir (Jo 10.10). A recompensa não virá depois "quando formos perfeitos". O resultado de nossa vida com Cristo ou sem Cristo dar-se-á logo após a morte (Lc 16.19-31, o Rico e Lázaro). Morremos uma vez somente, e após a morte segue-se o juízo (Hb 9.27). Veja: "Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus O RESSUSCITOU DENTRE OS MORTOS, serás salvo" (Rm 10.9). "Sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11.6).

ROGÉRIO- O samaritano da parábola acreditava na ressurreição de Jesus ? Não, e Jesus o colocou como exemplo a seguir para alcançarmos a VIDA ETERNA, pois aquele samaritano amava seu próximo mais do que o sacerdote, que achava que bastava decorar textos bíblicos. E samaritanos eram tidos como hereges. Por que Jesus colocou um samaritano como exemplo ? Não estava o Cristo lançando solene admoestação ao preconceito? Não estava o Mestre Amigo dizendo que a Justiça do Pai não incide sobre ritos e dogmas, mas sobre relações da humanidade? Afinal, resumiu o Senhor toda a lei e os profetas a quê? Vejamos: "(...) tudo que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles; esta é a lei e os profetas" (Mateus 16:27). Logo, quanto aos critérios do Pai do Céu, no exercício de sua Justiça, nada falou o Mestre a respeito de rótulos ou ritos, apenas de atitudes, de relações de humanidade.

AIRTON - "Resumiu o Senhor": Jesus é Senhor? Mais adiante explicarei a parábola do samaritano. As obras, isoladamente, ainda que sejam boas, não salvam. Os ditadores, os assassinos, de vez em quando praticam alguma boa obra.

ROGÉRIO - Se são ditadores, se são assassinos, não tem boas obras e na verdade são hipócritas. Espiritismo ensina reforma íntima do homem e da Humanidade, e não o bem com interesses. Nos chama para o trabalho, pois os espíritos de luz trabalham na obra do Pai, não vivem em ocioso paraíso.

AIRTON - Também se estão contra a Palavra; se consultam médiuns e feiticeiros; se consultam os mortos, da mesma forma não podem produzir boas obras. Para que as obras sejam decorrentes da fé, precisa o homem arrepender-se (Lc 5.32; At 2.38), deixar o pecado (Pv 28.13), aceitar o senhorio de Jesus, crer na Sua morte e ressurreição (Rm 10.9), e permanecer na fé (Jo 15.4). Enfim, somos salvos para as boas obras; não somos salvos pelas boas obras. A exemplo da LBV, muitos estão contra a Palavra, são amigos do diabo, têm negócio com o diabo (iguais aos satanistas declarados) e ensinam que o homem e satanás podem ser amigos. As obras desses garantem-lhes salvação?

ROGÉRIO - Paulo mesmo, ao dizer que o homem (carne) morre uma vez só, a ressurreição não é material e sim espiritual.

AIRTON - Ressurreição espiritual? O espírito se revestindo de imortalidade? Isso não ocorre nem no conceito da reencarnação, em que o espírito continua o mesmo e muitos corpos são mortos para que haja sucessivos progressos rumo aos "mundos ditosos". Seria o espírito retornando à vida corpórea várias vezes? Então seria re-re-ressurreição. É aquele caso do renascer de novo de novo de que falou Kardec, objeto de futura análise. Ora a Bíblia fala em ressurgir dos mortos. Os espíritos não ressurgem dos mortos.

ROGÉRIO - A nossa última aparência na Terra está no nosso perispírito, conforme eu disse. Claro que também o espírito pode se manifestar com a aparência de uma vida anterior, como o espírito que fora João Batista na última encarnação, surgiu como Elias.

AIRTON - Eis uma declaração vacilante. Não sei se o representante do espiritismo fala em nome de todos os espíritas. Mas tal exceção é uma novidade para mim. A questão 150, do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, assim afirma: Pergunta: "Como constata a alma a sua individualidade, se não tem mais o corpo material? Resposta: Tem ainda um fluído que lhe é próprio, colhido na atmosfera de seu planeta e QUE REPRESENTA A APARÊNCIA DE SUA ÚLTIMA ENCARNAÇÃO: SEU PERISPÍRITO". Logo, o chamado perispírito conserva a aparência do último corpo no qual houve a reencarnação, conforme Kardec. Esse novo argumento não seria para justificar a aparição de Elias (em vez de João Batista, sua última encarnação) na Transfiguração do Senhor Jesus?

ROGÉRIO - Mas é um símbolo isso [ressurreição de Jesus].

AIRTON - Há realmente simbologia na Bíblia, mas Jesus ressurgiu dos mortos e em nenhuma hipótese podemos chamar isso de símbolo.

ROGÉRIO - Ressurgiu materializado, provando a sobrevivência da alma.

AIRTON - E a Bíblia diz que de igual modo os mortos em Cristo ressurgirão. É claro que a alma sobrevive porque imortal.

ROGÉRIO - Morto em Cristo não é simplesmente aquele que morre o idolatrando como Deus. Não basta dizer "Senhor, Senhor", tem que pôr seus ensinos em prática. Quem pratica não vai mais sair da vida espiritual pra reencarnar e a vida espiritual, que é a verdadeira vida, será eterna.

AIRTON - Por esta e outras o espiritismo não pode ser considerado cristão, porque não está afim com as doutrinas básicas do cristianismo. O Senhor Jesus não é idolatrado. Ele é adorado porque Ele é Deus, e Deus deve ser amado e adorado sobre todas as coisas. Assim diz a Palavra.

ROGÉRIO - Se vcs estão a fim, por favor explique a parábola do bom samaritano.

AIRTON - Claro que estamos afins, afinados, vinculados, acordes com a Palavra. Nessa parábola Jesus nos revela como, na prática, devemos amar o próximo. Primeiro, amar a Deus sobre todas as coisas (aí incluído o Senhor Jesus na qualidade de Deus). Segundo, amar ao próximo como a nós mesmos. O sacerdote e o levita, supostamente tementes a Deus, não colocaram em prática esse amor. Fé e obediência a Cristo, e boas obras, são coisas intrínsecas. Ser cristão, mas ser insensível à dor do necessitado, é não ter a certeza de que tem o Espírito Santo. Todavia, Jesus não afirma nessa parábola que a fé é dispensável. Ainda que não haja tempo suficiente na vida para fazer sequer uma boa obra, a fé no Senhor Jesus, na redenção que há no Seu sangue, poderá nos garantir a salvação, a exemplo do ladrão na cruz. Que boa obra ele fez, mesmo após invocar o nome de Jesus? Nem antes nem depois de clamar misericórdia praticou qualquer boa obra. Mas recebeu ali mesmo na cruz o perdão de seus pecados e a promessa de vida eterna, em razão de sua fé salvífica, a fé no Senhor Jesus. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso"(Lc 23.39-43). Nossa salvação se fundamenta na morte sacrificial de Cristo e no Seu sangue derramado no Calvário, "pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.23-24).

AIRTON - O assunto nessa história [a do Rico e Lázaro] não é a ressurreição, mas note-se que o RICO estava desesperado, sem esperança nenhuma de alcançar os "mundos ditosos" do espiritismo.

ROGÉRIO - Explique o "mundos ditosos do Espiritismo".

AIRTON - Pois não. No seu livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III, item 4, Allan Kardec afirma existir vários mundos, classificados "segundo o estado em que se acham e da destinação que trazem": mundos primitivos; de expiação e provas (a Terra); de regeneração; MUNDOS DITOSOS, onde o bem sobrepuja o mal; mundos celestes ou divinos. Nota: Excluímos os argumentos e refutações sobre a passagem do Rico e Lázaro, porque merece ser discutida à parte.

AIRTON - Pois é, todas as bíblias dizem da necessidade de CRER, e crer significa colocar confiança pessoal no ato redentor de Cristo Jesus.

ROGÉRIO - O que é crer em Jesus pra você ? Para nós, é acolher no coração os seus ensinos e passar a viver de acordo com os seus preceitos. E o que foi, realmente, que Ele ensinou? Quais os preceitos que ministrou? Ensinou a amar até mesmo nossos inimigos, a perdoar e esquecer as ofensas, a extirpar do coração o egoísmo e o orgulho, a fazer aos outros o que queremos que eles nos façam, a sempre retribuir o mal com o bem, a socorrer os irmãos em suas necessidades sem visar a qualquer recompensa, a compreender, servir, perdoar indefinidamente...

AIRTON - Uma meia verdade. É claro que a fé e a obediência devem andar juntas. Jesus disse: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama"(Jo 14.21). Porém, a Bíblia explica que devemos crer na Sua morte e ressurreição (Rm 10.9); que devemos crer que Jesus é o próprio Deus que desceu do céu para consumar Seu plano de salvação (Jo 3.16); que Ele morreu e ressurgiu, e os que morreram nessa fé também ressurgirão (1 Ts 4.14). [Nota: Precisamos crer como creu Tomé, que declarou: "Senhor meu e Deus meu" (Jo 20.28). Estes sinais miraculosos "foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20.31)]. Do contrário, como quer o espiritismo, não precisaria Deus assumir a forma humana e morrer numa cruz. Bastaria mandar um recado por algum profeta, para que andássemos em boas obras. Estaríamos salvos por nossos próprios esforços, independentemente do sangue derramado na cruz. O espiritismo cristão pode pensar assim. O cristianismo, não. É por essas e outras que o termo Espiritismo Cristão é inadequado.

ROGÉRIO - Tanto "crer" significa praticar seus ensinos, que assim está descrito o julgamento na Bíblia:

31 Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; 32 e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; 33 e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda. 34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; 35 porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes; 36 estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me. 37 Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? 38 Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos? 39 Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te? 40 E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes. 41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos; 42 porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; 43 era forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não me vestistes; enfermo, e na prisão, e não me visitastes. 44 Então também estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? 45 Ao que lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim. 46 E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna. Está também escrito que cada um receberá segundo suas obras.

AIRTON - Esse ensino (Mateus 25.31-46) assemelha-se ao do samaritano, cujas considerações já expusemos acima. Referida palavra, isoladamente, não estabelece, não equaciona a doutrina da salvação. Bom lembrar que a Bíblia não se divide numa parte mentirosa e outra verdadeira. Ela constitui um todo indivisível. Analisando bem, o texto em pauta, muito apreciado pelos espíritas, depõe em alguns aspectos contra a crença espírita. Vejamos. No verso 31 temos: "Quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória". Ora, vemos aí duas declarações contrárias ao ensino kardecista: a) a volta do Senhor Jesus para fazer justiça; b) a declaração de Sua divindade. O espiritismo nega a divindade de Jesus, e nada ensina sobre o Juízo Final, único, de uma só vez. Por que um Bom Espírito, uma Segunda Revelação de Deus, ultrapassada, vencida, substituída pelo espiritismo - tudo conforme o pensamento esdrúxulo de Kardec - voltaria à Terra em glória, para julgar? A Palavra diz que todo joelho se dobrará diante de Jesus. Então, o que faz a diferença entre os bons espíritos, que já se aperfeiçoaram, e esse Bom Espírito chamado Jesus, que também passou por encarnações, como admite o espiritismo? Por qual razão no verso 34 Jesus é chamado de Rei? No verso 41 Jesus declara que o fogo eterno foi preparado para o diabo e seus anjos. Ora, para o espiritismo não existe fogo eterno, nem diabo. Agora existem? As sucessivas reencarnações purificam os desencarnados. Esse é o caminho da perfeição, conforme pensam os espíritas. E como pode admitir o espiritismo que o Rei voltará para julgar todo mundo de uma só vez e mandar uma boa parte para o fogo eterno? Dificuldades à vista.

AIRTON - Ofereceu-se significa que Ele morreu na cruz, morreu de morte morrida (desculpem-me pela redundância). Não entendi nesse ponto a refutação.

ROGÉRIO - Ofereceu-se, significa que ele se sacrificou por nós. Evidentemente, foi uma vez só.

AIRTON - Foi o que afirmei. Seu sacrifício POR NÓS foi único. Corretíssimo. Sua morte na qualidade de homem foi única. Mas faltou mais alguma coisa: morreu por nós, "para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).

ROGÉRIO - Mas você colocou isso como prova de que só se vive uma vez. Jesus viveu muitas vezes (na Terra, uma vez só), mas o sacrifício ocorreu uma só vez. Nós, espíritas, entendemos que Jesus veio ao mundo para ensinar aos homens a lição do amor (João 13:34) e que a sua morte, predita por vários profetas, resultou da inadequação da Humanidade para assimilar suas extraordinárias mensagens.

AIRTON - Quem diz que morremos apenas uma vez é a Bíblia (Hb 9.27). Quanto a Jesus haver vivido muitas vidas, como diz, é crença espírita. Não faz parte do ensino do cristianismo. Daí porque Kardec faltou com a verdade quando disse que cristianismo e espiritismo ensinam a mesma coisa. "Sua morte resultou na inadequação da Humanidade para assimilar suas mensagens"? Difícil de entender. Ora, foi dito acima que ele morreu por nós! E a Bíblia diz que a Sua morte e ressurreição fizeram e faz parte do plano divino para redenção nossa. Ele veio, sofreu, morreu e ressuscitou para que todo aquele que nEle crê, bem como na Sua morte e ressurreição, seja salvo, a exemplo do ladrão na cruz, já mencionado. (Jo 3.16). Mais: Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).

Parte XXII

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO II

Examinando o último debate, verifiquei que faltavam algumas respostas por parte do espírita cristão. Atendendo ao meu pedido, o Sr. Rogério encaminhou os argumentos que faltavam. (Pr Airton Evangelista da Costa)

AIRTON - Esse ensino (Mateus 25.31-46) assemelha-se ao do samaritano, cujas considerações já expusemos acima. Referida palavra, isoladamente, não estabelece, não equaciona a doutrina da salvação. Bom lembrar que a Bíblia não se divide numa parte mentirosa e outra verdadeira. Ela constitui um todo indivisível. Analisando bem, o texto em pauta, muito apreciado pelos espíritas, depõe em alguns aspectos contra a crença espírita. Vejamos. No verso 31 temos: "Quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória". Ora, vemos aí duas declarações contrárias ao ensino kardecista: a) a volta do Senhor Jesus para fazer justiça; b) a declaração de Sua divindade. O espiritismo nega a divindade de Jesus, e nada ensina sobre o Juízo Final, único, de uma só vez. Por que um Bom Espírito, uma Segunda Revelação de Deus, ultrapassada, vencida, substituída pelo espiritismo tudo conforme o pensamento esdrúxulo de Kardec voltaria à Terra em glória, para julgar? A Palavra diz que todo joelho se dobrará diante de Jesus. Então, o que faz a diferença entre os bons espíritos, que já se aperfeiçoaram, e esse Bom Espírito chamado Jesus, que também passou por encarnações, como admite o espiritismo? Por qual razão no verso 34 Jesus é chamado de Rei? No verso 41 Jesus declara que o fogo eterno foi preparado para o diabo e seus anjos. Ora, para o espiritismo não existe fogo eterno, nem diabo. Agora existem? As sucessivas reencarnações purificam os desencarnados. Esse é o caminho da perfeição, conforme pensam os espíritas. E como pode admitir o espiritismo que o Rei voltará para julgar todo mundo de uma só vez e mandar uma boa parte para o fogo eterno? [A pergunta baseia-se nos seguintes pontos essenciais, a serem analisados sob a ótica do espiritismo: a) Por que Jesus virá em glória (v.31); b) Por que todas as nações se reunirão em torno dEle (v.32); c) por que Ele é chamado de Rei (v.34,40); por que Jesus é chamado de Senhor (v.37,44); por que os condenados irão para o fogo eterno sem chance de purificação (v.41)

AIRTON - No verso 41 Jesus declara que o fogo eterno foi preparado para o diabo e seus anjos. Ora, para o espiritismo não existe fogo eterno, nem diabo. Agora existem? As sucessivas reencarnações purificam os desencarnados. Esse é o caminho da perfeição, conforme pensam os espíritas. E como admite o espiritismo a vinda do Rei vem julgar todo mundo de uma só vez e mandar uma boa parte para o fogo eterno? Dificuldades à vista.

ROGÉRIO - Tantas vezes usamos eterno em sentido figurado, significando um tempo em que não se conhece o termo.

AIRTON - ?

AIRTON - A declaração de Sua divindade. [está patente no texto sob comento] O espiritismo nega a divindade de Jesus, e nada ensina sobre o Juízo Final, único, de uma só vez.

ROGÉRIO - Mas o texto, as palavras de Jesus, nem falam em "Juízo Final".

AIRTON - ?

AIRTON - Por que um Bom Espírito, uma Segunda Revelação de Deus, ultrapassada, vencida, substituída pelo espiritismo tudo conforme o pensamento esdrúxulo de Kardec voltaria à Terra em glória, para julgar?

ROGÉRIO - Isso é o que vc está dizendo. Os ensinos do Cristo não estão vencidos pelo Espiritismo. Quanto a parte moral, é a mesma do Cristo. Mas Cristo também disse que seus ensinos seriam esquecidos, além de ter verdades que ele não podia ainda revelar porque eles não suportariam..

AIRTON- Encerro essa parte do debate com a declaração de que os argumentos do Sr. Rogério foram suficientes para aumentar nossa consciência de que é muito grande a distância entre Cristianismo e Espiritismo Cristão. Creio que doravante esses versículos serão usados com mais cautela pelo espiritismo, pois em tudo depõe contra o ensino kardecista .O texto é claro quanto ao retorno do Senhor Jesus em glória para JULGAR. Nesse julgamento nenhuma chance haverá para os que, aqui na Terra, não seguiram seus mandamentos. Nenhuma oportunidade em outras vidas ou em outros mundos.

Parte XXIII

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO III

Espírito Santo, o Consolador

ROGÉRIO - Aquela ceia, positivamente, foi marcada pela tristeza. Nem bem ela começara e o Mestre declarou ser a última vez que comeria com seus amigos, até que estivesse cumprida a Sua missão. E mais: afirmou que dentre os presentes um O haveria de trair. Muito perturbados, os presentes protestaram inocência, reafirmando sua fidelidade ao Messias. Mas o traidor, por sua vez traído pela consciência, não teve ânimo para ali permanecer, retirando-se. E ao sair ainda ouviu de Jesus o pedido revelador da imensa tristeza que Lhe começava a toldar a alma: - o que tens de fazer, faze-o logo. Com efeito, essa angústia foi tão grande que provocaria, mais tarde, o famoso "suor de sangue", fenômeno este que a medicina psicossomática denomina de hematidrose. Este é um fenômeno que ocorre em estados de profunda angústia e que consiste numa grande vasodilatação dos capilares, que se rompem ao nível das glândulas sudoríparas fazendo com que o sangue aflore misturado ao suor. Uma prova a mais de que o corpo de Jesus era de carne.

AIRTON - Nunca foi dito pelo cristianismo que o corpo de Jesus não era de carne e osso. A Palavra diz que o "Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1.14).

ROGÉRIO - Saiu, pois, o Iscariotes, e já era noite (Jo 13,30). E a noite era de Lua cheia, visto que a Páscoa se aproximava. O disco lunar, rebrilhando no céu claro, deve ter feito com que aquele homem seguisse rente às paredes, tentando esconder nas sombras o peso da culpa que levava. E no coração de todos ficou o amargor da dúvida a aumentar o desconforto daquela noite fria. Estava-se em abril e o inverno já acabara naquela região que praticamente só conhece duas estações por ano. Mas embora o dia seguinte, sexta-feira, fosse de um calor esbraseante (Em Há Dois Mil Anos Emmanuel faz pelo menos nove referências ao calor daquele dia), a noite da última ceia foi fria, fato que João não deixou de anotar (18,18). Aos discípulos o Mestre parecia mais enigmático ainda que de costume, falando coisas cujo sentido não captavam de pronto. Tão logo Judas saiu, Jesus fez um longo discurso, iniciando por dizer que para onde ia os apóstolos não poderiam acompanhá-Lo. Inquieto, Pedro ainda arriscou uma pergunta: - Senhor, para onde vais tu? Por que não te posso seguir agora? Eu daria minha vida por ti! Pois bem. Foi nesse clima de frio, de medo e de incerteza que em seu discurso de despedida Jesus afirmou: -Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador para que fique eternamente convosco.(Jo14,16) - Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (Jo 14,26) E assim falando Jesus saiu dali com os onze restantes e atravessou o ribeiro do Cedron, rumo ao Jardim da Oliveiras, enquanto o luar emoldurava de prata aquele triste grupo. E o Mestre prosseguiu falando:

- Eu tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora. Quando vier, porém, aquele Espírito de Verdade, ele vos ensinará todas as verdades, porque ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido. (Jo 16, 12.13) Dali a instantes Jesus estaria preso e no entardecer do dia seguinte morreria a morte na cruz, castigo que Roma reservava aos réus de mais ínfima classe. No amanhecer do domingo, contudo, o Senhor da Vida estaria de novo entre seus discípulos.

Quarenta dias depois, elevar-se-ia no ar, desaparecendo.

AIRTON - Tá certo. Um pouco de poesia não faz mal: a gélida noite, a traição, o disco lunar, sombras da noite. Ainda bem que não era mês de agosto, dia 13, à meia noite, o sino não estava dando as doze badaladas, e não existiam fantasmas rondando a cidade.

ROGÉRIO - Tanto o Catolicismo quanto os duzentos e tantos ramos do Protestantismo asseveram que a vinda do Consolador que Jesus prometera deu-se no dia chamado de Pentecostes, que é 50º dia após a Páscoa. No capítulo 2 dos Atos dos Apóstolos temos a descrição do que ocorreu naquela data. Vamos, então, rememorar o que ali se descreve. Logo depois da ascensão de Jesus, portanto a pouco mais de quarenta dias após ter feito a promessa do envio do Consolador, estavam os discípulos reunidos em uma casa quando um grande ruído se fez ouvir. Logo após surgiram no ar umas luminescências e os apóstolos começaram a falar em línguas que desconheciam. Acontece que Jerusalém estava cheia de gente de várias procedências: árabes, medos, partos, elamitas, gregos, etc. e os discípulos, que eram galileus e na maioria incultos, falavam a essas pessoas em suas próprias línguas, o que as embasbacava. É claro que não poderia deixar de haver quem desse uma explicação "lógica" para o fenômeno, alegando que eles assim falavam porque estavam bêbados. Como se o álcool tivesse o dom de ensinar línguas! Se naquele tempo já existissem parapsicólogos, por certo diriam que os apóstolos falavam em línguas que desconheciam porque o "talento do inconsciente" permitia que grafassem no inconsciente dos ouvintes as línguas em que falavam. De qualquer forma, o dia de Pentecostes ficou sendo, para os vários ramos em que se dividiu o Cristianismo, como o dia em que Jesus enviou o Consolador que prometera. Só o Espiritismo diz que não. O Consolador prometido não veio no dia de Pentecostes e sim dezenove séculos mais tarde, pois que o Consolador é o próprio Espiritismo.

AIRTON - O Senhor Jesus a "Segunda Revelação de Deus" discorda da posição kardecista. Veja o que Ele disse: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49; At 1.4). Qual promessa? O Espírito da Verdade, o Consolador, conforme Joel 2.28; João 14.16-17; 15.26; 16.7. A promessa não viria dezenove séculos depois. Ouça Jesus: "Pois João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, NÃO MUITO DEPOIS DESTES DIAS" (At 1.5). E mais: "Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até nos confins da terra" (At 1.8). Ora, se os discípulos fossem esperar dezenove séculos, como iriam dar testemunho de Jesus naqueles dias? O cristianismo iria esperar para nascer nos braços do espiritismo? A promessa foi cumprida num tempo inferior a 50 dias, como detalhada em At 2.1-4, pois que "foram cheios do Espírito Santo".

Tal assertiva é confirmada pelo insuspeito Pedro em seu primeiro discurso: "Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia. Mas isto é O QUE FOI DITO PELO PROFETA JOEL: nos últimos dias, diz Deus, do meu Espírito derramarei sobre toda a carne" (At 2.14-17,33). Inconsistente e inconseqüente é, pois, a tese dos dezenove séculos.

ROGÉRIO - Sendo duas opiniões contraditórias, uma pelo menos deve estar errada. Então qual será a certa? Examinemos com atenção o que Jesus disse após a última ceia, em paralelo com os fenômenos ocorridos naquele dia de Pentecostes e vejamos se têm razão católicos e protestantes. Dissera Jesus que o Espírito de Verdade ensinaria todas as verdades e relembraria tudo que Ele, Jesus, havia dito. Muito bem. Se o Consolador viria para ensinar todas as verdades é porque Jesus não as havia ensinado na totalidade, coisa que Ele próprio afirmou (Jo 16,12). Na data de Pentecostes houve alguma revelação nova? Não. Ao menos a Bíblia não diz que houve.

AIRTON - Deve-se entender a mensagem no seu contexto. Em João 14.26 o "Espírito Santo ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". A dedução é que aquilo que não foi devidamente entendido o Espírito fará entender; e o que não for lembrado, fará lembrar. Seria só esta a missão do Consolador? Não. Em João 16.8-14, lemos: o Consolador convencerá o mundo do pecado, da justiça, e do juízo, guiando-nos na verdade; e glorificará ao Senhor Jesus. O espiritismo não assumiu nenhuma dessas missões. Aliás, se os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João ficassem aguardando a vinda do espiritismo-consolador, para lhes fazer recordar as palavras de Jesus, os Evangelhos ainda estavam sendo escritos.

ROGÉRIO - Na edição da Bíblia publicada pela Enciclopédia Barsa está escrito o seguinte comentário: Esta vinda do Espírito Santo é o cumprimento da promessa de Cristo. Seu principal efeito foi aumentar a graça santificante dos apóstolos e fiéis sobre os quais desceu de forma sensível. Outros efeitos foram: o carisma de falar outras línguas, a coragem de pregar abertamente e um conhecimento extraordinário da doutrina cristã. Mas não foi nada disto que o Cristo prometeu. O Consolador deveria vir para ensinar todas as verdades e não apenas para aumentar a compreensão sobre as verdades já conhecidas. Viria também para lembrar o que o Cristo dissera. Para isso seria preciso que o que Ele havia ensinado estivesse esquecido ou adulterado. Mas fazia apenas 50 dias que aquela promessa fora feita e não mais que dez dias que deixara os apóstolos, pela ascensão. Por que, nesse caso, um emissário especial para recordar tudo aquilo que era tão recente? Mas Jesus também dissera que tinha muitas coisas para ensinar ainda, mas que não poderiam ser compreendidas ou suportadas então. Como admitir que apenas 50 dias depois já essas coisas pudessem ser ensinadas, entendidas ou suportadas? E que ensinos tão importantes seriam esses que os Atos dos Apóstolos não revelam? O Cristo prometera verdades novas e não coragem para divulgar as antigas, já ensinadas. E como é possível que esses ensinos complementares o próprio Jesus não os tenha querido fazer a seus discípulos, que não os poderiam suportar, para que, poucos dias após, os mesmos discípulos os fizessem e para pessoas que nem ao menos haviam conhecido os ensinos precedentes de Jesus? Se os ensinos de Jesus precederam os do Consolador é porque o conhecimento daqueles era um pré-requisito para o conhecimento destes. E se os apóstolos falavam línguas que não compreendiam, esses ensinamentos complementares não só iam cair em ouvidos alheios a toda a anterior mensagem cristã, como também os próprios mensageiros, isto é, os discípulos, continuariam a ignorá-los, visto que desconheciam o que falavam. Não é tudo muito incoerente?

AIRTON - O mundo, de fato, não pode entender as coisas do Espírito de Deus. Não são manifestações para serem entendidas pelo homem natural. A descida do Espírito Santo, em cumprimento à promessa de Deus Pai, confirmada por Jesus, teve um propósito: pessoas de várias partes do mundo presenciaram o fato, e "cada um ouvia falar na sua própria língua, cada um na própria língua nativa" (At 2.6-8). A Palavra foi anunciada a uma multidão, de todas as tribos e raças. Então, tudo muito coerente. Muitas coisas novas, sim, foram reveladas não só pelos evangelistas, mas também por Paulo em suas cartas, por Lucas em Atos dos Apóstolos, e por tantos outros. Exemplo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. O Verbo se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1.1,14). "Eis que vos digo um mistério! Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados"(1 Co 15.51). Ademais, Jesus não revela que o ensino do Consolador viria num piscar de olhos. Outras verdades, além das acima descritas, foram reveladas pelo Espírito Santo: na atitude inamistosa para com os gentios, julgando-se que estes não seriam dignos da graça salvadora, o "outro Consolador" demonstrou que "Deus não faz acepção de pessoas, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável (At 10.34,35). Vê-se também a atuação esclarecedora do Espírito na questão da circuncisão (At 10-15, Rm 2.28-29). Portanto, houve revelação divina depois de Cristo, da parte do Espírito Santo, através dos apóstolos, porque "toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, repreender, corrigir, e instruir em justiça" (2 Tm.3.16).

ROGÉRIO - Agora vejamos, à luz do Espiritismo, o que terá, de fato, ocorrido no dia de Pentecostes: nada mais do que a eclosão das mediunidades de efeitos físicos e de psicofonia xenoglóssica. O barulho que se ouviu e as luminescências que surgiram são fenômenos comuns àquela forma de mediunidade. As "línguas de fogo" são simples manifestações ectoplasmáticas. O célebre físico-químico William Crookes, designado que foi pela Sociedade Dialética de Londres para estudar os fenômenos do Espiritismo, escreveu a certa altura de seu relatório: - Vi pontos luminosos saltarem de um e outro lado e repousarem sobre a cabeça de diferentes pessoas. (Fatos Espíritas - F.E.B.) Mas aquelas "línguas" também poderiam ser simples fenômenos elétricos ou magnéticos decorrentes do preparo do ambiente por entidades espirituais (ver Missionários da Luz - F.E.B.) O falar línguas estrangeiras nada mais é que a mediunidade xenoglóssica, de que há tantos exemplos nos anais do Espiritismo. E tanto é verdade que aquele fenômeno foi meramente mediúnico, que o apóstolo Pedro, vendo o espanto das pessoas, explicou-lhes o que se passava repetindo as palavras do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne: e profetizarão vossos filhos e vossas filhas, e os vossos mancebos terão visões e os vossos anciãos sonharão sonhos. (At. 2,17). O mais curioso de tudo é que são as próprias religiões que aceitam o Pentecostes como a vinda do Consolador prometido que, paradoxalmente, renegam a mediunidade, atribuindo-a ao demônio, à fraude ou a fatores meramente psicológicos, negando assim a própria explicação de Pedro. Tudo isso parece deixar patente que a vinda do Consolador não se deu na data de Pentecostes, visto que as coisas que o Cristo disse que seriam feitas não sucederam, na verdade.

AIRTON - Nada está patente. Como demonstramos acima, a Bíblia frustra a intenção do espiritismo de ser o Consolador prometido, a tese dos dezenove séculos é insustentável, e Pedro não declarou que o Pentecostes havia sido um fenômeno mediúnico. Disse ele que a ocorrência estava predita em Joel 2.28, confirmado por Jesus.

ROGÉRIO - Quando Allan Kardec recebeu a notícia da missão que lhe cabia, quis saber qual o nome do Espírito sob cuja égide aqueles ensinos se dariam e obteve a seguinte resposta: -Para ti chamar-me-ei A Verdade. Na época nem Kardec, nem ninguém, parece ter percebido a enormidade desta revelação. Seria este o Paráclito que Jesus ficara de enviar mais tarde? A ser assim esse "mais tarde" teria demorado não aqueles absurdos 50 dias, mas dezenove séculos, pois só então as pessoas, consideradas globalmente, estariam em condições de receber os demais ensinamentos que Jesus não quis dar por ser muito cedo para que fossem entendidos ou suportados. Se tais ensinos, que não puderam ser dados pelo próprio Cristo, houvessem sido trazidos e aceitos apenas alguns dias depois, isto faria de Jesus um

professor bem medíocre, incapaz de transmitir aquilo que daí a pouco seria ensinado por outro, com sucesso. Não. Foram necessários 19 séculos, mesmo, para que as pessoas pudessem assimilar verdades maiores. E ainda assim, quantos de nós não as podemos suportar nem agora...E note-se: Jesus disse que o Espírito de Verdade não falaria por si, mas sim que falaria de tudo o que ouvira dizer (Jo 16,13). Esses ensinos, portanto, seriam o resultado não de uma opinião pessoal, mas de um consenso. Ora, o Espiritismo se estriba exatamente sobre a universalidade do ensino dos Espíritos e Kardec não se cansou de chamar a atenção sobre isto. O Espiritismo não é fruto de uma ou de algumas opiniões isoladas, quer de homens quer de Espíritos, e nisto está a maior garantia de sua veracidade. Assim sendo, se para muitos o dia de Pentecostes foi o dia em que Jesus mandou o Consolador que prometera, para os espíritas esse dia só chegaria com a difusão do Espiritismo. O Espiritismo, sim, a par do consolo que derrama, trouxe novas verdades que, sem contraditar nada do que o Cristo ensinara, ampliou-Lhe os preceitos e restabeleceu as verdades mutiladas ao longo dos séculos. Como a verdade deverá ir sendo revelada à medida em que formos adquirindo condições de assimilá-la, é necessário que o Paráclito permaneça conosco "para sempre", tal como dito por Jesus. O Espiritismo veio e aí está, enquanto que o fenômeno de Pentecostes foi uma ocorrência isolada, não obstante as conseqüências que teve na época. Vemos por esta forma que o Espiritismo está absolutamente conforme a promessa de Jesus feita naquela noite fria e triste da Palestina, quando a Lua rebrilhou nas gotas de sangue que uma enorme angústia fez verter de Sua fronte atormentada pela perspectiva do suplício que sofreria nas mãos dos que se julgavam detentores da verdade e monopolizadores do bom-senso. Aos que assim não pensam, cabe provar o contrário.

AIRTON - Sinceramente, admiro a forma engenhosa e inteligente com que Kardec alinhavou toda essa estória. É bom lembrar que ele não teve sucesso no seu próprio país, a França, onde o espiritismo não avançou tanto quanto no Brasil. Como vimos por inúmeras passagens da Palavra de Deus, cristianismo e espiritismo não ensinam a mesma coisa. O espiritismo seria muito mais autêntico se andasse com suas próprias pernas. Sua fraqueza está exatamente em tentar legitimar seus ensinos através das Sagradas Escrituras. A estória é cativante, bem engendrada: a revelação, a palavra dos desencarnados, os diversos mundos habitados, as operações mediúnicas, a voz dos mortos... Tudo isso, associado ao esoterismo, desperta a curiosidade dos incautos. Mas o que mais me chama a atenção é a forma sutil com que Kardec e seus seguidores torcem o texto bíblico. Ora, a Bíblia diz que a Palavra de Deus aumenta a nossa fé (Rm 10.17). Iríamos então esperar dezenove séculos, pela revelação kardecista, pelo Dr. Fritz & Cia, para conhecermos as verdades reveladas? Ora, "toda Escritura é divinamente inspirada".

ROGÉRIO - Na versão grega dos Evangelhos e dos Atos, JAMAIS se encontra a palavra "Santo" ao lado da palavra "Espirito". Esta se encontra isolada muitas vezes.

AIRTON - O que não vem ao caso. O que importa é sabermos que o Espírito constitui uma Pessoa do Deus em trindade. A Bíblia aplica a essa Pessoa diversos outros nomes: Espírito de Deus (Mt 3.16), Espírito (Mc 1.10), espírito da Verdade (Jo 14.17), Consolador (Jo 15.26), Espírito da Profecia (Ap 19.10), Espírito de Adoção (Rm 8.15), Glorioso Espírito de Deus (1 Pe 4.14), espírito de Vida (Rm 8.32), Espírito de Santidade (Rm 1.4), espírito de Sabedoria, Espírito de Conselho, Espírito de Inteligência, Espírito de Poder (Is 11.2), Espírito do Senhor (Is 61.1), Espírito do Filho (Gl 4.6), Espírito Eterno (Hb 9.14), Espírito de Juízo (Is 4.4), Espírito de Graça (Zc 12.10).

ROGÉRIO - Ex: "E disseram a Paulo, sob a influência do Espirito, que não subisse a Jerusalém" (Atos, 21:4) Em algumas traduções francesas, está: "Sob a influência do Espirito Santo".

AIRTON - Pois é. Eis aí a presença do Consolador prometido, guiando, ensinando, dirigindo, orientando. A influência não foi exercida por algum desencarnado. Nem pelo Espiritismo, inexistente na época. O Consolador não veio com atraso de dezenove séculos, porque já no primeiro século a Bíblia registra Sua personalidade: consola (At 9.31, Jo 14.16, 15.26, 16.7), ensina (Jo 14.26; 1 Co 12.3), guia (Jo 16.13), reprova (Jo 16.8), pensa (Rm 8.27), fala (At 13.2; Ap 2.7), intercede (Rm 8.26), determina (1 Co 12.11), capacita (Ef 6.17), entristece-se (Ef 4.30), convence do pecado (Jo 16.8), nomeia e comissiona ministros (At 13.2; 20.28), habita nos santos (Jo 14.17).

ROGÉRIO - "Aquele que pede, recebe, o que procura, acha; ao que bate, se abrirá. Se, portanto, bem que sejais maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos; com muito mais forte razão vosso Pai enviará, do céu, um BOM ESPIRITO aqueles que lhe pedirem" (Lucas, cap. XI).

AIRTON - Lucas 11.13. A Palavra está se referindo aos salvos. O Pai dará o Espírito, a plenitude do Espírito, o enchimento do Espírito àqueles que buscarem, tal como aconteceu no Pentecostes. Nenhuma conotação há com o espiritismo que viria dezenove séculos depois. Deus seria um mentiroso se somente atendesse o pedido tanto tempo depois. Muito pelo contrário, Jesus disse que o batizo no Espírito Santo seria breve (At 1.5). Inconsistente, portanto, a interpretação segundo a qual o Espírito Bom ou Espírito Santo refere-se ao espiritismo ou à sua doutrina. Fosse assim ninguém teria recebido o Espírito, porque ninguém de sã consciência que eu saiba roga ao Pai tais ensinos. Tempos depois do Pentecostes o Consolador continuou atuando (At 7.55, 8.15, 39; 10.44, 13.2).

ROGÉRIO - "Estevão, cheio de graça e coragem, fazia grandes prodígios e milagres no meio do povo. E alguns da Sinagoga se levantaram a disputar com Estevão. Mas não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito que falava nele" (Atos dos Apóstolos, VI, 8,9,10)

AIRTON - Pois é, vemos o Espírito Bom ou Espírito Santo operando séculos antes do advento do espiritismo.

ROGÉRIO - As traduções francesas trazem "Espirito Santo". O rev. Nielsson declara em "O Espiritismo e a Igreja": "Os termos da Vulgata Latina, spiritum bonum, correspondem exatamente aos dos originais gregos." É fora de dúvida que o termo "Espirito Santo" foi incorporado as traduções dos Evangelhos, não tendo jamais constado dos originais. Isto foi feito com o propósito de servir aos interesses da Igreja, que, no Concílio de Nicéia, realizado no ano 325, e no Concílio de Constantinopla, realizado em 381, havia aprovado o dogma da Trindade, pelo qual o Pai, o Filho e o Espirito Santo constituem uma só e única entidade. Havia, portanto, necessidade de o assunto ser corroborado pelos livros sagrados, o que, evidentemente, lhe daria foros de verdade. Quando a Biblia, nas modernas traduções, fala em Espirito Santo, está a se referir ou ao Espirito de Deus ou ao Espirito do homem("nascer da água e do espirito", que está Espirito Santo em algumas traduções") ou a um espírito desencarnado ou a comunidade dos bons espíritos ou, ainda, ao dom da mediunidade ("cheio do Espirito Santo", "dons do Espírito Santo"). Tudo porque colocaram "Santo" onde não devia, para reforçar a idéia da Santíssima Trindade. Jesus ainda prometeu o Consolador , que é a Doutrina Espirita, enquanto católicos e protestantes acreditam ser a assistência do Espirito Santo à Igreja. Dizem que basta pedir ao Espírito Santo, que não haverá erros. Mas como explicar, então, todos os absurdos cometidos pela Igreja Católica, principalmente na Idade Media? E pra piorar, os protestantes, com todas suas divergências em relação aos católicos, também se dizem inspirados pelo mesmo infalível Espírito Santo.

AIRTON - Embora a palavra TRINDADE não esteja na Bíblia, a idéia de um Deus trino está subentendida nas Sagradas Escrituras. A Terceira Pessoa assim considerada é, portanto, uma Pessoa Santa. Vejamos algumas passagens em que o Deus em trindade é manifesta: no batismo de Jesus, em que o Espírito desceu sobre Ele em forma de pomba. Como explicar que o espiritismo ou a doutrina espírita tenha ali se manifestado? (Mt 3.16-17); na recomendação de Jesus para que todos sejam batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Quer seja Espírito, Bom Espírito ou Espírito Santo, a recomendação jamais seria para batizarmos em nome do espiritismo. Creio que nem o kardecismo cumpre esse ensino dado pela "Segunda Revelação de Deus"; na bênção apostólica do apóstolo Paulo, que fala da comunhão do Espírito Santo (2 Co 13.13). Como poderíamos entender comunhão com as doutrinas espíritas, se ainda não existiam? E mais: "O Pai, a Palavra, e o Espírito Santo, e estes três são um"(1 João 5.7).

ROGÉRIO - "... Mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada" (Mateus 12:31) Sobre esse versículo, assim diz Emmanuel, no livro O Consolador: "A aquisição do conhecimento espiritual, com a perfeita noção de nossos deveres, desperta em nosso íntimo a centelha do espírito divino, que se encontra no âmago de todas as criaturas. Nesse instante, descerra-se à nossa visão profunda o santuário da luz de Deus, dentro de nós mesmos, consolidando e orientando as nossas mais legítimas noções de responsabilidade na vida. Enquanto o homem se desvia ou fraqueja, distante dessa iluminação, seu erro justifica-se, de alguma sorte, pela ignorância ou pela cegueira. Todavia, a falta cometida com plena consciência do dever, depois da bênção do conhecimento interior, guardada no coração e no raciocínio, essa significa o "pecado contra o Espírito Santo", porque a alma humana estará , então, contra si mesma, repudiando as suas divinas possibilidades. É lógico que esses erros são os mais graves da vida, porque consistem no desprezo dos homens pela expressão de Deus, que habita neles."

AIRTON - Como se vê, o comentarista aceitou a expressão Espírito Santo, e usou a de "espírito divino", esta não bíblica. O texto é claro quanto à blasfêmia contra o Espírito de Deus, e não contra o espiritismo, que só iria surgir muitos séculos depois. Convém lermos o verso seguinte: "E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro" (Mt 12.32). Ora, perdão é uma palavra inexistente no dicionário espírita. Diz o versículo que o blasfemador não terá nenhuma chance no futuro; isto depõe contra a doutrina espírita, que ensina oportunidades iguais para todos no processo da reencarnação. O verso 37, do mesmo capítulo citado, fala em Dia do Juízo. Então, haverá um dia em que todos serão julgados, o que também contraria o kardecismo.

Parte XXIV

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO

Satanás e seus anjos

ROGÉRIO - Nossos irmãos católicos e evangélicos costumam dizer que os espíritos que se comunicam no Espiritismo são todos demônios. Quando também acusado de trabalhar para Satanás, Cristo disse: "Se Satanás esta dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?" (Lucas 11:18).

AIRTON - Na passagem de Lucas 11.18 Jesus esclarece que não era um endemoninhado, ou seja, não expulsava demônios por Belzebu, o príncipe dos demônios (v.15). Esclareceu então que se demônio expulsa demônio a casa (o seu reino) ficará dividida (vv. 17,18). O espiritismo cristão tenta explicar que o texto leva à dedução de que quem faz boas obras não pode ter parte com demônios. Vejam a sutileza: se o espiritismo faz boas obras, então é de Deus. Ora, a LBV faz boas obras (obras visíveis), mas ensina que devemos tratar o diabo como irmão.

ROGÉRIO - A LBV não é espírita! E o que vc faz é deturpar o ensino da mensagem. Zarur não era satanista. O que ele pregava é que Satanás nada mais é do que pessoas que erraram, e que Deus sempre estará esperando que se arrependam.

AIRTON - Não disse que ele era satanista. Disse o que ele falou e o que ele falou está totalmente contra o que Jesus afirmou: o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos.

ROGÉRIO - Com o Espiritismo, o homem sente-se livre dos temores do inferno e das ilusões de um ocioso paraíso.

AIRTON - Tal declaração não tem apoio bíblico.

ROGÉRIO - Jesus fala em Inferno. Zonas espirituais de sofrimento espiritual existem, mas não será para sempre, pois Deus é misericordioso e BOM. Os publicanos e prostitutas entrará primeiro que vós, fariseus hipócritas, no Rei de Deus (Mt 21.31). Entrarão PRIMEIRO... então, TODOS entrarão...Uns antes, mas TODOS entrarão... O Senhor é que tira e dá a vida; o que conduz aos infernos e de lá tira (Livro dos Reis II,6). Tão claro que dispensa comentários.

AIRTON - Está clara a hermenêutica viciada. A parábola dos dois filhos (Mt 21.28-32) é um desdobramento dos versículos anteriores alusivos a João. Quem fez a vontade do Pai (v.31) foram os que se arrependeram (v.29). Os que não creram nem se arrependeram não mereceram o Reino de Deus (v.32). As expressões entram primeiro ou entram adiante não significam estarem em fila, um atrás do outro, esperando entrar no céu. Nesse caso, arrependidos ou não arrependidos, crentes ou não crentes seriam salvos, e a parábola não teria nenhuma razão de ser. Significa, pelo contexto, que os que se arrependeram foram salvos. Ademais, a parábola está consoante com a advertência do Senhor Jesus no início de Seu ministério, com as pregações de João Batista e com a de Pedro (Mt 3.2; 4.17; Atos 3.19). Quanto a 1 Samuel 2.6 ( O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela ), se alguma Bíblia contém a palavra inferno, devemos considerar como sinônimo de sepultura, Em todo o Novo Testamento, INFERNO é lugar de castigo eterno (Mt 10.28; 23.33; 25.46). Se é eterno, os que estiverem lá, de lá não podem mais sair. Deus é o dono da vida e da morte. É assim que se deve compreender a passagem (Dt 32.39; 2 Rs 5.7).

AIRTON - O espiritismo cristão deve, sempre, orientar-se pelo que o Senhor Jesus falou, para não ser acusado de falso. Retire-se o nome CRISTÃO, e o espiritismo andará com seus próprios pés. Quanto à declaração de que com o espiritismo o homem está livre dos temores do inferno, esse livramento só viria dezenove séculos depois com o advento do espiritismo? Quem está em Cristo não teme o inferno. O próprio Jesus disse: Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei . O homem precisa ir a Jesus e não ao espiritismo. Veja: Não andeis ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e pela súplica, com ações de graças, sejam as vossas petições conhecidas diante de Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará is vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus (Fp 4.6-7).

ROGÉRIO - Está em Cristo quem pratica o amor, como ele nos ensinou. Se tivéssemos que aceitar que Jesus é Deus e Salvador...

AIRTON - A exposição da idéia está truncada ou incompleta. Praticar o amor é necessário, mas é indispensável confessar que Jesus é Senhor e crer que Deus O ressuscitou dentre os mortos (Rm 10.9).

AIRTON - Paraíso ocioso? Veja o que disse Jesus, a Segunda Revelação de Deus ,(segundo Kardec): Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também (Jo 5.17).

ROGÉRIO - Mas não me parece ser o que vcs acreditam. Para vcs, mortos, espíritos bons estão no Paraíso aproveitando as delícias sexuais e não estão nem aí para nós, permitindo que apenas os demônios venham nos enganar, dizendo que são os mortos.

AIRTON - Os espíritos não praticam sexo. Deus dispõe de um número incalculável de anjos. Os crentes podem descansar em paz, enquanto aguardam a ressurreição (1 Ts 4.16-17).

ROGÉRIO - "Como pode alguém entrar na casa do valente e saquear os seus moveis, se antes não prender o valente, a fim de lhe saquear a casa?" (S. Mateus, XII, 29) "Ninguém pode entrar na casa do valente e furtar as suas alfaias, se o primeiro não o atar, para depois o saquear" (S. Marcos, III,27) O valente sobre os valentes é DEUS, de quem emana todo o poder e toda a força, e as suas alfaias são as criaturas, obra do seu amor e da sabedoria. Vivamos, pois, seguros de que, embora mesmo o diabo existisse, o Deus todo poderoso não se deixaria atar e roubar por ele. Como porém o diabo pode ser uma realidade, quando somos alfaias da casa do senhor? O diabo é de natureza HUMANA - prova disso é que Jesus chamou Pedro de "Satanás" e Judas de "diabo" - e nada pode contra aqueles que vivem a fazer e a pensar no bem e tem Deus em seu coração.

AIRTON - O reino das trevas é saqueado todas as vezes que as almas são resgatadas pelo poder do Evangelho, porque Jesus veio para destruir as obras do diabo (Lc 4.18). Leia: O Senhor resgata a alma dos seus servos... Eu os remirei da violência do inferno, e os resgatarei da morte (Os 13.14). Jesus deu a Sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28). Jesus, ao ouvir as palavras de Pedro (Mt 16.22), persuadindo-O a livrar-se do Calvário, lembrou-se da tentação de Satanás (Mt 4.16.22). Pedro foi influenciado pelo diabo para dizer aquelas palavras. Daí a veemente repreensão de Jesus. A Bíblia diz que quem comete pecado é do diabo, se identifica como diabo. Por analogia, o mesmo ocorreu com Judas. Ao dizer: Um de vós é um diabo (Jo 6.70) Jesus não estava declarando que Judas era Satanás em pessoa. A própria Bíblia explica: E, após o bocado, entrou nele [em Judas] Satanás (Jo 13.27). Então, Judas não era o diabo.

ROGÉRIO - Então, um espírito obsessor, inferior, se manifestara. Nunca vi na Bíblia o diabo com pessoas boas, de caráter inatacável, ensinando o bem, ensinando a amar a Deus até ditando preces...

AIRTON - A influência maligna é invisível aos nossos olhos. O homem exterior nem sempre mostra o homem interior. O julgamento pertence a Deus.

ROGÉRIO - Outra incoerência é que a Biblia também fala em anjos, mas onde estão eles hoje, se até as boas manifestações são demoníacas ?? Procurei na minha Biblia eletrônica por "anjo" no Novo Testamento. 178 ocorrências. Algumas delas: "20 E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um [anjo] do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;" (Matheus 1:20) "13 E, havendo eles se retirado, eis que um [anjo] do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. "(Matheus 2:13)

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Paulo afirmou: "Vos recebestes a lei por mistérios dos anjos" (Atos 7:53), explicando ainda em Hebreus 2:2: "Por que a lei foi anunciada pelos anjos", e confirmando na mesma epistola, 1:14: "Espíritos são administradores, enviados para exercer o ministério".

Também em Hebreus, (1:7) Paulo afirma: "o que faz os seus anjos espíritos e os seus ministros chamas de fogo". Está claro que os anjos são espíritos reveladores das leis de Deus aos homens, como afirma o Espiritismo. Paulo vai ainda mais longe, afirmando em Atos 7:30-31, que Deus falou a Moisés através de um anjo na sarça ardente. Os anjos são, portanto, espíritos, ministros de Deus, que os faz chama de fogo nas aparições mediúnicas. anjo da sarça ardente foram mediúnicos.

Também com a minha Biblia eletrônica, procurei por "anjo" no Velho Testamento e foram 111 ocorrências. Algumas delas:

"12 Então disse o [anjo]: Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho. " (Gen 22:12)

"1 Jacó também seguiu o seu caminho; e encontraram-no os [anjo]s de Deus." (Gen. 32:1)

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Mas será que hoje só os demônios podem se manifestar?? E por quê?? Onde diz na Biblia que os anjos não podem vir para fortalecer a nossa fé, enquanto os demônios tem toda a liberdade para nos tentar ?? Será que até os espíritos do bem são demônios enganadores?? Ora, então onde estão os anjos?? Se não são os espíritos dos homens que morreram na virtude, como diz o Espiritismo, por que não aparecem para desmascarar os "falsos anjos do Espiritismo" ? E o que é a obsessão?? Tem a mesma origem das boas manifestações ??

Se o demônio é tão esperto e enganador o quanto insistem nossos irmãos, a ponto de se passarem por bons espíritos, será que não foram eles que apareceram como anjos naquelas vezes em que a Biblia mostra ? Se são espertos como eles dizem, então sempre foram. Então, um demônio pode ter aparecido a Maria; um demônio pode ter passado a Moisés os Dez Mandamentos; um demônio pode ter aparecido a Daniel...

AIRTON - As interrogações acima, talvez geradas por dúvidas, podem ser respondidas no todo ou em parte quando nos debruçamos sobre a Bíblia Sagrada. Quando aparece o diabo, a Bíblia fala que apareceu o diabo. Quando os anjos atuam, a Bíblia fala que foram os anjos. A Bíblia não confunde. Quem confunde é o espiritismo.

ROGÉRIO - Vocês confundem. Para vocês, hoje os anjos não se manifestam mais. Tanto as más quanto as BOAS manifestações são obras do diabo. Não sei o que vcs vêem de semelhante entre CHICO XAVIER, um homem que dedicou sua vida ao AMOR, e os possessos dos Evangelhos.

AIRTON - Creio que os anjos continuam operando. O diabo não opera BOAS manifestações, porque é mentiroso, homicida, destruidor e ladrão (Jo 10.10). Nunca fiz referência ao senhor Chico Xavier.

AIRTON - Kardec, para legitimar suas teses, inventou que o diabo não existe, os anjos são demônios, os demônios são anjos, e assim por diante.

ROGÉRIO - Kardec não inventou nada. Só mudam os termos, apenas. Demônios são seres eternamente voltados para o mal. Não existem nem a Bíblia diz isso.

AIRTON - São tão maus que já estão condenados ao castigo eterno (Mt 25.41). Quando Jesus fala o diabo e seus anjos , não está se referindo a um desencarnado e seus anjos. Os desencarnados maus estão humildemente em tormentos.

AIRTON - Os desencarnados seriam ao mesmo tempo anjos, quando bons, ou malignos, quando maus. Os anjos não são espíritos desencarnados a serviço de Deus, embora sejam seres espirituais. A palavra anjo significa mensageiro.

ROGÉRIO - O que são os espíritos superiores: mensageiros de Deus

AIRTON - São eles mensageiros ou servidores celestiais de Deus, criados por Deus antes de existir a Terra (Sl 148.2; Jó 38.4-7; Hb 1.13-14; Ap 5.11).

ROGÉRIO - A TERRA!!! Os espíritos puros daqueles tempos, incluindo Jesus, existiam antes da TERRA, sim. Não confundir com o início do Universo.

AIRTON - Disse Terra como sinônimo de Mundo. No caso de Jesus, Ele sempre existiu, porque eterno, como Deus Filho (Jo 1.1,2,3,14,15).

AIRTON - Os anjos bons: a) são superiores aos homens (Hb 2.6-7). Logo, não poderiam assumir uma vida corpórea, e passar a ser homem inferior;

ROGÉRIO - Somos ainda inferiores espiritualmente, sim.

AIRTON - Logo... Jesus estabeleceu a diferença entre espíritos humanos e anjos, quando disse que, na ressurreição, não haverá relação de marido e mulher, tal qual como acontece com os anjos (Mt 22.30).

AIRTON - b) habitam no céu (Mc 13.32; Gl 1.8). Logo, não precisariam assumir vida terrena e sujeitar-se a sofrer muitas vidas para purificar-se.

ROGÉRIO - Se são anjos já são espíritos puros, oras!!

AIRTON - Como vimos, nós não seremos anjos após nossa morte física. Se todos os anjos são espíritos puros, porque Jesus, o Justo Juiz, afirmou que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos? Por que haveria castigo eterno para essa classe de anjos (anjos caídos), se, na intenção de Kardec, todos entrarão no Reino de Deus?

AIRTON - Quem apareceu a Eva no Éden não foi um desencarnado, por óbvias razões: não havia desencarnados. Não foi uma alma em estado simples e ignorante (do estoque de Deus, como desejou Kardec; leia-se preexistência), porque nesse estado não iria trabalhar com tanta astúcia e ousadia contra o próprio Deus, a quem estaria submissa esperando a vez de encarnar. Não foi um anjo, porque os anjos estão a serviço de Deus., e não contra Deus. Por exclusão, chega-se à figura do diabo, o anjo que se rebelou (Ez 28.12-17, 2 Pe 2.4; Ap 12.9).

O anjo que apareceu a Moisés, foi o Anjo do Senhor, que é o próprio Senhor. Leia na Bíblia eletrônica: Eu sou o Deus de teu pai... (Êx 3.4-6).

ROGÉRIO - Não! E passados mais quarenta anos, apareceu-lhe um anjo no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça. O versículo não deixa dúvidas: UM anjo e não O ANJO (do Senhor).

AIRTON - Êxodo 3.4-6

ROGÉRIO - Na Biblia, e principalmente no Novo Testamento, vemos que os "demônios" só causam o mal às pessoas, até mesmo problemas físicos, a loucura. (veja o que escreveu Kardec sobre os "possessos" (obsedados) da Biblia). Vemos que a prece e os bons pensamentos repelem os maus espíritos - "orai e vigiai", disse Cristo.

AIRTON - Corretíssimo, glória a Jesus! Os demônios causam loucura, levam ao suicídio, colocam doenças nas pessoas. Jesus disse que os demônios desejam matar, roubar e destruir. Agora, não só prece e bons pensamentos. É necessário sujeitar-se a Deus em tudo, para não sofrer as influências maléficas dos demônios, porque o salário do pecado é a morte (Tg 4.7).

ROGÉRIO - Pois é, pastor, Espíritos ATRASADOS ensinam a roubar, matar, destruir. Esses a Bíblia chama demônios. Vcs confundem, achando que Chico Xavier entre outros médiuns missionários, com uma vida e obra cheias de só amor a Deus, amor ao próximo, fé, tem alguma relação com isso.

AIRTON - Não é esse médium que está em discussão. Julgamento de pessoas cabe ao Senhor Jesus, o Justo Juiz. Jesus afirmou que o castigo eterno foi preparado para o diabo e seus anjos. Quer tenha se referido aos espíritos atrasados, quer tenha se referido ao diabo como entendemos, de qualquer forma Sua afirmação contraria a tese espírita de que TODOS atingirão a perfeição.

ROGÉRIO - Dizem que Satanás não é um símbolo, pois tentou Jesus no deserto. Dizem que ali Satanás também se fez de "anjo de luz" como nas manifestações no Espiritismo. Será mesmo ? O que lemos é que "Satanás" tentou Jesus com propostas arrojadas, materialistas, tentando afastar Cristo de sua missão, como "o poder sobre todos os reinos da Terra em troca de sua submissão". O que tem de elevado nisso? Mesmo considerando que um espírito imperfeito o tivesse tentado, é um absurdo.É um símbolo ou uma interpolação. É um absurdo, principalmente para os que acreditam que Jesus é Deus. Como disse Léon Denis: "Se Jesus era Deus, poderia Satanás ignorá-lo ? E como teria a pretensão de exercer influência sobre ele" ? Qual o Espírito das Trevas, por mais destemido que fosse, teria a audácia de enfrentar o Cristo de Deus, para lhe fazer propostas de ordem nitidamente humana? Os evangelistas narram que os espíritos trevosos se sentiam espavoridos pela simples aproximação do Mestre, haja vista, para ilustração, o célebre caso do possesso geraseno (Marcos 5:6-7). Ora, assim como qualquer treva desaparece ao raiar do sol, qualquer espírito trevoso se afasta, quando uma entidade sublimada, da categoria daquela a que pertence Jesus, se apresenta.

AIRTON - Lucas 4.1-13 fala da tentação de Jesus no deserto. Ao relatar que Jesus estava cheio do Espírito Santo, a Palavra já começa desmentindo a ilusão de Kardec, que afirmou que o espiritismo é o Espírito.

ROGÉRIO - Não é isso. Ele estava cheio de ESPÍRITO, o que significa dom de mediunidade. O texto mostra que Jesus estava em DESDOBRAMENTO, o que é uma forma de mediunidade. Nem sempre o Espírito Santo é realmente Espírito Santo na Bíblia, na maioria das vezes o termo Espírito está isolado.

AIRTON - Isto é a ótica do espiritismo, que vê mediunidade em tudo. Certamente, os espíritas lêem Atos 7.55, sobre a morte de Estêvão, assim: Mas ele, cheio do dom de mediunidade, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus . Sobre o Consolador, o assunto já foi minuciosamente examinado/analisado em matéria anterior.

AIRTON - Jesus não poderia se encontrar cheio do espiritismo, ou das doutrinas espíritas (que chegariam dezenove séculos mais tarde), muito menos cheio de desencarnados. A passagem nos diz que se o crente estiver firme na Palavra o diabo não influenciará a sua mente para levá-lo a pecar. Jesus foi tentado, como homem, a utilizar sua unção para servir a seus próprios interesses (vv. 3,4); a obter glória e poder sobre as nações, rejeitando a cruz (vv. 5-8); a usar seu poder para fazer prodígios (vv. 9-11).

ROGÉRIO - Dizem ainda: " Trata-se de espíritos embusteiros 'demônios' os quais vem para enganar os que gostam de se entregar as fábulas. (I Tm 4,1)."

I Tim 4,1 fala que existem espíritos mentirosos, assim como João disse: Não creiais em todos os espíritos, mas provai se os espíritos são de Deus" e o próprio Paulo ensinou na 2.a Epistola aos Corintios a metodologia das reuniões mediúnicas, para não haver enganos, falando no "dom de discernir os ESPÍRITOS", "os ESPIRITOS dos profetas estão sujeitos aos profetas". Assim, não foram contra as comunicações, mas, da mesma forma que Kardec em O Livro dos Médiuns, ensinavam a reconhecer quais espíritos são dignos de crédito. Em O Livro dos Espíritos está bem claro que os espíritos não esclarecidos "se mascaram de todas as maneiras para melhor enganar", ou seja, a mesma advertência dos apóstolos. \\ Espíritos trevosos levam mesmo a roubar, matar, destruir, se drogar, beber. Quem prega o amor ao próximo está com Jesus, que disse "pelos frutos os conhecereis". Evidente está que os espíritos que se manifestam são de diferentes categorias, como são, aliás, as pessoas. O que causa a obsessão não é o mesmo que ensina o BEM. Os que estão com os médiuns que se dedicam ao mal não são os mesmos que se dedicam ao bem, até orando a Deus, pois Deus não engana. A não ser que os demônios sejam muito, muito poderosos mesmo... Até mais do que Deus.

AIRTON - O diabo é poderoso mas não todo-poderoso. São seres espirituais com personalidade e inteligência. São malignos, destrutivos, inimigos de Deus e dos seres humanos. 1Tm 4.1 inicia contrapondo-se à tese espírita, segundo a qual o Consolador prometido é o espiritismo: Mas o Espírito expressamente diz... Espírito neste versículo não é o espiritismo nem a sua doutrina, que só viriam dezenove séculos depois; não são os bons espíritos desencarnados, porque a estes, bons ou maus, não se lhes é permitido ensinar, orientar ou enviar mensagens.

ROGÉRIO - Era permitido, sim. E era um que enviava.

AIRTON - A primeira sessão espírita-mediúnica teve como palco o Éden e como protagonista o diabo. A humanidade não precisa dos ensinos dos desencarnados, pois dezenove séculos se passaram até o surgimento do Livro dos Espíritos, e se passassem mais dois mil anos, tal fato não iria alterar coisa alguma. A humanidade dispõe da Bíblia Sagrada, divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra (2 Tm 3.16-17).

AIRTON - Veja-se o caso do Rico e Lázaro (Lc 16.19-31).

ROGÉRIO - A parábola apenas diz que não acreditariam, não diz que a comunicação é impossível!

AIRTON - Mas se o Bom Espírito Lázaro fosse, de fato, um anjo de Deus, um mensageiro, por que cargas d água não lhe foi permitido visitar os irmãos Rico?

AIRTON - Esse Espírito é o Consolador, como disse Jesus (Jo 14.16,26; 15.26). Espíritos enganadores e doutrinas de demônios (1 Tm 4.1). Se considerarmos que a palavra espíritos diz respeito aos desencarnados de Kardec, temos que admitir que suas doutrinas são demoníacas.

ROGÉRIO - Devemos admitir que existem espíritos enganadores. E isso o Espiritismo ensina. Mas Jesus disse: Pelos frutos os conhecereis... A árvore má não pode dar bons frutos . Portanto, os espíritos que se manifestam em Chico Xavier não poderiam ser MAUS, pois sua vida e obra são boas.

AIRTON - Não gostaria de citar exemplos de médiuns, como o caso desastroso do Dr. Fritz . Estariam então milhares de espíritos maus usando os médiuns para ensinar doutrinas perversas? Ora, espíritos enganadores são os falsos mestres, homens hipócritas que falam mentira; que deturpam o Evangelho do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo; que usam de engenho e arte para na interpretação pervertida da Palavra de Deus, influenciados, é claro, pelo diabo e seus anjos (Mt 24.24; 1 Tm 4.2).

ROGÉRIO - Vcs que alteram a Bíblia. Não os espíritas, que nem publicam Bíblia alguma.

AIRTON - O dom de discernimento de espíritos (1 Co 12.10) capacita o crente a distinguir se determinada operação provém ou está sendo influenciada por um espírito maligno ou pelo Espírito Santo.

ROGÉRIO - Falso. João disse que devemos distinguir quais são os ESPÍRITOS (no plural) que são de Deus.

AIRTON - Um exemplo desse dom está em Atos 16.16-18, em que Paulo não aceitando os elogios de uma jovem possuída por um espírito de adivinhação, falou não a ela mas ao demônio que estava nela: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela . (Ver Marcos 16.17: Em meu nome, expulsarão demônios ).

ROGÉRIO - Um espírito que dava lucro com adivinhações só poderia ser atrasado mesmo, como o Espiritismo ensina bem.

AIRTON - Porque não ficaram plenamente respondidas pelo senhor Rogério, repasso os itens 2 e 3 de DIFICULDADES DO ESPIRITISMO KARDECISTA Satanás e os demônios, pedindo o obséquio de fazê-lo de forma concisa.

AIRTON - 2) Vós pertenceis ao vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira (João 8.44). Comentário: Aqui Jesus, a Segunda Revelação de Deus , conceitua o diabo. Como em outras passagens, Jesus o identifica, nomeia, aponta, distingue, intitula, indica, mostra, esclarece, particulariza, define. E mais: diz que ele foi homicida desde o princípio . Ora, segundo a tese kardecista da preexistência, as almas são criadas por Deus em estado simples e sem conhecimento, porém sem maldade. Vejam a questão 115 do Livro dos Espíritos de Kardec: Entre os Espíritos uns foram criados bons e outros maus ? Resposta: Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem ciência . Logo, se o diabo a que Jesus se referiu fosse um desencarnado ou uma alma em seu estado natural, como poderia ser homicida e mentiroso desde o princípio?

ROGÉRIO - Desde o princípio de quê? Desse mundo, provavelmente. E vc acha que os espíritos que manifestam em Chico Xavier e só transmitem paz, só ensinam o bem, são homicidas e mentirosos? Nunca vi uma mentira na Doutrina Espírita. Mas só vejo ela ser atacada com mentiras pelos evangélicos. Já li até uma HP evangélica que os demônios só ensinam o bem para depois levar as pessoas a matar, roubar, etc. Onde??? Vá estudar a vida de Chico Xavier, Bezerra de Menezes, Divaldo Franco e outros dedicados missionários espíritas. Já disseram que Kardec se matou. Inventaram um neto pro Dr. Bezerra de Menezes. Uma mulher crente veio na minha casa, onde só moram espíritas, com mentiras sobre Kardec. Disse, entre outros absurdos, que Kardec inventou a Doutrina para vingar sua mãe, que teria morrido em guerra religiosa. Foi aí que um espírito se manifestou em minha irmã e disse verdades aquela mulher. Mentirosa ali era e não o espírito, que para vc seria o diabo enganador. Essas coisas que me dão certeza de que Espiritismo é a Verdade, do contrário não precisaria ser atacado de forma tão baixa, com tanta mentira.

AIRTON - Desde o princípio? Creio que a partir do momento em que se rebelou e foi expulso do céu. A Verdade não é o Espiritismo. Jesus disse: EU SOU A VERDADE (Jo 14.6). Comparo a palavra do espiritismo cristão com a Bíblia. Fatos isolados e o que outros dizem, não vêm ao caso.

AIRTON - 3) Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.41). Comentário: Aqui mais uma vez A Segunda Revelação de Deus particulariza, nomeia e identifica o diabo dentre os demais seres espirituais. Ao anunciar que o destino do diabo e dos demônios é o inferno, Jesus não está se referindo a espíritos humanos, que também terão o mesmo destino se não andarem nos caminhos do Senhor.

ROGÉRIO - Não está se referindo justamente a eles quando diz? E por que não diz como Jesus julgará? Será questionado sobre a crença de cada um? Questionará sobre a idéia que eles têm dele, se acreditam que ele é Deus? Não, será pelo bem ou mal que fizemos em vida.

AIRTON - É preciso, sim, crer nEle. As obras não salvam. Somos salvos PARA as boas obras, e não PELAS boas obras: Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé e isto não vem de vós, é Dom de Deus não das obras, para que ninguém se glorie, pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Ef 2.8-10). Ver também Jo 3.18; 6.40,47; 20.31; Lc 23.40-43.

AIRTON - Ora, se Jesus fosse apenas um Espírito Puro , conhecedor da pluralidade das existências, a conversa seria mais ou menos assim [referência aos ladrões na cruz]: Olha, meus filhos, porque vocês fizeram coisas erradas na terra retornarão a ela inúmeras vezes. Mas vocês têm liberdade de escolher se desejam ficar muito tempo errantes, ou se querem reencarnar o mais rápido possível para se despojarem de suas imperfeições . Ademais, para os espíritos de Kardec não existe esse lugar preparado para o diabo e seus anjos , como assegurou Jesus.

ROGÉRIO - Ninguém reencarna imediatamente. Há sofrimento e alegria no plano espiritual também.

AIRTON - A reencarnação imediata ou não carece de apoio bíblico. Difícil acreditar que o ladrão iria para o céu e, ainda assim, teria que sofrer uma infinidade de encarnações para alcançar mundos ditosos. Fosse assim, a promessa de Jesus, de levar o ladrão para o paraíso, teria sido completamente dispensável. De acordo com as boas intenções de Kardec, com Jesus ou sem Jesus, acreditando ou não, arrependendo-se ou não, os dois ladrões iriam caminhar rumo à perfeição, e, após um tempo ilimitado de vidas corpóreas, alcançariam a plenitude da perfeição e estariam no mesmo nível de santidade do Senhor Jesus.

Parte XXVI

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO V

Em decorrência da matéria intitulada DIFICULDADES DO ESPIRITISMO KARDECISTA VI, estabeleceu-se o debate abaixo transcrito, no grupo defesadafe@groups, em que um espírita cristão defendeu a sua crença. Lembro que a passagem bíblica que fala da visita do rei Saul a uma feiticeira tem sido usada pelos espíritas como prova de que Deus permite a comunicação entre mortos e vivos, com a intermediação de um canalizador ou médium.

ROGÉRIO - A Bíblia confirma que os mortos se comunicam. Sendo a Bíblia a infalível palavra de Deus, como alegam os evangélicos, não há como duvidar do que ela assevera, como a seguir: E a mulher, tendo visto Samuel, soltou um grande grito (1 Sm 28.12); Samuel disse ao rei... (v.15); Samuel disse-lhe... (v.16); Saul, atemorizado com as palavras de Samuel... (v.20). Portanto, deveriam os evangélicos acreditar sempre que a Bíblia é a Palavra de Deus, como falam.

AIRTON - Causa-nos espécie o apego do espírita à Palavra, em defesa de suas posições. Sabe-se que a história do espiritismo é de desprezo ao conteúdo da Bíblia.. Vejamos: Do Velho Testamento já nos é recomendado somente o Decálogo, e do Novo Testamento, apenas a moral de Jesus. Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor, mais de 90% do texto da Bíblia (FEB, O Reformador , p.13, janeiro/1953). Outra declaração: Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo . (À Margem do Espiritismo , FEB, 3a edição, 1981, p. 214). Logo, chamar o espiritismo de cristão é uma tremenda incoerência. A sua bíblia é o Livro dos Espíritos. Nota-se que para o espiritismo a Bíblia é verdadeira nos casos em que os espíritas vislumbram alguma chance de legitimar seus ensinos, como no caso sob comento. Voltemos ao assunto Samuel. Os livros I e II Samuel são de autoria desconhecida. Ainda que admitida a hipótese de ter sido Samuel o autor do primeiro livro, o capítulo 28 não teria sido por ele escrito, pois o profeta morrera bem antes. Estavam presentes na casa da feiticeira: o rei Saul e alguns de seus criados, e a feiticeira. Somente esses puderam relatar o que realmente ali aconteceu. A comunicação via Saul fica descartada porque lhe convinha, por n razões, guardar segredo disso. Por outro lado, depreende-se do contexto que os servos que foram com Saul eram os mais fiéis, mais achegados a ele, o que nos leva a crer que mesmo depois da morte do rei eles guardaram sigilo daquela visita sigilosa (v.7 a 10). Resta a feiticeira, que tinha todo o interesse do mundo em divulgar a ocorrência para ganhar prestígio. Mas Deus então permitiu que uma mentira fosse incluída na Bíblia, que é a verdade? Sim, permitiu, como permitiu o registro de tantos outros pecados e fraquezas do seu povo. Permitiu, também, que fosse registrada com todas as letras a causa da morte de Saul: Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade ao Senhor; não guardou a palavra do Senhor, e até consultou uma adivinhadora, e não buscou ao Senhor, pelo que Ele o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé . (1 Cr 10.13-14). Portanto, na Bíblia está o registro da proibição (Dt 18.9-12; Is 8.19), os exemplos da rebeldia, como vimos, e o resultado da desobediência.

ROGÉRIO - Não estou com "apego à palavra". De fato, o que vale para nós espíritas é o ensino moral de Jesus. Mas vcs, sim, dizem seguir a Bíblia inteira, de capa a capa, mas quando aparece Bíblia, que "só tem verdades", mentiu justamente aqui. Não é uma incoerência chamar de cristão, não. Jesus não proibiu comunicação com mortos. Foi uma lei de Moisés e vcs se apegam a ela. Nós seguimos a Jesus, seus ensinos. Vcs ,também não seguem as leis de Moisés normalmente. Só fazem no caso da proibição a comunicação com mortos. Em outras leis, vcs analisam o contexto. Por exemplo, não saem por não aceitam, pois aí analisam o contexto. No caso da proibição a comunicação com mortos, mesma coisa...

AIRTON - Apegamo-nos à Bíblia porque ela é proveitosa para ensinar e instruir (2 Tm 3.16-17),e foi recomenda por Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus (Mt 22.29). A proibição da prática espírita/ocultista não está confinada à lei mosaica. De forma direta ou indireta, ela é confirmada em 1 Samuel 15.23, 1 Crônicas 10.13-14, 2 Crônicas 33.6, Isaías 8.19-21, Lucas 16.30-31, Gálatas 5.20, Apocalipse 9.20-21, 21.8. Além disso, Jesus é o ÚNICO mediador entre Deus e os homens (Jo 14.6; 1 Tm 2.5). Jesus nos ensinou a orar a Deus, e a buscá-lO diretamente. Vemos isso de Gênesis a Apocalipse. Nenhuma referência há à intermediação dos mortos. Tudo contrário ao espiritismo, que ensina a função mediadora dos desencarnado e as preces aos Bons Espíritos para afastar os maus, para proteger, para dar sabedoria, etc. Digo também que Jesus não é para ser seguido só pela metade ( ensino moral ), porque Ele não é meio verdade, meio mentira. Ele próprio declarou: EU SOU A VERDADE. Essa é uma das razões porque o espiritismo não é cristão. Para ser cristão teria que ensinar o que Ele ensinou quanto à salvação, perdão de pecados, juízo final, ressurreição, oração, Consolador, etc.

ROGÉRIO - Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário inútil fora a proibição. Ora, se os mortos podiam vir naqueles tempos, também o podem hoje; e se são Espíritos de mortos os que vêm, não são exclusivamente demônios. Demais, Moisés de modo algum fala nesses últimos. É duplo, portanto, o motivo pelo qual não se pode aceitar logicamente a autoridade de Moisés na espécie, a saber: - primeiro, porque a sua lei não rege o Cristianismo; e, segundo, porque é imprópria aos costumes da nossa época. Mas, suponhamos que essa lei tem a plenitude da autoridade por alguns outorgada, e ainda assim ela não poderá, como vimos, aplicar-se ao Espiritismo. É verdade que a proibição de Moisés abrange a interrogação dos mortos, porém de modo secundário, como acessória às práticas da feitiçaria.. O próprio vocábulo interrogação, junto aos de adivinho e agoureiro, prova que entre os hebreus as evocações eram um meio de adivinhar; entretanto, os espíritas só evocam mortos para receber sábios conselhos e obter alivio em favor dos que sofrem, nunca para conseguir revelações ilícitas. Certo, se os hebreus usassem das comunicações como fazem os espíritas, longe de as proibir, Moisés acoroçoá-las-ia, porque o seu povo só teria que lucrar. Vc fala aí em cima em proibição. Explique: a Bíblia condena uma prática impossível??? Se a comunicação foi proibida, por que vc conclui que ela não existe, que é coisa de diabo enganador?

AIRTON - Essa questão sempre é levantada pelos espíritas: Deus iria proibir algo inexistente? A possibilidade da existência da comunicação entre vivos e mortos é fator secundário diante da lei proibitiva. O que importa é fazermos a vontade de Deus. E a Sua vontade é que os homens se dirijam a Ele diretamente, e que não procurem médiuns. Ora, se Deus proíbe a invocação dos espíritos via mediunidade é porque a invocação dos espíritos, a possessão mediúnica e todos os expedientes correlatos são prejudiciais aos homens. Se, de fato, os Bons Espíritos fossem mensageiros de Deus, e o espiritismo a última revelação, como disse Kardec, a Palavra em Isaías 8 seria mais ou menos assim: Consultem os mortos em suas necessidades, porque Eu, o Senhor, ministrarei bons fluídos através dos Bons Espíritos, meus mensageiros celestiais . Aí a coisa mudaria de figura. Mas não. Isaías falou de espíritos familiares e adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes . Assim, os espíritos familiares de Kardec foram ridicularizados nessa passagem. São esses os mensageiros de Deus? Algum espírita objetaria dizendo que os bons médiuns só recebem bons espíritos, porém Kardec dispara: É necessário distinguir as comunicações verdadeiramente sérias das comunicações falsamente sérias, O QUE NEM SEMPRE É FÁCIL, porque é graças à própria gravidade da linguagem que certos Espíritos presunçosos ou pseudo-sábios tentam impor as idéias mais FALSAS e os SISTEMAS MAIS ABSURDOS (Realce nosso - O Livro dos Médiuns, cap. X-136). Ora, se a prática espírita fosse doutrina cristã, Deus não permitiria essa balbúrdia, essa insegurança e incertezas. Vejam mais: A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas, MESMO ENTRE OS ADEPTOS DO ESPIRITISMO. Porque os Espíritos de fato não trazem nenhum documento de identificação e sabe-se com que facilidade alguns deles tomam nomes emprestados (Realce nosso Kardec - L.M. cap. XXIV-255). Estranha mesmo é a resposta à questão 231, ib, cap XXI: O meio em que o médium se encontra exerce alguma influência sobre as manifestações? Resposta: Todos os Espíritos que cercam o médium o ajudam para o bem ou para o mal.

ROGÉRIO - Mas isso [ vejo um deus que sobre da terra ] só mostra a maneira falha com que os médiuns daquele tempo viam a mediunidade, inclusive de forma idólatra, tendo os espíritos como deuses . Esse foi um dos motivos da justa proibição bíblica [Dt 18.9-12; Is 8.19]. O povo não tinha preparo moral que a mediunidade exige. Eram idólatras. O texto bíblico fala em necromantes. Necromancia é forma de magia negra em que se evocam espíritos para adivinhações.

AIRTON - Ora, deduz-se pelas palavras acima que a feiticeira era uma médium idólatra, mas que era médium. E que também era uma necromante, porque evocava os espíritos para adivinhar. Tudo da mesma forma como fazem hoje: evocam os espíritos para imitar caligrafias e vozes, para falar do passado, do presente e do futuro. Ou seja, para adivinhar. Médium, feiticeira, necromante, canalizador, cavalo, todos invocam e recebem entidades espirituais. Embora haja alguma diferença no ritual, há entre essas categorias algo comuníssimo, que é a invocação e a possessão de entidades espirituais. Vejamos o Dic. Aurélio: NECROMANCIA - Adivinhação pela invocação dos espíritos . MÉDIUM - O intermediário entre os vivos e os mortos . CAVALO (12) Médium que recebe um guia, nas manifestações da Umbanda . CANALIZADOR Termo moderno do movimento Nova Era.Trata-se de um sinônimo de médium. Designa a pessoa que em estado de transe entra em contato com um espírito, um Mestre ascendido, uma consciência superior ou alguma outra entidade, e então recebe e repete mensagens vindas do outro lado do mundo físico (Russel Chandler, Compreendendo a Nova Era ). Logo, os termos mudam com o tempo mas o sentido é o mesmo. Com fraude ou sem fraude; com boas ou más intenções, com idolatria ou sem, tais práticas são proibidas por Deus. Como reconheceu o Sr. Rogério, a proibição da bíblia é justa (Dt 18.9-12; Is 8.19). E não poderia ser de outra forma, pois parte de um Deus que sabe todas as coisas. Rebatemos a afirmação de que a dita proibição deveu-se à atuação de médiuns idólatras. Deus não menciona tal fato. Ele apenas proíbe; não faz exceções. Se fosse assim, antes de consultarmos um cavalo teríamos que conhecer o seu coração para sabermos se é idólatra ou não. Na verdade, Deus proíbe qualquer tentativa de consulta aos mortos porque Ele sabe que tal prática levará ao contato com demônios. Se os desencarnados de Kardec fossem de fato mensageiros de Deus; se o espiritismo fosse de fato a última revelação de Deus, essa atividade estaria na Bíblia em forma de doutrina, com bastante clareza.

ROGÉRIO - Aí complicou! Deus proibiu a comunicação com mortos, ou seja, a PRÁTICA. Em momento algum a Bíblia fala em demônios enganando. Em momento NENHUM, senão seria proibida a TENTATIVA e não a PRÁTICA. Não entendeu ainda? Então, se um dia vc ver um cartaz "Não navegue na grama", me diga! Está claro no texto que a comunicação foi totalmente proibida, sim, mas a um povo que não tinha o preparo que a mediunidade exige, que praticava adivinhações, feitiços e até matava criancinhas! Mediunidade assim continua a acontecer.

AIRTON - O assunto foi tratado acima.

ROGÉRIO - Dizem que a profecia de Samuel não se cumpriu, pois Saul se matou. Mas tudo caminhava para a morte de Saul nas mãos dos filisteus, como disse a profecia, e só isso ele poderia prever. O suicídio não está escrito . Não teria como Samuel saber que Saul acabaria com a sua própria vida, pois o destino de ninguém é de matar.

AIRTON - Então apelemos para Deuteronômio 18.22: Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele . Ora, se o espiritismo declara que os bons desencarnados são os interlocutores de Deus; se o Samuel histórico nos dá a certeza de que ele era um bom espírito; logo, era de se esperar que a sua palavra se cumprisse na sua totalidade. Todavia, não se cumpriu, nem quanto à forma como Saul morreria; nem quanto ao prazo em que ele deveria morrer; nem quanto ao número de seus filhos que morreriam na batalha . Samuel como mensageiro de Deus não poderia saber? Tal assertiva leva-nos a suspeitar das adivinhações proferidas em todas as sessões espíritas. Se Samuel não pôde acertar, como então acertaram as profecias a respeito de Jesus, dentre outras? Que Seus ossos não seriam quebrados (Sl 34.20; Jo 19.33); que Seu lado seria trespassado (Zc 12.10; Jo 19.34); que Lhe seria dado vinagre para beber (Sl 69.21; Jo 19.29); que sofreria em substituição a nós (Is 53.4-5; Mt 8.16-17); que seria vendido por trinta moedas de prata (Zc 11.12; Mt 26.15)?

ROGÉRIO - Pode-se considerar que não era Samuel. Isso pode até ser. Poderia ser outro espírito, mas NUNCA um demônio. No mínimo, conforme a Bíblia, os autores bíblicos não acreditavam nessa interferência do demônio nas comunicações, tanto que a Bíblia proibiu as comunicações aos feiticeiros, adivinhantes, etc., e diz que Samuel se comunicou. Poderia até ser um espírito zombeteiro. Em uma reunião assim, isso ocorre.

AIRTON - Mas não nos causa surpresa a revelação de que um "espírito zombeteiro" (brincalhão, galhofeiro) pudesse ter interferido. O codificador do espiritismo descobriu isso há muito tempo. Allan Kardec admite que os médiuns estão sujeitos à má influência dos "maus" espíritos (zombadores, perversos, enganadores, malfazejos, levianos, imitadores de caligrafias): "Aí se encontra, é fora de dúvida, um dos maiores escolhos em que muitos funestamente esbarram, mormente se são novatos no espiritismo" (E.S.E. cap.XXI,item11).

AIRTON - Prova-se, mais uma vez, que nas sessões espíritas ninguém sabe quem desce ou quem sobe . Ou seja, ninguém sabe quem é quem. Pode ser um Doutor Fritz, um Napoleão Bonaparte , Nero , Herodes ou Moisés. Chama-se Samuel, vem um zombeteiro! Realmente as sessões espíritas são um terreno muito perigoso, um campo minado. A frase acima estaria melhor assim: Os autores bíblicos acreditavam na interferência de demônios, tanto que Deus proibiu essas tentativas de comunicação com os mortos.

ROGÉRIO - Kardec fez a mesma advertência dos apóstolos. João, por exemplo, disse: Não creiais em todos os espíritos, mas provai se os espíritos são de Deus". Isso não é nenhuma PROIBIÇÂO,mas sim o uso do DISCERNIMENTO, que, segundo Kardec, não é por outro meio além do bom senso.

AIRTON - 1 João 4.1-4 fala de falsos profetas com espírito do anticristo (contrários aos ensinos de Jesus). que surgiriam. Não se refere a provar desencarnados incorporados em médiuns. Aliás, como Kardec confidenciou, não há como se livrar dos maus espíritos. O médium é um canal à mercê das entidades. Homens não guiados pelo Espírito de Deus não confessam que Deus encarnou; não confessam a divindade de Jesus, nem a Sua ressurreição corporal. Portanto, leia-se: toda pessoa que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não tem o Espírito de Deus. 2 João 7-11 complementa o texto acima. Aqui ele fala de enganadores que saem pelo mundo , que não confessam que Jesus Cristo é Senhor, tal como faz o espiritismo. Esses encarnam o espírito do anticristo. Todavia, essa orientação serve, também, para desmascarar os demônios nas possessões mediúnicas.

Parte XXVII

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO VI

Saul e a Feiticeira (II)

AIRTON - A proibição da prática espírita/ocultista não está confinada à lei mosaica. De forma direta ou indireta, ela é confirmada em 1 Samuel 15.23, 1 Crônicas 10.13-14, 2 Crônicas 33.6, Isaías 8.19-21, Lucas 16.30-31, Gálatas 5.20, Apocalipse 9.20-21, 21.8.

ROGÉRIO - Por favor, aprenda a separar as coisas. Espiritismo não é ocultismo. O objetivo de estudo da doutrina Espírita é justamente tornar o sobrenatural ou oculto em natural e conhecido, dando fim a superstições e crendices, portanto não se trata de doutrinaocultista. Agora, vejamos as passagens citadas por vc:

20 Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas mãos, para deixarem de adorar aos demônios, e aos ídolos de ouro, de prata, de 21 Também não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos. (Apocalipse 9:20-21)

Espiritismo? ONDE??? Feitiçarias?? Homicídio? PROSTITUIÇÂO?? Ora, francamente!!! Explique isso...

8 Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aosadúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte seráno lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte. (Apocalipse 21:8) Está mal!!.

23 Porque a rebelião é como o pecado de adivinhação, e a obstinação é como a iniqüidade de idolatria. Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, para que não sejas rei. (I Samuel 15:23) Tá mesmo muito mal!

13 Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade para com o Senhor, porque não havia guardado a palavra do Senhor; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar,14 e não buscou ao Senhor; pelo que ele o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé. (I Crônicas 10:13-14)

ADIVINHADORA, é o que o texto diz. Referências ao Espiritismo onde? Não vi!

6 Além disso queimou seus filhos como sacrifício no vale do filho de Hinom; e usou de·augúrios e de encantamentos, e dava-se a artes mágicas, e instituiu adivinhos e 33:6) ONDE vc viu Espiritismo aí??

AIRTON - Explica-lo-ei. "SUBDIVISÕES DO ESPIRITISMO, segundo Raimundo F. de Oliveira: ESPIRITISMO COMUM (Quiromancia, cartomancia, grafologia, hidromancia, astrologia). BAIXO ESPIRITISMO, também conhecido como espiritismo pagão, inculto e sem disfarce (Vodu, candomblé, umbanda, quimbanda, macumba). ESPIRITISMO CIENTÍFICO, conhecido como o Alto Espiritismo, Espiritismo Ortodoxo, Espiritismo Profissional. Essa classe de espiritismo tem sido conhecida também como: Ecletismo, esoterismo, teosofismo. ESPIRITISMO KARDECISTA - Classe de espiritismo comumente praticada no Brasil". Explicando as diversas faces do espiritismo, diz o autor: "Evidentemente, o Diabo é um demagogo muito versátil e maleável, capaz de muitas transformações. Aos psicólogos, ele diz: "Trago-vos uma nova ciência". Aos ocultistas, assevera: "Dou-vos a chave para os últimos segredos da criação". Aos racionalistas e teólogos modernistas, declara: "Não estou Aí. Nem mesmo existo". "Assim faz o espiritismo: muda de roupagem como o camaleão muda de cor, de acordo com o ambiente, ainda que na essência continue o mesmo: supersticioso, fraudulento, mau e diabólico". Daí a razão de havermos colocado tudo no mesmo saco, embora sabendo que causaria mal-estar.

ROGÉRIO - Lucas fala da parábola do Lázaro e do rico. Em momento algum da parábola Cristo diz ser a comunicação impossível. Quando o rico pede que um dos mortos vá relatar aos seus irmãos sobre os tormentos por que ele passava, Abraão diz: "eles tem lá Moisés e os profetas, e se não lhes dão crédito, muito menos creriam ainda que algum dos mortos fosse ter com eles". De fato, não acreditariam, pois, é isso o que sempre vem ocorrendo até hoje,. até quando espíritos se manifestam através de gravações. Temos o livre-arbítrio. Se um sujeito é assassino, nenhum espírito vai se manifestar para dizer que ele está errado. Mais tarde, sofrerá as conseqüências dos próprios atos. Agora, tem um ensino nessa parábola que vcs preferem ignorar. O pobre estava no "céu" por ter resistido aos problemas da vida com humildade, sem se queixar, e não por ter aceitado que Jesus é Deus e Salvador.

AIRTON - Não é bem assim. Já expliquei essa parábola várias vezes. Se a passagem não diz ser impossível a comunicação, também não diz ser possível. Mas vamos em frente A frase correta é: "Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ALGUM DOS MORTOS VOLTE À VIDA" (Lucas 16.31). Outras versões dizem: ... "ainda que algum dos mortos ressuscite". Ou seja: um espírito humano somente compareceria à presença dos vivos se ressuscitasse, isto é, se o espírito voltasse ao corpo original. Isto (a ressurreição), todavia, dar-se-á somente no arrebatamento da Igreja (1 Ts 4.16-17). Os desencarnados se manifestam através de gravações? É o diabo operando em outro sistema, alternando sua forma de enganar os incautos. É como se dissesse: "EU NÃO EXISTO". Quem falou que ignoro a humildade de Lázaro? Sempre digo que o rico não foi para o lugar de tormentos porque era rico, mas porque era pecador, certamente avarento e soberbo. E Lázaro não porque era pobre, mas porque era obediente e temente a Deus. Nesse ponto estamos de acordo. Antes prevalecia o temor e obediência a Deus, alimentados pela esperança da vinda do Messias prometido. Tendo surgido o Filho de Deus, com Ele vieram as Boas Novas, o Evangelho da salvação , do perdão, do arrependimento. Agora sim, quem nEle crê será salvo, mas quem não crê na Sua morte, ressurreição e divindade, com uma fé obediente, SERÁ CONDENADO. Agora, nessa passagem há uma verdade que os espíritas fazem vista grossa. O rico mostrava-se apavorado diante de tantos tormentos. Gritava, berrava, esperneava; estava realmente numa situação desesperadora (ainda está lá do mesmo jeito). Estava numa prisão. Claro que estava, porque se tivesse alguma liberdade de locomoção ele mesmo iria visitar seus irmãos e, através de um médium, daria seus bons conselhos. Ou talvez nem precisasse disso; poderia mandar seu "ectoplasma" materializado, ou o "perispírito". Ele não encontrou forma alguma de visitar seus irmãos. Apelou para Abraão e recebeu resposta negativa. Ora, o espiritismo diz que os desencarnados andam por aí fazendo o que devem e o que não devem. Veja: "Vêem os espíritos tudo quanto fazemos? Resposta: "Podem ver, desde que estais incessantemente por eles rodeados" (Questão 456, Livro dos Espíritos, cap IX). Eles estão tão presentes - segundo admitem os espiritistas - que nas sessões espíritas estão sempre prontos a possuir os médiuns. Diz Kardec que quando sai um desencarnado bom caráter, um outro, mau caráter, apressa-se a se apresentar. Por outro lado, onde estavam os Bons Espíritos de Kardec que não acorreram a consolar o coitado? Pelo menos sabemos que um Bom Espírito, o Lázaro, não pôde lhe dar atenção. Mas os demais, quem sabe, poderiam dizer ao rico que o inferno que ele estava vivendo seria passageiro. Breve ele estaria retornando à Terra, quem sabe até na mesma família, e assim suas imperfeições seriam atenuadas. Ou talvez o orientasse a dar um passeio por outros mundos. Mas nada disso seria possível, porque o rico estava mesmo amarrado em seus tormentos, sem nenhuma chance de sair. O único passeio permitido para quem está em tormentos é com destino ao Lago de Fogo e Enxofre, no final dos tempos.

Parte XXVIII

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO VII

 Meu nome é Arnaldo Paiva, sou Espírita, e gostaria de antes de tudo, pedir desculpas pelos erros gramaticais. Estive visitando esta página O Filho de Davi/Estudos Bíblicos e lendo alguns artigos referentes à Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, bem como a sua análise aos ensinamentos contidos no Evangelho Segundo o Espiritismo os quais, segundo você mesmo diz, o deixou perplexo e preocupado.

O que deixou perplexo e preocupado porque diz que "o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa"?; Ora, ali está sendo ensinado o evangelho de Jesus, não é o que ensina o Cristianismo? Porque diz que "o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã"?; E não é? Ora, desde do lançamento da Codificação Espírita os responsáveis tanto do plano material quanto do invisível, vem trabalhando na evangelização do homem, portanto não é tradicionalmente cristã? Porque diz que "no cristianismo se encontram todas as verdades"?; Você quer dizer que no cristianismo não se encontram todas as verdades?

PR AIRTON: Preocupado porque senti a urgente necessidade de se levantar uma voz, refutando com veemência as inverdades afirmadas por Rivail. Muitas vozes já se levantaram contra o espiritismo, mas faltava a minha voz, do meu jeito, da minha maneira, para dizer a plenos pulmões que espiritismo nada tem a ver com cristianismo, e para dizer, também, que se o kardecismo andasse com seus próprios pés, com as doutrinas próprias ditadas pelos desencarnados de Kardec, seria uma religião muito mais autêntica do que essa que aí está, que tenta enroscar-se no cristianismo tal árvore trepadeira em busca de maior projeção e sustentação.

ESPÍRITA: Se entendemos por Cristianismo os ensinamentos do Cristo,(e é isso mesmo) sim, ali está contida todas as verdades eternas que o homem precisa saber sobre Deus, sobre Moral, sobre o Bem, e sobre tudo o que existe na vida, na morte, na Terra, nos Universos, enfim.

PR AIRTON: Faltou citar mais alguma coisa que Jesus ensinou: 1) A salvação pela fé nEle (fé salvífica), exemplo do ladrão na cruz, que foi perdoado e salvo: Hoje estarás comigo no paraíso . 2) o arrependimento para alcançar a misericórdia de Deus; 3) o perdão dos pecados; 4) o Juízo Final que se dará em determinado momento; 5) a impossibilidade de os mortos visitarem seus entes queridos ou de ensinar alguma coisa aos vivos (exemplo do Rico e Lázaro); 6) o Seu retorno para julgar; 7) a ressurreição dos mortos, exemplo dEle mesmo que ao terceiro dia ressuscitou corporalmente para nunca mais morrer; 8) a existência do diabo e de seus anjos; 9) a existência do inferno; 10) a existência do sofrimento eternoOra, tudo isso que foi ensinado por Jesus não é ensinado pelo espiritismo. Então...

ESPÍRITA: Mostra-nos o Cristo como o Mestre dos Mestres, e como o Governo moral-científico da Humanidade terrena. Agora se você entende por cristianismo as religiões criadas pelo homem, (e como tem) com seus dogmas, seus rituais, suas hierarquias, com suas interpretações humanas e pessoais, ai sim, verdadeiramente não está contida toda a verdade, mas sim, a verdade de cada um, e não a do Cristo e nem de Deus.

PR AIRTON: É o senhor quem está afirmando que eu entendo assim, e falta com a verdade. A essência do Cristianismo é o Senhor Jesus, que ressuscitou, vive e reina para sempre, como Senhor dos senhores e Rei dos reis.

ESPÍRITA: Não quero com essas palavras aparentemente grosseiras ofender a quem quer que seja, mas, confesso que me encontro também bastante preocupado com aqueles que por si só intitulam-se homens de Deus e que no fundo não passam de profissionais da religião, homens assalariados, dogmáticos, esquecidos da recomendação do Cristo Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios; daí de graça o que de graça recebestes , (Mateus, x: 8) a orientar partes da humanidade com suas interpretações puramente pessoais, é vergonhoso os sites evangélicos (evangélicos?) com algumas exceções, pois em vez de divulgar o evangelho do Cristo, ficam combatendo as outras religiões e se colocando como os únicos certos, o mesmo acontecendo dentro das suas igrejas com total desrespeito para com aqueles que pensam diferente, como se fossem donos da verdade e que fazendo-se uma simples análise de comportamento ao escreverem, demonstram estarem contrário aos ensinamentos de Jesus, que nunca condenou ninguém por não pensar como Ele.

PR AIRTON: Suas palavras até que não são grosseiras. O senhor está fazendo justamente aquilo pelo qual me acusa: combater os que pensam diferente. Eu penso diferente porque a Bíblia fala diferente A minha palavra não é a minha palavra, mas a da Bíblia Sagrada. O ocultismo, a feitiçaria, o satanismo, o budismo, as testemunhas-de-jeová pensam diferente, por isso nós evangélicos combatemos essas seitas. O espiritismo ensina diferente e por isso recebe nossa refutação. Veja: Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para REPREENDER, para CORRIGIR, para instruir em justiça, a fim de que todo o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra (1 Timóteo 3.16-17). E mais: Antes santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações. Estai sempre preparados para RESPONDER com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós (1 Pedro 3.15)Devemos ter Jesus como Senhor (aquele que manda, que preside, que ordena, que dirige, que orienta, que salva, cura e liberta). Quem falou isso foi o apóstolo Pedro, aquele que viu o sepulcro vazio e os lençóis que enrolaram Jesus. Aproveite esta ocasião para aprender o seguinte, não de mim, mas da Palavra: somos salvos PARA as boas obras; não somos salvos PELAS obras.Somos salvos pela graça, mediante a fé (Efésios 2.8). O senhor citou a BÍBLIA, estou mencionando a Bíblia. As boas obras são válidas quando glorificam o nome do Senhor Jesus, quando resultado de nossa fé nEle. O que Jesus disse ao ladrão moribundo na cruz foi uma pancada mortal no ensino espírita da reencarnação e das obras. Aquele ladrão não fez boas obras nem antes, durante sua vida, nem pôde fazer, obviamente, após sua morte. A única coisa que ele fez foi arrepender-se de seus pecados, crer em Jesus e clamar por misericórdia (Lucas 23.39-43). Por isso, obras isoladas não salvam. É preciso confessar o nome de Jesus, como Senhor e Salvador, e crer que Deus O ressuscitou dentre os mortos (Romanos 10.9). O ladrão foi direto para o céu, sem passar por inúmeras vidas corpóreas para purificar-se. Jesus morreu por ele; ele creu nisso; foi perdoado. A LBV faz boas obras, mas pela palavra de seu mestre ensina que devemos amar a Satanás. O inferno vai ficar cheio de ateus que fazem boas obras.

ESPÍRITA: O que o Cristo combateu com energia, e não com desamor, foi a hipocrisia dos escribas e fariseus do seu tempo. Demais, disseminava os seus ensinamentos e deixava que o indivíduo escolhesse por si mesmo se o seguiria ou não, sem apontar se ele estava certo ou errado, porque ele mesmo disse: Eu não vim para julgar . Eu diria até que se fossem realmente homens de Deus, (é assim que auto-intitulam-se) não agiriam dessa maneira, e se estudassem verdadeiramente o evangelho de Jesus, se conhecessem este código de moral divina, veriam que esse comportamento não encontra nenhum respaldo nos ensinamentos ali contidos.

PR AIRTON: Claro, no Seu ministério terreno Ele não veio julgar; veio trazer as boas novas. Mas retornará para JULGAR, e o julgamento ensinado por Jesus (Mateus 25.46) assemelha-se a um nocaute na doutrina reencarnacionista, segundo a qual os desencarnados ficam por aí nascendo e morrendo ilimitadas vezes até conseguirem a perfeiçãoJesus não ensinou isso. Daí porque afirmamos que espiritismo é religião contrária ao cristianismo. O espiritismo deve se colocar no seu devido lugar, como uma religião ou doutrina inspirada pelos desencarnados .

ESPÍRITA: Tenho verificado que para dar valor ao que dizem, são inescrupulosos, porque mentem, truncam frases para que tenham o sentido que desejam dar, falam de coisas que não faz parte da Doutrina Espírita, por não compreenderem e nem saberem das coisas relacionadas com a vida espiritual (a qual deviam conhecer) dão interpretações errôneas aos conceitos espíritas, buscam na Bíblia somente aquilo que dar um aparente apoio ao que dizem, ou seja, aquilo que lhes é conveniente.

PR AIRTON: Faltou citar nomes, exemplos, e referências bíblicas. O senhor não se referiu a mim porque falou na terceira pessoa. Pelos outros não respondo. Qualquer religião, qualquer denominação cristã que se desviar da Palavra e introduzir heresias em sua liturgia, deve merecer nosso repúdio, e seus seguidores devem ser alertados.

ESPÍRITA: Nem conhecem a Bíblia e muito menos o Espiritismo

PR AIRTON: Até o momento o senhor não demonstrou conhecer a Bíblia, pois ainda não a usou para dar substância aos seus argumentos. E foi bom que o senhor tenha se referido à Bíblia. Isto nos leva ao entendimento de que o senhor ACEITA a Bíblia como um todo, e não apenas as palavras do Senhor Jesus.

ESPÍRITA: Imaginemos o que será das pessoas que estão sendo orientadas por indivíduos com esse comportamento. Isso sim, é preocupante, pois se você condenou o que está contido no Evangelho Segundo o Espiritismo, você está condenando os ensinamentos morais do Cristo, de uma vez que, se os Espíritos selecionaram para interpretação aqueles ensinamentos, é por constar os ensinamentos morais do Cristo que a humanidade está precisando mais do que nunca, nessa fase de crise moral que estamos vivendo, que exige essa reforma de cada um de nós, mas vocês (evangélicos) não precisam se reformar moralmente, pois se salvam só pelo fato de acreditarem no Cristo, e atenderem ao ritual do batismo, tornando os seus ensinamentos inúteis.

PR AIRTON: O destino das pessoas que aceitarem Jesus como Senhor e Salvador, que crerem na Sua morte e ressurreição, que se arrependerem de seus pecados, o destino é a vida eterna, o céu. E é isso que ensinamos. Exatamente o que Jesus ensinou. Jesus não ensinou que deveríamos ir a uma sessão espírita para tomar passos; que deveríamos ter o dom da mediunidade; que deveríamos consultar os mortosAliás, a BÍBLIA (que o senhor falou) proíbe a consulta aos mortosE mais: foi Jesus quem disse que se crermos nEle seríamos salvos, e quem nEle não cresse já estava condenado. Como o senhor conhece bem a Bíblia não é preciso nem que eu indique o versículo.

ESPÍRITA: Eu particularmente não tenho vocês como discípulos do Cristo como dizem, povo de Deus como dizem, porque o Cristo deixou uma fórmula para distinguirmos o verdadeiro do falso, o erro da mentira, dizendo-nos: Conhecereis a árvore pelos seus frutos . e quais tem sido os frutos que tenho visto dos que se intitulam discípulos do Cristo, povo de Deus? Perseguição. Perseguição pessoal, perseguição moral, realizada por todos os meios de comunicação que a terra oferece.

PR AIRTON: Faltou citar exemplos e nomes. Claro, aqueles que se declaram de Deus e não se comportam conforme a Palavra terão que serem julgados por isso. Mas o justo Juiz julgará com justiçaTambém não temos os espíritas como discípulos de Jesus, e em nossa refutação aplicamos a verdade que está nas palavras de Jesus.

ESPÍRITA: Por favor Pastor Airton, abra o evangelho de Jesus, (eu disse o evangelho de Jesus) e mostre-me um lugar onde o Cristo diga: Ide, matai, massacrai, persegui aqueles que não pensam como vós . Faça-me isso por favor.

PR AIRTON: O senhor deseja dividir a Palavra de Deus em duas partes: a) a Bíblia, como falou acima, e b) o Evangelho do Senhor Jesus. A Bíblia é uma só e se divide em duas partes: Antigo testamento (39 livros) e Novo Testamento (27 livros). O Verbo, a Palavra, o Senhor Jesus, o Deus Filho permeia toda a Bíblia. As profecias sobre Seu sofrimento, ministério, divindade, morte e ressurreição estão no Antigo Testamento. Jesus fez referências ao livro de Jonas, ao livro de Isaías, e mencionou o Pentateuco de Moisés. Logo, a divisão sugerida é indevida. Devo lembrá-lo de que Kardec não descartou em seus comentários o livro Atos dos Apóstolos, e as cartas paulinas aos romanos e aos coríntios (Evangelho Segundo Espiritismo). Não se deve levar em conta apenas o que o Senhor Jesus disseOs apóstolos, devidamente inspirados, deram continuidade aos seus ensinos.

ESPÍRITA: Agora se você buscar nas orientações dadas pelo Deus de Israel, o Deus dos Exércitos do qual vocês são adeptos, com certeza você irá encontrar, pois o mesmo chegou a mandar matar todos os seres viventes em cidades inteiras e que deixasse só as virgens para os soldados se divertirem com elas. Eis ai a diferença que você (s) não consegue entender, nós espíritas somos adeptos do Cristo e não da Bíblia, sem com isso faltarmos com o respeito para com a mesma. Vocês, são adeptos da Bíblia e usam o nome de Jesus para poder dar autoridade ao que dizem, que nem sempre corresponde ao pensamento d Ele.

PR AIRTON: O senhor deve ser mais econômico no dissertar sobre a lei mosaica, pois que poderia sofrer repreensão no meio da comunidade kardecista. Digo isto porque Allan Kardec aprovou com louvor toda a lei de Moisés. Veja o que seu mestre disse: Na lei mosaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra APROPRIADA AOS COSTUMES E AO CARÁTER DO POVO, se modifica com o tempo (Evangelho Segundo o Espiritismo Cap I-2); A moral que Moisés ensinou era APROPRIADA ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que não por meio de holocaustos... (E.S.E. cap I-9).

ESPÍRITA: Mas vocês não são justos o suficiente para reconhecer que os ensinamentos ali contidos (Evangelho Segundo o Espiritismo) são de alta moral, e não poderia deixar de ser, de uma vez que estão baseados nos ensinamentos de Jesus. Meu amigo, opinião é um juízo que se formula sobre determinado assunto, e que pode ser ou não verdadeiro. Tanto emitimos um juízo quando dizemos o azul é uma cor , como quando dizemos o azul é a mais bela das cores .

PR AIRTON: Até agora o senhor não apresentou nada de substancial que tivesse o respaldo da Bíblia. No meu estudo Espiritismo X Cristianismo, apresento uma série de refutações a uma série de doutrinas espíritas, e toda a minha argumentação é respaldada por preceitos bíblicos. O que o senhor deveria ter feito seria rebater uma a uma as posições ali colocadas, não com afirmações generalizadas como fez, mas com citações objetivas e fundamentadas na Palavra.

ESPÍRITA: A primeira exprime uma verdade, pois é aceita por todos. Já a segunda, reflete uma opinião, de uma vez que não é compartilhada por todos, ou seja, o azul não é a mais bela das cores para todas as pessoas, e isso deve ser respeitado, eu não posso querer que todas as pessoas achem o azul a mais bela das cores só porque eu acho que ela é. O mesmo acontece em relação à Bíblia, você não pode querer que todas as pessoas tenham a Bíblia toda ela como a palavra de Deus. Nós espíritas respeitamo-la, só não aceitamos que tudo o que ali está escrito tenha sido ditado por Deus, e devemos ser respeitados por isso.

PR AIRTON: E por não respeitar a Bíblia como inspirada por Deus, é que combatemos sem trégua o espiritismo. O cristianismo respeita a Bíblia como ela é; o espiritismo, não; por isso o espiritismo e cristianismo não são a mesma coisa, como desejou Kardec. A Verdade é Jesus (João 14.6), e Jesus ensinou a respeito da salvação, do Juízo Final, do perdão, da necessidade de arrependimento e tantas outras coisas que o espiritismo nega. Jesus disse: EU SOU O CAMINHO , logo, o caminho não é o espiritismo, nem os desencarnados de Kardec, nem a reencarnação. A verdade é o que Ele falou; não é o que Kardec falou. Kardec morreu e seus ossos estão num cemitério em Paris. Jesus morreu, mas ao terceiro dia ressuscitou. O Seu sepulcro está vazio; Seus ossos não estão lá; Ele próprio, testemunhando de Sua divindade que o espiritismo nega predisse a Sua ressurreição. Isso faz a diferença.

ESPÍRITA: Como disse o Sr. Alexandre Zuzak (condenando o Espiritismo) também nesta mesma página: (O Filho de Davi) O Espiritismo é a seita que mais cresce no Brasil e no Mundo e conta com cerca de 20 milhões de adeptos só no Brasil É de se perguntar: Por que será? É porque está apoiada sobre três elementos cuja perenidade resiste a todas as críticas: a evidência dos fatos, a lógica de sua filosofia e as suas profundas conseqüências morais.

E eu gostaria de acrescentar que segundo pesquisas realizadas recentemente, mais de sessenta por cento da população brasileira, aceita a reencarnação e a comunicação com os mortos, isto denota que existe uns pseudo-católicos e pseudo-protestantes-evangélicos.

Não se destrói uma doutrina sólida, coerente e moralizadora, como o Espiritismo, apenas com combates preconceituosos ou tratados de teologia.

Aquilo que é lógico só se elimina com princípios mais lógicos e mais convincentes. E por outro lado, contra fatos não existem argumentos.

PR AIRTON: O senhor parte de uma premissa errada: que as religiões que mais crescem são as verdadeiras, ou são aprovadas por Deus. O islamismo tem mais de um bilhão de seguidores. Seria a religião verdadeira? Jesus pensa diferente. Ele disse que muitos entrariam pela porta que conduz à perdição. Disse ainda: muitos são chamados, mas poucos escolhidos (Mateus 22.14).O espiritismo começou a solidificar-se no jardim do Éden, quando o diabo falou pela serpente a Eva. Mas os dias dele está contado. Fala bem, os pseudo-evangélicos não são evangélicos. Não importa saber o que a população brasileira acha, mas o que diz a Palavra de Deus. A Bíblia é o padrão. Esqueceu-se de dizer que o espiritismo apresenta um pseudo-evangelho. E quando um espírita se diz cristão, está dizendo que é um pseudo-espírita, porque não está se conduzindo única e exclusivamente pelo Livro dos Espíritos. Leia: O Livro dos Espíritos contém especialmente a doutrina ou teoria do espiritismo que, num sentido geral, pertence à escola espiritualista, da qual apresenta uma das fases. Eis por que traz, acima de seu título, as palavras: Filosofia Espiritualista (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Introdução I). Então, os espíritas não devem rodopiar em torno da Bíblia, a qual não contém a doutrina ou teoria do espiritismo O senhor apenas fez afirmações sem apresentar as evidências bíblicas. Autorizo a dar ampla divulgação ao presente debate, se possível enviando-o a sites espíritas. Da mesma forma farei eu, enviando-o a sites evangélicos.

Parte XXIX

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO - IX

(A missão e o sofrimento de Jesus)

 AIRTON - Então, conforme a visão kardecista, foi dura a caminhada de Jesus até chegar ao seu ponto máximo de perfeição, depois do seu estado primário de alma "simples e ignorante". Até ser considerado um Espírito Puro, teria passado por inúmeras vidas corpóreas. Foi, quem sabe, escravo de um senhor rude e cruel; trabalhador braçal na construção de castelos reais; uma mulher desamparada ou uma viúva pobre em algum lugar da África, ou um índio brasileiro contemporâneo de Pedro Álvares Cabral. Vencidas essas provas indispensáveis ao seu aperfeiçoamento - e já na condição de Espírito Puro - achou graça diante de Deus, que o escolheu para uma missão divina da mais elevada importância.

ROGÉRIO - Ele só encarnou aqui uma vez. Já era Espírito Puro quando nosso planeta foi criado e, inclusive, trabalhou na criação da Terra.

AIRTON - Então, Jesus não teria vindo para mais uma prova, eis que não havia nele imperfeições a serem removidas, como bem disseram os desencarnados a Kardec: "A autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua MISSÃO DIVINA" (E.S.E., cap. I-4, Kardec, realce meu). A pureza de Jesus seria de tal forma que Deus o escolhera dentre muitos outros Espíritos Puros, eis que estaria Ele no ponto mais elevado da hierarquia espiritual, tudo segundo a visão kardecista. Ora, depois de tanto sofrimento, ou melhor, depois de sofrer tantas encarnações para aperfeiçoar-se, nada mais justo da parte de Deus do que premiar esse Espírito, que em determinada etapa chamou-se Jesus, com a sublime missão de dar início à "mais pura e mais sublime moral, da moral evangélico-cristã" (E.S.E., cap. I-9).

AIRTON - Outra dificuldade de conciliar Cristianismo e Espiritismo diz respeito ao sofrimento de Jesus. Como vimos acima, a "natureza excepcional do seu Espírito" e a sua divina missão de ensinar uma elevada moral à humanidade, como definiu Kardec, garantir-lhe-iam, pelo menos, uma vida terrena livre de qualquer sofrimento. Não foi o que aconteceu. Ainda criança, Herodes tentou matá-lo (Mateus 2.13); viveu uma vida sem descanso e sem bens materiais (Mateus 8.20); seus irmãos não criam nEle (João 7.5); foi duramente criticado e perseguido pelos fariseus, que desejavam tirar Sua vida (João 11.53); foi traído por um de seus apóstolos (Mateus 26.16); angustiou-se no Getsêmani, "e o seu suor tornou-se grandes gotas de sangue que corriam até ao chão" (Lucas 22.44); sem justa causa, foi preso e condenado à morte (Lucas 22.54; 23.25); não recebeu o apoio de seus discípulos quando foi preso (Mateus 26.56, 70, 72, 74); foi escarnecido, humilhado, açoitado, cuspido, e recebeu na cabeça uma

coroa de espinhos (Mateus 27.26-30); finalmente, foi crucificado. Seu sofrimento na cruz é indescritível (Mateus 27.32-56).

ROGÉRIO - Nem sempre o sofrimento é devido às falhas do passado. Jesus Cristo nasceu pobre, sofreu com violenta morte na cruz (em termos, pois para o espírito puro, desligado da matéria, não há tanto sofrimento), mas para que servisse aos homens como exemplo, com seu sacrifício.

AIRTON - Ora, Jesus teria passado por todos os estágios da escala espiritual até chegar à plena perfeição. Inicialmente "alma simples e sem ciência", Ele teria experimentado muitas lutas e vicissitudes em muitas vidas corpóreas, havendo subido de degrau em degrau na hierarquia espiritual. Já no topo da escada, recebe não mais uma prova, mas uma MISSÃO. Tal dissertação da vida espiritual de Jesus está acorde com a afirmação de um espírita cristão. Quando lhe perguntei se, no entender do kardecismo, Jesus teria sido um homem como outro qualquer, que mediante muitas vidas corpóreas atingiu o mais alto grau de perfeição, ele me respondeu afirmativamente: SIM.

ROGÉRIO - Sim, recebeu uma MISSÃO. E os espíritos missionários costumam ter uma vida assim, para deixar o exemplo.

AIRTON - Os "Espíritos" disseram a Kardec que "para chegar a essa perfeição devem eles passar por todas as vicissitudes da existência corpórea"; que "todos são criados simples e ignorantes..."; que "os sofrimentos da vida são, por vezes, conseqüência da imperfeição do Espírito" porque "QUANTO MENOS IMPERFEIÇÕES, TANTO MENOS TORMENTOS" (realce meu - L.E.,quesitos 132 e 133). Disseram também que os Espíritos Puros, da primeira classe, já "percorreram todos os degraus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, NÃO TÊM MAIS QUE PASSAR POR PROVAS OU EXPIAÇÕES" (realce é meu - L.E., quesito 113).

ROGÉRIO - Mas ele não passou por provas e expiações. Nem ficou atormentado, pois estava muito desligado das coisas materiais.

AIRTON - Se correta a tese da reencarnação, Jesus não mais precisaria passar por provas. Aliás, um certo "Espírito", a quem Jesus chamou de Satanás, tentou interromper Seus sofrimentos e até Lhe ofereceu riquezas (Mateus 4.8-11). Algumas indagações são necessárias: (a) O carma de Jesus não estaria completamente limpo, o que exigiu mais sofrimento? Tal hipótese não se harmoniza com a "natureza excepcional de seu Espírito", nem com a missão divina a Ele confiada (E.S.E., cap I-4). (b) Jesus era realmente um "Espírito Puro", mas por sua livre vontade aceitou e buscou o sofrimento para purificar-se mais ainda? Tal hipótese colide com a declaração kardecista de que os puros estão no último degrau da escala e não mais necessitam de provas. Deus estaria cometendo uma injustiça?

ROGÉRIO - Mas ele não passou por provas. Veio em missão, deixando exemplo com seu sacrifício.

AIRTON - A verdade é que Jesus não sofreu e não morreu crucificado para "expungir" suas próprias imperfeições. Perfeito como era, não precisou de sacrifícios para limpar Seu carma ou para elevar-se na escalada espiritual. "Verdadeiramente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades"(Isaías 53.4-5). Ele veio para "salvar o seu povo dos seus pecados" (Mateus 1.21). Ele é "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1.29), "para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Ele "morreu por nossos pecados"; não morreu na cruz para seu próprio progresso (1 Co 15.3). Ele "se deu a si mesmo por nossos pecados..." (Gálatas 1.4). "Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós... o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano...levando ele mesmo seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro..." (1 Pedro 2.21-24).

Estabelecido está mais um conflito entre o Cristianismo e o Espiritismo Cristão. E não citei a ressurreição corporal do Senhor Jesus, cujo corpo físico, se encontrado, seria um troféu nas mãos dos espíritas e das demais seitas que negam a Sua divindade. São dificuldades que eles próprios colocaram em seu caminho ao tentar estabelecer uma estreita conexão entre cristãos e espíritas.

ROGÉRIO - Não negamos a doutrina da Redenção. Apenas acreditamos que ela se realizará no mundo através do amor. Para isso, o Mestre nos deixou o seu ensino e o seu exemplo. Quando os homens, repudiando os dogmas e preconceitos a que se aferram há tantos séculos, abrirem as portas da percepção para assimilar a cristalina simplicidade dos ensinamentos do Cristo, eles fatalmente se redimirão pelo amor, cuja prática concorre para o resgate das faltas, como a Escritura deixa bem claro em Prov. 10:12 ("O amor cobre todas as transgressões"),Lucas 7:47 ("Muito será perdoado a quem muito amou") e I Pedro 4:8 ("O amor cobre a multidão de pecados"). O sacrifício de animais pelos pecados dos israelitas era um ato próprio de um povo bárbaro, sendo inconcebível que Deus, o mesmo que afirmou: "Misericórdia quero, não sacrifício" (Oséas 6:6) engendrasse tão absurdo "plano" para resgatar os erros da Humanidade. Cristo se sacrificou para assegurar o cumprimento da grandiosa missão que o fez descer a Terra. Sua morte, sem duvida alguma, estava nas previsões divinas, para provocar o impacto que se fazia necessário na consciência dos homens, seus contemporâneos e os das gerações vindouras. Ele mesmo disse: "Quando for levantado da Terra, atrairei todos a mim!" (João 12:32) Nós, espíritas, entendemos que Jesus veio ao mundo para ensinar aos homens a lição do amor (João 13:34) e que a sua morte, predita por vários profetas, resultou da inadequação da Humanidade para assimilar suas extraordinárias mensagens.

Os discípulos e os primitivos cristãos atribuíram a essa morte um caráter propiciatório porque entre os judeus estava secularmente arraigada a noção do resgate das faltas pelo derramamento do sangue. Era um costume milenar a imolação de animais pelos pecados do povo e isso naquelas eras bárbaras não deixava de ter um fundamento psicológico, pois funcionava como catarse coletiva, contribuindo para aliviar as consciências culpadas. Mas hoje, com as luzes de que dispõe a Humanidade, é possível perceber que não haveria justiça em fazer um inocente responder pelos erros dos culpados. Alias, nem mesmo o sangue de touros e de bodes podia tirar os pecados de ninguém, como podemos ler em Hebreus 10:4. E em Ezeq 18:20 vemos que a responsabilidade é pessoal e o justo não paga pelo pecador.

AIRTON - Onde está escrito nos Livros dos Espíritos, que "Cristo se sacrificou para assegurar o cumprimento da grandiosa missão que o fez descer a Terra"? A resposta se parece muito com João 1.14: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós". Só parece, mas não é a mesma coisa. Deus teria criado um só Espírito Puro ou muitos? A tese de que o sofrimento de Jesus, um "Espírito Puro", fez parte de Sua missão aqui na Terra, não encontra respaldo na própria doutrina espírita, sendo contrária às seguintes questões:

a) À resposta do quesito 96 do Livro dos Espíritos -"Os Espíritos são de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que atingiram";

b) À resposta do quesito 97, do L.E.

- "Em primeira linha podem ser colocados os que atingiram a perfeição: os Espíritos Puros";

c) À observação do quesito 100 - "A classificação dos Espíritos baseia-se no seu grau de progresso, nas qualidades adquiridas e nas imperfeições de que ainda não se despojaram';

d) À observação, questão 113, com referência aos Puros Espíritos: "Percorreram todos os degraus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que passar por provas ou expiações...";

e) À resposta ao quesito 115. Pergunta: "Entre os Espíritos uns foram criados bons e outros maus? Resposta: "Deus criou TODOS os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem ciência. A cada um deu uma missão,com o fim de esclarecê-los e fazê-los chegar progressivamente à perfeição pelo conhecimento da verdade e para os aproximar de si".

f) Ao contido no quesito 128 - Pergunta: "Os seres que chamamos anjos, arcanjos e serafins formam uma categoria especial, de uma natureza diferente dos outros Espíritos? Resposta: Não. São os puros Espíritos. Encontram no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições".

g) Ao quesito 129, que afirma que os anjos percorrem todos os graus para chegarem à perfeição;

h) Por fim, a sua resposta contradiz a sua própria afirmação, quando dias atrás atendeu a uma questão por mim formulada, como segue: Desejoso de continuar aprendendo, não para seguir, mas para embasar minha refutação, pergunto a algum representante do kardecismo:

JESUS, no entendimento do kardecismo, foi de fato um homem como outro qualquer, que mediante sucessivas vidas corpóreas atingiu o mais elevado grau de perfeição possível, e, em conseqüência dessa condição, foi enviado por Deus com a missão de ensinar aos homens uma elevada moral? Resposta sua: SIM.

AIRTON - Desconheço se em algum livro de Kardec há alguma referência a Jesus, como um Espírito Puro especialmente criado por Deus. O estranho é que esse Espírito Puro tenha sofrido e morrido numa cruz "para servir de exemplo". Deveríamos todos nós morrer numa cruz? Talvez devesse aprofundar-se mais nesse mister. Finalmente, por sua resposta e pelo contido no Livro dos Espíritos, conforme os quesitos acima transcritos, Jesus, como todos os Espíritos, subiu de degrau em degrau na escala de classificação até chegar no ápice da plena perfeição. Salvo melhor juízo.

ROGÉRIO - Não, não devemos todos morrer numa cruz, até porque essa era uma pena da época. Eu não disse que foi criado puro. Disse apenas que ele já era puro quando nosso planeta foi criado e só encarnou aqui uma vez. Sua evolução foi em OUTROS MUNDOS.

AIRTON - Estranho é ouvir de um kardecista a afirmação de que o Espírito Puro Jesus passou por mais uma encarnação, a última, aqui na Terra, e que o seu sofrimento foi para servir de exemplo. Vejo uma certa incoerência nisso, em razão do que tenho lido dos livros de Kardec. Persisto em dizer que,do ponto de vista da doutrina kardecista, Jesus não precisaria passar por mais uma vida corpórea num "mundo de expiação e provas". Recordemos:

a) No quesito 113 do Livro dos Espíritos está escrito que os Espíritos Puros percorreram todos os degraus e se despojaram de todas as impurezas da matéria; não mais precisariam passar por provas ou reencarnações. Comentário - Jesus estaria enquadrado nessa situação de plena pureza, como o senhor admite. Como o fim da reencarnação é o aprimoramento do Espírito, e "quando este se houver despojado de todas as impurezas não necessitará mais das provas da vida corpórea" (quesitos 167, 168 e 196 do Livro dos Espíritos), considero o caso de Jesus uma tremenda exceção na doutrina da reencarnação.

b) Como consta do capítulo III, item 4, do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Kardec, "a Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas..."; e no item 5, tomei conhecimento de que "quando, em um mundo, os Espíritos alcançam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim por diante, até que cheguem ao estado de puros Espíritos". Comentário - Com Jesus deu tudo errado. Ele aceitou as provas que lhe foram apresentadas e, em "outros mundos" (como o senhor Rogério definiu) atingiu a plenitude da perfeição. Logo, pelo raciocínio de Rivail, Jesus,no mínimo, deveria continuar em mundos adiantados. Deus teria sido injusto com esse Puro Espírito? Ora, segundo Kardec, ascender a mundos cada vez mais adiantados é uma recompensa ao Espírito que vem há muito tempo dando duro. Por outro lado, seria um castigo enviá-lo a um mundo mais atrasado (E.S.E., cap III-5). Então, Jesus teria sido duramente castigado, porque teria descido muitos degraus na escala espiritual. Onde estaria a justiça na reencarnação?

c) No item 15 do mesmo capítulo do E.S.E., Kardec diz que a Terra serve de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus, e que as dificuldades por que aqui passam redundam em progresso. Comentário - Por que Jesus, Puro Espírito, retrocedeu a um mundo de provas? Jesus já havia alcançado o nível mais elevado; puro, puríssimo, perfeito, de "excepcional natureza", como bem definiu Kardec, não necessitaria retroceder. A doutrina kardecista da reencarnação ensina o progredir sempre. O terrível sofrimento de Jesus teria sido tão somente para "servir de exemplo"? Ora, o melhor exemplo seriam as suas provas anteriores em "outros mundos". Bastava Ele contar como foi difícil sua caminhada; dizer que ele não rejeitara nenhuma prova; falar dos mundos habitados por Ele; como foi a primeira encarnação; quantas vezes Ele encarnou numa pessoa do sexo feminino e se teve muitos filhos, etc. Agora, morrer numa cruz para dar exemplo não me parece um argumento coerente ou convincente. Necessário se faz, portanto, que o espiritismo cristão esclareça esses desencontros, dizendo-nos por que e para que o Espírito Puro Jesus retrocedeu a um mundo de imperfeições; por que e para que Ele sofreu. Em caso de Jesus ter sido uma exceção na doutrina da reencarnação, seria válido informar onde, nos livros de Kardec, a exceção está prevista.

ROGÉRIO - Jesus veio em MISSÃO, não em expiação. Não precisa reencarnar em mundo mais adiantado, pois já atingiu a perfeição. Só reencarna agora em MISSÃO.

AIRTON - Bastava Ele contar [para que seu sacrifício servisse de exemplo] como foi difícil a caminhada; falar dos mundos habitados por Ele; como foi a primeira encarnação; quantas vezes Ele encarnou numa pessoa do sexo feminino e se teve muitos filhos, etc. Agora, morrer numa cruz para dar exemplo não me parece um argumento coerente ou convincente. Que o espiritismo cristão esclareça tais desencontros, dizendo-nos por que e para que o Espírito Puro Jesus retrocedeu a um mundo de imperfeições; por que e para que Ele sofreu. Em caso de Jesus ter sido uma exceção na doutrina da reencarnação, seria válido informar onde, nos livros de Kardec, a exceção está prevista.

ROGÉRIO - Não entendi. Acha que convenceria mais se ele falasse tais coisas, e não como foi, demonstrando ser um Espírito Superior com suas curas e outros "milagres" (que não acreditamos serem coisas contra as leis da natureza) e morrendo pelo próximo em uma cruz???

AIRTON - Ora, se Seu sofrimento foi apenas para "dar o exemplo", como o senhor disse, deveria então ter contado os outros sofrimentos, em "outros mundos", também para servirem de exemplo. Ademais, Kardec admitiu essa possibilidade quando disse que "os Espíritos bons gostam mesmo de descrever aqueles [outros mundos] que habitam, a fim de oferecer ensinamentos para vos melhorar e vos colocar no caminho que vos pode conduzir a eles". (O Livro dos Médiuns, cap. XXVI, quesito 296). Jesus, porém, contrariando os "mensageiros de Deus", nada revelou sobre suas antigas encarnações. Fica a impressão de que o Espiritismo Cristão não sabe porque Jesus morreu na cruz. Como o senhor já admite que Ele morreu pelo próximo, gostaria que desenvolvesse esse raciocínio. Sua morte seria para "que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna"? Kardec confirma? Primeiro, diz o Espiritismo Cristão que Jesus foi um homem como outro qualquer, que precisou sofrer muitas encarnações para atingir a máxima perfeição. Segundo, que Suas provas (reencarnações) ocorreram em outros mundos.

Terceiro, que Ele sofreu para servir de exemplo. Quarto, que Ele veio em missão e só em missão encarnará outra vez. Ora, tudo isso é estranho ao Cristianismo. Por tudo que se lê na Bíblia, Jesus não foi um homem comum (concepção, milagres, isenção de pecados, ressurreição, etc); Jesus nunca revelou provas enfrentadas em "outros mundos", como condição para ser puro; e o próprio Jesus revelou, e outros escritores bíblicos confirmam, que a Sua morte vicária destinou-se à REMISSÃO dos pecados. Vejamos: "Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados" (Mt 26.28; Mc 14.24; Rm 3.24-26; 5.9; Ef 1.7; 1 Jo 1.7; Hb 9.15,28; Ap 1.5). Veja: "O qual [Jesus] se deu a si mesmo por nós, para nos REMIR de toda iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tito 2.14).

As "Vozes do Céu", ao soprarem aos ouvidos de Kardec as instruções codificadas no Livro dos Espíritos, ou se esqueceram ou não quiseram fazer qualquer alusão ao sacrifício vicário de Jesus, assunto da maior importância para o Cristianismo. Nos quesitos 167 e 168 do referido compêndio, os "mensageiros de Deus" ensinaram que o fim da reencarnação é a expiação, com vistas ao progresso da Humanidade; e disseram que o Espírito Puro não mais precisa de novas vidas corpóreas. Eles, os "mensageiros", admitem a possibilidade de um Espírito "reviver corporalmente num mundo inferior àquele onde já viveu" (como teria sido o caso de Jesus) para cumprir uma missão: "Então aceitam com alegria as TRIBULAÇÕES dessa existência que lhes fornece um MEIO DE PROGRESSO" (Questão 178, do L.E.).

Logo, a encarnação aqui de Jesus, como MISSÃO, teria por objetivo seu próprio progresso. Confirmando, no quesito 196 está escrito que os espíritos "melhoram nessas provas", e que "só após várias encarnações e depurações sucessivas é que, num tempo mais ou menos longo, e conforme seus esforços, eles alcançam o fim para que tendem". Verifica-se, portanto, que a encarnação de Jesus é algo difícil de ser explicado e deglutido pelos kardecistas. Mais difícil ainda é continuarem afirmando - para não desmentirem Rivail - que Cristianismo e Espiritismo ensinam a mesma coisa. Para evitar isso, não seria melhor deixarem de lado a Bíblia e o Cristianismo e seguirem somente o contido no Livro dos Espíritos, que "contém especialmente a doutrina ou teoria do espiritismo..."?

ROGÉRIO -Eu disse??? ["que o sofrimento de Jesus foi apenas para dar exemplo?"]. Fazem, sim [ as "vozes do céu" fazem alusão ao sacrifício vicário de Jesus]. Está claro para nós que o inocente não paga pelos erros dos outros. Jesus com seus milagres, sua morte, etc, visava chamar atenção para seus ensinamentos, que devemos praticar.

21 Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós,

deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. (1 Pedro 2:21). Exatamente isso: morreu deixando exemplo de amor ao próximo, com seu sacrifício, e cada

verdadeiro cristão deve pegar sua cruz e seguir Jesus, amando ao próximo como ele nos amou: 38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.

39 Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.

40 Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.

41 Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.

42 E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa. (Matheus 10:38:42)

ROGÉRIO - Jesus veio em MISSÃO, não em expiação. Não precisa reencarnar em mundo mais adiantado, pois já atingiu a perfeição. Só reencarna agora em MISSÃO.

AIRTON - Ademais, Kardec admitiu essa possibilidade quando disse que "os Espíritos bons gostam mesmo de descrever aqueles [outros mundos] que habitam, a fim de oferecer ensinamentos para vos melhorar e vos colocar no caminho que vos pode conduzir a eles". (O Livro dos Médiuns, cap. XXVI, quesito 296). Jesus, porém, contrariando os "mensageiros de Deus", nada revelou sobre suas antigas encarnações.

ROGÉRIO - Kardec falava das mensagens dos espíritos desencarnados. Jesus não ter falado sobre suas outras vidas não é prova de nada...

AIRTON - Fica a impressão de que o Espiritismo Cristão não sabe porque Jesus morreu na cruz. Como o senhor já admite que Ele morreu pelo próximo, gostaria que desenvolvesse esse raciocínio. Sua morte seria para "que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna"? Kardec confirma? Primeiro, diz o Espiritismo Cristão que Jesus foi um homem como outro qualquer, que precisou sofrer muitas encarnações para atingir a máxima perfeição. Segundo, que Suas provas (reencarnações) ocorreram em outros mundos. Terceiro, que Ele sofreu para servir de exemplo. Quarto, que Ele veio em missão e só em missão encarnará outra vez. Ora, tudo isso é estranho ao Cristianismo.

ROGÉRIO - Por que estranho? Quanto ao objetivo ser esse, pergunto: o que é crer em Jesus ? Para nós, é acreditar nos preceitos que ele ministrou e colocá-los em prática!

AIRTON - Por tudo que se lê na Bíblia, Jesus não foi um homem comum (concepção, milagres, isenção de pecados, ressurreição, etc);

ROGÉRIO - Todos seus "milagres" são leis NATURAIS, tudo explicado pelo Espiritismo.

AIRTON - Jesus nunca revelou provas enfrentadas em "outros mundos", como condição para ser puro; e o próprio Jesus revelou, e outros escritores bíblicos confirmam, que a Sua morte vicária destinou-se à REMISSÃO dos pecados. Vejamos: "Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados" (Mt 26.28; Mc 14.24; Rm 3.24-26; 5.9; Ef 1.7; 1 Jo 1.7; Hb 9.15,28; Ap 1.5). Veja: "O qual [Jesus] se deu a si mesmo por nós, para nos REMIR de toda iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tito 2.14).

ROGÉRIO - Tudo SIMBÓLICO. Sangue por si só não purifica ninguém de pecados. A Humanidade continua a pecar do mesmo jeito, e enquanto continuar cheia de preconceitos, se apegando a dogmas e crenças como os fariseus e esquecendo de praticar os ensinamentos de Jesus tudo vai continuar como está.

ROGÉRIO - Fazem, sim. Está claro para nós que o inocente não paga pelos erros dos outros. Jesus com seus milagres, sua morte, etc, visava chamar atenção para seus ensinamentos, que devemos praticar.

AIRTON - Nos quesitos 167 e 168 do referido compêndio, os "mensageiros de Deus" ensinaram que o fim da reencarnação é a expiação, com vistas ao progresso da Humanidade; e disseram que o Espírito Puro não mais precisa de novas vidas corpóreas.

ROGÉRIO - A não ser em MISSÃO.

AIRTON - Eles, os "mensageiros", admitem a possibilidade de um Espírito "reviver corporalmente num mundo inferior àquele onde já viveu" (como teria sido o caso de Jesus) para cumprir uma missão: "Então aceitam com alegria as TRIBULAÇÕES dessa existência que lhes fornece um MEIO DE PROGRESSO" (Questão 178, do L.E.). Logo, a encarnação aqui de Jesus, como MISSÃO, teria por objetivo seu próprio progresso.

ROGÉRIO - O NOSSO progresso, principalmente.

AIRTON - Confirmando, no quesito 196 está escrito que os espíritos "melhoram nessas provas", e que "só após várias encarnações e depurações sucessivas é que, num tempo mais ou menos longo, e conforme seus esforços, eles alcançam o fim para que tendem".

Verifica-se, portanto, que a encarnação de Jesus é algo difícil de ser explicado e deglutido pelos kardecistas.

ROGÉRIO - Por quê???

AIRTON - Mais difícil ainda é continuarem afirmando - para não desmentirem Rivail - que Cristianismo e Espiritismo ensinam a mesma coisa.

ROGÉRIO - Ensinam. O que Cristo não ensinou é que devemos crer que ele morreu para nos salvar e que todo o bem que podemos fazer pelo próximo surgirá como mágica.

AIRTON - Para evitar isso, não seria melhor deixarem de lado a Bíblia e o Cristianismo e seguirem somente o contido no Livro dos Espíritos, que "contém especialmente a doutrina ou teoria do espiritismo..."?

ROGÉRIO - Ficamos com o Cristianismo Redivivo, que é o Espiritismo.

AIRTON - Depois de uma análise mais acurada, verifiquei a necessidade de alguns esclarecimentos adicionais, o que será bom para ambas as partes. Vejamos:

Primeira questão - O senhor afirmou, embora sem citar a fonte da informação, que Jesus "já era Espírito Puro quando a Terra foi criada". Pergunto: O senhor acredita que primeiro Deus criou os demais corpos celestes, e, por último, a Terra?

ROGÉRIO - Deus, nosso Criador (e não "primeiro Deus") não pára de criar. A Terra não foi o primeiro planeta a ser criado e também não foi o último.

AIRTON - Sr.Rogério, permita-me somente mais esta observação. Parece-me que o sr. não entendeu minha indagação. O sr disse que Jesus progrediu em outros mundos, e que já era espírito puro quando da formação da Terra; logo, outros mundos existiram antes que a terra fosse criada. Volto a perguntar: o senhor acredita no que o senhor falou,ou seja, que os "outros mundos" foram criados antes da Terra? Se afirmativa a resposta, favor citar alguma referência.

ROGÉRIO - Não respondi: Deus não pára de criar, a Terra não foi o primeiro e nem o último mundo.

Referência ? Não posso agora no momento fazer uma citação exata, mas é o que os espíritas acreditam.

AIRTON - Segunda questão: O senhor disse, embora sem citar a fonte da informação, que o sofrimento de Jesus,inclusive sua morte, "foi em termos, pois para o espírito puro, desligado da matéria, não há tanto sofrimento". E disse também que Jesus "nem ficou atormentado, pois estava muito desligado das coisas materiais". Pergunto: No seu entendimento, Jesus não sentiu dores: o Seu sofrimento na cruz e no Getsêmani teria sido uma encenação?

ROGÉRIO - Não. Ele sofreu, mas menos do que uma pessoa comum sofreria.

AIRTON - Terceira questão: A morte de Jesus na cruz, segundo o entendimento do senhor, teve as seguintes finalidades: (a) "Para que servisse aos homens como exemplo"; (b) para "provocar o impacto que se fazia necessário na consciência dos homens..." (c) "Resultou da inadequação da Humanidade para assimilar suas extraordinárias mensagens"; e (c) foi para "chamar atenção para seus ensinamentos". Pergunto: Não estaria havendo alguma contradição em suas afirmações?

ROGÉRIO - Não acho. Por quê?

AIRTON - Quarta questão: O senhor afirmou corretamente que a morte de Jesus foi "predita por vários profetas". Pergunto: O senhor crê que esses profetas falaram sob inspiração divina, sendo, portanto, a expressão da verdade tudo o mais que falaram? Se negativa a resposta, eles teriam simplesmente adivinhado?

ROGÉRIO - Divina, ou seja, diretamente inspirada por Deus, não. O que chamavam profeta, nós chamamos MÉDIUM.

AIRTON - Quinta questão: Com relação a 1 Pedro 2.21 ("Porque para isso fostes chamados, porquanto, também Cristo padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais as suas pisadas"),usado pelo senhor para justificar que Jesus sofreu para dar exemplo, esclareço que um pouco mais à frente, no versículo 24, Pedro diz que "Ele levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; pelas suas pisaduras fostes sarados". Tais palavras confirmam o que o próprio Jesus afirmou, conforme Mateus 26.28, dizendo da finalidade de Sua morte (para remissão de pecados).

ROGÉRIO - Eu já disse que vejo isso como um simbolismo. As pessoas continuam a pecar do mesmo jeito. Ele não levou pecado algum. Mas se vivenciarmos seus ensinamentos, seguindo seu exemplo, aí, sim, o pecado se afastará do mundo.

AIRTON - Sexta questão: O senhor disse que o significado de crer em Jesus, "é acreditar nos seus preceitos e colocá-los em prática". Eu confirmo suas palavras e acrescento que é, também, adorá-lo como Senhor e Salvador, porque "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus, e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós" (João 1.1, 14). "Este [Jesus] é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 Jo 5.20).

ROGÉRIO - Sobre esses versículos, já falei muitas outras vezes e quem quiser pode conferir em minha Home Page o que penso sobre o assunto. MESMO que Jesus fosse Deus, ele não dirá a um homem que só teve virtudes: "Você irá para o INFERNO, o mesmo lugar de Hitler, Stalin e a"Fera da Penha", porque, mesmo só praticando o bem e tendo apenas virtudes, esqueceu-se do fundamental: entrar para uma igreja evangélica, se batizar e me aceitar como o Deus Salvador".

COMENTÁRIOS DO PASTOR AIRTON - No meu entendimento, alguns pontos não ficaram bem esclarecidos pelo representante do espiritismo:

a) se Jesus "trabalhou na criação da Terra", e se progrediu em "outros mundos", logo a Terra foi criada por último. Assim sendo, admite o espiritismo haver vidas em outros planetas onde Jesus, como um "homem comum" se desenvolveu.

Só que não há provas científicas para tal fato, e a Bíblia diz que Deus fez o homem após a criação do nosso planeta e dos luminares (Gn 1 - 2);

b) Não ficou convenientemente explicado o desencontro entre a doutrina espírita (Livro dos Espíritos) e o que afirmou o debatedor com relação ao sofrim ento de Jesus. Pelo que disseram os "espíritos" a Kardec, um Espírito Puro não continua sofrendo, ainda que em missão;

c) Notei certa dificuldade do debatedor em explicar a razão e finalidade do sofrimento de Jesus; esquivou-se o mais que pôde para não admitir que Ele morreu em nosso lugar, para remissão de pecados;

d) O debatedor disse que a morte de Jesus foi "predita por vários profetas" e que "estava nas previsões divina". Mas depois, quando instado a admitir a veracidade das palavras de todos os profetas, disse que eles não foram "diretamente inspirados por Deus", mas que eram "médiuns". Ora, a palavra "DIVINO" significa "de, ou proveniente de Deus", conforme o Dicionário Aurélio.

Parte XXX

DESABAFO DE UMA LEITORA

Contra a Teologia da Ganância

 Após ler o artigo "Pobreza é coisa do diabo ou falta de fé?", uma leitora me escreveu fazendo o seguinte comentário: "Louvado seja Deus porque nem todos os pastores e líderes acreditam e ensinam a teologia da prosperidade. Como o pastor Airton, sempre questionei e combati muito esse tipo de pregação. De uma hora para outra isso virou febre dentro das igrejas e muitas almas desavisadas foram iludidas. Ainda vejo a influência desse tipo de ensino nocivo e totalmente contrário à Palavra de Deus e seus efeitos na vida das pessoas ao meu redor. Ao invés de ficarem \"ricas\", ficaram mais pobres de tanto ofertar o que não tinham, chegando ao cúmulo de desfazer-se de seus poucos bens em prol dessa ambição descabida. E tudo isso se resume em uma só coisa. Falta de conhecimento da Palavra de Deus. O povo de Deus de nossos dias tem se limitado a se alimentar com a comida regrada e propositalmente selecionada e distorcida dos \"gurus da teologia da prosperidade\", mesmo tendo a Bíblia (fonte de todo alimento indispensável do cristão) em suas mãos. É de doer o coração presenciar essas coisas, mas aquele que não se aplica ao conhecimento de Deus, sofre as mazelas do mundo e os enganos de satanás, que tem matado a fé de muitas pessoas, roubado muitos lares e destruído muitos servos de Deus".

Comentários do pastor Airton

Há muitos líderes que são contra esse tipo de extorsão, mas silenciam. Parece que fizeram um pacto de silêncio em favor dessa crise teológica por que passa a Igreja Evangélica. A Bíblia não recomenda tal posição. Mas há um grupo que se conserva fiel à manutenção do Evangelho sem mistura, o Evangelho do perdão, do arrependimento, do carregar a cruz.

Igrejas há que preferem entrar na onda da "galinha-dos-ovos-de-ouro" e passam a inventar formas de extrair o máximo das ovelhas. O dinheiro é tentador. Chegam ao meu conhecimento casos intrigantes. Minha irmã, de 70 anos, dirigiu-se a um templo da IURD perto de sua casa, no bairro Cohab-Anil, em S. Luís, Maranhão, a fim de pedir oração. Ela estava se sentindo mal. Ao chegar lá, presenciou uma cena horrível. O pastor estava pressionando as ovelhas, com palavras de comando e até grosseiras, para que elas vendessem seus utensílios do lar (som, vídeo, TV)e entregassem o dinheiro à Igreja. Dizia ele: - Você já vendeu? Já vendeu? Você não vendeu!. Ela ficou horrorizada e voltou sem a oração. Essas pobres ovelhas, gente humilde, muitas vezes sem instrução e sem conhecimento bíblico, acham que serão castigadas se não atenderem às exigências dos ungidos de Deus. Não raro eles dizem que se trata de uma ordem do Espírito Santo. Soube de um caso em que uma comerciária, que ganha salário mínimo, estava preocupada porque ainda não tinha conseguido os duzentos reais necessários à aquisição de um cordão de ouro que lhe garantiria bênçãos especiais. Soube que por menos de duzentos reais um crente, filho de Deus, não participa da campanha da fogueira. Tenho testemunha que viu e ouviu. Um filho meu na fé, de Fortaleza, caiu nas malhas da teologia da prosperidade. Já contribuiu muito e não vê a prosperidade chegar. Desiludido, chegou à conclusão que cristianismo não é um cassino. Assim mesmo ele foi convidado para dar entrevista testemunhando sua prosperidade, mas recusou. A lei da probabilidade ajuda no engano. É impossível que num grupo de 1.000 crentes, pelo menos vinte por cento não experimentem algum tipo de melhoria em seus negócios, quer toquem em algum lençol mágico, quer não. Se não fosse assim, o Brasil estaria falido. O mesmo percentual poderá ser observado num grupo de mil ateus. Portanto, a leitora tem razão no seu desabafo. Tudo isso está sendo registrado na memória das gentes. Um dia alguém escreverá um livro-denúncia relatando muitos casos semelhantes.

Parte XXXI

DESVENDANDO OS SEGREDOS DO CANDOMBLÉ

I - Introdução

O enorme crescimento das religiões mediúnicas no Brasil, nos últimos anos, tráz á reflexão uma série de temas que não podem passar despercebidos. O Candomblé, em especial, tem atraído a atenção de uma variada gama de estudiosos, para não mencionar o fato de que começa a fazer novos adeptos, cada vez mais, nas camadas mais letradas - onde sempre se localizou o preconceito.

O Candomblé, ao lado de outras correntes espirituais, propicia um contato mais aberto com o que a Bíblia denomina: demônios, espíritos das trevas. Podemos observar sua influência na cultura brasileira, basta visitarmos os museus da Bahia, ou observarmos os blocos carnavalescos, a cantigas de roda (samba lele tá doente, tá com a cabeça quebrada...) etc.

II - Entre duas Correntes

Entende-se como cultos afro-brasileiros duas correntes principais, o Candomblé e a Umbanda. Um é a religião africana trazida pelos negros escravos para o Brasil e aqui cultuada em seu habitat natural (onde não era apenas um, mas uma série de diferentes manifestações especificas de cada região), diferenças essas acentuadas pela várias regiões do seu país de origem. Outra é uma religião nova, desenvolvida no Brasil como a síntese de um processo de sincretismo das mais diferentes fontes, que vão do catolicismo, passando pela macumba, pelo Kardecismo, e até pôr cultos tipicamente indígenas. Assim, dentro das duas diferentes correntes básicas, uma série de subcorrentes se manifesta, dando origem a significados às vezes amplamente diversos para o mesmo culto (no final das contas tudo é espiritismo, e provem da mesma fonte: o diabo).

III - As Origens do Candomblé

Com a colonização do Brasil faltaram braços para a lavoura. Com isso, os proprietários da terra tentaram subjugar o índio pensando em empregá-lo no trabalho agrícola. Entretanto, o índio não se deixou subjugar, o que levou os colonizadores a voltarem-se para a África em busca de mão-de-obra para a lavoura. Começa assim um período vergonhoso da História do Brasil, como descreve o poeta Castro Alves em suas poesias ‘Navio Negreiro" e "Vozes D`África

"Acredita-se que os primeiros escravos africanos chegaram ao primeiro mundo já 1502. Provavelmente, os primeiros carregamentos de escravos chegaram em Cuba em 1512 e no Brasil em 1538 e isso continuou até que o Brasil aboliu o tráfico de escravos em 1850 e na Espanha finalmente encerrou o tráfico de escravos para Cuba em 1866. A maioria do três milhões de escravos vendido à América Espanhola e o cinco milhões vendidos ao Brasil num período de aproximadamente três séculos, vieram da costa ocidental da África.

Era muito cruel o tratamento imposto aos escravos desde o momento da partida da África e durante a viagem nos navios chamados "tumbeiros", que podia se estender a cerca de dois meses. Os maus tratos continuariam depois, para a maioria deles até a morte. Edson Carneiro informa que o tráfico trouxe escravos de três regiões: da Guiné Portuguesa, do Golfo da Guiné (Costa da Mina) e de Angola, chegando até Moçambique. Os africanos chegaram divididos em dois grupos principais: sudaneses (os de Guiné e da Costa da Mina) e os bantos (Angola e Moçambique). Os da Costa da Mina desembarcavam na Bahia, enquanto que os demais eram levados para São Luís do Maranhão, Bahia, Recife e Rio de Janeiro, de onde se espalhavam para outras regiões do Brasil, como litoral do Pará, Alagoas, Minas Gerais e São Paulo.

A presença do orixá é necessária tanto na Umbanda como no Candomblé. É de origem africana que foram trazidos pelos negros escravizados. Seu culto é a essência do Candomblé, e foi mantido vivo no Brasil. O continente africano, na época das grandes levas de escravos, era ainda mais fragmentado politicamente do que hoje. O conceito de nação ou Estado, em seu significado mais restrito, não encontra correspondente na realidade geopolitica africana desse período. Diversas nações de tribos fragmentavam qualquer idéia de unidade cultural, ainda que, cercada pela selva, muitas dessas comunidades nunca entraram em contato nem tiveram notícia da existência de outras. Isto resulta numa grande diferença de culto de região para região, onde os nomes de um mesmo orixá são absolutamente diferentes.

No Brasil, porém, pode-se notar um culto predominante do ritual e das concepções iorubá - um povo sudanês da região correspondente à atual Nigéria, que dominou e influenciou politicamente e culturalmente um grande número de tribos. Esse culto se estendeu pôr toda a América, com exceção (se bem que há notícias do estabelecimento cada vez maior destes cultos) da América do Norte, com maior destaque para Cuba e Brasil.

IV - Os Orixás e Outras Entidades no Candomblé

1 - Quem São os Orixás

De acordo com o Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros de Olga Cacciatore, os orixás são divindades intermediárias entre Olorum (o deus supremo) e os homens. Na África eram cerca de 600 - para o Brasil vieram talvez uns 50, que estão reduzidos a 16 no Candomblé, dos quais só 8 passaram para à Umbanda. Muitos deles são antigos reis, rainhas ou heróis divinizados, os quais representam as vibrações das forças elementares da Natureza - raios, trovões, tempestades, água; atividades econômicas, como caça e agricultura; e ainda os grandes ceifadores de vidas, as doenças epidêmicas, como a varíola, etc.

2 - Origem Mitológica dos Orixás

Quanto à origem dos orixás, uma das lendas mais populares diz que Obatalá (o céu) uniu-se a Odudua (a terra), e desta união nasceram Aganju (a rocha) e Iemanjá (as águas). Iemanjá casou-se com seu irmão Aganju, de quem teve um filho, chamado Orungã. Orungã apaixonou-se loucamente pela mãe, procurando sempre uma oportunidade para possuí-la, até que um dia, aproveitando-se da ausência do pai, violentou-a. Iemanjá pôs-se a fugir, perseguida pôr Orungã. Na fuga Iemanjá caiu de costas, e ao pedir socorro a Obatalá, seu corpo começou a dilatar-se grandemente, até que de seus seis começaram a jorrar dois rios que formaram um lago, e quando o seu ventre se rompeu, saíram a maioria dos orixás . Pôr isto Iemanjá é chamada "a mãe dos orixás".

3. Os Orixás e o Sincretismo

O sincretismo religioso é também um aspecto significante dos cultos afros. Sincretismo é a união dos opostos, um tipo de mistura de crenças e idéias divergente. Os escravos não abriram mão de seus cultos e suas divindades. Devido a um doutrinamento imposto pelo catolicismo romano, os africanos começaram a buscar na igreja, santos correspondentes aos seu orixás. Muitos dos orixás nos cultos afros encontrará no Catolicismo um santo "correspondente " - por exemplo:

Exu - diabo

Iemanjá - Nossa Senhora

Ogum - São Jorge

Iansã - Santa Bárbara

Iemanjá - Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Imaculada Conceição

Oxóssi - São Sebastião

Oxalá - Jesus Cristo - Senhor do Bonfim

Omulú - São Lázaro

Ossain - São Benedito

Oxumaré - São Bartolomeu

Xango - São Jerônimo

4. As Outras Entidades

Também presentes nos cultos afros-brasileiros estão espíritos que representam diversos tipos de humanos falecidos, tais como: caboclos (índios), pretos-velhos (escravos), crianças, marinheiros, boiadeiros, ciganos, etc.

V - Considerações à Luz da Bíblia

1. A Questão Histórica: Verdade ou Mito?

a.) Nos cultos afros. Ao analisarmos os cultos afros, uma das primeiras coisas que observamos é a impossibilidade de se fazer uma avaliação objetiva sobre a origem dos orixás. Existem muitas lendas que tentam explicar o surgimento dos deuses do panteão africano, e estas histórias variam de um terreiro para o outro e até de um pai-de-santo para o outro. Não há possibilidade de se fazer uma verificação científica ou arqueológica; não há uma fonte autoritativa que leve a concluir se os fatos aconteceram mesmo ou se trata-se somente de mitologia, sendo difícil uma avaliação histórica dos eventos relatados.

b.) No cristianismo. Ao contrário, a Bíblia Sagrada resiste a qualquer teste ou crítica, sendo sua autenticidade provada pela arqueologia (alguém já disse que cada vez que os arqueólogos abrem um buraco no Oriente é mais um ateu que sepultamos no Ocidente), pela avaliação de seus manuscritos (existem milhares deles espalhados em museus e bibliotecas do mundo), pela geografia, história, etc. Toda informação relevante para a fé no cristianismo tem que estar baseada nas Escrituras. É impossível encontrar no Cristianismo cinco a dez versões diferentes sobre a vida dos profetas ou qualquer personagem bíblica.

2. O Relacionamento com Deus

a.) Nos cultos afros. Um fato que devemos considerar é a posição tradicionalmente dada aos orixás nos cultos afros como intermediários entre o deus supremo (Olorum) e os homens. (No Catolicismo Romano, Maria recebe também o título de intermediária). Além disso, os filhos-de-santo, uma vez comprometidos com os orixás, vivem em constante medo de suas represálias.

Não pode ser esquecido também que os filhos-de-santo, uma vez comprometidos com os orixás, vão viver em constante medo de suas represálias ou punições. Note um trecho de uma entrevista no livro de Reginaldo Prandi:

"O Pesquisador - Gostaria de perguntar só o seguinte: desde que há regras, quando a regra é quebrada, quem pune essa ação?"

"Mãe Juju - O próprio santo, ou a mãe-de-santo : Olha você não venha mais aqui, não venha fazer isto aqui que está errado, quando você estiver bêbado, ou quando você estiver bebendo, não venha mais dar santo aqui, não venha desrespeitar a casa".

"O Pesquisador - Como é a punição do orixá? Será que eu poderia resumir assim: doença, morte, perda de emprego, perder a família, ficar sem nada de repente e sem motivo aparente, enlouquecer, dar tudo errado, a própria casa-de-santo desabar, isto é, todo mundo ir embora...?

"Todos - Isso"

Além do constante medo de punições em que vive o devoto do orixá, ele deve ainda submeter-se a rituais e sacrifícios nada agradáveis a fim de satisfazer os deuses.

b.) No cristianismo. Escrevendo a Timóteo, Paulo declara: "Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem". (I Timóteo 2:5)/. É somente pela obra redentora do Calvário que somos reconciliados com Deus (Efésios 2:11-22). Temos um Pai amável que conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó (Salmos 104:14). Deus não nos deu o espírito de medo (II Timóteo 1:7), e o cristão não é forçado a seguir a Cristo, mas o faz espontaneamente (João 6:67-69). A Bíblia diz que aquele que teme não é perfeito em amor, pois no amor não há temor (I João 4:18). Ainda que haja fracassos na vida do cristão, ele não precisa ter medo de Deus, pois Ele é grandioso em perdoar (Isaías 55:7), e que temos um sumo-sacerdote que se compadece de nossas fraquezas (Hebreus 4:15). Este é, de maneira bem resumida, o perfil do Deus da Bíblia - bem diferente dos orixás, que na maioria das vezes, são vingativos e cruéis com seus "cavalos".

3. O Sacrifício Aceitável

a.) Nos cultos-afros. Ao evangelizar os adeptos dos cultos- afros, é necessário conhecer também o significado do termo "ebó". De acordo com Cacciatore, ebó é a oferenda ou sacrifício animal feito a qualquer orixá. Às vezes é chamado vulgarmente de "despacho", um termo mais comumente empregado para as oferendas a Exú (um dos orixás, sincretizado com o diabo da teologia cristã), pedindo bem ou mal de alguém.

b.) No cristianismo. Precisamos lembrar o que o apóstolo Paulo tem a dizer sobre isto: "Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios"(I Coríntios 10:20_21). Os sacrifícios de animais no Antigo Testamento apontavam para o sacrifício perfeito e aceitável de Jesus Cristo na cruz. A Bíblia diz em Hebreus 10:4: "Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Somente Jesus pode fazê-lo, pois ele é o "cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"(João 1:29). "Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados"(Hebreus 9:22), e o "sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado"(I João 1:7). Concluímos esta parte com Hebreus 10:12: "Mas este (Jesus), havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus."

4. Encarando a Morte

a.) Nos cultos afros: Ao dialogar com os adeptos dos cultos-afros - principalmente do Candomblé - alguém se cientifica de que os orixás têm medo da morte (quem menos tem medo da morte é Iansã). Quando um filho ou filha-de -santo está próximo da morte, seu orixá praticamente o abandona. Esta pessoa já não fica mais possessa, pois seu orixá procura evitá-la.

b.) No cristianismo. Isto é exatamente o contrário do que o Deus da Bíblia faz. Suas promessas são sempre firmes. "Não te deixarei, nem te desampararei"(Hebreus 13:5). O salmista Davi tinha esta confiança em Deus ao ponto de poder dizer. "Ainda que eu andasse na sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam: (Salmos 23:4). Nosso Deus não nos abandona em qualquer momento de nossas vidas, e muito menos na hora de nossa morte. Glória a Deus!

5. Salvação e Vida Após a Morte

a.) Nos cultos afros. Nestas religiões o assunto de vida após a morte não é bem definido. Na Umbanda , devida à influência kardecista, é ensinada a reencarnação. Já o Candomblé não oferece qualquer esperança depois da morte, pois é uma religião para ser praticada somente em vida, segundo os seus defensores. Outros pais-de-santos apresentam idéias confusas, tais como: "quando morre, a pessoa vau para a mesa de Santo Agostinho"ou "vai para a balança de São Miguel."

b.) No cristianismo. A Bíblia refuta claramente a doutrina da reencarnação (ver Hebreus 9:27; :Lucas 16:19-31)./ Ela ensina que, para o cristão, estar ausente do corpo é estar presente com o Senhor (II Coríntios 5:6). O apóstolo Paulo afirma que a nossa cidade está no céu (Filipenses 3:20), e que para os cristãos há um reino preparado desde a fundação do mundo (Mateus 25:34)

6. A Verdadeira Liberdade

a.) Nos cultos afros. Freqüentemente, as pessoas tem medo de deixar os cultos afros para buscar uma alternativa. Foi-lhes dito que se abandonarem seus orixás (ou outros "guias") e não cumprirem com suas obrigações, terão conseqüências desastrosas em suas vidas.

b.) No cristianismo. Entretanto, isto não é verdade. Estas pessoas podem sair e encontrar a liberdade e uma nova vida em Cristo, como é o caso de Helena Brandão (Darlene Glória) e de muitos outros. A Bíblia diz que "Para isto o Filho de Deus se manifestou; para desfazer as obras do Diabo ( João 3:8; veja ainda Números 23:23; Lucas 10:19; João 8:32-36 e I João 4:4; 5:18).

VI - Conclusão

Pela graça e misericordia de Deus temos visto muitas pessoas abandonando os cultos afros e se entregando a Jesus, como no caso da irmã Nadir que foi 19 anos mãe-de-santo e hoje pode testemunhar da verdadeira liberdade que Jesus oferece a todos os adeptos do Candomblé e Umbanda, Foi isso também o que aconteceu com Georgina Aragão dos Santos, ex-mãe-de-santo. Sua transformação foi contada pelo bispo Roberto McAlister, da Igreja de Nova Vida, no Rio de Janeiro, no livro Mãe-de-Santo." Ao nascer, foi marcada com quatro cortes de faca no braço direito. A parteira que a marcou, uma africana do Candomblé, ainda fez a declaração: "Esta menina tem de ser mãe-de-santo. Não poderá fugir nunca a esse destino". Aos nove anos de idade teve o seu primeiro contato com o Candomblé. Veio depois a iniciação, tornando-se mais tarde mãe-de-santo e cartomante. Envolveu-se também com a Umbanda. Pôr muitos anos, viveu experiências incríveis e até mesmo repugnantes impostas pelos guias. O encontro com Cristo, a libertação, a paz e a alegria do Espírito Santo tornaram-se realidade em sua vida quando passou a ouvir a Palavra de Deus no auditório da A.B.I. no centro do RJ. Ainda bem que Nadir e Georgina não são as únicas,, pois são inúmeros os casos de pessoas que passaram muito tempo escravizadas pelos guias e orixás e hoje levam uma vida feliz com Jesus.

Parte XXXII

ESCRAVOS DAS SUPERSTIÇÕES

Dia 13, sexta-feira, agosto. Um gato preto poderá aparecer no telhado de sua casa; a coruja branca poderá lançar seu grito de morte; os mortos poderão sair de suas sepulturas e caminhar pelas ruas de sua cidade. É hora de consultar os horóscopos, quebrar as maldições, ouvir os tarôs e, principalmente, não de casa.

Sorte ou azar, bênção ou maldição?

Certas crendices e superstições são barreiras que impedem as pessoas de conhecerem as Escrituras e o poder de Deus. Por não estarem com suas vidas no Altar, colocam sua confiança em objetos ou na adoção de determinadas atitudes pessoais, que, acreditam, podem trazer bênção ou maldição:

Gato preto é agourento; usar uma figa produz bênçãos; passar por baixo de escada traz maldição; usar determinada camisa, sapato ou meia, em determinada ocasião, dá sorte; sapato virado ou camisa pelo avesso causa coisa ruim; entrar com o pé direito em qualquer lugar, garante o sucesso; o uso de pirâmides produz energia positiva; sair pela mesma porta que entrou consegue-se bons resultados; cruzar os dedos e bater na madeira, isola o fracasso; passar por cima de pessoas deitadas, causa morte; sexta-feira, dia 13, é dia de maldição para uns, e de bênçãos para outros; uso de sal grosso afasta a malignidade; fitinha amarrada no braço, dá sorte; reza de benzedeira cura quebranto de criança; consultar diariamente o horóscopo ajuda a tomar atitudes corretas; consultar regularmente os tarôs e as cartomantes garante o sucesso na vida; as velas iluminam as almas que estão nas trevas; em casa defumada o diabo não entra; o canto da coruja rasga mortalha é morte na certa.

Ouçamos a palavra de Deus:

"Não deis ouvidos aos vossos profetas, aos vossos adivinhos, aos vossos sonhos, aos vossos agoureiros e aos vossos encantadores" (Jeremias 27.9).

"Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos se consultarão os mortos?" (Isaías 8.19).

"Mas, quanto aos medrosos, incrédulos, abomináveis, homicidas, adúlteros, feiticeiros, idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte" (Apocalipse 21.8).

"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32)

"Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8.36)

“Não há encantamento contra Jacó, nem adivinhação contra Israel! (Números 23.23)”.

"Todo aquele que é nascido de Deus, não vive pecando; antes o guarda, Aquele que nasceu de Deus, e o maligno não lhe toca" (1 João 5.18).

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para pregar a liberdade aos cativos, restaurar a vista aos cegos [espirituais] e pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4.18-19).

“Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mateus 22.29).

Parte XXXIII

ESPIRITISMO CRISTÃO

 

O espiritismo fala em “evangelizar”, em “consciência cristã”, em “espiritismo cristão”. Para sabermos se o espiritismo é ou não cristão, nada melhor do que fazermos o confronto de suas doutrinas com as do cristianismo.

Vejamos o que é ser cristão.

(1) “Cristão [do gr. Christhos, messias] – Aquele que vive de conformidade com os ensinamentos de Cristo. Não basta crer em Cristo para ser cristão; é necessário, antes de tudo, executar os mandamentos deixados por Ele. Os melhores cristãos são os que se parecem com Cristo. Foi em Antioquia que os seguidores de Cristo passaram a ser conhecidos como cristãos - At 11.26” (Dicionário Teológico, Claudionor C. de Andrade). (2) “Cristão [Do lat. Chrstianu] – Do, ou relativo ou pertencente ao cristianismo. Que o professa. Aquele que professa o cristianismo, que é sectário dele” (Dicionário Aurélio). “Cristão– Seguidor de Cristo - At 11.26” (Dicionário da Bible Online).

Em síntese, ser cristão é crer que Jesus é o Filho de Deus, o Verbo que estava no princípio com Deus e que era Deus, e que se fez homem e habitou entre nós (Jo 1.1,2,14; 3.18); é ser obediente aos Seus mandamentos (Jo 14.21); é ensinar o Evangelho que Ele nos ensinou (Mt 28.19-20); é crer que a Bíblia registra com fidelidade o Seu Evangelho (Jo 14.26); é crer que a Bíblia é a única regra de fé e prática (Jo 17.17; Rm 10.17; 2 Tm 3.16-17).

Escolhemos para análise comparativa os seguintes temas: a divindade de Jesus; Sua ressurreição; Suas aparições; Seu corpo; A Bíblia Sagrada, O Espírito Santo, o Juízo Final, a volta de Cristo e o arrebatamento da Igreja.

A Divindade de Jesus

O que ensina o cristianismo:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. O Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1.1,14). “Quem me vê a mim, vê o Pai” (Jo 14.9; cf. Jo 8.19). “Eu e o Pai somos um. Sendo homem, te fazes Deus a ti mesmo” (Jo 10.30-33). “Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8.58). “E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16; cf Mt 14.33; Lc 1.35; Jo 1.49). O título `O Filho de Deus´, não recusado por Jesus, designa uma relação eterna entre o Filho e o Pai na Deidade. O Verbo, isto é, o Filho, estava com Deus no princípio e era Deus. “Ele é considerado `Filho´, não porque em certo tempo começou a derivar Seu ser do Pai (em tal caso, Ele não poderia ser coeterno com o Pai), mas porque Ele é e sempre foi a expressão do que o Pai é (cf. Jo 14.9). As palavras em Hebreus 1.3: `O qual [Jesus], sendo o resplendor da sua glória [de Deus], e a expressa imagem da sua pessoa [de Deus], são definições do que significa Filho de Deus” (Notes on Galatians, de Hogg e Vine, pp.99,100, citado pelo Dicionário VINE).

O que ensina o espiritismo:

“Esta passagem dos Evangelhos [Jo 1.1,14] é a única que, à primeira vista, parece encerrar implicitamente uma idéia de identificação entre Deus e a pessoa de Jesus. Não exprimem senão uma opinião pessoal [de João]. Jesus pode, pois, estar encarregado de transmitir a palavra de Deus sem ser Deus” (Obras Póstumas, Alan Kardec, 1993, 1a edição, p. 145 e 146).

Apresentamos acima apenas algumas passagens em que a divindade de Jesus está explícita ou implícita. Há outras em que Ele perdoa pecados e garante a salvação (Lc 23.43), aceita a adoração que somente a Deus é devida (Mt 4.10; 8.2; 14.33; Jo 9.35-39), não recusa ser chamado de Deus (Jo 20.27-29), e diz que tem direito à mesma honra que é prestada a Deus (Jo 5.23-24).

Qual a prova de que o que o apóstolo João escreveu foi apenas opinião pessoal? Todos os quatro evangelistas deram opiniões pessoais, sem valor? Não. A Bíblia é a palavra de Deus, e foi escrita sob inspiração divina (1 Jo 1.1-3). A sinceridade e a verdade de suas palavras decorrem da condição testemunhas oculares. Não emitiram apenas uma opinião pessoal. Eles acompanharam o Mestre em todo o Seu ministério, do início da pregação do Evangelho até Sua ascensão. Pedro é incisivo: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade” (2 Pe 1.16). Os apóstolos não defenderam teses; falaram de fatos reais por eles presenciados.

A Ressurreição de Jesus

O que ensina o cristianismo:

“Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia” (Mt 26.32; Mc 14.28 = Jesus). “E o entregarão [o Filho do homem] aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem, e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará” (Mt 20.19 = Jesus). “Derribai este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2.19 = Jesus). “Quando, pois, ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isso” (Jo 2.22). “Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia” (Mt 16.21). “Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos” (Mt 28.6-7). “Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos” (Rm 14.9). Vejam o que o Apóstolo diz: “E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15.4); “Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos...por Tiago, por todos os apóstolos, por mim” (vv.6,7,8). Em tom de repreensão, prossegue: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também vã a nossa fé...mas de fato Cristo ressuscitou entre os mortos e foi feito primícias dos que dormem” (vv.12-20). O significado de ressuscitar: “Fazer voltar à vida. Tornar a viver, após ter morrido” (Mini Dicionário Aurélio).

O que ensina o espiritismo:

“A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição.... Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama de reencarnação. A ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos” (O Evangelho Segundo o Espiritismo (E.S.E.), Allan Kardec, cap. IV, item 4).

Os fatos comprovam que Jesus ressurgiu dos mortos, ou seja, ressuscitou corporalmente, voltou a viver. Se os discípulos tinham alguma dúvida sobre o assunto, após a ressurreição de Jesus tudo ficou esclarecido. A partir daí, passaram anunciar, não o Cristo morto, mas o Cristo vivo: “Aos quais também [aos apóstolos], depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus” (At 1.3). Esses homens falaram com a inquestionável autoridade de quem viu, ouviu e tocou: “O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos...” (1 Jo 1.1,3).

As Aparições de Jesus

O que ensina o cristianismo:

“E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E Jesus lhes disse: Por que estais perturbados e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo. Apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel. O que Ele tomou, e comeu diante deles” (Lc 24.37-43).

“Jesus disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente” (Jo 20.27).

O que ensina o espiritismo:

“As aparições de Jesus depois de sua morte são narradas por todos os evangelistas com detalhes circunstanciados que não permitem duvidar da realidade do fato. Aliás, elas se explicam perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito, e nada apresentam de anômalo... Reconhece-se nelas [nas aparições] todos os caracteres de um ser fluídico. Aparece inopinadamente e desaparece da mesma forma; é visto por uns e por outros sob aparência, que não o fazem reconhecido, nem mesmo por seus discípulos. Sua linguagem não tem a vivacidade de um ser corporal; tem o tom breve e sentencioso... Jesus mostrou-se, pois, com seu corpo perispiritual, o que explica não ter sido visto por aqueles a quem desejava mostrar-se; se estivesse em seu corpo carnal, teria sido visto por todos, como quando era vivo” (A Gênese, Allan Kardec, 14a edição, 1985, cap XV-61, p. 300/301).

“Depois de sua ressurreição, quando ele quis deixar a Terra, não morre; seu corpo se eleva, se desvanece e desaparece sem deixar nenhum sinal, prova evidente de que esse corpo era de outra natureza que não aquele que pereceu sobre a cruz; de onde será forçoso concluir que se Jesus pôde morrer, é que tinha corpo carnal” (Ibidem, p. 303-304).

Não ficou bem clara a posição de Allan Kardec a respeito do corpo carnal de Jesus. Se o corpo ressurreto “era de outra natureza”, isto é, diferente do que foi crucificado, é forçoso perguntarmos onde foi parar o corpo carnal. Ora, o próprio autor da tese espírita declara que Jesus “tinha corpo carnal”. Eis suas explicações:

“O desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte foi objeto de numerosos comentários... Uns viram neste desaparecimento um fato milagroso; outros supuseram uma remoção clandestina. Segundo outra opinião, Jesus não teria jamais revestido um corpo carnal, mas somente um corpo fluídico...e dizem que assim se explica que seu corpo, retornado ao estado fluídico, pôde desaparecer do sepulcro, e foi com este mesmo corpo que ele se teria mostrado depois de sua morte. Sem dúvida, um fato destes não é radicalmente impossível...A questão é, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se ela é confirmada ou contraditada pelos fatos” (Ibidem, cap XV-64, p.302-303).

Após mostrar-se simpatizante da idéia segunda a qual Jesus nunca teve um corpo carnal – “sem dúvida, um fato destes não é radicalmente impossível” - , o autor de A Gênese conclui que “Jesus teve, pois, como todos, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é confirmado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que assinalaram sua vida” (Ibidem, cap XV-66, p. 304).

Analisemos:

O espiritismo afirma que Jesus não foi reconhecido e não foi visto em suas aparições por tratar-se de um “ser fluídico”. O que diz o cristianismo:

“Abriram-se-lhes os olhos [de dois discípulos a caminho de Emaús], e o conheceram...” (Lc 24.31). Jesus, aos onze discípulos: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39). Jesus não se declara como um “ser fluídico”, um perispírito ou um fantasma. Jesus foi reconhecido por Maria Madalena (Jo 20.16); reconhecido por Tomé: “Porque me viste, Tomé, creste” (Jo 20.27-29); reconhecido por alguns discípulos junto ao mar de Tiberíades: “E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor” (Jo 21.12); e “foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos...” (1 Co 15.6).

O espiritismo diz que a linguagem de Jesus, nas aparições, “não tem a vivacidade de um ser corporal; tem o tom breve e sentencioso...”. O que diz o cristianismo:

Jesus conversou demoradamente com os dois discípulos a caminho de Emaús (Lc 24.15-31), com seus discípulos (Lc 24.36-51), com sete discípulos que estavam pescando, ocasião em que deu várias orientações a Pedro (Jo 21.1-23). Em nenhuma hipótese podemos considerar que não houve vivacidade nas palavras de Jesus, ou que seu tom fora breve e sentencioso.

O espiritismo diz que Jesus mostrou-se com o seu “corpo perispiritual”. O próprio Jesus responde: “Espírito [ou perispírito] não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39).

O Corpo de Jesus

O que teria acontecido com o corpo carnal de Jesus? O espiritismo afirma que ele tinha um corpo carnal e um corpo fluídico, como todos os homens têm. Entendo que isto seja traduzido como corpo e espírito. O espírito, na Sua morte, foi entregue ao Pai (Lc 23.46). O Seu corpo foi guardado no sepulcro (Lc 23.53). O espiritismo não firma uma posição sobre o assunto. Apenas informa que o “desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte foi objeto de numerosos comentários”; que os evangelistas declaram que o corpo não foi encontrado no sepulcro; que uns viram nisso um fato milagroso; outros supuseram uma remoção clandestina (A Gênese, cap. XV-64, p. 302).

O cristianismo afirma que o corpo de Jesus foi muito bem guardado por soldados fortemente armados, e a entrada do sepulcro foi fechada com uma pedra que recebeu o selo imperial romano (Mt 27.64-66). Por se tratar de algo completamente fora de cogitação, não prosperou a mentira dos judeus sobre o furto do corpo (Mt 28.11-15). A resposta para o “desaparecimento” do corpo é simples: (1) “Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia” (Mt 16.21); (2) O Filho do homem “ressuscitará ao terceiro dia” (Mt 20.19; Lc 9.22). A ressurreição corporal de Jesus é a essência do cristianismo. Por fim, ouçamos o apóstolo Paulo:

“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi; que Cristo foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e que foi visto por Cefas e depois pelos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos... Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos. E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também vã a nossa fé. Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem” (1 Co 15.3-20).

A Bíblia Sagrada

O que ensina o cristianismo:

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17 = Jesus). “Eles [os irmãos do rico que estava em tormentos] têm Moisés e os profetas; ouçam-nos” (Lc 16.29 = Jesus). Jesus validou o Pentateuco e os Livros Proféticos. “Não penseis que vim destruir a Lei ou os profetas; eu não vim destruir, mas cumprir; nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mt 5.17,18). “Toda a Escritura divinamente é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.16-NVI). Paulo está dizendo que a Bíblia é o padrão para nossa vida cristã, nossa bússola, nossa regra de fé. “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22.29 = Jesus). Para o cristão é fundamental conhecer a Bíblia. O Apóstolo não deixa por menos: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

O que ensina o espiritismo:

“Diremos, pois, que a Doutrina Espírita, ou o Espiritismo, tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos, ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas ou, se se quiser, os espiritistas. O Livro dos Espíritos contém especialmente a doutrina ou teoria do espiritismo que, num sentido geral, pertence à escola espiritualista, da qual apresenta uma das fases” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 1997, Introdução, p. 11).

Allan Kardec está ensinando que os adeptos do espiritismo deverão ser chamados “espíritas” ou “espiritistas”, e que a doutrina espírita está contida em O Livro dos Espíritos, isto é, não está na Bíblia. Continua Kardec:

“Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral são ininteligíveis, parecendo alguns até disparatados, por falta da chave que faculte se lhes aprenda o verdadeiro sentido. Essa chave está completa no Espiritismo... As instruções que promanam dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho” (E.S.E. introdução, 90a edição, p. 27,28).

A prática do Evangelho via pregação do espiritismo é inteiramente inviável, como se vê no confronto das duas doutrinas. A “chave” para facilitar o entendimento dos evangelhos teria chegado com um atraso de muitos séculos. As Boas Novas foram trazidas pelo Verbo encarnado, e a Igreja recebeu a missão de dar prosseguimento à obra (Mt 4.23; Mt 11.5; 24.14; 26.13; Mc 16.15).

O Apóstolo advertiu os gálatas das investidas dos que “querem transtornar o evangelho de Cristo”. Não usa de meias palavras: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, que seja amaldiçoado. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.7,8,12). O esclarecimento do evangelho não teve início nos tempos modernos através dos “espíritos”. Paulo começou a ensiná-lo e a esclarecê-lo há quase dois mil anos. Até hoje as cartas paulinas são orientação segura para cristãos do mundo inteiro. A Bíblia foi escrita por homens tementes a Deus e conscientes de suas responsabilidades:

“A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder... falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério... Deus no-las revelou [as coisas ocultas] pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra todas as coisas... falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando coisas espirituais com as espirituais” (1 Co 2.4,7,10,13). E prossegue, respondendo aos incrédulos: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2 Co 2.17).

Jesus comissionou seus apóstolos como mestres, considerados por Ele capazes de dar continuidade ao ensino do evangelho: “Ide...ensinando...e eis que estou convosco” (Mt 28.19-20). Os apóstolos receberiam o auxílio sobrenatural do Espírito Santo. “O Espírito Santo vos ensinará todas as coisas”, vos guiará em toda a verdade” (Jo 14.26, 16.13). Não a verdade científica ou filosófica, mas toda a verdade de Cristo. Não confundamos Espírito Santo com espíritos desencarnados. O ensino do evangelho puro começou a ser ensinado pelos discípulos logo após a ascensão de Jesus (At 2.14). Portanto, não foi uma legião de espíritos que surgiu em socorro aos discípulos para que melhor entendessem o evangelho.

O Espírito Santo

O que ensina o cristianismo:

“E rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16). A palavra “outro”, traduzida do grego “allon”, significa “outro da mesma espécie”; e “consolador”, do grego “parakletos”, tem o sentido de “alguém chamado para ficar ao lado de outro para o ajudar”. Jesus explica quem é o Consolador: “Aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26). O Espírito Santo é o que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).

O Consolador é o Espírito de Juízo (Is 4.4); Espírito de Sabedoria, de Conselho, de Inteligência, de Poder (Is 11.2); Espírito do Senhor (Is 61.1); Espírito de Deus (Mt 3.16); o Espírito da Verdade (Jo 14.17); Espírito de Santidade (Rm 1.4); Espírito de Vida (Rm 8.32); Espírito do Filho (Gl 4.6); Espírito Eterno (Hb 9.14); Espírito de Graça (Zc 12.10). o Espírito da Profecia (Ap 19.10). Seus atributos são os mesmos da Divindade: eternidade (Hb 9.14); onipresença (Sl 139.7-10); onipotência (Lc 1.35); onisciência (1 Co 2.10).

O que ensina o espiritismo:

“Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito... O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei: ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas... O Espiritismo vem trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra... Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança” (E.S.E., cap. VI, itens 3 e 4, p. 134-135).

No particular, a palavra do espiritismo destoa totalmente do ensino de Jesus. Se fôssemos esperar o ensino espírita para podermos compreender o que Jesus nos revelou, teríamos perdido dezenove séculos, levando em conta que O Livro dos Espíritos foi publicado em 1857.

O Juízo Final

O que ensina o cristianismo:

“Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27). Esta palavra é uma pedra no caminho da reencarnação porque contesta a teoria de muitas mortes e muitos nascimentos e assegura que após a morte segue-se o juízo. (2) “O Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o Dia do Juízo” (2 Pe 2.9). (3) “Uma certa expectação horrível de juízo” (Hb 10.27). (4) “Para a ressurreição da condenação” (Jo 5.29). (5) “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo” (Mt 12.36 = Jesus). (6) “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo” (2 Co 5.10) (7) “E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” (Ap 20.12). No final dos tempos, os ímpios ressuscitarão e serão condenados ao castigo eterno (Jo 5.29; Ap 20.5). “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida [do Cordeiro] foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15; 13.8). A salvação ocorre pela graça, mediante a fé na Pessoa do Senhor Jesus Cristo (Ef 2.8-9, cf. Jo 3.18 e Rm 10.9).

O que ensina o espiritismo:

“A doutrina de um julgamento final, único e universal, que coloca fim a toda a humanidade, repugna à razão, no sentido em que ela implicaria a inatividade de Deus durante a eternidade que precedeu a criação da Terra, e a eternidade que se seguirá à sua destruição; Não há, pois, falando corretamente, julgamento final, mas há julgamentos gerais, em todas as épocas de renovação parcial ou total da população dos mundos...” (A Gênese, cap. XVII-64, 67, p. 342-343).

“Deus dá ao homem oportunidade nas novas existências, a fim de reparar os erros passados” (O Livro dos Espíritos, quesito 964, p.318). “O fim da reencarnação é o melhoramento progressivo da Humanidade” (Ibidem, quesito 167). “As encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso é quase infinito”; “Depois da última encarnação, o Espírito se torna feliz, e é considerado um Espírito puro” (Ibidem, quesitos 169 e 170, p. 94/95).

O Juízo Final não significa extermínio da humanidade. Deus é Deus dos vivos. O espiritismo não considera a verdade bíblica da ressurreição. Ora, como Jesus disse, os salvos ressuscitarão para viverem eternamente com Deus (Jo 5.29). Como vimos, ao ensinar que todos terão a mesma oportunidade de atingir a perfeição, o espiritismo nega a realidade bíblica do Juízo Final. Vale lembrar as palavras do Mestre, em oposição a tal ensino: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).

A Volta de Cristo e o Arrebatamento da Igreja

O que ensina o cristianismo:

O cristianismo ensina que o Senhor Jesus voltará para buscar a sua Igreja, a partir do que terão início os demais acontecimentos escatológicos que culminarão com o Juízo Final. Jesus nos garantiu: "E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também" (Jo 14.3). "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (Jo 14.18). "Aquele que testifica estas coisas diz: certamente, cedo venho" (Ap 22.20). Palavras de dois anjos: "Esse Jesus, que dentre vós foi recebido no céu, há de vir, assim como para o céu o vistes ir" (At 1.11). Jesus fala do arrebatamento: "E ele enviará os seus anjos, com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos..."(Mt 24.31; cf. 1 Ts 4.13-18).

O que ensina o espiritismo:

“Jesus anuncia seu segundo advento [a Sua volta], mas não diz que virá sobre a terra com um corpo carnal, nem que o Consolador será personificado nele” (A Gênese, cap. XVII-45, p.334). “Este quadro [Mt 24.15-22; 6-8; 11-14; 29-34; 37-38] do fim dos tempos é evidentemente alegórico como a maior parte dos que Jesus apresenta. As imagens que ele contém são, por sua energia, de molde a impressionar as inteligências ainda subdesenvolvidas. O Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande majestade, rodeado de seus anjos e com o ruído das trombetas, lhes parecia muito mais imponente que um ser investido apenas de poder moral” (Ibidem, XVII-54, p. 338).

No entender de Kardec, Jesus foi a “segunda revelação de Deus” (E.S.E., cap I-6, p. 59) e que veio em missão divina nos ensinar a elevada moral evangélica. Logo, Suas palavras têm uma significativa importância para o espiritismo. Deveriam ter, pois a Sua promessa de retornar é inconfundível. A Sua vinda e o conseqüente “resgate” dos seus são promessas bastante claras: “Eu virei outra vez e vos levarei para mim mesmo”. As vezes em que Jesus falou em parábolas foi para transmitir através delas uma realidade espiritual, e não uma inverdade. O arrebatamento da igreja, incompatível com a teoria da reencarnação, não é uma palavra figurativa. Jesus levaria para Si pessoas que ainda não completaram o ciclo de encarnações? Como ficariam na vinda de Jesus os espíritos ainda sujeitos a novas vidas corpóreas para expungir suas impurezas? A verdade do cristianismo é que os que morreram em Cristo estão salvos; não dependem de sacrifícios pós-morte (Lc 16.22; cf. 1 Ts 4.16-17).

Jesus possui “apenas poder moral” e por isso teria criado um quadro majestoso, imaginário e irreal de Seu retorno? Vamos ver se o Seu poder é assim limitado: Ele andou sobre as águas; transformou água em vinho; curou leprosos, cegos e paralíticos; perdoou pecados; multiplicou pães e peixes; expulsou demônios; predisse sua própria ressurreição ao terceiro dia, e ainda afirmou que “todo o poder me é dado no céu e na terra” (Mt 28.18).

Parte XXXIV

ESPIRITISMO GERAL

 1. Introdução

O Brasil ainda faz questão de dizer-se católico. E muitos ainda julgam a maior nação católica do mundo. Mas é incalculável o número de católicos que vão ao terreiros de umbanda, candomblé, ao centros kardecistas, as advinhas (mãe Dinah), aos médiuns (Chico Xavier) A proposito a revista Época (8/6/98) trouxe uma matéria sobre Chico Xavier, o médium kardecista mais famoso do Brasil. Com 88 anos, Xavier, que já foi indicado duas vezes ao prêmio Nobel da Paz (1981 e 1982), continua a dar "consultas" espirituais. Celebridades do meio artístico, como a apresentadora Xuxa, visitam o médium a fim de pedir uma bênção. O Brasil é considerado o maior país espírita do mundo, com cerca de 5.500 centros espíritas kardecistas espalhados pelo território nacional, sem contar com os terreiros de umbanda, quimbanda e candomblé. Sem sombra de dúvidas a maior nação espírita do mundo, com mais de 80 milhões de pessoas envolvidas diretamente ou indiretamente com todas as práticas espíritas possíveis.

2. Origem e história do Espiritismo

Muitos pesquisadores estão tentando encontrar a origem do espiritismo, mas se não formos a Bíblia em Gn 3:1-5 não encontraremos o relato da primeira sessão espírita. Lá no jardim do Éden o diabo falou pôr intermédio da serpente ao casal (Adão e Eva) para que comessem do fruto proibido e desobedecessem a Deus.

Os portugueses, que nos colonizaram; os índios que já moravam aqui, como legítimos donos da terra, e os negros africanos que aqui chegaram como escravos, foram os grandes responsáveis pelo aparecimento e propagação dessas doutrinas entre nós. Quando em 1853, o espiritismo Kardecista entrou no Brasil, através da porta que a maçonaria lhe havia aberto, nosso país já vinha sofrendo , há mais de 400 anos, a ação lenta e corrosiva da feitiçaria dos negros africanos, das superstições dos índios brasileiros, e da idolatria dos colonizadores portugueses. O Kardecismo surgiu, portanto, como o quarto elemento da tragédia espiritual brasileira.

Os primeiros negros trazidos como escravos para o Brasil chegaram aqui por volta de 1530. Vindos principalmente da Nigéria e do Sudão (países da África), os sudaneses formavam o maior grupo cultural. Entre eles destacavam-se os gegês e os nagôs. Ao chegarem no Brasil, eram imediatamente colocados à venda nos mercados de escravos da Bahia e de Sergipe. Outro grande grupo de escravos trazidos para cá era formado pêlos bantos, cujos componentes vinham de Angola, de Moçambique e do Congo (também países da África). Chegando no Brasil, os bantos eram vendidos principalmente nos mercados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O candomblé originou-se dos bantos. A umbanda originou-se dos sudaneses.

Ao chegarem ao Brasil, os colonizadores portugueses, apesar de católicos, traziam entre as suas experiências a crença na eficácia da bruxaria européia. Quase tudo o que hoje se pratica nos meios espíritas já era praticado pelos portugueses, antes mesmo do Brasil ser descoberto.

3. Porque o Espiritismo se expande tanto no Brasil

Dezenas de fatores são apontados pêlos estudiosos como causa da grande aceitação e do acelerado crescimento das práticas espíritas em nosso país. Citaremos apenas os principais.

a) "Você é um médium: precisa desenvolver sua mediunidade".

É o que podemos observar até mesmo num capitulo da novela Anjo de Mim, é o que milhões de espiritas repetem por esse Brasil afora, diante de pessoas curiosas, doentes, oprimidas ou possessas, que procuram os terreiros e centros espíritas em busca de ajuda. É o grande "laço do passarinheiro" segundo a expressão do Salmo 91:3

b) A Saudade dos parentes falecidos.

Quem ficaria indiferente ao ouvir dizer que sua filha, ou esposa, ou neto, ou mãe, ou pai, ou filho, ou namorado já falecido (ou falecida) "baixou" durante uma sessão espírita e, incorporado(a) em um médium, confessou-se desejoso(a) de conversar com os parentes vivos? Há inúmeros casos de famílias inteiras terem-se tornado praticantes do espiritismo após haverem recebido um desses "recados do além". Os espiritas têm sabido explorar muito esse ardil. Os mortos não voltam, é o que veremos nos estudos sobre a reencarnação, e sobre Saul e a Feiticeira

c) Fachada cristã.

Há muita gente enganada acerca da verdadeira natureza doe espiritismo. Os espíritas, para atraírem os incautos, falam em nome de Cristo, e afirmam que espiritismo e cristianismo ensinam a mesma coisa. Os espiritas usam a Bíblia, falam do evangelho , fazem orações e alguns centros tem nome de igreja espiritual.

d) Religião mais cômoda.

Negando doutrinas como: a existência do inferno, e afirmando que não houve pecado original, e sim falta cometidas em encarnações anteriores, mostrando a reencarnação como um estrada repleta de chances para todos se aperfeiçoarem e "pagarem as más ações cometidas em existências anteriores, o espiritismo torna fácil, cômodo e atrativo ser espirita! Através desse ensinamentos o espiritismo fecha os olhos de milhões de pessoas (II Co 4:4).

e) Liberdade religiosa.

A proliferação das práticas espíritas é o preço que o Brasil tem de pagar pela liberdade religiosa, cuja garantia é constitucional.

f) As promessas de cura.

Têm sido um dos grandes motivos de aproximação e adesão às práticas espiritas. As chamadas terapias alternativas (homeopatia, Florais, cromoterapia, etc.) estão atraindo multidões de doentes para espiritismo. Hoje o curanderismo espírita continua sendo um dos mais poderosos chamarizes de novos adeptos.

g) Curiosidade.

Nós brasileiros, fomos dotados de uma natureza extremamente curiosa. O véu de mistério que envolve o espiritismo sempre mexeu com essa curiosidade nata do brasileiro. Impulsionados por essa força, muitos têm-se dirigido aos lugares onde o espiritismo é praticado, e, na maioria das vezes, quando dão por si, já estão acorrentados e profundamente envolvidos nessas praticas.

h) Propaganda espírita.

Hoje a mídia de um modo geral tem colaborado muito para a divulgação do espiritismo no Brasil. A rede globo com suas novelas (Mandala, Renascer, Anjo de mim...), seriados Você Decide. Livros de Paulo Coelho, Jorge Amado, Lauro Trevizam, Lair Ribeiro, Shirley Maclaine e outros. Creio que a mídia é a maior responsável pela expansão espírita hoje.

Estes são os principais fatores que têm levado o espiritismo a se expandir tanto no Brasil.

4. As várias divisões do Espiritismo no Brasil

O espiritismo no Brasil está dividido em baixo e alto espiritismo:

A) Espiritismo Comum: Caracteriza-se pela utilização de práticas "sociais", sem os elementos comuns às sessões mediunicas ou de terreiros. Algumas das sua divisões são:

1 - Astrologia: "arte ou ciência" de predizer o futuro humano pôr meio dos astros. Sua maior criação é o popularissimo horóscopo.

2 - Cartomancia: adivinhação pelas cartas de jogar.

3 - Quiromancia: adivinhação pelo estudo das linhas da mão

4 - Quiromancia: adivinhação por intermédio da água.

B) Baixo Espiritismo: Teve suas origens nas crenças trazidas da África pelos escravos associados às crenças indígenas, católicas-romanas e kardecistas. Caracteriza-se pelos rituais compostos de músicas e danças, uso de amuletos e bebidas além de sacrifícios de animais. Segue algumas divisões:

1 - Vodu: culto praticado na Antilhas, ilhas do Pacífico, principalmente no Haiti. Caracteriza-se pelos rituais com bonecos representando a vítima. Tem semelhança com os rituais de quimbanda.

2 - Candomblé: Este culto de origem africana tem como suas principais divindades, Oxum, Iemanjá e Ogum.

3 - Quimbanda: Conhecida também como magia negra. Nada mais é do que uma variante da umbanda. É a linha que mais trabalhas com os exus. A quimbanda pode ser entendida como o inverso da umbanda.

4 - Umbanda: É tradicionalmente brasileira, pois não é totalmente africana, nem européia, sendo um produto sincrético.

5 - Catimbó: Ele corresponde à pajelança amazônica mas é diferente dos candomblés da Bahia e da umbanda do Rio de Janeiro.

6 - Cultura Racional: Nasceu dentro de um centro de Umbanda no Rio de Janeiro tentando dar um lado cientifico para a umbanda.

C) Espiritismo Cientifico: Também chamado de "Espiritualismo" , divide-se em vários ramos, apresentando-se como "sociedade" ou "entidades" beneficente, cientificas, filosóficas, que apelam ora para o intelectual ora para o espiritual. Entre outras destacamos as seguintes:

1 - L.B.V: Legião da Boa Vontade, voltada para assistência social, mantém atualmente creches, asilos, orfanatos, escolas, programas de TV e rádio.

2 - Rosa-Cruz: Sociedade secreta semelhante a maçonaria.

3 - Maçonaria: Sociedade secreta baseada na cabala, astrologia, numerologia etc.

4 - Teosofia: Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas, cujo lema principal é a união do homem com a divindade.

5 - Movimento Cristão Gnóstico Universal: Movimento baseado no conhecimento espiritual e filosófico que procura elevar o homem a divindade.

6 - Esoterismo: Doutrina ou atitude de espírito que frisa que o ensinamento da verdade deve reservar-se aos iniciados, escolhidos por sua inteligência e valor moral.

7 - Pró-Vida: Movimento responsável pela maior divulgação das idéias da Nova Era no Brasil.

8 - Eubiose: Movimento baseado no conhecimento filosófico-religioso que também procura elevar o homem a sua divindade.

D) Espiritismo Kardecista: Esta baseado nas revelações de Alan Kardec. É a classe de espiritismo que mais cresce no nosso país. Também conhecido como "Alto Espiritismo". Movimento baseado nas doutrinas principais que são: reencarnação, comunicação com os mortos e salvação pelas boas obras. O Kardecismo também está dividido em várias tendências:

1 - Tendência ortodoxa: É o Kardecismo mais puro, exclusivo que não permite ulterior desenvolvimento, nem tolera a presença de outros espiritismos

2 - Tendência Rusteinista: João Batista Roustaing discípulo de Alan Kardec que recebeu uma mensagem assinada pôr "Mateus, Marcos, Lucas e João, assistidos pelos", na qual os quatro evangelistas se prontificavam a dar a "Revelação da Revelação", que deu origem a sua famosa obra "Os Quatro Evangelhos".

3 - Tendência Ubaldista: Pietro Ubaldi desde muito cedo começou a ouvir um voz. Esta misteriosa "voz" lhe ditou os seguintes livros: "A Grande Síntese", "As Noúres", "Ascese Mística", "História de um Homem", "A Nova Civilização do Terceiro Milênio", "Deus e o Universo" etc.

4 - Racionalismo Cristão: A reação mais violenta dentro do Espiritismo Kardecista surgiu em 1910 com o Sr. Luiz de Mattos que deu um lado cientifico e racional das comunicações com o "mundo astral".

II - Espiritismo: O maior desafio ao evangelismo e missões nacionais

O posicionamento da comunidade evangélica brasileira diante do acelerado crescimento das seitas espíritas no Brasil tem de ser definido imediatamente. Pois seus ensinos são os mais contrários ao Palavra de Deus

(I Tm 4:1)

Parte XXXV

EX-ANCIÃO DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Revela segredos da organização

O autor trabalhou durante 20 anos para a Organização Torre de Vigia e chegou ao cargo de "ancião". Desiludido, pediu desligamento. Veja a carta na íntegra: De: Cid de Farias Miranda Para: Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste Data e Local: Fortaleza, 21 de outubro de 1998 "Quando me batizei em abril de 1979, recordo ter ouvido muitas vezes irmãos dizerem que "os homens eram imperfeitos mas que a organização era perfeita. Acreditei nisso e defendi esta organização na minha medida de fé. Dois anos antes do meu batismo, porém, havia lido alguns livros "apóstatas" e sempre os achava amargos e cheios de ódio. Não gostava e nem gosto deles porque nunca tive dúvidas quanto às verdades bíblicas básicas que eles negam tais como a alma que morre, que Deus não é uma Trindade, não ir à guerra, etc..., embora outras religiões também creiam nestas verdades; os Unitários não crêem na Trindade, os adventistas não vão à guerra, acreditam no paraíso na terra, etc; os Cristadelfos não vão à guerra, não acreditam no inferno de fogo, nem na Trindade, etc. (Veja A Sentinela, 15/01/63, pág. 57 aqui [no livro A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová]. Várias religiões têm as nossas mesmas crenças em coisas que estão claras na Bíblia, como o Resgate, a Ressurreição de Cristo, o fim do sistema de coisas, etc. Os motivos que levam a abandonar, não a Jeová Deus, mas a organização que se auto-glorifica e se auto-recomenda como único canal aprovado por Ele, são:

01. Mateus 24.14 é um texto que várias professas religiões cristãs dizem estar cumprindo ao atingirem e aumentarem, até mais do que nós, o seu número de adeptos. A Sociedade faz esta pregação principalmente de "porta em porta", que é uma modalidade, embora o texto de Atos 20.20 diga em grego (Kat´óikon) "em vossos lares" e não "de casa em casa", pois Paulo diz: "não me refreei de vos falar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publicamente e em vossos lares". Este texto deixa claro que há um sentido distributivo e não consecutivo, como se fosse "de porta em porta". Outrossim, ele dá claramente a entender neste texto que primeiro pregava "publicamente" e depois visitava as pessoas "em seus lares". Contudo, não quero aqui tirar o mérito de tal modalidade nem acho que ela não possa existir. O problema é O QUE, além das "Boas Novas" estamos levando; O QUE foi acrescentado ao longo de nossa história. Penso nas centenas de milhares de irmãos que foram e têm sido prejudicados através do que aprendem nas publicações da Sociedade Torre de vigia, ou a organização (termo que inclusive parece soar muitas vezes como sinônimo de Jeová).

02. O não ao serviço alternativo (agora permitido), que levou a muitos serem presos, torturados, etc e que ainda assim a Sociedade diz (por eles, é claro) que "estão felizes porque agiram de acordo com suas consciências" mas que de fato agiram conforme a "consciência da própria sociedade".

03. Os transplantes de órgão e frações do sangue permitidos e proibidos já por várias vezes (ver "Visita de Pastoreio", em anexo) colocando a Sociedade na condição de "culpada de sangue", tanto quanto ela acusa outras religiões.

04. As datas que têm sido marcadas mudando as vidas de muitos e que por tantos anos foram pregadas, divulgadas e fortemente incentivadas como certas.

05. As "comissões judicativas" sem precedentes bíblicos.

06. O processo da "desassociação" e dissociação (palavras e idéias que também se encontram sem precedentes bíblicos), inventados por Frederick Franz, com a aplicação do texto "removei o homem iníquo dentre vós" a todos os que, mesmo que por motivo de consciência, resolvam sair, fazendo com que as TJs sejam a única religião do mundo em que não se possa sair, em nenhum caso, de forma honrosa.

07. O modo desamoroso em que muitos pioneiros especiais, até mesmo os que professam ser ungidos (como conheço casos), são tratados quando não podem mais servir, ficando sem aposentadoria, etc, e o duplo critério aos "ungidos do 3o mundo e de 3a categoria" - quando os ungidos da sede em Brooklyn recebem todos os cuidados necessários e amorosos, etc.

08. O ensinamento que nos faz realmente diferentes das outras religiões: 1914 - e minha certeza de que em 1914 nada do que é dito cegamente com relação à entronização de Cristo ocorreu, pois há registros de que Charles Taze Russel havia lido escritores mais antigos nos quais baseou todos os seus cálculos (principalmente na Grande pirâmide de Gizé a que ele visitou e estudou, pois ele era um piramidólogo - Veja a foto do túmulo de Russel anexa).

09. Uma das coisas que mais me chocou foi saber que a Sociedade escondeu a questão sobre os duplos critérios aplicados aos irmãos em Malauf e México, questão esta que está muito bem documentada nas cartas da Sociedade em Crise de Consciência, de Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante. Mentiras? Se fosse assim, acredito que ele estaria preso, pois nos EUA difamar ou caluniar alguém daria cadeia, com certeza. No entanto, a Sociedade nada poderá fazer se encontramos suja "assinatura" nestas cartas e o livro se encontra publicado desde 1983 em inglês e em outras línguas.

10. A Sentinela 01/08/82, pág. 27: "A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia". Compare esta afirmação com João 14.6: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim". Isto me leva a crer o que afirmo no final do ponto 1 sobre a autoridade do "Corpo Governante" (termo sem base bíblica, sendo uma única reunião de anciãos registrada am Atos 15.29) como professo instrumento legítimo usado por Jeová Deus. 11. Passei muito tempo me fazendo estas perguntas:

a) Tem Deus uma "organização" na terra - uma do tipo aqui em questão - e que usa um Corpo Governante para dirigi-la? Onde faz a Bíblia tais declarações?

b) Que a esperança celestial não está disponível a toda e qualquer pessoa que a adote, que ela tem sido substituída por uma esperança terrena (desde 1935) e que as palavras de Cristo com relação ao pão e o vinho emblemáticos, "Fazei isto em memória de mim", não se aplicam a todas as pessoas que depositam fé em seu sacrifício resgatador? Que textos bíblicos fazem tais declarações?

c) Que o "escravo fiel e discreto" é uma "classe" composta só de certos cristãos, que não pode ser aplicado a indivíduos, e que esta opera por meio de um Corpo Governante? Novamente, onde faz a Bíblia tais declarações?

d) Que os cristãos estão divididos em duas classes, com uma relação diferente com Deus e Cristo, com base num destino terreno ou celestial? Onde se diz isto?

e) Que os 144.000 em Revelação devem ser entendidos como um número literal e que a "grande multidão" não se refere, e nem pode se referir, a pessoas que servem nas cortes celestiais de Deus? Em que parte da Bíblia diz isto?

f) Que os "últimos dias" começaram em 1914, e que quando o apóstolo Pedro (em Atos 2.17) falou dos últimos dias como se aplicando de Pentecostes em diante, não queria dizer os mesmos "últimos dias" que Paulo mencionou (2 Timóteo 3.1)? Onde está escrito?

g) Que o ano civil de 1914 foi o ano em que Cristo foi oficialmente entronizado pela primeira vez como Rei sobre toda a terra e que essa data do calendário marca o início de sua parousia? Onde?

h) Que quando a Bíblia diz em Hebreus 11.16 que homens tais como Abraão, Isaque e Jacó estavam "procurando alcançar um lugar melhor, isto é, um pertencente ao céu", não há possibilidade alguma disto significar que eles teriam vida celestial? Onde?

Assim, meus irmãos, nenhum único ensino da sociedade aí considerado pode ser apoiado por qualquer declaração óbvia e direta das Escrituras. Cada um destes exige por sua vez explicações complicadas, combinações complexas de textos e, em alguns casos, o que se poderia considerar como uma ginástica mental, na tentativa para apóia-lo. Mesmo assim, estes ensinos foram usados para julgar o cristianismo das pessoas; foram apresentados como base para determinar se as pessoas que têm devotado suas vidas no serviço a Deus são apóstatas!

Assim, reafirmando meu amor por todos os meus irmãos, vou orar para que todos vocês façam seu próprio julgamento sobre o que aqui coloco sinceramente. Continuo acreditando e jamais vou deixar de acreditar em tudo aquilo que a Bíblia diz e não me considero um "apóstata". Mas por motivo de consciência, e convicto de que, embora essa organização ensine muitas coisas boas e produza ainda muitas pessoas honestas (compare com a revista Veja 14/10/98, pág. 34, anexo) peço meu total desligamento e vínculo com a Sociedade Torre de Vigia e despeço-me daqueles com os quais tenho convivido, não porque não mais desejo sua boa associação, mas por saber que não mais me será permitido falar com os mesmos, nem me associar livremente com todos. Atenciosamente, Cid de Farias Miranda.

(Nota: Referida carta consta do livro A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová, de Cid de Farias Miranda e William do Vale Gadelha, ex-Anciãos da Sociedade, pp. 252-255. A sua publicação neste site foi autorizada pelos autores).

Parte XXXVI

IGREJA E SEITA

O assunto não é novo porque, já nos primeiros dias da Igreja Cristã, facções, partidos, dissensões e heresias pretendiam dominar a cena. É bastante ir a 1Coríntios 1, e ler o apelo, verdadeiro clamor, que faz Paulo, apóstolo, ao dizer:

"Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que sejais concordes no falar, e que não haja dissensões entre vós; antes sejais unidos no mesmo pensamento e no mesmo parecer. Pois a respeito de vós, irmãos meus, fui informado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou, Eu de Cefas; ou, Eu de Cristo. Será que Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado por amor de vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?"(versos 10-13).

No entanto, o Novo Testamento é claríssimo quando alerta sobre os duvidosos ensinos e nos passa

"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas" (2Tm 4.3,4),

e assim se introduzem nas vidas e mentes dos que lhe dão ouvidos e, por essa razão, estão "sempre aprendendo, mas nunca podendo chegar ao pleno conhecimento da verdade" (2Tm 3.7).

COMPREENDENDO CONCEITOS

Faz-se necessário, entanto, compreender alguns fatos sobre a palavra "seita". Um deles é que o sentido desta palavra no Novo Testamento nem sempre é pejorativo, visto que a palavra grega hairesis pode significar "partido, facção, grupo" ou, mesmo "heresia", com o sentido de grupo divergente da crença de maioria. Deste modo, os judeus da época de Jesus se dividiam em grupos ou partidos religiosos que recebem o nome de "seitas" com o significado básico de "partido". O livro dos Atos dos Apóstolos menciona a "seita dos saduceus" ou "partido dos saduceus" (BLH), a "seita dos fariseus", e a "seita dos nazarenos" (respectivamente, 5.17; 15.5; 24.5,14). Acrescente-se que a 'seita dos nazarenos" é o grupo dos cristãos entendido como uma facção dentro do judaísmo.

Primariamente, hairesis quer dizer "partido, grupo". Mais adiante, a palavra já conota "facção, dissensão", e um pouco mais além, "heresia", "seita" (no sentido hodierno de grupo de pessoas que esposam uma crença divergente da opinião pública chamada ortodoxa). O assunto, porém, pode ser abordado sob diferentes perspectivas: a da Sociologia da Religião, a Católico-Romana e a Evangélica Reformada.

COMO DISTINGUIR?

Como distinguir igreja de seita, pois igrejas e seitas compartilham características sociais semelhantes? Como fazer para classificá-las de acordo com a ciência, com a Sociologia da Religião?

O precursor desses estudos foi Ernst Troeltsch, historiador e teólogo alemão que, por volta de 1912, dividiu os grupos religiosos em duas largas avenidas. A um grupo chamou "tipo igreja", a outro, "tipo seita". Convém salientar que são "tipos" ideais e não rígidos, até porque grupos que, de acordo com a sociologia, teriam começado como seitas, em outro momento tornam-se de "tipo igreja".

O "tipo igreja", pela sociologia da religião, é eminentemente conservador. É grupo que aceita, até certo limite, a ordem secular da sociedade onde está inserida; é grupo que usa o Estado e a classe dominante, chegando ao ponto de dependência das classes altas. E como o "tipo de igreja" se identifica com o país, quem nasce no país nasce também na Igreja estatal. Com isso, minimiza-se a questão da santidade pessoal, e maximizam-se os sacramentos e os clérigos que os administram porque distribuem a esperada graça dos céus.

Por outro lado, o "tipo seita" rejeita identificação com o mundo e com a sociedade. Está mais para as camadas desfavorecidas ou sem poder; sua liderança é em geral, leiga, e pontua-se, geralmente, o misticismo e o ascetismo. Esta é uma abordagem de lato sensu..

A Igreja Romana faz distinção entre cisma e heresia. Cisma é a recusa em reconhecer a autoridade do papa, ou de manter comunhão com os fiéis de grupos subordinados ao Vaticano. Isso acentua que as Igrejas Orientais ou Ortodoxas são cismáticas, mas não heréticas. Heresia, para a Igreja Romana, é a negação de uma doutrina por ela esposada por alguém batizado e que mantém o nome de cristão. Os grupos religiosos procedentes da Reforma do século 16 (luteranos, calvinistas e independentes) são considerados, então, heréticos, apesar do delicado eufemismo "irmãos separados".

Na ótica católico-romana, seita é o grupo cristão que não endossa os dogmas, e certas doutrinas da Igreja Católica Apostólica Romana. O parâmetro de aferição, nesse caso, é comparar o grupo com a própria Igreja Romana e suas crenças e práticas. É uma posição de stricto sensu.

O caso dos reformados é outro. Inicia-se com o termo evangélico que é restritivo, e não pode ser aplicado a qualquer grupo indiscriminadamente como o faz a mídia e o povo em geral. É termo exclusivo, e salienta determinados princípios abrigados, respeitados, e proclamados, deixando de lado o que não foi salientado pela Reforma. Nesse caso, que método deve ser usado para se conceituar uma Igreja Evangélica e uma seita popular e equivocadamente chamada "evangélica", e que a si mesmo se dá esse nome?

Já afirmamos que o tema é antigo. A carta de Judas nos exorta a "pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos" (v. 3b). E explica que "se introduziram furtivamente certos homens... que convertem em dissolução a graça de nosso Deus" (v. 4). E o apóstolo Paulo completa: "aos quais é preciso tapar a boca: porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância" (Tt 1.11).

Assim, em stricto sensu, uma seita (do latim secta, "cortado, separado" ou, possivelmente de sequor, "seguir") é um grupo religioso desencaminhado, desviado dos padrões de doutrina e prática do Novo Testamento, e dos princípios da Reforma.

Então, se queremos conceituar Igreja Evangélica, devemos olhar para as bandeiras da Reforma Protestante, que são os seus princípios. Para identificar que verdadeiramente pode e deve ser chamado de "evangélico", e quem com eles é confundido, é bastante examinar os estandartes da Reforma e analisar se o grupo ou movimento levanta esses mesmos estandartes.

Os princípios da reforma são: "Só a Graça, Só a Fé e Só a Escritura", aos quais pode-se acrescentar, para ênfase tão somente, "Só Jesus". O parâmetro de aferição é, portanto, comparar o grupo com o que ensina o Novo Testamento sintetizado nestes princípios. É por esse motivo que o termo evangélico é restritivo e exclusivo.

O evangélico começa com a Bíblia ("Só a Escritura"), que se constitui na sua regra de doutrina e práxis. Se não está na Bíblia, o evangélico não endossa, ou, como diz o escritor D. M. Lloyd-Jones: "um evangélico não subtrai nem acrescenta", porque se fundamenta em Apocalipse 22.18, 19:

"Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão descritas neste livro".

Não basta o grupo chamado "evangélico" falar na Bíblia, ou em Jesus Cristo, ou em salvação. É necessário observar-se o que não diz, e o que só diz depois que faz um prosélito.

De que Cristo estão falando? Há muito Cristo que não corresponde ao do Novo Testamento. É o caso do Jesus de certas seitas que nada tem com o Filho de Deus. De que Espírito Santo estão falando? Muita coisa tem sido atribuída ao Espírito Santo, e que não tem respaldo na Bíblia; tanta coisa procedente de estados emocionais perturbados, ou peculiaridades de temperamento, de indisposição orgânica, e de má formação doutrinária. O Espírito Santo de certos grupos é exaltado acima do nome de Jesus, a respeito de quem diz o Novo Testamento:

"Para que o nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus cristo é Senhor, para Glória de Deus Pai" (Fp. 2. 10, 11; cf. 1Co 8.6; Ap 5.13).

De que salvação fala o púlpito de certos movimentos? Salvação pelo próprio esforço? Pelo conhecimento (como pregam grupos neognósticos)? Salvação que tem que ser sustentada pela guarda do sábado, senão se a perde?

Sem dúvida, o passado tem muitas lições a nos ensinar. Há nestes dias uma situação muito semelhante àquela anterior ao grito de Reforma: a Bíblia está sendo anunciada cada vez menos. Cresce a indiferença para com a sã doutrina. A autoridade e seriedade dos pastores evangélicos vêm sendo contestadas, duvidadas e rebaixadas, trazendo como triste conseqüência a falta de respeito pelo santo e legítimo ministério. Se olharmos para 483 anos atrás, veremos os líderes da Reforma olhando igualmente para a Igreja do primeiro século, o que os desafiou a retornar ao ensino apostólico.

Como evangélicos, nossas convicções são: crença na autoridade da Bíblia (2 Tm 3.16; Rm 15.4): a doutrina basilar, central, medular de Jesus Cristo e sua obra perfeitamente consumada (Jo 19.30; 17.4; Hb 5.8,9; 7.25-27; 9.12; 10.10-12); a crença no sacerdócio universal dos que crêem (Ap. 15.6; 1Pe 2.5,9; Ap 5.10); a crença na pureza da Igreja (Ef 5.25b-27; 2Co 11.2; Cl 1.22), o que leva à ortodoxia na pregação, à pureza na música, e ao exercício da disciplina eclesiástica levando ao crescimento do disciplinado e da congregação.

O apóstolo Paulo até disse: "Porque lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas não com entendimento" (Rm 10.2). Muito movimento sectário tem zelo por Deus, mas é falto de entendimento. Quanto a nós outros, porém, "retenhamos, firmemente, a nossa confissão" (Hb 4.14b): a confissão acerca de Jesus e seus ensinos, acerca do pecado como rebelião ativa contra Deus, a doutrina da Igreja de Cristo, Igreja militante que não se confunde com qualquer corpo terreno, movimento ou igreja local, mas é a vitoriosa e gloriosa multidão de todos os fiéis de Jesus Cristo nos céus e os que ainda estamos na terra.

Enfim, do ponto de vista evangélico ou reformado, ser uma seita, é ter abandonado a verdade apostólica. Para se identificar uma seita, é tão somente ver o que pensa e prega sobre os seguintes pontos:

"Só a graça". Ensina que a salvação é ato da misericórdia de Deus, ou fala em purificação nesta vida, ou em algum lugar do além?

E sobre "Só a Fé"? Fala em auto-salvação, boas obras para salvação, ou em guardar elementos da Lei para não perdê-la?

E quanto a "Só a Escritura"? Adiciona livros para complementar a Bíblia? A tradição? Outra fonte tida como profética?

E "Só Jesus" no dizer de 1Timóteo 2.5: "Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem"? A fé é em Jesus ou é fé na fé? Ou fé na Igreja? Ou numa "rosa ungida", "lenço abençoado", óleo de Jerusalém", "'água do Jordão, e quejandos?

Os reformadores do século XVI ensinaram que "somos salvos pela pura graça, mediante unicamente a fé, e temos a Bíblia sagrada como única norma de doutrina e conduta". Se o grupo foge disso, é seita, fuja dele; se aceita isso, liga-se hereditária ou espiritualmente à Reforma, é uma Igreja Evangélica. A seita segue uma verdade pela metade, e verdade incompleta equivale a engodo.

O monumental ensino é que a Igreja Reformada deve continuar sempre em reforma, olhando para as suas bandeiras, e se alimentando do referencial do ensino apostólico.

Parte XXXVII

HERESIAS NEOPENTECOSTAIS

 

Pastores e demais líderes evangélicos começam a demonstrar preocupação diante das extravagâncias que estão surgindo nos púlpitos brasileiros. A cada dia que passa surgem novas práticas anti e extrabíblicas. Não uso, como alguns, o eufemismo de classificar esses descaminhos de "modismos". Coloco-os no rol das heresias.

As críticas que antes corriam apenas à boca pequena, agora tomam corpo e são divulgadas em sites de expressão. A Igreja Evangélica já não pode calar diante de tamanha irracionalidade. Não desejamos ser julgados pelo pecado de omissão. O povo brasileiro precisa saber que tais tolices, como a seguir exemplificamos, estão à margem do Evangelho que nos foi ensinado por Jesus. Na verdade, se trata de um outro evangelho.

Em detrimento da Palavra, multiplicam-se os púlpitos festivos. Luzes, coreografias, encenações inusitadas, objetos ungidos e mágicos, entrevistas com demônios, amuletos, e outras mercadorias, tudo é válido no desvario em que se envolvem pregadores e ouvintes.

A impressão que se tem é que o evangelho, da forma que foi anunciado pelos apóstolos nos primeiros tempos, já não serve para os dias atuais. Falar de pecado, arrependimento, perdão e santidade se tornou antiquado, obsoleto, repreensível. É preciso entreter os ouvintes, apresentar uma nova atração a cada semana, tudo semelhante ao que vemos na sociedade consumista. Mas o que é preciso mesmo, e com urgência, é botarmos a boca no trombone e denunciar o que estão fazendo com o evangelho.

Ovelhas há que já perderam a noção do que é ser cristão. Não sabem sequer por que Jesus morreu.

Têm o dízimo como meio de obter bênçãos espirituais e materiais. Não conhecem o evangelho da renúncia, da resignação, do sofrimento, do carregar a cruz, do contentar-se com o pouco. Certa vez conversando com um jovem neopentecostal, ele disse: "Se sirvo a Jesus, quero ser rico, ter uma boa casa e carro importado". Os anos se passaram e nada disso aconteceu. Ele e seus pais pararam de ofertar e estão com a fé em declínio. É o que está acontecendo: gazofilácios cheios, pessoas vazias. O pai desse jovem me revelou que entrou nessa porque acreditou nas entrevistas que falam de riqueza fácil. Agora ele percebe que os que estão mais pobres não são convidados a falar de sua pobreza.

São de arrepiar os relatos que se encontram no site , de autoria do pastor Ricardo Gondim. É difícil de acreditar que um grupo de cristãos, liderados pelo pastor, alugue um helicóptero e, com dezenas de litros de óleo, passe a ungir a cidade do Rio de Janeiro, derramando uma caneca de óleo aqui, outra ali. Fico a meditar como o líder conseguiu envolver irmãos de boa fé nesse projeto inusitado. O óleo da "unção" deve ter caído em lugares pouco recomendáveis para o mister, tais como animais mortos, fezes e valas fétidas.

Mais incrível é o uso de urina para demarcar território. Essa você não vai acreditar. Está no referido endereço. Em Curitiba, um grupo de irmãos, liderado pelo pastor da igreja, entendeu que deveria demarcar seu território com urina, como fazem os leões e lobos. Após beberem muita água para encher bem a bexiga, seguiram para pontos estratégicos da cidade e passaram a URINAR. Quando li a notícia, pensei que a palavra estivesse errada. Talvez fosse REUNIR. Mas era urinar mesmo. Foram horas e horas urinando. O comboio de veículos parava em pontos preestabelecidos, e, ali, a um sinal, um deles aliviava a bexiga. Ora, esse tipo de lógica poderá levar irmãos a situações mais degradantes ainda. Degradantes, patéticas e irracionais. Algum irmão desse grupo poderá descobrir que determinada espécie animal demarca seu território com suas próprias fezes. Certamente não atentaram para o contido no Art. 233 do Código Penal que trata da prática de "ato obsceno em lugar público", e estipula a pena de detenção de três meses a um ano, ou multa. A jurisprudência indica que a micção em lugar público configura o crime previsto no referido Artigo, ainda que não haja intenção de vulnerar o pudor público.

Pelas perguntas e respostas a seguir é possível comparar o evangelho de ontem com o de hoje. Após ouvirem a pregação de Pedro, muitos, compungidos, perguntaram: "Que faremos?" Pedro respondeu: "Arrependei-vos", e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo" (At 2.37-38). A resposta, hoje, seria: "Participe das campanhas, faça o sacrifício do dar tudo, e seja próspero". Atendendo à curiosidade de Nicodemos, Jesus disse: "Quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3.3). A resposta no outro evangelho: "Seja dizimista fiel". Se alguém perguntasse a Tiago o que deveria fazer para livrar-se dos encostos, ele prontamente diria: "Sujeitai-vos a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). A resposta do evangelho festivo seria: "Use sal grosso, sabonete de descarrego, vassouras, fitas, colares, cajados, pedras, e seja dizimista fiel". Se o pecado do rei Davi - adultério e co-autoria num homicídio - fosse nos dias de hoje, a culpa seria do encosto que estaria nele. Uma série de exorcismos, cinqüenta quilos de sal grosso, uma dúzia de sabonetes seriam necessários para pôr o encosto em retirada. Às indagações sobre como ter o necessário à vida, Jesus respondeu: "Não pergunteis que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Lc 12.29,31). A resposta no evangelho da prosperidade: "Toque no lençol mágico".

O Apóstolo Paulo confessa que "orou três vezes ao Senhor" para que o livrasse de um espinho na carne. Mas o Senhor, em vez de atendê-lo, respondeu: "A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Reconhecendo a vontade soberana de Deus, Paulo se conforma e continua com seu espinho. E declara: "Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas", pelo que "sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte" (2 Co 12.7-10). A orientação para esses casos, nos púlpitos festivos, é a seguinte: "Exija de Deus seus direitos". Sofredores como o Apóstolo, o servo Jó e muitos outros desconheciam esse caminho "legal" para exigir direitos assegurados.

Pedir, do grego aiteõ, sugere a atitude de um suplicante que se encontra em posição inferior àquele a quem pede. É esse o verbo usado em João 14.13 - "E tudo quanto pedirdes em meu nome..." - e 14.14 - "Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei". "Pedir", do grego erõtaõ, indica com mais freqüência que o suplicante está em pé de igualdade ou familiaridade com a pessoa a quem ele pede, como, por exemplo, um rei fazendo pedido a outro rei. "Sob este aspecto, é significativo destacar que o Senhor Jesus NUNCA usou o verbo aiteõ na questão de fazer um pedido ao Pai", por ter dignidade igual Àquele a quem pedia. (Jo 14.16; 17.9,15,20 - Fonte: Dic. VINE). Por essas e outras, há muita gente confundindo alhos com bugalhos.

Repassa-se a idéia de que crente não deve chorar nem passar por qualquer tipo de sofrimento. Crente deve ser próspero. A verdade, por muitos desconhecida, é que a fidelidade a Deus não nos garante uma vida livre de dores, aflições e sofrimento. Dizer que aos crentes e fiéis dizimistas está garantia uma vida de flores, sem lágrimas, sem luta espiritual, sem aperto financeiro, é conversa para boi dormir. Jesus disse que seus seguidores deveriam carregar sua própria cruz, caminhar por um caminho apertado e passar por uma porta estreita "No mundo tereis aflições; na verdade todos os que desejam viver piamente em Cristo padecerão perseguições" (Jo 16.33; 2 Tm 3.12). Era da vontade de Deus que Paulo pregasse o evangelho em Roma. Apesar de sua fidelidade a Deus, os caminhos lhe foram difíceis. Enfrentou provações várias, naufrágio, tempestade, prisões.

Não podemos fazer ouvidos moucos à zombaria e piadas em torno desse "outro evangelho". As pessoas tendem a nivelar todas as Igrejas Evangélicas pelo que vê na televisão, ou pelo que vê num ou outro culto. Eu pensaria da mesma forma se não fosse evangélico. É preciso esclarecer a opinião pública sobre o que diz a Bíblia a respeito de cada nova idéia extravagante. Que se façam ouvir as vozes e o protesto dos líderes que defendem a pregação de um evangelho livre de heresias e irracionalidade.

Sem conhecer a verdade bíblica se torna difícil detectar as heresias. Ouça este conselho: não coma pela mão dos outros, mas examine você mesmo se o que o seu pastor prega está de acordo com a Palavra. Se você não estiver devidamente preparado para esse exame, consulte outros irmãos. 19.01.2004

Parte XXXVIII

"HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO" II

Os mortalistas se esforçam para superar os óbices advindos da declaração de Jesus ao ladrão na cruz, conforme Lucas 23.43. Pelos menos indica interesse em defender suas crenças. Afirmam eles que a parte imaterial do homem sucumbe com o corpo na sepultura. A Bíblia diz que não sucumbe. E Jesus disse que naquele mesmo dia de sexta-feira o ladrão, isto é, seu espírito, estaria no paraíso. Quem subiu não foi o corpo, mas o espírito. Logo, a alma, imortal, se separa do corpo e segue para o mundo invisível.

Os aniquilacionistas afirmam que, por não haver pontuação na escritura original, Jesus teria dito: Digo-te hoje: estarás comigo no paraíso. A contradição está em que eles também colocam pontuação. Por isso, alegam que o ladrão se encontrará com Jesus somente na ressurreição. N Os mortalistas também sustentam que reconheço que para defender sua crença o apologista deverá usar de todos os meios e argumentos possíveis. Todavia, é difícil para um grupo religioso reconhecer enganos e ter que voltar atrás. Para usar uma expressão lulista, é o mesmo que “cortar na carne”. Nem sempre os homens estão preparados para o reconhecimento de seus erros. Para dar sustentação à sua doutrina de mortalidade da alma, o pastor Rinaldo Martins contestou o que escrevi. Afirmou ele que os ladrões não morreram naquele mesmo dia. Diante do registro bíblico de que as pernas lhes foram quebradas para apressar suas mortes, disse referido pastor que assim procederam para “descê-los da cruz”, isto é, para que morressem fora da cruz. Vejam na íntegra a contestação do pastor:

Morte de Cruz

Texto básico

“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”, Lc 23:43. Objetivo - Buscar na Bíblia, na cultura da época de Cristo e na evidência textual, se o ladrão morreu ou não no mesmo dia em que Jesus Cristo morreu.

Introdução - Para muitos, o texto exarado em Lc 23:43, é uma prova de que após a morte, o morto continua vivo em algum lugar. Entretanto, quando buscamos na Bíblia, na cultura daquela época e nas evidências textuais deparamos com uma outra realidade acerca desse texto.

A Bíblia - Na lei de Moisés, para determinados tipos de pecado, o transgressor pagava com a morte e morte de cruz, era dependurado num madeiro até morrer. Quando o condenado morria, seu corpo não podia passar a noite dependurado, neste caso, eles tiravam o morto da cruz antes do sol se pôr e era sepultado no mesmo dia, Dt 21:23,23.

Nota: O condenado ao ser crucificado, morria por causa da cruz, isto é, “morte de cruz”, Fp 2:8 e não “na cruz”. Portanto, a meta dessa lei não era matar e sim deixar morrer na cruz. Contexto cultural - Um condenado a morte “de cruz”, normalmente demorava dias para morrer na cruz. E, na época em Cristo morreu “de cruz”, havia uma tradição entre os judeus que não permitia que o condenado ficasse dependurado na cruz no dia de sábado, neste caso, quebravam lhe as pernas e era descido do madeiro e ficava assim até o fim do sábado. Na descrição do apóstolo João, ele fez questão de frisar essa cultura “dos judeus” em relação esse costume, pois os fatos que ali estavam acontecendo ocorreram nos últimos instante da “sexta”: “Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era véspera do sábado, pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados”, Jo 19:31.

Evidência textual - “Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era véspera do sábado, rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e fossem tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele (Cristo) foi crucificado. Mas, vindo a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas (porque já estava morto)”, João 19:31-33.

A finalidade de quebrar as pernas dos condenados não era para mata-los, e sim para tira-los da cruz, pois o sábado se aproximava. Para mata-los, bastava uma lancetada no coração ou no fígado deles. O quebrar as pernas foi uma iniciativa dos judeus (por causa da cultura deles) e não dos soldados romanos, eles haviam pedido a Pilatos e ele atendeu, e mandou os soldados fazer o que os judeus pediram, e quanto a Jesus, suas pernas só não foram quebradas “porque já estava morto”, não havendo, portanto, necessidade de quebra-las para deixa-Lo ao pé da cruz durante o sábado como aconteceu com os dois ladrões. Outro fato que corrobora com esse estudo é o pasmo de Pilatos: “E Pilatos se admirou de que (Cristo) já estivesse morto”, Mc 15:44. Talvez ele tenha até dito: “Já morreu?!! Por que “Pilatos se admirou”? Por certo, Pilatos veterano em mandar pessoas para cruz, já estava acostumado com as crucificações, e admirou se diante de um fato inusitado: Era algo in-co-mum, alguém morrer no mesmo dia da crucificação! Está é outra evidência textual que indica que os ladrões não morreram no mesmo dia que Cristo. Portanto, a palavra “hoje” exarada no texto em lide (Lc 23:43) é tão somente uma expressão idiomática, a qual perde força e significados noutra língua. Portanto, a força da interpretação dos irmãos “imortalistas” está em cima de uma base vulnerável. Expressões tais como: “Em verdade, em verdade te digo”; “Em verdade te digo”; “Em verdade te digo hoje”; “Na verdade” e etc., tinham o mesmo sentido lingüístico para os judeus da época de Cristo. Portanto, a ênfase que os imortalistas dão a palavra “hoje” no texto em lide, é fruto de um anacronismo seguido de uma pseudo prova “encontrada” na transliteração do texto. Além disto, para sustentarem o que a cultura dos judeus da época de Cristo e as evidências textuais não sustentam, os tradutores inseriram até uma palavra espúria (“que”) no texto para reforçar a idéia pretendida. E quanto a vírgula depois da palavra “hoje” é fruto dos bem intencionados, porém equivocados, tradutores que criam tal como os irmãos “imortalistas” crêem.. Foi somente no Séc. VIII é que foram introduzidos nos manuscritos alguns sinais de pontuação e no Séc. IX introduziram o ponto de interrogação e a vírgula. Portanto, a palavra “que” não foi escrita por Lucas e nem a vírgula foi posta por ele.

Conclusão - O pedido do ladrão está centrado na cultura dos judeus, eles acreditavam que o Messias iria estabelecer um reino e esse ladrão crendo que Jesus era o Messias, pediu para que fosse lembrado quando Ele estabelecesse o seu reino. Inclusive tem até algumas versões que traduzem essa passagem da seguinte forma: “Lembras tu de mim quando vieres no teu reino” e como resposta, disse Jesus: “Em verdade te digo hoje: Estarás comigo no paraíso”. Portanto, Jesus não disse quando e sim que o ladrão arrependido estaria com Ele no seu reino, aquele judeu entendeu perfeitamente o que Jesus lhe disse. Ademais, o ladrão não morreu no mesmo dia que Jesus. Como pois poderia estar com Cristo no “paraíso” ainda naquela sexta?

Dito isto, vamos à Bíblia (João 19.31-33):

“Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado. Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (Versão Trinitariana). Vejamos os comentários de diversos apologistas:

“Por ser a véspera do sábado, os líderes dos judeus desejam que os corpos sejam removidos.

Para apressar a morte, era costume quebrar as pernas dos malfeitores. Isto foi feito no caso dos dois ladrões, porém Jesus já estava morto. A decisão de não quebrar as pernas de Cristo, tanto como o penetrar da lança no seu lado, cumpriram profecias do Velho Testamento (Sl 34.20; Zc 12.10)” (O Novo Dicionário da Bíblia, Vol. II, 1990, p. 1097).

“Quando os soldados necessitavam apressar a morte recorrendo à asfixia, eles quebravam as pernas da vítima com bastões de ferro, de modo que não pudessem aprumar o tronco. Os romanos deixavam o corpo apodrecer no madeiro, mas Deuteronômio 21.23 e as suscetibilidades judaicas acerca do sábado exigiam que essas execuções fossem aceleradas. E os romanos acatavam o desejo dos judeus, sobretudo por ocasião de suas concorridas festas” (Comentário Bíblico Atos – Craig S. Keener, Editora Atos, 1993, p. 327).

“Quando era necessário apressar a morte do condenado, quebravam-lhe as pernas. Assim fizeram aos dois ladrões que foram crucificados com Jesus, Jo 19.31-33” (Dicionário da Bíblia, John D. Davis, 21ª edição, Candeia/Juerp, p. 141).

“Perna (grego skelos), “a perna, do quadril para baixo”, é usado somente para se referir à quebra das “pernas” dos malfeitores crucificados, para acelerar a morte (Jo 19.31-33; prática habitual, não executado no caso de Jesus, em cumprimento de Ex 12.46; Nm 9.12). A prática era conhecida como skelokopía (derivado de koptõ), ou, em latim, crurifragium (formado de crus, “perna”, e frango, “quebrar”)” (Dicionário VINE – O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento – W. E. Vine e outros, CPAD, 2002, 1a edição em português, p. 871).

“Consentiu Pilatos em que suas pernas fossem quebradas; qual era a maneira dos judeus para apressar em parte a morte, desde que, de acordo com sua lei, o corpo deveria ser retirado da cruz antes da noite; e em parte isso pôde ser para saber se a pessoa foi corretamente executada, [ou que de fato está morta] (Bíblia Online – John Gill´s Expositor).

Como se vê, o “quebrar as pernas para apressar a morte” é raciocínio aceito por muitos, exceto pelos aniquilacionistas. Eles vêem nessa sutileza a possibilidade de darem sustentação bíblica à tese da mortalidade.

O pastor Rinaldo revelou que, por trabalhar na aérea de saúde, sabe que um simples quebrar de pernas não mata ninguém. Mas ele não meditou nas circunstâncias em que isso se deu. Os ladrões não estavam caminhando pelas ruas, sentados num sofá, ou banhando numa praia. Estavam na especialíssima e incômoda posição de crucificados. O único e fraco ponto de apoio que tinham para continuarem respirando eram os pés cravados no madeiro. Tal afirmação é validada pelo diagnóstico médico de Jesus, conforme trechos a seguir:

“A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Que dores atrozes devem ter martelado o seu crânio! Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus tomou um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforçando-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés, inimaginável. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés, inimaginável! (Relato do médico francês Dr. Barbet, professor-cirurgião).

Para respirar um pouco e falar alguma coisa, Jesus precisava levantar o tórax, e o fazia somente com o frágil apoio dos pés. A mesma coisa acontecia com os dois ladrões. Portanto, suprimido esse ponto de apoio a caixa torácica se comprimia violentamente; o corpo ficava suspenso apenas pelos pulsos cravados, e em pouquíssimo tempo o óbito viria por asfixia.

Morte na Cruz

A explicação do pastor Rinaldo me parece irrelevante, mas cabe uma análise. Jesus e os dois facínoras foram condenados para morrerem “na cruz”. Assim está escrito na “Peça do Processo de Cristo”, assinada por Pôncio Pilatos, “no ano dezenove de Tibério César, Imperador Romano de todo o mundo” (trechos):

“Determino e ordeno por esta, que se lhe dê morte na cruz, sendo pregado com cravos como todos os réus, porque congregando e ajustando homens, ricos e pobres, não tem cessado de promover tumultos por toda a Judéia, dizendo-se filho de DEUS e REI DE ISRAEL, ameaçando com a ruína de Jerusalém e do sacro Templo, negando o tributo a César, tendo ainda o atrevimento de entrar com ramos e em triunfo, com grande parte da plebe, dentro da cidade de Jerusalém. Que seja ligado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz aos ombros para que sirva de exemplo a todos os malfeitores, e que, juntamente com ele, sejam conduzidos dois ladrões homicidas”.

Era costume dos judeus não deixarem os cadáveres na cruz: “Quando também em alguém houver pecado, digno de morte, e haja de morrer, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver [o corpo morto] não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia” (Dt 21.23). Ou seja: morre na cruz e de lá sai direto para a sepultura. Não foram crucificados para morrerem aos pés da cruz, mas na cruz.

A Questão do “Hoje”

Vejamos como Lucas 23.43 está registrado em algumas versões.

“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (João Ferreiras de Almeida: revista e atualizada no Brasil; revista e corrigida, edição de 1995).

“Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Bíblia de Jerusalém, Sociedade Bíblia Católica Internacional Paulus).

“Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no Paraíso” (Nova Versão Internacional, International Bible Society).

“Eu lhe afirmo que hoje você estará comigo no paraíso” (A Bíblia na Linguagem de Hoje, Soc. Bíblia do Brasil, 1988).

“Truly I say to you, Today you will be with me in Paradise” (Bible in Basic English. Fonte: Online Bible).

“And he said unto him, Verily I say unto thee, To-day shalt thou be with me in Paradise” (1901 – American Standar Version. Fonte: Online Bible).

“Entonces Jesús le dijo: De cierto te digo, que hoy estarás conmigo en el paraíso” (1569 – Las Sagradas Escrituras. Fonte: Online Bible).

“And Jesus said unto him, Verily I say unto thee, To day shalt thou be with me in paradise” (1789 Authorised Version. Fonte: Online Bible).

“I tell you in solemn truth," replied Jesus, "that this very day you shall be with me in Paradise." (1912 – Weymonth New Testament. Fonte: Online Bible).

“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (João Ferreira de Almeida, Edição Corrigida Fiel – Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil).

Vejam onde fomos encontrar um registro destoante, que atende à pretensão dos exterminadores: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso” (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, Editora Sociedade Torre de Vigia para Bíblias e Tratados). A versão desse grupo não cristão, conhecido por Testemunhas de Jeová, não é confiável, haja vista as muitas alterações produzidas na “sua” versão, para acomodar suas doutrinas (Leiam “Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová”).

Sobre o assunto, eis parte dos comentários de John Gill´s Expositor, em CD-Bíblia Online – Sociedade Bíblica do Brasil:

“Some would remove the stop, and place it after "today", and read the words thus, "I say unto thee today"; as if Christ only signified the time when he said this, and not when the thief should be with him in paradise; which, besides it being senseless, and impertinent, and only contrived to serve an hypothesis, is not agreeably to Christ's usual way of speaking, and contrary to all copies and versions. This instance of grace stands on record, not to cherish sloth, indolence, security and presumption, but to encourage faith and hope in sensible sinners, in their last moments, and prevent despair”. Tradução: “Alguns removem a pontuação, e colocam-na após o "hoje", e lêem as palavras assim: “Eu digo hoje", como se Cristo estivesse declarando somente o tempo em que ele fez a promessa, e não o tempo em que o ladrão subiria com ele para o paraíso. Além de essa interpretação ser descabida e sem sentido algum, e inventada somente para servir a uma hipótese, não é conforme a maneira usual do discurso de Cristo, e contrária a todas as cópias e versões. Este exemplo da graça divina está registrado não para estimular a indolência, segurança e presunção, mas para incentivar a fé e a esperança em pecadores sensibilizados, em seus últimos momentos, e para impedir o desespero”.

A pontuação e a conjunção

Desprezemos a pontuação e a conjunção “que” e nada se altera. Vejam: “Em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso”. O que Jesus disse ao ladrão? “Hoje estarás comigo no Paraíso”. A frase exige pontuação quando os mortalistas resolvem forçar uma mudança de sentido: “Em verdade te digo hoje: estarás comigo no Paraíso”. Notem a colocação de pontuação (dois pontos) onde não existe pontuação. A pontuação forçada é, portanto, espúria. O argumento retorna como um bumerangue aos mortalistas. Recebam. E mais:

“Hoje (do grego Semeron): Em Lucas 23.43, “hoje” deve ser ligado à declaração: “estarás comigo no Paraíso”; não há razão gramatical para a insistência de que a ligação deva ser com a declaração “Em verdade te digo”, nem tal idéia é feita necessária por exemplos da Septuaginta ou do Novo Testamento; a ligação dada é a correta. A promessa que o Senhor Jesus fez ao ladrão arrependido foi cumprida no mesmo dia; Jesus, quando morreu, entregou o espírito ao Pai e foi imediatamente em espírito ao próprio céu, o lugar da habitação de Deus. Para lá o apóstolo Paulo foi levado (2 Co 12.4), mencionado como o terceiro céu. A mesma região é mencionada em Apocalipse 2.7” (Dicionário VINE – páginas 692 e 849).

Pilatos admirou-se

“E Pilatos se maravilhou [ou se admirou] de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido” (Mc 15.44-TNT). É sabido que os crucificados morriam depois de alguns dias, a menos que a morte fosse apressada. Mas Jesus veio para estabelecer diferença até na hora da morte. Ele sabia que morreria na sexta-feira e com Ele os ladrões. A palavra de Jesus não pode ser contestada: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Afirmação clara como o Sol do meio dia. Portanto, a admiração de Pilatos não dar validade aos postulados mortalistas. Espero que os mortalistas refaçam seus estudos e admitam os equívocos.

Estudos correlatos:

“Como Derrubar Várias Heresias de uma só Cajadada”; “Hoje Estarás Comigo no Paraíso”; “Resposta aos Exterminadores”; “Reflexões Sobre a Imortalidade da alma”; “Jesus: Hoje Estarás Comigo no Paraíso/Ainda não Subi para o Pai”.

Parte XXXIX

“HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO"

 Os exterminadores de almas (vejam os artigos “Reflexões sobre a Imortalidade da Alma” e “Os Exterminadores de Almas”) ficam embaraçados quando sua tese é contestada com base na palavra de Jesus ao ladrão arrependido. Não crêem que, na morte, a alma se separa do corpo, isto é, que a alma é imortal.

Em defesa de sua tese de mortalidade da alma, exterminadores há que assim traduzem Lucas 23.43: “Em verdade, te digo hoje: estarás comigo no Paraíso”. Ligando a palavra “hoje” à primeira frase, e não à segunda, livram-se da imperiosa necessidade, incômoda e indesejável, de admitir a sobrevivência da alma após a morte. Mudando a pontuação, isto é, colocando dois pontos após “hoje”, desejam transmitir a idéia de que o espírito não subiu para o céu naquele mesmo dia, e sim posteriormente, na ressurreição coletiva. Com isso, procuram robustecer a doutrina da extinção da alma na morte do corpo (leia “Hoje estarás comigo” / “Ainda não subi para o Pai” – Contradição?”).

Os aniquilacionistas esquecem que Jesus, antes de morrer, entregou seu espírito ao Pai (Lc 23.46). O espírito do ladrão também se recolheu em Deus: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7). Estevão, o mártir, também entregou seu espírito: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59). É bom que também se lembrem das palavras do Apóstolo Paulo: “Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos – se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe - foi arrebatado até ao terceiro céu” (2 Co 12.2). O Apóstolo admitiu a hipótese de a alma retirar-se do corpo, pois não sabe ao certo se o corpo ficou na terra, como que morto, enquanto seu espírito estava no paraíso, ou se ele, por inteiro, foi arrebatado. Ele contraria as pretensões dos mortalistas, segundo os quais a alma é inseparável do corpo e com este sucumbe.

Voltemos à análise do “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Vejamos como Lucas 23.46 está registrado em algumas versões.

“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (João Ferreiras de Almeida: revista e atualizada no Brasil; revista e corrigida, edição de 1995).

“Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Bíblia de Jerusalém, Sociedade Bíblia Católica Internacional Paulus).

“Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no Paraíso” (Nova Versão Internacional, International Bible Society).

“Eu lhe afirmo que hoje você estará comigo no paraíso” (A Bíblia na Linguagem de Hoje, Soc. Bíblia do Brasil, 1988).

“Truly I say to you, Today you will be with me in Paradise” (Bible in Basic English. Fonte: Online Bible).

“And he said unto him, Verily I say unto thee, To-day shalt thou be with me in Paradise” (1901 – American Standar Version. Fonte: Online Bible).

“Entonces Jesús le dijo: De cierto te digo, que hoy estarás conmigo en el paraíso” (1569 – Las Sagradas Escrituras. Fonte: Online Bible).

“And Jesus said unto him, Verily I say unto thee, To day shalt thou be with me in paradise” (1789 Authorised Version. Fonte: Online Bible).

“I tell you in solemn truth," replied Jesus, "that this very day you shall be with me in Paradise." (1912 – Weymonth New Testament. Fonte: Online Bible)

“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (João Ferreira de Almeida, Edição Corrigida Fiel – Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil).

Vejam onde fomos encontrar um registro destoante, que atende à pretensão dos exterminadores: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso” (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, Editora Sociedade Torre de Vigia para Bíblias e Tratados). A versão desse grupo não cristão, conhecido por Testemunhas de Jeová, não é confiável, haja vista as muitas alterações produzidas na “sua” versão, para acomodar suas doutrinas (veja “Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová”).

Sobre o assunto, vejamos parte dos comentários de John Gills Expositor, em CD-Bíblia Online – Sociedade Bíblica do Brasil:

“Some would remove the stop, and place it after "today", and read the words thus, "I say unto thee today"; as if Christ only signified the time when he said this, and not when the thief should be with him in paradise; which, besides it being senseless, and impertinent, and only contrived to serve an hypothesis, is not agreeably to Christ's usual way of speaking, and contrary to all copies and versions. This instance of grace stands on record, not to cherish sloth, indolence, security and presumption, but to encourage faith and hope in sensible sinners, in their last moments, and prevent despair”.

Tradução:

"Alguns removem a pontuação, e colocam-na após o "hoje", e lêem as palavras assim: “Eu digo hoje", como se Cristo estivesse declarando somente o tempo em que ele fez a promessa, e não o tempo em que o ladrão subiria com ele para o paraíso. Além de essa interpretação ser descabida e sem sentido algum, e inventada somente para servir a uma hipótese, não é conforme a maneira usual do discurso de Cristo, e contrária a todas as cópias e versões. Este exemplo da graça divina está registrada não para estimular a indolência, segurança e presunção, mas para incentivar a fé e a esperança em pecadores sensibilizados, em seus últimos momentos, e para impedir o desespero".

Conheçamos o que diz o Dicionário VINE: “Hoje (do grego Semeron): Em Lucas 23.43, “hoje” deve ser ligado à declaração: “estarás comigo no Paraíso”; não há razão gramatical para a insistência de que a ligação deva ser com a declaração: “Em verdade te digo”, nem tal idéia é feita necessária por exemplos da Septuaginta ou do Novo Testamento; a ligação dada é a correta”.

Parte XXXX

MAÇONARIA

 I - Introdução

A Maçonaria sempre fez grande alarde para engrossar suas fileiras. A fim de alcançar seu objetivo com mais facilidade, usa de palavras grandiosas, esconde sua verdadeira fisionomia e mostra ao público tão somente um rosto mascarado. Toma aparências de sociedade literária, científica, filantrópica etc.

Os maçons que estão dentro das igrejas não querem admitir que ele seja condenável pela Bíblia e por isso julgam poder ser maçom sem nenhum pecado. Para lhes mostrar e demonstrar o seu erro há dois caminhos:

A Bíblia;

A Maçonaria em si mesma.

Durante muitos anos não tínhamos praticamente nada escrito denunciando os erros da Maçonaria, hoje graças a Deus temos 5 livros sério escritos por pesquisadores equilibrados e conceituados nos meios tradicionais (reduto dos maçons na Igreja) que denunciam abertamente as aberrações desta organização.

II - História da Maçonaria

Maçom ou franco maçom: pedreiro.

Início em 24 de junho de 1717, em Londres, Inglaterra.

Fundadores: dois pastores - James Anderson (anglicano) e Jean Theophile Desaguiliers (huguenote).

III - Sociedade de beneficência ou sociedade religiosa?

Alegação de ser sociedade secreta não religião: templos, ritos, orações, castigos/recompensas.

Ocultismo na maçonaria: cabala, numerologia, astrologia, mitologia (Dt 4:19; 18:9-12).

Religião ecumênica: aceita pessoas de todas as crenças (Gn 4:3-7; Am 3:3).

IV - Ensinos religiosos

O uso da Bíblia

As três grandes luzes; a da Bíblia, a do esquadro e a do compasso.

A Bíblia como símbolo da vontade de Deus e objeto de decoração da loja.

A Bíblia ao lado de livros pagãos: Alcorão, Vedas, Tripitaka, Livro de Mórmon (2 Tm 3:16; I Ts 2:13).

O uso da Cabala na interpretação da Bíblia.

Cabala: interpretação oculta que os rabinos davam à Bíblia (2 Co 11:3; Pv 30:5-6).

2. O G.A.D.U. - quem é ele?

G.A.D.U. designa qualquer deus (Tg 2:19)

O exemplo eclético de Salomão (I Re 11:5-7)

O nome secreto no Rito Real Arco de Iorque (Jahbulom)

Jah: Jeová

Bul: Baal Peor

Om: o deus sol dos egípcios ou Osíris

2.1. Refutação: Is 42:8; Sl 115:3,4,.

3. Jesus Cristo

Um fundador de religião igual a Krishna, Maomé, Pitágoras, etc.

Pregou a mensagem da verdade única: todos somos filhos de Deus e Deus é o Pai de todos

Seu nome é eliminado nas orações e leituras das Escrituras na loja (Ex.: I Pe 2:5; II Ts 3:6; 3:12)

É proibida toda discussão sobre ele nas atividades da loja.

3.1. Refutação:

Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem (Jo 1:1;14; Is. 7:14; Mt 1:21-23)

O próprio Jesus ensinou que devemos orar em seu nome (Jo 14:13,14)

A maçonaria se envergonha do nome de Jesus. Este nos mandou pregar o Evangelho e todas as pessoas e disse que se alguém se envergonhar dele, ele também se envergonhará de tal pessoa (Mt 28:19; Mc 16:15; Mt 10:32,33)

4. A Ceia Mística

Realizada na quinta-feira da semana santa

Participantes: os "irmãos" de 18º a 33º grau

Forma da sua realização:

Palavras proferidas : "Comei e dai de comer aos que tem fome" e "bebei e dai de beber aos que tem sede".

4.1. Refutação: Mt 26:26-28; I Co 11:23-26.

5.Salvação pelas obras

Objetivo da maçonaria: "Cavar masmorras ao vício e levantar templos à virtude".

O profano e a cerimônia de iniciação.

O uso do avental e seus significados (pureza de vida e conduta, de coração e consciência).

5.1. Refutação: Ef 2:8-9; Rm 3:23-24; 11:6; Gl 5:4; cf. Rm 10:1-3.

6. O patrono

São João Batista e o Evangelista, João Marcos e João da Escócia.

V. Conclusão:

Não é possível ser cristão e maçom ao mesmo tempo. Existem pelo menos três razões pelas quais o cristão não deve tornar-se maçom, ou, em sendo, renunciar à maçonaria:

1. Mordomia do tempo.

2. Mau exemplo (causar escândalo aos irmãos).

3. Os ensinos antibíblicos da maçonaria.

VI. Apêndice

1. O juramento

"Eu, _______________________, juro e prometo, de minha livre vontade, pela minha honra e pela minha fé (...) nunca revelar qualquer dos mistérios da Maçonaria... Se violar este juramento, seja-me arrancada a língua, o pescoço cortado... sendo declarado sacrilégio para com Deus (...) " (ênfase acrescentada)

1.1. Objeções a esse juramento

O juramento é proibido por Jesus (Mt 5:30; confira Tg 5:12)

Nosso corpo pertence a Deus e não pode ser entregue a uma sociedade secreta de caráter mundano (I Co 6:19-20)

Esse juramento estabelece uma sociedade/fraternidade indissolúvel de crentes com fiéis (II Co 6:14-17)

Até mesmo no Antigo Testamento já se proibia a promessa de guardar segredos que ainda se ignora (Lv 5:4)

2. Blasfêmia:

Os maçons apropriam-se em seus rituais de títulos e ofícios que pertencem exclusivamente a Deus: Eu sou o que sou, Emanuel, Jeová e Adonai.

Trata-se, evidentemente, de blasfêmia, que a Palavra de Deus condena (Êx 20:7)

3. Os Landmarks

São considerados como as antigas leis que regem a Maçonaria universal, três deles são fundamentais:

1. A paternidade universal de Deus.

2. A fraternidade universal dos homens.

3. A crença na imortalidade da alma.

3.1. Refutação:

A Bíblia ensina que Deus criou todas as criaturas (Gn 1:26;27), porém afirma que o privilégio de ser seu filho é reservado apenas que aceitam a Jesus Cristo como Salvador (Jo 1:12; Gl 4:4-6; Rm 8:14-16)

4. A Maçonaria e a Igreja

No princípio da obra evangélica no Brasil, a maçonaria apoiou mediante sua força política econômica, a implantação de alguns grupos protestantes, como os batistas e os presbiterianos no país. Esse apoio ajudou os pioneiros protestantes a conquistarem um espaço numa cultura predominantemente romanista. Significa isto, entretanto, que o apoio da maçonaria teria sido indispensável ao sucesso das igrejas protestantes, ou poderia Deus ter usado outros meios como seus instrumentos? A Bíblia está repleta de exemplos de como Deus utilizou pessoas incrédulas para o cumprimento de seus propósitos em relação ao seu povo. (Is 45:1-4; Jr 25:9; 27:6-8).

Parte XXXXI

“MINHA IGREJA É PIOR DO QUE TERREIRO DE MACUMBA"

 O relato a seguir é continuação do artigo "O Boi do Sacrifício e o Sacrifício da Oferta". Trata-se de testemunho verdadeiro de quem esteve lá, viu e ouviu. A testemunha não autorizou a divulgação do seu nome nem do nome da igreja, da qual já se desligou.

"Pastor, eu fiquei realmente estarrecida!! Passei ontem o dia todo lendo o material que o senhor me mandou. Os cultos da Igreja ... é igualzinho ao que aquele ex-pastor relatou. Chego á conclusão que aquele lugar nunca pertenceu a Deus”.

Os filhos de Deus que não ofertam são amaldiçoados

”Na última terça-feira dia 18/01/05, fui à reunião do descarrego, e o pastor no meio da reunião começou a falar sobre a famosa "Fogueira Santa de Gideão". Ele disse que as pessoas que eram fiéis a Deus, subiram no altar com muita Fé no dia 16/01/05 no Domingo, para entregar o "Segundo Boi". Ele contou que a Fé era tão grande, teve pessoas que chegou a vender propriedades para colocar o sacrifício (DINHEIRO) no altar, e também disse que as pessoas que não participaram da Fogueira Santa, estavam todas amarradas pelo diabo, mas que ele já estava orando e jejuando por estas pessoas, (risos) (Desculpa, Pastor, tenho que rir pra não chorar) e disse que esta semana será a "Semana da Perseguição", disse que as pessoas que não tinham feito o sacrifício poderiam fazer no próximo Domingo dia 23/01/05. E disse que iria ungir todo mundo com o óleo santo de Israel que ele tinha conseguido, e também disse que daqui a seis meses terá outra Fogueira Santa em nome do Senhor Jesus Cristo, e que ninguém vai ficar de fora, porque o "Diabo tá amarrado".

Depois ele disse. ("Eu Creio, diga graças a Deus bem forte pra Jesus"), e logo em seguida disse ("Tá Ligado pessoal?") As pessoas bateram palmas e ele disse Amém”.

- Reunião sem pregação da Palavra e sem misericórdia - Só dinheiro

“Depois disso ele cantou uma música, fez uma brincadeirinha para descontrair, e logo em seguida perguntou para todos lá reunidos se alguém sabia quem era o Dono do Ouro e da Prata, e todos responderam que era Deus. Ele concordou e disse: - “Mas de prata já estamos cansados, queremos o Ouro”. E mandou os obreiros pegar uns saquinhos amarelos e entregar às pessoas. Explicou que era pra pegarmos todas as moedas que tivéssemos em casa, e rapar tudo(moedas de troco, gavetas, etc..), colocar dentro do saquinho e levar depois pra Igreja; disse que Deus nos abençoaria com o Ouro; então fez todo aquele "Ritual que parece Teatro", cantou mais uma música, aí veio a oferta. Disse para as pessoas ofertar com que podia, com R$100,00, R$50,00, R$10,00, R$5,00 ou R$1,00, depois fez uma oração e se despediu de todos e encerrou a reunião”.

”Pastor, agora quanto à Fogueira Santa, eu achei que era apenas uma por ano, mas pelo o que eu entendi, esta fogueira acontece duas ou três vezes ao ano”.

- Cegueira espiritual, e fanatismo alimentado anos a fio pela pregação de uma caricatura de evangelho

“Para mim foi uma decepção muito grande. Eu estava com o meu coração totalmente aberto e puro, e eles pisaram na bola, mas ainda bem que eu enxerguei isso a tempo. Mas o que me dá dó mesmo, são aquelas pessoas humildes sem nenhuma cultura e sem informação. E o pior é que se eu tentar abrir os olhos delas, elas irão dizer que eu estou com o diabo no corpo”.

- Paradoxo: há filhos da teologia da prosperidade que estão em situação miserável porque todo o dinheiro que sobra vai para a Igreja

”Pastor, eu tenho uma conhecida que perdeu o filho dias atrás assassinado, e ela participa das reuniões da Igreja, há anos. Ela é pobre, trabalha de dia pra defender a janta da noite; o filho dela morreu no dia 28/12/04, e eu fui no velório dele; o coitado não teve nem um enterro digno, ela disse que o único dinheiro que ela tinha, era o da "Fogueira Santa" e que não iria tocar no dinheiro de jeito nenhum. E o pior o Senhor não sabe, ela ligou para o pastor no dia do velório para ele ir orar por todos os que estavam ali presentes, e ele foi. Agora vem a pergunta: será que ele não pensou nem um pouquinho na situação que se encontrava aquela mulher? Será que ele se lembrou dela no Domingo passado quando ela subiu com o envelope no altar para entregar o sacrifício?”

”Olha Pr Airton, é muita falta de Jesus no coração; não é julgar. Todos nós somos pecadores, mas estes pastores e esta Igreja passaram dos limites; é muita maldade. Essa Igreja está pior do que qualquer terreiro de Macumba; eles usam o nome de Deus, e são os próprios demônios. E que Deus me perdoe se eu estiver sendo injusta".

Parte XXXXII

NOVA ERA: O VELHO CANTO DA SEREIA

Homero descreve em seu poema épico "Odisséia" o perigo que Ulisses enfrentou ao navegar no Mar Egeu, no seu regresso a Ítaca, sua pátria, depois da batalha de Tróia. Ninguém podia escapar com vida após ouvir o mavioso canto das sereias. Elas exerciam um poder irresistível sobre seus ouvintes, que, inebriados, se atiravam nas águas e nunca mais voltavam. Ulisses, herói da mitologia grega e símbolo da capacidade humana de superar adversidades, resolveu conhecer esse canto, sem contudo colocar em risco sua vida. Era homem conhecido por sua valentia, prudência e esperteza. O ardil do cavalo de madeira garantiu-lhe a vitória em Tróia. Estava disposto ao confronto. Então ordenou aos seus marujos que o amarrassem ao mastro do seu navio para que pudesse ouvir o canto mortal. Os marujos taparam os ouvidos com cera. Assim, o marido de Penélope e seus companheiros atravessaram sem perigo aquele pedaço de mar, ouvindo o maldito canto.

O canto do engano começou no jardim do Éden, quando a serpente disse a Eva que nenhum mal aconteceria se ela comesse do fruto proibido. Ao contrário, ela seria igual a Deus, e conheceria o bem e o mal. O canto da maldade instalou-se no coração do primeiro casal. Confiando nas palavras do Diabo, provou do fruto proibido, desobedecendo a Deus. Em conseqüência, "por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Romanos 5.12).

Os fiéis seguidores de Cristo não precisamos imitar o navegador mitológico. Não precisamos ficar amarrados, tensos e indefesos. Contra as astutas ciladas do Diabo, contra suas setas inflamadas dispomos da justiça, do evangelho, da oração, da obediência ao Senhor, da fé, do domínio sobre o pecado, de toda a armadura de Deus.

Ecoa no mundo inteiro um canto de sereia que se chama Movimento Nova Era, que está tragando muitas almas, levando-as às trevas. Muitos ainda, no porvir, apostatarão da fé, por darem ouvidos a esse canto aparentemente inofensivo e bom, que indica caminhos muito fáceis, largos, onde não há pecado, não há Juízo Final, não há mandamentos divinos. Onde todos são deuses.

O canto da Nova Era é enganador porque diz que o homem é Deus. Basta praticar exercícios de meditação para melhor assimilar o mundo ao seu redor e ter a consciência cósmica do seu "Eu Superior". Os fiéis seguidores de Cristo não se deixam enganar por tais falácias e artimanhas satânicas. Fomos selados com o Espírito de Deus, temos Sua Palavra em nossos corações e não seremos influenciados por acenos vindos das trevas. Nossos ouvidos estão atentos à Palavra de Deus, à Palavra da Verdade. Por ela somos orientados, guiados, exortados, disciplinados e convencidos de nossos erros. Por ela tomamos conhecimento da vontade de nosso Criador. É a Palavra que está na Bíblia Sagrada. Para nós só existe um canto, o canto do Senhor nosso Deus.

Não somos guiados ou influenciados por outras vozes: "Mas de modo nenhum as ovelhas seguirão o estranho; antes fugirão dele, porque não reconhece a voz do estranho" (João 10.5). Conhecemos a voz do nosso Pastor e as suas diretrizes.

O apóstolo Paulo nos adverte: "Estou zeloso de vós, com zelo de Deus. Tenho-vos preparado para vos apresentar como uma virgem pura ao marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva, com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade que há em Cristo" (2 Coríntios 11.2-4). É uma advertência à igreja em nossos dias, para que estejamos atentos

e preparados para o combate sem trégua contra os laços do inimigo, que vem através desses ensinos malévolas.

O povo de Deus não baixa a guarda diante de heresias que oferecem o céu aqui na terra e um mundo sem pecado e sem qualquer forma de castigo eterno. Em Deuteronômio 11.26 está escrito "Vede, hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição. As bênçãos, se ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando. A maldição, se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes". Esses "outros deuses" são hoje representados pelas diversas seitas que se apresentam como guardiãs da verdade absoluta. Em Efésio 4, verso 14, diz o apóstolo: "Não sejais meninos inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia induzem ao erro". E conclui em Gálatas, cap. 1, verso 8: "Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu, vos anuncie outro evangelho, além do que já vos anunciamos, seja amaldiçoado".

Sobre tudo aquilo que lhe for ensinado pergunte onde está escrito na Bíblia, que é a nossa regra de fé e prática. Compare o ensino recebido com a Palavra de Deus. Confronte, analise, medite. Não coma pelas mãos dos outros. Compare com a Palavra o que diz o pastor, o papa, o espírita, seja lá quem for. Ainda que seja um anjo com uma espada de fogo que lhe apareça em visão ou sonho, examine se o que ele diz está conforme a Bíblia. Ainda que seja a profecia de um profeta, afirmando que vem em nome do Senhor, compare a palavra desse profeta com a profecia maior que é a Palavra de Deus.

O canto da sereia Nova Era, dentre outras heresias, ensina o seguinte:

Transformação Pessoal - Dar-se-á mediante uma experiência pessoal e mística. O Movimento ensina os meios para obter resultados "positivos". O adepto precisa assimilar a filosofia da Nova Era e aplicar com zelo suas diretrizes. Essa prática inclui o uso dos símbolos e apetrechos (incensos, músicas, pirâmides, mantras, cristais) e constante leitura da farta literatura produzida por seus bruxos. Os livros de "auto-ajuda", que garantem grande lucratividade aos escritores e livrarias, são um perigo constante. Através deles os leitores aprendem que podem desligar-se completamente de Deus. Esta é verdadeiramente a palavra do Diabo, a mesma que enganou Eva no Éden. Sabemos que a verdadeira transformação se dá pelo "novo nascimento", tal como ensinou Jesus a Nicodemos. Um nascer de novo que implica crer em Jesus Cristo e reconhecê-LO como o Filho de Deus, Senhor e Salvador pessoal.

Ufologia - Os extraterrestres, dizem, são seres mais evoluídos. Os que não se submeterem ao padrão da filosofia Nova Era serão retirados da terra por um gigantesco disco voador. O MNE já está colocando na mente dos incautos a informação de que futuramente muitos serão arrebatados. Em verdade, os fiéis seguidores de Cristo serão de fato arrebatados. A Igreja será realmente arrebatada quando Jesus voltar para derramar seus juízos sobre a terra, tal como explicado em 1 Tessalonicenses 4.16-17. O Diabo está preparando seus seguidores para a aceitação dessa realidade. Naquele dia, ele dirá que se cumpriu como previsto, ou seja, um disco voador levou aqueles que não deram ouvidos ao canto da sereia. É por isso que a humanidade tem sido bombardeada com filmes sobre extraterrestres bonzinhos, humanos, inteligentes, simpáticos.

Ecologia e Panteísmo - A intenção por trás dos movimentos da Nova Era de defesa da Natureza, defesa do Planeta, do equilíbrio ecológico, é de adoração não ao Deus bíblico do cristianismo, mas ao deus-natureza. Na sua tese panteísta, o animal é Deus, o homem é Deus, o excremento do cachorro é Deus. Daí o cuidado com a Mãe-Terra ser uma espécie de adoração. Sabemos que o Criador é parte distinta da Sua criação, logo Ele não é o que criou. Por Sua onipresença, Deus está na sua criação, mas não se confunde com ela.

O Movimento Nova Era é o mais avançado e inteligente plano do Diabo para levar almas com ele para o inferno. São múltiplos e variados os meios que usa para propagar seus malditos ensinos. Além dos meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jornais, revistas, rede de computadores, filmes), usa também a pintura, as esculturas, obras de arte, música e até perfumes especiais. São muitos os apetrechos e símbolos que identificam seus usuários com o domínio das trevas, através dos quais declaram sua opção pela rebeldia a Deus e seu apego ao deus deste século.

O Diabo não quer ir sozinho para o inferno, já preparado para ele e seus anjos. Vejam o que diz a Palavra: "Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar" (1 Pedro 5.8). A Bíblia ensina como não ser envolvido nos seus laços: "Submetam-se a Deus, resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês" (Tiago 4.7). Muitos não estão querendo se submeter a ninguém, nem levar em conta essa séria advertência. Querem ser donos de suas vidas. Desejam o caminho largo da não sujeição a qualquer mandamento divino. Certa vez ouvi um entrevistado na televisão dizer com a maior tranqüilidade do mundo: "Eu sou deus". Certamente estava com toda a literatura do MNE na mente, coração e alma. Lembram-se do que o Diabo disse a Eva? Se desobedecer, você "será igual a Deus, conhecendo o bem e o mal" (Gênesis 3.6).

O Diabo jogou todas as fichas nesse bem arquitetado plano e tem conseguido envolver muita gente. Tal como um camaleão, o plano muda seu aspecto de acordo com o grau de conhecimento e posição social dos interessados. Tem uma palavra científica para os cientistas; uma palavra de vida extraterrestre para os ufólogos; uma palavra de apoio à reencarnação para os espíritas; uma palavra fantasiosa para as crianças; uma erudita para os intelectuais. Como disse, todos os meios de comunicação são usados; todas as áreas do pensamento humano são alcançadas; todas as camadas sociais, crianças, jovens, homens e mulheres; políticos, empresários, artistas. Os que trabalham em televisão são os mais visados e requisitados pela capacidade e possibilidade de influenciar a massa.

Todavia, esse canto de sereia enganoso e diabólico não exerce qualquer influência nos filhos de Deus, selados com o Espírito Santo e lavados no sangue do Cordeiro. "De modo nenhum minhas ovelhas seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não reconhecem a voz dos estranhos. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Eu conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (João 10.5,10,11,14; 18.37).

Parte XXXXIII

NOVA ERA - III

Histórico - Embora esse sistema diabólico tenha sido iniciado na primeira sessão espírita do planeta, quando o diabo, através da serpente, levou Adão e Eva ao pecado da desobediência, entende-se que o Movimento Nova Era (MNE) teve início em 1875 com a fundação da Sociedade Teosófica, em Nova York. A sua fundadora, a russa Helena Petrovna Blavatsky, ensinava que todas as religiões têm "verdades comuns", e que existem seres espirituais ou homens que evoluíram acima dos demais, e por isso chamados de "mestres" ou "iluminados". Alice Bailey (1880-1949), terceira presidenta da Sociedade, na qualidade de médium espírita,transmitia mensagens psicografadas de uma entidade chamada Djawal Khul. Essas mensagens, publicadas em vários livros, constituem o plano diabólico do Movimento, e até hoje são observadas por seus fiéis seguidores. Entretanto, a ideologia do MNE foi divulgada com maior repercussão a partir do livro "The Aquarian Conspiracy" ("A Conspiração Aquariana"), de Marilyn Ferguson, editado em 1980. Esse livro divulga o Plano Nova Era para a "Nova Ordem Mundial". Por ordem secreta, esse plano só deveria vir a público a partir de 1975.

O que é o Movimento Nova Era - A dificuldade de definir o MNE resulta da falta de fronteiras definidas e de sua constante mutação. Na verdade, esse movimento "é um moderno reavivamento de antigas tradições religiosas, juntamente com uma miscelânea de influências, tais como o misticismo oriental, a filosofia e a psicologia modernas, a ciência e a ficção científica, etc." O MNE é portanto uma mistura de várias práticas e crenças ocultistas, dentre elas a ufologia, a clarividência, astrologia, hipnose, reencarnação, meditação, ioga, técnicas de relaxamento, panteísmo e cura psíquica. Sobre isso, George A. Mather, disse que "a maneira mais útil de definir o Movimento Nova Era e talvez também a mais precisa, é vê-lo como uma "rede" de organizações, ou, usando a frase de dois membros da Nova Era, uma meta-rede de organizações autônomas, embora unidas, compostas por participantes auto-suficientes e autônomos". Ou seja, muitas pessoas e organizações independentes em todo o mundo, sem estarem sujeitas a qualquer hierarquia, apóiam e difundem as crenças básicas do Movimento. O pensamento dominante dos adeptos desse Movimento é que: 1) A Nova Era é o começo de um redespertamento espiritual para muitos habitantes da Terra; 2) A Nova Era apresenta a consciência global e não hierárquica a respeito de nossos corpos e de quem somos; 3) A Nova Era é a aproximação de Uma era que destaca o autodescobrimento,o conhecimento espiritual e a iluminação. Notem a expressão "consciência global não hierárquica". Ou seja, ensinam que não há um Criador a quem devemos obedecer.

A doutrina da Nova Era e a Palavra de Deus

Bruxos e Magos - São reconhecidos como pessoas que atingiram um nível elevado no plano místico.

Refutação: A Bíblia diz "...quanto aos feiticeiros a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte" (Ap 21.8), e que devemos evitar os bruxos (Dt 18.10-12). Filmes, livros, revistas e novelas da TV têm popularizado de tal forma a figura do bruxo, que muitas crianças desejam ser uma bruxinha. Os livros da coleção Harry Potter e o respectivo filme atraem milhões de crianças. A coleção ensina como fazer bruxaria. Ser um bruxo é a onda do momento. O diabo está atraindo nossas crianças através desses expedientes, e muitos pais, por desconhecerem o real perigo, satisfazem a curiosidade de seus filhos.

Deus- É um princípio supremo que se identifica com o Universo. Deus é tudo e tudo é Deus (panteísmo). Deus não é um Ser distinto do homem, nem do Universo. Deus é a Criação e a Criação é Deus. O MNE rejeita a idéia de Deus como um Ser com atributos pessoais, e diz que cada partícula do Universo é Deus. O MNE ensina que Deus é uma Força, tal como acontece nos filmes "Guerra nas Estrelas". O Deus da Nova Era é impessoal, incapaz de pensar, de amar e ter misericórdia. Os novaerinos buscam a Deus dentro do próprio ser e no Universo.

Refutação: A Bíblia diz que Deus é um Ser pessoal, distinto da Criação, o Único Criador e Redentor (Gn 1.1-31; Is 44.24; Lc 1.46-47). O Deus do Cristianismo é transcendente e imanente, na medida em que se relaciona em caráter pessoal com cada um de nós (Jo 3.16).

Final dos tempos - O MNE ensina que com a chegada da Era de Aquário todas as calamidades do planeta terão fim. Nessa época surgirá o "Cristo" da Nova Era para iniciar uma nova ordem mundial, uma era de paz e prosperidade.

Refutação: A Bíblia diz que Jesus é Senhor de todas as eras, porque Ele "é o mesmo ontem, hoje, e eternamente" (Hb 13.8); diz que ninguém sabe quando se dará o final do mundo (Mt 24.36); que este mundo passará por uma Grande Tribulação (Mt 24.21); que paz verdadeira somente ocorrerá no reinado milenar de Cristo (Ap 20.4); que a nossa paz e a nossa salvação estão em Cristo Jesus (Rm 10.9; Jo 14.27).

Homem - O homem possui energia cósmica capaz de fazer milagres. Nele habita todo o bem e todo o mal do Universo. No MNE o homem é o centro (antropocentrismo). Cristo não é uma qualidade exclusiva de Jesus, mas um estado de consciência a dispor de qualquer um que queira evoluir. O homem carrega dentro de si tudo o que precisa para a eternidade, bastando desenvolver sua percepção cósmica pela meditação e outras práticas. Cada homem criará a sua própria realidade.

Refutação: A Bíblia diz que somos pecadores; que temos uma natureza corrupta; que precisamos nos reconciliar com Deus, mediante a fé no Senhor Jesus (Rm 5.12; 10.9; Ef 2.3). Exatamente o que disse a Eva, no Éden, o diabo continua dizendo através do seu plano Nova Era: você é igual a Deus. Mas sabemos que o homem é criatura e que Deus é Criador. Sabemos que a nossa salvação depende de nossa fé e da graça de Deus (Ef 2.8).

Jesus - Jesus era uma figura histórica, e o Cristo é uma energia divina, que está em todos nós. Enquanto no espiritismo Jesus foi a Segunda Revelação de Deus, substituída pela Terceira e última, o próprio espiritismo, no MNE Ele "foi o Mestre que implantou as bases da Nova Era". Jesus teria sido um mestre cósmico, o avatar da Era de Peixes. O Jesus da Nova Era é um dos muitos mestres iluminados, que receberam a natureza cristica. Jesus teria sido igual aos demais salvadores, como por exemplo o quinto Buda dos budistas; o Iman Mahdi dos muçulmanos; Krishna dos hindus. Portanto, dizem que o Cristo que voltará será o próximo salvador da Nova Era, o Lord Maitreya ("Senhor" Maitreya), segundo Benjamim Creme.

Refutação: A Bíblia diz que Jesus é Deus e possui os atributos de onipotência, onisciência, onipresença, imutabilidade e eternidade (Mt 1.23; 28,18; Jd 25; Ap 22.13). Vejam: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1.1,2,14). Jesus é o Senhor de todas as eras (Hb 13.8). Conforme a Bíblia, Jesus é o único Rei e Soberano, o Deus Todo-poderoso, nosso Salvador (Fp 2.9-11; Ap 1.8).

Lúcifer- Os adeptos do MNE evitam o termo satanás. Tratam-no pelo nome original, quando esse anjo servia a Deus. Segundo eles, Satanás é o estado normal do homem que ainda não descobriu o seu potencial divino. Lúcifer não é apresentado como um anjo caído, expulso da presença de Deus. Apresentam-no como um ser cósmico bom, superior a todos na hierarquia espiritual, que deseja ajudar a humanidade. "O Cristianismo cometeu um grande erro em atribuir caráter maligno a Lúcifer", disse um novaerino. Pelo nome da principal entidade que dá apoio ao MNE, a Lucis Trust (Confiança em Lúcifer), criada em 1922, podemos deduzir que o diabo é o dirigente número um desse Movimento.

Refutação: Satanás e seus anjos estão condenados ao inferno, lugar já preparado para eles (Mt 25.41). Se Satanás fosse uma pessoa boa, Jesus não o teria repreendido e expulsado de Sua presença, como está escrito em Mateus 4.10. Jesus afirmou que o diabo "só vem para matar, roubar e destruir" (Jo 10.10).

Pecado - O pecado é a "ignorância do individuo quanto ao seu próprio potencial". Na qualidade de Deus, o homem pode fazer o que quiser.

Refutação: A Bíblia diz que o salário do pecado é a morte, e que pela desobediência de Adão entrou o pecado no mundo (Gn 3.19; Rm 5.19, 6.23). Pecado é desobediência, rebelião contra Deus e contra a Sua Palavra. O único modo de termos domínio sobre nossa natureza pecaminosa é pelo arrependimento (At 2.38) e fé no Senhor Jesus (At 16.31; Rm 10.9,17; Jo 3.18).

Reencarnação - Significa o retorno do espírito humano à vida corpórea na Terra, com a finalidade de evoluir e aperfeiçoar-se. Todos alcançarão a purificação através de muitas mortes e renascimentos, conforme também ensinam o budismo, hinduísmo e espiritismo. A salvação na Nova Era não está em Jesus Cristo, mas na própria iluminação espiritual humana.

Refutação: Essa doutrina anula a graça de Deus e o ato expiatório de Jesus na cruz. A Bíblia diz que o sangue de Jesus nos lava e purifica de todo pecado (1 Jo 1.7) e que os homens só morrem uma vez, vindo depois o juízo (Hb 9.27). Não há várias mortes e vários nascimentos como querem os novaerinos e kardecistas. Além de Hebreus 9.27, que é um xeque-mate na reencarnação, temos a palavra de Jesus ao ladrão na cruz: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43). Pela doutrina da reencarnação aquele ladrão iria sofrer inúmeras reencarnações até se tornar um espírito puro, mas pelo arrependimento, graça e fé ele foi justificado.

Religião universal - Todos os caminhos são corretos e levam à Verdade, como muitos caminhos que levam ao cume da montanha. Com base nesse errôneo princípio, o MNE acolhe na sua malha todo tipo de heresia e práticas ocultistas.

Refutação: Jesus disse que Ele é a única Verdade e o único Caminho (João 14.6). A Bíblia diz que o caminho que ao homem parece perfeito, "conduz à morte" (Pv 14.12).

Transformação pessoal - O homem precisa mudar seu modo de pensar a fim de obter uma consciência cósmica ou cosmovisão.

Refutação: A Bíblia fala de uma regeneração pela aceitação de Jesus como Senhor e Salvador pessoal (2 Co 5.17; 1 Pe 1.23). É necessário nascer de novo, nascer da água e do Espírito (Jo 3.3,5). A regeneração dá-se somente mediante uma experiência pessoal com o Senhor Jesus.

Ufologia/extraterrestres- Os extraterrestres, na visão do Movimento, são seres mais evoluídos. Os que não se submeterem ao padrão do MNE serão retirados da Terra por um enorme disco voador.

Refutação: A Bíblia diz que a Igreja será arrebatada na segunda vinda de Cristo, e com Ele se encontrará nos ares (1 Ts 4.16-17). Diz também que a morada final dos crentes é no céu, não é em outros planetas: "...vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também" (Jo 14.3). Até hoje os ufólogos não conseguiram provar a existência de Discos Voadores (OVNI's) nem de vida em outros planetas.

Visão planetária

- A Terra é a entidade mais importante, tem vida própria, é deusa e mãe ("mãe terra"). Tudo é Deus.

Refutação: A Bíblia rejeita a crença panteísta (Deus é tudo, tudo é Deus) e ensina que Deus é Criador e a Natureza é Criação dEle. Diz também que devemos adorar somente a Deus e só a Ele servir (Mt 4.10). Nosso amor a Deus deve estar acima de todas as coisas (Mt 22.37; Lc 14.26).

As eras da Nova Era - Entendem que a humanidade evoluiu dentro de "ciclos divinos", ou eras astrológicas, compreendendo cada um desses ciclos um período de 2.150 anos, como segue:

· Era de Touro: de 4.304 a 2.154 a.C.

· Era de Carneiro: de 2.154 a 4 a.C.

· Era de Peixes: de 4 a.C. a 2.146 d.C.

· Era de Aquário: de 2.146 a 4.296 d.C.

A Era de Touro diz respeito à vaca como deusa da fertilidade, na cultura egípcia. A Era de Carneiro relaciona-se, segundo os astrólogos, com Israel, devido aos rituais do sacrifício do cordeiro. A Era de Peixes estaria relacionada com o advento de Jesus Cristo, que chamou os apóstolos para serem pescadores de homens. O Cristianismo domina a Era Peixes. A palavra peixe, no grego, formava as iniciais de Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. Observem: Peixe = Ichthys - Iésous Christos Theou Hyos Soter. A Era de Aquário é regida pelo planeta Urano, sétimo do sistema solar, do qual dista 2,8 milhões de quilômetros. Urano é um deus da mitologia grega. Sob a influência desse deus, que se casou com Gea (ou Gaia), entendem os aquarianos que Urano é o céu e a Terra é Gea. Daí acreditarem que a humanidade experimentará uma nova ordem mundial de paz e prosperidade, uma expansão da consciência com ajuda da meditação e de outras práticas. Com a entrada da Era Aquariana, a era cristã terminaria.

Refutação - Jesus Cristo é o Senhor de todas as eras, Ele é o mesmo ontem, hoje, e eternamente (Hb 13.8).

Os meios de influência do MNE - São múltiplos. O MNE é o mais avançado plano de Satanás para levar almas com ele para o inferno. Jogou nesse sistema todas as suas fichas para envolver os meios de comunicação, as áreas do pensamento humano, envolver crianças, jovens, homens e mulheres de qualquer idade; políticos, empresários, intelectuais, artistas. O diabo continua repetindo o que ele disse a Eva no Éden: desobedeça sempre!Mas se obedeceres ao meu plano serás igual a DEUS!

Fantasia e bruxaria - Uma onda de fantasia invadiu o mundo nos últimos 15 anos, através de filmes, revistas, vídeos, jogos, livros, brinquedos, todos trazendo mensagens ocultistas, tais como o poder da mente, os "mestres" iluminados, cinturões mágicos, levitação de objetos, clarividência, comunicação com os espíritos, feitiços, mágicos, espadas e amuletos mágicos; viagens a outros mundos, etc. Uma enorme quantidade de produtos está no mercado esotérico influenciando as pessoas, tais como cartas de tarô, incensos, pirâmides, estatuetas, encantamentos, ervas medicinais, vitaminas esotéricas, cristais, etc.

Filmes - Como parte desse Plano, surgiram os filmes de ficção científica, tais como o "E.T." (a estória de um extraterrestre que esteve entre nós, confirmando a mensagem do espiritismo de que há vida em outros planetas), e "Star Wars" ("Guerra nas Estrelas"), de George Lucas, onde a "Força" é um campo de energia gerado por coisas vivas. "A Última Tentação de Cristo" (The Last Temptation of Christ), baseado no livro do escritor grego Nikos Kasantzákis, publicado em 1955, apresenta um Cristo fictício, atormentado por desejos carnais. A última investida vem através da coleção Harry Potter, e do respectivo filme, uma verdadeira escola de bruxaria. Após a leitura da coleção, as crianças e adolescentes sentem forte desejo de praticarem a bruxaria. A respeito de Harry Potter o escritor Jehiozadak A. Pereira escreveu: "Uma grande e crucial questão nos atinge: ou tomamos uma posição definitiva e partimos para alertar nossa gente numa ação rápida, ou seremos engolidos por tudo o que provém do mal. Devemos utilizar todos os recursos disponíveis para evitar que esta (e outras) literaturas cheguem aos nossos filhos e crianças. Lembro ainda da nossa responsabilidade de ensinar nossos filhos as verdadeiras histórias bíblicas e acerca da esperança redentora que nos move em direção ao céu - Provérbios 22:6".

Terapia musical - Milhões de adeptos ouvem as músicas em novo estilo da Nova Era, as quais, dizem, servem como tranqüilizante. São utilizados computadores e sintetizadores modernos que emitem sons (palavras ou notas) repetitivos - conhecidos como mantras - capazes de alterar o estado de consciência. Como acontece com as drogas, o ouvinte da música New Age fica dependente dela.

Organizações políticas - Algumas entidades de alto nível possuem alguma forma de ligação com o MNE, porque nelas estão defensores do Movimento: Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Educacional, Científica e Cultural da ONU (UNESCO), Fundações, Comissões de alto nível. Um exemplo disso é a conexão com a Fé Bahá''í uma organização que surgiu em 1844, no Irã, e está em todos os países. Prega a globalização do mundo em todos os setores e a formação de um governo mundial, tudo de acordo com a filosofia da Nova Era. "Desde 1948 a Comunidade Internacional Bahá'í é reconhecida oficialmente como uma organização não governamental internacional junto às Nações Unidas. Desde 1970 tem status consultivo no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) E no Fundo das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF). Mantém também relação de trabalho com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e está associada ao Programa Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP)". A literatura dessa organização - a Fé Bahá'í - está publicada em 700 idiomas.

Consultados:

Russell Chandler, Compreendendo a Nova Era, tradução Pr João Marques Bentes, Bompastor, 1993.

Marco André, Nova Era, Editora Betânia, 1992

John Ankerberg e John Weildon, Os Fatos Sobre o Movimento Nova Era, Chamada da Meia Noite, 1988

Parte XXXXIV

NOVA ERA II

Símbolos

 Os adeptos do Movimento Nova Era (MNE) utilizam uma parafernália de símbolos com forte apelo místico-esotérico, a maioria provinda de crenças orientais, pelos quais se identificam e são reconhecidos. Símbolo é "figura, emblema, imagem, sinal; representação abreviada de um elemento, pessoa ou país" (Dic.Teológico, de Claudionor C.de Andrade). Símbolo é "aquilo que tem valor evocativo, mágico ou místico" (Dic.Aurélio, 4). Símbolo é figura ou ação que representa uma realidade . Quando as pessoas aderem ao uso dos símbolos da Nova Era, automaticamente concedem permissão a Satanás para dirigir e comandar suas vidas, mesmo que o façam inocentemente, sem conhecerem as verdadeiras implicações espirituais que isso fatalmente irá trazer-lhes é o que afirma Milton S.Vieira, em Símbolos da Nova Era , 5a Edição. A verdade é que o uso desses símbolos é incompatível com a vida cristã. Veja alguns exemplos da simbologia da Nova Era:

O Sinal do Pink Floyd - Boneco espiando sobre um muro, representa Satanás olhando para as pessoas que ainda não se decidiram por ele. Relaciona-se à queda do muro de Berlim e ao conjunto de rock Pink Floyd formado na Inglaterra em 1966, que gravou músicas de conteúdo satânico: Corra como o Diabo; O Gnomo; Confortavelmente Anestesiado, e outras.

Cruz Suástica - Representado por uma cruz com as extremidades voltadas para trás. Emblema adotado pelo nazismo, figurou na bandeira da Alemanha na época de Hitler, na Segunda Guerra Mundial. Também conhecida como cruz gamada. Trata-se de um símbolo místico usado há mais de três mil anos.

Pé de Galinha - Cruz com os braços quebrados, representa a vitória de Satanás sobre a cruz de Cristo. Utilizado nos rituais de magia negra.

O Yin e o Yang - O negativo e o positivo. Equilíbrio das energias cósmicas; os dois extremos da vida: o bem e o mal. Representado por uma circunferência dividida por uma parte branca e outra preta. Sugere a possibilidade de harmonia entre o bem e o mal, entre as trevas e a luz. Em outras palavras, ensina que o diabo não é tão ruim como se fala. O símbolo representa as duas forças integrantes do Universo: yin, força negativa ou feminina; yang, força positiva ou masculina, segundo um princípio filosófico surgido na China há milhares de anos. A alternância entre o yin e o yang constitui a base da tradicional crença chinesa no processo cíclico de nascimento e dissolução e na interdependência entre o mundo da natureza e a vida do homem. Yin-yang são, na filosofia oriental, as duas forças complementares, ou os dois princípios, contrários que se harmonizam, que abrangem todos os aspectos e fenômenos da vida (Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.)

Anarquia - Marca registrada de Satanás: um círculo traspassado por três traços em diversas direções. O nome diz tudo. Representa a confusão, o caos, a desordem, a rebeldia.

A Mancha Louca - O mais divulgado símbolo do satanismo da Nova Era. Dizem que tem o objetivo de vulgarizar o sangue de Jesus. Iguala-se ao desenho irregular de um líquido ao cair sobre uma superfície plana. Conhecida também como mancha de sangue .

Mão Boba - Consiste na saudação usando os dedos polegar e mínimo abertos e os demais fechados. Significa frouxidão, relaxamento, estado de embriaguez, de prostração, de negligência.

Olho de Satã - Representado por um olho e uma lágrima. Usado em rituais de magia. A Maçonaria usa o símbolo do olho que tudo vê. A lágrima é o choro de Satã pelas almas que ainda não ganhou. Pode ter vários significados, dependendo de quem ou para quê é usado.

Estrela e Lua - Simboliza na Nova Era a capacidade do homem em transportar-se através do cosmos; fala de astrologia; de uma nova dimensão cósmica que o homem deve buscar; da interação entre o homem e o Universo.

Cruz de cabeça para baixo - Vulgariza a cruz de Cristo; usada por conjuntos de rock e metaleiros.

Chifre de mau-olhado - Simbologia usada por diversos povos, e até por famílias que se dizem cristãs. Tem o significado místico de afastar maus-olhados. É usado no pescoço, como pendentes em pulseiras, na sala principal das casas, etc. Representado por apenas um chifre.

Mão chifrada - Sinal secreto para invocação de demônios: os dedos mínimo e indicador para cima, e os demais fechados. Simbologia muito em voga. Tem sido usado como saudação. Esses símbolos são rapidamente assimilados pelos jovens.

Cabeça de bode - Desdém ao Cordeiro de Deus. O bode é usado em diversos rituais de ocultismo.

666, o número da besta - Mencionado em Apocalipse 13.18, é um dos principais símbolos do MNE. O nome diz tudo. Os homens ainda não tiveram sabedoria suficiente para desvendar o mistério que envolve o número 666, mas temos uma certeza: 666 é o número da besta.

Tridente - Espécie de garfo gigante com três pontas; representa a maneira como o diabo segura e fere fortemente suas vítimas; muito usado em rituais de magia negra. Simboliza uma aliança com o poder das trevas.

Hexagrama - Uma estrela formada por dois ângulos entrelaçados, também chamada Estrela de Davi ou Símbolo de Salomão, é símbolo usado como amuleto para dar sorte; representa o casamento perfeito entre masculino e feminino, compreensão entre sexos.

Fita entrelaçada - Interação entre o bem e o mal e do homem com as forças do cosmo; o homem unido a outras dimensões; a unificação de todos os setores na Era Aquariana.

Arco-íris - O mais usado símbolo da Nova Era. Biblicamente o arco é símbolo de uma aliança de Deus através de Noé. O MNE usa-o significando a ponte que liga a alma do homem às forças cósmicas e ao próprio Satanás; união entre terra e céu, entre os seres do Universo. O MNE está sempre tentando avacalhar os símbolos do cristianismo.

Fido Dido - Uma deturpação e vulgarização da imagem do homem como filho de Deus. Representado pela figura de um ser humano com os cabelos arrepiados, olhar de espanto, fisionomia de terror; um estado de loucura, de muito louco. Muito usado em camisetas. Vez por outra ouve-se gritos histéricos de jovens em determinados programas televisivos ou em outros eventos: tô possuído , tô possuído ; tô muito louco , ao mesmo tempo em que as pessoas balançam o corpo de forma desengonçada como se estivessem tresloucadas ou possuídas.

Outros símbolos - Fazem parte também da simbologia novaerana (a) Borboleta, significando a Nova Era que se liberta da era de Peixes; (b) Pirâmide, utilizada como captadora de energia cósmica; (c) Pomba com ramo no bico, simboliza a luta dos aquarianos pela paz; (d) Cruz da Âncora, Cruz Patriarcal, A Rosa-Cruz, Cruz de Caravaca, Cruz Ansata, Cruz de Ponta Cabeça, A Interrogação da Cruz, O Olho da Pirâmide, O dragão fugindo do inferno, etc., todos de conteúdo místico.

Parte XXXXV

NOVA ERA

Estados Alterados da Consciência

O cérebro constitui, junto com a medula espinhal, o sistema nervoso central, e contém aproximadamente dez bilhões de neurônios. O lado esquerdo do cérebro investiga, seleciona, raciocina, analisa e transforma nossos pensamentos em linguagem, tudo com base na lógica. O lado direito centraliza as emoções, a intuição e criação. Poderíamos dizer que o hemisfério esquerdo é ativo, masculino; enquanto o direito é passivo, feminino; o esquerdo pensa; o direito sente. Embora os estudos revelem que os hemisférios esquerdo e direito possuem funções particulares, não há consenso quanto à exata definição desses limites, porque o cérebro continua sendo um mistério a ser desvendado. Os doutrinadores da Nova Era deram um caráter místico à função do hemisfério direito; afirmam que nele está a chave para a consciência cósmica. Calando-se o pensamento investigativo, criam-se condições para uma interação com a energia do Universo. Assim, o homem precisa reaprender a pensar, garantem. A mente crítica, ou seja, o hemisfério esquerdo, que distingue e confronta, deveria ser periodicamente desligada para propiciar o desenvolvimento da mente intuitiva, não analítica, mais receptiva à concepção de novas idéias e crenças.

Para estabelecer essa conexão, o MNE apresenta uma série de técnicas de relaxamento originárias do ocultismo e religiões orientais. Essas técnicas conduzem ao estado Alfa , em que o pensamento contemplativo é conduzido apenas pela orientação do mestre . Nessa viagem fantasiosa, o iniciante torna-se um verme receptivo sem condições de defender-se das heresias, além de ficar à mercê das espíritos superiores . O adepto entra em transe, em alfa , e abre sua mente para a entrada de espíritos demoníacos. Os gurus do Movimento sabem que a Nova Ordem Mundial inicia-se na mente do homem, e que somente alterando seu modo racional de pensar será possível livrá-lo de suas crenças tradicionais. Um guru da NE disse: O homem deve transformar-se pela mudança de sua consciência para se encontrar com sua natureza divina. E para isso deverá usar várias técnicas orientais e ocultistas e aplicá-las à mente, corpo e espírito , como forma de conhecerem o eu superior . Todavia, Deus fez o homem com uma mente racional, para tomar decisões, para distinguir, investigar, analisar. O estado alfa é o canal por onde os demônios despejam suas teorias. É o estado da inércia, do entorpecimento. Por essa razão o MNE ensina o uso de drogas que conduzem ao transe; daí a recomendação da Ioga; daí as músicas da New Age, os incensos, as pinturas e outras formas e meios de entrar no clima de relaxamento total.

Todavia, a Deus recomenda o estado de vigília: Sede sóbrios, vigiai.O vosso adversário, o diabo, anda em derredor, rugindo como leão, buscando a quem possa tragar (1 Pe 5.8). A Bíblia recomenda que devemos meditar nos preceitos, nas maravilhas, nos decretos, nas palavras de Deus (Sl 119). A Bíblia diz que lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho (Sl 119.105). A Bíblia recomenda a renovação da nossa mente e entendimento para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). Deus adverte: Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo (1 Colossenses 2.8)

Nossa mente não deve ser corrompida e escravizada pelo diabo, mas deverá ser guardada em Cristo Jesus (Filipenses 4.7), porque Ele escreveu suas leis em nossa mente e em nosso coração (Hebreus 8.10). Se somos morada do Espírito, não precisamos conhecer nenhum Mestre Ascendido ; se Cristo vive em nós, não precisamos entrar em transe para receber mensagens de mestres do além; se temos a Palavra, não precisamos alterar nossa mente para ouvir os mantras da Nova Era. Temos o Senhor Jesus que é a Verdade, que nos salva, cura e liberta.

Os exercícios para despertar a consciência cósmica têm sido ensinados nos hospitais, empresas e universidades. Nem sempre os reais objetivos dos transes são esclarecidos aos neófitos. O diabo deseja que homens, mulheres e crianças sejam canalizadores (leia-se médiuns) através dos quais os demônios possam atuar livremente. Em todo o mundo, também no Brasil, há escolas destinadas ao ensino da mediunidade ou da canalização, promovido pelo espiritismo ou pela Nova Era. Que nossos filhos sejam advertidos para não aceitarem qualquer tipo de meditação esotérica nas escolas e universidades. Enquanto a Igreja estiver atuante na Terra, as atividades do diabo ficarão restritas (2 Ts 2.6), e ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja amaldiçoado (Gl 1.8).

Parte XXXXVI

O BOI DO SACRIFÍCIO E O SACRIFÍCIO DA OFERTA

Recebi a seguinte consulta de uma recém-convertida: “Pastor Airton, estou com uma dúvida muito grande. Gostaria de saber mais sobre a história de Gideão e os midianitas. Pelo que eu entendi é que o Anjo do Senhor apareceu a Gideão e pediu para que ele sacrificasse o segundo boi de seu pai e derrubasse o Altar de Baal. E assim ele fez; e com os 300 homens destruiu os midianitas. Mas gostaria de saber o seguinte: Por que a Igreja ...[ela pediu para não citar o nome da igreja em que congrega] em época de sacrifício de Gideão, pede para fazermos sacrifícios com dinheiro, propriedades, etc?

Exemplo: Se eu for participar da Fogueira...[nome de uma campanha anual dessa igreja], se eu tenho uma casa e um carro, a Igreja diz que meu segundo boi será o carro. Outro exemplo: Se eu tenho duas casas, a igreja diz que o segundo boi será a segunda casa, se eu tiver apenas uma casa, mas se tiver aquele dinheirinho poupado (ex: R$2.000,00) a igreja diz que esses dois mil reais são o segundo boi [e precisa dar à igreja]. Agora, a minha maior dúvida é: Que tipo de sacrifício Deus pediu pra Gideão? O sacrifício que a Igreja pede tem o mesmo sentido do sacrifício que Deus pediu para Gideão? A igreja diz que se participarmos com Fé e acreditarmos, Deus nos devolverá em dobro o que sacrificamos e estaremos protegido dos diabos e demônios. Me esclareça estas dúvidas; estou freqüentado a Igreja, há apenas a 1 mês, e me sinto perdida. Observo que se todo o início de cada ano, em época de Fogueira..., eu terei que dar o que de maior valor eu consegui naquele mesmo ano, em forma de sacrifício como foi pedido a Gideão, nunca conseguirei prosperidade financeira, pois tudo que ganharei no ano terei que por em sacrifício no ano seguinte. Gostaria por seu intermédio e seu profundo conhecimento, maiores esclarecimentos a respeito do assunto abordado’.

RESPOSTA

[Antes, desejo comentar o seguinte: vejam os leitores como estão caminhando alguns segmentos da Igreja Evangélica. Vejam que perversidade estão praticando contra pessoas ingênuas, de boa fé, novos convertidos, que fazem qualquer coisa para não desagradar a Deus. Que maldade estão fazendo com essa gente; não apenas com os novos, mas com os velhos; repassa-se a idéia de que a melhor aplicação financeira é na igreja, que dá uma rentabilidade de cem por cento; apanha-se qualquer passagem da Bíblia e faz-se uma vinculação fajuta ao sacrifício da oferta, sem a qual - dizem - o crente, o filho de Deus não será abençoado. O “ou dá tudo ou não tá com nada” e “se um não der, há dez que darão” são normas que vigoram há mais de vinte anos].

Você, com suas palavras, derrubou o raciocínio dos teólogos de sua igreja. Há uma incoerência, como você reconhece, no ensino que você relata. Dizem que as ovelhas recebem em dobro o que ofertam, mas que todos os anos as ovelhas devem ofertar o que de maior valor conseguiram. Quando terão a tão sonhada prosperidade material prometida? Toda a prosperidade vai para a igreja. Não se vai à igreja para TER prosperidade. Isso é materialismo mesquinho. Igreja é lugar de transformação de vidas. Aceita-se Jesus para SER nova criatura, receber o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e crescer, isso sim, na “na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18).

Quando as ovelhas param um pouquinho para raciocinar; quando elas não comem tudo pelas mãos dos outros, mas procuram refletir, descobrem que tudo não passa de uma estratégia sabiamente montada para arrecadar mais e mais.

Como os pastores são ovelhas diante do grande Pastor, e como tal devem, também, dizimar e ofertar com a mesma fidelidade com que exigem do rebanho, eles por sua vez devem estar sentindo na carne o que é dar quase tudo que ganhou no ano anterior. Mas será que eles também são dizimistas e ofertantes? Tenho minhas dúvidas.

Não é boa a hermenêutica que busca em fatos do Antigo Testamento motivos para aumentar a arrecadação das igrejas. O princípio dos sacrifícios de animais na antiga dispensação era o de que sem derramamento de sangue não há perdão de pecados. Esses sacrifícios apontavam para Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1.29). “Convinha-nos tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios... mas Cristo, tendo vindo como sumo sacerdote dos bens já realizados, por meio de um maior e mais perfeito tabernáculo...e não por meio de sangue de bodes e bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, havendo obtido uma eterna redenção. Se a aspersão do sangue de bodes e touros, e das cinzas de uma novilha santifica [santificava] os contaminados... quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo?” (Hb 7.26,27; 9.11,12,13,14).

Não é boa a doutrina que coloca sobre as ovelhas um jugo difícil de suportar, como bem você está admitindo. Jesus disse: “Meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.30). Em repreensão aos escribas e fariseus, Ele observou: “Atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem nos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los” (Mt 23.4). Você, cara leitora, já está sentindo o peso do fardo. [Se a leitora se diz perdida no começo de sua fé, quanto mais perdida ficará dentro de mais algum tempo]

O apóstolo Paulo, ao pedir ofertas, dizia: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade, pois Deus ama ao que dá com alegria” (2 Co 9.7). E mais: “Cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (1 Co 16.2). Esse é o tipo de ajuda que Deus quer. Que não seja por coação, mas por amor; que seja conforme a prosperidade de cada um; que seja com alegria, mas não por constrangimento.

Respondendo mais diretamente à sua indagação, digo que o “boi” oferecido em holocausto por Gideão não pode servir de modelo e razão para darmos à Igreja metade de nossos bens ou aquilo de maior valor que ganhamos. Fazer vinculação é perverter a sã doutrina. É descabida e condenável sob todos os aspectos a pressão sobre as ovelhas usando tais expedientes.

Quanto à segunda parte de sua consulta, digo que o crente, para ser abençoado, não necessita de participar dessa ou daquela campanha anual. Os sacrifícios anuais fizeram parte do Antigo Testamento, como dito acima. A nossa salvação está garantida pelo único e eficaz sacrifício de Cristo. Se precisarmos de sacrifícios anuais, estaremos voltando ao tempo do Antigo Testamento e já não somos salvos pela graça, mas pelas obras (Ef 2.8-9) Começamos a ser abençoados a partir do momento em que aceitamos Jesus como Senhor e Salvador e passamos à condição de filhos de Deus (Jo 1.12; Rm 10.9). Muito mais abominável é exigir de um membro o pagamento para participar de uma reunião anual, considerando-se que as ovelhas já contribuem mensalmente com seus dízimos e ofertas.

A exigência de sacrifícios anuais está em desacordo com a Palavra de Deus. A exigência de sacrifícios pecuniários acima de dez por cento está em desacordo com os princípios do dízimo, segundo os quais os crentes devem ficar com NOVENTA POR CENTO de seus ganhos. Os bens, adquiridos com esses noventa por cento, já estão portanto dizimados. Se qualquer um desses bens for ofertado, então a oferta será muito superior a dez por cento; será dízimo sobre dízimo. Dízimo significa ficar com noventa por cento. Essa é a vontade de Deus. Parece que este detalhe, no seu caso, não está sendo considerado.

Trazer os sacrifícios de animais do Antigo Testamento e aplicá-lo à realidade atual, vinculando-os ao sacrifício do dízimo e à necessidade de renovadas bênçãos é um fato inusitado e estranho ao Cristianismo. É um desvio doutrinário com cheiro de heresia. Se alguma igreja estiver com real dificuldade financeira, carente portanto de aporte de recursos, o caminho melhor será apresentar aos fiéis a demonstração de receita e despesa do mês. As ovelhas, conhecendo a situação, farão contribuições espontâneas de acordo com as posses de cada um.

Portanto, o boi do sacrifício nada tem a ver com o sacrifício do dízimo.

Parte XXXXVII

O DIABO E A REENCARNAÇÃO

Não são poucos os que acreditam que a alma humana pode salvar-se a si mesma mediante sucessivas reencarnações e prática de boas ações. Alan Kardec assim define: "A reencarnação é a volta da alma à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ela e que nada tem de comum com o antigo." O sanguinário Hitler, responsável pela morte de seis milhões de judeus, adoraria conseguir uma nova oportunidade. Ele poderia reencarnar, praticar as mesmas atrocidades, matar mais uns trinta milhoes de seres humanos, e, ainda assim, teria oportunidade de atingir "mundos ditosos", de ser um espírito adiantado, um bom espírito, um espírito puro, um santo. Só precisaria ter um pouco de paciência. Os kardecistas se defendem: "Deus seria injusto se não desse mais uma oportunidade aos seus filhos."

A crença no retorno da alma à vida corpórea, para expiação purificadora, vem de remotas eras. Pela fala dos historiadores, essa doutrina teria nascido na Índia. O budismo ensina ser possível libertar-se do interminável ciclo vida e morte mediante a conquista de um alto grau de conhecimento, o Nirvana - estado de plena paz. A doutrina filosófica e religiosa da Metempsicose, encampada por Platão, admite a possibilidade de a alma humana animar, em sucessivas incorporações, um vegetal, um animal ou outro corpo humano. O Espiritismo de Kardec, embora admita que o espírito humano, na sua evolução, tenha passado por animais, não advoga a tese de que essa transmigração absurda ainda esteja ocorrendo.

SALVE-SE QUEM PUDER

"O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte; pertence-lhe abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem. Assim, o Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar-se a si mesmo: a lei de Deus estabelece a condição em que se lhe torna possível fazê-lo." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XXVII, item 21). Aqui, o Espiritismo tenta aproximar-se do Cristianismo quando fala em livre arbítrio e necessidade de se fazer o bem. Só que no Cristianismo isso ocorre no âmbito de uma única existência, e não de múltiplas vidas corpóreas como quer o kardecismo.

A doutrina da reencarnação está em desacordo com os princípios da justiça de Deus. O Espiritismo desejaria que um inocente pagasse pela culpa de outro, sem conhecer a razão da penalidade. Esse processo não é transparente: você sofre mais não sabe porque está sofrendo; você é réu mas desconhece as causas das condenação; Certamente que um espírita não ajudaria um irmão em sofrimento, porque este sofrimento é irreversível e conducente à purificação. Total absurdo. Você poderá ser a encarnação de um grande criminoso, como Stálin, autor intelectual da morte de uns sessenta milhões, e não saber de nada.

Essa extravagante doutrina não encontra amparo na Palavra de Deus, pelas seguintes razões:

Invalida o sacrifício de Jesus na cruz. Para o Espiritismo, Jesus nunca foi Deus e o seu sangue derramado para nada serviu. Mas Jesus, na instituição da Ceia, disse: "Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para REMISSÃO DE PECADOS" (Mateus 26.28).

O kardecismo ensina que o homem morre várias vezes, mas a Bíblia Sagrada diz que morremos apenas uma vez: "E, como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo." (Hebreus 9.27).

A reencarnação despreza a eficácia do perdão oferecido por Deus, a quantos se arrependam de suas transgressões. Os espíritos dos espíritas ficarão a vaguear, a penar, rastejando como verme faminto à espera de um novo corpo para se despojar de suas impurezas. Os filhos de Deus, perdoados por Deus, vão direto para o Paraíso, onde aguardarão a vinda de Jesus para ressuscitarem num corpo glorioso. Vejam: "Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens..." (Marcos 3.28). "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam APAGADOS os vossos pecados..."(Atos 3.19). "Tenho desejo de partir e estar com Cristo", disse Paulo (Filipenses 1.23). "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça." (1 João 1.9).

Os defensores dessa doutrina dizem que TODOS chegarão ao estado de virtude plena, de elevado grau de perfeição. Nega-se a existência de um juízo divino, ou seja, um dia em que todos comparecerão diante do Senhor Jesus. Mas a Bíblia afirma: "Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (João 3.18). São palavras de Jesus. E as palavras do nosso Senhor devem ser acatadas pelos espíritas com muito respeito. Convém lembrar que Allan Kardec afirmou que Cristo, "foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos." Logo, em razão de suas superiores qualidades e sublime missão, não há como duvidar das palavras de Jesus. Seguindo essa linha de raciocínio, arrependam-se os espíritas de seus pecados, convertam-se ao Senhor Jesus, sejam recebidos como filhos de Deus, e não mais ficarão atemorizados diante da perspectiva de ficarem a vagar no além.

O Espiritismo não esclarece quando termina o processo da reencarnação; diz que os "bons espíritos" aconselham os maus espíritos a reencarnarem, mas estes podem rejeitar o conselho; o kardecismo ensina que há espíritos maus, perversos, capazes de enganar os "médiuns"; capazes de imitar caligrafias (leia-se psicografia); capazes de criar sistemas absurdos para enganar a humanidade, e capazes de influenciar os homens para a prática do mal. Esses anjos caídos, que a Bíblia chama de Satanás e seus demônios, no Espiritismo são denominados espíritos maus, recuperáveis. Para o Espiritismo não existem demônios, nem Diabo, nem Satanás. Os registros escriturísticos afirmam que eles existem. Deus também nos revela que haverá um fim. Assim como aconteceu nos tempos de Noé e de Sodoma e Gomorra, em determinado momento Deus entrará em ação para exterminar da Terra a depravação e a todos julgar. (Mateus 24.36-44). Jesus, a "segunda revelação de Deus", título que lhe atribuiu Kardec, afirmou que Satanás e seus demônios existem (Mateus 4.10; 12.26; 12.28; Marcos 16.17).

A reencarnação de Kardec nega a existência de um plano divino para salvação da humanidade, mas a Palavra diz que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16). Ora, essas condições fazem parte de um plano, de um concerto, de uma nova aliança entre Deus e os homens.

NENHUMA CONDENAÇÃO HÁ

Portanto, o ensino da reencarnação é completamente contrário à Palavra de Deus. Tudo o que é contrário à Palavra, provém de Satanás. "Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios" (1 Timóteo 4.1). A Bíblia Sagrada diz que a "alma que pecar, essa morrerá" (Ezequiel 18). Se uma alma pecou, cometeu iniqüidades, é ela que irá sofrer pelo que cometeu. Não é uma criancinha que irá sofrer em seu lugar. O sopro de Deus vem no ato do nascimento. A parte imaterial do corpo surge no ato do nascimento. Não existe um estoque de almas preexistentes no almoxarifado de Deus, como quer o Espiritismo, umas para iniciarem vida corpórea, outras para reencarnarem. O homem morre uma vez, apenas; depois disso, segue-se o juízo: se morreu sem Cristo, terá a morte eterna, ou seja, a eterna separação de Deus; se morreu com Cristo, terá a salvação, ou seja, a vida eterna, a eterna comunhão com Cristo. Mas o Espiritismo diz que uma pessoa pode pagar o pato pelos erros de outrem.

"Somos salvos pela graça, mediante a fé; não somos salvos pelas obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8). Somos salvos para as boas obras; não somos salvos pelas obras. A reencarnação anula a graça de Deus. Mas a Palavra diz taxativamente: "Portanto, agora NENHUMA CONDENAÇÃO HÁ para os que estão em Cristo Jesus..." (Romanos 8.1). Se estamos em Cristo, se nele morremos, como iríamos na morte peregrinar de planeta em planeta em busca de salvação?

DIRETO PARA O CÉU

Jesus disse ao ladrão ao seu lado na cruz: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso" (Lucas 23.43). Pela doutrina reencarnacionista aquele ladrão teria que passar por muitas vidas até se purificar. Porém, Jesus perdoou seus pecados e ele, arrependido e perdoado, pôde subir aos céus. Jesus não falou assim: "Olha, meu caro! Você pecou muito, o seu Carma está muito carregado e será preciso reencarnar pelo menos umas trinta vezes. Depois disso, eu estarei esperando por você no Paraíso". Não foi assim. Havendo sido perdoado totalmente, aquele homem encontrou a vida eterna; não foi necessário passar por estágios. Jesus revelou de forma inequívoca: "Se o Filho vos libertar verdadeiramente sereis livres; (João 8.36). Ora, o espírito que precisa voltar à Terra para sofrer não está verdadeiramente livre. Quando morremos, já estamos com nossas situações definidas no mundo espiritual. Vejam o exemplo do rico e de Lázaro, como foi dito pelos lábios de Jesus. O rico, porque era mau, foi para um lugar de tormentos, sem condições de lá sair ao menos para abrir os olhos espirituais de seus irmãos. Lázaro foi para um lugar de paz (Lucas 16.19-31).

Apesar do incontestável antagonismo, Kardec afirmou que "o Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa". Ou essa afirmação surgiu de um descuido, ou foi uma tentativa de justificar outras inverdades, tais como: "O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus..."; "Nada ensina em contrário ao que Jesus ensinou..."; "O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra".

Quem mais estaria interessado em desvirtuar a Palavra de Deus? Quem estaria interessado em instituir uma prática de consulta aos mortos, em desobediência a Deus? Quem estaria interessado em que os homens não acreditem em pecado, inferno, céu, salvação pela graça, juízo final, demônios, ressurreição e perdão? Somente o Diabo estaria muito interessado nisso. Aquele mesmo que disse a Eva que ela poderia comer do fruto proibido, ou seja, poderia desobedecer ao Criador e nenhum mal lhe aconteceria: "Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, os vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal" (Gênesis 3.5). O Diabo não mudou sua tática. Cresce o número dos que, embalados nos devaneios de Helena Blavatsky, acreditam no conselho do Maligno, e repetem sem pestanejar: "Eu sou Deus". O Diabo está nessa estória mal contada da reencarnação.

Podem crer

Parte XXXXVII

O ESPIRITISMO E OS ESPÍRITOS MALIGNOS

 "O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais..." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec, cap. XII, item 6). "Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos ao mal por sua natureza e condenados por toda a eternidade" (Livro dos Espíritos, Kardec, quesito 131).

Para o Espiritismo, Satanás, anjos maus, demônios são maus espíritos desencarnados, em fase de evolução. Analisemos o que Jesus nos revelou a esse respeito, Ele que foi, segundo Kardec, a "Segunda Revelação de Deus".

A Palavra de Jesus

"E disse o diabo a Jesus: Tudo isto [os reinos do mundo] te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: "Vai-te, Satanás. Pois está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Mt 4.8-10).

Coloco-me no centro da teoria espírita para dizer que Jesus na qualidade de "Espírito Puro" teria plenas condições de identificar ali, não um adversário em potencial, mas um pobre espírito humano de classe inferior, necessitado de reencarnação. Esse "espírito perverso", ao qual Jesus se dirigiu com palavras de ordem, alcançaria a perfeição mediante muitas vidas corpóreas, Ora, por conhecer o drama de seu "irmão", Jesus o chamaria pelo nome da sua última encarnação. Diria mais ou menos assim:

"Meu caro Joaquim, não faças mais isto, ouviu? Na qualidade de Bom Espírito eu te aconselho a reencarnar rapidamente e escolher uma prova bem difícil, a fim de expungir suas culpas. Eu também já passei pela prova da evolução. Agora vá em paz, medite sobre sua vida, e largue essa mania de desejar ser adorado. Vá em paz e dê notícias minhas aos seus".

Essas hipotéticas palavras estariam de acordo com o Espiritismo. Vejam a questão 116 do Livro dos Espíritos: "Os Espíritos não ficam perpetuamente nas camadas inferiores; todos eles tornar-se-ão perfeitos; mudam de classe, embora devagar". Questão 117: "Depende dos Espíritos apressar sua marcha para a perfeição. Chegam mais ou menos rapidamente, conforme seu desejo e sua submissão à vontade de Deus". Os espíritos maus só voltarão a Terra se quiserem. Se não desejarem reencarnar, permanecerão por aí infernizando a vida das pessoas. Deus na sua infinita paciência e misericórdia ficaria de braços cruzados esperando a boa vontade deles.

Observem que o diabo daria a Jesus "os reinos deste mundo" (Mt 4.8-9). Algum espírito desencarnado, da "terceira ordem", teria sob seu domínio o sistema mundial? É evidente que tal domínio se aplica realmente ao império do mal sobre o qual reina o diabo, o deus deste século (2 Co 4.4). O diabo não é dono da Terra, mas possui nela, temporariamente, o seu reino de trevas, engano e sedução. Esse reino foi reconhecido pelo próprio Jesus: "Se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?" (Mt 12.26).

"Vós pertenceis ao vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44).

Como em outras passagens, Jesus identifica, nomeia, aponta, distingue, intitula, indica, mostra, esclarece, particulariza, define o diabo. E diz que ele foi "homicida desde o princípio". Ora, segundo a tese kardecista da preexistência, as almas são criadas por Deus em estado simples e sem conhecimento, porém sem maldade. Vejam a questão 115 do Livro dos Espíritos: "Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem ciência". Logo, se o "diabo" a que Jesus se referiu fosse um desencarnado, ou uma alma em seu estado inicial, como poderia ser homicida e mentiroso desde o princípio? Se Jesus estivesse se referindo a um espírito perverso, não poderia fazer distinção entre um e outro, pois todos os espíritos impuros seriam considerados "pai da mentira". Jesus identifica somente um, o diabo. Não cabe dizer que se trata da "personificação do mal". Nas duas passagens já citadas há indicação clara de que se trata de uma só entidade, um espírito inteligente, astuto, enganador e vil. Também não cabe o argumento de que se trata de alegoria ou de parábola.

Jesus identifica o diabo como uma pessoa, capaz de desejar alguma coisa, influenciar e dominar criaturas humanas, de exercer o comando sobre os que lhe são submissos.

"Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25.41).

Jesus particulariza, nomeia e identifica o diabo dentre os demais seres espirituais. Ao anunciar que o destino dos demônios é o inferno, não está se referindo a espíritos humanos, que também terão o mesmo destino se, na vida corpórea, não andaram nos caminhos do Senhor. Jesus afirma que o diabo e seus anjos já possuem um lugar previamente preparado. Ora, se houvesse uma segunda chance, se Jesus estivesse falando de espíritos em vias de progresso, como deseja o Espiritismo, a conversa seria mais ou menos assim: "Olha, meus filhos, porque vocês fizeram coisas erradas na terra retornarão a ela inúmeras vezes até ficarem perfeitos. Mas vocês têm liberdade de escolher se desejam ficar muito tempo errantes, ou se querem reencarnar o mais rápido possível. Mas, por favor, comportem-se melhor doravante, porque desse jeito não dá".

As poucas palavras registradas em Mateus 25.41 colocam por terra quatro posições do Espiritismo: inexistência do inferno, do juízo final, de Satanás e seus anjos, e existência de chance de recuperação. Considerando que essa afirmação de Jesus se deu há dois mil anos, é possível que Satanás já esteja num bom grau de perfeição, pois "a marcha dos espíritos é progressiva e jamais retrógrada. Eles se elevam gradativamente na hierarquia e não descem do plano a que se alçaram" (Quesito 194, L.E.). É possível conciliar a palavra de Jesus e a dos "espíritos" que influenciaram a mente de Allan Kardec? Merece algum crédito a declaração de Kardec de que "O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa" e que "as instruções que promanam dos Espíritos não verdadeiramente as vozes do céu que vem esclarecer e convidá-los à prática do Evangelho"?

Ainda com referência a Mateus 25.41, como Jesus poderia chamar esses desencarnados de "malditos", se concordasse que eles, no futuro, poderiam ser espíritos puros? Ora, "maldito" diz-se daquele que foi amaldiçoado. Entende-se, portanto, que Jesus estava falando de desencarnados sem nenhuma chance de salvação. Leiam o que o próprio Jesus falou: "Quem nele não crê já está condenado" (Jo 3.18). Como pôde Jesus preparar o inferno para o diabo, um espírito humano com possibilidade de progredir rumo à perfeição?

Certo espírita assim interpretou o versículo em análise: O "apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos", significa, simplesmente, o destino imposto compulsoriamente aos maus, de serem remetidos às reencarnações expiatórias em mundos inferiores ao nosso, até que a lição da humildade seja aprendida. O 'fogo' é eterno, isto é, de duração indefinida, ou seja, dura até que seja o pago 'o último ceitil', como nos ensina o mestre Aurélio, entre outras coisas, é um conceito de 'pessoa má', uma pessoa de 'mau gênio'.

Ora, segundo o mesmo mestre Aurélio, "eterno" significa "que não tem princípio nem fim"; que dura para sempre; constante; incessante". Se o castigo é eterno, não terá fim. Nas palavras de Jesus não vemos nenhuma chance para os rebeldes, para o diabo e seus anjos. Conforme o Espiritismo, a reencarnação tem por objetivo o "melhoramento progressivo da Humanidade", pois em "cada nova existência o Espírito dá um passo na via do progresso" (Quesito 167, do L.E.). Ou seja, todos os espíritos humanos estão sujeitos às reencarnações; todos passarão por esse "inferno". Então, Jesus teria dito o óbvio? Jesus falou a respeito do Juízo Final, um tempo determinado em que os rebeldes receberão o devido castigo.

A verdade é que Jesus apresentou uma situação em que uns são chamados de "benditos de meu Pai", a serem recebidos no céu (Mt 25.34), e outros chamados de "malditos", a serem lançados no inferno (Mt 25.41). Nessa passagem, Jesus define duas classes de espíritos: de um lado, os espíritos humanos que na vida terrena tiveram oportunidade, a única, de se arrependerem, serem obedientes e tementes a Deus; do outro, os anjos decaídos liderados pelo diabo, o "maioral" dos demônios.

"Os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este {Jesus] não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios. Jesus disse: "Todo o reino dividido contra si mesmo acaba em ruína...; e, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois o seu reino? E se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsaram então vossos adeptos? Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o Reino de Deus". (Mt 12.24-28).

Os fariseus acreditavam na existência de um "príncipe" ou "maioral" que exercesse autoridade sobre os demônios. O líder dos demônios, chamado Belzebu, ou Satanás, é quem poderia expulsar o espírito maligno que estava no endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22). Acreditaram na libertação daquele homem, mas rejeitaram o uso do poder divino. Jesus admitiu a existência desse "príncipe", porém ensinou que espíritos malignos pertencentes ao mesmo reino das trevas não podem expulsar seus próprios parceiros.

Penetrando no túnel da teoria espírita, nada encontrei sobre a existência de um líder entre os espíritos perversos. Ora, se o Espiritismo diz que "os demônios são as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais", como então poderia omitir informação tão importante? Os "instrutores espirituais" deveriam ter informado sobre esse "príncipe". Por que ocultaram essa informação?

"Sai deste homem, espírito imundo" (Mc 5.8).

Encontrei no Livro dos Espíritos, quesito 113, a informação de que os "Puros Espíritos são mensageiros e ministros de Deus", e "comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e lhes confiam missões". Contrariando tal assertiva, Jesus, "Espírito Puro", não se coloca como orientador desses demônios. Ao contrário, admitiu que eles possuem liderança própria e reino próprio, e até fez a separação irreconciliável entre o Reino de Deus e o reino de Satanás, o maioral.

Em nenhuma das libertações consignadas nos evangelhos, vemos Jesus tratar os demônios com brandura ou confiar-lhes missões para ajudá-los a se despojarem de suas imperfeições. Ao contrário, Jesus disse que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. A autoridade de Jesus sobre os espíritos malignos não decorre de uma relação fraternal, como de pai para filho, de irmão para irmão, de um líder para seus comandados. Jesus não veio para auxiliar os demônios nas suas fraquezas. Por exemplo, Jesus ordenou que Satanás saísse de sua presença (Mt 4.10).

Jesus contrariou a tese espírita em outro ponto. Veja o quesito 126 do Livro dos Espíritos. "Deus contempla os transviados com o mesmo olhar e os ama com o mesmo amor. Eles são chamados maus porque faliram". Se correta essa palavra, Jesus deveria ter tratado os demônios com misericórdia, mas não o fez. Jesus chamou de "imundo" o espírito que estava naquele homem. Como admitir que Jesus estava lidando com espíritos humanos com possibilidade de progredir até chegar ao estado de pureza? Em outras situações semelhantes Jesus não manteve qualquer diálogo fraternal com os demônios (Mc1.25; 5.8; 9.25; Lc 13.16).

"Agora será expulso o príncipe deste mundo" (Jo 12.31).

Quem seria esse a ser derrotado na cruz? Uma alma rumo a novas encarnações, necessitada de bons conselhos dos "Espíritos Puros"? Não. O apóstolo esclarece: "Para isto o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo" (1 Jo 3.8). Paulo confirma: "Tendo despojado os principados e as potestades, os expôs publicamente ao desprezo, e deles triunfou na cruz" (Cl 2.15; Hb 2.14). Outras referências

"Sujeitai-vos, pois a Deus. Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7).

A Bíblia ensina como proceder para evitar as influências satânicas. O caminho é submeter-se à vontade de Deus; crer que o nosso Salvador Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio em carne, morreu para remissão dos pecados e ressuscitou dos mortos (Jo 3.16; Rm 10.9). Considerando que Deus proíbe a comunicação com os mortos (Dt 18.10-12; 1 Cr 10.13-14;2 Cr 33.6; Is 8.19; Lc 16.19-31), qual será a destinação dos que praticam o Espiritismo?

Um dos argumentos usados pelo Espiritismo é o de que se Deus proibiu a comunicação com os mortos é porque existe tal comunicação, pois Ele não iria proibir algo impossível de acontecer. Citam o exemplo da advertência "não pise na grama". Á primeira vista parece um sólido argumento.

Todavia, convém lembrar que Deus conhece as ciladas do diabo. Ele sabe o perigo que corremos em consultar feiticeiros, adivinhos, médiuns ou necromantes. Deus sabe que esse é um caminho maldito, que nos levará à perdição. Na verdade, Ele está advertindo que não são os mortos que se apresentam para nos comunicar alguma coisa. São os demônios que se manifestam. Se essa comunicação com o além fosse uma prática saudável; se trouxesse qualquer benefício aos homens; se os desencarnados fossem de fato mensageiros de Deus, como deseja o Espiritismo, Deus recomendaria essa prática, sem nenhuma restrição.

"Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo... assim sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados... (2 Pe 2.4,9).

Mais uma vez a Bíblia faz distinção entre demônios e espíritos desencarnados. Acima, vimos a autorizada palavra de Jesus. Agora, a de Pedro. A questão 128 do Livro dos Espíritos declara que anjos são os "puros Espíritos", não formam uma categoria especial de seres criados por Deus, e que percorreram todos os graus rumo à perfeição. Jesus teria sido, portanto, um anjo que passou por esse sistema evolutivo. Essa teoria está em desacordo com o que ensina o Cristianismo. Diz também o Livro dos Espíritos (quesito 131) que "não há demônios no sentido ligado a este vocábulo; os partidários do demônio apóiam-se nas palavras do Cristo. Não seremos nós que contestaremos a autoridade do seu ensino... Mas estamos seguros do sentido por ele emprestado ao vocábulo demônio? Não se sabe que a forma alegórica é um cunho distintivo de sua linguagem e que nem tudo quanto encerra o Evangelho deve ser tomado ao pé da letra?" Não merece crédito tal tese. Iríamos buscar apoio na palavra de quem? Não há como admitir que Jesus falou alegoricamente ao referir-se a Satanás. Jesus definiu, apontou, qualificou, distinguiu Satanás dos espíritos humanos.

"Estava na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual exclamou: Ah! que temos contigo, Jesus de Nazaré? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. Repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele. Então o espírito imundo, convulsionando, e clamando em voz alta, saiu dele" (Mc 1.23-26).

A forma inamistosa com que Jesus sempre se dirigiu aos demônios conflita com a posição kardecista. Na qualidade de "Espírito Puro", Jesus, se concordasse com o ensino dos "espíritos", deveria ajudar os demônios a se aperfeiçoarem; deveria saber que "todos os espíritos tornar-se-ão perfeitos"; deveria saber que "Deus contempla os transviados com o mesmo olhar e os ama com o mesmo amor" (Quesitos 113,116,126,127 do L.E.). Perdoem-me pela ênfase nesse ponto e pela repetição. Todavia, a "Segunda Revelação de Deus" fez exatamente o contrário: mandou que se calassem, chamou-os de imundo, ordenou que entrassem numa manada de porcos, disse que o inferno os aguardava. E ainda, sem nenhuma consideração, disse que o líder Satanás era mentiroso e pai da mentira. O pior é que os demônios foram considerados imundos, isto é, sujos, porcos, impuros, indecentes, obscenos, imorais.

Merecem uma reflexão as palavras do espírito imundo. Ele reconheceu Jesus como uma Pessoa especial, com autoridade e poder; chamou-O de "o Santo de Deus", e admitiu que haverá um tempo em que receberá um duro castigo. O demônio sabia que o "inferno já estava preparado para ele". Por isso sua pergunta: "Vieste destruir-nos?" . Usando a forma plural, admite que o castigo alcançará os demais demônios, isto é, "Satanás e seus anjos". O Espiritismo não concorda com o demônio.

Há falsários no mundo dos Espíritos

O médium pode confiar no espírito que, através dele, escreve cartas, menciona fatos do passado ou ensina alguma "verdade"? Quem responde é Allan Kardec, o pai do Espiritismo. Vejam:

"Um meio às vezes usado com sucesso para assegurar a identidade, quando o Espírito se torna suspeito, é o fazê-lo afirmar em nome de Deus todo poderoso que é ele mesmo. Acontece muitas vezes que o usurpador recua diante do sacrilégio. Mas há os que não são assim escrupulosos e juram por tudo o que se quiser. Deve-se concluir disso que a recusa de um Espírito em afirmar a sua identidade em nome de Deus é sempre uma prova de que usa de impostura, mas que a afirmação nos dá apenas uma presunção e não uma prova da identidade" (Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 259).

Kardec afirma, em outras palavras, ser impossível a identificação de qualquer espírito, ainda que alguns concordem em usar o nome de Deus. E mais:

"Pode-se também colocar entre as provas de identidade a semelhança de caligrafia e de assinatura. Mas além de não ser dado a todos os médiuns obter esse resultado, ele nem sempre representa uma garantia suficiente. Há falsários no mundo dos Espíritos, como no nosso.

Certamente se dirá que se um Espírito pode imitar uma assinatura, pode também imitar a linguagem. É verdade. Temos visto os que tomam afrontosamente o nome do Cristo e para melhor enganar imitam o estilo evangélico, excedendo-se nas expressões mais conhecidas: Em verdade, em verdade vos digo" (item 260/261). Em seguida, Kardec ensina que os Espíritos devem ser julgados pela linguagem e por suas ações, e que a questão da identificação é secundária.

Como ter certeza de que determinada mensagem não provém de um espírito maligno, se esse mundo é de falsários, em que até os que juram em nome de Deus não merecem confiança? Que religião é essa em que os instrutores além de serem invisíveis são trapaceiros e mentirosos? O Espiritismo é um terreno minado, cheio de armadilhas, de surpresas desagradáveis. O melhor mesmo é seguir o conselho do salmista: "Entrega a tua vida ao Senhor, confia nele, e tudo Ele fará" (Salmos 37.5).

Os "Espíritos Impuros são inclinados ao mal, objeto de suas preocupações; dão pérfidos conselhos, insuflam discórdia e a desconfiança e tomam todas as máscaras a fim de enganar melhor...arrastam as pessoas à perdição...animam criaturas inclinadas a todos os vícios gerados pelas paixões vis e degradantes, tais como a sensualidade, a crueldade, a traição, a hipocrisia, a cupidez e a avareza sórdida; fazem o mal por prazer... são flagelos para a Humanidade" (Livro dos Espíritos, quesito 102).

O pai do Espiritismo chegou muito próximo da verdade. Descobriu a falsidade e o engano, mas se deixou levar pelos seus próprios informantes espirituais. Jesus foi direto ao assunto ao dizer que não há verdade no diabo, "pois é mentiroso e pai da mentira". Nem todos os médiuns ficam a meio caminho da verdade. Foi o que aconteceu com Victor H. Ernest. Leiam seu relato:

"Quando o megafone retornou para minha terceira e última pergunta, reexaminei o que o espírito havia dito. ´Ó espírito, crês que Jesus é o Filho de Deus e que Ele é o Salvador do mundo? Crês que Jesus morreu na Cruz e derramou o seu sangue para a remissão do pecado?´ O médium, em profundo transe, foi arremessado de sua cadeira. Foi cair bem no meio da sala de estar e gemia como se estivesse sentindo profunda dor. Os sons turbulentos sugeriam espíritos num carnaval de confusão. Nunca mais fui a outra sessão. Eu havia provado os espíritos e achado que não eram de Deus. O que eu havia pensado ser um grande poder de Deus havia explodido como uma bolha de sabão. A partir dessa ocasião, comecei a buscar a Palavra de Deus para encontrar a verdade" (Eu Falei com Espíritos, p. 24 e 25, Victor H. Ernest, citado por Davi Nunes dos Santos, em O Espiritismo e a Bíblia, S. Paulo, 1978).

O espírito acima foi provado, tal como ensina a Bíblia: "Amados, não creais em todo espírito [pessoa impelida ou inspirada por algum espírito], mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus. E todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus, mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo" (1 João 4.1-3). O "espírito do anticristo" compara-se a Satanás, pois "se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. A vinda desse iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios de mentira" (2 Ts 2.4,9).

A expulsão dos demônios

Extraímos dos quesitos 475 a 480 do Livro dos Espíritos a seguinte orientação sobre a libertação de uma pessoa endemoninhada: "Havendo vontade firme, a própria criatura poderá livrar-se dos maus Espíritos; um homem de bem conseguirá ajudar a vítima, desde que invoque os bons Espíritos; as fórmulas de exorcismo [libertação] não possuem influência alguma sobre os maus Espíritos; "quando esses Espíritos vêem que alguém toma a coisa a sério, riem-se e se obstinam [teimam em permanecer]. O quesito 478 assim diz: "O melhor meio de libertar criaturas obsidiadas [possuídas por um espírito mau] é cansar-lhes a paciência, não ligar importância às suas sugestões e mostrar-lhes que perdem tempo. Então, ao verem que nada têm a fazer, afastam-se".

A benevolência com que o Espiritismo trata os demônios fortalece a minha convicção de que os instrutores espirituais são os próprios. Em casa de enforcado ninguém fala em forca. Cansar a paciência dos demônios? Não ligar importância? Para os kardecistas Jesus é o máximo em perfeição e veio com a missão divina de ensinar. Por isso, estou sempre usando Seu nome, ensinos e exemplos. Como ocorreu em várias ocasiões, Jesus não procedeu dessa maneira, não esperou a boa vontade dos "maus espíritos". Em nenhum momento Jesus tentou cansar a paciência dos espíritos malignos. Contrariando o ensino kardecista, Jesus, além de dar exemplo, nos ensinou como tratar os demônios e como expulsá-los (Mc 16.17). Os demônios são expulsos, e somente assim são expulsos, em nome de Jesus, porque "debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (At 4.12); porque Ele está "acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro" (Ef 1.21); porque "Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.9-11).

A origem de Satanás e seus anjos

Como foi dito no início, o Espiritismo ensina que demônios são almas dos homens perversos. Em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, está escrito que a serpente convenceu Eva a desobedecer a Deus (Gn 3.1-6); Deus se dirige a uma entidade espiritual, que no futuro será vencida (v.15); a Bíblia diz que a serpente é Satanás, pois "foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo o mundo" (Ap 12.9); Jesus identificou o diabo como mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). Devemos então procurar entender quem era esse espírito enganador que conversou com Eva. Um espírito humano, desencarnado? Não, Adão e Eva foram os primeiros. Nenhum espírito havia deixado seus corpos, porque a morte só veio depois da desobediência (Gn 3.19). Era uma "alma simples e ignorante", perversa e rebelde, que aguardava o momento de encarnar? Não. As almas, segundo o Espiritismo, foram criadas sem maldade, porém simples e sem ciência. Então, quem se apresentou a Eva não era uma alma desse tipo; o que Moisés escreveu foi apenas uma alegoria? Não. A desobediência de Eva é confirmada em outros livros da Bíblia (Rm 5.12-21; 2 Co 11.3; 1 Tm 2.13-14; Ap 12.9). Ademais, Moisés, segundo o Espiritismo, foi a primeira revelação da divindade, e veio com a missão de revelar Deus aos hebreus e pagãos (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap I, itens 6 e 9). Então, quem era o espírito imundo que enganou Eva? Satanás é seu nome. Um dos argumentos apresentados pelo Espiritismo trata da impossibilidade de Deus, justo e bom, ter criado "seres predispostos ao mal por sua natureza". Esse raciocínio é uma faca de dois gumes para o kardecismo. Seguindo essa mesma tese, perguntamos como surgiram os espíritos maus, perversos, falsários, mistificadores, mentirosos e enganadores, cuja existência é reconhecida pelo próprio Allan Kardec? O Espiritismo explica que foram criados sem maldade, mas com livre arbítrio. A tese é muito parecida com a doutrina da origem do pecado ensinada pelo Cristianismo.

A diferença está, dentre outras, na identificação desses espíritos maus.

Para o Espiritismo, são desencarnados, isto é, espíritos que encarnaram várias vezes, não passaram pela prova a que se submeteram, faliram na missão, optaram pelo mal.

Com o vimos acima, esses espíritos maus foram chamados de demônios, liderados por um "maioral". A diferença entre espíritos humanos, Satanás e seus anjos foi estabelecida pelo próprio Jesus (Mt 25.41). Em nenhum momento Jesus acenou com a possibilidade de novas encarnações para os demônios, para serem aperfeiçoados.

A Bíblia diz que Lúcifer era um anjo perfeito, querubim da guarda, inteligente, mas não imutável. Em sua autodeterminação e capacidade de escolher, rebelou-se contra Deus e transformou-se em Satanás. Os anjos que o acompanharam nessa rebelião se transformaram em demônios, espíritos imundos, espíritos maus ou anjos decaídos. Vejamos as passagens bíblicas que falam da situação privilegiada de Lúcifer no céu, e como ficou depois da queda.

"Tu és o aferidor de medidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus...eras querubim ungido para proteger...perfeito em seus caminhos desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti...corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor...por terra te lancei..." (Ez 28.12-17).

"Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva...Tu dizias em teu coração: subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei...subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo abismo" (Is 14.12-15).

As situações e qualidades acima não podem ser atribuídas a um ser humano. Em apoio a essa interpretação, vejamos outras passagens:

"Houve peleja no céu. Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e seus anjos foram lançados com ele". (Ap 12.7-9).

Vejam que as passagens bíblicas, embora escritas em épocas e por pessoas diferentes, se harmonizam. "Levado serás para o inferno", de Isaías, se harmoniza com a declaração de Jesus de que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.41). Em Lucas 10.18, Jesus, por sua eternidade, declara que viu "Satanás caindo do céu como relâmpago". Esta declaração coaduna-se com a expulsão do grande dragão, como relatado em Apocalipse. A afirmação de que "Deus não poupou os anjos que pecaram", em 2 Pedro 2.4, confirmada em Judas 6, fortalece ainda mais a nossa convicção de que a verdade está com o Cristianismo.

Parte XXXXVIII

O ESPIRITISMO E A REENCARNAÇÃO DE ELIAS

O espiritismo tem usado alguns textos bíblicos sobre João Batista e Elias, como prova de que a reencarnação faz parte das doutrinas cristãs. Embora o tema já por diversas vezes tenha sido abordado, em matérias diversas, julguei conveniente tratá-lo separadamente.

Os principais textos bíblicos em torno do assunto são os seguintes:

(a) "Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor" (Ml 4.5).

(b) "E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que havia de vir" (Mt 11.14).

(c) "Os discípulos O interrogavam: Por que dizem, pois, os escribas que é mister que Elias venha primeiro? Jesus lhe respondeu: Certamente Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim, farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara a respeito de João Batista". (Mt 17.10-13).

(d) "Pois [João Batista] será grande diante do Senhor...será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe; e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. Irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos..." (Lc 1.15-17).

Em muitos casos a Bíblia se explica a si mesma. Quando há alguma dificuldade, devemos buscar auxílio em outras passagens. Em primeiro lugar, consideremos que Jesus, na qualidade de o Filho unigênito, participou da inspiração da Escritura. Vejamos:

"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Tm 3.16-17).

"Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (Jo 8.58). Aqui Jesus falou de Sua eternidade, de Sua existência que não teve começo nem terá fim, da Sua condição de Ser não criado, mas Criador. Sua pré-existência absoluta significa igualdade com Deus. Os judeus compreenderam tão bem essa declaração de eternidade, que ficaram enfurecidos e tentaram apedrejar Jesus (Jo 8.59). A mesma expressão lemos em Êxodo 3.14,15, Deus falando a Moisés de Sua eternidade. Essas considerações introdutórias ao exame do caso Elias/João Batista, por si, já criam dificuldades aos que rejeitam a divindade de Jesus. O "Eu Sou", que existiu antes de Abraão, permeia toda a Escritura, faz parte dela, participou da elaboração de cada doutrina, cada ensino, cada profecia. Analisemos os textos:

Primeiro - Comecemos Lucas 1.15-17. Ali, de maneira alguma se lê que João Batista seria uma reencarnação de Elias. Não se encontra nessa passagem qualquer confirmação da esdrúxula tese reencarnacionista, que nunca pôde ser provada, exceto pelas falas dos próprios "espíritos". Nem direta, nem indiretamente, o anjo Gabriel declara que Elias reencarnaria em João, mas que este teria virtudes idênticas às daquele; desenvolveria um ministério muito semelhante ao de Elias em termos de garra, ousadia, consagração, unção e poder, além das perseguições que sofreria. Comparemos: como iniciaram seus ministérios (1 Rs 17.1 - Mt 3.1); forma ousada de repreender uma autoridade: Elias repreendeu a Acabe (1 Rs 18.17-18); João, a Herodes (Mt 14.3-4); Elias foi perseguido por Jezabel (1 Rs 19.2-3); João Batista, por Herodias (Mt 14.6-8); os dois viviam de forma austera e discreta.

Segundo - Quando Jesus falou "Elias já veio" (Mt 17.12) e "ele é o Elias que havia de vir" (Mt 11.14), estava em suma dizendo que Elias não ressuscitara como todos esperavam, mas que João Batista desempenhara o papel de precursor do Messias, com a mesma coragem, virtude e espírito de Elias. Com estas palavras, Jesus confirmava Lucas 1.17. Situação análoga vamos encontrar em 1 Reis 2.15, assim: "O espírito de Elias repousa sobre Eliseu". Esta declaração foi proferida pouco tempo depois de Elias ter sido arrebatado ao céu num redemoinho (v.11). Pode-se interpretar de forma literal essa passagem? Não. Não se tratava de reencarnação porque Eliseu já possuía o seu "desencarnado" nele encarnado, se fosse o caso. Os dois viveram numa mesma época. Um não podia ser encarnação do outro; não se trata de possessão mediúnica, ou seja, Eliseu não havia incorporado o espírito de Elias, por óbvias e irrefutáveis razões.

Terceiro - Ainda em nossos dias usamos esse estilo de expressão: "Nunca mais surgirá um Rui Barbosa". "O Ronaldinho é um verdadeiro Pelé". São termos comparativos. [Se acreditais na vinda de um Elias], "e, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que havia de vir" (Mt 11.14).

Por suas mensagens vibrantes e seu corajoso desempenho diante de situações difíceis, Elias tornou-se símbolo dos profetas. Moisés, por exemplo, era símbolo da Lei (Lc 16.31). As profecias sobre a vinda de Elias não se contradizem. Muito pelo contrário. Vejam: Malaquias 4.5: "Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; e converterei o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição". Lucas 1.15-17: "Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto". Logo, as profecias da vinda de Elias se cumpriram em João Batista. Portanto, Elias veio na pessoa de João Batista. É esta a real interpretação de Mateus 11.14 e 17.10-13.

Quarto - O francês Hippolyte Leon Denizart Rivail soube ser ele a reencarnação dum poeta celta chamado Allan Kardec. Ora, se a crença da reencarnação fosse assim tão difundida e aceita; se Jesus fosse um médium; se vivessem os apóstolos nesse clima de experiências espirituais, João Batista, como aconteceu com Kardec, seria o primeiro a saber que ele não era ele mesmo. Mas vejam:

"Perguntaram-lhe [a João Batista]: Então quem és? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Não". E como insistissem para saber quem ele era, respondeu com as palavras do profeta Isaías: "Eu sou a voz do que clama no deserto. Endireitai o caminho do Senhor. Perguntaram-lhe.

Então por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu: Eu batizo com água, mas no meio de vós está alguém que não conheceis. Este é aquele que vem após mim, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias" (Jo 1.21-27). João responde aos que procuram apoio bíblico para a tese da reencarnação: EU NÃO SOU ELIAS. João era bastante sincero e firme em suas declarações. Se ele realmente tivesse dúvidas ou não soubesse, certamente responderia: EU NÃO SEI SE SOU ELIAS. Ora, um profeta que anuncia a vinda de um Salvador até então desconhecido ("alguém que não conheceis"); que teve a humildade de sair de cena no momento em que Jesus iniciou seu ministério (Jo 3.30); que conhecia a missão que lhe fora confiada, a de preparar os corações para receber as Boas Novas (Is 40.3), um profeta assim cheio do Espírito Santo (Lc 1.15); um profeta que recebeu público reconhecimento de Jesus ("Dentre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista...") (Mt 11.11), um profeta assim só poderia responder com absoluta convicção. Devemos crer nas suas palavras, ou seja, que ele não era nem nunca foi Elias. Poderia parar por aqui, mas vou prosseguir.

Quinto - Por ocasião da transfiguração de Jesus, quando apareceram Moisés e Elias (Mt 17.3) João Batista já havia morrido, pois fora decapitado por ordem de Herodes (Mt 14.10). Ora, João era quem deveria aparecer ali, e não Elias, segundo a tese reencarnacionista. Na questão 150 do Livro dos Espíritos lê-se que a alma "tem um fluído que lhe é próprio, colhido na atmosfera de seu planeta, e que REPRESENTA A APARÊNCIA DE SUA ÚLTIMA REENCARNAÇÃO" (o realce é meu). Então, a última aparência daquela alma, que em determinado momento recebeu um corpo humano e se chamou Elias, seria a de João Batista. O que significa dizer que os próprios "espíritos" de Kardec fazem coro com João Batista: ele não era Elias. Concordo.

Sexto - A teoria da reencarnação fundamenta-se no ciclo "morrer-renascer-morrer", ou seja, sucessivas mortes e sucessivos renascimentos. No monumento sobre o túmulo de Allan Kardec, no cemitério de Pére Lachaise, em Paris, está escrito: "Nascer, morrer, renascer ainda é progredir sempre: esta é a lei". Para um espírito retornar à vida corpórea é preciso que tenha desencarnado, isto é, que o corpo haja descido ao pó, exceção somente admitida no caso da primeira encarnação, no estado em que a alma é "simples e ignorante" - tudo isso conforme a doutrina kardecista. Como Elias não morreu, mas foi trasladado ao céu (2 Rs 2.11), não há como imaginar que ele tenha reencarnado em João Batista. Seria um contra-senso. Alegar que a história da trasladação de Elias não merece crédito, não convence, porquanto o kardecismo usa a Bíblia para justificar suas doutrinas. Seria outro contra-senso.

A Bíblia, a palavra de Deus, é de inspiração divina. Vejamos:

Em primeiro lugar, Allan Kardec reconheceu que Jesus veio em missão divina ensinar uma elevada moral; declarou que Jesus foi a "Segunda Revelação de Deus"; reconheceu que Jesus é um Espírito Puro; espíritas há que afirmam não haver Jesus passado por sucessivas encarnações, como acontece com as demais almas. A Sua evolução teria sido "em linha direta com Deus". Ora, um Espírito com tais virtudes fala sempre a verdade.

Em segundo lugar, Jesus aprovou a Bíblia. Vejamos: Jesus leu a Bíblia (Lc 4.16-20; Is 61.1); Ele ensinou a Bíblia: "E começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27); Ele disse que a Bíblia é a Palavra de Deus: "Invalidais, assim, a Palavra de Deus pela vossa própria tradição..." (Mc 7.13); Ele cumpriu as Escrituras: "...era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lc 18.31; 24.44); Jesus afirmou que a Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17); declarou que Davi falou pelo Espírito Santo (Mc 12.35,36); usou a Bíblia para derrotar o inimigo, no deserto (Dt 6.13.16; 8.3; Mt 4.1-11); no exemplo de o "rico e Lázaro", disse que a leitura da Bíblia é fundamental: "Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos" (Lc 16.29).

Há outros argumentos que provam a inerrância e inspiração divina da Bíblia. Diante do exposto, não podemos duvidar do que está escrito em 2 Reis 2.11: "Indo eles andando e falando, de repente um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro, e Elias subiu não céu num redemoinho".

Segundo a doutrina espírita, somente um espírito desencarnado, ou seja, que se separou do corpo mediante a morte, pode assumir novas vidas corpóreas. Elias não preenchia essas condições. Ele subiu inteiro para o céu. Foi direto para um estado de pureza, sem passar pelas provas das reencarnações. Logo, João Batista não foi uma das encarnações de Elias.C

Parte XXXXIX

ESPIRITISMO E O SOFRIMENTO DE JESUS

O Espiritismo ensina que a encarnação é necessária aos Espíritos como imposição de Deus "para fazê-los chegar à perfeição". Mas para isso, "devem eles passar por todas as vicissitudes da existência corpórea". "Os sofrimentos da vida são, por vezes, conseqüência da imperfeição do Espírito: quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos". (Questões 132 e 133 do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec).

Esse caminhar por vidas corpóreas seria necessário porque "Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem ciência. A cada um deu uma missão, com o fim de esclarecê-los e fazê-los chegar, progressivamente, à perfeição pelo conhecimento da verdade e para aproximá-los de si. Os Espíritos adquirem esses conhecimentos passando por provas que Deus lhes impõe" (Livro dos Espíritos, questão 115).

Os Puros Espíritos fazem parte da classe mais elevada, da primeira classe, e atingiram essa posição porque "percorreram todos os degraus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria, e, tendo atingido a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, NÃO TÊM MAIS QUE PASSAR POR PROVAS OU EXPIAÇÕES. Não mais sujeitos a reencarnação em corpos perecíveis, vivem a vida eterna, que realizam no seio de Deus" (Livro dos Espíritos, questão 113 - o realce é meu).

Kardec disse que a autoridade de Jesus originou-se da "natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina", e que a "lei do Novo Testamento teve sua personificação em Cristo", na qualidade de segunda revelação de Deus (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I-4,6). Jesus "foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos... foi o iniciador "de uma perfeita moral" (Ibidem, cap I-9).

Conforme a visão kardecista, foi dura a caminhada de Jesus até chegar ao seu ponto máximo de perfeição. Até ser considerado um Espírito Puro, teria passado por inúmeras vidas corpóreas.

Foi, quem sabe, escravo de um senhor rude e cruel; trabalhador braçal na construção de castelos reais; uma mulher desamparada ou uma viúva pobre em algum lugar da África. Vencidas essas provas indispensáveis ao seu aperfeiçoamento - e já na condição de Espírito Puro - achou graça diante de Deus, que o escolheu para uma missão divina da mais elevada importância. Então, Jesus não teria vindo para mais uma prova, eis que não havia nele imperfeições a serem removidas, como bem disseram os desencarnados: "A autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua MISSÃO DIVINA" (Ibidem, cap. I-4, Kardec, realce meu). A pureza de Jesus seria de tal forma que Deus o escolhera dentre muitos outros Espíritos Puros, eis que estaria Ele no ponto mais elevado da hierarquia espiritual, tudo segundo a visão kardecista.

Ora, depois de tanto sofrimento, ou melhor, depois de sofrer tantas encarnações para aperfeiçoar-se, nada mais justo da parte de Deus do que premiar esse Espírito, que em determinada etapa chamou-se Jesus, com a sublime missão de dar início à "mais pura e mais sublime moral, da moral evangélico-cristã" (Ibidem, cap. I-9).

Refutação

Todavia, há alguns tropeços no percurso desse raciocínio. Primeiro tropeço é quanto à missão de Jesus, que não veio só para ensinar uma elevada moral. Vejam o que Ele diz no começo do Seu ministério: "O Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração; a pregar liberdade aos cativos; e restauração da vista aos cegos; pôr em liberdade os oprimidos; e anunciar o ano aceitável do Senhor... hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos" (Lucas 4.18,19,21; Isaías 61.1).

O segundo tropeço é quanto às Boas Novas trazidas pelo Senhor Jesus que não se resumiram a questões de ordem moral, como foi soprado pelos desencarnados. O Senhor Jesus operou milagres sem conta; ressuscitou mortos, curou leprosos, cegos, surdos e paralíticos; perdoou pecados; expulsou demônios; acalmou tempestade; andou sobre o mar; multiplicou pães e peixes para alimentar milhares de pessoas. Nenhum desses milagres pôde ou pode ser explicado pelo cientificismo do kardecismo. "E, onde quer que entrava, ou em cidade, ou em aldeias, ou no campo, apresentavam os enfermos nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste, e todos os que lhe tocavam saravam" (Marcos 6.56). "Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem" (João 21.25).

Outra pedra de tropeço são os ensinos de Jesus sobre os assuntos a seguir, para os quais o kardecismo tem ouvidos moucos ou apresenta interpretações equivocadas:

Primeiro, ao dizer "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida, e ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6), o Senhor Jesus coloca por terra a intenção do Espiritismo de ser a "Terceira Revelação de Deus, não tendo a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu" (E.S.E.,cap. I-6). O Cristianismo rejeita os ensinos dos "Espíritos" e reconhece que "toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).

O Ensino de Jesus

Segundo, Jesus ensinou que há dois tipos de homens: os salvos (Mateus 25.31-34) e os perdidos (Mateus 7.13-14; 25.46). Este ensino nocauteia a afirmação kardecista de que "todos os Espíritos tornar-se-ão perfeitos" (Quesito 116 do Livro dos Espíritos).

Terceiro, Jesus ensinou que o perdão de Deus é necessário à salvação do homem (Mateus 6.12; Lucas 23.34). Os "mensageiros do Céu", todavia, ensinam que basta ao Espírito aceitar as provas de múltiplas encarnações, porque somente "submetendo-se à prova de uma nova existência" a alma pode depurar-se (Livro dos Espíritos, questão 166). E as vozes do além arrematam: "Em cada nova existência o Espírito dá um passo na via do progresso. E quando se houver despojado de todas as impurezas, não mais necessitará das provas da vida corpórea" (L.E.,questão 168). E dizem ainda que somente depois da última encarnação é que o Espírito se torna feliz e puro (L.E.,questão 170). Com essas afirmações, Kardec anulou a natureza do perdão de Cristo, e desprezou, também, a eficácia do Seu sacrifício. Segundo esse raciocínio, o ladrão da cruz, perdoado por Jesus, teria ido para o paraíso levando impureza e infelicidade (Lucas 23.43).

Quarto, Jesus ensinou que retornará não mais para trazer Boas Novas, mas para JULGAR. Como resultado desse julgamento muitos irão para o "fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mateus 25.31,32,41,46). Estas declarações são um xeque-mate em algumas teses kardecistas. Ele afirma que voltará. O que virá aqui fazer a "Segunda Revelação" já devidamente substituída pela "Terceira"? Segundo, Ele diz que virá para julgar, e que esse julgamento dar-se-á em determinado momento, esclarecendo que haverá um Juízo Final. Ora, tal ensino não faz parte da literatura kardecista, onde se lê que "todos os Espíritos tendem à perfeição e Deus lhes fornece os meios pelas provas da vida corpórea, mas na sua justiça reserva-lhes, em novas existências, a tarefa de realizar aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova" (L.E., quesito 171). Se admitida a tese defendida pelos "espíritos", o Senhor Jesus adiaria o Juízo para uma data indefinida, e ficaria aguardando o momento em que todos alcançassem a perfeição - o que os espíritas chamam de "uma nova chance". Se fosse assim, não haveria necessidade de Juízo Final, porque com Jesus ou sem Jesus todos caminhariam para um mundo ditoso. O Senhor Jesus também falou em "fogo eterno", ou seja, em castigo eterno num lugar previamente preparado. Ora, o kardecismo, como se sabe, não admite a existência de castigos eternos, pois a justiça da reencarnação estaria no fato de que todos terão oportunidades iguais de limpar suas imperfeições. Seguindo o raciocínio kardecista, quando o Senhor Jesus retornar para julgamento muitos espíritos estarão no meio do caminho rumo à perfeição, fazendo parte da classe dos "levianos", "perturbadores" e "impuros" (L.E. quesitos 102-106). Como ficarão estes? Seriam salvos assim mesmo? Não mais precisariam reencarnar para serem puros? Seria uma exceção à regra da reencarnação? Ou admitem que o Senhor Jesus mentiu ao dizer que retornaria (João 14.3)? Pode mentir Aquele que veio "ensinar aos homens uma elevada moral", como afirmou Kardec? Além do mais o Senhor Jesus falou que o "fogo eterno está preparado para o diabo e seus anjos".

Seriam estes os Espíritos imperfeitos, impuros e levianos que ainda não se aperfeiçoaram, conforme declarou Kardec? O Senhor Jesus arremata: "Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no unigênito Filho de Deus" (João 3.18). Disse mais: "Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno" (Mateus 23.33). Como se vê, a Palavra fala em CONDENAÇÃO, sinônimo de castigo eterno, inferno e Juízo Final. Os "Espíritos" de Kardec não querem nem ouvir falar nisso. Será porque em casa de enforcado ninguém fala em corda? Vejam o que dizem: "Os Espíritos não ficam perpetuamente nas camadas inferiores; todos eles tornar-se-ão perfeitos. Mudam de classe embora devagar" (L.E., questão 116). Pelo visto o Senhor Jesus, quando vier, vai ter que ficar esperando muito tempo. Quem está mentindo: Jesus ou os "desencarnados"?

O Perdão dos Pecados

O Senhor Jesus declarou que tem poder sobre o pecado. "Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados". E pensaram os escribas: "Quem pode perdoar pecados, senão Deus?" Então disse Jesus: "Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados [disse ao paralítico]: A ti te digo, levanta-te toma o teu leito, e vai para tua casa" (Marcos 2.5-12). Ficou claro que o Senhor Jesus pode perdoar e, desculpem-me pelo óbvio, quem recebe o Seu perdão fica realmente perdoado. Mas em qual etapa da tese reencarnacionista entraria a necessidade de perdão? Para que serviria o perdão se a perfeição será alcançada de qualquer modo via novas encarnações, mediante as provas de novas vidas aqui na terra? Com seus pecados perdoados ou não aquele paralítico não iria ser aperfeiçoado? A expressão "Espiritismo Cristão" não estaria portanto mal colocada?

O Sofrimento de Jesus

Outra dificuldade de conciliar Cristianismo e Espiritismo diz respeito ao sofrimento de Jesus. Como vimos, a "natureza excepcional do seu Espírito" e a sua divina missão de ensinar uma elevada moral à humanidade, como definiu Kardec, garantir-lhe-iam, pelo menos, uma vida terrena livre de qualquer sofrimento. Não foi o que aconteceu. Ainda criança, Herodes tentou matá-lo (Mateus 2.13); viveu uma vida sem descanso e sem bens materiais (Mateus 8.20); seus irmãos não criam nEle (João 7.5); foi duramente criticado e perseguido pelos fariseus, que desejavam tirar Sua vida (João 11.53); foi traído por um de seus apóstolos (Mateus 26.16); angustiou-se no Getsêmani, "e o seu suor tornou-se grandes gotas de sangue que corriam até ao chão" (Lucas 22.44); sem justa causa, foi preso e condenado à morte (Lucas 22.54; 23.25); não recebeu o apoio de seus discípulos quando foi preso (Mateus 26.56, 70, 72, 74); foi escarnecido, humilhado, açoitado, cuspido, e recebeu na cabeça uma coroa de espinhos (Mateus 27.26-30); finalmente, foi crucificado. Seu sofrimento na cruz é indescritível (Mateus 27.32-56).

Ora, levando em conta a crença espírita, Jesus teria passado por todos os estágios da escala espiritual até chegar à plena perfeição. Inicialmente "alma simples e sem ciência", Ele teria experimentado muitas lutas e vicissitudes em muitas vidas corpóreas, havendo subido de degrau em degrau na hierarquia espiritual. Já no topo da escada, recebe não mais uma prova, mas uma MISSÃO. Tal dissertação da vida espiritual de Jesus está acorde com a afirmação de um espírita cristão. Quando lhe perguntei se, no entender do kardecismo, Jesus teria sido um homem como outro qualquer, que mediante muitas vidas corpóreas atingiu o mais alto grau de perfeição, ele me respondeu afirmativamente.

Os "espíritos" disseram a Kardec que "para chegar a essa perfeição devem eles passar por todas as vicissitudes da existência corpórea"; que "todos são criados simples e ignorantes..."; que "os sofrimentos da vida são, por vezes, conseqüência da imperfeição do Espírito" porque "QUANTO MENOS IMPERFEIÇÕES, TANTO MENOS TORMENTOS" (realce meu - L.E.,quesitos 132 e 133). Disseram também que os Espíritos Puros, da primeira classe, já "percorreram todos os degraus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, NÃO TÊM MAIS QUE PASSAR POR PROVAS OU EXPIAÇÕES" (realce é meu - L.E., quesito 113).

Se correta essa tese, Jesus não mais precisaria passar por provas. Aliás, um certo "Espírito", a quem Jesus chamou de Satanás, tentou interromper Seus sofrimentos e até ofereceu-Lhe riquezas (Mateus 4.8-11).

Algumas indagações são necessárias: (a) O carma de Jesus não estaria completamente limpo, o que exigiu mais sofrimento? Tal hipótese não se harmoniza com a "natureza excepcional de seu Espírito", nem com a missão divina a Ele confiada (E.S.E., cap I-4). (b) Jesus era realmente um "Espírito Puro", mas por sua livre vontade aceitou e buscou o sofrimento para purificar-se mais ainda? Tal hipótese colide com a declaração kardecista de que os puros estão no último degrau da escala e não mais necessitam de provas.

A Verdade

A verdade é que Jesus não sofreu e não morreu crucificado para "expungir" suas próprias imperfeições. Perfeito como era, não precisou de sacrifícios para limpar Seu carma ou para elevar-se na escala espiritual. "Verdadeiramente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades" (Isaías 53.4-5). Ele veio para "salvar o seu povo dos seus pecados" (Mateus 1.21). Ele é "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1.29), "para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Ele "morreu por nossos pecados"; não morreu na cruz para seu próprio progresso (1 Coríntios 15.3). Ele "se deu a si mesmo por nossos pecados..." (Gálatas 1.4). "Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós... o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano...levando ele mesmo seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro..." (1 Pedro 2.21-24).

A encarnação do Verbo, seu sofrimento e morte, fizeram parte do plano divino para a salvação dos homens. Esse plano começou a ser revelado a partir da queda de Adão, conforme predito em Gênesis 3.15, onde a "semente da mulher" ferirá a cabeça da serpente. Na revelação progressiva, o Messias se apresenta como homem de dores, servo sofredor, traspassado por nossas transgressões, até chegar à Pessoa de Jesus, o Filho, que se entregou à morte expiatória da cruz, "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Jesus não precisava, nem precisa, de infindas reencarnações para atingir plena perfeição, visto que "no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus, e se fez carne, e habitou entre nós" (João 1.1,14). Quanto à glorificação de Cristo, escreveu o apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses:

"...pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz. Pelo que Deus também o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Filipenses 2.6-11).

Estabelecido está mais um conflito entre o Cristianismo e o Espiritismo Cristão. E não citei a ressurreição corporal do Senhor Jesus, cujo corpo físico, se encontrado, seria um troféu nas mãos dos incrédulos que negam a Sua divindade. São dificuldades que colocaram em seu caminho ao tentar estabelecer uma estreita vinculação entre cristãos e espíritas.

CI

Parte CD

O ESPIRITISMO E O ESPÍRITO SANTO

Vejamos o que Allan Kardec disse sobre o Espírito Santo:

"Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito... O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei: ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas... O Espiritismo vem trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra... Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança" (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, itens 3 e 4).

Em resumo, Kardec diz que o Espírito Santo prometido é o Espiritismo que, através de seus "espíritos", estará sempre conosco, consolando-nos e levando-nos ao conhecimento da verdade.

O que diz a Bíblia

Allan Kardec foi infeliz na interpretação acima. O Consolador prometido não pode ser uma religião ou um conjunto de práticas que inclui a comunicação com os mortos. Não pode ser e não é uma instituição orientada por entidades espirituais desconhecidas. O Consolador não são os espíritos do além. Se fosse, o Senhor Jesus certamente diria: - "Enviarei os consoladores, aqueles que estarão sempre convosco, ensinando todas as coisas através de canalizadores que receberão o dom do Pai". Mas Jesus disse:

"E rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (Jo 14.16). A palavra "outro", traduzida do grego "allon", significa "outro da mesma espécie"; e "consolador", do grego "parakletos", tem o sentido de "alguém chamado para ficar ao lado de outro para o ajudar". Se o Consolador é o Espiritismo, os cristãos do mundo inteiro ainda não receberam essa promessa. Para recebê-la seria necessário aderirem ao Espiritismo, receberem os "passes" mediúnicos e se aprofundarem na leitura do Livro dos Espíritos? Em nenhum momento Jesus orientou seus seguidores para que buscassem instrução e consolo junto aos mortos. Ao contrário, Ele ensinou o caminho das Escrituras:

- "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Mt 22.29). "Examinai as Escrituras, porque pensais ter nela a vida eterna. São estas mesmas Escrituras que testificam de mim; contudo não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo 5.39).

Pelo menos, quanto a mim, o Espiritismo não está ao meu lado para me ajudar em nada. O Senhor Jesus afirmou que quando Ele fosse, o Consolador viria (João 16.7). Teria Jesus atrasado o cumprimento de sua promessa por dezenove séculos, considerando-se a época do surgimento do Espiritismo como o conhecemos hoje? Jesus enviaria um espírito-guia para cada pessoa?

Vejamos mais: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14.26). O artigo definido "o" define (desculpe-me pelo óbvio). Logo, o Senhor Jesus, nessa passagem, diz que Espírito Santo e Consolador são a mesma Pessoa. O Senhor Jesus define, nomeia, estabelece, distingue, identifica. Nada nos leva a deduzir que o Consolador seja uma doutrina, um conjunto de doutrinas, uma religião, um ou vários espíritos desencarnados, bons ou maus.

O Consolador é o Espírito de Deus (Mt 3.16); o Espírito da Verdade (Jo 14.17); o Espírito da Profecia (Ap 19.10); Espírito de Vida (Rm 8.32); Espírito de Santidade (Rm 1.4); Espírito de Sabedoria, de Conselho, de Inteligência, de Poder (Is 11.2); Espírito do Senhor (Is 61.1); Espírito do Filho (Gl 4.6); Espírito Eterno (Hb 9.14); Espírito de Juízo (Is 4.4); Espírito de Graça (Zc 12.10). Seus atributos são os mesmos da Divindade: eternidade (Hb 9.14); onipresença (Sl 139.7-10); onipotência (Lc 1.35); onisciência (1 Co 2.10). Identificar o Consolador com o Espiritismo é desejar igualar a criatura ao Criador. Os "espíritos" do Espiritismo são criaturas de Deus e, embora sejam imortais, não são eternos. A eternidade é atributo exclusivo da Divindade. O Consolador prometido é uma Pessoa da Trindade. O Espírito do Senhor é o Espírito do Senhor, e o Espiritismo de Kardec é o Espiritismo de Kardec.

"Naqueles dias veio Jesus de Nazaré, na Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. Logo que saiu da água viu os céus abertos, e o Espírito que, como pomba, descia sobre ele. Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo" (Mc 1.9-11). Aí temos Jesus (o Filho), o Espírito (o Espírito Santo) e a voz dos céus (o Pai). O Espiritismo por acaso teria descido sobre Jesus? O Cristianismo ensina que o Espírito Santo guia, reprova, pensa, fala, intercede, determina, capacita, vivifica, convence do pecado, nomeia e comissiona ministros, e habita com os santos. Logo, o Espírito Santo não é o Espiritismo, nem o Espiritismo é o nosso Consolador.

"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co 3.16). O Espiritismo não habita nos homens. Os crentes não são templos do Espiritismo. Os "espíritos" possuem os corpos daqueles que a eles se entregam e lhes obedecem. O Espírito da Verdade não incorpora em corpos. Os "espíritos de verdade" do Espiritismo, estes sim, possuem os corpos de suas montarias e comandam suas mentes.

Ademais, a Bíblia nos ensina que Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.35); foi ungido pelo Espírito Santo (At 10.38); guiado pelo Espírito Santo (Mt 4.1); foi cheio do Espírito Santo (Lc 4.1). Não se fala aqui em Bons Espíritos, Espíritos Puros ou Espiritismo. Allan Kardec falou de algo que ele desconhecia, porque o mundo não O conhece (Jo 14.17). Os espíritas não podem argüir a insuficiência da Bíblia para a elucidação do caso, dizendo que nela não acreditam, porque Allan Kardec usou-a para admitir que o Consolador prometido é o Espiritismo. E no seu livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Kardec comentou vários textos bíblicos. Logo, a Bíblia deve ser um livro levado muito a sério pelos kardecistas.

O Consolador na Igreja

Quem orienta e consola a Igreja de Cristo não são os mortos. Vejam as seguintes passagens: "Servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13.2). "Passando pela frigia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Quando chegaram à Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu" (At 16.6-7). Quem orienta a Igreja de Cristo é o Espiritismo? É um conjunto de espíritos bons que falam através dos canalizadores?

Espiritismo Cristão

Pode-se admitir a existência de Espiritismo cristão? Podemos concordar com a afirmação de que Cristianismo e Espiritismo ensinam a mesma coisa? A resposta é não. Cristianismo e Espiritismo são incompatíveis. A mediunidade e a reencarnação não pertencem ao Cristianismo. O Cristianismo ensina a salvação em Cristo, o Juízo Final, a Ressurreição coletiva na volta de Jesus, a existência do Diabo, dos anjos decaídos e de um lugar de tormentos eternos. O Cristianismo ensina que o homem morre apenas uma vez (Hb 9.27) e que imediatamente após a morte ele segue para um lugar de paz, se morreu em Cristo, ou para um lugar de tormentos, se morreu sem Cristo. O Espiritismo ensina a reencarnação, ou seja, ilimitadas mortes e renascimentos.

As palavras de Jesus são a verdade. Nenhum espírita pode delas duvidar, porque Kardec disse que Jesus foi a "Segunda Revelação de Deus", e que veio com a missão divina de ensinar uma elevada moral aos homens, a moral evangélico-cristã. O "outro Consolador", de que falou Jesus, encaminha os crentes ao conhecimento das verdades bíblicas, e não às "verdades" espíritas. Vejamos o que mais Jesus disse do Consolador:

"Quando ele viver, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16.8-11).

Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", não se deteve no exame do texto acima. Não me consta que o espiritismo convença alguma pessoa do pecado e a leve ao arrependimento. A tentativa de comunicação com os mortos, praticada pelo Espiritismo, é transgressão da lei de Deus: "Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: "Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso, em favor dos vivos se consultarão os mortos?" (Is 8.19). O Cristianismo ensina que em Cristo recebemos perdão de nossos pecados e não precisaremos morrer várias vezes para atingir a perfeição.

Ao ladrão na cruz, que se mostrou arrependido, Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43). Em contradição, a questão 999 do Livro dos Espíritos, que "contém especialmente a doutrina ou teoria do Espiritismo", ensina: - "O arrependimento sincero durante a vida basta para apagar as faltas e para encontrar graça perante Deus?" Resposta: - "O arrependimento ajuda o Espírito a progredir, mas o passado deve ser expiado". Questão 1002: "Que deve fazer aquele que, em artigo de morte, reconhece suas faltas mas não tem tempo de as reparar? Bastará o arrependimento?" Resposta: - "O arrependimento apressa a reabilitação, MAS NÃO ABSOLVE. Não tem à sua frente o futuro, que jamais se lhe fecha?". Perguntamos: - O ladrão não foi absolvido por Jesus? Ele teria que sofrer milhares de reencarnações, não obstante estivesse morando com Jesus no paraíso? Então qual a diferença entre o ladrão que não se arrependeu e o que se arrependeu? Vê-se que o perdão do Espiritismo é diferente do perdão pregado por Jesus. Finalmente, o Espiritismo não convence o mundo do ato divino da redenção e da vitória do Cristo ressurreto, para derrota do príncipe deste mundo. No Espiritismo o futuro é incerto, "nunca se fecha"; é um caminhar rumo a uma perfeição que nunca chega. Realmente, não há absolvição para os espíritas, como bem disse Kardec.

O "batismo no Espírito Santo" também coloca freios à pretensão kardecista. Lembrem-se de que Allan Kardec disse que Jesus foi a segunda revelação de Deus. Leiam as palavras de Jesus: - "João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (At 1.5). Ora, os vários batismos da espécie que se seguiram, detalhadamente registrados em Atos dos Apóstolos, em nada se assemelham às práticas mediúnicas. Os dons espirituais dados pelo Consolador são de há muito recebidos pelos crentes, muito antes do advento do Espiritismo, e não guardam qualquer semelhança com as práticas de psicografia, adivinhação e evocação de entidades espirituais.

CII

Parte CDI

O ESPIRITISMO E A RESSURREIÇÃO DE JESUS

Espiritismo kardecista e Espiritismo Cristão são a mesma coisa. Difícil mesmo é encontrarmos, nesse sincretismo proposto, algo que possa conciliar Cristianismo e Espiritismo.

Surpreende qualquer um o fato de não haver Allan Kardec feito qualquer menção à ressurreição de Jesus, no seu livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Ora, a ressurreição de Jesus é doutrina fundamental do Cristianismo. Se Ele não tivesse ressurgido dos mortos, então não seria o Messias prometido, e suas palavras não teriam nenhum sentido. Também no Livro dos Espíritos os "espíritos" nada dizem a respeito desse assunto importantíssimo para a comunidade cristã.

Ao contrário, o codificador da doutrina espírita manifesta sua incredulidade quanto à possibilidade de um corpo morto voltar à vida, quando declara que... "a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos" (E.S.E. cap. IV, item 4). Com essas palavras o Espiritismo descarta a possibilidade da ressurreição de Jesus.

O Espiritismo Cristão ou Kardecista deveria aceitar como verdadeiras, por óbvias razões, todas as palavras de Jesus. Quem afirmou isso foi o próprio Kardec ao dizer que Jesus foi a Segunda Revelação de Deus; que Jesus foi um Espírito Puro, que veio à terra com a missão divina de ensinar aos homens. Tais virtudes e títulos colocam Jesus numa condição de insuspeito em tudo aquilo que nos revelou. Então, vejamos o que Jesus e os evangelistas disseram sobre o assunto:

"Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia" (Palavras de Jesus, Mt 26.32).

"Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia" (Palavras do evangelista, Mt 16.21).

"E o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem, e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará" (Palavras de Jesus, Mt 20.19).

"Derribai este templo, e em três dias o levantarei" (Jesus, Jo 2.19). "Quando, pois, ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isso" (Evangelista, Jo 2.22).

"Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos" (Evangelista, Mt 28.6-7).

Além desses registros, dentre outros, que comprovam a predição e o cumprimento da ressurreição de Jesus, outras passagens mostram que Ele falou sobre uma futura ressurreição: "Os que fizeram o bem sairão [dos sepulcros] para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação" (Jo 5.28-29; 6.39-40, 44,54). A Ressurreição coletiva ensinada por Jesus é detalhada por Paulo em 1 Tessalonicenses 4.16: "Os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro"(v.1Co 15.23); e em Apocalipse 20.4-5, 12-13, que corroboram o ensino da ressurreição coletiva, no Juízo. Tais afirmações são sintetizadas em Hebreus 9.27: "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação".

No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI-5, Kardec registrou a palavra de um "espírito", que diz ser Jesus, nos seguintes termos: "Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal... Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! Pois que A MORTE É A RESSURREIÇÃO, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro... Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: (O Espírito de Verdade - Paris, 1860)".

Esse "Jesus" do Espiritismo trouxe uma palavra um tanto diferente do Jesus bíblico. Vejamos:

a) Jesus disse que viria com todos os santos anjos para julgar. Os condenados seriam enviados para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.31,32,41). O "Jesus" de Kardec disse que "meu Pai não quer aniquilar a raça humana". É claro. Deus não deseja a condenação de ninguém, mas fará justiça segundo a Sua palavra.

b) Jesus nos ensinou na história do rico e Lázaro que os mortos não podem ajudar os vivos (Lc 19.19-31). O "Jesus" de Kardec exorta mortos e vivos a uma mútua ajuda.

c) O "Jesus" de Kardec conclama a todos para não mais ouvirem a voz dos profetas e dos apóstolos, e sim a voz.

O Jesus bíblico, pela história de rico e Lázaro, ensina que devemos ouvir Moisés e os profetas, ou seja, a Palavra (Lc 16.29). Já ressurreto, recomendou que o Seu evangelho fosse pregado em todo o mundo (Mt 24.14).

d) O "Jesus" de Kardec declara que a morte é a ressurreição, tentando com isso afirmar que "com a morte do corpo, o Espírito liberta-se para o plano espiritual", o que significaria uma ressurreição. Jesus bíblico afirmou que a verdadeira ressurreição dar-se-á num momento futuro, e não logo após a morte: "Pois vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua [a de Jesus] voz e sairão" (Jo 5.28). Aqui Jesus fala de ressurreição corporal, idêntica à dEle. Ressurreição não é, como entende os espíritas, a libertação do espírito. Assim fosse, cada um teria sua ressurreição individual. Jesus afirmou que haverá um dia determinado para a ressurreição (Jo 5.25; 6.44,54; 1 Ts 4.16-17).

e) O "Jesus" de Kardec falou de dois mandamentos: (a) Os espíritas deverão amar uns aos outros; e (b) todos devem adquirir conhecimento. O Jesus bíblico citou mandamentos diferentes: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento; amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22.37-40).

f) O "Jesus" de Kardec disse que o caminho que conduz ao reino de Deus é "reto e largo". O Jesus da Bíblia disse que "estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida" (Mt 7.14). É evidente que o caminho indicado pelo Espiritismo é largo, folgado, sem dificuldades: sem pecado, sem inferno, sem juízo final, sem necessidade de perdão, todos atingirão a plenitude, o clímax, a perfeição, mediante sucessivas reencarnações.

Os kardecistas, no afã de buscarem na Bíblia passagens que legitimem a crença reencarnacionista, citam Primeira aos Coríntios 15.50: "E agora digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus...". Com isso, tentam convencer de que não pode haver ressurreição corporal. Acontece que fecham a Bíblia muito cedo e não lêem o versículo seguinte em que Paulo diz que "todos seremos transformados". E tudo isso é um mistério como bem diz o autor da epístola. Mas a Bíblia permite-nos avançar um pouco.

A ressurreição é do corpo. Espírito não ressuscita porque tem vida eterna. Ressurgir significa tornar a surgir. Não se pode empregar este termo com relação aos espíritos humanos, que não morrem. Retornando ao mistério, os mortos em Cristo ressuscitarão, porém num corpo transformado; um corpo glorioso, poderoso, espiritual, adequado às regiões celestiais. O corpo será o mesmo que desceu à terra, porém revestido de incorruptibilidade, de imortalidade. Daí haver Paulo dito: "os mortos ressuscitarão incorruptíveis" (1 Co 15.52). São os mortos que ressuscitarão, e não os espíritos. A ressurreição dos crentes será a grande vitória sobre a morte. Assim como Cristo venceu a morte, nós, com Ele, venceremos (1 Co 15.54; Hb 22.14).

Quando a Bíblia fala em ressurreição dos mortos está se referindo à ressurreição corporal destes. Vejam: "Assim também será a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor" (1 Co 15.42-43). Mais uma vez temos aqui a evidência da transformação "dos corpos".

Com relação ao aparecimento corporal de Jesus pós-ressurreição, o Espiritismo atribui o evento à ectoplasmia, ou seja, a capacidade que tem o espírito de materializar-se; e citam como prova Mateus 27.52-53. Nada mais fantasioso do que esse argumento. A passagem apresentada como prova é um prenúncio da ressurreição coletiva dos crentes, quando da vinda de Jesus. Lê-se, ali, que os mortos saíram dos sepulcros logo após a ressurreição de Jesus. Se considerada a hipótese de materializações ou de perispíritos, não haveria necessidade de os corpos reviverem, porque as materializações se processariam independentes do corpo morto.

Outra dificuldade do Espiritismo Cristão ou Kardecista é quanto ao desaparecimento do corpo de Jesus. Onde está Seu corpo? O sepulcro onde O puseram estava fortemente guardado, segundo a Escritura do Novo Testamento (Mt 27.64-66). A ninguém interessava roubar o corpo de Jesus; nem aos seus discípulos, fracos, perseguidos e desanimados; nem aos seus inimigos, temerosos de que o corpo desaparecesse (Mt 27.64).

Entenda-se que a redenção em Jesus não se limita ao espírito recriado. Deus deseja que seu plano de redenção alcance todo o homem, assim compreendido corpo, alma, espírito. Vejam: "E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo Espírito que em nós habita" (Rm 8.11); ..."e também nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm 8.23).A trasladação de Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5) e Elias (2 Rs 2.11) confirma a possibilidade da ressurreição corporal.

O mais sensato, porque verdadeiro, é admitirmos que Jesus ressuscitou corporalmente, apareceu a centenas de pessoas, e virá em glória, segunda vez, para arrebatar a sua Igreja. Nesta ocasião, haverá uma ressurreição coletiva dos santos, segundo a Escritura (1 Ts 4.16-17). No final dos tempos, após o Seu reinado de mil anos, os ímpios também ressuscitarão, coletivamente, para receberem a condenação eterna (Ap 20.5).

CIII

Parte CDII

O ESPIRITISMO KARDECISTA

Segundo a Bíblia Sagrada

O Espiritismo é a seita que mais cresce no Brasil e no Mundo e conta com cerca de 20 milhões de adeptos só no Brasil.

O Espiritismo Kardecista tem como base a reencarnação, a consulta aos mortos e a salvação através unicamente da caridade.

O Espiritismo se denomina a 3ª revelação de Deus que veio completar e explicar a 2ª revelação que é Jesus Cristo, o Messias (a 1ª revelação seria Moisés). Se o Espiritismo é uma revelação que procede de Deus, então ela deve confirmar as duas revelações anteriores e não contradizê-las. Entretanto, quando comparadas, o Espiritismo ensina o oposto do Cristianismo, além de negar a inspiração divina da Bíblia e dizer que ela não é suficientemente clara, contém erros e foi mal interpretada pelos homens.

A seguir, veremos os fundamentos do Espiritismo e o que a Bíblia nos diz a respeito:

COMUNICAÇÃO COM OS MORTOS

O Espiritismo constantemente recorre a textos bíblicos em busca de apoio para essa crença, embora a palavra de Deus proíba essa prática (Dt 18,9-12).

Em 1 Samuel 28,13, a mulher disse: "Vejo um deus que sobe da terra" e no versículo 14 diz: "Entendendo Saul que era Samuel...", mostra que Saul não tinha convicção de quem era. Há três coisas a considerar: (1) Samuel não apareceu. (2) Um espírito de demônio apareceu (2 Co 11,13-14 e 1 Sm 16,23). (3) A mulher usou de fraude e enganou ao Rei Saul.

Mediante o ensino da Bíblia, é inteiramenle impossível a comunicação entre vivos e mortos: Jó 7,9-10; Ec 9,5-6; Lc 16,19-31.

REENCARNAÇÃO

Para o Espiritismo, o objetivo da reencarnação é: "expiação, aprimoramento progressivo da humanidade" e a cada encarnação, o espírito avança para o estágio final. Allan Kardec disse: "O princípio da reencarnação ressalta, aliás, de várias passagens das Escrituras, e se encontra notavelmente formulado de maneira explícita no Evangelho". Além de afirmar que a reencarnação está baseada nos evangelhos, Kardec reitera ser ela a única doutrina que satisfaz à justiça de Deus. O Espiritismo segue o pensamento gnóstico, segundo o qual o corpo é algo essencialmente mau, daí ser o objetivo do espírito libertar-se do ciclo de reencarnações, tornando-se um "espírito puro".

Apontamos alguns textos usados pelo Espiritismo para fundamentar a reencarnação:

Mateus 11,12-15 - usam este texto para dizer que João Batista era reencarnação de Elias. João Batista não era Elias reencarnado pelas seguintes razões:

No monte da transfiguração (Mt 17,1-6), quem apareceu foi Elias e não João Batista, como era de se esperar se João fosse a última encarnação de Elias.

Quando indagaram se ele era Elias, sua resposta foi: "Não" (Jo 1,19-23).

Para que João Batista fosse a reencarnação de Elias, este precisaria ter morrido primeiro. E Elias nunca morreu, pois foi arrebatado vivo ao céu (2 Rs 2,11). Entendemos que João Batista cumpriu funcional e profeticamente o ministério de Elias.

João 3,1-12 - Eles afirmam que neste texto o próprio Jesus ensinou a reencarnação ao falar do novo nascimento. O contexto de João 3,1-12 indica claramente que Jesus estava se referindo a um nascimento espiritual e não físico (v.6). O nascer "de novo", significa "do alto", "de cima", efetuado pelo próprio Espírito Santo (Tt 3,5; 2 Co 5,17).

Jó 1,20-21 e 14,10-14 - Os reencarnacionistas declaram que Jó expressou esperança na reencarnação. Jó não está referindo ao retorno da alma, ou espírito, a um outro corpo, numa outra encarnação, mas sim à descida do corpo à sepultura. A palavra "Ventre" é usado por Jó praticamente para eqüivaler a "terra". Jó não cria na reencarnação; cria que ressuscitaria num corpo imortal. Ele declara esta esperança em Jó 19,24-26.

O que a Bíblia ensina é uma existência única, durante a qual o homem tem oportunidade de acertar-se com Deus (Hb 9,27). O desejo de Deus é que "todos os homens sejam salvos" (2 Tm 2,4). Ele não quer que "nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2 Pe 3,9).

SALVAÇÃO PELAS BOAS OBRAS

Allan Kardec no livro o Evangelho Segundo o Espiritismo afirma: "Meus filhos, na máxima "Fora da caridade não há salvação" estão contidos os destinos dos homens na terra como nos céus". As boas obras nunca salvaram, nem ajudam a salvar. Paulo afirma, em Efésios 2,8-10, que a salvação é pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo, e nele somos criados para as boas obras, a fim de que as pratiquemos.

CONCLUSÃO

O atual avanço do Espiritismo em todo o mundo é um sinal do final dos tempos, pois a Palavra de Deus avisa que nos últimos tempos, muitos darão ouvidos a doutrinas demoníacas (1 Tm 4,1).

Parte CIII

O MOVIMENTO CATÓLICO CARISMÁTICO

Examinado à luz da Bíblia

 I - Introdução Origem E História Do Movimento

Seria correto dizer-se que o texto de Joel 2:28-29 (citado pôr Pedro em Atos 2:16-18) tenha, pôr extensão, atingido os Católicos Romanos?

Muitos entendem que sim, outros dizem que não.

Segundo dados da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Igreja assiste, a cada ano, à evasão de 600 mil fiéis, desestimulados com os rumos do catolicismo. O Movimento carismático foi apontado na própria assembléia geral da CNBB, em abril de 1990, como uma das formas de resistência e combate ao crescimento de movimentos evangélicos.

Os carismáticos estão hoje em mais de 130 países, inclusive no antigo bloco comunista. É incrível o crescimento em nosso país e se firma como arma católica contra os evangélicos..

II - História

Podemos dizer que o Papa Joäo XXIII foi o precursor da Renovação Carismática. O Concílio Vaticano II, foi o início desse movimento, manifestou-se a propósito desse movimento: O Espírito está se movendo em sua igreja hoje, especialmente desde o Concilio Vaticano II. Parece pôr acaso esperar-se maior freqüência dos dons espirituais operando na Igreja? Antes do Concílio, orávamos todos os dias: Renova tuas maravilhas em nossos dias, para que tenhamos um novo Pentecostes.’ Esperávamos que o concílio fosse um acontecimento ‘pentecostal’, um derramamento do Espírito Santo. E foi mesmo.’ Livro Católico Pentecostais (pág.232)

Ressaltam os católicos que o seu movimento carismático não deve ser confundido com o movimento carismáticos das igrejas evangélicas pentecostais: "... não devemos confundir o movimento pentecostal católico com o pentecostalismo denominacional." (Pág. 196)

III - Desenvolvimento

No outono de l966 reuniu-se na Universidade do Duquesne, na cidade de Pittsburgh durante a Convenção Nacional dos Cursilhos, o movimento desencadeado pelo Clero Católico, no sentido de dinamizar as práticas católicas. O mentor espiritual foi Edward O.Connor, escritor dos livros - O Movimento Pentecostal na Igreja Católica", e "Pentecoste e Catolicismo. Seus auxiliares neste trabalho foram Steve Clark e Ralph Martin Keifer. (Pág. 15,17).

Dai o movimento propagou-se nas seguintes escalas:

1967 - Universidade de Notre Dame (1.000 pessoas presentes)

1973 - Oitavo Congresso Internacional sobre Renovação Carismática, com a presença de 30.000 pessoas representando 40 nações.

1 - Em nível internacional:

O Escritório Internacional da RCC (ICCRO) International Catholic Charismatic Office funciona em Roma, Itália.

2 - Em nível de América Latina

Existe também um Escritório Latino Americano para atender a essa região, cuja a sede está na cidade de Bogotá, Colômbia.

IV - Brasil

No Brasil, o movimento carismático teve inicio pôr volta de 1972, com o padre jesuíta Harold J. Rahm e a cidade escolhida foi Campinas. A estratégia de se começar o movimento carismático nessa cidade do Estado de São Paulo se prende ao fato de lá se concentrarem muitos missionários evangélicos Norte Americanos, oferecendo assim ameaça às tradições católicas campineiras. De Campinas o movimento carismático se espalhou para todo o Brasil.

V - Objetivo

O objetivo desse movimento é o ECUMENISMO. E para que esse objetivo fosse alcançado, teve-se em mente atingir de modo específico os evangélicos pentecostais. E isto pôr duas razoes:

Dentre os evangélicos, os pentecostais se demonstravam os mais arredios contra a pretensão de promover o Ecumenismo, proposto pelo Concílio Vaticano II.

O interesse evangelístico do povo pentecostal afastando muitos católicos da sua grei. O crescimento do povo pentecostal no Brasil causava terrível preocupação à liderança católica. Esse movimento carismático tem pois o objetivo de assegurar o católico dentro da sua própria Igreja.

VI - Testemunhos

Agora passemos a examinar os testemunhos encontrados no livro Católicos Pentecostais, e confrontá-los com a Bíblia.

1.) As orações continuariam, porém, em meio a um alegre bate-papo. Um jovem casal permanecia de mãos dadas. Uma moça bebia coca-cola. Um homem oferecia cigarro a alguém. Quando eles, em seguida, iniciaram um cântico que dizia: "...eles saberão que somos cristãos pôr causa do nosso amor ... Senti-me, eu mesma, sendo absorvida pôr aquilo". (Pág. 62)

Comentários: Observemos "Alegre bate-papo", "jovem casal de mãos dada ".

Moça bebendo bebida alcoólica, oferecendo cigarros"... Tudo numa cordial reunião de oração! Isso porventura inspira? Ajuda a comunhão com Deus?

Ainda bem que o livro expõe que o movimento carismático católico nada tem a ver com o movimento carismático evangélico, pois seria escândalo um crente ser encontrado fumando, muito mais numa reunião em que se busca o batismo com o Espírito Santo, estar sendo realizada com pessoas presentes oferecendo cigarros aos demais. (Is. 6:3; Ap. 4:8; I Pd 1:16; Jo 16:8; Gl 5:22,23; II Tm 2:19).

2.) Antes do ofertório da Missa, Tom Bettler, um concluinte de Notre Dame, fez sua profissão de fé e foi oficialmente recebido na Igreja Católica, tendo recebido sua primeira comunhão. Uma razão maior do que todas para celebrarmos!". (pág. 71)

Comentários: Esse é o testemunho de Mary McCarthy, ex-aluna da Universidade de Duquesne. Como se vê com seu recebimento do batismo no Espírito Santo trouxe-lhe um apego muito maior a igreja católica. É sabido que a Igreja Católica ensina não existir salvação fora de sua organização (pág. 41 - Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã, primeira edição, agosto de 1966, Editora Vera Cruz Ltda). En isso é antibiblico (At. 4;12; I Co 3:11; Jo 14:6; Ap 5:9-l0).

3.) É algo muito importante observar que o suposto derramamento do Espírito Santo entre os católicos não os convenceu de abandonarem sua igreja. "Ao contrário renovou seu amor pela igreja e edificou sua vida na comunidade católica" (pág. 73)

Comentários: Como resultado da experiência pentecostal o católico se apega mais a igreja, recita mais o rosário, participa mais da vida sacramental da igreja.

A Bíblia se refere só a duas ordenanças deixadas pôr Jesus: batismo e ceia. São ordenanças simbólicas, sem qualquer poder sobrenatural de comunicar graça especial ( Mt 28:19; Mc 16:15,16; At 8:37; Rm 6:3,4; I Co 11:23-26)

Quem recita o rosário em coro incorre na reprovação de Jesus (Mt 6:5). Aos rezadores de rosário disse Jesus (Mt 15:7-9).

4.) "Somente pelo fato de ser vivificado pelo Espírito Santo é que a Igreja continua a celebrar o mistério pascal d Cristo, em palavra e sacramento, fazendo presente e eficiente em cada geração a plenitude da redenção"(pág. 159)

Comentários: Como se observa, através da igreja católica é que se efetua "a plenitude da redenção" e isto se dá através do sacramento da Eucaristia, que também é conhecido como transubstânciação que é a conversão de toda substância pão no corpo de Jesus Cristo, e de toda a substânciação do vinho, no corpo, sangue alma e divindade de Jesus Cristo. Isto se dá depois da consagração da hóstia.

Quem come do pão e bebe do vinho pensando que se transformaram na pessoa de Jesus e os adora, comete idolatria (Ex 20:3-5). Usar o texto de Jo 6:60,66,68 para tentar provar está heresia não é valido, pois a obra de Deus está em Jo 6:29. Jesus não entra no aparelho digestivo, mas no coração.

5.) Testemunho de Mary McCarthy - "Em seguida tornei-me envolvida de maneira mais dinâmica, na liturgia. A assistência diária à missa tornou-se minha maneira de viver. Através da Missa recebo a força de que necessito para testemunhar de Cristo e seus ensinamentos"(pág. 44,45). "... Sem nenhuma emoção que acompanhasse o acontecimento, mas com grande calor no corpo e uma grande segurança, convidei todos os presentes para acompanharem no Magnificat" (pág. 121)

Comentários: Missa é a repetição do sacrifício de Cristo realizado na cruz apenas com uma pequena diferença sem derramamento de sangue.

Missa é inteiramente inútil, diante do que está escrito em Hb 10:14. Não é sacrifico porque Jesus ressuscitado não pode tornar a morrer (Rm 6:9; Hb 9:22,28). O sacrifício de Cristo foi de uma vez para sempre (Hb9:212,24-28;10:10,12,14; Fp 2:8,9; At 2:33-36).

O Magnificat está registrado na Bíblia em Lc 1:39-42, mediante isso a igreja acrescentou algumas coisas:

1 - Maria mãe de Deus

Jesus é Deus feito carne (Jo 1:1,14) - A virgem Maria foi escolhida para ser a mãe da natureza humana de Cristo. Ela foi mãe de seu corpo físico, porem não podia ser mãe de sua Deidade, Cristo a segunda pessoa da Trindade, é eterno (Is 9:6; Mq 5:2; Hb 1:10-12; 13:8), sempre existiu como Deus (Cl 1:16; Jo 8:56-58).

2 - Maria Advogada

A igreja católica apresenta Maria como medianeira da humanidade. Na Ave Maria rezam: Santa Maria, mãe de Deus, rogai pôr nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.

Três motivos para nos dirigirmos a Cristo e não a Maria:

a) é antibíblico - Cristo é o único mediador (I Tm 2:5);

b) é inútil - Cristo ensinou que Maria não tinha mais direitos ou privilégios do que qualquer pessoa que cresse nEle (Mt 12:46-50; Lc 11:27-28; Mc 3:31-35)

c) é desnecessário - pôr que fazer rodeios quando temos o convite de ir diretamente a Cristo (Hb 4:15,16)

6 - Testemunho de Bert Chezzi - "As devoções naturais, como a de Maria, pior exemplo, tornaram-se mais significativas (e eu era um dos que colocavam Maria completamente fora de cena, anos atrás" (pág. 114,115).

Comentários: Pôr devoção à Maria, são recomendadas:

a) Honra especial com o culto de hiperdulia;

b) Reza do Santo Rosário

A teoria de que à Maria se preste um tipo de culto inferior que ao prestado a Deus é inútil na prática, pois o adorador comum não tem capacidade de fazer distinção de cultos, como também ele não sabe qual a distinção existe. Assim ela é considerada como uma espécie de quarta pessoa da Trindade, embora os católicos afirmem crer na Trindade.

7 - Bert Chezzi continua seu testemunho dizendo: "Especialmente a vida sacramental da Igreja tem se tornado mais significativa, particularmente o sacramento da Penitência, que ambos usamos agora com muito mais resultado e frutos do que nunca. " (pág. 114)

Comentários: O sacramento da penitência também conhecido como da Confissão é mencionado no Terceiro Catecismo - pág. 126,127, é um meio de obter o perdão de pecados cometidos depois do batismo. E para que isto se efetue, torna-se necessário confessar os pecados ao sacerdote

O rei Davi tendo pecado, dirigiu-se a Deus (Sl 51:1; I Jo 1:9) As Escrituras falam de arrependimento para que haja perdão (Sl 32:5; Is 43:25; Mt 6:6-12; Lc 7:48; Jo 8:11; At 8:22; 10:42,43; II Co 5:18-20).

Onde o pecado é perdoado não pode mais haver pena a cumprir (Hb 10:17,18).

Conclusão: A vista do exposto, toda pessoa que agir em desacordo com os ensinamentos de Cristo, tendo práticas religiosas completamente estranhas e condenadas pela Bíblia, estão em sério perigo de condenação, pois não podemos seguir a Cristo no pecado de idolatria, mas uma prova de conversão é uma vida que se inicia no momento em que se crê (II Co 5:17).

Não podemos nos esquecer das advertências de Jesus em Mt 7:15-23. As obras, é verdade não produzem salvação. Mas a salvação produz boas obras. Ler II Co 6:14-18.

Parte CIV

POBREZA É COISA DO DIABO OU FALTA DE FÉ?

Pobre é aquele “que não tem o necessário à vida; sem dinheiro ou meios” (Dicionário Aurélio). “Pobreza – A lei judaica era cuidadosa acerca dos pobres. Eles tinham direito de apanhar aquém e além o que se deixava ficar no campo depois da ceifa, ou depois da vindima, ou depois da colheita de azeitonas (Lv 19.9,10. Dt 24.19,21; Rt 2.2). No ano sabático eram os pobres autorizados a ter parte nas novidades (Êx 23.11; Lv 25.6); e se eles tinham vendido alguma porção da sua terra, ou tinham cedido a sua liberdade pessoal, tudo isso lhes devia ser restaurado no ano do Jubileu (Lv 25.26 e seg.; Dt 15.12 e seg.). Além disso, eram protegidos contra a usura (Lv 25.35, 37; Dt 15.7,8; 24.10 a 13); recebiam uma porção de dízimos (Dt 26.12.13); e ainda sob outros pontos de vista tinha de ser considerada a sua situação (Lv 19.13; Dt 16.11,14)” (Dic. Bíblico Universal – Buckland).

A lei mosaica não considerava a pobreza uma falta de fé ou uma obra demoníaca. Os israelitas amparavam os pobres: “Não fecharás a mão ao teu irmão pobre” (Dt 15.7). Notem que existiam pobres que, apesar dessa condição, eram chamados de irmãos. Deus não garantiu que todos os justos seriam ricos, pelo contrário: “Nunca deixará de haver pobres na terra. Portanto eu te ordeno: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na terra” (Dt 15.11). Com base nessa palavra, os filhos da teologia da prosperidade deveriam lançar uma campanha nacional em favor dos irmãos pobres, e destinar parte do dízimo para esse fim, utilizando a mesma energia com que usam o Antigo Testamento (Malaquias 3.10) para arrecadar dinheiro. O apóstolo Paulo deixou o exemplo: “Pois pareceu bem a Macedônia e a Acaia fazer uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles” (Rm 15.26-27). Fala-se em ajuda e não em falta de fé.

Jesus teve a mesma postura com relação aos pobres. O auxílio aos pobres foi por Ele usado como um dos requisitos à salvação do jovem rico (Mt 19.21); repetiu a profecia do Pentateuco: “Sempre tereis convosco os pobres” (Mt 26.11), elogiou uma “viúva pobre” que fez uma oferta pequena, mas de bom coração (Mc 12.43) e nunca expulsou um espírito de pobreza. Em nenhum momento, em toda a Bíblia, há qualquer indício de que a pobreza é conseqüência direta da falta de fé. Jesus curou muitos pobres, pregou as boas novas para milhares de necessitados, mas nunca ensinou que a riqueza provém da fé. Agora, vejam o contraste nas palavras dos mestres da confissão positiva:

“Não somente a ansiedade é um pecado, mas também o ser pobre, quando Deus promete a prosperidade” (Robert Tilton, citado por Hank Hanegraafff, “Cristianismo em Crise”, p.200). Para Tilton, o pobre é um miserável pecador.

“O diabo é que impede o dinheiro de chegar a você...”. “A doença e a enfermidade procedem de Satanás...” (Kenneth Hagin, citado por John Ankerberg e John Weldon, em Os Fatos sobre o Movimento da Fé). “Não ore mais por dinheiro...Exija tudo o que precisar. Deus quer que seus filhos usem a melhor roupa. Ele quer que dirijam os melhores carros e quer que eles tenham o melhor de tudo...simplesmente exija o que você precisa” (Kenneth Hagin, citado por Paulo Romeiro, em Supercrentes, 9a edição, 2001, p. 43). Quão longe estão estas palavras do evangelho do arrependimento, do perdão, do caminho estreito, do carregar a cruz, da humildade!

“Você quer prosperar? O dinheiro vai cair sobre você da esquerda, da direita e do centro. Deus começará a fazê-lo prosperar, pois o dinheiro sempre se segue à retidão... Diga comigo: Tudo que eu possa desejar já está em mim” (Benny Hinn, citado por John Ankerberg). Os seguidores desses “heróis da fé” ficam sabendo que a vida cristã é um mar de rosas. É só fazer o sacrifício pecuniário e dinheiro vai chover do céu. Jesus disse que os que quisessem segui-lo deveriam carregar sua cruz. Seria carregar uma cruz recheada de dinheiro?

Papas da prosperidade

Ao dizer que pobreza é do diabo, as estrelas da teologia da prosperidade fazem ouvidos moucos às palavras de Paulo: “Menosprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo” (1 Co 11.22). Nas igrejas onde a pobreza é conseqüência de falta de fé, os pobres são envergonhados e os ricos exaltados. Estes, porque são mais generosos nas ofertas, recebem uma oração especial, específica e demorada. Os gurus exigem das ovelhas ofertas cada vez maiores para que possam – eles ou elas? – receber bênçãos cada vez maiores. Quando o pobre ofertante continua pobre; quando o aposentado, a professora e o operário continuam ano após ano recebendo o mesmo salário, sem perspectiva de melhora, os arautos chegam à mais perversa das conclusões: falta de fé ou espírito maligno. A solução é se submeterem a novos sacrifícios, sempre em dinheiro. Se cem, duzentos ou trezentos ficam desiludidos e se libertam desse ciclo vicioso, não há problema: outros, em maior número, tomam seus lugares e a arrecadação continua crescendo. Diante dessa situação de crise por que passa o Cristianismo, muito bem se expressou Hank Hanegraaff:

“A coragem de Lutero estabeleceu uma poderosa reforma que expôs todas as chantagens e extorsões que grassavam naqueles dias de trevas. Atualmente, uma nova reforma é urgentemente necessária. A pilhagem dos pobres, santificada pelas bulas papais dos anos passados, é estranhamente similar, hoje, aos apelos duma nova geração de “papas da prosperidade”. Tetzel espoliava os pobres de seus dias prometendo-lhes libertação do purgatório. Os falsos mestres da atualidade estão engrupindo toda uma geração com promessas de liberdade da pobreza e prosperidade” (Cristianismo em Crise, p.211).

Os arautos dessa doutrina ensinam que os cristãos devem ser ricos, buscar a riqueza, exigir de Deus a riqueza. Em contraste, a Palavra aconselha:

“Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos levar dele; tendo, porém, sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Os que querem ficar ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.7-10).

A Bíblia diz que Deus escolheu os pobres para serem ricos na fé e herdeiros do Reino (Tg 2.5). Eis a prova de que pobreza não é falta de fé. Os pobres, não tendo bens para neles depositar sua confiança, depositam-na exclusivamente no Senhor.

Jesus nasceu em um lar pobre. A oferta de um par de rolas ou dois pombinhos, quando da apresentação do menino ao Senhor, em Jerusalém (Lc 2.24), indica que José e Maria eram pobres, pois assim dizia a lei: “Se os seus recursos não forem suficientes para um cordeiro, então tomará duas rolas ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a oferta pelo pecado” (Lv 12.8). Tal fato significa dizer que todos devemos ser pobres? Não. Significa que José e Maria não tinham fé suficiente? Que estavam sendo atormentados por um espírito maligno?

Inadmissível.

Pedro não tinha “nem ouro nem prata” para dar ao mendigo, mas tinha algo muito mais valioso, que era fé em Jesus Cristo, o Nazareno (At 3.6). Se o modismo da confissão positiva existisse no tempo de Paulo, ele seria considerado um fracassado na fé, ou possuído pelo demônio da pobreza. Contrariando a teologia da prosperidade e sem medo de ser chamado de incrédulo, declarou que passou fome, sede, frio e nudez, situação em que os crentes da prosperidade não querem nem ouvir falar (2 Co 11.27). Além disso teve a ousadia de dizer que sentia prazer nas fraquezas e nas necessidades, “pois quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.10). Nos dias de hoje, se algum filho da confissão positiva fizer declaração semelhante será aconselhado a fazer uma série de sacrifícios pecuniários e a submeter-se a uma sessão de libertação.

Em substituição à teologia da prosperidade não podemos pregar a teologia da pobreza. Mas podemos dizer com segurança que a riqueza não deve ser a meta principal do crente. Devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). Se a riqueza vier, que seja para glória de Deus; se não, estejamos contentes e conformados com o que temos, confiantes em que Deus suprirá nossas necessidades (1 Tm 6.8; cf. Mt 6.25,31,34).

Pontos de contato

Quase todos os desvios doutrinários apresentados no Brasil pelos representantes da teologia da prosperidade são copiados dos gurus norte-americanos. A estratégia do “ponto de contato” (figas, cordões, lenços e lençóis, cajados, água benta, etc) assemelha-se à tática usada por Robert Tilton para aumentar o saldo de sua conta bancária. Vejam sua tática: “Envie-me seu pano verde de oração como meu ponto de contato com você!... Quando eu tocar em seu pano será como se estivesse tocando em você!... Quando você tocar nesse pano, será como pegar minha mão e tocar-me. Quero que a unção que Deus pôs sobre a minha vida, em favor de milagres financeiros e de prosperidade fluam diretamente da minha mão para a sua... Então você reinará na vida como um rei”.

Esses mestres dizem possuir unção para dar e vender, mais para vender do que para dar. Desejam igualar-se Àquele que disse: “Alguém me tocou; senti que de mim saiu poder” (Lc 8.46).

A idéia é fixar na mente das ovelhas a necessidade de serem ricas, de ajuntarem tesouros aqui na terra, como meio de serem felizes. A felicidade em Cristo, todavia, não advém do ter, mas do ser.

Parte CV

O PURGATÓRIO E O SANGUE DE JESUS

 Nenhuma doutrina ou tradição pode subsistir sem o respaldo da inerrante Palavra de Deus. O discurso do Purgatório parece haver perdido nos últimos tempos seu colorido, sua preferência no púlpito romano. Todavia, esse esdrúxulo ensino está vigente, como veremos a seguir na palavra oficial do Vaticano:

* "Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura (1 Coríntios 3.15), a tradição da Igreja fala de um fogo purificador. No que concerne a certas faltas leves, deve se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mateus 12.32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro. Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu] mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2 Macabeus 12.46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos: Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1.5), por que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles" (Catecismo da Igreja Católica, pg. 290).

O presente estudo objetiva dirimir dúvidas dos recém-convertidos ao Senhor Jesus, os quais, provindos da Igreja de Roma, ficam, certamente, a meditar na conveniência ou não de orar ou oferecer qualquer tipo de sacrifício em favor de seus familiares falecidos. Sem o propósito de fazer proselitismo, serve também à reflexão dos romanos, principalmente dos que, por falta de recursos financeiros ou por esquecimento, não providenciaram a celebração de praxe, com vistas a socorrer as almas sofredoras.

ANÁLISE DO DOGMA

* Lemos acima os argumentos apresentados pelo catolicismo em defesa do dogma do Purgatório. A Igreja de Roma admite que, "embora tenham garantida sua salvação eterna" passam por uma purificação aqueles que "não estão completamente purificados". A essência desse dogma está definida nessas palavras: a salvação está garantida, mas os crentes em Jesus, responsáveis por "faltas leves", precisam sofrer algum tipo de ajuste. Noutras palavras, estão salvos do fogo eterno, mas não salvos do fogo do purgatório. O Dicionário Aurélio assim define o Purgatório: "Lugar de purificação das almas dos justos antes de admitidas na bem-aventurança". A Igreja de Roma cita três textos bíblicos na exposição do seu dogma: 1 Coríntios 3.15; Mateus 12.32, e 2 Macabeus 12.46. Analisemos:

* 1 Coríntios 3.15:"Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo". Nem no texto, nem no contexto, tal passagem sugere a existência do purgatório. Se a obra de algum obreiro não passar conveniente pela justa avaliação de Deus, tal obra será considerada queimada, insuficiente, indigna. Em razão disso, o obreiro negligente, sofrerá perdas (vergonha, perda de galardão, perda de glória e de honra diante de Deus) por ocasião do tribunal de Cristo (Romanos 14.10; 1 João 4.17; Hebreus 10.30b). Vejam: "A obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta" (1 Coríntios 3.13). A expressão "todavia como pelo fogo" pode ser entendida como escapando por um triz, escapando com perdas e danos, tal como se escapa de uma casa pegando fogo. Note-se: "como pelo fogo", ou seja: de forma semelhante a quem escapa do fogo. O ministério vai abaixo porque não suportou o fogo da Palavra; a obra se perde, não prospera, "mas o tal será salvo". Nada que indique que iremos para o fogo.

* Mateus 12.32: "E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro"(ARC). Na tradução Revista Atualizado (RA) diz "... nem neste mundo nem no porvir". Na Bíblia Linguagem de Hoje: "... nem agora nem no futuro". A Igreja de Roma vê aqui a possibilidade de pecados serem perdoados após a morte, e se vale de 2 Macabeus 12.46, que sugere expiação pelos mortos. O versículo nos diz que rejeitar de forma contínua e deliberada a salvação que Cristo nos oferece, pelo testemunho do Espírito Santo, resulta numa situação irreparável. O versículo enfatiza que blasfêmia contra o Espírito Santo nunca será perdoada, em nenhuma época. Marcos 3.28 esclarece melhor: "Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda sorte de blasfêmias, com que blasfemarem. Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo". Nada indica sobre a possibilidade de, no Purgatório, as almas serem perdoadas. Ademais, o texto fala que TODOS OS PECADOS serão perdoados (qualquer tipo de pecado), não havendo chance de os arrependidos levarem consigo "faltas leves" para serem queimadas.

* 2 Macabeu 12.46: "É logo um santo e saudável pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados"((Bíblia, edição católico-romana, tradução do padre Antônio Pereira de Figueiredo, 1964). Macabeu e mais seis livros e quatro acréscimos apócrifos (não genuíno, espúrio) foram aprovados em 18 de abril de 1546 pela Igreja Romana, depois de acirrados debates, "para combater o movimento da reforma Protestante", pois esses livros sem valor doutrinário davam sustentação à idéia do Purgatório, da oração pelos mortos e da salvação mediante obras. Macabeu, como os demais apócrifos, nunca foi citado por Jesus, nem por qualquer livro canônico. Como diz Antonio Gilberto, "a aprovação dos apócrifos pela Igreja Romana foi uma intromissão dos católicos em assuntos judaicos, porque, quanto ao cânon do Antigo Testamento, o direito é dos judeus e não de outros. Além disso, o cânon do Antigo Testamento estava completo e fixado há muitos séculos". Noutras palavras, o livro de Macabeu não é considerado de inspiração divina, não servindo, portanto, para o conhecimento da verdade e crescimento espiritual. Ademais, os apócrifos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, período em que cessou a revelação de Deus.

* O dogma do Purgatório não explica com nitidez qual o objetivo das rezas em favor das almas em estado de purificação. Ora, se houvesse Deus estabelecido um período para purificação dos que cometeram "faltas "leves" (o que podemos entender por "faltas leves? Quais?), antes de ingressarem no Céu, vale dizer que esse estágio seria pra valer e deveria ser totalmente cumprido. Se não cumprido, se não cumprida a etapa, não haveria expiação nem purificação. Se a intenção é abreviar a permanência da alma no estágio ou amenizar seu sofrimento, a atitude, embora com as melhores intenções, estaria contrariando os planos divinos e dificultando, quem sabe, a rápida recuperação das almas ali confinadas. Raciocínio idêntico se aplica à situação dos espíritos desencarnados que, segundo ensino kardecista, necessitam viver outras vidas e morrer outras mortes para obterem purificação. Assim, não se deveria amenizar ou suspender o sofrimento desses espíritos porque estaríamos interrompendo o processo de sua purificação.

* De outra parte, a intercessão dos vivos em favor das almas no Purgatório não objetiva abrir-lhes as portas do céu, porque, como o próprio dogma define, a salvação delas está garantida. Ora, se estão salvas, estão na paz do Senhor. Se a passagem pelo fogo é indispensável, o Purgatório não é uma maldição, mas uma bênção. O Purgatório seria a porta de entrada do céu, a sala de espera. O Purgatório seria certeza de salvação! O dogma diz isso. Então, fica a pergunta: faz alguma diferença rezar ou não rezar pelos entes queridos que padecem no Purgatório? Com reza ou sem reza não irão para o céu? Com ou sem reza, esmolas, penitências ou velas não estão salvos? Tem algum cabimento orarmos por almas que já estão com passagem comprada para o céu? Os fiéis economizariam milhões de dólares diariamente se as rezas do sétimo dia fossem suspensas.

* A Igreja Romana diz: "No que concerne a certas faltas leves, deve se crer que existe antes do juízo um fogo purificador". Perguntamos qual o juízo a que está sujeito o salvo? Os salvos comparecerão ao tribunal de Cristo (Romanos 14.10), após o arrebatamento da Sua Igreja, para avaliação/julgamento de nossas boas obras (Efésios 6.8), atos (Marcos 4.22). "Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas (Hebreus 4.13).

* Ainda que admitida a hipótese de que a Igreja de Roma esteja se referindo ao tribunal de Cristo (2 Coríntios 5.10), ficam mais frágeis os argumentos em defesa do Purgatório diante da seguinte situação: Cristo virá "arrebatar" a Igreja (1 Tessalonicenses 4.16-17); os salvos irão se encontrar com Cristo, irão diretamente para o céu; os que forem arrebatados não passarão por nenhum estágio, por nenhuma purificação, por nenhum fogo purificador. Vejam: "Depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles [os mortos em Cristo] nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4.17). A Bíblia não fala da existência de qualquer estágio entre o arrebatamento e o céu. Pergunta-se: Por que esses serão arrebatados sem a obrigação de passar pelo fogo, enquanto os mortos em todos os séculos passam, necessariamente, pelo estágio da purificação, segundo a crença romanista? Dois pesos e duas medidas no plano de Deus?

O QUE DIZ A BÍBLIA SAGRADA

* "Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito" (Romanos 8.1). O apóstolo Paulo aqui nos fala da vitória sobre o pecado. O Espírito Santo que em nós habita nos liberta do poder do pecado. Quem anda em pecado não está liberto; não experimentou o novo nascimento, não se converteu; continua andando conforme o mundo. Para estes não há Purgatório que dê jeito. Para se libertar precisa conhecer a Verdade, e a Verdade é Jesus Cristo (João 8.32, 36). Para quem morre em Cristo não será condenado a estagiar no sofrimento do Purgatório.

* "Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1.7). "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1.9). Se estivermos em Cristo, na fé e na obediência, não sobram pecados "leves" para nos levar ao fogo do Purgatório. O sangue de Jesus nos purifica de TODO pecado, de qualquer pecado. TODOS os pecados ser-nos-ão perdoados.

* "Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no unigênito Filho de Deus" (Palavras de Jesus, João 3.18). Quem ama, crê e obedece a Jesus não será condenado ao fogo purificador.

* "Em verdade vos digo que hoje estarás comigo no Paraíso" (Lucas 23.43). Esta foi a resposta que Jesus deu ao ladrão que se mostrou arrependido e clamou por salvação. Ora, aquele ladrão com certeza carregava o peso de muitos pecados, pecados leves e pesados. Se houvesse um estágio, como um terminal rodoviário em que os passageiros ficassem a espera de prosseguir a viagem, a resposta de Jesus talvez fosse diferente. A entrada daquele recém-convertido no céu estaria condicionada a uma temporada no Purgatório. Não foi assim porque não há condenação para os que morrem em Cristo Jesus.

* Jesus contou a história de um homem que era rico, e de outro, chamado Lázaro, que era pobre. O homem rico morreu e foi para um lugar de tormentos. Lázaro, pobre e temente a Deus, foi para o Seio de Abraão (Paraíso), e não para o Purgatório. Se naquela época existisse o dogma do Purgatório, e por Lázaro seus familiares tivessem rezado, seria o mesmo que chover no molhado. Por outro lado, Abraão não esboçou qualquer possibilidade de mudar a situação do rico. Indagado, Abraão disse que os irmãos do rico poderiam livrar-se do tormento se dessem ouvidos a Moisés e aos Profetas, ou seja, se dessem crédito à Palavra de Deus iriam para o Paraíso, viver na Paz do Senhor; iriam para o mesmo lugar onde estava Lázaro. Não se fala em Purgatório (Lucas 16.20-31).

* "Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor" (Filipenses 1.23; 2 Coríntios 5.8). Paulo foi um severo e cruel perseguidor de cristãos. Ao encontrar-se com ele, Jesus perguntou: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" E adiante: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (Atos 9.1-8). Esse homem teria razões de sobra para imaginar que, antes de estar com Cristo, passaria por um fogo purificador, e bota fogo nisso. O apóstolo Paulo nem desconfiava que cinco séculos mais tarde a Igreja Romana iniciaria o ensino do dogma do Purgatório!

* "Sou o que apago as tuas transgressões e de teus pecados não mais me lembro" (Isaías 43.25). "Ainda que vossos pecados sejam vermelhos como o carmesim se tornarão brancos com a lã" (Isaías 1.18). Se Deus mandasse alguém para o fogo purificador estaria se lembrando dos pecados que foram perdoados. Deus estaria indo de encontro à sua Palavra Ora, se Ele perdoa os pecados mais pesados ("vermelhos como carmesim"), não perdoaria os mais leves? Deus passa uma esponja no quadro negro de nossos pecados, quando buscamos a Sua face com sincero arrependimento. Deus apaga as nossas transgressões. Apagar significa extinguir. Não há como, portanto, carregarmos faltas leves após morrermos em Cristo Jesus. O perdão de Deus não é condicional.

* "Perdoa-nos as nossas dívidas" (Mateus 6.12). A oração do Pai Nosso foi ensinada por Jesus. Deus perdoaria, mas ficaríamos devendo? Não oramos a um Deus surdo, mudo e paralítico. Oramos a Deus Todo-poderoso, que ouve, vê, sente, ama, cura, perdoa e salva. E vejam o que Ele afirmou: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e PERDOAREI OS SEUS PECADOS, e sararei a sua terra"(2 Crônicas 7.14).

* "Pois pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é Dom de Deus" (Efésios 2.8) "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 6.23). Dar-se-ia o caso de Deus prometer vida eterna como um dom gratuito, mas depois exigir alguma espécie de pagamento? Se temos a fé em Cristo, temos a graça e a salvação. Junto viria o Purgatório? Ora, o sacrifício de Jesus foi exatamente para levar consigo nossas dores, pecados e sofrimentos. A Sua morte expiatória nos proporcionou vida eterna. Jesus nos prometeu "vida com abundância" (João 10.10), isto é, vida plena de paz; vida com certeza da salvação; uma vida que anseia encontrar-se com Ele. Uma vida cheia de incertezas, de lembranças do fogo purificador; uma vida que sabe da existência de um sofrimento no além, não é uma vida abundante.

* "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres" (João 8.36). Estaríamos livres apenas dos pecados maiores, mas não totalmente livres das faltas leves? E por essas leves faltas iríamos para o fogo do Purgatório? Verdadeiramente livres da escravidão do pecado, porém não livres das labaredas purificadoras? É evidente que os salvos não sofrerão as penas do Purgatório. Jesus sofreu esse "Purgatório" por nós; carregou sobre si as nossas dores, sofreu nossos sofrimentos, "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). O diabo adoraria ver um filho de Deus no fogo brando do Purgatório!

* "Mas este [Jesus], havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus" (Hebreus 10.12). O sacrifício de Jesus foi único e suficiente para nos conceder graça, perdão, justificação e salvação. Nada mais precisamos fazer. O pecado foi vencido no Calvário, e "em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou" (Romanos 8.37).

É importante registrar que à página 351 do seu Catecismo a Igreja de Roma declara que "pelo Batismo todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado. Com efeito, naqueles que foram regenerados não resta nada que os impeça de entrar no Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as seqüelas do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus". E adiante declara: "O Batismo não somente purifica todos os pecados, mas também faz do neófito uma criatura nova..." Com relação às criancinhas fica difícil imaginar que já carreguem pecados pessoais. Mas o que desejamos dizer é que, na doutrina do batismo, a Igreja de Roma concorda que Deus perdoa TODOS os pecados, e as penas resultantes. Já na doutrina do Purgatório os pecados não são totalmente perdoados. Uma incongruência!

Como vimos, o dogma do Purgatório não encontra qualquer amparo nas Sagradas Escrituras. Se Deus não criou o Purgatório, quem o inventou? Eis a resposta: "A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento" (Igreja de Roma, Catecismo, pg. 290). Então, o lugar chamado Purgatório foi invenção de homens. "SEMPRE SEJA DEUS VERDADEIRO, E TODO HOMEM MENTIROSO" (Romanos 3.4). Ainda bem que Jesus derramou seu sangue por nós, e o Seu sangue nos lava e purifica de todo pecado.

Parte CVI

OS EXTERMINADORES DE ALMAS

 Há certos grupos religiosos que ensinam o aniquilacionismo, doutrina que desconsidera o castigo eterno reservado aos ímpios. Segundo eles, nenhum espírito humano sofrerá eternamente, nem mesmo o diabo. Em suma, os justos, pela ressurreição, alcançarão a vida eterna, e assim viverão eternamente com Deus; e os injustos serão eliminados. Para estes, pena capital; para aqueles, vida plena para todo o sempre.

Em outras palavras, a doutrina aniquilacionista defende cessação total da vida no ato da morte. A alma, princípio vital, sucumbe com o corpo na sepultura. Ao descer ao pó, o homem desaparece por completo. Todavia, segundo essa teoria, os justos ressuscitarão no tempo oportuno e voltarão à condição original de alma vivente (v. nosso estudo “Reflexões sobre a Imortalidade da Alma”.

Todavia, a doutrina do extermínio fica em situação de desvantagem quando examinada à luz da Palavra de Deus, pelos motivos a seguir.

Primeiro, na parábola do rico e Lázaro (Lc 16.19-31), Jesus ensinou que os ímpios, logo após a morte (separação alma-corpo) ficam em lugar de tormentos. Ora, se os ímpios são exterminados, por que conservar suas almas num lugar de sofrimento? Não seria o caso de exterminá-los logo? Por que manter em tormentos o rico, se seria eliminado?

Segundo, o lago de fogo não é uma espécie de matadouro, um lugar de extermínio. É um lugar de vergonha, desprezo, angústia, tristeza por que passarão os que lá estiverem, pelos séculos dos séculos. A mesma expressão grega usada em Apocalipse 20.10, “serão atormentados para eis tous aiõnas ton aiõnõn-todo o sempre”, é usada em Hebreus 1.8, referindo-se à duração do trono de Deus, eterno no sentido de interminável; em 1 Pedro 4.11, concernente à Sua glória e domínio para sempre; em Apocalipse 1.8, sobre a eternidade do Cordeiro. Acompanhem a seguinte seqüência de eventos e comprovem que a “segunda morte” não é uma aniquilação, mas um estado eterno de separação de Deus:

Apocalipse 19.20 - A besta e o falso profeta são lançados vivos no lago de fogo.

Apocalipse 20.2 – Satanás é amarrado por mil anos.

Apocalipse 20.5 – Os outros mortos reviveram após os mil anos.

Apocalipse 20.7 – Satanás será solto da sua prisão.

Apocalipse 20.10 – O diabo foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta. De dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.

Apocalipse 20.15 – Serão lançados no lago de fogo todos os não inscritos no livro da vida.

Observem que passados mil anos (Ap 19.20) a besta e o falso profeta ainda se encontravam vivos no lago de fogo (Ap 20.10) e continuarão no mesmo eterno estado de ruína, sendo atormentados dia e noite. Se a besta e o falso profeta não foram exterminados no lago de fogo, também não o serão os ímpios ali lançados. “De dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” quer dizer exatamente o que diz, isto é, que o sofrimento não terá fim.

Terceiro, Jesus disse que não devemos temer os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Devemos temer, disse Ele, aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno a alma e o corpo (Mt 10.28; Lc 12.4-5). Como Autor da vida e da morte, Jesus está ensinando que os ímpios sofrerão eternamente no inferno. Contrastando com os que matam o corpo e não podem matar a alma, o Autor da vida e da morte não só pode matar o corpo [morte física], mas tem poder para lançar no inferno alma e corpo. Ele não está afirmando que lançará no inferno um corpo morto, mas um corpo ressuscitado. Tal ensino está de acordo com Apocalipse 20.5: “Os outros mortos reviveram após os mil anos”, ou “os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram”. Se o castigo eterno significasse eliminação dos ímpios, qual a razão de ressuscitá-los, se já estão eliminados na sepultura? Portanto, os ímpios ressuscitam para receberem a punição divina do castigo eterno. Esse é um nó difícil de ser desatado pelos exterminadores de almas.

Ora, os ímpios ressuscitarão não para morrer novamente, mas para receberem o castigo da vergonha, do desprezo e do eterno afastamento de Deus. Vejam: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2). Os exterminadores querem a pena de morte para os ímpios, na seguinte seqüência: Morte física e conseqüente morte da alma; ressurreição dos ímpios; extermínio dos ímpios. Mas o texto apresentado não aprova tal raciocínio. Os ímpios ressuscitarão “para vergonha e desprezo eterno”, ou seja, estarão eternamente envergonhados e desprezados, afastados de Deus. Jesus fala que os maus sofrerão a ressurreição “da condenação” (Jo 5.28,29). O inferno é lugar de “tribulação e angústia” (Rm 2.9) e de “pranto e ranger de dentes” (Mt 22.13; 25.30). Tais castigos só podem ocorrer em corpos vivos, pois um corpo morto, eliminado, exterminado não sofre tribulação e angústia, nem chora, nem range os dentes. Aliás, nada sofre porque a morte é indolor.

Os exterminadores enfrentam, portanto, dificuldades para sustentar sua tese. Jesus revelou que os justos ressuscitarão “para a vida”, e os ímpios, “para serem condenados” (Jo 5.29); na carta aos romanos Paulo indica que “haverá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal” (Rm 2.9); em Daniel 12.2 lê-se que os ímpios ressuscitarão “para a vergonha e desprezo eterno”; Apocalipse 14.11 diz que não haverá descanso “nem de dia nem de noite” para os adoradores da besta; Apocalipse 20.10 anuncia que os que forem lançados no lago de fogo “serão atormentados dia e noite, para todo o sempre”; Jesus declara que os insensatos e hipócritas serão punidos severamente num lugar “onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8.12; 24.51; 25.30), e onde estarão amarrados, em trevas, para todo o sempre (Mt 22.13).

Convenhamos, defunto não chora, não se angustia, não range dentes, não passa por tribulação, não se atormenta, não sente vergonha ou desprezo. Logo, não deve prevalecer a idéia de que os ímpios serão exterminados. Deus não ressuscitará os ímpios para exterminá-los em seguida (Ap 20.5).

Agiria assim para que morram “conscientes” da punição? De maneira alguma. Não há consciência na morte. A morte é o fim das angústias e tribulações. No extermínio não há castigo eterno.

Reviver para morrer, sair da sepultura para, em seguida, ser exterminado – sinceramente, se trata de um pensamento que colide frontalmente com a Palavra. A ressurreição do corpo é para que viva; não para que morra. Não fosse assim, não haveria razão para ressuscitar os que já se acham mortos.

Além disso, a tese do extermínio dos ímpios é incompatível com a doutrina dos diferentes graus de castigo, conforme ensina a Bíblia.

Os exterminadores dizem que a pena será uniforme para todos os ímpios, isto é, a eliminação sumária será aplicada a todos, indistintamente. Mas a Bíblia nos ensina que haverá diferentes graus de castigo. Leiam:

“Assim como haverá diferentes graus de glória no novo céu e na nova terra, também haverá diferentes graus de sofrimento no inferno. Aqueles que estão eternamente perdidos sofrerão diferentes graus de castigo, conforme os privilégios e responsabilidades que aqui tiveram” (Notas Bíblia de Estudo Pentecostal). Vejam os textos pertinentes:

“Virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis. E o servo que soube da vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que não a soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado” (Lc 12.46-48).

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações. Por isso, SOFREREIS MAIS RIGOROSO JUÍZO” (Mt 23.14). (Mc 12.40 diz: “...Estes receberão juízo muito mais severo”; Lucas 20.47 diz “...Estes receberão maior condenação”).

“De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajar o Espírito da graça?” (Hb 10.29).

Os exterminadores também defendem que a parte imaterial do homem morre com a morte física. Ou seja, ao descer à sepultura, o homem morre por completo. Essa tese também não pode ser levada a sério. Jesus disse ao ladrão ao seu lado, no Gólgota: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). Jesus afirmou que aquele homem arrependido seguiria para o Paraíso, após a morte. Quem subiria? O corpo? Não, o corpo seria sepultado. Corpo e alma? Não, somente na ressurreição o homem se recompõe e terá um corpo imortal e incorruptível (1 Ts 4.16-17). Somente a alma subiria? Sim, é o que afirmou Jesus. Por acaso subiria pata o Paraíso apenas o “sopro”, o “fôlego” do ladrão? Não. Deus não deseja salvar sopro. Seria até hilariante pensar que Jesus subiria para o Paraíso e, ao Seu lado, iria o “sopro” do ladrão! Fôlego e sopro dizem respeito ao mecanismo da respiração. São inerentes ao corpo e falecem com o corpo.

Na mesma linha de raciocínio estão as palavras de Estevão: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59). O que Jesus iria receber? O sopro? Não. Estevão iria juntar-se àquele ladrão, na glória. Iria fazer parte do grupo dos salvos que, em paz, aguarda a ressurreição.

Parte CVIII

QUERO DEVOLVER MEU ANJO DA GUARDA

- Você de novo? O que deseja agora?

- Como lhe disse, troquei meu anjo da guarda.

- E agora? Tudo está dando certo?

- Que nada! Foram-se minhas economias.

- O anjo levou seu dinheiro?

- Não, pastor. Gastei com o voto de sacrifício e a compra de uma camiseta.

- E a vida como está?

- Nada melhorou. Meu namorado continua bebendo, meu patrão não me deu aumento de salário.

Pra completar, fui atropelada e fraturei um braço.

- Mas essas coisas acontecem.

- Então pra que serve o anjo da guarda, se ele não guarda nada? Outro dia eu estava muito gripada, com falta de ar e dor de cabeça. Aí gritei: - Raimundinhoooooo. Anjo Raimuuunndinho onde estás? Ele me deu calado por resposta. De que vale um anjo desse que nem conversa com a gente?

- E o nome dele é Raimundinho?

- O senhor não se lembra? É o mesmo nome do meu namorado.

- Qual o seu desejo agora?

- Quero que o senhor me aceite de volta pra sua igreja

- Mas não há nenhum problema.

- Há um problema, pastor. Quero devolver o anjo da guarda. Esse que me deram deve ter sido despedido por algum pobre coitado. Aí veio parar na minha vida. Pastor, eu tenho uma sugestão.

- Qual?

- Os anjos deveriam ser cadastrados pelas igrejas. Cada um teria seu currículo. Aquele anjo que fez prosperar seus protegidos seria bem recebido. Os demais, menos eficientes, ficariam sem emprego. Por exemplo, anjo de pastor próspero todo mundo quer por qualquer preço.

- E por que você não volta lá para fazer a devolução do anjo?

- Eles não aceitam devolução. Não há prazo de garantia. E novamente teria que fazer novos votos.

- Você deve esperar mais um pouco. Aguarde os resultados com paciência.

- Não, pastor. Com esse anjo eu não fico mais nem um dia. Eu quero é que ele perca meu endereço.

- Mas na minha igreja não fazemos essa permuta. Os anjos são mensageiros de Deus. São enviados para nos dar livramento em situações de emergência, se Deus assim quiser. Ou são enviados para nos transmitir uma mensagem especial. Você nunca deveria ter entrado nessa de trocar seu anjo. Não é bíblico.

- E como minha amiga tão logo trocou de anjo arrumou um emprego?

- É porque ela iria ser empregada de qualquer modo. Quer um conselho: Entregue a sua vida ao Senhor, confie nEle e tudo Ele fará.

Parte CVIII

QUEM É JESUS PARA AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ?

 O objetivo deste trabalho é examinar e comentar as divergências entre a Bíblia Sagrada e a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM), versão inglesa de 1984, editada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (STV).

Constatamos que na Tradução do Novo Mundo estão modificados quase todos os versículos que direta ou indiretamente afirmam a divindade de Jesus, bem como todos os que declaram que Jesus recebeu adoração. Em alguns casos, todavia, em razão da inequívoca exposição bíblica, não foi possível fazer qualquer mudança. Vejamos.

Jesus, o Verbo encarnado

João 1.1-4

Bíblia "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens".

TNM: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus. Este estava no princípio com o Deus. Todas as coisas vieram à existência por intermédio dele, e à parte dele nem mesmo uma só coisa veio à existência. O que veio à existência por meio dele foi a vida, e a vida era a luz dos homens".

Ao afirmar que a "Palavra era um deus", as Testemunhas não dão bom testemunho, pois admitem o biteísmo, isto é, a existência do Deus Todo-Poderoso, imutável e único, e de um Deus menor, chamado a Palavra, que habitou entre os homens. Com isso, contrariam Isaías 43.10-11: "... eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador". As peripécias feitas para mudar textos consagrados dão origem a tais inconvenientes. O que a Bíblia diz na verdade é que o Verbo que se fez carne [Jesus] é o próprio Deus, e que Ele tinha vida em si mesmo. Vejamos a opinião de conhecedores de Grego sobre essa tradução de Jo 1.1 para "a Palavra era [um] deus":

"Uma chocante falha de tradução. Obsoleta e incorreta. Nenhuma pessoa com conhecimentos razoáveis iria traduzir João 1.1 para "O Verbo era um deus" (Dr. J.R.Mantey).

"Um espantoso erro de tradução. Errôneo, pernicioso e criticável. Se as Testemunhas de Jeová levam essa tradução a sério, elas são politeístas" (Dr. Bruce M. Metzger, de Princeton (Professor de linguagem do Novo Testamento e Literatura).

"Eu posso assegurar a vocês que a interpretação a qual as Testemunhas de Jeová dão em João 1.1 não é aceita por nenhum honrado conhecedor de Grego" (Dr. Charles L. Feinberg, de La Mirada, Califórnia).

"A deliberada distorção da verdade por esta seita é observada na sua tradução do Novo Testamento. João 1.1 é traduzido..."o Verbo era um deus", a qual é uma tradução gramaticalmente impossível. É altamente claro que uma seita que traduz o Novo Testamento assim, é intelectualmente desonesta" (Dr. William Barclay, of the University of Glasgow, Scotland).

Jo 1.14

Bíblia: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade".

TNM: "De modo que a Palavra se tornou carne e residiu entre nós, e observamos a sua glória, uma glória tal como a de um filho unigênito dum pai; e ele estava cheio de benignidade imerecida e de verdade".

Duas inverdades e duas contradições. Primeiro, Jesus é "o" Filho unigênito de Deus, e não "um" filho unigênito dum pai". A expressão "o Filho" está escrito em dezenas de passagens da Bíblia, e como tal foi traduzido pela TNM, a exemplo de Mateus 14.33: "Tu és realmente o Filho de Deus".

Segundo, Ele não é Filho de um pai qualquer. Jesus sempre se referiu ao Pai, e assim foi traduzido pela STV, a exemplo de Mateus 11.27.

João 20.28

Bíblia: "E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu".

TNM: "Em resposta, Tomé disse-lhe: ´Meu Senhor e meu Deus".

Aqui a STV cochilou e deixou passar essa inequívoca declaração da deidade de Jesus. É possível que na próxima revisão façam a devida alteração. Podemos entender, também, que o "lapso" deveu-se à clareza da afirmação, impedindo traduzir de outra forma. "Deslizes" de tal ordem acontecem. Na Tradução da versão inglesa de 1961, Hebreus 1.6 está da seguinte forma: "Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, Ele diz: e todos os anjos de Deus o adorem". Aqui a tradução está conforme a Bíblia. Mas na Tradução de 1984 foi feita a correção para: "Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, ele diz: E todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem". Esse revisor negligente deve ter sido severamente repreendido. Ou será que há 40 anos as Testemunhas adoravam Jesus?

Como dissemos, foram alterados todos versículos em que o Senhor Jesus recebe e aceita adoração. Qual a razão? É simples. Jesus expulsou Satanás de sua presença, declarando: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Mt 4.10). Ao aceitar adoração, Jesus se colocou em igualdade com o Pai. Pressentindo o "perigo", a Tradução cuidou de mudar a expressão "adorou" para "recebeu homenagem", como abaixo exemplificado:

Jesus, digno de adoração

Mateus 8.2

Bíblia: "E eis que veio um leproso e o adorou..."

TNM: "E eis que veio um leproso e começou a prestar-lhe homenagem..."

João 9.38

Bíblia: "Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou".

TNM: "Ele disse então: "Deposito fé [nele], Senhor. E prestou-lhe homenagem".

Idêntica alteração se encontra em Mateus 2.2,11; 14.33; 15.25; 28.9,17. Na tentativa de adaptar a Palavra de Deus à sua crença de negação da divindade de Jesus, a STV cometeu um erro monumental. A palavra grega proskuneõ, traduzida como adorar, é usada "acerca de um ato de homenagem ou reverência" tanto a Deus (Mt 4.10. Jo 4.21-24; 1 Co 14.25; Ap 4.10; 5.14; 7.11; 11.16; 22.9), como a Jesus (Mt 2.2,8,11; 8.2; 9.18; 14.33; 15.25; 20.20; 28.9,17; Jo 9.38).

Logo, quando Jesus disse que somente Deus é digno de adoração (Mt 4.10), confirmando Deuteronômio 6.13 e 10.20, foi empregado o mesmo termo proskuneõ que aparece nas situações em que Ele próprio foi adorado. A STV comete outro lamentável equívoco ao traduzir do seguinte modo Mateus 4.10: "Vai-te Satanás. Pois está escrito: É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado". Ora, se o emprego do verbo é o mesmo, por que não escrever que Deus é digno de receber homenagens? As pessoas que adoraram Jesus demonstraram isso não só com palavras, mas com gestos de adoração, prostrando-se aos seus pés.

Até o diabo sabe que a prostração (ajoelhar-se, lançar-se de bruços ao chão, curvar-se) é a evidência máxima, exterior, de um sentimento de adoração, interior. "Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares" (Mt 4.9), foi a condição que Satanás apresentou a Jesus. Mas é em Apocalipse que vamos encontrar com maior nitidez essa verdade. O apóstolo João relata que "prostrei-me aos pés do anjo que me mostrava essas coisas, para adorá-lo, e este me disse: Não faças isso. Adora a Deus" (Ap 22.8-9). O anjo sabia que o simples gesto de ajoelhar-se significava adoração. Simão Pedro e a mulher com fluxo de sangue se prostraram aos pés de Jesus, num gesto de verdadeira adoração (Lc 5.8; 8.47). Portanto, Jesus, embora havendo afirmado que somente Deus deve ser adorado, não recusou nenhuma adoração a Ele dirigida. Assim procedeu porque se colocava no mesmo nível de autoridade, poder e divindade do Pai. E mais, "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra" (Fp 2.10).

Jesus, o Salvador

Tito 2.13

Bíblia: "Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo".

TNM: "Ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa manifestação do grande Deus e [do] Salvador de nós, Cristo Jesus".

A TNM enxertou a preposição "de+o" (do) com o objetivo de mostrar que o Salvador é distinto de Deus, e que não será Jesus quem se manifestará em glória. Como são muitas as evidências da divindade de Jesus, a Tradução aqui e ali deixa escapar uma. Vejam a glória de Jesus confirmada pela própria Sociedade: "...e verão o Filho do homem, vir nas nuvens do céu, com poder e grande glória" (Mt 24.30b). Em Tito 2.13 dizem que virão Deus e o Salvador. Aqui dizem que virá somente o Senhor Jesus. Lembremo-nos das palavras de Jesus a Filipe: "Quem me vê a mim, vê o Pai" (Jo 14.9). Mas também esta passagem foi alterada pela TNM para: "Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai". Aqui a adulteração não se encaixou muito bem. A declaração de divindade é tão direta e explícita que não souberam como escamoteá-la. Ao fazer a declaração, Filipe estava mesmo diante do Deus encarnado.

"A palavra grega sõter, "salvador, libertador, preservador, conservador", é usada acerca de (a) Deus, como em Lc 1.47, 1 Tm 1.1; 2.3; 4.10, Tt 1.3; 2.10; 3.4 Jd 25; (b) Jesus, como em Lc 2.11; Jo 4.42; At 5.31; 13.23 (de Israel); Ef 5.23 (o sustentador e preservador da Igreja, Seu corpo); Fp 3.20 (na sua vinda a fim de receber a Igreja para Si mesmo); 2 Tm 1.10 (com referência à sua encarnação, "os dias de Sua carne"); Tt 1.4(título compartilhado no contexto com Deus Pai) ; Tt 2.13 ("o grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo"; o pronome "nosso", no começo da cláusula, inclui todos os títulos); Tt 3.6; 2 Pe 1.1 ("nosso Deus e Salvador Jesus Cristo"; o pronome "nosso, vindo imediatamente com relação a Deus, envolve a inclusão de que ambos os títulos se referem a Cristo, da mesma maneira que no paralelo em 2 Pe 1.11, "nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo"; estas passagens são, portanto, um testemunho à Sua deidade (2 Pe 2.20; 3.2,18;, 1 Jo 4.14)" (Dicionário VINE, W.E.Vine, Merril F. Unger, William White Jr., tradução Luís Aron de Macedo, CPAD, 1a edição, 2002).

Vejamos em alguns exemplos como a Tradução alterou a Bíblia para que Jesus não se apresentasse como Salvador.

Lucas 2.11

Bíblia: "Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor".

TNM: "Porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo [o] Senhor".

Pelo visto, acreditam as Testemunhas de Jeová que existem mais de um Salvador. Como a afirmação não dá margem a remendos, a única saída encontrada foi substituir o artigo definido "o", que define e particulariza, pelo indefinido "um". Mas não levam muito a sério isso, pois em Tito 2.13, na TNM, Jesus Cristo é chamado de "o Salvador de nós"; em Lucas 2.11, é tratado como "um Salvador"; em Lucas 4.42, é "o salvador do mundo"; em 1 Timóteo 4.10, o Salvador é "o Deus vivente"; em 1 Jo 4.14, Cristo é "o Salvador do mundo". Não houve uma posição doutrinária definida. Toda essa ginástica, inútil, objetiva diminuir a Pessoa do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

João 4.42

Bíblia: "Porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este [Jesus] é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo".

TNM: "Porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este homem certamente é o salvador do mundo".

Mudaram o "verdadeiramente" por "certamente" para transmitir não uma convicção absoluta, mas uma certeza relativa. Comparando com Lucas 2.11, nota-se uma incoerência. Lá, Jesus é "um Salvador"; aqui, "o salvador". Ora, o artigo definido define como o único, e como tal deveria o título ser registrado com letra maiúscula. Na próxima revisão, é possível que corrijam esses lamentáveis escorregões. A TNM se transformou numa colcha de retalhos. Ora dizem que Jesus é "o Senhor" e "um Salvador"; ora dizem que Ele é "o salvador"; numa versão dizem que Ele recebeu adoração; noutra, dizem que recebeu homenagem. Afinal, quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová?

1 Pedro 1.1

Bíblia: "...pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo".

TNM de 1961: "...pela justiça de nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo".

TNM de 1984: "...pela justiça de nosso Deus e [do] Salvador Jesus Cristo".

1 Pedro 1.11

Bíblia: "Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo".

TNM: "De fato, assim vos será ricamente suprida a entrada no reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo".

Houve situações em que a TNM não teve como escapar de registrar o que realmente está escrito, ou seja, que Jesus é Senhor e Salvador, mais do que é isso, é "o" Salvador (veja 2 Pe 2.20; 3.2,18; 1 Jo 4.14).

Ainda assim, tentaram, em 1 Pedro 1.1, como acima, repassar a idéia de que Deus nada tem a ver com o Salvador Jesus Cristo. Mas o encarregado das mudanças certamente se esqueceu de alterar versículo 11. Com relação à expressão "nosso Deus e Salvador Jesus Cristo", o pronome "nosso", vindo imediatamente com relação a Deus, envolve a inclusão de que ambos os títulos se referem a Cristo, como já dito. Não foi por outro motivo que Jesus declarou: "Eu e o Pai somos um" (Jo 10.30).

Como se vê, está claro nas traduções supra que a Sociedade admite que Jesus Cristo é Salvador.

É o caso de perguntarmos se alguém fora Deus pode salvar. Seria Jesus um Salvador menor? Um Salvador de segunda categoria, um salvadorzinho? A Bíblia diz que quem salva é Deus: "O meu espírito se alegra em Deus meu Salvador" (Lc 1.47). E vimos um pouco acima que Jesus é Deus e Salvador.

Jesus, o Cristo-Deus

Atos 20.28

Bíblia: "Olhai por vós, e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (v.1Co 10.32; 11.22; 15.9; Gl 1.13; 1 Tm 3.5).

TNM: "Prestai atenção a vós mesmos e a todo o rebanho, entre o qual o espírito santo vos designou superintendentes para pastorear a congregação de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio [Filho]".

Mateus 16.18

Bíblia: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja..."

TNM: "Sobre esta rocha constituirei a minha congregação".

Efésios 5.23

Bíblia: "Cristo é a cabeça da igreja, sendo Ele próprio o salvador do corpo". Ef 1.22-23: Ele foi constituído "cabeça da igreja, que é o seu corpo".

TNM: "Cristo é cabeça da congregação, sendo ele salvador [deste] corpo". Ef 1.23: "E o fez cabeça sobre todas as coisas para a congregação, a qual é o seu corpo".

No afã de distorcer a Escritura para demonstrar que a igreja é de Deus e não do Senhor Jesus, a STV deparou-se com algumas dificuldades. Em Atos 20.28, tentou dizer que a igreja é de Deus e não de Cristo, embora este tenha pago o preço. Em Mateus 16.18, não pôde fugir à afirmação de que a igreja é de Jesus. E em Efésios 5.23 dobrou-se à irrefutável verdade de que Jesus e a igreja formam um só corpo, sendo Ele o Salvador da igreja. É compreensível a situação em que se encontra a STV. Não há mais como recuar, isto é, reconhecer seus erros e admitir a divindade de Jesus, claramente ensinada na Bíblia. Declinar, agora, seria o atestado de óbito do grupo. A única alternativa é continuar, sem nenhum temor a Deus, na adulteração das Escrituras.

1 João 5.20

Bíblia: "E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna".

TNM: "Mas, sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu capacidade intelectual para podermos obter conhecimento do verdadeiro. E nós estamos em união com o verdadeiro, por meio do seu Filho Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro Deus e a vida eterna".

O remendo só fez piorar a situação. O Filho de Deus é o sujeito de toda a oração. É ele que veio; que nos mostra a verdade; com o qual estamos em união; é Ele o verdadeiro Deus e a vida eterna. Daí porque não cabe a afirmação "por meio do seu Filho Jesus Cristo". Seria o Filho do Filho? Para melhor ajustar a Bíblia à sua doutrina de negação da divindade de Jesus, a STV deveria ter colocado assim: "E nós estamos em união com Jeová, o verdadeiro, por intermédio do seu Filho Jesus Cristo". Todavia, esse cuidado seria inútil. Mudar o pronome "este" por "esse" em nada adiantou. O título "Filho de Deus" por si expressa a deidade de Jesus. Vejam a seguinte nota: "Devemos entender que subsiste uma relação eterna entre o Filho e o Pai na Deidade. Quer dizer, o Filho de Deus, em Sua relação eterna com o Pai, é denominado ´Filho´, não porque Ele em certo tempo começou a derivar Seu ser do Pai (em tal caso, Ele não poderia ser coeterno como o Pai é (cf. Jo 14.9, ´quem me vê a mim vê o Pai´). As palavras em Hb 1.3: Ó qual [Jesus], sendo o resplendor da sua glória [de Deus], e a expressa imagem da sua pessoa [de Deus], são definições do que significa ´Filho de Deus´. Portanto, a deidade absoluta, e não a deidade em sentido secundário ou derivado, é o que se quer dizer com o título" - extraído de Notes on Galantians, de Hogg e Vine, pp. 99,100 (Dicionário VINE, p.658).

Jesus, o perdoador

Lucas 5.24

Bíblia: "Para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados, eu te digo: Levanta-te, toma a sua cama e vai para tua casa".

TNM: "A fim de que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados, eu te digo: Levanta-te, apanha a tua pequena cama e vai para casa".

Observem que a Sociedade colocou o termo autoridade em lugar de "poder" para repassar a idéia de que Jesus não tem poder em si mesmo, mas uma autoridade que lhe foi outorgada. O Filho, enquanto Homem-Deus, na plenitude das naturezas divina e humana, experimentou as limitações naturais de todo ser humano. Por exemplo, teve fome, sede e fadiga. Na qualidade de Filho do Homem, Ele despojou-se de prerrogativas divinas, "esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo [embora tivesse a forma de Deus], fazendo-se semelhante aos homens" (Fp 2.6-7). Entretanto, ao perdoar pecados, o Senhor Jesus usou prerrogativas próprias de Deus. Foi exatamente isso que causou a revolta dos escribas e fariseus, que disseram: "Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?". Jesus pôde e pode faze-lo porque Ele é Deus. "Ele declara ser o Filho de Deus, existindo desde a eternidade, possuindo poder no céu e na terra, com direito a toda reverência, amor e obediência devidos a Deus. Os Apóstolos o adoram; chamam-no de grande Deus e Salvador; reconhecem sua dependência dele e sua responsabilidade diante dele; e esperam nele o perdão, a santificação e a vida eterna. Tais descrições conflitantes, essa constante exposição da mesma pessoa como homem e também como Deus, não admitem solução fora da doutrina da encarnação. Se ela for admitida, tudo é luz, harmonia e poder. Cristo é concomitantemente Deus e homem, em duas naturezas distintas e uma só pessoa para sempre. Este é o grande mistério da piedade: Deus manifestado em carne é a doutrina distintiva da religião da Bíblia, sem a qual tudo não passa de cadáver frio e sem vida" (Charles Hodge, Teologia Sistemática, Hagnos, Parte 3, cap. III, pg. 768).

Jesus, o Grande EU SOU

Êxodo 3.14 e João 8.58-59

Bíblia: Êxodo 3.14: "E disse Deus a Moisés: Eu sou o que sou". João 8.58-59: "Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. Então pegaram em pedras para lhe atirarem...".

TNM: Êxodo 3.14: "Então disse Deus a Moisés: Mostrarei ser o que eu mostrar ser". João 8.58-59: "Jesus disse-lhes: Digo-vos em toda a verdade; Antes de Abraão vir à existência, eu tenho sido. Apanharam assim pedras pata lhe atirarem...".

Na verdade, Jesus, em João 8.58, repete o mesmo nome usado por Deus. Trata-se de uma declaração explícita de Sua divindade e conseqüente eternidade. Quando Jesus nasceu, foi chamado Emmanuel, que significa "Deus conosco" (Mt 1.23). A Sociedade Torre de Vigia ficou em dificuldades para promover essas alterações. Se os nomes ficassem exatamente iguais na Tradução, a divindade de Jesus estaria confirmada. A saída foi mudar Êxodo 3.14 para "Mostrarei ser o que eu mostrar ser", e João 8.58 para "Tenho sido".

"Eu sou: no original grego ego eimi. Note-se o contraste entre os verbos ginomai e eimi, entre o ser criado e o eterno. Jesus se declara o eterno "EU SOU'. Sua vida tem a característica divina de não ser sujeita ao tempo. Os judeus compreendem o sentido da sua afirmação: pré-existência absoluta significa igualdade com Deus. Isto para eles, é blasfêmia, de sorte que pegam em pedras para matá-LO, mas Jesus se esconde e sai do meio deles" (Novo Comentário da Bíblia, vol. II, Vida, 1990).

Ao dizer "EU SOU", Jesus declarou a Sua deidade. O nosso Senhor atribui a Si o nome incomunicável do Ser Divino (Is 43.10). A reação dos judeus, ao tentarem cumprir a lei mosaica sobre blasfêmia (Lv 24.13-16), é uma prova de que eles entenderam que Jesus reivindicava uma natureza absolutamente divina, igual a Jeová do Antigo Testamento (v.Isaías 43.10). Essa reivindicação fica explícita diante do fato de que Jesus não tentou dissuadir os judeus de suas convicções. Só a STV não entende assim. A expressão ego eimi, do grego, não pode ser traduzido com verbo auxiliar ("tenho sido").

Assim se explica a STV: "Tradução do Novo Mundo dá atenção especial a transmitir o sentido da ação dos verbos gregos e hebraicos. Ao fazer isto, a Tradução do Novo Mundo se esforça de preservar a graça, a simplicidade, a força e a maneira de expressão peculiares dos escritos da língua original. Tornou-se assim necessário usar verbos auxiliares para transmitir com cuidado os estados reais das ações".

"As Testemunhas de Jeová transmitiram com cuidado sua crença peculiar, e os verbos auxiliares serviram de recursos para essas adaptações. É a TNM um instrumento usado pela organização para justificar o credo doutrinário inventado por Russell. É, pois, uma obra espúria e não merece confiança. Aqui, o objetivo dessa tradução é dissociar Jesus do Grande "EU SOU" de Êxodo 3.14" (Revista Defesa da Fé, Ano 2, nº 12, maio/junho 1999).

João 10.30,31,33

Bíblia: "Eu e o Pai somos um. Os judeus pegaram outra vez em pedras para o apedrejarem. Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo".

TNM: "Eu e o Pai somos um. Mais uma vez, os judeus apanharam pedras para o apedrejarem. Nós te apedrejamos, não por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, porque tu, embora sejas um homem, te fazes um deus". Na versão de 1967: "te fazes deus".

Embora a STV tenha alterado a Palavra para "um deus", a fim de inferiorizar a Pessoa de Cristo, não pôde mudar o pensamento dos judeus, pois consideraram que Jesus estava se igualando ao Pai. Logo, a tradução certa, pela lógica, é a que está na Bíblia Sagrada: "Porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo". Lembramos que a blasfêmia devia ser punida com o apedrejamento (Lv 24.16).

João 14.9

Bíblia: "Quem me vê a mim, vê o Pai".

TNM: "Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai".

Tentaram, mas não conseguiram mudar a explícita afirmação da divindade do Senhor Jesus, aqui declarada de forma clara, direta e objetiva. Apesar da mudança do tempo verbal e da inserção do advérbio, não conseguiram produzir mudança substancial.

Jesus, o Criador

Colossenses 1.15-17

Bíblia: "O qual [Jesus] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis...tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele".

TNM: "Ele [Jesus] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque mediante ele foram criadas todas as [outras] coisas nos céus e na terra... Todas as [outras] coisas foram criadas por intermédio dele e para ele. Também, ele é antes de todas as [outras] coisas vieram a existir por meio dele".

Ao alterar o texto para "todas as outras coisas foram criadas por intermédio dele e para ele", a Sociedade deseja vender sua tese segundo a qual Jesus foi inicialmente criado e, depois, como principal Agente de Deus, criou as outras coisas. Que Deus pouco poderoso é esse que, em vez de Ele mesmo criar, transfere a responsabilidade para uma criatura, um deus menor, um deus de segunda categoria? Mas não é isso o que diz a Bíblia. Vejam: "No princípio, criou Deus os céus e a terra. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. Haja separação entre águas e águas; produza a terra ervas; haja luminares; produza a terra alma vivente conforme sua espécie; façamos o homem" (Gn 1; v.Is 42.5). A expressão "façamos o homem" demonstra que não houve uma delegação de poderes. A Trindade estava ali presente (Pai, Filho, Espírito). E quando a Bíblia diz que tudo foi criado por Ele (v. 16), está colocando o Filho em igualdade com o Pai.

A STV se defende dizendo que a expressão "primogênito de toda a criação" afirma que Jesus foi o primeiro a ser criado. Entretanto, primogênito, nesse contexto, não significa exatamente isso. Basta verificar que "Ele é ANTES de todas as coisas" (v.17), e não "antes de todas as outras coisas" como foi traduzido. Se Ele fosse criatura, e não Criador, faria parte das coisas criadas e não poderia ter vindo ANTES. Se todas as demais coisas foram criadas por Ele, então o Filho também criou o homem. E não o fez como Agente de Deus, mas como Deus-Criador ("Façamos"). Vejam acima que a STV admite que todas as coisas foram criadas "para Ele", para o Filho. A Bíblia diz que todas as coisas foram criadas [por Deus e] para glória de Deus (Is 43.7). Vejam: "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Sl 19.1). "Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca" (Sl 33.6). "Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados" (Hb 11.3). Mas quem criou mesmo "as outras coisas"? A STV diz que foi pelo Filho e para Filho; a Bíblia diz que foi por Deus e para Deus. A verdade é que o Filho é o Criador de todas as coisas, "pois nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2.9). A STV tentou distorcer esta explícita declaração da deidade de Jesus, traduzindo assim: "Porque é nele que mora corporalmente toda a plenitude da qualidade divina" (Cl 2.9). Ficou no mesmo.

Jesus, em forma de Deus

Filipenses 2.6-7

Bíblia: "Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens".

TNM: "O qual, embora existisse em forma de Deus, não deu consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser igual a Deus. Não, mas ele se esvaziou e assumiu a forma de escravo, vindo a ser na semelhança dos homens".

A TNM diz que Jesus considerava uma usurpação vindicar para si prerrogativas da divindade. Ou seja, em nenhuma hipótese Jesus desejava ser igual a Deus, e até considerava isso uma apropriação indevida. Todavia, o texto diz que Jesus, embora sendo Deus, não se utilizou em seu ministério dos atributos da divindade. Mas, apesar das interpolações, a TNM deixou escapar uma afirmação essencial. O texto diz, e a TNM confirma, que Jesus "esvaziou-se a si mesmo". Esvaziou-se de quê? Das prerrogativas da divindade. Reparem nessas duas expressões: "forma de Deus" e "forma de escravo". A STV admite que "forma de escravo" significa ser escravo, servo, homem. E "forma de Deus" não significaria ser Deus, divino, eterno? A STV diz que não. Aí estamos diante de uma insuficiência de massa cefálica, ou simplesmente de má fé. Vejamos o seguinte comentário:

"Morphe (gr) denota "a forma ou traço especial ou característico de uma pessoa ou coisa. É usado com significado particular no Novo Testamento, somente acerca de Cristo, em Fp 2.6,7, nas frases: "sendo em forma de Deus e "tomando a forma de servo". Definição excelente da palavra é a que Gifford oferece: "O termo morphe é, portanto, a natureza ou a essência, não no abstrato, mas como subsistindo na verdade no indivíduo, e retido, contando que o indivíduo exista. [...].

Assim, na passagem diante de nós morphe theos é, de fato, a natureza divina e inseparavelmente subsistente na Pessoa de Cristo... inclui toda a natureza e essência da deidade, e é inseparável delas". O verdadeiro significado de morphe na expressão ´forma de Deus´ é confirmada por seu reaparecimento na expressão correspondente, ´forma de servo´. É universalmente aceito que as duas frases são diretamente antitéticas, e que, portanto, a palavra ´forma´ tem de ter o mesmo sentido em ambas" (Dicionário VINE, 1a edição/2002, pg. 664).

Jesus, o Deus do Antigo Testamento

Hebreus 1.8

Bíblia: "Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos. Cetro de equidade é o cetro do teu reino".

TNM: "Mas, com referência ao Filho: Deus é o teu trono para todo o sempre, e [o] cetro do teu reino é o cetro de retidão".

O escritor de Hebreus está afirmando que o Filho é o mesmo Deus citado no salmo 45.6; "O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade". A STV diz que Deus é o trono do Filho. Porém, a adulteração não foi perfeita porque o Filho é apresentado como rei. Já apresentaram dois salvadores, como vimos anteriormente; agora, dois reis. Vejam o que disseram: "Com referência ao Filho...o cetro do teu reino é o cetro de retidão". Para que o texto se harmonizasse com o pensamento da STV deveria ter sido assim construído: "...o cetro do SEU reino é o cetro de retidão". Ou seja, Deus é o trono do Filho e o cetro do seu (dele) reino é o cetro de retidão. Fiquemos de olho na próxima "revisão" da TNM. Na verdade, o título de Rei se aplica tanto ao Deus do Antigo Testamento (Sl 5.2; 47.7), quanto ao Filho (Lc 19.38; Jo 12.15). Não pode haver um reinado com dois reis. Leiam: "Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 1.11). A TNM registrou este versículo da mesma forma. Um descuido? Como já visto, a STV admite que Jesus é Senhor, Salvador, Perdoador e Rei, mas não admite que Ele seja o Deus encarnado.

Muitas outras passagens bíblicas que falam direta ou indiretamente da divindade do Filho de Deus foram modificadas pela STV, por subtração, acréscimo ou substituição de palavras. Há salvação para as Testemunhas de Jeová? Jesus responde: "Se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados" (Jo 8.24). Esta verdade foi assim alterada na Tradução do Novo Mundo: "Se não acreditardes que sou eu, morrereis em vossos pecados". "Sou eu" e "Eu sou" têm significados diferentes. Ao dizer "Eu sou", Jesus afirmou sua eternidade (veja João 8.58-59, e comentários acima). Ao efetuar a alteração, a STV desejou transmitir a sua tese de que Jesus era apenas ele mesmo, sem qualquer igualdade com Jeová. Mas, se não é e nunca foi Deus encarnado, como explicar a necessidade de crermos nEle para sermos salvos?

CIX

QUERO TROCAR O MEU ANJO DA GUARDA

 Acho que não ouvi direito. Você deseja trocar o seu anjo da guarda? É isso mesmo? - É sim, meu pastor.

- Você pode me dizer a razão disso?

- É que a minha melhor amiga trocou seu anjo e está se dando muito bem. Ela estava num miserê sem fim. Nada dava certo na sua vida. Participou de tudo quanto foi campanha, e nada.

- E agora?

- Agora tudo melhorou. Antes ela pensava que o seu problema era falta de fé ou coisa do diabo. Finalmente descobriu a causa de sua aflição. Ela já arrumou um emprego e melhorou da dor de cabeça.

- E isso foi trabalho do novo anjo?

- Sim, meu pastor. O meu anjo anda meio preguiçoso. Que Deus me perdoe, mas ele não tem me guardado como devia. Outro dia levei uma topada e quase rebento o pé; continuo no mesmo emprego, ganhando a miséria de um salário mínimo; meu namorado ainda não se converteu; já fui assaltada três vezes, e outras coisas têm acontecido comigo.

- E por que você acha que a culpa é do seu anjo?

- Porque a obrigação dele é me livrar de todos os males, e ainda fazer prosperar a minha vida. Se ele não cumpre suas obrigações, compete-me, como filha de Deus, exigir a substituição.

- Mas o que devo fazer?

- Quero que o senhor ore por mim e exija de Deus a mudança do meu anjo.

- Exigir?

- Sim, amado pastor. Deus prometeu atender a todos os meus pedidos. Está escrito: “Tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebestes”. Pela fé, já tenho novo anjo e posso cantar o hino da vitória!

- Mas os anjos são mensageiros de Deus, estão a serviço de Deus, e não está bem claro na Bíblia que todos os crentes possuem um anjo de guarda.

- Pastor, ou o senhor muda meu anjo ou eu mudo de igreja. Outra coisa, eu quero que o nome do meu novo anjo seja Raimundinho, o mesmo nome do meu namorado.

- Minha querida ovelha, não posso fazer essa oração. Seria a heresia das heresias.

- Pastor, eu pago o que for necessário. Minha amiga fez o sacrifício e hoje está rindo com as paredes. Vale a pena.

- Que sacrifício?

- O sacrifício do voto. Se eu não fizer algum sacrifício não receberei a bênção.

- Como ela sabe que Deus a atendeu?

- Ela não viu com os olhos carnais o seu novo anjo, mas o recebeu pela fé. E ela está muito bem com o Fernandinho.

- Fernandinho?

- Sim, o anjo tem o mesmo nome do seu namorado. Agora é moda.

- Pastor, prometo dedicar-me de corpo e alma ao meu novo anjo. Orar por ele, conversar todos os dias com ele, fazer tudo de acordo com a sua vontade.

- Mas isso é angelolatria!

- Seja o que for, pastor, eu quero é estar bem com a vida. De que vale freqüentar uma igreja se nem o nosso anjo nos protege? E mais: quero que esse novo anjo não durma no ponto, como o que tenho agora. Exijo que ele esteja a meu serviço vinte e quatro horas por dia. Se desta vez não conseguir o que quero, largo tudo e volto pro mundo. Quero comer em bons restaurantes, vestir bem, ter carros importados, ter saúde perfeita, morar numa mansão e me casar com um empresário bem sucedido, loiro dos olhos azuis.

A conversa acima poderá acontecer. Já considerada a heresia das heresias, o movimento de mudança do anjo da guarda toma corpo. É mais um modismo. Outras ondas virão. Talvez inventem de mudar o Consolador. Talvez o Espírito tenha sido muito exigente em convencer-nos dos pecados, em falar de justiça e de juízo. Quem sabe tenha chegado a hora de ser substituído. É só pedir, aliás, exigir. Não seria melhor pedir um anjo de luz? O deus deste século pode se transformar em um deles, e está pronto para nos dar até os reinos do mundo.

Parte CX

REENCARNAÇÃO E SOFRIMENTO

 O cristianismo explica que a miséria humana teve origem na queda do homem, em razão de sua desobediência. Deus fez o homem perfeito. Quando Ele concluiu a criação do homem, disse que era MUITO BOM. A desobediência do primeiro casal levou a humanidade a passar por sofrimentos. E o maior defeito não é o físico; é o espiritual.

Assim como uma mangueira produz sempre manga, a desobediência do primeiro casal alcançou toda a humanidade. A rebeldia gerou rebeldia. "Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 3.23, 5.12). Somos herdeiros dessa natureza pecaminosa, porém "a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo é para todos os que crêem"; por isso, somos "justificados gratuitamente por Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.22,24). A nossa esperança não está aqui na Terra, mas no céu. Lá, não haverá lágrimas nem defeitos físicos, nem fome.

Não raro somos desafiados a explicar a razão pela qual Deus, sendo bom, permite o nascimento de crianças defeituosas. É mais ou menos a mesma coisa que perguntar por que Deus, sendo bom, criou o mal. Deus criou o homem com possibilidade de obedecer ou desobedecer. Isto é, com livre arbítrio. Deus não quis criar um ser autômato, um fantoche totalmente dirigível. Se Deus é amor, se Deus é bom, logo, Ele não criou o mal. Ao buscar a razão do sofrimento humano em vidas passadas, a teoria da reencarnação apresenta uma explicação diferente da do cristianismo.

Sobre as crianças que nascem defeituosas, convém sabermos que um corpo saudável, perfeito, sem dores não é sinônimo de felicidade e paz. Há cegos e paralíticos que são mais felizes do que pessoas sem nenhum problema físico. Há ricos que se suicidam e pobres que são plenamente felizes. A paz é um estado de espírito, e não uma condição material.

A paz verdadeira nasce da comunhão com Deus, pela aceitação do senhorio de Jesus, que assim nos prometeu: "Deixo-vos paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá" (Jo 14.27) Isto vale para cegos, aleijados e portadores de qualquer enfermidade. Daí afirmarmos que uma pessoa cega, surda e muda pode ser feliz, pode ter seus pecados perdoados, ter paz e ser salva. Ainda que esteja no leito de morte, passando por muito sofrimento, a pessoa pode sentir essa paz. As novas vidas corpóreas e novos sofrimentos, para garantir perfeição e paz, são um vôo no escuro. Ninguém sabe quando findará o ciclo morte-nascimento. Tudo é incerto. Não há paz na incerteza. O cristianismo oferece uma alternativa melhor, pois basta crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou ao terceiro dia, que é Senhor e Salvador; basta crer, obedecer e continuar na fé. Basta isto para ser salvo. O ladrão na cruz não precisou morrer muitas mortes e viver muitas vidas. Crer foi o suficiente. Apesar do terrível sofrimento da crucifixão, morreu na certeza da paz celestial. As pedradas que sofreu Estevão, o mártir, não foram capazes de subtrair sua paz. Sei que tal verdade soa como insanidade aos ouvidos de muitos, pois "a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (1 Co 1.18).

Sabermos exatamente como o orgulho e a vontade de desobedecer tiveram origem em seres bons, criados por Deus, a exemplo dos anjos e do homem, é um problema insolúvel que somente na glória nos será revelado. Enquanto peregrinos nesta vida, enxergamos com certa dificuldade as realidades espirituais. Vemo-las embaçadas, como se as olhássemos através de um espelho (1 Co 13.12).

Quando o pecado entrou no mundo, entrou também a dor, a tristeza, o conflito. "Deus disse à mulher: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio às dores darás à luz filhos". E a Adão: "Em fadigas obterás dela [da Terra] o sustento durante os dias de tua vida". Se Deus é bom, por que Ele disse isso ao primeiro casal? Ora, Adão e Eva eram puros, sem pecado.

Sua folha corrida estava limpa. Como a teoria da reencarnação explica o sofrimento do primeiro casal, se não em decorrência do pecado? Adão e Eva não haviam passado pela experiência de vidas anteriores. Para aperfeiçoamento? Não, não foi. Está mais do que claro que seus sofrimentos, estabelecidos por Deus, não foram em decorrência de desvios em vidas anteriores. Sei que para os evolucionistas estas considerações não fazem o menor sentido. A Bíblia diz que pela ofensa de um homem (Adão) entrou o pecado no mundo. A pior lepra não é a de cunho físico; é o pecado, isto é, a desobediência a Deus. Deus é BOM, mas castiga e repreende. A prova está no que aconteceu com o primeiro casal.

O espiritismo acredita que Deus não "manda um filho seu para o inferno" porque Ele é amor.

Realmente Ele não manda. Os homens maus, de corações duros, é que, no uso de seu livre-arbítrio, caminham em direção ao inferno. Portanto, o sofrimento passou a fazer parte da vida. O próprio Deus soberano assim o quis. Não podemos ser materialistas a ponto de acharmos que os defeitos físicos são os que nos causam maior sofrimento e prejuízos espirituais. Vejam o que disse Jesus: "É melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o seu corpo lançado no inferno" (Mt 5.29). O que dizer da inveja, do ódio, da mentira, do orgulho, do adultério, da idolatria? Perguntemos então por que Deus, em tudo perfeito e bom, permite que os homens odeiem uns aos outros e consintam na prática do aborto, em que crianças inocentes e sem defesa são assassinadas. Por que Deus permite a existência de enfermidades como a AIDS e o câncer que têm dizimado milhões de vidas? A teoria da reencarnação tem respostas para todos os casos? A reencarnação é injusta na medida em que acredita que tudo nesta vida está determinado. As decisões anteriores selaram nosso presente destino. Não há nada que possamos fazer. Nessa situação, não há esperança. Nada há que fazer para mudar essas condições. A reencarnação é fatalista. Nada se pode fazer por uma pessoa que sofre, pois estaríamos retardando seus passos rumo à perfeição. O cristianismo apresenta o perdão e a promessa de uma vida futura, não cheia de incertezas, mas de plena paz. A salvação do ladrão na cruz é exemplo. "Hoje estarás comigo no paraíso". A felicidade de saber que seguiremos para o céu em nada se compara aos sofrimentos desta vida. Mais uma vez apresento o exemplo de Estevão, o mártir. Ele estava sendo apedrejado, mas, revelando possuir paz no coração, olhou para o céu e entregou seu espírito ao Senhor Jesus.

A teoria da reencarnação empurra o sofrimento para existências futuras, tantas que o espiritismo não sabe quantificar. Vejam: "O número de reencarnações é o mesmo para todos os Espíritos?". Resposta: "Não. Aquele que avança rapidamente evita provas. Contudo, essas encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso é quase infinito" (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, cap. IV, item 169).Portanto, de acordo com essa teoria ninguém sabe ao certo se alcançará a tão sonhada perfeição.

Pela essa teoria, os sofredores não sabem por que ou por quem estão sofrendo. Sequer se lembram das vidas passadas. Estão condenados a sofrer infindas encarnações, mas não sabem como, onde, quem, porque e quando. O inocente, manso de coração, mesmo que não faça nenhum mal nesta vida, terá que sofrer para ser melhor na próxima existência.

O sofrimento de Jesus, a partir do seu nascimento, é uma prova de que as vicissitudes desta vida não têm a finalidade de limpar as impurezas em vidas anteriores. Como Ele foi definido como "Espírito Puro", enviado em missão divina para ensinar aos homens uma superior moral, tudo conforme imaginou Allan Kardec, seu caso não pode ser enquadrado na teoria da reencarnação (Veja "O Espiritismo e o Sofrimento de Jesus"). Ele não é e não era um ser imperfeito. Não havia o que aperfeiçoar nEle. Por que sofreu? Seria para que servisse de exemplo? Exemplo? Devemos todos ser crucificados por uma causa nobre? Não.

A teoria da reencarnação não mostrou que funciona na prática. Apesar dos avanços tecnológicos e das inúmeras encarnações ao longo de milhares de anos a humanidade continua sofredora. A fome está aumentando. Ou fome não um sofrimento muito maior do que um defeito físico? Não se nota expressiva melhoria de ordem moral na raça humana. Os incontáveis ciclos morte-nascimento deveriam ter produzido melhoria considerável, pois muitas vidas já estariam quase atingindo a perfeição, ou sofrendo a última encarnação. Então seria o caso de não existirem tantas guerras, epidemias e fome. Quando chegará a tão sonhada perfeição da humanidade, conquistada por inúmeras encarnações? Leiam: "Qual o objetivo da reencarnação?" Resposta: "Melhoramento progressivo da Humanidade" (Ibidem, cap.IV, item 167). A tese de que a humanidade caminha para a perfeição moral contraria as palavras de Jesus sobre a situação futura. Vejam:

"Nesse tempo, muitos se escandalizarão, trair-se-ão mutuamente e se odiarão uns aos outros. Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase todos esfriará" (Mt 24.9-12).

É bom lembrar que Jesus, segundo o espiritismo, é o Espírito Puro que veio com missão divina, enviado por Deus para nos ensinar. Ora, ao falar em "princípio das dores" (Mateus 24), Jesus nos revela que os problemas da humanidade, tais como as dores de parto, serão intensificados na medida em que o fim se aproxima. Quando o espiritismo diz que cada encarnação é um passo rumo à perfeição - e só se pode entender isso como perfeição moral - está afirmando algo que destoa do ensino do Mestre dos mestres. O ensino da perfeição de todas as almas indica que a humanidade atingirá um considerável desenvolvimento moral. Quando? A palavra de Jesus se apresenta na contramão de tal proposta. Ele assegurou que as coisas vão piorar. "O princípio das dores", como nas dores de parto, significa dores maiores e mais freqüentes com o passar do tempo. O cristianismo explica que há um fim para o sofrimento da humanidade. No espiritismo não há um fim à vista.

A reencarnação do espiritismo científico ensina que a ressurreição de Jesus não foi possível porque a ciência não pode explicar como dar vida a um corpo em estado de putrefação. Ora, Jesus foi o único homem que predisse a própria ressurreição e afirmou que passaria só três dias no sepulcro. Por tudo que Ele fez e ensinou, está provado que não era mentiroso, impostor ou lunático. Se desejarmos explicar a Sua ressurreição via ciência, nunca encontraremos respostas.

Assemelha-se ao esforço, que dura décadas, de encontrar o "elo perdido", o meio termo entre homem e macaco.

O espiritismo argumenta que na reencarnação está a resposta para pessoas que já nascem com dons especiais, tais como pintores, músicos, escritores, etc. Alega que a razão disso é a experiência em vidas passadas. Leiam: "Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parece que têm a intuição de certos conhecimentos, como línguas, cálculo, etc".

Resposta: 'Progresso anterior da alma, do qual, entretanto, ela não tem consciência" (Ibidem, cap. IV, item 219). Todavia, se fizermos uma pesquisa mundial veremos que as grandes fortunas, os talentos, o aprendizado se verificaram em vida, depois de muito trabalho e dedicação. Tal situação está conforme as palavras de Deus: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão" (Gn 3.19). O homem iria multiplicar-se, adquirir experiência, inventar objetos facilitadores dos trabalhos manuais, arar a terra e fazer plantações, inventar a roda, organizar-se. Deus estaria presente distribuindo dons. Todos os dons são recebidos de Deus. Até a vida eterna é dom gratuito de Deus (Rm 6.23). A fé é dom de Deus (Ef.2.8). Deus capacitou Bezalel e Aioliabe e lhes deu sabedoria, entendimento e criatividade para serem artífices da obra do tabernáculo (Gn 31.1-6). Estes homens não adquiriram tais dons em vidas anteriores. Então, tudo que temos ou foram adquiridos em vida, pelo estudo e dedicação árdua, ou recebemos diretamente de Deus.

Os reencarnacionistas acreditam que o indivíduo é um deus, na medida em que crêem na salvação pelo esforço próprio. Essa doutrina é contrária à do cristianismo. Jesus disse que quem nele crê tem a salvação. Ao falar assim Jesus se colocou como objeto de fé, igualando-se ao Pai. Somente Deus pode salvar. O homem não salva a si mesmo. O ladrão tinha tudo para SOFRER milhares de encarnações até atingir o estado de perfeição, mas pela fé e arrependimento foi ali mesmo justificado e perdoado. O cristianismo ensina que não podemos alcançar a salvação por nossos méritos, mas sim pela graça que nos é dada mediante a fé em Jesus.

A reencarnação opera num mundo diferente. O viver na terra será sempre uma punição. A esperança ensinada pelo espiritismo reside no fato de deixar este mundo e seus ciclos de vida, morte e renascimento, embora, como vimos, esse ciclo seja "quase infinito". Segundo essa tese, a salvação consiste em libertar-se do corpo, como uma borboleta liberta-se do casulo. Após a última encarnação, o espírito estaria livre. O corpo seria um trampolim para o aperfeiçoamento.

Deus não aprova isso. No cristianismo, a salvação é algo que se possui neste mundo. A nossa salvação se dá em vida, ainda no corpo, apesar dos sofrimentos, e se completa na morte. Nosso corpo está incluído na obra de redenção: "...também gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a saber, a REDENÇÃO DO NOSSO CORPO" (Rm 8.23). O corpo, para o cristianismo, ao contrário da crença espírita, não é um invólucro descartável e desprezível. Quando Deus fez o homem o fez à sua imagem e semelhança.

A teoria da reencarnação é antibíblica na medida em que assegura, embora sem base científica e sem provas, que no ciclo da vida há várias mortes e vários nascimentos, ou seja, morremos e prosseguimos morrendo vezes sem conta. A Bíblia diz que os homens morrem UMA SÓ VEZ (Hb 9.27).

O próprio Jesus, um "Espírito Puro", segundo o espiritismo, ensinou, através da parábola do rico e Lázaro, que imediatamente após a morte o espírito segue para o céu, se justo, ou para um lugar de tormentos, se injusto (Lc 16.19-31). Através dessa parábola, Jesus nos ensinou uma realidade espiritual. Disse Ele que Lázaro morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. Lázaro, o mendigo, não precisava mais de nenhuma reencarnação? O ladrão na cruz e Estevão não precisaram voltar ao sofrimento terreno. O profeta Elias foi trasladado para o céu (2 Rs 2.11).

A reencarnação é antibíblica, ainda, na medida em que não admite um Juízo Final. Não há julgamentos no espiritismo. Mas Jesus ensinou a respeito de um dia de juízo, em que todos serão julgados. Vejam:

"Mas eu vos digo que de toda palavra frívola que os homens proferirem hão de dar conta no dia do juízo" (Mt 12.37). Onde está o dia de juízo na reencarnação, se todos caminham inexoravelmente rumo à perfeição?

Parte CXI

REENCARNAÇÃO E SOFRIMENTO

O cristianismo explica que a miséria humana teve origem na queda do homem, em razão de sua desobediência. Deus fez o homem perfeito. Quando Ele concluiu a criação do homem, disse que era MUITO BOM. A desobediência do primeiro casal levou a humanidade a passar por sofrimentos. E o maior defeito não é o físico; é o espiritual.

Assim como uma mangueira produz sempre manga, a desobediência do primeiro casal alcançou toda a humanidade. A rebeldia gerou rebeldia. "Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 3.23, 5.12). Somos herdeiros dessa natureza pecaminosa, porém "a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo é para todos os que crêem"; por isso, somos "justificados gratuitamente por Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.22,24). A nossa esperança não está aqui na Terra, mas no céu. Lá, não haverá lágrimas nem defeitos físicos, nem fome.

Não raro somos desafiados a explicar a razão pela qual Deus, sendo bom, permite o nascimento de crianças defeituosas. É mais ou menos a mesma coisa que perguntar por que Deus, sendo bom, criou o mal. Deus criou o homem com possibilidade de obedecer ou desobedecer. Isto é, com livre arbítrio. Deus não quis criar um ser autômato, um fantoche totalmente dirigível. Se Deus é amor, se Deus é bom, logo, Ele não criou o mal. Ao buscar a razão do sofrimento humano em vidas passadas, a teoria da reencarnação apresenta uma explicação diferente da do cristianismo.

Sobre as crianças que nascem defeituosas, convém sabermos que um corpo saudável, perfeito, sem dores não é sinônimo de felicidade e paz. Há cegos e paralíticos que são mais felizes do que pessoas sem nenhum problema físico. Há ricos que se suicidam e pobres que são plenamente felizes. A paz é um estado de espírito, e não uma condição material.

A paz verdadeira nasce da comunhão com Deus, pela aceitação do senhorio de Jesus, que assim nos prometeu: "Deixo-vos paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá" (Jo 14.27) Isto vale para cegos, aleijados e portadores de qualquer enfermidade. Daí afirmarmos que uma pessoa cega, surda e muda pode ser feliz, pode ter seus pecados perdoados, ter paz e ser salva. Ainda que esteja no leito de morte, passando por muito sofrimento, a pessoa pode sentir essa paz. As novas vidas corpóreas e novos sofrimentos, para garantir perfeição e paz, são um vôo no escuro. Ninguém sabe quando findará o ciclo morte-nascimento. Tudo é incerto. Não há paz na incerteza. O cristianismo oferece uma alternativa melhor, pois basta crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou ao terceiro dia, que é Senhor e Salvador; basta crer, obedecer e continuar na fé. Basta isto para ser salvo. O ladrão na cruz não precisou morrer muitas mortes e viver muitas vidas. Crer foi o suficiente. Apesar do terrível sofrimento da crucifixão, morreu na certeza da paz celestial. As pedradas que sofreu Estevão, o mártir, não foram capazes de subtrair sua paz. Sei que tal verdade soa como insanidade aos ouvidos de muitos, pois "a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (1 Co 1.18).

Sabermos exatamente como o orgulho e a vontade de desobedecer tiveram origem em seres bons, criados por Deus, a exemplo dos anjos e do homem, é um problema insolúvel que somente na glória nos será revelado. Enquanto peregrinos nesta vida, enxergamos com certa dificuldade as realidades espirituais. Vemo-las embaçadas, como se as olhássemos através de um espelho (1 Co 13.12).

Quando o pecado entrou no mundo, entrou também a dor, a tristeza, o conflito. "Deus disse à mulher: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio às dores darás à luz filhos". E a Adão: "Em fadigas obterás dela [da Terra] o sustento durante os dias de tua vida". Se Deus é bom, por que Ele disse isso ao primeiro casal? Ora, Adão e Eva eram puros, sem pecado.

Sua folha corrida estava limpa. Como a teoria da reencarnação explica o sofrimento do primeiro casal, se não em decorrência do pecado? Adão e Eva não haviam passado pela experiência de vidas anteriores. Para aperfeiçoamento? Não, não foi. Está mais do que claro que seus sofrimentos, estabelecidos por Deus, não foram em decorrência de desvios em vidas anteriores. Sei que para os evolucionistas estas considerações não fazem o menor sentido. A Bíblia diz que pela ofensa de um homem (Adão) entrou o pecado no mundo. A pior lepra não é a de cunho físico; é o pecado, isto é, a desobediência a Deus. Deus é BOM, mas castiga e repreende. A prova está no que aconteceu com o primeiro casal.

O espiritismo acredita que Deus não "manda um filho seu para o inferno" porque Ele é amor.

Realmente Ele não manda. Os homens maus, de corações duros, é que, no uso de seu livre-arbítrio, caminham em direção ao inferno. Portanto, o sofrimento passou a fazer parte da vida. O próprio Deus soberano assim o quis. Não podemos ser materialistas a ponto de acharmos que os defeitos físicos são os que nos causam maior sofrimento e prejuízos espirituais. Vejam o que disse Jesus: "É melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o seu corpo lançado no inferno" (Mt 5.29). O que dizer da inveja, do ódio, da mentira, do orgulho, do adultério, da idolatria? Perguntemos então por que Deus, em tudo perfeito e bom, permite que os homens odeiem uns aos outros e consintam na prática do aborto, em que crianças inocentes e sem defesa são assassinadas. Por que Deus permite a existência de enfermidades como a AIDS e o câncer que têm dizimado milhões de vidas? A teoria da reencarnação tem respostas para todos os casos? A reencarnação é injusta na medida em que acredita que tudo nesta vida está determinado. As decisões anteriores selaram nosso presente destino. Não há nada que possamos fazer. Nessa situação, não há esperança. Nada há que fazer para mudar essas condições. A reencarnação é fatalista. Nada se pode fazer por uma pessoa que sofre, pois estaríamos retardando seus passos rumo à perfeição. O cristianismo apresenta o perdão e a promessa de uma vida futura, não cheia de incertezas, mas de plena paz. A salvação do ladrão na cruz é exemplo. "Hoje estarás comigo no paraíso". A felicidade de saber que seguiremos para o céu em nada se compara aos sofrimentos desta vida. Mais uma vez apresento o exemplo de Estevão, o mártir. Ele estava sendo apedrejado, mas, revelando possuir paz no coração, olhou para o céu e entregou seu espírito ao Senhor Jesus.

A teoria da reencarnação empurra o sofrimento para existências futuras, tantas que o espiritismo não sabe quantificar. Vejam: "O número de reencarnações é o mesmo para todos os Espíritos?". Resposta: "Não. Aquele que avança rapidamente evita provas. Contudo, essas encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso é quase infinito" (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, cap. IV, item 169).Portanto, de acordo com essa teoria ninguém sabe ao certo se alcançará a tão sonhada perfeição.

Pela essa teoria, os sofredores não sabem por que ou por quem estão sofrendo. Sequer se lembram das vidas passadas. Estão condenados a sofrer infindas encarnações, mas não sabem como, onde, quem, porque e quando. O inocente, manso de coração, mesmo que não faça nenhum mal nesta vida, terá que sofrer para ser melhor na próxima existência.

O sofrimento de Jesus, a partir do seu nascimento, é uma prova de que as vicissitudes desta vida não têm a finalidade de limpar as impurezas em vidas anteriores. Como Ele foi definido como "Espírito Puro", enviado em missão divina para ensinar aos homens uma superior moral, tudo conforme imaginou Allan Kardec, seu caso não pode ser enquadrado na teoria da reencarnação (Veja "O Espiritismo e o Sofrimento de Jesus"). Ele não é e não era um ser imperfeito. Não havia o que aperfeiçoar nEle. Por que sofreu? Seria para que servisse de exemplo? Exemplo? Devemos todos ser crucificados por uma causa nobre? Não.

A teoria da reencarnação não mostrou que funciona na prática. Apesar dos avanços tecnológicos e das inúmeras encarnações ao longo de milhares de anos a humanidade continua sofredora. A fome está aumentando. Ou fome não um sofrimento muito maior do que um defeito físico? Não se nota expressiva melhoria de ordem moral na raça humana. Os incontáveis ciclos morte-nascimento deveriam ter produzido melhoria considerável, pois muitas vidas já estariam quase atingindo a perfeição, ou sofrendo a última encarnação. Então seria o caso de não existirem tantas guerras, epidemias e fome. Quando chegará a tão sonhada perfeição da humanidade, conquistada por inúmeras encarnações? Leiam: "Qual o objetivo da reencarnação?" Resposta: "Melhoramento progressivo da Humanidade" (Ibidem, cap.IV, item 167). A tese de que a humanidade caminha para a perfeição moral contraria as palavras de Jesus sobre a situação futura. Vejam:

"Nesse tempo, muitos se escandalizarão, trair-se-ão mutuamente e se odiarão uns aos outros. Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase todos esfriará" (Mt 24.9-12).

É bom lembrar que Jesus, segundo o espiritismo, é o Espírito Puro que veio com missão divina, enviado por Deus para nos ensinar. Ora, ao falar em "princípio das dores" (Mateus 24), Jesus nos revela que os problemas da humanidade, tais como as dores de parto, serão intensificados na medida em que o fim se aproxima. Quando o espiritismo diz que cada encarnação é um passo rumo à perfeição - e só se pode entender isso como perfeição moral - está afirmando algo que destoa do ensino do Mestre dos mestres. O ensino da perfeição de todas as almas indica que a humanidade atingirá um considerável desenvolvimento moral. Quando? A palavra de Jesus se apresenta na contramão de tal proposta. Ele assegurou que as coisas vão piorar. "O princípio das dores", como nas dores de parto, significa dores maiores e mais freqüentes com o passar do tempo. O cristianismo explica que há um fim para o sofrimento da humanidade. No espiritismo não há um fim à vista.

A reencarnação do espiritismo científico ensina que a ressurreição de Jesus não foi possível porque a ciência não pode explicar como dar vida a um corpo em estado de putrefação. Ora, Jesus foi o único homem que predisse a própria ressurreição e afirmou que passaria só três dias no sepulcro. Por tudo que Ele fez e ensinou, está provado que não era mentiroso, impostor ou lunático. Se desejarmos explicar a Sua ressurreição via ciência, nunca encontraremos respostas.

Assemelha-se ao esforço, que dura décadas, de encontrar o "elo perdido", o meio termo entre homem e macaco.

O espiritismo argumenta que na reencarnação está a resposta para pessoas que já nascem com dons especiais, tais como pintores, músicos, escritores, etc. Alega que a razão disso é a experiência em vidas passadas. Leiam: "Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parece que têm a intuição de certos conhecimentos, como línguas, cálculo, etc".

Resposta: 'Progresso anterior da alma, do qual, entretanto, ela não tem consciência" (Ibidem, cap. IV, item 219). Todavia, se fizermos uma pesquisa mundial veremos que as grandes fortunas, os talentos, o aprendizado se verificaram em vida, depois de muito trabalho e dedicação. Tal situação está conforme as palavras de Deus: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão" (Gn 3.19). O homem iria multiplicar-se, adquirir experiência, inventar objetos facilitadores dos trabalhos manuais, arar a terra e fazer plantações, inventar a roda, organizar-se. Deus estaria presente distribuindo dons. Todos os dons são recebidos de Deus. Até a vida eterna é dom gratuito de Deus (Rm 6.23). A fé é dom de Deus (Ef.2.8). Deus capacitou Bezalel e Aioliabe e lhes deu sabedoria, entendimento e criatividade para serem artífices da obra do tabernáculo (Gn 31.1-6). Estes homens não adquiriram tais dons em vidas anteriores. Então, tudo que temos ou foram adquiridos em vida, pelo estudo e dedicação árdua, ou recebemos diretamente de Deus.

Os reencarnacionistas acreditam que o indivíduo é um deus, na medida em que crêem na salvação pelo esforço próprio. Essa doutrina é contrária à do cristianismo. Jesus disse que quem nele crê tem a salvação. Ao falar assim Jesus se colocou como objeto de fé, igualando-se ao Pai. Somente Deus pode salvar. O homem não salva a si mesmo. O ladrão tinha tudo para SOFRER milhares de encarnações até atingir o estado de perfeição, mas pela fé e arrependimento foi ali mesmo justificado e perdoado. O cristianismo ensina que não podemos alcançar a salvação por nossos méritos, mas sim pela graça que nos é dada mediante a fé em Jesus.

A reencarnação opera num mundo diferente. O viver na terra será sempre uma punição. A esperança ensinada pelo espiritismo reside no fato de deixar este mundo e seus ciclos de vida, morte e renascimento, embora, como vimos, esse ciclo seja "quase infinito". Segundo essa tese, a salvação consiste em libertar-se do corpo, como uma borboleta liberta-se do casulo. Após a última encarnação, o espírito estaria livre. O corpo seria um trampolim para o aperfeiçoamento.

Deus não aprova isso. No cristianismo, a salvação é algo que se possui neste mundo. A nossa salvação se dá em vida, ainda no corpo, apesar dos sofrimentos, e se completa na morte. Nosso corpo está incluído na obra de redenção: "...também gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a saber, a REDENÇÃO DO NOSSO CORPO" (Rm 8.23). O corpo, para o cristianismo, ao contrário da crença espírita, não é um invólucro descartável e desprezível. Quando Deus fez o homem o fez à sua imagem e semelhança.

A teoria da reencarnação é antibíblica na medida em que assegura, embora sem base científica e sem provas, que no ciclo da vida há várias mortes e vários nascimentos, ou seja, morremos e prosseguimos morrendo vezes sem conta. A Bíblia diz que os homens morrem UMA SÓ VEZ (Hb 9.27).

O próprio Jesus, um "Espírito Puro", segundo o espiritismo, ensinou, através da parábola do rico e Lázaro, que imediatamente após a morte o espírito segue para o céu, se justo, ou para um lugar de tormentos, se injusto (Lc 16.19-31). Através dessa parábola, Jesus nos ensinou uma realidade espiritual. Disse Ele que Lázaro morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. Lázaro, o mendigo, não precisava mais de nenhuma reencarnação? O ladrão na cruz e Estevão não precisaram voltar ao sofrimento terreno. O profeta Elias foi trasladado para o céu (2 Rs 2.11).

A reencarnação é antibíblica, ainda, na medida em que não admite um Juízo Final. Não há julgamentos no espiritismo. Mas Jesus ensinou a respeito de um dia de juízo, em que todos serão julgados. Vejam:

"Mas eu vos digo que de toda palavra frívola que os homens proferirem hão de dar conta no dia do juízo" (Mt 12.37). Onde está o dia de juízo na reencarnação, se todos caminham inexoravelmente rumo à perfeição?

CXII

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Legalismo e Proibições

As ex-testemunhas Cid de Farias Miranda e William do Vale Gadelha, que serviram à Sociedade Torre de Vigia (STV) por mais de vinte anos, declararam que “quase todo aspecto da vida de uma Testemunha é controlado”. Outro, Raymond Franz, que trabalhou por quase quarenta anos para esse grupo, onde, por nove anos, foi membro do Corpo Governante, declara:

“Virtualmente cada setor da vida – assuntos familiares e conjugais, emprego, relações sociais e comunitárias – é coberto por uma ou outra das normas contidas nesta publicação {manual denominado Ajuda Para Responder Correspondência dos Escritórios de Filial]. Mas os 174 tópicos alistados no índice dão apenas uma visão superficial da realidade que se acha nas páginas, uma pequena idéia de exatamente quão extensas e complexas tinham se tornado as normas da organização. E mesmo as páginas do Manual contam apenas uma parte da história, pois elas trazem referências abundantes a artigos da Sentinela que se prendem ainda mais a detalhes técnicos das normas elaboradas. A proliferação de regulamentos e sub-regulamentos que se acham em suas páginas (algumas “impostas” diretamente e outras de modo apenas sutil) só podem ser descritas como talmúdicas. E a cada ano, novas regras são formuladas em resultado das reuniões do Corpo Governante. Embora o manual revisado devesse chamar-se Orientações Para Correspondência, todo aquele que ocupa a posição de ancião congregacional, superintendente viajante ou membro de Comissão de Filial sabe que o conteúdo do Manual não é mera orientação, mas tem força de lei.

Ele sabe que se não se apegar estritamente a estas normas e decisões ao tratar dos assuntos, estará sujeito à disciplina. Estas normas são, de fato, tratadas com o mesmo respeito que se teria às declarações diretas das Escrituras, lei divina. As Testemunhas aprendem a encará-las assim. Já em A Sentinela de 15 de maio de 1944 (em inglês), via-se esta declaração: “Deve-se ter sempre em mente que a organização de Deus de seu povo é Teocrática, não democrática. As leis de sua organização vêm dele próprio, o grande Teocrata, Jeová, o Supremo. De modo único, uma organização é regida do alto para baixo (o que significa do Deus Altíssimo para baixo) e não de baixo para o alto (isto é, das pessoas das congregações para o alto)”. (01)

Se a STV fosse um canal diretamente ligado a Deus, os líderes do Corpo Governante não teriam errado tantas vezes com relação às profecias apocalípticas de 1914, 1918, 1920, 1925 e 1975.

Foram várias datas em que juravam ser a palavra de Deus. Não teriam errado também com relação às vacinas proibidas em 1921 (A Sentinela, de 12.10.1921, pg.122) e liberadas trinta e um anos depois, após reconhecerem, tardiamente, o engano (A Sentinela, de 15.12.1952, pg. 764).

Tardiamente porque muitos morreram por confiarem cegamente no “canal de Deus”. O desabafo e a denúncia vêm de uma ex-testemunha: “Por ter causado, no passado, mortes e danos em função das orientações relacionadas a vacinas, transplantes de órgãos e frações de sangue, a Sociedade se tornou CULPADA DE SANGUE, bem como trouxe vitupério a Deus e à sua Palavra por causa das profecias HUMANAS não cumpridas. Neste século, centenas de milhares de pessoas TROPEÇARAM por causa disso, muitas perdendo a fé não apenas na organização, mas também em Deus e na Bíblia (Mt.18:7)”. (02)

Vale considerar que continua em vigor a proibição de receber ou doar sangue, isto é, proíbe-se o socorro humanitário a pessoas entre a vida e a morte. Como aconteceu noutros casos, dentro de mais algum tempo a transfusão de sangue poderá ser liberada, mas sem antes deixar um bom número de vítimas. Vejamos algumas das proibições em vigor: (03)

Aniversários Natalícios – Os membros da STV são proibidos de comemorar ou de participar de festas natalícias (A Sentinela de 15.01.81, p.30/31). Apresentam como justificativa o fato de que os únicos aniversários registrados na Bíblia foram comemorados por reis pagãos: Faraó (Gn 40.20-22) e Herodes (Mt 14.6-11; Mc 6.21-28).

O raciocínio é por demais ingênuo. Se evitarmos fazer tudo o que um ímpio faz, então nem poderíamos viver. Exemplos: tomar banho na praia, viajar de avião, comemorar bodas de prata, tomar sorvete, fazer exercícios físicos, etc. O nascimento de João Batista foi motivo de festa e alegria (Lc 1.14). O homem é um ser social. Cumprimentar alguém por ocasião de sua data natalícia diminui a distância entre as pessoas e fortalece os laços fraternais. O tradicional "parabéns" é uma demonstração de carinho e de amizade. É uma alegria saber que uma pessoa venceu mais um ano de vida, principalmente se essa vida é de entrega total a Jesus. Mais um ano de vida nunca deve ser motivo para lágrimas e tristezas. Podemos dizer com o salmista que no ano que passou "grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres" (Sl 126.3). A alegria pela passagem de mais um ano decorre, também, da certeza de que a vinda do nosso Salvador está mais próxima. O Apóstolo recomenda que nos regozijemos sempre, e que "em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (1 Ts 5.16-17). Então, alegremo-nos pela passagem de mais uma data natalícia e demos por isso graças a Deus porque Ele, autor da Vida, nos concedeu mais um ano. A tragédia nas comemorações do aniversário de Faraó e Herodes não é prenúncio de que a mesma coisa acontecerá conosco. Esses pagãos nada fizeram para glorificar o nome de Deus. Ora, "quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1 Co 10.31). O nascimento de um filho, a lembrança do dia em que ele nasceu e tantos outros momentos alegres da vida são para glória de Deus. Portanto, a proibição não tem respaldo bíblico.

Armas de Fogo – A proibição alcança não só os militares, mas também os que exercem atividades que exigem o uso de armas: “O cristão maduro deve tentar achar emprego sem o uso de armas... não podemos mais considerar exemplar o irmão que continuar num emprego armado. Podem-se-lhe conceder seis meses para fazer a mudança. Se não, não estará em condições de ter privilégios especiais de serviço e de responsabilidade na congregação” (A Sentinela de 15.01.84, p.24).

Nota-se que não conceder certos privilégios (elogios, reconhecimento, ficha sem restrições, etc) significa castigo. O verdadeiro cristão, para crescer na graça, precisa de privilégios dentro da congregação? Ora, o privilégio de ser filho de Deus supera qualquer condecoração terrena. Não somos salvos pela quantidade de revistas que vendemos ou pelo número de visitas que fazemos. Certos privilégios resultam em exaltação, egolatria, presunção e vaidade. Proibir o uso de armas em qualquer circunstância decorre de mais um raciocínio ingênuo. Os malfeitores fariam a festa numa cidade em que os habitantes fossem todos filiados à STV, pois lá não haveria polícia armada. Qual a diferença entre um revólver e uma faca? Ambas são armas que podem ser usadas para matar. Então, por que somente proibir arma de fogo? Quando há vontade, até com as próprias mãos o homem pode tirar a vida do seu semelhante. Sou favorável a que o cidadão comum não ande armado. Mas o profissional militar, devidamente habilitado, pode e deve portar a sua arma.

Bandeira Nacional - Não se deve prestar qualquer homenagem à bandeira, nem fazer juramento de lealdade a ela, ainda que seja uma saudação. Também se proíbe cantar o Hino Nacional. As TJ podem hastear e arrear a bandeira como dever de ofício, como no caso de empregados em repartições públicas, mas não podem participar da cerimônia pertinente. Afirmam, ainda, que prestar devoção á bandeira e cantar hinos são formas sutis de idolatria. (04)

Não há formas sutis de idolatria. A idolatria nasce no coração; é ali que se manifesta. Existe ou não existe. A idolatria se torna perceptível quando acompanhada de gestos específicos, dentre os quais o ajoelhar-se é o mais expressivo. “Bater continência” à bandeira é gesto de cumprimento respeitoso, e não pode ser considerado idolatria ou adoração. Como a idolatria/adoração está no coração, aquele que hasteia ou arreia a bandeira poderá idolatrá-la sem que haja manifestação física. Portanto, a proibição não tem apoio bíblico. Barba – A proibição do seu uso não está expressamente declarada, mas se acha implícita na palavra oficial da STV. “Por ser vista de modo negativo nas publicações, a barba no padrão mundial da Testemunhas hodiernas, não é usada pela maioria esmagadora de seus membros. Eles sabem que poderão não atingir “privilégios de serviço” por causa do uso de barba, além do quê, sentir-se-ão como “estranhos no ninho”. (05).

Não existe na Bíblia qualquer palavra contra o uso de barba. Há instruções sobre tratamento de lepra na cabeça e na barba (Lv 13.29) e, no mesmo livro, uma recomendação para não danificar as extremidades da barba (Lv 19.27); os servos de Davi usavam barba (2 Sm 10.4). No meio evangélico há servos de Deus que usam barba ou barbicha e isso em nada diminui seus méritos diante do Senhor.

Bater palmas – A STV proíbe que seus membros manifestem alegria com palmas pela readmissão de um membro. Enquanto no céu há grande alegria por causa de um pecador que se arrepende, nos templos da STV ninguém pode dizer que está alegre (Lc 15.7). A Bíblia recomenda “aplaudi com as mãos, todos os povos” (Sl 47.1). As TJ ficam tristes pela readmissão de um membro? Vejam bem: pecador que se arrepende e se volta para o Senhor Jesus, significa aceitar o senhorio de Jesus, recebê-lo como Senhor. Isso deve ser motivo de alegria.

Brindar – Em A Sentinela de 1968, às páginas 447 e 448, a STV proíbe seus membros de fazer brindes levantando copos. Quer dizer que pode brindar sem levantar copos? Nada impede que brindemos, entendido que nossas taças não conterão bebida embriagante.

Cobrir a cabeça – “As mulheres Testemunhas batizadas, ao dirigirem estudos “bíblicos” na presença dum varão batizado, fazem-no com a cabeça coberta (A Sentinela de 1960, p. 478). Mas elas não têm de cobrir cabeça ao interpretar para surdos (A Sentinela de 1977, p.640) nem fazer partes na Escola do Ministério Teocrático (A Sentinela de 1961, p. 671-2). No entanto, as mulheres são proibidas de orar na presença dum varão batizado (A Sentinela de 1960, p. 478)”. Os surdos são inferiores aos varões batizados? Sem comentários. (06)

Falar com pessoas desassociadas – De modo algum uma TJ pode falar com uma ex-TJ, exceto no caso de transações comerciais. Em se tratando de parentes desassociados, devem reduzir o contato ao estritamente necessário (A Sentinela 01/04/83, p. 31; 15.04.80, p.32; 15.10.86, p. 31; 01.04.86, p. 30-3, etc). Medo de que conheçam também a verdade? A proibição é inteiramente antibíblica. Jesus falou publicamente com pecadores. Essa ridícula proibição é incentivo à ruptura familiar, além de ser a negação do mandamento de Jesus, o de amar o próximo como a si mesmo.

Guardar Luto pelos Mortos – Desaconselham a demonstração de “pesar em público por meio de algum sinal externo” (A Sentinela 01.10.62, p.6-7-8). Disto isto, as TJ não podem chorar a morte de seus entes queridos, pois as lágrimas são sinais externos de pesar.

Jogar Buquê de Flores para Damas de Honra – “Visto que tal costume ocorre nos casamentos do mundo e é simplesmente um costume tradicional do paganismo, não seria considerada conduta santa, e deve ser eliminado dos casamentos cristãos” (A Sentinela 01.04.65, p.223). Simplesmente ridícula essa proibição. Deveriam proibir também, por coerência, o tradicional vestido de noiva, a entrada da noiva com o pai, os bolos e refrigerantes da festa e demais cerimônias. Aliás, o próprio casamento civil deveria ser proibido, pois o mundo assim procede. Casamento cristão? Casamento cristão é aquele em que os nubentes crêem em Jesus como Senhor e Salvador pessoal.

Namorar – A STV recomenda que o tempo gasto em namoricos deva ser usado para desenvolver a “madureza emocional”. Portanto, marcar encontro para namorar, sem o intuito de casar-se, é proibido (A Sentinela 01.04.72, p.209-211). Também se trata de uma proibição ridícula. O casamento começa com o namoro.

Desobediência dos filhos aos pais – A STV ensina que “se os pais exigirem que seus filhos cessem toda a associação com as Testemunhas de Jeová, os filhos terão de decidir o que irão fazer, à base do que saber ser certo” (A Sentinela 01.06.74, p.251-2). Mais uma vez a STV se coloca a favor da ruptura familiar. Nos lares em que se concede que os filhos recebam “estudo bíblico” da STV, pode acontecer esse problema. O ensino é antibíblico: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, pois isto é justo” (Ef 6.1). A STV não obedece ao que está escrito na sua Tradução do Novo Mundo: “Filhos, sede obedientes aos vossos pais em união, com [o] Senhor, pois isto é justo”.

Peixes – “Ao se abrir um peixe, quando a pessoa observa um acúmulo de sangue, ela deverá removê-lo” (A Sentinela 15.10.75, p. 639-40). É por isso que, como citado no início, “quase todo aspecto da vida de uma Testemunha é controlado”.

Serviço Militar – A Bíblia recomenda que os crentes sejam sujeitos “aos governadores e autoridades, sejam obedientes, estejam preparados para toda boa obra” (Tt 3.1). “Que toda pessoa esteja sujeita às autoridades superiores, pois não há autoridade que não venha de Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação” (Rm 13.1,2; ver 1 Pe 2.13-15). “Por ser importante para o testemunho e progresso constante do evangelho, o crente deve ser obediente às autoridades civis e governamentais; deve cumprir a lei civil, ser bom cidadão e agir como vizinho cortês e prestimoso (cf.Mt 17.24-27;22.15-22; Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-17). A única exceção ocorre quando as leis do país conflitam com os ensinos bíblicos (cf Atos 5.29)” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Tais versículos constam da Tradução do Novo Mundo, a bíblia da STV. Todavia, as TJ são proibidas de prestar o serviço militar obrigatório do país.

“Quando uma TJ batizada completa 18 anos, é “orientada” pelo corpo local de anciãos a pedir eximição (diferente de “isenção”) que significará perder todos os direitos políticos como cidadão. Caso o membro não siga a “orientação” e faça por livre e espontânea vontade o “juramento à bandeira”, é automaticamente considerado fora da organização (A Sentinela 01.05.96, p. 19). (07).

Os jovens TJ estão predestinados a viverem à margem da lei, por causa de uma proibição sem respaldo bíblico. Aos poucos a STV abre mão de suas proibições, mas só depois de muitos desajustes e sacrifícios inúteis. O serviço civil alternativo em substituição ao Serviço Militar, foi liberado em 1996, após 16 anos de proibição, conforme A Sentinela de 01.05.96, p. 20. No Brasil, essa alternativa não é permitida. Vejam o relato de um homem que durante quarenta anos trabalhou para a Sociedade Torre de Vigia:

“Durante anos, em obediência a esta norma [proibição de ingressar no serviço militar e de aceitar o serviço alternativo], literalmente milhares de Testemunhas de Jeová, em diferentes países ao redor do mundo, foram para prisão em vez de aceitar as provisões do serviço alternativo. Há Testemunhas agora mesmo na prisão por este motivo. Deixarem de aderir à norma da Sociedade significaria serem vistos automaticamente como “dissociados” e tratados do mesmo modo como se fossem desassociados [Para conhecer o sofrimento por que passa um desassociado, leia “A Inquisição das Testemunhas de Jeová”]. Em novembro de 1977, uma carta de uma Testemunha na Bélgica questionava o raciocínio sobre o qual se apoiava esta norma. Isto levou à consideração do problema pelo Corpo Governante... Foi feita uma pesquisa mundial e receberam-se cartas dos cerca de noventa escritórios de filiais. Um número considerável indicava que as Testemunhas em seus respectivos países tinham dificuldade de ver qualquer base bíblica existente para a posição adotada. Em todos esses casos controvertidos, a “transgressão” passível de desassociação” não era algo claramente identificado nas Escrituras como pecaminoso. Era assim puramente um resultado da norma organizacional” (08).

Raymond Franz acrescenta que durante os 16 anos de proibição do serviço alternativo milhares de Testemunhas passaram temporadas na prisão. Na França, conforme relatório da Anistia Internacional, mais de 500, a maioria deles Testemunhas, estiveram presos durante o ano. No mesmo ano (1988) na Itália, aproximadamente mil objetores de consciência, na maior parte TJ, estavam aprisionados em dez prisões militares por se recusarem a executar serviço militar ou serviço alternativo. Para refletir:

“Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.30).

“Ai de vós também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas” (Lc 11.46).

Referências

01) Raymond Franz, “O Legalismo – Oponente da Liberdade Cristã”, citado por Cid Miranda/William Gadelha, em “A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová”, à pág. 399, 402 e 403).

02) Cid F. Miranda e William V.Gadelha, “A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová”, p. 256.

03) Idem p. 388/399.

04) “Conhecimento Que conduz à Vida Eterna”, STV, 1995, p.123, citado em a Bíblia Apologética – Números 1.52; 2.2-34).

05) Cid Miranda e William, “A Verdade..., p.389.

06) Idem, p. 391.

07) Idem, p. 397.

08) Raymond Franz, “Crise de Consciência”, p. 121-122.

Parte CXIII

LEVANDO A SÉRIO O SEGUIR A CRISTO

Leitura básica: Lucas 9.57-62

 Aqui está Jesus se dirigindo para Jerusalém com os discípulos. Naturalmente, precisavam eles passar pela Samaria, já que estavam na região norte da Palestina. E por ali passando, agora se defronta o Mestre com três aspirantes a segui-Lo. Nesses três homens, diferentes tipos de caráter a partir de suas afirmações e reações; três naturezas tão diferentes como o óleo, a água e o vinho.

A história conta como Jesus lidou com cada um deles, e, dependendo do tipo de resposta, que instrução/exortação dera. O amigo e irmão que está afastado de uma igreja analise se por acaso se identifica com algum destes candidatos ou com o modo como são descritos.

O PRIMEIRO CANDIDATO

O primeiro candidato está nos versos 57 e 58: "Quando iam pelo caminho, disse-lhe um homem: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninho mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça".

Temos neste primeiro caso um teólogo. Se lermos a mesma história no Evangelho de Mateus, um detalhe será visto: que "um escriba" aproximou-se de Jesus. Não é um homem comum, portanto; não era como nós. Era versado nas Escrituras, sabia analisar o que estava escrito na Palavra de Deus. Era um rabino, sabia cada detalhe de cada expressão, de cada palavra, e, até parece exagero, de cada letra como no Talmude se faz (quando se o lê, de um lado está o texto, e do outro, o comentário de um rabino, de um escriba). E esse homem é um escriba, e se oferece para seguir a Jesus com palavras decididas!

Que beleza de palavras!... "Seguir-te-ei para onde quer que fores", disse ele. Palavras muito semelhantes vamos encontrar em outros lugares da Santa Escritura, por exemplo, as proferidas por Pedro. Estão registradas em Lucas 22.33: "Senhor, estou pronto para ir contigo tanto para a prisão quanto para a morte". Que palavra decidida... logo depois, porém, negou a Jesus.

É importante o detalhe de Mateus ao dizer que o primeiro homem era um escriba. Não eram atraídos a Jesus apenas os camponeses, como há quem pregue; não eram atraídos apenas os artesãos, como há quem diga. Mas esse voluntário é um escriba, um homem de mentalidade superior, cheio de entusiasmo, autoconfiante. Ou seria ele um precipitado, um irrefletido? Sua palavra é bonita e tocante à luz de Lucas 9.23 onde Jesus diz, "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me".

"Seguir-te-ei para onde quer que fores", disse ele. Mas tudo indica que ele não estava consciente das implicações do que estava decidindo. Talvez pensasse que o caminho que Jesus trilhava levaria ao sucesso, ao poder. Não havia apóstolos que também pensavam assim? A mãe de dois deles não foi a Jesus e pediu que no Seu reino colocasse um dos filhos à direita e outro à esquerda? Primeiro-ministro um, Ministro das Finanças o outro. Quem sabe esse escriba poderia ser Ministro da Educação no reino de Deus? Mas Jesus sabia que assim não era: era um caminho sem retorno, caminho que O levaria ao Getsêmani e ao Calvário porque o Seu compromisso com a vontade do Pai e com a necessidade do ser humano não era superficial.

Esse homem devia calcular a despesa. "Meu amigo, você precisa calcular quanto custa me seguir". Ele disse: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem - e essa é uma expressão messiânica - não tem onde reclinar a cabeça". Ninguém deve dizer que foi induzido a seguir a Jesus sob falsas promessas. As exigências de Jesus Cristo são as mais altas possíveis. Seguir a Cristo é segui-Lo a Jerusalém; seguir a Jesus Cristo é acompanhá-Lo às pedras do Calvário; seguir a Cristo é renunciar às alegrias do mundo; é compartilhar o próprio compromisso de Jesus, a Sua missão, os Seus alvos, o Seu sofrimento. É preciso seguir o Mestre de modo firme e sem ilusões. E o que Jesus quer é dedicação total de acordo com o mencionado verso. O que Ele deseja é capacidade de segui-Lo sem meias verdades e meias medidas, sem reservas e sem poréns.

Jesus conhecia o íntimo daquele homem, e na Sua resposta, Ele talvez fizesse referência ao incidente com os samaritanos, porque diz Lucas que quando estava passando pela Samaria quis dormir numa cidade e não O receberam. Talvez Jesus estivesse querendo dizer isso: "Olha, eu nem tenho onde dormir; passei por sua terra e não me deixaram ficar lá, tive que seguir adiante". É aí que na palavra de Jesus, dá-se o uso de uma parábola, a descrição do Seu ministério, onde a falta de descanso é uma constante. Não esqueçamos isso: o crente em Jesus Cristo não foi chamado para cruzar os braços, e talvez nem tenha onde descansar. Teria ele levado a sério o seguir a Cristo realmente?

Nesse ponto, entra o segundo candidato (vv. 59,60).

O SEGUNDO CANDIDATO

"Segue-me. Ao que este respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus".

Observem que este segundo candidato foi diretamente convidado por Jesus Cristo. Não foi como o primeiro que se ofereceu; esse Jesus olhou nos olhos e chamou. No entanto, o homem Lhe pede licença para sepultar o pai. Ele quer seguir, mas só depois de cumprir uma sagrada obrigação que era sepultar o pai. Sabem qual era o problema? É que o pai nem estava doente?! "Sepultar o pai" é uma expressão idiomática da língua aramaica: "Eu vou segui-Lo, mas primeiramente eu não quero mais ter qualquer ligação com a minha casa; quando meu pai falecer, eu sigo".

Era relutante, tem um conflito de interesses, era demorado, precisava de um "empurrãozinho". Mas, quem sabe, há outra possibilidade? É que o pai nem estivesse morto, pois se tivesse falecido, o homem não estaria ali conversando com Jesus, mas em casa. Não é verdade? O pedido, então, era para ficar em casa até que o pai falecesse. E esse era um atraso sine die. Mas os assuntos do reino de Deus não podem ser adiados! Quem tem a visão de Jesus, e de Sua vontade e de Sua obra não deve negar nem atrasar a vocação celestial. E Jesus pronuncia as palavras que à primeira vista parecem duras ("Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos"). Não necessariamente eram palavras pesadas: se o homem voltasse para casa, não mais viria a Jesus. Então, Jesus, na verdade, foi direto, foi prático. Num grande incêndio ninguém fica dentro do prédio; num grande sinistro, num terremoto, enchente, naufrágio, os médicos têm que assistir os vivos, e não assistir aos funerais... Por isso, Jesus declarou: "Deixa os espiritualmente mortos enterrar os corporalmente mortos" (cf. Ez 24.15-18). É renunciar aos preconceitos, às idéias formadas, e dar preeminência e prioridade à vontade de Deus, ao Seu domínio no coração e na vida.

Que teria sucedido a este candidato após a palavra de Jesus? Levou a sério a convocação?

O TERCEIRO CANDIDATO

Ele deve ter ficado chocado com essa situação, e resolveu contemporizar: quis misturar o primeiro caso ("Senhor, eu vou seguir!") com o segundo ("Senhor, vou sepultar meu pai!"). E disse assim: "Senhor, eu te seguirei; mas deixa-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa. Jesus, porém, lhe respondeu: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus".

Ele se oferece para o discipulado, mas estabeleceu condições porque queria tempo para despedidas. É tranqüilo, é entusiasta, mas tem o coração dividido; acha difícil cortar os laços com o passado, e com a sua cultura. Jesus percebe nele a decisão, mas, ao mesmo tempo, um freio. Falta-lhe o empenho, o compromisso com o qual deve enfrentar o futuro para o qual Deus o estava chamando.

Creio que ele queria a opinião dos parentes, ou que os amigos dissessem alguma coisa a respeito do projeto. Creio que ele queria voltar para casa para perguntar, "Meu amigo, estou querendo seguir a Jesus, que é que você acha?" Mas as despedidas em casa poderiam resultar numa despedida de Jesus para sempre. Por essa razão, o Senhor mostrou que não se pode perder tempo quando se trata de atender a um convite divino, mas é preciso fazê-lo com segurança. Apesar do pedido até razoável daquele, ele ocultava alguma relutância, porque lembrando dos que ficaram em casa, estava começando a vacilar no desejo de seguir.

Jesus entra, agora, com a figura do arado. Figura perfeitíssima: quem toma do arado e olha para trás, corre o perigo de estragar o sulco aberto pela ferramenta, e, assim, o trabalho que está sendo realizado se prejudica. Como nem todo mundo já chegou a ver um arado, vamos ver uma figura de hoje: andar de bicicleta. Já experimentou andar de bicicleta olhando para trás? Corre-se o perigo de um desastre.

A exigência de Jesus Cristo vai além, até, dos antigos profetas (cf 1Rs 19.19-21). O trabalho de Cristo é colocar as mãos firmes no arado para quebrar o solo duro dos nossos próprios corações e dos semelhantes nossos.

Quem olha para trás prejudica esse serviço (v. 62). É preciso se dar inteiramente a Ele trabalhando com retidão. Com o arado se faz assim. Há uma história contada por todos os evangelistas que diz que um moço que nunca havia trabalhado com um arado foi trabalhar numa fazenda. O fazendeiro lhe disse que ia trabalhar com o arado, e deu-lhe as instruções. Olhe para um ponto, e vá com o arado para ele. "Sabe fazer?" "Sei." À tarde, para surpresa do fazendeiro, estava tudo torto. "Eu não lhe expliquei para olhar para um ponto e seguir para ele?" "Mas eu fiz isso!" "E como está tudo torto? Qual foi o ponto que você escolheu?" "Aquela vaca lá adiante". A vaca andava, o rapaz ia atrás. Não se pode deixar de ter a retidão exigida pelo reino de Deus.

Lucas não diz o que aconteceu aos três homens. Percebemos, no entanto, que Jesus não os rejeitou. Quanto ao primeiro candidato, Ele disse, "Você calcule o custo, e depois me siga" (v. 58). Talvez ele tenha seguido, talvez não. Ao segundo, Jesus disse especificamente: "Vai, e fala do reino de Deus" . (v. 60). Quanto ao último, não diz o texto que renunciou, ou que Jesus mandou embora. Ele disse, "Ninguém que pega no arado pode olhar pode olhar para trás; você tem que seguir sempre" (v. 62). A Bíblia não diz igualmente o que aconteceu. Por essa razão, porque o discipulado convida ao auto-compromisso: o auto-confiante é alertado, como foi o primeiro; o super-cauteloso é estimulado como sucedeu com o segundo; e o que quer ganhar tempo é chamado a ser sincero e honesto como ocorreu com o terceiro.

Na verdade, o privilégio e a seriedade de seguir a Jesus Cristo são de tal grandeza que não há lugar para compromissos outros, para desculpas com o mundo, para com o coração dividido. O que Jesus quer é seguidores que levem em conta o preço, que estejam prontos para segui-Lo imediatamente, e que não tenham o coração dividido. Não é fácil seguir a Jesus Cristo! Sofremos grandes pressões: da sociedade, da mídia, dos familiares, tudo que vem batalhando de modo incrível para que não sigamos a Jesus Cristo. Somos perseguidos, espezinhados; quem vai seguir a Jesus não pode olhar para trás, não pode pensar em descanso, mas só em pressões; quem segue a Jesus recebe uma ordem: "Vai, e anuncia o reino de Deus". Quanto está implícito no seguir a Cristo...

Henry Drummond, grande pregador do século passado, falava aos sócios de um clube em Londres, e dizia: "Senhores, a taxa de inscrição no reino de Deus custa "nada", mas a mensalidade custa "tudo". É permanecer em Cristo, é perseverar, é ser constante, porque a perseverança e a constância são o teste do discipulado, pois é o segredo de vencer qualquer dificuldade, e como Jesus falou sobre permanecer, sobre aderir às Suas palavras, ao Seu ensino, ao Seu evangelho. E este é o convite que eu lhe quero fazer.

CXIV

LEVANDO A SÉRIO A UNIDADE E A PLURALIDADE

 O mundo em que vivemos não é tão singular como parece ser. Pelo contrário, vivemos marcados pela pluralidade a cada passo, e nas coisas mais triviais. No café da manhã: "Como pão, bolacha ou cuscuz?" Escolhemos, temos pluralidade. "Não sei se tomo café com leite, café puro ou um suco de frutas?"

Falamos em claro e em escuro, passando por todas as gradações, do preto retinto ao branco mais alvo ao ponto de cegar como o branco do gelo polar. Falamos em dia e em noite, da mais profunda escuridão da meia-noite e do mais claro brilho do meio-dia. Falamos em quente e em frio, do escaldante calor do sertão até os 23° da temperatura de conforto caminhando para o mais gélido e paralisante frio da Antártida. Não sai de minha mente uma experiência dolorosa pela qual passei porque queria economizar uns sofridos centavos. Bolsista nos Estados Unidos, fui abastecer o carro. Os postos têm o auto-serviço (mais barato) e o atendimento por frentista. Costumava usar o primeiro por ser mais em conta. Naquele dia, não dei conta de um importante detalhe: era inverno, neve no chão e o fator térmico (wind chill) estava mais ou menos a 22° abaixo de zero. E fiquei enchendo um tanque de gasolina que armanezava cerca de 120 litros de combustível. Daí a pouco, as orelhas começaram a doer, a arder e pareciam querer quebrar. Ficou tão congelada que se alguém desse um piparote, ela cairia. Na mesma cidade, experimentava-se um sufocante calor que dobrava velas de decoração no verão e esse tremendo frio. Assim é o mundo: plural. O ódio está junto do amor. Alguém pode amar imensamente, e de repente toda essa paixão se torna um ódio assassino. Esse é o mundo em que vivemos.

Quem trabalha com informática, administração, e, mesmo, terapia de família e de casal conhece a obra intitulada Teoria Geral dos Sistemas de Ludwig Von Bertalanffy. É trabalho clássico e básico nos estudos de terapia familiar. Ensinou esse autor que o Cosmos é um enorme sistema que envolve subsistemas. Referimo-nos ao Cosmos, ao Universo, que está formado por galáxias. Estas, por sua vez, estão formadas por constelações, grupos de estrelas; cada estrela tem planetas ao seu redor, e muitos planetas têm satélites à sua volta, como o nosso sistema solar: o Sol no centro, ao redor dele, os nove planetas, e no caso da Terra, um satélite que é a Lua.

A Terra, por sua vez, envolve outros subsistemas. Temos continentes, que têm países, que têm estados ou províncias, que têm municípios ou condados, que têm cidades e vilas, que têm bairros, que têm ruas. As ruas têm vizinhanças, conjuntos residenciais, loteamentos que têm casas, que têm famílias, que têm pessoas. Cada pessoa tem sistemas dentro de si (digestivo, respiratório, reprodutivo, etc.), que possuem vez têm órgãos, que têm células, que têm... e aí, vamos desdobrando sistemas e subsistemas ad infinitum.

Se quiserem pensar ao reverso, somos sistemas envolvidos por outros sistemas maiores, envolvidos por outros ainda maiores e vamos prosseguindo. Na verdade, cada um de nós é formado por células que formam sistemas com outras células e, deste modo, órgãos do corpo são formados. E formam-se os indivíduos, que formam subsistemas familiares, vicinais ou comunitários (escolas, igrejas, etc.).

Não; nosso mundo não é simples, é, como estamos vendo, altamente pluralístico.

QUANTO À FÉ

Deus não é plural. Pelo contrário, está na confissão de fé de Deuteronômio 6.4: "Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, o Senhor é Um!" Ou como dizem algumas versões: " Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!" E, apesar de a doutrina cristã registrar em seus documentos de fé a doutrina da Trindade, não dá ocasião para se pensar em pluralidade. Não estamos falando de pluralidade de deuses, mas de cooperação.

E essa é a extraordinária lição da doutrina da Trindade: quando uma Pessoa trabalha, todas as outras trabalham. Deus-Pai não trabalha só; Deus-Filho não trabalha isolado, e Deus-Espírito Santo não está sozinho fazendo a Sua obra. Pelo contrário, na obra criadora, atesta Gênesis no capítulo 1, e não podia ser mais claro: "No princípio, criou Deus os céus e a terra". Está falando de Deus Pai, o Criador.

"A terra era sem forma... e o Espírito ..." Observaram? Aqui já temos o Deus-Pai e o Deus-Espirito Santo. E então vem uma declaração suprema: "E disse Deus...". Deus usou a palavra. Mas não está em João que "A Palavra (O Verbo) se fez carne"? Temos toda a Trindade trabalhando na criação.

No final das Cartas paulinas temos a chamada Bênção Apostólica. Em 2Coríntios está a mais completa fórmula dessa tocante Bênção: "A graça do Senhor Jesus Cristo [o amor que não merecemos, mas vem do coração do Salvador], o amor de Deus [Sua extraordinária benignidade, Sua misericórdia], e a comunhão do Espírito Santo sejam convosco".

Temos mais uma vez, a unidade da Trindade porque quando o Pai age, o Filho age e o Espírito Santo age; quando o Filho age, o Pai age e o Espírito age; quando o Espírito Santo trabalha, o fazem também o Pai e o Filho.

E nessa linha de cooperação irrestrita, Jesus Cristo orou como registrado em João 17 pelos Seus discípulos. Jesus ora pela unidade dos crentes. Não pela pluralidade, não cada um pensando em si, não cada um querendo o interesse de sua própria família, ou de seu grupo, ou de seus amigos.

Mas, como crentes em Jesus Cristo, precisamos ser coesos, olhar para o Senhor, o nosso Senhor, Senhor do nosso coração, de nosso passado, que Ele limpou; de nosso presente, porque Ele age e caminha conosco nas atuais circunstâncias; e Senhor do nosso futuro, porque breve o dia vem quando Ele retornará. Maranata! Vem Senhor Jesus!

Na Oração Sacerdotal (João 17), Jesus Cristo diz, "Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um: Eu neles, e Tu em mim, para que sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu me enviaste" (vv. 22, 23). É a maneira que o mundo tem para saber que o Mestre veio para a salvação do que crê, para dar qualidade de vida, que Ele chamou de "vida abundante", veio para nos remir, para redimir. Precisamos olhar, portanto, com o mesmo estilo de cooperação da Trindade.

O SER HUMANO

A Bíblia Sagrada ensina que o ser humano é uno. É um engano imaginar que o ser humano tem um corpo, tem um espírito e tem uma mente. Na verdade, o ser humano é uma alma vivente. 'Adam é o ser humano completo, total, é o ser humano com nephesh, o ser humano com ruach, o ser humano com hay, o ser humano vivo, espiritual, alma vivente. Apesar de falarmos helenicamente fazendo essa separação: corpo, alma e espírito.

Existem até escolas teológico-filosóficas discutindo esse assunto que não é propriamente doutrinário. Uma pessoa pode ser o que se chama de dicotomista e seu companheiro, tricotomista.

Dicotomistas são os que entendem ser o ser humano formado por corpo + alma/ espírito, alma e espírito sendo a mesma coisa Os tricotomistas, no entanto, compreendem ser a pessoa humana formada de corpo + espírito + alma, que nesse caso é a sua mente, são as funções volitivas e cognitivas. Aí, teríamos o ser humano formado de três partes. Mas não podemos separá-las. Temos na ordenança do batismo um facilmente compreensível retrato do que será a ressurreição. Os candidatos entram na água, e destacam a figura do sepultamento; saem, em seguida, da água apresentando a metáfora da ressurreição, precisamente nos termos de Romanos 6.3-5. A Bíblia ensina que no dia da ressurreição, nossos corpos que estarão nas sepulturas, tragados pelos mares, devorados pelas feras, como os dos mártires cristãos do primeiro e segundo séculos, agora transformados em corpos gloriosos serão reunidos aos seus espíritos mais uma vez, e o ser humano salvo, uno, ressuscitado, será arrebatado com o Senhor Jesus para todo o sempre.

Quando pastoreávamos uma igreja hispana na outra América, cantávamos um apreciado e comovente hino que dizia que no dia do retorno de Jesus Cristo "de la tumba fría me llevantaré com un cuerpo ya inmortal". Sim; da fria sepultura vamos nos levantar com um corpo agora com o dom da imortalidade, pois somos unos, ensina a Escritura.

E, com essa afirmação, todo o conceito de que cada ser humano é uma pessoa una, única e indivisível, razão porque não aceitamos a pretensa doutrina de uma reencarnação. Você não é você, segundo a reencarnação. Como alguém me falou, "Descobri que era um monge na Idade Média, morava num mosteiro". Outro disse, "Eu era nobre na corte do Rei Não-sei-quem das Quantas..." Porém, ninguém quer ser ladrão de cavalos na "vida passada". A Bíblia não autoriza ensinar qualquer traço dessas aberrações, mas diz que nós somos unos e assim o seremos por toda a eternidade.

Só para efeitos didáticos podemos dicotomizar a pessoa humana e dizer: corpo e alma; corpo e mente; corpo e espírito; soma e psiquê; soma e pneuma. Ou, ainda, corpo, alma e espírito; corpo, mente e espírito; soma, psiquê e pneuma. Ou assemelhados.

Os próprios elementos químicos e minerais formam uma unidade no ser humano. Fomos criados do barro. A Bíblia ensina que fomos criados da 'adamah {e aqui há um sugestivo e belíssimo jogo de palavras), da 'adamah foi criado 'adam, o ser humano. Do húmus foi criado o homem, num quase perfeito jogo de palavras em português também.

E esse barro tinha sais minerais. Quando alguém tem deficiência de sais minerais tem que tomar um complexo de vitaminas e sais minerais, e cálcio, magnésio, zinco. O ferro que temos no corpo dá para fazer um preguinho quase do tamanho do polegar. O ouro, no entanto, é pouquinho, não dá para fazer coisa nenhuma. Sem dúvida, somos uma unidade.

Fico maravilhado quando leio o que Jesus Cristo fez na vida de um homem na região de Gadara (ou Gerasa). A história é encontrada em Marcos 5.1-20. Jesus chegou à praia e os discípulos desceram com Ele do barco. Era tardinha, aquele lusco-fusco da tarde, não era ainda noite, porém não mais era dia, o Sol já se havia posto, e chegado as primeiras sombras da noite.

Então viram alguém correndo na praia, uma estranha e desgrenhada figura, suja, maltratada e mal-cheirosa. Quando a criatura foi se aproximando, notaram que não estava em si. E a pobre criatura exclamou: "QUE TENHO EU CONTIGO, JESUS, FILHO DO DEUS ALTÍSSIMO???"

Duas declarações: uma maravilhosa, outra, no entanto, terrível. Comecemos com a ruim: "QUE TENHO EU CONTIGO, JESUS...?" Essa declaração não havia sido do homem. Não fora ele quem o dissera.. A outra, a maravilhosa: "FILHO DO DEUS ALTÍSSIMO" é autêntico reconhecimento.

"Como é o teu nome?" perguntou Jesus. "LEGIÃÃÃO..." responderam muitas vozes. "PORQUE SOMOS MUUUITOS... ROGO-TE POR DEUS QUE NÃO ME ATORMENTES..."

E Jesus então faz uma obra extraordinária respondendo não aos demônios, mas ao homem. "Que tenho eu contigo, Jesus...?" fora a pergunta. TUDO! JESUS TEM TUDO A VER COM O PERTURBADO! Tudo! E expulsou os demônios. E a Bíblia registra que o gadareno não morava com a família, não morava na cidade, mas vivia no meio dos sepulcros, no cemitério. E, por esse motivo, vivia permanentemente impuro. Pois, se quem tocasse um morto ficava impuro, pela Lei de Moisés, impuro (cf. Nm 19.11ss), imagine-se quem vivia no cemitério, considerado como local de habitação de demônios. E Jesus deu libertação ao homem. E que acontece em seguida: foi visto "assentado, vestido e em perfeito juízo" (cf. Mc 5.15). Teve um encontro com ele mesmo: "Como é o teu nome?" "Legião!" Agora tem seu verdadeiro nome, está em perfeito juízo. "Quero ir contigo, Jesus". "Não; você vai voltar para casa e contar o que Deus fez na sua vida". Vivia no cemitério, agora vai ter vida social; dizia, "não tenho contigo", Jesus diz "conta o que Deus fez na tua vida": um encontro com Deus, um encontro com ele mesmo, um encontro com seu próximo. Sua vida ficou toda ajustada. Ele que era "muitos", passou a ter vida una em Cristo Jesus. Isso é shalom, integridade.

Quando o ser humano se convence de sua unicidade, de sua qualidade e felicidade de ser único neste mundo, sua tolerância cresce em todos os sentidos, porque descobre que seu próximo, seu irmão de igreja, seu vizinho, seu parente, o outro é igualmente pessoa única neste mundo e passa a ser mais tolerante, e mais compreensivo, e a sociedade passa a ser mais justa e perfeita porque cada um aceita que aquilo no que é forte completa a necessidade de alguém mais fraco.

Naquilo que é fraco passa a ser socorrido no que expoente nos outros. Leva a sério as diferenças individuais que contribuem para a beleza do todo, sobretudo a unidade da família, da igreja, da sociedade enfim. É como diz a Escritura, "Nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos" (Rm 15.1). Porque somos uma rede de relacionamentos.

João Cabral de Melo Neto, nordestino, diplomata e poeta nos brindou com uma sensível página intitulada "Tecendo a manhã", onde diz:

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

Ao surgirem os primeiros raios do Sol, canta um galo, diz o poeta. Outro galo ouve o seu canto, pega-o, e como se fosse um fio, joga-o para outro galo, que o joga para outro, e para outro, até que se forma um grande tecido, e por fim um grande balão que subindo é o Sol da manhã.

É a metáfora dos relacionamentos tão importantes se queremos levar a sério a esperada unidade que marca a comunhão cristã. Que o Deus da graça e da comunhão nos ajude a atingi-la.

Parte CXV

MORDOMIA CRISTÃ

Introdução:

Dentre vários textos bíblicos que servem para justificar a mordomia cristã, em qualquer tempo da história, ressaltamos o Salmo 24.1-2 e o Salmo 50.11.

Estes versos deixam bem claro que Deus é dono e Senhor de todas as coisas criadas, inclusive do ser humano, podendo exigir amor, fidelidade e devoção, que devem ser manifestações sinceras do nosso agradecido coração diante do nosso suserano.

No Novo Testamento a afirmação é a de que fomos comprados, 1 Pedro 1.17-20, com o precioso sangue de Jesus, que em sua morte rasgou o escrito da nossa dívida no pecado, Colossenses 2.14, podendo, por esse ato geneoso de amor, exgir de nos fidelidade e profundo senso de mordomia cristã.

I - Coceituação básica de mordomia:

O termo mordomia, do grego oikonomía, significa administração de um lar. No contexto da vida cristã mordomia é a administração dos deveres existenciais e espirituais, bem como dos bens pelos quais a pessoa é responsável.

No contexto bíblico, a pessoa que administra o lar é chamada de mordomo, oikonómos, ou de superintendente, èpítropos. Este conceito tem suas raízes na instituição da escravidão. O senhor nomeava um escravo para administrar seu lar e todo o seu patrimônio, inclusive delegando a ele a responsabilidade de ensinar e de disciplinar os membros da família, especialmente os outros escravos e as crianças. Um exemplo clássico desta situação é a posição de José na casa de Potifar, narrada em Gênesis 39.4-6.

A idéia comum de mordomia é encontrada em várias passagens do Novo Testamento, mais notadamente na parábola do administrador infiel, Lucas 16.1-8. Vale ressaltar que em Mateus 20.8 e em Lucas 12.42 vemos a confirmação do conceito de mordomia apresentado naquela parábola. A idéia de que o homem é mordomo de Deus no seu relacionamento com o mundo e sobre a sua própria vida é inerente a história da criação, Gênesis 1 a 3. É importante destacar o fato de que na narrativa da criação o homem é nomeado senhor de todas as coisas, menos de si próprio.

No Novo Testamento, o termo mordomia, quando não é usada em seu sentido mais comum para se referir a administração de bens, se refere à administração dos dons de Deus, especialmente à pregação do evangelho. Em 1 Pedro 4.10 o conceito de mordomia é ampliado, passando a incluir todos os cristãos e os dons espirituais que estes recebem de Deus para a consecução da vida e do ministério do cristão. Porém, vale ressaltar que a exigência feita aos mordomos de Deus, assim como aos mordomos dos homens, é a fidelidade. O cristão, principalmente, deve administrar aquilo que lhe foi confiado de acordo com as instruções recebidas da parte do seu Senhor, conforme alistadas na Bíblia Sagrada.

Um alerta cabível nesta conceituação é sobre a ênfase pós-moderna que a igreja tem dado à mordomia dos bens, a chamada Teologia da Prosperidade. Embora seja verdadeiramente bíblica, o perigo da Teologia da Prosperidade é que ela pode obscurecer o fato de que a mordomia básica do cristão é a do Evangelho Integral, que inclui toda a sua vida, principalmente a sua consciência cristã, a sua honestidade, a sua santidade e o seu testemunho, não somente o seu dinheiro.

II - Um teologia financeira:

No estudo sobre mordomia, não podemos deixar de considerar a questão relacionada ao dinheiro, visto que a cristandade tem se desviado dos propósitos de Deus ou pela sonegação diabólica dos dízimos e ofertas ou pela busca desenfreada da prosperidade financeira.

Causa estranheza falar de teologia financeira, mas o fato de parecer estranho a união das palavras teologia e finanças é prova irrefutável de quão longe estamos de uma base bíblica sólida sobre o dinheiro e sobre a mordomia cristã.

A Bíblia está repleta de referências, de narrativas, de advertências e recomendações, de parábolas e de promessas sobre o assunto. Só que o "deus deste mundo", Satanás, cegou o nosso entendimento e o fez justamente por conhecer as conseqüências de uma teologia bíblica financeira adequada, as quais ele teme bastante.

Toda pobreza, seja do espírito, da alma ou do corpo, é resultado de desconhecimento da abundância que através da sua Palavra Deus nos promete. Quem não tem certeza de sua salvação ignora o que a Bíblia afirma a respeito da vida eterna, da qual já agora, aliás, pode usufruir.

Quem vive cheio de medo e de preocupações financeiras não entende as promessas bíblicas que Jesus fez sobre paz interior e sobre a herança que legou aos filhos de Deus. Aquele que vive preso a uma constante luta financeira é vítima de ignorância sobre as promessas bíblicas dirigidas a quem está em sintonia com as leis divinas referentes ao dinheiro.

O dinheiro foi inventado pelo homem como método racional de negociar. Cada governo estampa moedas ou imprime cédulas, lhes dando um valor estipulado, por meio das quais móveis e imóveis podem passar a pertencer a quem as possuir em quantidade suficiente para adquiri-los.

Até aí nada de errado. Só que o dinheiro não é neutro. Pelo poder que ele transfere ao seu possuidor e pelo mal decorrente que algumas das aquisições que ele permite inspira, a Bíblia o define como um ídolo, um senhor, um espírito. Enfim, o Texto Sagrado o define como um deus, Mateus 6.24.

Vale destacar os termos usados por Jesus para definir o relacionamento entre o homem e as riquezas: Servir, amar e devoção.

É necessário lembrar, ao lermos Mateus 6.24, que o assunto em consideração é dinheiro e não um personagem qualquer, a quem se deva servir, amar ou dedicar devoção. É assustador pensar e admitir que os dois senhores que requerem o nosso amor, a nossa lealdade e a nossa devoção são justamente estes: Deus e o dinheiro.

Eis a razão por que o dinheiro exerce tamanho poder sobre a vida do ser humano. Ele não é simplesmente um veículo de câmbio. É um deus que exige culto. É uma entidade passível de ser amada.

Jesus de modo muito claro ensina que as pessoas que amam o dinheiro aborrecem ao Senhor porque estes dois amores não combinam. São antagônicos e não podem existir juntos no mesmo coração. Assim como Jesus ensinou ser impossível beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios, ou sentar à Mesa do Senhor e à mesa dos demônios, da mesma forma é impossível servir a estes dois senhores: Deus e o dinheiro.

Quem ama verdadeiramente muda o seu senso de valor e se torna harmonioso com o objeto de seu amor. A medida do amor é a mesma do sacrifício. Portanto, o cristão que ama o dinheiro vive em permanente conflito. Diante do desafio de consagrar os dízimos, ele inventa mil razões "justas" para não dedicar a Deus o que lhe pertence, pois o seu amor ao dinheiro é mais forte e preponderante do que os ensinamentos da Palavra de Deus e do Evangelho.

Conclusão:

Sabemos que existe, como assevera o autor da nossa lição, muita resistência não apenas em relção aos dízimos e ofertas, mas em relação a mordomia como doutrina bíblica por parte de muitos cristãos.

São irmãs que precisam ser alcançados pela graça misericordiosa de Cristo, a fim de que aprendam na PalAvra de Deus como devem usar as suas vidas. Mordomia cristã está relacionada a utilização da mente, do corpo, do tempo e dos recursos materiais que o o Pai nos concede.

Não podemos inverter os valores, como o faz o teologismo denominado de Teologia da Prosperidade, que desvia o coração do cristão do foco principal, fazendo-o interessado nas bênçãos e na riqueza, ao invés de matê-lo intimamanete unido a Deus pela comunhão amorosa e sustentadora.

Precisamos incitar a igreja a desenvolver uma perspectiva bíblica e verdadeiramente cristã para a mordomia. Devemos ensinar aos nossos irmão que é o próprio Deus que nos sustenta, não os bens adquiridos ou os recursos materiais.

Somos sustentados por Deus e em gratideão ao Senhor por este amor provedor e sustentador nos consagramos a ele com inteireza, 2 Coríntios 8.3-5. Os nossos dízimos e ofertas devem ser apenas uma pequena expressão real e verdadeira de que reconhecemos que nossas vidas e nossos bens pertencem ao Senhor

Amém.

Parte CXVI

Seita Opus Dei: Controle Da Mente e Disciplina Selvagem

Vejam na entrevista a seguir como uma seita terrível se esconde dentro de um grupo religioso maior, de modo que pode ficar dezenas de anos sem ser descoberta. A seita Opus Dei usa a tortura para impor sua férrea e selvagem disciplina. Conheçam como os entrevistados pela Revista Época conseguiram sair desse inferno. Num país sério, o caso seria entregue à Polícia. Aliás, se confirmadas as denúncias, é um caso de polícia. Os dirigentes da Opus Dei – que na verdade se trata de um poder poderoso no seio da Igreja Católica – têm o dever de vir a público dar explicações. E os pais têm o dever de investigar o que está acontecendo com seus filhos no interior da Opus Dei. 12.11.05 Íntegra da entrevista com os ex-membros da Opus Dei Época - Por que vocês escreveram o livro?

Jean Lauand - As pessoas costumam sair do Opus Dei massacradas, culpadas, condenadas nessa e na outra vida e absolutamente isoladas porque os ex-membros são tratados como mortos. Fotografias e registros são suprimidos dos arquivos. Seu nome não pode ser citado. Depois de descobrir que fomos manipulados por anos, saíamos culpados, com problemas psicológicos terríveis e sozinhos. Criamos o site para que as pessoas pudessem se encontrar e trocar experiências. Mas chegou um momento em que achamos que o site dava muito trabalho e queríamos acabar com ele. Então o Dario (Fortes Ferreira) disse: 'Quero que meus filhos tenham informação sobre o Opus Dei. Não quero que eles sejam enganados'. Recolhemos 150 depoimentos e gravamos mais de mil horas de conversa. O livro levou seis meses para ficar pronto.

Época - Vocês três entraram para o Opus Dei antes dos 18 anos (Silva e Ferreira com 15 e Lauand aos 16 anos). É uma estratégia aliciar adolescentes, por ser uma fase da vida em que todos estão confusos com seus papéis, descolando-se da família e buscando um grupo para se identificar?

Marcio Fernandes da Silva - Me lembrei de uma frase do fundador (Josemaría Escrivá): “É bom que venham bem jovens às vocações”. O que está por trás é a inexperiência da vida típica dessa fase. É muito mais fácil doutrinar uma personalidade em formação. Lauand - Na década de 60, o Opus Dei era uma presença real na USP, especialmente na Escola Politécnica. Hoje apenas três professores pertencem à Obra e há pelo menos 20 ex-membros.. Estão aliciando pessoas cada vez mais jovens, crianças nos clubinhos. Assim como os filhos dos supernumerários (membros externos, que podem casar e devem ter o maior número de filhos possível).

Época - Como acontece esse aliciamento?

Silva - Nos clubinhos anexos ao centro. Têm um autorama, fazem montagem de aquários, coisas artísticas. São atividades de fachada para que a criança vá se acostumando com aquele grupo. Mais recentemente o aliciamento começou a ser feito no Colégio Catamarã, uma escola de educação fundamental também com separação de sexos, em São Paulo. Mas não dizem que é do Opus Dei. É dirigido por pessoas fortemente ligadas à Obra. Dentro do Opus Dei, o Catamarã é chamado de cata-moleques.

Época - Você conta que quando estava na Obra fazia aliciamento e não dizia que era do Opus Dei…

Silva - Fazer proselitismo é uma das obrigações dos membros do Opus Dei. Você é lembrado diversas vezes por semana de que precisa conseguir outras vocações de numerários. Quando eu estava no Colégio Aplicação, da USP, eu convidava meus amigos para participar dos clubes em competições de estudo, por exemplo. Dizia que era apenas um centro cultural. Era essa a instrução do diretor, que dizia o seguinte: “Só depois você conta que é do Opus Dei, para que primeiro a pessoa conheça o centro e vá se envolvendo pouco a pouco”. Mais tarde eu convidava para uma meditação do sacerdote. Introduzia a pessoa lentamente.

Época - Vocês usavam o cilício, se auto-flagelavam?

Lauand - Todos faziam, não só eu. Os numerários usam o cilício em casa. Duas horas por dia. E as disciplinas, auto flagelação, uma vez por semana enquanto dura uma oração, por exemplo, uma Salve Rainha. Chicote na nádega. Dá algumas dezenas de chicotadas. E isso é visto como uma grande manifestação de amor a Deus. Tem o sentido da penitência. Para um católico sadio a penitência está na caridade. Ver Cristo no outro. Como para o Opus Dei a caridade não existe, você troca pelo cilício.

Época - Ficaram com cicatrizes?

Lauand - O cilício deixa marcas. Dói como ferro penetrando na carne. Depois de alguns anos a gente perde. A primeira coisa que eu fiz quando saí foi jogar fora.

Sliva - A gente usa na coxa, uma vez numa, outra na outra. Dá para ir variando. Parece uma coleira de cachorro com ponta de ferro que penetra na carne. Você faz uma pressão e amarra. Encaixa e faz pressão na perna. Usávamos durante o dia, normalmente. Eu fazia depois do almoço, das 14 às 16h. É significativo porque mostra o grau de controle mental que a instituição consegue sobre o indivíduo.

Época - Por que vocês se submeteram a isso?

Silva - Entramos muito jovens, o nosso mundo passa a ser aquele, todos os nosso amigos estão lá. Somos proibidos de ler o que queremos, de ir ao teatro e ao cinema, a TV é chaveada, o jornal já chega editado. Somos proibidos de ter amizade com gente de fora, nosso contato com a família é restrito. Quando nos impõem a vocação - porque ela não parte de nós, mas deles - dizem que não devemos falar com nossos pais, que neste terreno os pais são os piores inimigos. Somado a tudo isso, ficamos xx dias por ano em reclusão. Passamos a viver numa realidade artificial.

Lauand - Sequer podemos comprar a armação do óculos sozinhos. É o diretor que escolhe.

Época - Como conseguiram sair então?

Lauand - Eu tinha uma situação especialíssima como numerário. Interessava a eles ter um intelectual, então tinha uma permissão especial para ler tudo o que queria. No final me proibiram. Seria uma deslealdade para com os alunos, um professor que não lê. Comecei a investigar a fundo o que tinha acontecido com gente por quem eu me sentia responsável e que tinha sumido. Fui atrás de um por um. Um deles, especialmente, que é uma das cabeças mais brilhantes da USP, estava sofrendo terrivelmente. Perguntei ao que seria o José Dirceu (ex-chefe da Casa Civil do governo Lula) do Opus Dei o que tinha acontecido e a resposta foi: 'Nosso Padre sempre dizia que a soberba é o pior pecado. Ele começou a pensar mais na carreira, mas não vou falar mais porque seria chato falar da vida dele. Reza por ele.' E assim já tinha destilado o veneno. Sempre insinuam algo da ordem sexual ou arrogância. Levei 10 anos nesse processo, até conseguir sair.

Época - Quais são os livros proibidos pelo Opus Dei?

Lauand - Todos os filósofos desde Descartes. Grandes nomes da literatura como José Saramago, James Joyce, Umberto Eco, Sartre. Há níveis de restrição. Por exemplo, O Alienista, de Machado de Assis, está no nível três. Havia numerários que estavam na Obra há cinco anos e não tinham autorização para ler livros no nível três. Para ver o ponto em que se chega, uma vez recebi um e-mail de uma supernumerária. Ela queria que eu indicasse uma leitura crítica do Ensaio sobre a cegueira, do Saramago. Dizia o seguinte: “Não li o Ensaio porque acredito que sairia ferida com essa leitura. Gostaria, justamente, de ler uma crítica feita por um católico de cultura geral inquestionável (penso que de conduta também!) e por isso pensei no senhor”. Era professora universitária e não se atrevia a ler Saramago.

Época - Vocês falam na chamada 'Conversa Fraterna', em que precisam revelar todos os pensamentos a alguém que não escolhem. Como é?

Lauand - Uma vez por semana 45 minutos do que chamam “sinceridade selvagem”. Não pode esconder nada. Assim ficam sabendo de tudo. São Jose María prescrevia contar as coisas que você não gostaria que outra pessoa soubesse, começando com “o sapo gordo que está dentro da alma”. Se não conta, cria “um segredo de Satanás”.. Por isso, em geral começava com a castidade.

Época - Tem esse lado do Opus Dei, que chama mais atenção, do cilício e do celibato de leigos, que diz respeito à vida privada, mas há um outro, que é a sua penetração nas instâncias de poder, que atingiria toda a sociedade. No Brasil, estariam especialmente na Mídia e no Judiciário. Como funciona essa estratégia?

Silva - O tipo de poder que o Opus Dei busca é o poder sobre o pensamento do indivíduo 24 horas por dia. Como os membros são bem situados, é através do poder sobre eles que conseguem influenciar as instituições. O pensamento básico é: o mundo e a própria Igreja Católica estão perdidos, mas nós temos a salvação porque recebemos a mensagem de Deus de santificação de todas as realidades terrenas. E isso justifica que a instituição passe por cima de qualquer noção de ética. O fim, a salvação do mundo, que só nós temos, justifica qualquer meio.

Lauand - Na Mídia há um gênio que é o Carlos Alberto Di Franco, pessoa de uma simpatia e sedução incomparáveis e que há anos realiza o Curso Master em Jornalismo da Universidade de Navarra, que é do Opus Dei. Ele faz parte dos intocáveis que falamos no livro. Tem privilégio para mostrar uma imagem pública bonita e interessante do Opus Dei. O numerário que dá aula no Master, por exemplo, pode estar acompanhado todo o tempo por uma bela jornalista, no carro dela, o que é proibido para qualquer outro numerário.

Silva - O fundador tem uma frase: “embrulhar o mundo em papel impresso”. É um plano do Opus Dei. Quando Carmen Tapia (ex-numerária do Opus Dei na Espanha, escreveu o livro Tras el Umbral; una Vida en el Opus Dei), teve uma das últimas conversas com Escrivá, ele disse a ela: “Eu tenho a imprensa mundial nas minhas mãos. Portanto você não abra a sua boca para dizer nada”. Isso foi na década de 60. Ele se dizia dono de toda a Mídia. É claro que fazia parte da personalidade megalomaníaca do fundador, ele não tem toda a imprensa na mão. Mas é uma aspiração e um plano fortíssimo. A partir do final dos anos 80 entraram com tudo nas redações.

Época - Poder para quê?

Lauand - Poder em si. O Opus Dei usa a Igreja Católica e está fazendo muito mal a ela. Os católicos não sabem disso, a Igreja parece que não sabe disso. Vou dar um exemplo de como o Opus Dei age. Em 1980, João Paulo II, que recém tinha se tornado Papa, veio ao Brasil. Naquele tempo o Opus Dei estava interessado em coisas muito concretas: o estatuto de prelazia, que lhe dava isenção, e a beatificação do fundador. Em 1980 a Obra estava em São Paulo e mal e mal em Curitiba, Rio e Campinas. Só quatro cidades. Era inexpressiva. Montou-se uma operação de guerra dizendo que o Papa estava abandonado e sozinho, que no Brasil só havia bispos de esquerda e que era preciso demonstrar que ele contava com o carinho dos fiéis do Opus Dei. E onde quer que o Papa fosse, de Porto Alegre a Fortaleza, aparecia gente do Opus Dei com faixas onde estava escrito “Univ, Univ, viva o Papa, Univ, totus tuus”. Univ é o nome de um congresso, organizado pela ONG italiana Instituto per la Cooperazione Universitaria (ICU), cujo objetivo é levar a Roma, todos os anos, por ocasião da Semana Santa, jovens do Opus Dei de vários lugares do mundo. Como o slogan é repetido à exaustão, o Papa, em qualquer lugar do mundo, reconhece Univ como sendo Opus Dei. E “totus tuus” é o lema de João Paulo II e significa “todo teu”. Eu comandei essa operação em Brasília. A ordem era sair na mídia a todo custo, 10 pessoas fazer o barulho de mil, e a mídia toda só deu aquilo que ninguém sabia o que era. O Papa, que veio da Polônia e sofreu o diabo com os comunistas, veio ao Brasil, onde havia uma Igreja comprometida com a Teologia da Libertação, e só encontrava gente que dizia: “Santo Padre, sou do Opus Dei e estou rezando pelo senhor”. Se conseguisse furar o bloqueio e dizer isso a ele valia muitos pontos. Basta pegar as fotos e imagens de TV daquele tempo. Só dava Opus Dei. Conseguiram o estatuto de prelazia.

Época - No livro, vocês contam uma história sobre um encontro entre russos do Opus Dei e João Paulo II…

Lauand - O grande sonho de João Paulo II era ir a Rússia, mas nunca conseguiu. Primeiro o governo comunista não deixava, depois a Igreja Ortodoxa. Mas na Páscoa, em Roma, em um encontro com jovens do Opus Dei, encontrou 31 russos: um de verdade e 30 de Navarra. Cantaram em russo perfeito. No final um dos russos foi beijar a mão do Papa e falou em russo com ele, dizendo em russo que o amavam. O Papa se emocionou. Depois eles dão risada. É a grande jogada de marketing.

Época - Como foi voltar para o mundo?

Lauand - Em palavras do fundador: “os que perdem a sua vocação, a vocação não se perde, se joga pela janela, são sempre traidores. Não conheço nenhum que seja feliz. Em 15 dias estão um trapo. E mesmo aquelas coisas que aos pobrezinhos dos homens dá algum prazer, para eles se tornam amargas como o fel.” Assistir um jogo de futebol, beijar uma namorada, conversar com um amigo. O cara sai com esse presentinho, que foi repetido a ele durante anos. Já deixou todo o dinheiro lá. No meu caso, um pobre professor, um milhão de reais. É como no filme em que o Morgan Freeman (Um Sonho de Liberdade) sai da prisão mas precisa que o dono do supermercado lhe dê permissão para urinar. Sem licença, ele não consegue urinar.

Silva - Eu faço uma analogia com aquela cena do Matrix, em que o Neo se liberta daquela cúpula em que ele funcionava como uma pilha de energia. Como ele, eu era apenas um instrumento da grande máquina de manipulação que é o Opus Dei. Já liberto, ele está na nave mas está fraco, precisa refazer os músculos porque ele nunca usou os músculos. Como ele, eu não estava pronto para viver fora daquela bolha artificial. Busquei ajuda de psicólogos até me equilibrar e deixar aparecer o Márcio verdadeiro. A instituição tinha destruído a minha personalidade. Sofri uma programação para assumir a personalidade robótica da instituição. Isso é claramente lavagem cerebral ou controle mental. Para mim teve o agravante que foi minha primeira visão de mundo. Eu tinha 10 anos quando comecei a frequentar o centro. Quando eu saí, foi como se eu tivesse nascido novamente. E, sim, saí virgem..

Época - Vocês escrevem que muitos numerários sofrem de transtornos mentais e são tratados por um psiquiatra uruguaio, numerário do Opus Dei. Como é isso?

Lauand - Ele vem um vez por mês fazer a dosagem geral, porque há muita gente com transtornos mentais. Vem para isso. Se a pessoa começa a não ter paciência de ouvir as palestras, 30 miligramas. E assim vai transformando as pessoas em zumbis, ficam dóceis porque estão dopadas. No Brasil não há psiquiatra numerário e eles não permitem se consultar com quem não seja da obra.

Época - Homens e mulheres vivem totalmente separados no Opus Dei. A mulher é vista como algo pernicioso?

Silva - Há milhares de regrinhas. Não se pode ficar numa sala fechado com uma mulher. Se tiver de ficar, tem de abrir a porta. Carona, nunca. O tratamento não pode ser na forma diminutiva, tipo Ju para Juliana ou marcinha. Beijinho no rosto, nem pensar. Se viajar de ônibus e sentar do lado de uma moça, tem de tentar trocar de lugar. Sobretudo se a viagem for noturna. Lauand - A mulher tem prescrições especiais por ser considerada mais vulnerável. Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. Tem de domar mais seus instintos perigosos. São proibidas de segurar crianças no colo. Não podem assistir a casamentos. O fundador diz: “Aquele que puder ser sábio não lhe perdoamos que não seja. Às mulheres, basta que sejam sensatas”.

Época - Vocês sofreram ameaças?

Lauand - Não podemos falar. Evidentemente o Opus Dei não está satisfeito com o livro.

Assuntos correlatos em - Pesquisas

Opus Dei: Um Projeto de Poder

Opus Dei: Ex-Membro Revela Métodos Medievais

CXVII

Opus Dei: Massacre da Personalidade

A professora Maria Amália faz uma análise crítica do livro “Opus Dei – Os Bastidores”, de ex-membros da ordem, lançado recentemente. O livro contém revelações que chocam as pessoas. A articulista diz que a Opus Dei é uma “maquina de moer” almas, personalidades e vínculos familiares. Um dos objetivos da seita é a tomada do poder, face ao grande volume de recursos disponíveis. A conclusão, a minha conclusão, é que essa terrível organização pratica crime contra famílias, contra adolescentes indefesos e, portanto, contra a sociedade. Vale a pena conferir a matéria (Pastor Airton Costa).

Resenha - Opus Dei – Os Bastidores

Profa. Maria Amália Longo Tsuruda

Doutoranda – História da Educação - FEUSP

A abertura do diálogo Protágoras, de Platão, é bastante teatral. Nele Platão relata as circunstâncias que levaram Sócrates a conversar com o grande sofista Protágoras, conversa essa que é o assunto da obra. Poderíamos fazer uma pequena peça de teatro. Imaginemos a cena: é madrugada, tudo está escuro, e Sócrates é acordado por alguém que grita seu nome e bate à porta. Ao abrir, depara-se com um jovem, Hipócrates, filho de Apolodoro. O adolescente, tomado de grande excitação, agarra e sacode o filósofo, anunciando que Protágoras está na cidade e que é necessário que Sócrates o apresente a ele. Mesmo que isso custe uma fortuna, Hipócrates considera que precisa estudar com Protágoras. O rapaz está tomado de grande urgência, mas ainda é muito cedo, e Sócrates não deixaria passar a oportunidade de examinar uma questão tão interessante. A conversa que se segue entre o filósofo bastante vivido e o jovem inexperiente é muito esclarecedora:

“Sócrates: - E então, sabes a que espécie de perigo vais expor a tua alma? Se tivesses de confiar teu corpo a alguém correndo o risco de que ele se tornasse saudável ou doentio, longamente irias examinar se deverias confiá-lo, e te aconselharias com amigos e com parentes, refletindo durante dias seguidos; sobre o que porém consideras mais importante que o corpo, a alma, e de que depende que tudo teu seja bem ou mal sucedido, se se torna bom ou mau, sobre isto não consultaste teu pai nem teu irmão nem qualquer dos nossos amigos, se deves confiar ou não a tua alma a esse recém-chegado estrangeiro; ao contrário, ouvindo à noite que ele chegou e chegando aqui de madrugada, sobre isso não fazes nenhum julgamento ou consulta, se deves ou não confiar-te a ele, como se tivesses concluído o absoluto dever de freqüentar Protágoras, a quem não conheces, como dizes, com quem nunca conversaste, a quem chamas de sofista, mas o que é este sofista evidentemente ignoras, ao qual no entanto vais te confiar.” Platão, Protágoras, 313 a-c [1] .

O livro Opus Dei – Os Bastidores, de Dario F. Ferreira, Jean Lauand e Márcio F. da Silva (Campinas: Ed. Verus, 2005) causa um choque em todos aqueles que, por um acaso da vida, ficaram fora da obra e para quem, portanto, Opus Dei “é alguma coisa da Igreja”, alguma coisa nebulosa, da qual pouco se sabe. E a grande missão desse livro reside exatamente no desvelamento do segredo que cerca o Opus Dei e do qual ele se alimenta. Socraticamente, o livro disseca a obra para que jovens Hipócrates do nosso tempo saibam a quem estão entregando a sua alma. Para aqueles que, desgraçadamente, entregaram o seu corpo e sua alma ao Opus Dei, é um chamamento para que vençam as barreiras da vergonha e da tristeza e relatem a suas experiências. Somente o instrumento psicanalítico de falar e de descobrir que existem outras pessoas que foram vítimas da mesma grande mentira e que, portanto, não se está só no mundo, não se é um pária, um leproso da alma, poderá restituir o equilíbrio a todos os que, após sofrimentos inacreditáveis, conseguiram se livrar das garras do grande monstro.

O Segredo:

O livro tem uma função “subversiva”: desvelar o segredo, escancarar as portas fechadas a sete chaves, colocar no meio do palco e sob os holofotes todo esse “belo mal”. Pois o Opus Dei se alimenta do segredo. É a falta de conhecimento que fornece carne jovem, e principalmente almas jovens, para o grande moedor de carne que homogeneiza pessoas e consciências. Quem entra no Opus Dei não sabe no que está entrando, nem o que será exigido a partir do momento em que “apitou” [2] . Não lhe foi permitido ver a parte de dentro da casa. Apenas viu o que foi mostrado: gente feliz, animada, um ambiente alegre de grande camaradagem. Mas o segredo já está presente: “Não fale com seus pais...” É preciso afastar Sócrates... Não é dito que lhe será negado o colo da mãe, o casamento, os filhos e a vida comum, a posse de bens adquiridos pelo suor de seu trabalho. Não é dito que a sua vida será uma eterna mortificação do corpo e, o que é pior, da alma, que lhe será negado o direito de pensar.

Destruir o segredo é destruir a Obra. Pois ninguém, de sã consciência, conhecendo o que realmente acontece dentro do Opus Dei, entraria em algo assim.

Pessoas desajustadas ou Obra insana?

O objetivo expresso pelo Opus Dei é o de santificar o mundo por meio do trabalho de seus membros. O livro expõe a imensa insatisfação dos membros do Opus Dei causada pelo fato da própria estrutura da Obra impedir a realização desse objetivo. Como resultado, existe um desajuste nas pessoas que vivem o Opus Dei em tempo integral, desajuste esse que pode resultar em doença mental, e não são poucos os relatos de casos de doentes mentais. No livro, aborda-se o problema do descompasso entre o que é colocado como objetivo (a santificação do mundo, da vida e do trabalho) e o que é exigido no dia a dia de cada um dos membros: aquelas milhares de pequenas (no sentido de mesquinhas) obrigações que impedem a realização do objetivo maior. Eu aponto uma outra, que considero tão importante quanto a anterior: a opção por esse tipo de vida é antinatural, sob o ponto de vista biológico e sob o ponto de vista estrutural. Segundo o meu ponto de vista: nós somos seres vivos, e a primeira obrigação de um ser vivo, sob o ponto de vista biológico, é manter-se vivo; a segunda é manter viva a sua espécie. Para eliminar essa segunda obrigação é necessário que haja um ambiente extremamente bem estruturado (penso, por exemplo, nas ordens monásticas ocidentais e orientais, de tão longa tradição em tratar das coisas humanas). Sexo é um elemento de satisfação muito grande. Basta ver como as pessoas dormem como pedras depois de um sexo bem feito. Em um ambiente bem estruturado, seja ele uma casa, seja um convento ou monastério, as tarefas diárias e a satisfação pela realização delas podem colocar o sexo em segundo plano. Agora vejamos: em um ambiente em que a pessoa, ao invés de se alegrar com as realizações do dia, é obrigada a fazer um mea culpa por aquilo que não fez ou fez mal feito, isso todo santo dia, que tipo de satisfação pode ter? Essa ênfase na falha, na culpa, na imperfeição do indivíduo, que deve ser pública e humilhante, como se o indivíduo, na reflexão íntima de seus atos, não fosse o juiz mais rigoroso que existe no mundo, posto que ele pode esconder qualquer coisa dos outros, mas não pode enganar a si mesmo, só pode deixar a pessoa muito infeliz. Pela descrição feita no livro, não existe lugar para a alegria da vida no Opus Dei. E haja água benta na cama (e cilício, e disciplinas, como se isso resolvesse o problema que, afinal das contas, não é de pureza, é de satisfação pessoal).

Mortificar o corpo, mortificar a alma:

Muito procurarão o livro para saber sobre o cilício e as disciplinas (e banhos frios, dormir no chão, jejuns, etc.). De fato, neste ano de 2005 de Nosso Senhor, tais temas certamente causarão escândalo aos honestos católicos comuns que andam naturalmente nesse mundo de Deus. Mas se trata de assunto acessório, um mero sintoma de uma doença muito mais grave: o fato de que a Obra acredita que o homem não procurará o Bem a não ser que anule seu corpo. O corpo é visto como intrinsecamente mau. Ela não ignora que somos compostos de corpo e alma, mas deve lastimar. Como deve lastimar profundamente que as três grandes religiões monoteístas (o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo) vetem terminantemente o suicídio, que nos livraria de maneira radical desse corpo tão incômodo, e que causa tantos problemas, como o da pureza. Como convencer pessoas razoáveis de que devem abrir mão daquilo que é natural (no sentido de que pertence ao mundo biológico): o prazer sexual e, conseqüentemente, o imenso, o incomensurável prazer e orgulho de ver a face do filho que ficou escondido, mas tão presente, dentro do corpo da mãe [3] ? Mortificando o corpo, reprimindo o corpo, machucando o corpo, negando tudo o que é legítimo e natural que, biologicamente, o corpo exija: conforto, comida, sono, sexo.

Mas tudo isso seria ineficaz sem a ajuda da mortificação da alma e esse sim, deveria ser o grande motivo de escândalo. Pois é necessário quebrar a vontade, destruir a consciência, passar uma borracha na alma e nela escrever uma nova “verdade”, isto é, muitas grandes mentiras, entre elas a de que só é possível a perfeição dentro da Obra, e uma extremamente danosa: a de que o homem não é filho de seus pais, que eles são mero acidente, que o mais importante é o Opus Dei.

Família biológica?

Isso traz à baila o problema da “família biológica”, que aqui chamarei de família verdadeira, que é o que ela é. Quem teve a graça de ser aluno do Prof. Luiz Jean Lauand aprendeu que, no mundo moderno, inventamos eufemismos para esconder, camuflar, escamotear os nossos erros e enganar as nossas consciências (por exemplo: o crime de evasão fiscal pode ser chamado de “caixa dois”, ou “dinheiro não contabilizado”). O termo “família biológica”, no contexto do Opus Dei, existe para escamotear a verdade segundo a qual só existe uma família, aquela em que nascemos e para a qual a nossa lealdade deve ser dirigida em primeiro lugar. Parafraseando Aristófanes: graças à velhice de meus pais eu fui criada “como um filhotinho” e cheguei até aqui. Por isso eu não posso censurar essa velhice, nem abandoná-la, agora que ela precisa de mim. Eu poderia não ter nascido. O leitor já pensou nessa possibilidade? O leitor também poderia não ter nascido. Ou nós dois poderíamos ter nascido e ter sido jogados em qualquer lugar, numa lixeira, num canto de rua, na porta de desconhecidos. Mas não. Por vontade livre de nossos pais, nascemos e fomos muito bem criados. E justamente porque uma pessoa qualquer foi muitíssimo bem criada, ela se torna um alvo preferencial para as más intenções do Opus Dei. E pela mesma razão é necessário massacrar essa lealdade, um dos sentimentos mais puros que existe, pois, mesmo que sejamos velhos caducos, nos braços de nossas mães seremos sempre crianças. Em circunstâncias normais, a lealdade de qualquer pessoa estaria voltada para os seus pais. Ao primeiro sinal, a pessoa correria para eles e para eles voltaria a sua dedicação, as suas preocupações, o seu tempo e, principalmente, o seu dinheiro. Ora, a Obra dedica parte da sua doutrinação à substituição da família verdadeira por uma espécie de família sobrenatural que é ela mesma, como se todas as criaturas de Deus já não fizessem parte naturalmente de uma família sobrenatural (posto sermos todos filhos de Deus) e como se o batismo não nos introduzisse na grande família sobrenatural que é a Igreja Católica. A destruição de algo tão puro, profundo e íntimo, a família verdadeira, só pode gerar desajustes e doença mental. O Opus Dei tenta destruir estruturas sem as quais nenhum ser humano pode ser realmente feliz. Nem as ordens monásticas mais rígidas têm coragem de atacar a família verdadeira de seus membros. É claro que ninguém, de sã consciência, compararia instituições que têm séculos e, em alguns casos, mais de um milênio de tradição e de respeito ao ser humano com um fenômeno extremamente novo na história da Igreja como o Opus Dei, cujo plano não é a glória de Deus mas, pelo que entendemos a partir da leitura do livro, a tomada do poder.

O crime contra as crianças:

As pessoas que conseguem sair do Opus Dei sofrem demais. A obra, malevolamente, esconde a sua grande mentira e escamoteia os seus erros estruturais, jogando-os sobre os ombros de seus ex-membros. Se ele tem dúvidas, se ele vê o descompasso entre o que é proposto e o que é feito, se ele sai, é porque ele é um homem de pouca fé, porque ele não aproveitou os tesouros que lhe foram oferecidos, porque ele é um traidor de Deus!

Depois de passar toda uma vida em um ambiente artificial, sofrem ainda por serem jogados no mundo sem um amigo (todos os amigos pertencem à Obra e, obedientemente voltam-lhe as costas [4] ), sem bens, sem um tostão furado e sem saber organizar as coisas mais simples da vida: afinal, ele nunca pagou suas contas, gerenciou seu salário, se preocupou em achar um lugar para viver, nunca lavou suas roupas ou fez faxina. Mas o pior é, partindo da constatação de que ele foi usado e abusado pelo Opus Dei, enfrentar o julgamento das pessoas comuns que fazem parte do plano comum da vida, fora da seita: companheiros de trabalho, membros da família, conhecidos “comuns” “Como você foi tão tolo?” “Como permitiu que fizessem isso com você?” Ou ainda “esse é um idiota”. Quem assim pensa não conhece o conceito de “modelo pedagógico” [5] e nada sabe sobre a lavagem cerebral realizada nos membros de determinadas linhas político-ideológicas ou, como é o caso, de determinadas seitas religiosas. Espantam-se com a existência de terroristas suicidas, mas não refletem sobre o tipo de doutrinação que foi feita para que no indivíduo fosse totalmente aniquilado o amor à vida. Pois bem: o mesmo acontece dentro do Opus Dei, sem tirar nem por. O indivíduo caiu numa armadilha da qual não pode ser livrar, pois Sócrates (seus pais, seus amigos, pessoas experientes) foram afastados ou, sempre devido ao segredo (tudo o que os que estão fora sabem é que “é uma coisa da Igreja, religião é sempre bom”), não conseguem ver o mal que reside aí. Se o caso é ter caído em uma armadilha, que tipo de discernimento pode ter uma criança de 14 ou 15 anos? Que tipo de experiência de vida ou que estofo teórico poderia ter para evitar cair nessa esparrela? O que viu da vida, o que estudou e leu? Criminoso é quem criou o sistema, mas vejam, ele está aí, canonizado. É um crime que se comete contra crianças, e ainda mais grave porque se aproveita de tudo o que existe de mais puro e santo no ser humano, o amor por Deus e pela Humanidade. É a verdadeira flor da juventude que é colhida e esmagada, para no fim, secar em amargura e descrença. E depois, quando adulto, por que não manda tudo às favas e vai viver a sua vida em paz, não vai ser normal? Na verdade, a grande pergunta é: como um homem dono de uma mente brilhante, pode viver tanto tempo nessa abominação? Não existe culpa em qualquer membro do Opus Dei, pois quando o membro já está adulto, a doutrinação já fez seus estragos sobre uma consciência enfraquecida, afastada daqueles que têm um amor verdadeiro por ela que acredita que as contradições do sistema são culpa sua, que as “tentações da carne” que sofre são culpa sua, não uma simples vicissitude biológica, mas uma falha moral, uma mente completamente aterrorizada com as chamas do inferno, pois esqueceu, ou melhor, fizeram com que esquecesse, que Deus é um pai que ama seus filhos. Reitero que isso é um crime continuado que vem sendo perpetrado contra seres humanos, e que considero tão grave quanto o assassinato. Pois mata o que existe de mais divino no ser humano, transforma homens e mulheres em molambos, títeres, autômatos. É o assassinato da alma.

O pecado da soberba e a idolatria deslavada:

No entanto, esses membros do Opus Dei se consideram os únicos católicos que estão no caminho verdadeiro. Tendo praticamente eliminado o corpo (só falta morrer para completar, definitivamente, a obra) podem se dar ao luxo do pecado da soberba, um pecado de anjo! O mais antigo, nobre e tradicional pecado, tão verdadeiro que até mesmo os gregos pagãos o conheciam (hýbris [6] )! Olham com um desprezo e sentimento de superioridade as multidões de católicos que andam por aí, felizes e comendo o feijão do mundo comum, assistindo missas comuns, rezadas por padres comuns, não muito preocupados com seus pecadinhos tão comuns, que cometem a cada santo dia. Tão altos, nobres, puros, esquecem que, no fim da tragédia a hýbris, soberba, leva o personagem à mais negra miséria moral. Agem e pensam como se o futuro da Igreja, essa mesma Igreja que já tem dois mil anos e que sobreviveu à perseguição, às heresias, à peste negra que matou dois terços da cristandade, dependesse de sua obra de setenta anos. Realmente, o nome concorda com o objeto: o pecado da soberba é soberbo!

Mas eles seguem, firmes e fortes na sua obra de destruição de famílias e de sanidade mental, pois seu sistema criado por quem? Por um santo, devidamente canonizado por um Papa que parecia considerar que cada família católica tinha o direito de ter uns três santos, no mínimo [7] . E em nome de quê? De política? Pois no fundo é isso, um sistema que deseja tomar de assalto a Igreja católica e transformar todos nós, católicos comuns, em figuras tristes em preto e branco, num mundo cinza e com gosto de cinzas. Um mundo em que os partos serão apenas “dor e sangue”, as famílias serão apenas “biológicas” e os nossos filhos serão apenas carne mais para a máquina de moer do Opus Dei.

Afinal, no frigir dos ovos, qual é a diferença entre o Opus Dei e a TFP? Até onde eu sei sobre as duas organizações (sim, eu sei o que os pesquisadores que agora estão lendo esta resenha vão objetar sobre a quantidade e a qualidade dos dados de que disponho) apenas o fato de que o Opus Dei não caiu na idolatria deslavada, mas isso apenas pelo fato de que conseguiu canonizar o seu fundador. Ambas apresentam as mesmas técnicas de captação de novos membros, atacam a mesma faixa etária, usam métodos similares de massacre da personalidade do ser humano e no final temos o mesmo tipo de “produto”: pessoas infelizes, sem senso crítico, meras marionetes [8] . Isso sem falar no fato de que preconizam uma vida religiosa bastante adequada para a ... Idade Média! De qualquer forma, a possibilidade de idolatria está latente.

O futuro do Opus Dei:

O futuro do Opus Dei? Deve ser nenhum. Deus possui a eternidade para esperar a correção dos erros do mundo, mas os pobres seres humanos que lá estão não. Deveria haver uma intervenção rápida e urgente, seguindo o modelo do cirurgião que extirpa um câncer (pois é isso que o Opus Dei é: um câncer no corpo da Igreja, em estado de metástase, pelo que pude entender). Suas casas deveriam ser dissolvidas e seus membros mais perigosos encaminhados, sei lá para onde, com recomendação de silêncio absoluto sobre essas coisas, para que não façam estragos aonde chegarem (existe algum tipo de presídio de segurança máxima para religiosos? Se não, deveria. Mas devem existir ordens monásticas, de bondade e eficiência comprovadas, que caridosamente reduzam ao silêncio e ao confinamento eternos esses verdadeiros criminosos). Pois existem vários tipos de crimes sendo cometidos de maneira contínua e, embora todos eles sejam menores do que o de ataque à integridade mental dos seres humanos, nem por isso deixam de ser graves: aliciamento de incapazes, estelionato, fraude fiscal (uma boa auditoria externa descobre). O livro deveria ser entregue ao Ministério Público, pois, reclamar a quem? Ao bispo? Se o Opus Dei responde somente ao Papa!

O livro é bastante esclarecedor, mas sendo muito sincera, se eu não soubesse de antemão o que as seitas fazem com seus membros e se eu não conhecesse a sua seriedade de um dos autores, seria bastante difícil acreditar nele da maneira completa que está acontecendo comigo, pois esse despautério existe dentro da Igreja Católica Apostólica Romana! O Opus Dei é um mal, o tipo de mal que afasta as pessoas da Igreja e da religião, como se ela mesma fosse o mal, corrompida e prostituta, veículo da desesperança, da descrença e da morte.

Sobre cavalos com asas:

Muitos já tentaram descrever a alma humana. Porém creio que a mais bela imagem da alma esteja em um texto pagão, o Fedro de Platão (246 e segs.). Nesse diálogo, o autor apresenta a alma como um conjunto formado por um carro puxado por dois cavalos alados e o seu condutor. Um cavalo é branco e o outro é negro. A missão da alma é subir aos céus e aproximar-se o máximo possível do séqüito dos deuses, um cortejo também formado por carros alados que contemplam as Idéias verdadeiras, eternas e imutáveis. O problema da alma humana é que o cavalo branco é dócil à rédea e à vontade do condutor e sua tendência é subir, ao passo que o cavalo negro é rebelde e deseja descer e permanecer na terra, longe da verdade. Poderíamos associar toda a história da luta do ser humano por ser melhor a essa imagem da tarefa do cocheiro em manter os dois cavalos no mesmo passo e na mesma direção segura. Raciocinemos: a ênfase do Opus Dei em eliminar o cavalo negro, entendido como o corpo e suas vicissitudes, bem como as fraquezas e os pequenos erros humanos, só consegue quebrar as asas desse cavalo. Ao fazer isso, quebra também as asas do cavalo branco, pelo simples esforço de ter que tentar realizar sozinho o trabalho que deveria ser dos dois. Ou seja, a tentativa de realizar a verdadeira obra de Deus sem aceitar que somos seres humanos e que, portanto, devemos reconhecer a humanidade que existe em nós, sem desmerecê-la, sem repudiá-la, sem lamentá-la, só pode ter como resultado almas de asas quebradas, sem possibilidade de ascender, pobres sombras dos nobres cavalos alados que deveriam ser. Não é possível ser bom, manter o cavalo negro em compasso ajustado com o branco, quando todo dia os desvios do cavalo negro são colocados em destaque. Quando se pede que o cavalo branco suba ao mesmo tempo em que se puxa a rédea, brecando o movimento. E, principalmente, quando se joga a culpa do fracasso no cavalo branco que, dócil como é próprio de sua natureza, aceita sem questionar. O resultado só pode ser confusão, fracasso e doença mental.

Conclusão:

Os autores desse livro podem ser vistos como homens de grande estatura. Eles tiveram a coragem de denunciar um grande mal. Entretanto, sempre devemos ter em conta que não se trata apenas de simples denúncia, mas também de uma confissão. E não é fácil mostrar o rosto e confessar que se foi vítima de uma piada muito amarga, que se deixou enganar por uma mentira imensamente maliciosa, submeter-se ao julgamento de todos aqueles com quem se convive. Um professor ensinou aos seus alunos, durante mais de vinte anos, que a virtude da prudência não é característica de homens pequenos. O passar dos séculos mudou o significado da palavra prudência. A verdadeira prudência, ensina o professor, não é a atitude mesquinha e acovardada daquele que, diante de uma situação qualquer, procura a saída que lhe cause menos dano, e sim a daquele que, vendo a mesma situação, age no sentido de solucioná-la segundo o que deve ser, mesmo que isso lhe cause prejuízos. Pois bem: o professor passou do ensino à ação, e com muita prudência denunciou o mal, mesmo que corresse o risco de ser julgado pelos leitores e por todos os seus conhecidos. A ele e aos seus colegas de denúncia, eu digo que aqueles que não receberem o livro com respeito serão apenas homens pequenos, incapazes de dar o devido valor à atitude de renúncia das vaidades e que, portanto, seu julgamento não merece ser levado em conta. O livro não é extenso, tem apenas 227 páginas, mas está destinado a causar uma grande revolução. Pois, como já disse antes, o Opus Dei se alimenta do segredo. Enquanto perdurar o segredo, conseguirá mais adeptos e continuará a sua tarefa de se infiltrar na sociedade. Ao desvelar o segredo e anunciar a verdade, o livro socraticamente abrirá os olhos de todos aqueles que, por falta de conhecimento, acreditam que o Opus Dei “é coisa da Igreja, e tudo o que é da Igreja é bom”. Pela primeira vez nos é dado ver, a nós, que “somos de fora”, o Opus Dei. E a conclusão a que se chega é que o Opus Dei é mau porque o resultado da sua ação é também mau. Afinal, diante de seus ex-adeptos, alguns mergulhados no desequilíbrio mental, outros tentando se adaptar ao mundo e viver de maneira normal, mas com fortes cicatrizes na alma, não se pode contestar as palavras de Cristo: “Não há árvore boa que dê fruto mau, nem árvore má que dê fruto bom; porque cada árvore é conhecida por seu próprio fruto” (Lucas 6, 43-44).

[1] Platão, Protágoras, tradução de Eleazar Magalhães Teixeira, Fortaleza: Edições UFC, 1986.

[2] Gíria própria dos adeptos e que significa o momento em que a pessoa resolve que dedicará a sua vida, na totalidade, à Obra.

[3] Perdoem-me os homens, mas lamento profundamente as pessoas que não quiseram, ou não tiveram a chance de carregar um filho na barriga e viver um parto. Algumas pessoas poderiam descrever o parto apenas como “dor e sangue” mas a verdade é que não existe maravilha maior do que ver a face do filho amado e sentir o que se sente. É indescritível o orgulho, a maravilha, a felicidade. É reviver o momento primordial da Criação, é o momento em que sentimos que realizamos uma parte da obra da Deus, pois criamos vida.

[4] Também aqui o segredo faz os seus estragos. Quando uma pessoa muito conhecida ou muito importante sai, e não é possível ocultar a sua ausência, pode acontecer de ser divulgada uma mentira, do tipo “foi transferido” ou “está atendendo em outro lugar”. Assim, um membro comum que, em um esforço hercúleo, consiga se desligar do Opus Dei, tem negado o direito de saber que existem outros de já seguiram o caminho. Fica-lhe a impressão de que ele está só, é o único apóstata nesse universo. Sua companheira é a amargura de saber que amizades de anos eram falsas, pois poucos têm coragem de ampará-lo.

[5] O que chamo aqui de “modelo pedagógico” é um modelo que, partindo de premissas que podem ser político-ideológicas, religiosas, etc., sempre apresentadas como verdades absolutas e irrefutáveis, é aplicado na educação que visa a criar o “homem novo”, perfeitamente adaptado ao sistema proposto. É como se fosse um “molde” que fabrica pessoas exatamente iguais umas às outras, programadas para pensar e agir de acordo com aquilo que nelas é incutido. É bastante comum encontrá-lo em ideologias totalitárias.

[6] A hýbris talvez seja o único pecado que os gregos antigos reconheciam. É a conjugação da hýbris (soberba) e da hamartía (erro de julgamento) do herói que possibilitam o final desastroso nas tragédias gregas.

[7] Parece que logo, logo o Opus Dei terá um novo santo. O que aconteceu com nossos bons e velhos santos tradicionais que, durante séculos, deram conta das necessidades e dos problemas dos católicos comuns? Por outro lado, não desejo discutir aqui a infalibilidade do Papa, pois acredito que ele mesmo já discutiu isso, ao pedir perdão pelos erros passados da Igreja. E isso é mais um sinal do pecado de soberba do Opus Dei: o Papa pode admitir que a Igreja errou, mas o Opus Dei considera que não erra.

[8] Não me causou qualquer tipo de admiração o fato dos autores terem relatado que em determinado colégio ligado, pelo menos ideologicamente, ao Opus Dei, haja membros da extinta TFP. O parentesco entre as duas organizações parece estar patente: ambas abusam psicologicamente de seus membros, odeiam a instituição da família, têm pavor do feminino, recrutam crianças e têm uma visão medieval da vida religiosa.

Parte CXVIII

A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a divindade de Jesus – V

A Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (STV), órgão mentor das Testemunhas de Jeová ensina que Jesus não tem igualdade com o Pai, e por isso não deve ser adorado. Entretanto, a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM), a Bíblia da organização, contém textos que contradizem essa crença.

Deduzimos que as alterações são operadas paulatinamente, como vimos na IV edição desta série de estudos. Na revisão de 1967, a Sociedade foi negligente, pois permitiu que o versículo de Hebreus 1.6 fosse transcrito de acordo com a Bíblia Sagrada, onde se lê, com relação a Jesus: “E todos os anjos de Deus o adorem”. A correção foi efetivada após 19 anos, na revisão de 1986. Ocorre que a divindade de Jesus está de tal modo disseminada na Bíblia Sagrada que, apesar dos esforços, não foi ainda possível à STV apagar todas as provas. Vejamos mais casos.

Jesus, digno de adoração

“E, ao tomar o rolo, as quatro criaturas viventes prostraram-se diante do Cordeiro... O Cordeiro que foi morto [Jesus] é digno de receber o poder, e as riquezas, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória, e a bênção. E toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e todas as coisas neles, eu ouvi dizer: Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro seja a bênção, e a honra, e a glória, e o poderio para todo o sempre. E as quatro criaturas viventes diziam: Amém! E os anciãos prostraram-se e adoraram” (Ap 5.8b; 12, 13 e 14 - TNM).

Vejam: “Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro”. Os dois receberam adoração. Abrimos um parêntese para registrar que o número dos que adoravam era “miríades de miríades e milhares de milhares” (v. 11b – TNM). Esse número está muito além dos 144.000 que, segundo a Sociedade, habitarão no céu. Por falta de espaço? Mas essa é outra história.

No texto que vimos, preservado pela STV com pequenas mudanças, todas as criaturas do universo, seres angelicais, seres viventes e anciãos proclamam a glória do Cordeiro num cântico de adoração que é também dirigido ao Pai. “No final de tudo, todos haverão de dobrar os joelhos (sinal de adoração) diante de Jesus Cristo e confessar que Ele é Senhor pata glória de Deus Pai” (Fp 2.11). “A adoração é prestada exclusivamente à divindade e, como Jesus é plenamente Deus, Ele podia receber a adoração daqueles que tinham a mesma natureza humana que Ele” (“O Ser de Deus”, Heber Carlos de Campos, Cultura Cristã, 1999, p. 149-150). A TNM registra: “A fim de que, no nome de Jesus, se dobre todo joelho dos no céu, e dos na terra, e dos debaixo do chão, e toda língua reconheça abertamente que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus, o Pai” (Fp 2.11). Na Bíblia Sagrada está assim: “... e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor”. Notem o cuidado da STV para não deixar registrado na Tradução que Jesus é o único Senhor. Na TNM de 1967 deixaram escapar, e registraram: “Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).

Jesus, o Criador do universo

“E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem (Hb 1.6). E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, E de seus ministros labareda de fogo. (v. 7). Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino (v. 8). Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu. Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros. (v. 9). E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos (v. 10). E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? (13).

Nessa passagem, o Pai revela a superioridade do Filho sobre os anjos. Fala ordena aos anjos que O adorem, isto é, diz que o Filho é digno de adoração. Enquanto os anjos cumprem seu serviço por meio do vento e do fogo, em subserviência à vontade divina, “o Filho, por sua vez, é uma personalidade moral livre, assentado pessoalmente no trono de Deus para sempre, com todo o direito” (O Novo Comentário da Bíblia, vol II, p. 1351). Depois, se referindo ao Filho, chama-O de Deus: “Ó Deus”. Continuando dando testemunho do Filho, e O identificando como Aquele que está assentado à sua destra (v. Marcos 12.36), o Pai diz que o Filho é Criador: fundou a terra e criou o céu.

“Em vista de Seu direito, na qualidade de Deus-Homem, Ele foi exaltado e ungido como Aquele a Quem pertence a pré-eminência. Essas citações são tiradas de Sl 104.4 e 45.6,7. A sexta citação (vv 10-12) mostra que, em contraste com as coisas criadas, o Filho é o Criador, o soberano, o Senhor imutável. As palavras de Salmos 102.25-27, dirigidas a Jeová, são aplicadas a Jesus. Isso implica em que Ele é Jeová” (Ibidem, p. 1351).

Vejam com esses versículos foram alterados na TNM:

“Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, ele diz: E todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem” (v.6 – Lembrem-se de que na edição de 1967 constou: “E todos os anjos de Deus o adorem”). “Também, com referência aos anjos, ele diz: E ele faz os seus anjos espíritos e os seus servidores públicos, chama de fogo” (v. 7). “Mas, com referência ao Filho: Deus é o teu trono para todo o sempre, e [o] cetro do teu reino é o cetro da retidão” (v. 8 – vejam que Jesus é Rei eterno). “Amaste a justiça e odiaste o que é contra a lei. É por isso que Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de exultação mais do que a teus associados (v.9). “E: Tu, ó Senhor, lançaste no princípio os alicerces da própria terra, e os céus são obras das tuas mãos” (v. 10). Analisemos.

Houve alteração do verso 8. “Mas, do Filho, diz: Ó Deus”... (o Pai se igualando ao Filho) foi alterado para “Com referência ao Filho: Deus é o teu trono...”. A frase ficou fora de foco. Deus estaria dizendo ao Filho que Deus é o “teu trono”.

Houve alteração do verso 10. “E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos”. Alterado para: “E: Tu, ó Senhor, lançaste no princípio os alicerces da própria terra, e os céus são obras das tuas mãos”. Acredito ter havido aqui um lamentável engano. A STV jamais iria declarar que o Filho é Criador de todas as coisas. Se houvesse algum critério de tradução, “Senhor” (kurios), nesse caso, deveria ter sido traduzido por “Jeová”, como fora feito em todas as demais citações. Ficaria Jeová falando para si próprio: “Tu, ó Jeová...”. Jeová falou a respeito dos anjos e a respeito do Filho. Quem está com a palavra é Jeová, que, a respeito de Jesus, diz: “Tu, ó Senhor”. E dá testemunho de que o Filho é também Criador. Não é apenas um agente da criação. Por essa questão prática e técnica não ousaram traduzir “Senhor” (kurios) por Jeová. A emenda ficaria horrível.

Não podiam de modo algum substituir “Senhor” por “Jeová”. Dessa vez não deu. O versículo 13 diz claramente que Jeová está se referindo a Jesus: “Mas, com referência a qual dos anjos disse ele alguma vez: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos como escabelo para os teus pés?”. Trata-se de uma repetição de Salmos 110.1 (cf. Mt 22.44). Que o Filho está assentado à direita do Pai é dito em diversas passagens (Mt 26.64; Hb 1.3; 8.1; 12.2; 1 Pe 3.22). Por essas razões, a gosto ou a contragosto, a Sociedade Torre de Vigia declarou que o Filho é Senhor e Criador. Os anjos, as autoridades e as potências estão sujeitas ao Senhor e Criador Jesus Cristo (1 Pe 3.22).

Hebreus 1.6-13 é um testemunho inequívoco do Pai a respeito da divindade do Filho. Por isso, Jesus declarou:

“Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30 – TNM)

“Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai” (Jo 14.9 – TNM).

“Porque tudo quanto ele [o Pai] faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5.19c).

Parte CXIX

A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a Divindade de Jesus – II

É paradoxal, mas é verdade. A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM) das Testemunhas de Jeová, uma versão especial da Bíblia, contém versículos que atestam de forma inequívoca a divindade do Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo. Vejamos:

“Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30 – TNM).

Ao entenderem muito bem essa declaração inequívoca de divindade, os judeus tentaram apedrejar Jesus (v. 31): “Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (v. 33). Jesus aceitou essa interpretação ao dizer: “Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus? Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele” (vv. 36-38).

Notem que a expressão “sou Filho de Deus” é equivalente a “Eu e o Pai somos um” e a “o Pai está em mim e eu nele”. Vejam como o versículo 33 está na Tradução do Novo Mundo:

“Nós te apedrejamos, não por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, porque tu, embora sejas um homem, te fazes um deus”. A TNM confirma ser Jesus “o Filho de Deus” (v. 36).

O Senhor Jesus não declarou ser um “um deus” menor que Jeová, um deus dentre muitos deuses pagãos. Declarou ser IGUAL a Jeová, semelhante a Jeová. Tão iguais e semelhantes que formam uma unidade. Ora, Jeová jamais formaria uma unidade com um deus apequenado, sem os atributos próprios da divindade. O Senhor Jesus declarou que possui os mesmos atributos do Pai: onisciência, onipresença, onipotência, imutabilidade, eternidade.

Essa afirmação é semelhante à que ouviu Filipe:

“Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras”. (Jo 14.8-11 – Bíblia Sagrada). Vejamos os mesmos versículos na TNM:

“Filipe disse-lhe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso chega para nós. Jesus disse-lhe: Tenho estado tanto tempo convosco e ainda não vieste a conhecer-me, Filipe? Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai. Como é que dizes: Mostra-nos o Pai? Não acreditas que eu esteja em união com o Pai e que o Pai esteja em união comigo? As coisas que vos digo não falo da minha própria iniciativa; mas o Pai, que permanece em união comigo, está fazendo as suas obras. Acreditai-me que estou em união com o Pai e que o Pai está em união comigo; senão, acreditai por causa das próprias obras” (vv. 8-11).

As pequenas mudanças, tais como “em união com o Pai”, em vez de “estou no Pai”, em nada altera a clareza do significado do texto. Embora a contragosto, a TNM declara a divindade de Jesus ao registrar: “Eu e o Pai somos um” e “Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai”.

Parte CXX

A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a Divindade de Jesus – IV

Incoerência: A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM), um tipo de Bíblia especialmente produzido pela Sociedade Torre de Vigia (STV), contém textos que comprovam a divindade de Jesus, divindade que a própria Sociedade rejeita.

A tentativa de apagar todo e qualquer vestígio, mediante uma tradução em causa própria, não surtiu os efeitos desejados. Em incontáveis versículos da Bíblia Sagrada, de forma direta ou indireta, implícita ou explícita, Jesus é apresentado como o Verbo encarnado, isto é, o Deus que tomou a forma de homem e habitou entre nós. O critério usado pela STV é não ter critério. Vejam os exemplos a seguir.

Jesus, digno de adoração

Até 1986, quando entrou em vigor a nova Tradução, a STV admitia oficialmente que Jesus era digno de adoração, isto é, que ele se igualava a Deus. Vejam:

“Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, ele diz: `E todos os anjos de Deus o adorem´ (Hb 1.6 – TNM, 1967).

Deus, o Pai, a Primeira Pessoa da Trindade, testemunhou da divindade da Segunda Pessoa. O Filho disse a mesma coisa com relação ao Pai: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás” (Mt 4.10). Pai e Filho são um (Jo 10.30).

A STV não gostou dessa tradução. A divindade do Filho estava muito clara. Então, na revisão de 1986 o texto foi alterado para:

“Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, ele diz: E todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem” (Hb 1.6 – TNM 1986).

Em Mateus 4.10, a TNM traduziu o verbo proskineõ (grego) na forma usual: “É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar...”. Em Hebreus 1.6, o mesmo verbo é traduzido como “prestar homenagem”. Por coerência, e para que nenhuma suspeita pairasse sobre a Sociedade – a grave suspeita de adulteração do texto bíblico por motivo espúrio -, Mateus 4.10 deveria dizer que todos devem prestar homenagem “a Jeová, teu Deus”.

Na edição de 1967, apesar do trabalho meticuloso, a STV deixou escapar essa adoração ao Filho. Todos os demais versículos, quando referentes a Jesus, o verbo proskineõ foi traduzido por “prestar homenagem”.

É estranho o que está no versículo anterior, em que Satanás diz a Jesus: “Todas estas coisas te darei, se te prostrares e me fizeres um ato de adoração” (Mt 4.9 – TNM). O diabo podia ser adorado por Jesus, mas Jesus não pode ser adorado nem pelos anjos nem pelos homens. Por que no versículo seguinte (10) proskineõ não foi traduzido da mesma forma?

Certamente dirão que em Mateus 4.9 proskineõ está relacionado com o ato de ajoelhar-se, gesto inequívoco de adoração, isto é, render culto à divindade. Todavia, a STV não usou o mesmo critério quando houve prostração diante de Jesus. Vejam:

“E, entrando na casa, acharam o menino [Jesus] com Maria sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram” (Mt 2.11). Na TNM está: “... e, prostrando-se, prestaram-lhe homenagem”. Quer dizer, de joelhos ou não, segundo o ensino equivocado da STV, as Testemunhas de Jeová estão proibidas de adorar o Senhor e o Salvador Jesus Cristo. No máximo, podem prestar-lhe uma homenagem. Que tipo de homenagem? Pelo menos cumprem a ordenança de Jesus de batizar em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, conforme Mateus 28.19?

Parte CXXI

A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a divindade de Jesus - I

É paradoxal, mas é verdade: A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM) das Testemunhas de Jeová, uma versão especial da Bíblia, contém versículos que atestam de forma inequívoca a divindade do Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo.

As TJs negam que Jesus é o Verbo encarnado (Jo 1.1,2,14), e dizem que o Espírito Santo é uma energia. Muitos versículos foram alterados para se harmonizarem à crença do grupo, porém em alguns casos, pela clareza do texto, não foi possível fazer qualquer mudança. A Tradução examinada é a revista em 1986, impressa nas oficinas gráficas da Sociedade Torre de Vigia. Vejamos.

TNM: “Tomé disse-lhe [a Jesus]: “Meu Senhor e meu Deus”. “Jesus disse-lhe: Creste porque me viste? Felizes são os que não vêem, contudo, crêem” (Jo 20.28-29).

O Senhor Jesus não rejeitou a declaração de Tomé, inequívoca de Sua absoluta divindade. Ao contrário; ao dizer que o discípulo creu apenas porque viu a realidade diante de seus olhos, deu-lhe autenticidade. Tomé chamou Jesus de Senhor e Deus. Logo, a TNM confirma nessa passagem a divindade do Senhor Jesus.

Sempre que a palavra “Senhor” (grego kurios) se refere a Deus, a TNM traduz como “Jeová”. Quando se refere a Jesus, não há alteração. Exemplos:

Referindo-se a Deus:

TNM: “Tens de amar a Jeová [ao Senhor, kurios] teu Deus...” (Mt 22.37).

TNM: “Não deves pôr Jeová [o Senhor, kurios], teu Deus, à prova” (Lc 3.12).

Referindo-se a Jesus:

TNM: “Tomé disse-lhe: Meu Senhor [kurios] e meu Deus” (Jo 20.28).

TNM: “No entanto, dentre eles havia alguns homens de Chipre e de Cirene, que vieram a Antioquia e começaram a falar ao povo que falava grego, declarando as boas novas do Senhor [kurios] Jesus. Além disso, a mão de Jeová [kurios] era com eles; e grande número, tornando-se crentes, voltaram-se para o Senhor [kurios]” (At 11.20-21).

Por coerência, deveriam assim traduzir João 20.28: “Meu Jeová e meu Deus”. Repetindo, quando o tratamento é inerente a Jesus, kurios continua como Senhor. Se referir-se a Deus, a tradução é Jeová.

Na Bíblia Sagrada, os versículos acima estão assim: “E havia entre eles alguns homens chíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor [kurios] Jesus. E a mão do Senhor [kurios] era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor [kurios]”.

Nota-se a nítida intenção de substituir palavras para colocar o Senhor Jesus numa posição inferior em relação a Jeová. Ora, Atos 11.20-21 diz que o Senhor Jesus foi anunciado; que a mão do Senhor Jesus era com eles; que muitos se converteram ao Senhor Jesus. De acordo com a doutrina da Trindade, do Deus Uno e Trino, Jeová e Jesus são UM (Jo 10.30). Jesus é Senhor e Jeová é Senhor. Jesus é Senhor e Deus, como bem testificou Tomé.

Kurios [Senhor] é usado indistintamente para aludir a Deus e ao Senhor Jesus Cristo. Vejamos:

Bíblia Sagrada: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram” (Jd 4 e 5). Na primeira parte, o “Senhor nosso” é Jesus Cristo. No versículo seguinte, Jeová é o Senhor.

Vejamos como está na TNM: “... que se mostram falsos para com o nosso único Dono e Senhor, Jesus Cristo” (v.4); “... que Jeová, embora salvasse um povo, tirando-o da terra do Egito...” (v.5). Observem que a Tradução do Novo Mundo confirma que Jesus Cristo é o nosso único Dono e Senhor, mas dizem que há outro único Senhor, o Jeová Deus. Nesse caso, teríamos dois Senhores?

Parte CXXII

A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a divindade de Jesus – III

Paradoxal, porém verdadeiro: A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM), uma versão da Bíblia especialmente usada pelas Testemunhas de Jeová, prova a divindade de Jesus Cristo, negada pelo mesmo grupo religioso. Vejamos:

Deus, o Salvador

“Eu sou Jeová, e além de mim não há salvador” (Is 43.11 – TNM). “E meu espírito não pode deixar de estar cheio de alegria por Deus, meu Salvador” (Lc 1.47). “Porque baseamos nossa esperança num Deus vivente, que é Salvador de toda sorte de homens, especialmente dos fiéis” (1 Tm 4.10b). “Porque eu sou Jeová, teu Deus, o Santo de Israel, teu Salvador” (Is 43.3a).

Jesus, o Salvador

“E começaram [os samaritanos] a dizer à mulher: Não é mais pela tua conversa que cremos; porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este homem [Jesus] certamente é o salvador do mundo” (Jo 4.42 – TNM).

“Ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa manifestação do grande Deus e [do] Salvador de nós, Cristo Jesus” (Tt 2.13). Na Bíblia Sagrada está: ...” da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”. Uma afirmação de que o Filho é Deus e Senhor, tal como revelou Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20.28 – TNM).

“Porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo, [o] Senhor” (Lc 2.11 – TNM). Na Bíblia: “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Quando “Senhor” se refere a Deus, a Sociedade Torre de Vigia (STV) traduz por “Jeová”: “Naquele tempo se principiou a invocar o nome de Jeová” (Gn 4.26). Na Bíblia: “... a invocar o nome do Senhor”. Quando o Filho de igual modo é chamado de “o Senhor”, a STV não altera.

“Quanto a nós, a nossa cidade existe nos céus, donde também aguardamos ansiosamente um salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20 – TNM). Virão vários salvadores do céu? Não. Virá “o Salvador”.

“Mas agora se tornou claramente evidente pela manifestação de nosso Salvador, Cristo Jesus” (2 Tm 1.10 - TNM). Por coerência, deveria constar que aguardamos um dos salvadores.

“Haja benignidade imerecida e paz da parte de Deus, [o] Pai, e de Cristo Jesus, nosso Salvador” (Tt 1.4b - TNM). Bíblia: “... graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador”.

“No entanto, quando se manifestou a benignidade e o amor ao homem da parte de nosso Salvador, Deus” (Tt 3.4 – TNM). “Não devido a obras de justiça que tivéssemos realizado, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou por intermédio do banho que nos trouxe à vida, e por nos fazer novos por espírito santo” (v. 5 – TNM). “Este (espírito) ele derramou ricamente sobre nós por intermédio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (v. 6 – TNM). Note-se que Espírito Santo sempre está com letras minúsculas. A STV não O considera uma pessoa da Trindade.

Os versículos acima na Bíblia: “Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens (v. 4), não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo (v.5), que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador” (v. 6).

“... pela justiça de nosso Deus e [do] Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1). Bíblia: “... pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”. Para melhor se ajustar à crença do grupo, e por coerência, a STV deveria ter dito: “...e dum salvador, Jesus Cristo”. Uma alteração a mais, uma a menos...

“De fato, assim vos será ricamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.11). Deveria ser: “dum Senhor e dum salvador”.

Vejamos as diversas formas usadas pela STV para dizer que Jesus é o Senhor e Salvador:

“O salvador do mundo” (Jo 4.42).

“[Do] Salvador de nós” (Tt 2.13)

“Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20.28)

“Um Salvador, que é Cristo, [o] Senhor” (Lc 2.11)

“Um Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11: Na tradução de 1967, edição brasileira).

“Um salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).

“Nosso Salvador, Cristo Jesus” (2 Tm 1.10)

“Cristo Jesus, nosso Salvador” (Tt 1.4b)

“De Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.6)

“Pela justiça de nosso Deus e [do] Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1)

“Pela justiça de nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1, TNM, tradução de 1967, válida até 1986).

“Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.11).

No afã de diminuir a pessoa do Senhor Jesus e negar-Lhe a divindade, a STV cai em contradições e incoerência. Em determinado momento, Jesus é “um salvador” com letras minúsculas; noutro, “nosso Salvador”, com maiúsculas; mais adiante é Senhor e Deus.

A tradução em vigor até 1986 dizia que Cristo era “um Salvador”, mas que era “o Senhor” (Lc 2.11). A STV mudou de idéia. Na atual tradução, a divindade dEle não é alterada, mas o elemento “do” (contração da preposição “de” com o artigo “o”) aparece entre colchetes (“[do]”). Outra vã tentativa de apagar da TNM qualquer vestígio comprometedor está em 2 Pedro 1.1. Até 1986, a STV registrava: “Pela justiça de nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo”. A partir de 1986, o versículo foi alterado para: “Pela justiça do nosso Deus e [do] Salvador Jesus Cristo”.

As intervenções, que são muitas, não conseguiram mudar o que está claro na Bíblia; Jesus é o Senhor, o Salvador, o Deus encarnado. O elemento grafado entre colchetes – “[do] Salvador Jesus Cristo” - objetiva transmitir a idéia de que não deve ser levado em consideração. E por que não foram excluídos? Porque, se excluído, a divindade de Jesus estaria ainda mais expressa. Ficaria assim: “Pela justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”. Seria mais uma confirmação do que foi dito por Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”.

A TNM registra com todas as letras que Cristo é “o salvador do mundo” (Jo 4.42), “o Salvador de nós” (Tt 2.13) e “o Senhor” (Lc 2.11), com colchetes ou sem. Poderíamos até fazer outras ilações com essas idas e vindas da STV.

O problema maior está no artigo definido “o”, que define, particulariza, intitula Jesus como o único Senhor e único Salvador. Daí porque em alguns casos a STV substitui o referido artigo pelo indefinido “um”. A tentativa de ajuste produziu, por exemplo, um desastre até hilariante. Em Lucas 2.11, Jesus é “um salvador” e ao mesmo tempo é “o Senhor”. Como pode uma pessoa ser indefinida e definida ao mesmo tempo?

Há incoerências várias: Jesus é “o salvador do mundo” e ao mesmo tempo “um Salvador”. Ao dizer “um Salvador”, a STV deseja repassar a idéia de que Jesus foi igual a outros profetas e libertadores que lutaram por uma causa nobre. Essa palavra de engano tem sido ensinada a muitas pessoas, que, por falta de estudo bíblico, aceitam-na como verdadeira. Mas vejam o que o Senhor Jesus disse de Si mesmo:

“Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30 – TNM)

“Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai” (Jo 14.9 – TNM).

“Porque tudo quanto ele [o Pai] faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5.19c). A STV, a contragosto, registrou: “Porque as coisas que Este faz, estas o Filho faz também da mesma maneira”. Logo, se o Pai salva, o Filho salva também. Não há dois salvadores, um maior e outro menor. Se o Pai perdoa pecados, o Filho faz o mesmo. Se o Pai é digno de adoração, honra e louvor, o Filho também o é. No mistério da Santíssima Trindade, Deus é uma unidade composta de três pessoas distintas e divinas: Pai, Filho e Espírito Santo. As três cooperam unidas e num mesmo propósito.

Parte CXXIII

As Testemunhas de Jeová e o Espiritismo

Pode parecer algo inusitado, mas a matéria abaixo considera a real possibilidade de A Sociedade Torre de Vigia ter ligações com o Espiritismo. Vejam:

Extraído de:

Hipocrisia das TJ Sobre Livros de Espiritismo de Johannes Greber

Trevor Scott

Fonte: Observatório Watchtower

As Testemunhas de Jeová têm em muitas ocasiões enfatizado a necessidade de destruir quaisquer livros ou outros objectos associados com "espiritismo". Repare:

"Em harmonia com o exemplo registrado em Atos 19:19, é também importante destruir todos os objetos que possui, que se relacionem com o espiritismo, ou desfazer-se adequadamente deles." (Raciocínios à Base das Escrituras, 1989, p. 142)

"Os que querem agradar a Jeová, portanto, destroem sua parafernália espírita, como fizeram antigos cristãos em Éfeso." (Despertai!, 8 de Abril de 1986, p. 27)

"Imitando os que se tornaram seguidores de Cristo em Éfeso, se estiver de posse de objetos diretamente relacionados com o espiritismo, é sábio destruí-los, não importa quão caros sejam." (Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, 1989, p. 98)

"A Testemunha que veio estudar a Bíblia comigo aconselhou-me a destruir tudo em meu poder que tivesse relação com o espiritismo." (A Sentinela, 1 de Setembro de 1979, p. 28)

A última citação acima foi publicada pelas Testemunhas de Jeová em 1979. Outro artigo publicado pelas Testemunhas de Jeová no mesmo ano, sob o subtítulo "Resista às Forças Espirituais Iníquas", tinha a dizer o seguinte (a ênfase é minha):

"O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos em Éfeso: "Revesti-vos da armadura completa de Deus, ... porque temos uma pugna, não contra sangue e carne, mas contra ... as forças espirituais iníquas nos lugares celestiais." (Efé. 6:11, 12) Se o cristão fosse consultar tais forças por intermédio dum médium espírita, poderia dizer-se que as estava combatendo? De modo algum. Antes, não deveria ele destruir quaisquer objetos associados com tais comunicações espíritas, seguindo o exemplo daqueles crentes do primeiro século, em Éfeso, que até mesmo queimaram os livros que tratavam do espiritismo?" (A Sentinela, 15 de Julho de 1979, p. 29)

Segundo as Testemunhas de Jeová, o proceder cristão seria "destruir quaisquer objetos associados com tais comunicações espíritas". Mas que dizer das próprias Testemunhas de Jeová? Que proceder deviam elas tomar se tivessem em seu poder objectos associados com "comunicações espíritas"? Será que as Testemunhas de Jeová "destroem sua parafernália espírita" como fazem aqueles "que querem agradar a Jeová"? Será que as Testemunhas de Jeová imitam "os que se tornaram seguidores de Cristo em Éfeso"? Será que elas agem "em harmonia com o exemplo registrado em Atos 19:19"?

Para responder a estas perguntas, considere a seguinte carta enviada pela Sociedade Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) à Johannes Greber Memorial Foundation depois de ter recebido dois livros escritos por Johannes Greber, um espírita.1 Esta carta, datada de 1980, foi enviada apenas um ano depois da publicação do artigo das Testemunhas de Jeová de 1979 onde elas afirmaram que um cristão teria de "destruir quaisquer objetos associados com tais comunicações espíritas".

Tradução da carta:

Senhores:

Esta [carta] tem o propósito de acusar a recepção dos dois livros que nos enviaram, O Novo Testamento traduzido por Johannes Greber, e o livro dele Comunicação com o Mundo Espiritual de Deus.

Apreciamos que nos tenham enviado estes volumes. Já por alguns anos estamos cientes [da existência] da tradução de Johannes Greber e ocasionalmente até a citámos. Cópias da tradução, porém, têm sido difíceis de obter. Como temos quatro bibliotecas nas nossas instalações da sede que são consultadas pelos membros do nosso pessoal, incluindo os escritores das nossas revistas e livros, inquirimos sobre a possibilidade de obter algumas cópias adicionais de O Novo Testamento.

Por favor, enviem qualquer comunicação sobre o pedido acima para o Departamento de Redacção, Secretária EG.

Sinceramente,

Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Nova Iorque, Inc.

Ahn?

Que tal "não, obrigado"? Que tal "destruímos os vossos livros espíritas"? Que tal "ide ler Deuteronómio 18:10-12"?

Depois de receber dois livros associados com "comunicações espíritas" da Fundação de Johannes Greber, a resposta da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (Testemunhas de Jeová) foi pedir mais cópias! Parece que a Sociedade queria certificar-se de que todo o seu pessoal -- "incluindo os escritores das [seus] revistas e livros" -- teria acesso ao livro espírita de Greber!

A Sociedade declarou na sua carta: "Já por alguns anos estamos cientes [da existência] da tradução de Johannes Greber e ocasionalmente até a citámos". De facto, durante muitos anos a Sociedade Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) tinha usado a tradução espírita de Greber, mesmo sabendo que era uma tradução espírita, para apoiar algumas traduções obscuras que se encontram na tradução do Novo Testamento feita pelas Testemunhas de Jeová.2 Que a Sociedade Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) sabia que Johannes Greber era um espírita e que a tradução do Novo Testamento dele era 'diretamente relacionada com o espiritismo', pode ver-se a partir das seguintes declarações, publicadas pela Sociedade Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) em 1955 e 1956 (a ênfase é minha):

"Não nos surpreende que um certo Johannes Greber, um ex-sacerdote católico, se tenha tornado um espírita e tenha publicado o livro intitulado Comunicação Com o Mundo Espiritual, Suas Leis e Seu Propósito." (The Watchtower, 1 de Outubro de 1955, p. 603 [em inglês])

"Johannes Greber diz na introdução da sua tradução do Novo Testamento, copyright de 1937: 'Eu próprio fui um sacerdote Católico, e ... nunca realmente acreditei na possibilidade de comunicar com o mundo dos espíritos de Deus. Contudo, chegou o dia em que involuntariamente dei o primeiro passo em direcção a essa comunicação ... As minhas experiências estão relatadas num livro que apareceu tanto em alemão como em inglês e tem o título Comunicação com o Mundo Espiritual: Suas Leis e Seu Propósito' ... Greber esforça-se em fazer a leitura do seu Novo Testamento soar bem espiritista ... Muito claramente os espíritos nos quais o ex-padre Greber acredita ajudaram-no na sua tradução." (The Watchtower, 15 de Fevereiro de 1956, pp. 110-111 [em inglês])

A Sociedade Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) não só se baseou no espiritismo de Greber durante 20 anos,3 sabendo perfeitamente que ele era espírita, mas também, ao ser presenteada com cópias adicionais das "comunicações espíritas" de Greber em 1980 (apenas um ano depois de ter aconselhado o seu rebanho a destruir quaisquer objectos associados com comunicações espíritas), em vez de destruir estes livros "diretamente relacionados com o espiritismo" como fazem "os que querem agradar a Jeová", a Sociedade expressou a sua apreciação sincera e pediu ainda mais cópias.

Hipócritas! Sois como sepulcros caiados -- belos por fora mas cheios por dentro com ossos de mortos e de toda sorte de impureza.4

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Notas

1 Esta carta foi disponibilizada pela Johannes Greber Memorial Foundation.

2 O Novo Testamento de Johannes Greber foi mencionado ou citado pela Sociedade Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) numa exibição de suposto apoio "de peritos" para traduções obscuras na Tradução do Novo Mundo da própria Sociedade Torre de Vigia nas seguintes publicações: The Word -- Who Is He? According to John (A Palavra -- Quem É Ele? Segundo João), 1962, p. 5 (em inglês); The Watchtower, 15 de Setembro de 1962, p. 554 (em inglês); Make Sure of All Things (Certificai-vos de Todas as Coisas), 1965, p. 489 (em inglês); Aid to Bible Understanding (Ajuda Ao Entendimento da Bíblia), 1971, p. 1669 (em inglês); The Watchtower, 1 de Janeiro de 1961, p. 30 (em inglês); Aid to Bible Understanding (Ajuda Ao Entendimento da Bíblia), 1971, p. 1134 (em inglês); A Sentinela, 15 de Abril de 1976, p. 256; A Sentinela, 15 de Julho de 1976, p. 423.

3 Cf. nota 2.

4 Mateus 23:27.

Parte CXXIV

As Testemunhas de Jeová E o Espiritismo – II

As doutrinas que as Testemunhas de Jeová recebem tiveram na sua origem conceitos provindos do Espiritismo? O autor da matéria abaixo declara que o espírita Johannes Greber teve participa especial na elaboração da TNM – Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, a “bíblia” da Sociedade. Vejamos.

Por: Emerson de Oliveira

Fonte:

Outra coisa grave que as TJ não falam é sobre uma pessoa aparentemente desconhecida ao público brasileiro mas que teve grande influência na Tradução do Novo Mundo: Johannes Greber. Guarde este nome. Quem foi ele?

Johannes Greber foi um padre na Alemanha, em 1920. Em 1923, ele foi convidado para fazer orações com um membro da igreja. Greber descreve o que aconteceu aqui:

"Tão logo terminou a oração o menino caiu no chão respirando ofegantemente, de tal forma que me assustou... depois de alguns segundos ele foi levantado com força do chão várias vezes como por uma mão invisível e ficou sentado com os olhos fechados".(Johannes Greber, "Comunicação com o Mundo dos Espíritos de Deus--Suas Leis e Propósito.)

Notaram que o que aconteceu se parece com o que ocorre em algumas denominações pentecostais e seitas no mundo?

Logo após, o menino começou a receber inspirações de "espíritos" que disseram a Greber que o cristianismo precisava mudar e não se encontrava no seu estado original:

"Os ensinos de Cristo não mais se encontravam na sua pureza e clareza originais naqueles documentos que te mandei. No que é chamado de Novo Testamento, vários parágrafos, às vezes vários capítulos, tem sido omitidos. O que vocês tem são cópias mutiladas...mesmo as últimas cartas do apóstolo Paulo ás comunidades cristãs tem sido destruídas. Nelas, ele explicou cuidadosamente suas doutrinas. Mas as interpretações errôneas que vieram depois deformaram a fé cristã." (Johannes Greber, "Comunicação com o Mundo dos Espíritos de Deus--Suas Leis e Propósito.)

Depois, o espírito se identificou, falando de sua missão:

"Você está certo em perguntar quem eu sou, pois isto é o primeiro dever para testar os espíritos e saber se vem de Deus...Asseguro-lhe diante de Deus que sou um dos bons espíritos de Deus cujo nome não posso revelar...desde o início da humanidade, os espíritos tem se comunicado com os homens..." (Johannes Greber, "Comunicação com o Mundo dos Espíritos de Deus--Suas Leis e Propósito.)

Estranho não? O espírito diz que não pode revelar seu nome e que desde do começo da humanidade, os espíritos se comunicam com os homens. Puro espiritismo. Depois, Greber deixou de ser padre, preso a sua supresa por estar sendo "usado" pelos espíritos. Escreveu o livro "Comunicação com o Mundo dos Espíritos de Deus--Suas Leis e Propósito, onde relata suas experiências com os espíritos. Em 1933, escreveu uma tradução do Novo Testamento, ajudado pelos "espíritos". Foi essa tradução que a Watchtower Society usou para fazer sua tradução de versículos escolhidos da Tradução do Novo Mundo.

Greber e a Tradução do Novo Mundo

Como dissemos acima, Greber teve uma participação especial na "tradução" da TNM, além dos cinco "misteriosos" tradutores que a fizeram, cujos nomes hoje são conhecidos. Foi Greber que disse:

Não existe qualquer união de três pessoas em nenhuma Trindade no sentido em que os cristãos em geral ensinam. . . Somente o Pai é Deus. O próprio Cristo não foi Deus, mas somente o primeiro dentre os filhos de Deus.

Greber disse que Jo.20.28, por exemplo, deveria ser "meu Senhor e Mestre" em vez de "meu Senhor e meu Deus". Daí, ele resolveu fazer a tradução do NT inteira, baseado nas comunicações com os espíritos. A própria Torre de Vigia, em The Watchtower [A Sentinela] de 15/02/1956, condenou Greber denunciando-o como espírita, contudo cita de suas obras como autoridade confiável em publicações lançadas em 1962, 1975, 1976 e 1981!

Um dos grandes versículos que mais geram controvérsia sobre a TNM é Jo.1.1, que Greber teve participação fundamental. A Torre de Vigia usa sua tradução para este versículo:

"No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus e a Palavra era um deus" (TNM)

Nós sabemos que em português, a TNM é a única bíblia que lê dessa forma. Nenhuma outra fala que Jesus é "um deus" que não O DEUS único. Deve-se notar que as TJ acreditam que o Espírito Santo dirige sua organização, mas Greber falava de "espíritos" (plural), o que dá a entender o espiritismo. Verdade é que em 1983 a Watchtower condenou veementemente Greber chamando do espírita mas mesmo assim continuou usando sua tradução.

O mais difícil é uma TJ acreditar que sua bíblia foi feita por Greber, que foi inspirado por demônios. Assim, todas as doutrinas das TJ também são demoníacas.

Russel e sua "mediunidade"

O que poucas TJ sabem é que sua própria organização admitiu ter em seus primeiros tempos um tipo de "mediunidade" com Charles Taze Russel, o fundador da seita e morto em 31 de outubro de 1916.

Quando ele morreu, seus seguidores ficaram perdidos. Eles perguntavam "quem irá nos guiar agora?" Eles acreditavam que Russel, como Jesus, era o único canal de comunicação com Deus. "O Senhor indicou que usaria um membro de sua igreja como canal..." (Watchtower 1/3/1923). Assim, eles colocavam Russel no mesmo patamar que Pedro e Paulo. Mas onde isto está na Bíblia?

Eles acreditavam que Russel estava com eles: "já que nosso pastor, agora em glória, manifesta um grande interesse em nossa obra, Deus o permitiu agir com influência sobre nós (Ap. 14.17)..." (Watchtower 1/11/1917)

"Apesar de nosso pastor ter passado o véu, ele está dirigindo todo nosso trabalho" (Estudos, v.7, pg. 144). Eles explicam que Russel estava consciente após a morte, apesar de contrariarem seus próprios ensinamentos que não há consciência depois da morte. Durante muitos anos a Sociedade continuou usando a "mediunidade" com Russel para suas doutrinas. Por isso eles mudam toda hora de doutrinas.

Mas Dt. 18. 10-12 condena a consulta aos mortos. Agindo assim, a Sociedade condena-se a si mesma.

Parte CXXV

Testemunhas de Jeová: O Verbo Era “um deus”?

Para melhor compreensão da entrevista abaixo, vejam a diferença entre a Bíblia Sagrada e a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM), versão utilizada pelo grupo religioso Testemunhas de Jeová. Com o intuito de negar a divindade de Jesus, referido grupo modificou muitos versículos, como exemplificado abaixo. Em alguns casos, por causa da clareza do texto, não foi possível fazer mudanças. É o que se vê na série “A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a Divindade de Jesus”.

Bíblia Sagrada: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus” (Jo 1.1-2).

TNM: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus” (Jo 1.1-2).

Observem a interposição de um artigo indefinido e “deus” com letras minúsculas. Essa declaração revela a natureza divina de Jesus.

Entrevista do Dr. Walter Martin com o Dr. Julius R. Mantey sobre a TNM e Jo. 1.1

Fonte: Christian Research Institute

Tradução: Emerson de Oliveira

Dr. Julius R. Mantey foi o primeiro grande estudioso que estudou grego por mais de 65 anos. Ele é bem conhecido por ter co-escrito A Manual Grammar of the Greek New Testament, com o Dr. H.E. Dana. Seu livro é muito citado (às vezes fora do contexto) pelas publicações TJ. A entrevista seguinte foi com o Dr. Martin e o Dr. Mantey sobre a Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová.

DR. MARTIN: Em Jo 1:1, a Tradução do Novo Mundo (TNM) diz que "a Palavra era um deus" referindo-se a Jesus Cristo. Como você responderia a isso?

DR. MANTEY: As Testemunhas de Jeová (TJ) se esquecem que a ordem da oração indica - que o "Logos" tem a mesma substância, natureza, ou essência que o Pai. Para dizer que Jesus era só "um deus", as TJ teriam que usar uma construção diferente no grego.

DR. MARTIN: Há certo tempo você teve uma discussão com o pessoal da Torre de Vigia sobre isto e lhes escreveu uma carta. Qual foi a resposta deles a sua carta?

DR. MANTEY: Bem, eu estava indignado porque eles tinham me citado errado em defesa de sua tradução. Eu chamei sua atenção ao fato que todo o Novo Testamento estava contra sua idéia. No Novo Testamento, Jesus é sempre glorificado e engrandecido - mas elas O estavam denegrindo, transformando-o num deus pagão.

DR. MARTIN: Qual foi a resposta delas ao que você disse?

DR. MANTEY: Elas disseram que eu poderia ter minha opinião e elas teriam a delas. O que eu escrevi não lhes fez mudar nem um pouco.

DR. MARTIN: Eu não sei se você sabe, mas não há nenhum estudioso grego na Watchtower Bible and Tract Society. Eu fiz tudo que pude para descobrir os nomes do comitê de tradução da TNM, e a Torre de Vigia não me ajudou. Finalmente, uma ex-TJ que conheceu os membros do comitê pessoalmente me falou quem eles eram - os homens do comitê não sabiam ler o grego do Novo Testamento, nem o hebraico; eles não tinham nenhum conhecimento de teologia sistemática - exceto o que eles tinham aprendido da Torre de Vigia. Só um deles tinha feito faculdade, saindo depois de um ano. Ele estudou muito rápido as línguas bíblicas enquanto estava lá.

DR. MANTEY: Ele nasceu na Grécia, não?

DR. MARTIN: Sim, ele lia o grego moderno, e eu o conheci quando eu visitei a Torre de Vigia. Eu lhe pedi que lesse Jo. 1:1 no grego e então disse "como você traduziria isto?" Ele disse: "Bem, 'a palavra era um deus'". Eu disse: "qual é o assunto da oração?" Ele me olhou. Eu perguntei de novo: "qual é o assunto da oração?" Ele não sabia. Esta foi a única pessoa na Torre de Vigia capaz de ler grego e não sabia o assunto da oração em Jo. 1:1. E estas foram as pessoas que escreveram a você dizendo que a opinião deles era tão boa quanto a sua.

DR. MANTEY: Certo.

DR. MARTIN: Muitas vezes vemos publicações das TJ que citam os estudiosos. Eles os citam no contexto?

DR. MANTEY: Não. Eles usam esta tática para enganar as pessoas para que elas pensem que os estudiosos concordam com as TJ. Dentre todos os professores de grego, gramáticos, e comentaristas que eles citaram, só um (um unitário) concordou que "a palavra era um deus".

DR. MARTIN: Você foi citado como dizendo que os tradutores do TNM são "enganadores diabólicos".

DR. MANTEY: Sim. A tradução é enganosa, e eu acredito que é uma coisa terrível para uma pessoa ser enganada e ser eternamente perdida porque alguém a enganou, torcendo as Escrituras!

DR. MARTIN: O que você diria a uma TJ que estivesse procurando a verdade?

DR. MANTEY: Eu lhe aconselharia que adquirisse uma tradução diferente da TNM, porque 99% dos estudiosos do mundo que falam o grego e que ajudaram a traduzir a Bíblia discordam das TJ. As pessoas que estão procurando a verdade devem saber o que a maioria dos estudiosos realmente acredita. Elas não deveriam deixar ser enganadas pelas TJ e acabar no Inferno.

Fonte:logoshp.hpg..br/SEITJIentrev4.htm

Parte CXXVI

A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a Divindade de Jesus – VI

Incoerente, porém verdadeiro: A divindade de Jesus é negada pelo Grupo, mas a Tradução do Novo Mundo (TNM) registra a igualdade do Filho com o Pai. Ou, em outras palavras, que Jesus é Jeová encarnado. Vejam:

“Nenhum homem viu a Deus; o deus unigênito, que está [na posição] junto ao seio do Pai, é quem o tem explicado” (Jo 1.18 – TNM).

Na Bíblia Sagrada, está assim: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho [em algumas versões: “o Deus] unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou”.

Na TNM, o Filho é chamado de “o deus”. O artigo definido individualiza o Filho como o único da espécie. Mas esse critério não é universal. Pode mudar de acordo com as circunstâncias. Vale tudo para negar a divindade do Filho. Vejam:

“... e a Palavra era [um] deus” (Jo 1.1b – TNM). Por coerência, este versículo deveria afirmar que “a Palavra era [o] deus”. A duas declarações (Jo 1.1 e 18) fazem parte de um mesmo contexto. Afinal, o Filho é “um deus” ou “o deus”? Essa forma dúbia de traduzir/interpretar é vista também em outras expressões. Jesus é chamado de “O salvador do mundo”, em João 4.42, e de “Um Salvador”, em Lucas 2.11 (V. “A Bíblia das TJ Revela a Divindade de Jesus – III”). A confusão é geral. Afinal, temos dois deuses e dois salvadores?

Se for “um deus”, o Pai teria criado muitos deuses, dentre os quais o Filho é um deles. Se é “o deus”, estamos diante de uma criação especial e única, específica e individualizada. Além dessa incoerência, há algo mais sério. A Sociedade Torre de Vigia (STV) declara-se biteísta, isto é, crê na existência de dois deuses: o Pai e o Filho, este “o deus” menor. Por que escrever um deus com inicial maiúscula e o outro com minúscula? As duas expressões são traduções da palavra grega theos. Não é uma forma honesta de negar a divindade do Filho.

A STV declara que o Filho, o “deus unigênito” é o único que tem “explicado” o Pai. Contradiz o que Jesus disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9) e “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Entre “revelar” e “explicar”, estas declarações estão mais para revelar. É confusa essa idéia de que o Pai criou um deus menor para que pudesse ser explicado (!?). A verdade é que no afã de distorcer versículos para justificar suas doutrinas, a STV cai em muitas contradições. É como o caçador que se precipita na própria armadilha.

O termo “Trindade” não se encontra na Bíblia, mas o conceito que ela expressa é escriturístico. O Pai é reconhecido como Deus em grande número de passagens. Exemplos: João 6.27 – “o Pai, Deus, o selou”; 1 Pe 1.2 – “presciência de Deus Pai”. Jesus Cristo é reconhecido como Deus (Jo 1.1; 1.18; 20.28; Rm 9.5; Tt 2.13; Hb 1.8; 1 Jo 5.20; Cl 2.9; Fp 2.6, dentre outros). O Espírito é reconhecido domo Deus (At 5.3,4; 1 Co 3.16; 6.19; 12.4-6). Mas estamos mais interessados em examinar o que a TNM diz a respeito da divindade de Jesus e do Espírito Santo. Com isso, oferecemos aos seguidores da Sociedade a possibilidade de refletirem sobre tais questões. Que não se esqueçam da advertência do Senhor Jesus:

“Portanto, eu vos disse: Morrereis nos vossos pecados. Pois, se não acreditardes que sou eu [Eu sou] morrereis nos vossos pecados” (Jo 8.24 – TNM). A STV alterou a passagem. Em vez de “EU SOU”, colocou “SOU EU”. Por acaso alguém estava duvidando de que Jesus era Jesus? Na verdade, Jesus estava falando da Sua igualdade com o Pai, da Sua eternidade. No mesmo capítulo, verso 58, Ele diz: “Antes que Abraão existisse, eu sou”, traduzido na TNM por: “Antes de Abraão vir à existência, eu tenho sido” (!?). Se as TJ não desejam ficar eternamente separadas de Jeová, num lugar de tormentos, devem acreditar na eternidade do Filho. Sobre o “Eu Sou”, leia “Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová”.

Parte CXXVII

Testemunhas de Jeová: Resposta Sobre a Divindade de Jesus – I

No dia 01.08.2006, recebi uma mensagem de Luiz Carlos, com a seguinte observação: “Se você é um servo de Deus, verifique a sério, sério mesmo, e me dê uma resposta sobre esse assunto”. Da mensagem constam vários tópicos, todos negando a divindade de Jesus Cristo. Em cada artigo desta série, darei resposta a uma das questões apresentadas pelo remetente.

Minha resposta inicial:

Confirmo o recebimento de sua mensagem. Desde já me disponho a ajudá-lo para dirimir quaisquer dúvidas sobre a divindade de Jesus, se é que, de sua parte, existem dúvidas. As respostas serão item por item, de per si, e divulgadas em sites evangélicos, principalmente no de minha responsabilidade (). Serão também remetidas a vários grupos. Por reciprocidade, solicito que faça idêntica divulgação nos sites oficiais da Sociedade Torre de Vigia, e as remeta ao maior número possível de associados da STV. Usarei as seguintes siglas:

Testemunhas de Jeová ou testemunhas-de-jeová = TJ

Sociedade Torre de Vigia = STV

Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas = TNM

Estou anexando os artigos da série “A Bíblia das Testemunhas de Jeová Revela a Divindade de Jesus”. Peço-lhe que remeta cópia desses artigos ao site oficial das TJ, aos “anciães” da Sociedade e ao Corpo Governante. Com certeza, os destinatários terão o máximo interesse em conhecer o contraditório.

Enquanto preparo as respostas, peço-lhe que me informe (para análise e contestação), com base no que diz a TNM, por que a STV não considera o Espírito Santo uma pessoa, e sim uma energia ativa de Deus. Para que eu possa solidificar minhas convicções, me informe também se a STV considera que Jesus é o Arcanjo Miguel. Vejamos um dos tópicos da mensagem.

Luiz Carlos (ltoso@.br):

“Embora Jesus nunca afirmasse ser Deus, a profecia de Isaías o identifica, como governante designado de Jeová, pelos termos “Deus Poderoso” e “Príncipe da Paz”. A profecia acrescenta: “Da abundância do domínio principesco e da paz não haverá fim.” (Isaías 9:6, 7) Portanto, como “Príncipe” — o filho do Grande Rei, Jeová — Jesus será o Governante do governo celestial do “Deus Todo-poderoso”. — Êxodo 6:3”.

Pr Airton Costa (aicosta@.br):

Não é verdade. Vamos ler o versículo completo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o domínio principesco virá a estar sobre o seu ombro. E será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da paz” (Is 9.6 – TNM).

Eis uma profecia a respeito da vinda do Senhor Jesus. Fato plenamente reconhecido pela STV. E o que se diz a respeito do Verbo que se fará homem? Que ele é “Deus Poderoso”. É o que está escrito na TNM e em todas as bíblias. A profecia, cumprida integralmente, diz mais que Ele, o Verbo, é “Pai Eterno”, nome este omitido no enunciado de Luiz Carlos ou de quem o redigiu. Então, Jesus é Deus Poderoso e Pai Eterno. É o que está escrito na TNM. Por isso é que Jesus disse: “Eu e o Pai somos um”, um em essência ou natureza (Jo 10.30).

Registra-se mais uma incoerência na TNM, dentre tantas outras. Na tentativa de distorcer a Palavra de Deus, a Sociedade cai em contradições. Em João 1.1, referindo-se a Jesus, a TNM diz que “a Palavra era [um] deus”. Em Isaías 9.6, também se referindo a Jesus, declara, com letras maiúsculas, que Jesus é “Deus Poderoso”. A Tradução do Novo Mundo já foi “corrigida” em 1953, 1960, 1961, 1970 e 1986. É possível que a próxima edição altere para “[um] deus poderoso”. Mas de nada adiantará. A doutrina da divindade do Filho, bem como da do Espírito Santo, está entranhada na Bíblia.

Alegam que somente Jeová é chamado de Deus-Poderoso. O Filho seria apenas Poderoso. Não é verdade. Primeiro, porque se o Filho é Deus Poderoso e Pai é Deus Todo-Poderoso, e os dois não são um, estamos diante de dois Deuses. As TJ acreditam na existência de dois Deuses (biteísmo)? Nós também não acreditamos.

Para que Luiz Carlos e as demais TJ possam meditar, leiam o seguinte:

“Um mero restante retornará, o restante de Jacó, ao Deus Poderoso” (Is 10.21 – TNM). Estou usando apenas a Tradução do Novo Mundo. As TJ podem ler com os próprios olhos o que está escrito na Tradução que dizem ser a expressão da verdade. Vejam que o mesmo profeta dá idêntico título de “Deus Poderoso” ao Pai e ao Filho. O profeta Isaías não acreditava na existência de dois Deuses verdadeiros. Só há um Deus: O pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. O Pai é Deus Poderoso; o Filho também é Deus Poderoso. Vejamos o que outro profeta diz: “Aquele que usa de benevolência para com milhares e retribui o erro dos pais no seio dos seus filhos após eles, o [verdadeiro] Deus, o Grande, o Poderoso, cujo nome é Jeová dos exércitos” (Jr 32. 18). O próprio Jesus declarou-se Todo-Poderoso: “Foi-me dada toda a autoridade [ou todo o poder] no céu e na terra” (Mt 28.18 – TNM).

Isaías também chamou Jesus de “Pai Eterno” (TNM). “Essa expressão significa Aquele que é eterno no Seu próprio ser e que, assim, pode conceder o dom da vida eterna aos outros” (Novo Comentário da Bíblia).

Vimos que o versículo usado, em vez de negar, confirma a divindade de Jesus. Poderia até deixar de responder aos outros tópicos da mensagem. Na minha análise, Isaías 9.6 já operou a prova veterotestamentária que nocauteia a crença de um Deus maior e um deus menor. Mas no próximo artigo darei continuidade.

Parte CXXVIII

A Bíblia das Testemunhas de Jeová: Revela a Divindade de Jesus – VII

Um dos mais inquestionáveis registros da divindade de Jesus está nos versículos de João 10.30-39. Usaremos a Tradução do Novo Mundo (TNM), versão usada pela Sociedade Torre de Vigia (STV):

“Eu e o Pai somos um” (v. 30 - TNM).

Jesus não afirmou que Pai e Filho são UMA pessoa. Disse que são UM, um em essência ou natureza. Em todo contexto neotestamentário, as pessoas da Trindade são distintas. Eis o grande mistério do Deus Triúno: o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito é Deus. Tal verdade está sobejamente revelada na Bíblia Sagrada.

“A doutrina da Trindade não afirma que as três pessoas estão unidas numa pessoa, ou três seres num só ser, ou três deuses num só (triteísmo); nem, por outro lado, que Deus simplesmente se manifesta em três diferentes modos (trindade modal, ou de manifestações); mas, ao invés disso, que há três eternas distinções na substância de Deus. Cada uma das três pessoas possui uma única e mesma natureza divina embora de maneira diferente. Há um Deus; Pai, Filho e Espírito Santo são este Deus uno. Nenhum é Deus sem os outros; cada um, com os outros é Deus” (Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, Vol. I, Editora Teológica, 2002, pp. 452/3).

“Mais uma vez, os judeus apanharam pedras para o apedrejarem. Jesus replicou-lhes: Eu vos apresentei muitas obras excelentes da parte do Pai. Por qual destas obras me apedrejais? Os judeus responderam-lhe: Nós te apedrejamos, não por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, porque tu, embora sejas um homem te fazes um deus” (vv. 31-33 – TNM – o grifo é meu). Na Bíblia Sagrada: “Porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”. ATNM tentou distorcer o texto, mas o contexto fala mais alto.

Os judeus reconheceram que a declaração anterior – “Eu e o Pai somos um” – era uma declaração de divindade. Daí porque reagiram de forma violenta. Se Jesus estivesse se equiparando a um deus qualquer, não haveria blasfêmia em suas palavras. Quando a Bíblia diz “Pai”, está se referindo a Deus, o Pai. Vejam: “Da parte de Deus, nosso Pai” (Gl 1.3 –TNM); “Da parte de Deus, o Pai” (Ef. 6.23- TNM). Portanto, a declaração de Jesus pode ser entendida assim: “Eu e o Deus Pai somos um”, ou “o Deus Filho e o Deus Pai são um”.

No verso 36, Jesus não retrocede em sua afirmação. Ao contrário, informa que sua declaração equivale a dizer “Sou Filho de Deus”: “Dizeis a mim, a quem o Pai santificou e mandou ao mundo: Blasfemas, porque eu disse: Sou Filho de Deus?” (v.36 – TNM). Mas uma vez os judeus ficaram bastante incomodados. Entenderam que ser “Filho de Deus” colocava Jesus em igualdade com o Pai (v.39). Observem mais o seguinte:

“Deveras, por esta razão, os judeus começaram ainda mais a procurar matá-lo [a Jesus], porque não somente violava o sábado, mas também chamava a Deus de seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18 - TNM). Observem que estou usando somente a Tradução do Novo Mundo, versão da STV.

Jesus não contestou tal raciocínio. Ao contrário, reafirmou sua igualdade com o Pai: “Porque as coisas que Este [o Pai] faz, estas o Filho faz também da mesma maneira” (v.19c – TNM). Portanto, o Deus Filho faz tudo o que o Deus Pai faz porque os dois, e também o Espírito Santo, possuem os mesmos atributos de eternidade, imutabilidade, onisciência, onipresença e onipotência: “Assim como o Pai levanta os mortos e os faz viver, assim também o Filho faz viver os que ele quer” (5.21 – TNM).

Por isso, ninguém pode crer ou honrar apenas uma pessoa da Trindade:

“A fim de que todos os homens honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honrar o Filho, não honra o Pai que o enviou” (5.23 – TNM).

Portanto, a TNM declara a divindade de Jesus, embora nas revistas e demais publicações da Sociedade tal divindade seja negada. A visão dos TJ é direcionada a determinados versículos, através dos quais, em causa própria, apresentam outro evangelho. Minha intenção é desmoronar um por um esses pilares de areia e mostrar aos seguidores da STV a verdade que não conhecem. Escrevam-me os que desejarem mais informações. Suas identidades serão preservadas.

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Parte CXXIX

A Igreja Mórmon e a Poligamia

“A poligamia e o mormonismo jamais podem ser divorciados. A poligamia não pode ser abandonada, pois é a principal pedra angular, o fundamento básico do progresso eterno dos SUD [os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias]. `Sem ela [a poligamia] o homem chegaria a um ponto final´, declarou o presidente Joseph F.Smith, em seu elogio fúnebre ao ancião William Clayton. O Sr. Clayton foi altamente elogiado por ter sido, como escriba de Joseph Smith, o primeiro a escrever a revelação de 1843 do profeta acerca da poligamia” (01).

O inusitado é que o grupo se diz “Igreja de Jesus Cristo”. A democracia é a melhor forma de governo porque permite liberdade de expressão e de crença. Mas tem seu preço. As inverdades são repetidas à saciedade e aceitas como verdades absolutas. Os gurus se autodenominam deuses, profetas e arautos de uma revelação divina. A partir daí, criam doutrinas a seu bel prazer, escrevem livros, cartilhas e uma nova versão da Bíblia Sagrada; promovem seminários, fazem muitos seguidores e ficam bilionários.

A vontade de Deus é que o casamento – um homem e uma mulher - seja vitalício, isto é, até que a morte os separe. O Jesus dos SUD não é o mesmo Jesus da Bíblia, o Deus encarnado. O nosso Salvador disse que “deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão OS DOIS uma só carne” (Mt 19.5 – grifo do autor; v. Gn 2.24; Mc 10.7-8; Ef 5.31). Vejam que “os dois” formam uma só carne. Não são os três, os quatro, os nove, isto é, um homem com várias mulheres-objeto. Deus instituiu casamento monogâmico: “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido” (1 Co 7.2). A poligamia é considerada uma prostituição. Vejamos a palavra oficial do “profeta” Joseph Smith sobre sua doutrina:

“O princípio [da poligamia] é correto, grandioso, enobrecedor e planejado a fim de trazer alegria, satisfação e paz... alguns dos santos disseram, e crêem, que um homem com uma esposa, a ele selada pela autoridade do sacerdócio para o tempo e a eternidade, receberá exaltação, se for fiel, tão grande e gloriosa quanto poderia receber com mais de uma [esposa]. Quero aqui introduzir meu protesto solene contra essa idéia, pois sei que é falsa... este é apenas o início da lei, não o seu todo” (02).

O “profeta” protesta com veemência contra a idéia de que o casamento a dois, vitalício, conduzirá à felicidade plena, aqui chamada “exaltação”. Na verdade, ele está afirmando que é falsa a palavra o Senhor Jesus, o da Bíblia. Ele, “o profeta”, seria o detentor da verdade. Joseph Smith é venerado como um que tem as chaves do Reino Celestial, como governante do mundo espiritual. Leiam:

“Nenhum homem ou mulher desta dispensação jamais ingressará no Reino Celestial de Deus sem o consentimento de Joseph Smith. Desde o dia em que o sacerdócio foi tomado da terra até a cena final de todas as coisas, cada homem e mulher precisa ter o certificado de Joseph Smith Jr. como passaporte para as mansões onde Deus e Cristo estão: eu convosco e vós comigo. Não posso ir lá sem seu consentimento. Ele detém as chaves daquele reino para a última dispensação, as chaves para governar no mundo espiritual: um ser tão supremo em sua esfera, condição e chamado quanto o é Deus nos céus” (03).

O Senhor Jesus da Bíblia foi destronado pelo “Jesus” dos mórmons. Não pode ser o mesmo. Aquele que morreu por nossos pecados, em nosso lugar, não é mais o Caminho (Jo 14.6). “Ninguém vem ao Pai senão por mim” deu lugar a “ninguém vai ao céu senão pelo “profeta” dos SUD”. Por essa razão, a palavra do “profeta” sobre poligamia tornou-se lei. Não acatá-la pode significar a perda da salvação, pois é o “profeta” quem autoriza o ingresso no céu. Nesse momento, elevo a minha voz e amarro as pretensões de Satanás e seus demônios, de tentar denegrir a pessoa divina de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

“...e se vós não vos sujeitardes a esse convênio [casamentos poligâmicos no templo], então estais condenados; pois ninguém pode rejeitar esse convênio e receber a permissão de entrar para a minha glória... e tenho indicado a meu servo Joseph Smith para que mantenha esse poder nos últimos dias... Abraão recebeu concubinas e elas geraram filhos para ele; isso lhe foi imputado para justiça... como também Isaque e Jacó... eles entraram em sua exaltação, segundo as promessas, e assentaram-se sobre tronos, e não são anjos, mas sim deuses” (04).

A mensagem de Satanás no jardim do Éden continua eficaz para fazer adeptos e levar multidões para o inferno. Em síntese: Se forem desobedientes ao Criador, serão iguais a Ele; serão deuses (Gn 3.4-5). O “profeta” promete o céu, mas o inferno espera aqueles que, enganados por doutrinas de homens, caem no abismo promíscuo da poligamia. Abraão não foi justificado porque tinha muitas mulheres, mas porque creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Rm 4.3,5). Os reis deveriam seguir esse padrão: “Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie” (Dt 17.17). O rei Salomão rejeitou essa disciplina. Teve setecentas mulheres e trezentas concubinas, que “perverteram seu coração... pelo que o Senhor se indignou contra Salomão...” (1 Rs 11.3, 9, 10, 11). De forma nenhuma serão “exaltados” os que praticam o casamento pluralista. Muito pelo contrário, serão lançados na fornalha ardente, se, enquanto podem, não se arrependerem de seus pecados e aceitarem o Jesus bíblico, como único Senhor e Salvador pessoal (Pv 28.13; Mt 3.2; Rm 10.9).

Referências:

01)Thelma `Granny´Geer, “Por que Abandonei o Mormonismo”, Editora Vida, 1991, p. 106/107.

02) Joseph F. Smith, Journal of Discourses [Jornal dos Sermões], vol. 20, p. 28.

03) N. B. Lundwall, “The Vision” [A Visão], pp. 59-60 [citando Brigham Young, Journal of Discouses (Jornal de Sermões), vol. 7, p. 289).

04) Doctrine and Covenantes [Doutrina e Convênios], 132:4, 7, 37.

Parte CXXX

A Bíblia das Testemunhas de Jeová - Revela a Divindade de Jesus – VIII Abreviaturas usadas neste artigo:

TJ – Testemunhas de Jeová

STV – Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados

TNM – Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas

Tenho mostrado nessa série de artigos o quanto a STV tem sido incoerente em seus ensinos. Apesar das muitas alterações realizadas, a TNM continua revelando a divindade de Jesus. Como se sabe, a tripersonalidade de Deus é negada pela referida sociedade religiosa. A incoerência ocorre porque os “tradutores” não conseguiram distorcer todas as provas da divindade das três pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Neste artigo, tratarei da divindade do Espírito Santo. A Sociedade declara que o Espírito Santo é uma força ativa impessoal. Não é uma pessoa e não é Deus. Pode ser definido como um poder que emana de Deus Jeová, porém não se trata de uma pessoa coexistente com ele. Vejamos o que a TNM diz a respeito dessa “força ativa”.

O Espírito é eterno:

“Quanto mais o sangue do Cristo, o qual, por intermédio dum espírito eterno, se ofereceu a Deus sem mácula...” (Hb 9.14-TNM). Está dito pela STV que o Espírito é eterno. A eternidade é um dos atributos da divindade. Ao substituir “do Espírito eterno” (Bíblia Sagrada) por “dum espírito eterno” (TNM) a Sociedade cometeu um equívoco de grande proporção. Enquanto a Bíblia aponta o Espírito como o único da espécie, a STV, ao usar o artigo indefinido “um”, declara que Ele faz parte de um grupo de espíritos eternos (?!). Jeová teria várias “forças ativas” operando? Ou seria apenas uma “força ativa”?

O Espírito é onipresente:

“Para onde posso ir do teu espírito, e para onde posso fugir de tua face?” (Sl 139.7-TNM). O Espírito está presente no céu e na terra. A onipresença é um dos atributos da divindade. Aqui a STV define o espírito como único. “Do teu espírito”. Pelo que ensina a Sociedade, o versículo diz que ninguém pode fugir da “força ativa de Deus”.

O Espírito é onisciente:

“Pois o espírito pesquisa todas as coisas, até mesmo as coisas profundas de Deus” (1 Co 2.10-TNM). Ninguém pode penetrar a essência divina, mas o Espírito pode porque é da mesma natureza. O Espírito tem o conhecimento perfeito de todas as coisas. A onisciência é atributo exclusivo da divindade. Observem que aqui a STV qualifica o Espírito como o único da espécie: “O espírito...”.

O Espírito é poderoso:

“Com o poder de sinais e portentos, com o poder de espírito santo...” (Rm 15.19-TNM). Se “o Espírito é Jeová”, como está dito pela Sociedade, logo o Espírito é Deus Todo-Poderoso. Aqui a STV já diz que o espírito é santo. A expressão “poder de espírito santo” revela um poder especial que só o espírito possui.

O Espírito recebe nome divino:

“Ora, Jeová é o Espírito”; e onde estiver o espírito de Jeová, ali há liberdade (2 Co 3.17-TNM). A Bíblia diz que “o Senhor é o Espírito”. Para não chamar o Espírito de “Senhor”, nome também atribuído a Cristo e a Deus, a STV traduziu “Senhor” por Jeová. Notem que a Sociedade personaliza e identifica o Espírito como único e o iguala a Jeová. Como dizem que Jeová é a “força ativa”, a “força ativa” é Jeová (?!). Quanto mais emendam, mais se complicam. A complicação maior está no enunciado seguinte: “E onde estiver o espírito de Jeová”. Então, Jeová é o Espírito e possui o espírito?

O Espírito é Criador:

“O próprio espírito de Deus me fez; o fôlego do próprio Todo-poderoso passou a fazer-me viver” (Jó 33.4-TNM). O Espírito é chamado de “espírito de Deus” (1 Co 3.16-TNM), “espírito de Cristo” (Rm 8.9-TNM), “espírito santo” (At 1.5-TNM), “espírito que dá vida” (Rm 8.2-TNM). Se a STV considera que o Espírito Santo é uma força ativa de Deus, e que essa “força” possui os mesmos atributos de Deus (eternidade, onisciência, onipotência, onipresença), há que admitir que essa “força ativa” é também de Cristo: “espírito de Cristo” (Rm 8.9-TNM), ou seja, “força ativa de Cristo”. Querer encobrir a realidade da Trindade divina, é o mesmo que tentar tapar o sol com uma peneira.

Isso nos leva a refletir o que está em Gênesis 1.2-TNM: “E a força ativa de Deus movia-se por cima da superfície das águas”. Nessa passagem, a Sociedade substituiu “o Espírito de Deus” por “a força ativa de Deus”. Mas não pôde dar continuidade a essa substituição. Em muitas outras ocasiões, a TNM não usou a mesma estratégia. Se houvesse alguma coerência, Jó 33.4 deveria ser: “A própria força ativa de Deus me fez”. A STV, sem alternativa, largou a idéia inicial e passou a chamar o Espírito de Espírito.

Resta saber que essa “força ativa” possui personalidade e age como pessoa, isto é, fala, convence, guia, consola e tem sentimentos.

O Espírito convence as pessoas:

“E, quando este chegar [o ajudador, o espírito da verdade], dará ao mundo evidência convincente [convence] a respeito do pecado, e a respeito da justiça, e a respeito do julgamento” (Jo 16.8-TNM). Uma “energia ativa” faz isso?

O Espírito guia as pessoas à verdade:

“No entanto, quando esse chegar, o espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade...” (Jo 16.13-TNM). Jesus revelou uma das atividades da pessoa do Espírito Santo. Em 2 Coríntios 3.17, a STV declara que “Jeová é o Espírito”. Jesus estaria afirmando que Jeová iria chegar? Seria uma força ativa que estaria por chegar?! Só um ser pessoal pode falar a outro ser pessoal.

O Espírito é supridor de ministros:

“Prestai atenção a vós mesmos e a todo o rebanho, entre o qual o espírito santo vos designou superintendente para pastorear a congregação [igreja] de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio [Filho]” (At 20.28-TNM).

A STV, com intuito de defender sua tese, faz tremenda confusão. O Espírito não é mais uma força ativa. Adquire personalidade, define, estabelece; age como pessoa; a Igreja é de Deus, mas o Espírito atua livremente. O sangue do Filho foi usado por Deus para comprar a Igreja (?!). A STV faz malabarismos para defender suas heresias. O resultado é a transformação da Tradução do Novo Mundo numa colcha de retalhos, tantos são os remendos. As Testemunhas de Jeová - as verdadeiras vítimas – não conhecem essas alterações na sua profundidade. Também não conhecem a Bíblia. Conformam-se com os esclarecimentos da liderança. Dão-se por satisfeitas. Não possuem plena liberdade de apresentar qualquer tipo de discordância. Não podem discordar. Paira sobre elas o medo da exclusão da Sociedade, a “detendora da verdade”, a sociedade dos únicos ungidos. Estão amarradas por algemas invisíveis.

Vejam: “Também, eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta rocha construirei A MINHA CONGREGAÇÃO [igreja]...” (Mt 16.18-TNM – grifo meu). “Assim como também o Cristo é cabeça da congregação [igreja], sendo ele salvador [deste] corpo” (Ef 5.23-TNM). “Ele é a cabeça do corpo, a congregação...” (Cl 1.17-TNM). A STV modificou Atos 20.28 para dizer que a Igreja é somente de Jeová. Jesus teria mentido ao dizer “minha congregação”? A Verdade está com a Sociedade Torre de Vigia ou com Jesus?

O Espírito fala e dirige a igreja:

“De modo que o espírito disse a Filipe: Aproxima-te e junta-se a este carro...” (At 8.29-TNM). “Enquanto ministravam publicamente a Jeová e jejuavam, o espírito santo disse: Dentre todas as pessoas, separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os chamei” (At 13.2-TNM). Por coerência, A TNM deveria registrar: “A força ativa disse”. A STV classifica o Espírito como uma energia impessoal em movimento. Pergunto: Energia fala? Se fala, é uma pessoa, da mesma forma como Jeová fala e é uma pessoa.

O Espírito é Deus:

A Sociedade já revelou publicamente que o Espírito é Deus. Mas irei reforçar essa confissão, com uso da própria TNM:

“Mas Pedro disse: Ananias, por que te afoitou Satanás a trapacear [mentir] o espírito santo... trapaceaste [mentiste] não a homens, mas a Deus” (At 5.3, 4-TNM). Se houvesse o mínimo de coerência, a TNM deveria registrar: “trapacear a energia impessoal ou força ativa”. A TNM confirma que ao mentir ao Espírito era o mesmo que mentir a Deus. A Sociedade confirma que o Filho é Deus Forte e Pai Eterno (Is 9.6); disse que Deus é o Espírito; agora diz que o Espírito é Deus.

O Espírito tem sentimentos:

“Também, não contristeis [entristecer] o espírito santo de Deus...” (Ef 4.30-TNM). “Mas eles mesmos se rebelaram e fizeram seu espírito santo sentir-se magoado” (Is 63.10-TNM). Para manter a coerência, a TNM deveria registrar que a energia de Deus ficou triste e magoada (?!). Vejam o que foi registrado em Gênesis 1.2: “A força ativa de Deus movia-se por cima da superfície das águas” (TNM). Uma energia fica triste?

Na verdade, assim como o Filho e o Pai são um (Jo 10.30-TNM), o Espírito Santo e Deus são um. Logo, Pai, Filho e Espírito são as três pessoas divinas; são um só Deus que subsiste em três pessoas coexistentes.

Parte CXXXI

A Bíblia das Testemunhas de Jeová - Revela a Divindade de Jesus – X

O Filho de Deus

Abreviaturas:

TJ – Testemunhas de Jeová

STV – Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados

TNM – Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (“Tradução” da Bíblia usada pelo referido grupo religioso).

Nesta série de estudos, apresento provas de que a TNM registra a divindade de Jesus, isto é, diz que o Filho tem mesma natureza do Pai; que o Filho é Deus Poderoso, Pai Eterno, o Senhor e o Salvador. Até aí nada de anormal. O Filho e o Pai são um (Jo 10.30) e os dois, aliás, os três (Pai, Filho e Espírito Santo) possuem atributos comuns, próprios da divindade (onisciência, onipresença, onipotência, imutabilidade, eternidade). O problema é que as Testemunhas de Jeová não dão bom testemunho ao negarem a divindade de Jesus. Não vale o que está escrito? Só vale o que é dito nas revistas e no Salão do Reino?

Examinarei a questão do título “Filho de Deus”.

A profecia:

“E deve dar-lhe o nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1.31-32-TNM). Temos os dois nomes: um revela a Sua natureza humana; outro, Sua natureza divina. Jesus chama a Si próprio de “Filho do homem” e “o Filho de Deus”.

O cumprimento:

“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” (Mt 16.16-TNM). Os demônios reconhecem a origem divina de Jesus: “Que tenho eu que ver contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?” (Mc 5.7-TNM; Lc 4.41-TNM).

Jesus confirma: “És tu, portanto, o Filho de Deus? Disse-lhes ele: Vós mesmos dizeis que eu sou” (Lc 22.70-TNM). “Dizeis a mim, a quem o Pai santificou e mandou ao mundo: Blasfemas, porque eu disse: Sou Filho de Deus?” (Jo 10.36-TNM; cf.Jo 3.16-TNM).

Resta-nos definir o que seja ser “o Filho de Deus”. Significa dizer que Ele foi criado por Deus? Se tivesse sido criado, seria mais “um” dentre os filhos do Criador. Ao dizer “o Filho”, Ele se coloca numa condição ímpar com relação aos demais. Coloca-se acima da Criação; à parte dela. Seria Jesus um anjo que tomou a forma de homem? Não há um só versículo da Bíblia que dê validade a essa idéia.

Jesus foi bem claro quando disse que somente Deus pode receber adoração: “É a Jeová teu Deus que tens de adorar” (Mt 4.10-TNM). Todas as citações são extraídas da Tradução do Novo Mundo, versão/tradução usada pelas Testemunhas de Jeová, revisão de 1986. Apresentando-se como Deus, Jesus aceitou diversas manifestações de adoração, sem contestá-las. Remeto a atenção do leitor para o artigo IV, desta série, onde explico sobre a tradução tendenciosa da STV. O verbo proskineõ (grego) foi traduzido como “adorar” somente nos casos em que se referia a Jeová Deus. O mesmo verbo, ao referir-se a Jesus, é traduzido como “prestar homenagem, reverenciar”. Mas o contexto opera contra a STV, pois os o que O adoraram se lançavam aos seus pés, num gesto inequívoco de adoração.

O Senhor Jesus é digno de adoração.

“A fim de que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honrar o Filho, não honra o Pai que o enviou” (Jo 5.23-TNM). Jesus acabara de afirmar que “as coisas que o Pai faz, “o Filho faz também da mesma maneira” (Jo 10.19-TNM). Que espécie de criatura é essa que faz tudo o que Deus faz? Ressuscita mortos, dá vida eterna, perdoa pecados, julga e salva? E não basta ter Jeová isoladamente. O Pai teria criado um filho tão poderoso quanto Ele.

Quem não tiver o Filho, não terá Jeová. Leiam: “Quem tem o Filho, tem esta vida [vida eterna], quem não tem o Filho de Deus, não tem esta vida” (1 Jo 5.12-TNM). Isto é, quem não tem Jesus não será salvo. E a comunhão é com os dois: “Esta parceria nossa é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1.3-TNM). Ademais, é preciso confessar que ele é Senhor:

“Pois, se declarares publicamente essa palavra na tua própria boca, que Jesus é Senhor, e no teu coração exerceres fé, que Deus o levantou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9-TNM). Por coerência, deveria traduzir “declarares... que Jesus é Jeová”, porquanto, sempre que “Senhor” (kurios) se refere a Deus, a TNM traduz como Jeová. Já analisamos o assunto em outro artigo. Pergunto: As Testemunhas de Jeová fazem ou fizeram essa declaração pública? Reconhecem que o Filho é Senhor? Estão convictas de que a salvação de suas almas depende da fé nEle?

Voltemos a Mateus 4.10. Está escrito que somente a Jeová devemos servir: “Somente a ele que tens de prestar serviço sagrado” (TNM).

Os anjos serviram a Jesus (Mt 4.11-TNM). O apóstolo diz que “quem neste sentido trabalhar como escravo [servo] de Cristo é aceitável a Deus e tem aprovação da parte dos homens” (Rm 14.18-TNM). O apóstolo Paulo diz que devemos viver “... como escravos de Cristo...” (Ef 6.6-TNM). As TJ trabalham como escravas de Cristo?

Observem o seguinte incoerência da TNM:

A Bíblia Sagrada registra: “Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis’ (Cl 3.24). O versículo diz claramente que Cristo é o Senhor e somente a Ele devemos servir, o que deixou a Sociedade Torre de Vigia em dificuldades. Vejam como traduziram:

“Pois sabeis que é de Jeová que recebereis a devida recompensa da herança. Trabalhai como escravos para o Amo, Cristo” (TNM). Dependendo do interesse, a TNM traduz kurios como “Senhor”, “Amo” e “Jeová”. “Kurios, para ser exato, é adjetivo, com o significado de “ter poder [kuros] ou autoridade, sendo usado como substantivo e traduzido variegadamente no Novo Testamento: Senhor, mestre, dono, amo, proprietário” (Dic. VINE). A TNM declara que devemos trabalhar como escravos de Cristo. Isto é, ter Cristo como Senhor. Vejam que está escrito “o Amo”. Ou seja: “O Senhor”. Nesse versículo, o Apóstolo está falando a respeito do Senhor Jesus. Diz que receberemos dEle a devida recompensa, porque servimos a Ele, o Senhor. Como foi “traduzido”, a TNM está afirmando que existem dois senhores, e os dois são únicos. O primeiro “Senhor” do versículo é Jeová; o segundo “Senhor” – “o Amo” e não “um” Amo – é o Cristo. Com isso, não havendo como alterar o contexto, a TNM confirma a divindade de Jesus. Jesus é Senhor e Jeová é Senhor, porque os dois são um (Jo 10.30-TNM). As Testemunhas de Jeová são escravas de Cristo como ensina a TNM?

Está escrito na TNM: “Mas, santificai o Cristo como Senhor nos vossos corações, sempre prontos para fazer uma defesa perante todo aquele que reclamar de vós uma razão para a esperança [que há] em vós...” (1 Pe 3.15-TNM). É o que estou fazendo. Estou sendo fiel ao que diz a Tradução do Novo Mundo. Santifico a Jesus Cristo em meu coração, tenho-o como Senhor, e estou pronto para responder aos contradizentes. As TJ agem dessa forma?

Então vimos que o mandamento em Mateus 4.10 – adorar somente a Jeová e somente a Ele servir – diz respeito ao Pai e ao Filho.

Volto à análise do título “o Filho de Deus”. Este título declara que o Filho foi criado pelo Pai? Não. O Filho (Verbo, Palavra) que tomou a forma de homem é da mesma substância ou essência do Pai. São muitas as razões apresentadas nesta série de estudos, baseada na Bíblia, que levam a essa conclusão.

De início, lembro que a STV declara em sua versão que (a) o Filho é “Deus Forte” e “Pai Eterno” (Is 6.9-TNM); (b) que Ele é o salvador do mundo: “Não é mais pela tua conversa [a da samaritana] que cremos; porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este homem certamente é o salvador do mundo” (Jo 4.42-TNM). Jesus estava presente e ouviu essa declaração. Aceitou-a como verdadeira. Está provado que Jesus não era lunático, mentiroso ou hipócrita; (c) “E não houve salvador, exceto eu [Jeová]” (Oséias 13.4-TNM). Portanto, Jeová é o salvador e Jesus é o salvador. Há dois salvadores? Não, apenas um, porque o Filho e o Pai possuem a mesma natureza; são da mesma essência; os dois são UM (Jo 10.30-TNM).

Vejamos as diversas formas usadas pela STV para dizer que Jesus é o Senhor e Salvador (v. terceiro estudo desta série):

“O salvador do mundo” (Jo 4.42).

“[Do] Salvador de nós” (Tt 2.13)

“Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20.28)

“Um Salvador, que é Cristo, [o] Senhor” (Lc 2.11)

“Um Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11: Na tradução de 1967, edição brasileira).

“Um salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).

“Nosso Salvador, Cristo Jesus” (2 Tm 1.10)

“Cristo Jesus, nosso Salvador” (Tt 1.4b)

“De Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.6)

“Pela justiça de nosso Deus e [do] Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1)

“Pela justiça de nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1, TNM, tradução de 1967, válida até 1986).

“Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.11).

Os registros acima estão na Tradução do Novo Mundo, versão especial e particular da Bíblia Sagrada, usada pelas Testemunhas de Jeová como regra de prática e fé. Não há dúvida de que a TNM declara a divindade de Jesus ao registrar que Ele é nosso Senhor e Salvador.

A expressão “filhos de Deus” é empregada para homens: “Os filhos do Deus vivente” (Oséias 1.10-TNM). Por extensão, todos somos filhos de Deus, filhos como sinônimo de criaturas. “O Filho de Deus”, como Jesus é chamado, não se insere nessa categoria. Ele é o Filho único, unigênito, co-igual e co-eterno com o Pai. Repetidas vezes Jesus afirmou ser igual ao Pai (Jo 10.33-38; 3.35; 5.19-27; 6.27; 14.13; Mc 13.32; Mt 23.9, 10).

Jesus reconheceu perante o Sinédrio que era verdadeiramente Deus.

“És tu o Cristo, o Filho de Deus Bendito? Jesus disse então: Sou. Em vista disso, o sumo sacerdote rasgou a sua roupa interior e disse: Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia. O que vos é evidente? Todos o condenaram a estar sujeito à morte” (Mc 14.61-64-TNM).

Jesus foi condenado não por haver declarado ser um filho de Deus, mas por afirmar ser “o Filho de Deus”. Foi julgado e condenado pelo crime de blasfêmia, a blasfêmia de que ele se fazia Deus a si mesmo, ao dizer que era o Filho de Deus, e que Ele e o Pai eram da mesma natureza (Jo 10.30-TNM). O Sinédrio entendeu muito bem: “Eu e o Pai somos um. Mais uma vez, os judeus apanharam pedras para o apedrejarem. Jesus replicou-lhes: Eu vos apresentei muitas obras excelentes da parte do meu Pai. Por qual destas obras me apedrejais? Os judeus responderam-lhe: Nós te apedrejamos, não por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, porque tu, embora sejas um homem, te fazes um deus [na Bíblia: te fazes Deus a ti mesmo]” (Jo 10.31-33).

Jesus não recuou da Sua declaração de divindade. Embora sabendo que isso lhe custaria a vida, não tentou dissuadir os juízes. Teve a grande oportunidade de esclarecer e livrar-se da cruz. Poderia ter dito: “Estais enganados. Ser o Filho de Deus não é o mesmo que ser igual a Deus. Declaro aqui e agora que sou apenas um filho de Deus, criado pelo Pai. Escolham outro motivo para a minha condenação”. Mas Ele não fez isso. Jesus sempre foi autêntico. Jamais pediu desculpas; jamais retificou suas palavras; nunca voltou atrás. A Sua explicação foi: “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; se as faço, porém, mesmo que não me acrediteis, acreditai nas obras, a fim de que saibais e continueis a saber que o Pai está em união comigo e eu em união com o Pai”. Essas explicações não foram suficientes, pois “tentaram novamente apoderar-se dele” (Jo 10.37-39-TNM). Os escribas e fariseus de hoje continuam com pedras nas mãos para apedrejar o Salvador.

Em suma, Jesus foi condenado porque se fazia igual a Deus, e em nenhum momento Ele procurou mudar esse pensamento. Em outra ocasião, aconteceu a mesma coisa. Ao dizer que “meu Pai tem estado trabalhando até agora e eu estou trabalhando”, a fúria dos judeus aumentou: “Os judeus começaram ainda mais a procurar matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também chamava a Deus de meu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. Uma das respostas de Jesus enfureceu mais ainda seus inimigos: “A fim de que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai; Quem não honrar o Filho, não honra o Pai que o enviou” (Jo 5.17-, 18, 23-TNM).

Observem a inconsistente “tradução” da TNM. Em João 10.33, traduziu: “Porque tu, embora sejas um homem, te fazes um deus”. Em João 5.18, traduziu: “Fazendo-se igual a Deus”. Configurava-se a blasfêmia porque Jesus se fazia igual ao Deus verdadeiro, e não a um deus qualquer.

“O Filho de Deus, em Sua relação eterna com o Pai, é denominado “Filho”, não porque Ele em certo tempo começou a derivar Seu ser do Pai (em tal caso, Ele não poderia ser coeterno com o Pai), mas porque Ele é e sempre foi a expressão do que o Pai é (cf. Jo 14.9, `quem me vê a mim vê o Pai´). As palavras em Hb 1.3: `O qual [Jesus], sendo o esplendor da sua floria [de Deus], e a expressa imagem da sua pessoa [de Deus], são definições do que significa `Filho de Deus´. Portanto, a deidade absoluta, e não a deidade em sentido secundário ou derivado, é o que se quer dizer com o título” (Dicionário VINE, p. 658). A declaração: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”, em Salmos 2.7, diz respeito ao nascimento de Jesus e não à Sua ressurreição ou criação.

Parte CXXXIII

Bíblia das Testemunhas de Jeová - Revela a Divindade de Jesus – IX

Abreviaturas:

TJ – Testemunhas de Jeová

STV – Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados

TNM – Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas

Retorno a Isaías 9.6 para demonstrar com novos argumentos como a STV não consegue fazer remendos sem deixar vestígios. O inimigo número um dos líderes das TJ é o contexto. Podem mudar o enunciado de um versículo, colocar algumas palavras com letras minúsculas, outras entre colchetes, mas alterar o contexto é algo praticamente impossível. É aí onde os líderes se perdem. Não é muito repetir: “Texto sem contexto é pretexto”.

Vejamos algumas inquestionáveis incoerências

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o domínio principesco virá a estar sobre o seu ombro. E será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Is 9.6-TNM). As TJ não negam que essa profecia se refere a Jesus Cristo. Em Isaías 7.14-TNM, está escrito que o menino será chamado Emanuel.

Essa palavra é confirmada no Novo Testamento: “Dar-lhe-ão [ao menino] o nome de Emanuel, que quer dizer, traduzindo, conosco está Deus” (Mt 1.23-TNM). Isto é: Deus Poderoso se fez homem, está em nosso meio. Confirma-se também em João 1.1-TNM: “a Palavra era [um] deus” e “a Palavra se tornou carne e residiu entre nós” (v.14-TNM).

Primeira incoerência: Em Isaías 9.6, a TNM diz que Jesus (o Filho, o Verbo ou a Palavra) é “Deus Poderoso”. Em Mateus 1.23, diz que Ele é “Deus conosco”. Mas em João 1.1 apresenta Jesus como um deus menos poderoso. Por meio de uma estratégia abjeta, traduz “a Palavra era Deus” por “a Palavra era [um] deus”. Deus teria criado um deus menor, porém Poderoso igual a Ele. Por que igual? Vejam:

“Um mero restante retornará, o restante de Jacó, ao Deus Poderoso” (Isaías 10.21-TNM).

A TNM registra que o Filho e o Pai são chamados e reconhecidos como “Deus Poderoso” (Is 9.6; 10.21-TNM). Afinal, vale ou não vale o que está escrito na Tradução do Novo Mundo? O Filho, Jesus Cristo, é ou não é Deus Poderoso?

Segunda incoerência: Em João 1.1, a TNM registra que Jesus, a Palavra, é “[um] deus”, com inicial minúscula, com a intenção de negar que divindade da Palavra. O remendo fica incompreensível. A Palavra, com maiúscula, que estava com Deus, passa ser um deus menor. A TNM não explica a razão do artigo indefinido “um” entre colchetes. Todavia, é dito em Isaías 9.6-TNM que Palavra é “Deus Poderoso”.

Se houvesse um mínimo de coerência em tais enunciados, Isaías 9.6 deveria ter sido escrito assim: “E será chamado Maravilhoso Conselheiro, [um] deus poderoso, [um] filho do Pai Eterno Jeová, Príncipe da Paz”.

Mais incoerência:

“No fim destes dias nos falou por intermédio dum Filho a quem designou herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez os sistemas de coisas. Ele é o reflexo de [sua] glória e a representação exata do seu próprio ser e sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.2-3-TNM).

Jesus é indicado com artigo indefinido (“dum Filho”). Ele não é aqui o único da espécie. É um dentre muitos. Com essa sutileza, repassam a idéia de que o Filho é um deus dentre muitos outros deuses. Mas não são capazes de sustentar essa tese por muito tempo. Vejam: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” (Mt 16.16-TNM). Neste caso, Jesus é definido como o único da espécie (“o Filho”). Outros casos: “Tu és realmente o Filho de Deus” (Mt 14.33-TNM). “Este é o Filho de Deus” (Jo 1.34-TNM). Se houvesse o mínimo de coerência, a palavra “Filho” nestes versículos deveria ser antecedida do indefinido: “Um Filho”.

Ao afirmar que o Filho é a “representação exata de seu próprio ser [de Jeová]”, a STV concorda com a declaração de Jesus: “Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai” (Jo 14.9-TNM). Mais colchetes para explicar as alterações. Querem dizer que olhando para Jesus os apóstolos estariam vendo os dois, a Jesus e ao Pai? Não é isso que diz o contexto. Jesus declara que é o Verbo encarnado, Jeová que se fez carne. Por isso, Ele arremata: “Como é que dizes: Mostra-me o Pai?” (TNM). Em outras palavras: “Não é necessário conhecer o Pai, basta olhar para mim e você verá o Pai encarnado diante de seus olhos”. Hebreus 1.2-3-TNM, sob exame, diz que Ele é a representação exata de Jeová.

Deus teria criado um deus menor que se transformou no dono de tudo, com poderes totais, absolutos, eternos e ilimitados; possui o nome que está acima de todos os nomes, pois fora dEle não há salvação (At 4.12-TNM; 1 Jo 5.12-TNM); Ele é Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14.9-TNM); diante dEle se dobra todo o joelho, no céu ou na terra, vivos e mortos, “e toda língua reconheça abertamente que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus, o Pai” (Fp 2.10-11-TNM). Esse “deus menor” é tão poderoso que somente podemos chegar a Jeová por meio dEle (Jo 14.6-TNM). Um deus que ficou com os mesmos atributos e os mesmos poderes do seu Criador. Assim, as Testemunhas de Jeová acreditam em dois deuses. Confusão total, pois declaram – e é verdade – que existe só um Deus verdadeiro. Não é melhor entenderem que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são UM, como tem sido provado nesta série de estudos?

As Testemunhas de Jeová devem ouvir a voz do Senhor Jesus, enquanto é tempo: “Se não credes que EU SOU, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). Jesus usou o mesmo nome de Jeová, em Êxodo 3.14.

Parte CXXXIV

A Bíblia das Testemunhas de Jeová - Revela a Divindade de Jesus – XI

 

Abreviaturas

TJ – Testemunhas de Jeová

STV – Sociedade Torre de Vigia

TNM – Tradução do Novo Mundo Para as Escrituras Sagradas

Na pressa de não declarar que Jesus é Senhor, a STV cometeu grave erro, proposital ou de sã consciência. Analisemos:

“Escutai! Alguém está clamando no ermo. Desobstruí o caminho de Jeová! Fazei reta a estrada principal para nosso Deus através da planície desértica” (Is 40.3-TNM). A STV está dizendo que Jesus é Deus?

O mesmo versículo na Bíblia Sagrada: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”.

A profecia diz respeito a João Batista, que preparou o caminho para a missão de Jesus. Vejam mais esclarecimentos:

“Eis que eu envio o meu mensageiro [meu anjo], que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 3.1-Bíblia).

Na TNM: “Eis que envio o meu mensageiro e ele terá de desobstruir o caminho diante de mim. E repentinamente virá ao Seu templo o [verdadeiro] Senhor, a quem procurais, e o mensageiro do pacto, em quem vos agradais. Eis que virá certamente, disse Jeová dos exércitos” (Ml 3.1-TNM).

Em outras palavras, João Batista viria preparar o caminho daquele que faria uma nova aliança no Seu sangue, o Senhor Jesus, “o mensageiro do pacto”. Malaquias enfatiza a certeza da vinda do Messias. Antes disso, viria um mensageiro para preparar-lhe o caminho. Jesus confirma: “Este [João Batista] é aquele a respeito de quem se escreveu: Eis que eu mesmo envio o meu mensageiro diante da tua face, o qual preparará o teu caminho adiante de ti” (Mt 11.10-TNM).

A TNM registra que João veio preparar o “caminho de Jeová”. Ótimo, tendo em vista que o Filho e o Pai são um (Jo 10.30-TNM). Onde está o erro, se o Verbo se fez carne? Está em que a liderança das TJ não quer dizer exatamente isso, embora tenha dito. Os revisores seguiram à risca a orientação de mudar a expressão “SENHOR” para “JEOVÁ”. Mas foram atropelados pelo contexto, por falta de cautela ou bom senso. João, falando sobre Jesus, disse: “O que vem atrás de mim, não sendo eu nem digno de desatar o cordão de suas sandálias” (Jo 1.27-TNM). Quem se fez homem e usou sandálias foi o Filho; não foi Jeová, o Pai. Mais evidências:

“No dia seguinte viu Jesus aproximar-se dele e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele a respeito de quem eu disse: Atrás de mim vem um homem que avançou na minha frente, porque existiu antes de mim” (Jo 1.29-30-TNM). Ao dizer “atrás de mim vem um homem”, João Batista revela-se como precursor do Messias.

No Evangelho de João, o assunto é mais bem esclarecido: “Vós mesmos me dais testemunho de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas, FUI ENVIADO NA FRENTE DESTE”. Aquele que vem do céu é sobre todos os outros” (Jo 3.28, 31-TNM – Grifo meu).

Os líderes das Testemunhas de Jeová declaram que João Batista preparou o caminho de Jeová (?!). Leiam:

“Mas, quanto a ti, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás de antemão na frente de Jeová para APRONTAR OS SEUS CAMINHOS OS SEUS CAMINHOS” (Lc 1.76-TNM – Grifo meu).

Com essas citações, a STV reconhece que Jesus é Jeová, mas ainda não teve coragem de transmitir tal crença aos seus seguidores? Ou tal anomalia foi resultado de um lamentável “erro” de revisão?

Como entender essa complicação? Em João 3.28, a Tradução do Novo Mundo diz que João Batista preparou o caminho de Jesus. Em Lucas 1.76, declara que ele preparou o caminho de Jeová.

Na verdade, quem tem razão é a palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, onde está escrito: “E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir ante a face do Senhor [Senhor Jesus], a preparar os seus caminhos”. O acréscimo entre colchetes é de minha autoria.

A STV “trabalhou” com exagero esse texto, a fim de evitar a declaração de que Jesus é Senhor. Ora, em outras passagens não existiu tal cuidado. Observem:

“Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.11).

“Um salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).

“Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20.28)

Portanto, não há critérios definidos. A TNM se transformou numa parafernália de citações desconexas. Apesar disso, continua revelando a divindade do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

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