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Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários
à obtenção do grau de Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais área de
especialização em Relações Internacionais
realizado sob a orientação científica do Professor Doutor Tiago Moreira de Sá
e do Dr. Scott Hartmann – Conselheiro Adjunto da Imprensa e Cultura da Embaixada dos
Estados Unidos em Lisboa e meu
orientador na instituição de acolhimento
Abril, 2015
“One of my goals upon becoming Secretary of State was to take diplomacy out of capitals, out of government offices, into the media, into the streets of countries”
Hillary Clinton
Agradecimentos
Quero em primeiro lugar, agradecer a todos os funcionários da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, nomeadamente à equipa do Office of Public Affairs, que tão amavelmente me receberam, sem eles, este estágio não tinha sido possível e por isso o meu muito obrigado.
Gostaria também de agradecer ao Dr. Scott Hartmann e à Dra. Virginia Staab, que acompanharam o meu trabalho de perto durante estes sete meses e pela sua dedicação e disponibilidade e apoio que sempre demonstraram.
Agradeço ainda à Dra. Teresa Roque e ao Dr. Vitor Santos por todo o apoio e orientação no meu trabalho.
Também deixar o meu apreço ao Professor Doutor Tiago Moreira de Sá, pelo seu apoio, orientação e interesse que sempre demonstrou pelo meu estágio e posterior relatório.
Finalmente quero agradecer à minha família e amigos pelo apoio incondicional.
Relatório de Estágio na Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa
Public Diplomacy
Mariana Ramos Bento Faísca
RESUMO:
O OPA da Embaixada dos EUA é o departamento responsável por todos os eventos e relações públicas da Embaixada, assim como todos os programas de intercâmbio educacionais e culturais, com o âmbito de promover a política externa americana, assim como os seus valores. O departamento é principal ponto de contato com os meios de comunicação, organizações e pessoas individuais que queiram obter informações sobre os EUA.
Além das tarefas desenvolvidas, enquanto estagiária, no âmbito da linha de trabalho do OPA, o presente relatório contém uma contextualização e enquadramento histórico sobre a PD.
A PD tem como objetivo promover os interesses nacionais e a política externa, além de informar e influenciar os públicos estrangeiros sobre a sociedade norte-americana e o Governo dos EUA.
Todo o trabalho desempenhado no OPA está intrinsecamente ligado à PD e por isso este relatório está dividido em duas partes: a descrição das minhas atividades no departamento e o trabalho de investigação sobre a PD.
ABSTRACT:
The OPA of the US Embassy is the department responsible for all events and public relations of the Embassy, as well as all educational and cultural exchange programs, with the scope to promote US foreign policy and their values.
The department is the main point of contact for the media, organizations and individuals who want information about the US.
In addition to the tasks developed as an intern within the line of work of OPA, this report contains a context and historical background on PD.
PD aims to promote national interests and foreign policy, and inform and influence foreign publics about the American society and the US Government.
All work done in the OPA is intrinsically connected to the PD and so this report is divided into two parts: the description of my activities in the department and my research work on PD.
PALAVRAS-CHAVE: Embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa, Serviços da Imprensa e Cultura, Relações Diplomáticas, Diplomacia Pública
KEYWORDS: United States Embassy in Lisbon, Office of Public Affairs, Diplomatic Relations, Public Diplomacy
ÍNDICE
|Introdução |1 |
|Public Diplomacy |2 |
|Nova PD |5 |
|PD depois do 11 de Setembro |8 |
|Relações Diplomáticas en1tre EUA e Portugal |12 |
|Relatório de Estágio |17 |
| Apresentação da Embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa |17 |
| Apresentação do estágio no OPA |18 |
| Tarefas desenvolvidas durante o Estágio no OPA |21 |
| I. Spelling Bee |22 |
| II. USS Bataan e USS Gunston Hall |24 |
| III. Feira das Universidades Americanas |26 |
| IV. Organização de Palestras/Workshops com especialistas americanos |28 |
| V. Outreach Programs desenvolvidos pelo OPA |30 |
| VI. Outro tipo de programas |31 |
|Reflexões Finais |34 |
|Bibliografia |36 |
|Anexos |39 |
LISTA DE ABREVIATURAS
OPA: Office of Public Affairs
EUA: Estados Unidos da América
PD: Public Diplomacy
AC: American Corners
LEHOP: Lisbon Environmental and Humanitarian Outreach Program
MAT: Mission Activitie Tracker
OTAN: Organização do Tratado Atlântico Norte
T-TIP: Transatlantic Trade and Investment Partnership
CPLP: Comunidade de Países de Língua Portuguesa
CPI: Comitee on Public Information
OWI: Office of War Information
USIA: United States Information Agency
FCSH: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
INTRODUÇÃO
O presente relatório de estágio enquadra-se no âmbito da componente não-letiva do Curso de Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais, com especialização em Relações Internacionais, lecionado na FCSH da Universidade Nova de Lisboa. O estágio decorreu no OPA da Embaixada dos EUA em Lisboa com uma duração total de 800 horas, entre os dias 9 de Dezembro de 2013 e 3 de Julho de 2014, conforme os termos e cláusulas estipulados no protocolo anexo entre a FCSH e a Embaixada dos EUA.
Na primeira parte do relatório vou abordar sucintamente o tema de Public Diplomacy, assim como as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Portugal.
A escolha para abordar este tema resulta das minhas funções como estagiária no OPA, onde a PD é a forma de diplomacia mais utilizada pelos diplomatas norte-americanos.
A PD caracteriza-se pelo diálogo dos Governos com o público com o intuito de informar e divulgar a política externa de um país. A PD remonta aos tempos da I Grande Guerra e foi utilizada na difusão dos ideais do Ocidente durante a Guerra Fria. No entanto, e muito devido aos ataques terroristas do 11 de Setembro de 2001, atualmente a PD norte americana está concentrada nas comunidades muçulmanas, tentando influenciar atitudes e comportamentos mais abrangentes de formar a reduzir o apoio das comunidades ao radicalismo islâmico.
No relatório de estágio supramencionado será feita uma apresentação da Embaixada, assim como de departamento e dos vários trabalhos realizados pela mestranda no âmbito das atividades desenvolvidas pela OPA.
A OPA é o departamento responsável pelas relações externas da Embaixada e pelos programas de intercâmbio cultural e educacional financiados pelo Departamento de Estado norte-americano, com o objetivo de fortalecer as relações entre os EUA e Portugal uma vez que trabalha em estreita colaboração com as diferentes instituições governamentais, assim como com atores não estatais.
Public Diplomacy
A primeira parte deste relatório de estágio têm como objetivo aprofundar um pouco sobre a PD.
Em qualquer embaixada norte-americana no mundo o uso da diplomacia pública é a principal função do oficial de relações públicas, o Officer of Public Affairs. Este coordena uma equipa onde, normalmente uma parte lida com os meios de comunicação e outra parte está encarregue dos programas culturais e educativos e de intercâmbio.
O departamento de relações públicas e de imprensa e cultura trabalha em estreita ligação com o Embaixador e serve de ligação entre os EUA e o público exterior.
A PD caracteriza-se pelo diálogo dos Governos com os públicos externos com a finalidade de informar e difundir a formação de opinião.
O conceito PD, segundo Maria Regina Flor e Almeida “reside na pretensão de construir e divulgar, publicamente, uma determinada imagem do país, de promover um conjunto de valores, de justificar uma determinada acção ou de induzir a comunidade internacional para a aceitação pacífica de uma dada intervenção, e de angariar um capital de simpatia susceptível de dar eficácia à política externa delineada.”[1]
O conceito de PD está intimamente ligado ao Soft Power.
Joseph Nye Jr. descreve no artigo Public Diplomacy and Soft Power que o Soft Power é a capacidade de influenciar os outros, através da atração, para se obter os resultados que deseja sem ter de recorrer à coerção, o chamado Hard Power. Como explica o autor, o soft power de um determinado país passa pela sua cultura, valores e políticas: “The soft power of a country rests primarily on three resources: its culture (in places where it is attractive to others), its political values (when it lives up to them at home and abroad), and its foreign policies (when they are seen as legitimate and having moral authority)”[2].
A PD tem como objetivo de promover o soft power de um determinado país.
Com o início da I Guerra Mundial, foram muitos os países que criaram divisões de propaganda para difundir as suas causas. Em 1917, o presidente norte-americano Woodrow Wilson criou o Committee on Public Information com o objetivo de angariar, junto do público norte-americano, o apoio para a guerra. O CPI usava como meio de difusão dos seus ideais revistas, filmes, posters panfletos, entre outros.[3]
Em 1920, com a introdução do rádio, muitos governos beneficiaram com a radiofusão em língua estrangeira e em 1930 os comunistas utilizaram o rádio para transmitirem imagens favoráveis dos seus governos aos públicos estrangeiros. Além da radiotransmissão a Alemanha Nazi aperfeiçoou os filmes de propaganda.
Depois da entrada dos norte-americanos na II Guerra Mundial, o então presidente Franklin Roosevelt criou o Office of War Information, em 1942, com o intento de elucidar o público interno e externo e os media sobre a política externa nos Estados Unidos por meio de filmes, folhetos, revistas e rádio.[4] Ainda nesse ano foi criado o Voice of America, que atualmente oferece programação para a transmissão de rádio, TV e Internet para fora dos Estados Unidos.
Finda a guerra, em 1945, o OWI foi extinto, ficando o Departamento de Estado com todos os programas de intercâmbio e de informação do governo dos Estados Unidos.[5]
Um dos mais importantes programas de intercâmbio é o chamado Fulbright Program. Foi introduzido pelo Senador J. William Fulbright, em 1946, prevendo que os fundos excedentes da guerra fossem usados para financiar os programas de intercâmbio.
Este é possivelmente um dos maiores exemplos de triunfo da diplomacia pública dos Estados Unidos. Como referem Walter Douglas e Jeanne Neal , no artigo Engaging the Muslim Word “The educational and professional exchange programs represent a long-term American commitment to a bilateral relationship and are the crown jewels of public diplomacy”.[6]
Durante as duas grandes guerras mundiais a DP foi usada para, de alguma forma influenciar, o desfecho final das mesmas, no entanto durante a Guerra Fria, a DP teve como principal função o combate ao avanço do comunismo, onde a União Soviética e os Estados Unidos travaram uma luta para espalhar a sua ideologia em todo o mundo.
Durante o curso da Guerra Fria, organizações como a Radio Free Europe, Radio Liberty e a criação do United States Information Agency pelo presidente norte-americano Eisenhower em 1953 tinha como objetivo difundir os ideais da democracia, a liberdade, os direitos individuais e de livre mercado através de um amplo programa de informação e divulgação da política externa norte-americana.
A USIA foi a agência responsável pela promoção e execução da DP dos EUA no sentido de entender, informar e influenciar os públicos estrangeiros com o objetivo de promover os interesses dos EUA e de ampliar o diálogo entre os norte-americanos e o exterior.
Com o final da guerra fria, o comunismo deixo de ser uma questão primordial para a política externa dos Estados Unidos, o que levou à extinção da USIA pelo presidente norte-americano Bill Clinton, ficando todos os elementos da agência ao cargo do Departamento de Estado[7].
• Nova PD
Nas últimas décadas, a PD tem sido formalmente observada como um meio claro, através do qual um Estado soberano comunica com os públicos dos diversos países, como a finalidade de influenciar e informar as audiências exteriores para promover o interesse nacional e a sua política externa.[8]
Assim sendo, a PD inclui várias atividades, como programas de intercâmbio de estudantes, sendo um dos mais importantes, o programa Fulbright, os chamados “programas de visitantes”, ensino de língua, eventos e programas culturais e transmissão de rádio e televisão.
A diplomacia pública norte americana tenta interagir diretamente com os cidadãos, com a comunidade, com jornalistas e formadores de opinião de um outro país, para procurar influenciar as atitudes e ações para apoiarem as politicas e os interesses norte-americanos.[9]
Recentemente, a PD ganhou um novo sentido e deixou de ser vista apenas como uma atividade entre estados soberanos, como refere Joseph Nye “Promoting positive images of one’s country is not new, but the conditions for projecting soft power have transformed dramatically in recent years”[10].
Esta tendência emergente das relações internacionais inclui uma nova forma de PD, onde uma variedade de atores não estatais, como organizações não-governamentais e supranacionais e até empresas privadas, comunicam e participam de forma ativa com os públicos exteriores.
Esta democratização de informação através dos novos meios de comunicação proveu de novos poderes os atores não estatais e elevou a sua legitimidade na política internacional. Jan Melissen refere: “In short, public diplomacy is now part of the fabric of world politics wherein NGOs and other non-state actors seek to project their message in the pursuit of policy goals. Image creation and management is a key resource and one where non-state actors may have an advantage, helping to explain why the more traditional, hierarchical concept of strategic public diplomacy often fails to achieve its goals.”[11]
A PD é então vista como sendo composta por novos atores e redes, atuando assim num mundo global, e é cada vez mais um dos instrumentos de política externa mais utilizado.
Esta nova diplomacia não irá substituir a PD tradicional, a Estado para Estado, tal como é praticado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas sim irá mudar a maneira como esses ministérios praticam a diplomacia.[12]
Mais que nunca os diplomatas e ministros estrangeiros terão de ir além da diplomacia bilateral e multilateral para poderem construir relações com os novos atores globais. Assim sendo, a introdução das novas tecnologias e o sucesso das mesmas na divulgação de informação junto da sociedade civil internacional mudaram a maneira de fazer diplomacia e por isso os Estados tiveram de acompanhar essas mudanças o que os obrigou a dotarem-se de novas ferramentas, nomeadamente a criação de páginas de Internet (como jornais eletrónicos e newsletters) e páginas nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter, para o acesso público da sociedade e além de permitir aos agentes diplomáticos a participação ativa em eventos públicos.[13]
A globalização, aliada às inovações tecnológicas e medias, formaram uma nova ordem mundial em que os Estados usufruem de menos controlo sobre os domínios tradicionais de política e que os novos atores não estatais tem cada vez mais poder e influência nas questões mundiais.
Como resultado, os Estados devem assim, envolver-se com os públicos exteriores, e não apenas comunicar com eles, de forma a criar relações de longa duração.[14]
• PD após o 11 de Setembro
“Today our fellow citizens, our way of life, our very freedom came under attack in a series of deliberate and deadly terrorist acts.” [15] Foi assim que o Presidente norte-americano se dirigiu á nação depois dos ataques terroristas às torres gémeas na cidade de Nova-Iorque.
Estes ataques terroristas, sem precedentes, ocorreram na manhã de 11 de Setembro de 2001 e deixaram o mundo em choque. Quatro aviões foram sequestrados embatendo dois deles nas Torres Gémeas, outro atingiu o Pentágono e o quarto caiu na Pensilvânia., matando no total 2976 pessoas, numa ação perpetrada pela Al-Qaeda.
No seguimento destes ataques os Estados Unidos da América receberam um apoio praticamente unânime dos outros Estados.
Desde os seus primórdios que a PD é usada como meio de influenciar os estados. Na Primeira e Segunda guerra mundial, como meio para influenciar o final da guerra e na Guerra Fria como meio para combater o avanço do comunismo.
Recentemente, e principalmente depois do 11 de Setembro, a PD norte-americana está focada para o combate ao terrorismo.
De acordo com um estudo de Susan B. Epstein para o Congresso norte-americano, intitulado U.S. Public Diplomacy: Background and the 9/11 Commission Recommendations, a PD pode ser uma arma poderosa da política externa dos EUA para influenciar o público no combate ao terrorismo “advocated an increase in public diplomacy funding to “win the hearts and minds of Muslims” and, perhaps, help prevent future attacks.”[16]
Os Estados Unidos e o Mundo não estão a lutar contra o terrorismo de forma tradicional, mas sim a travar uma luta para ganhar o apoio do mundo Islâmico, o que levou a uma redefinição do propósito da PD.
Com os eventos do 11 de Setembro, as atenções viraram-se para a América e esta reuniu um apoio sem precedentes da comunidade internacional. No entanto, também se assistiu à ascensão de outro problema, como seja, o antiamericanismo: “Many Americans were shocked to be confronted with such a violent hatred against their country and everything it stood for: its foreign policies as well as its values. “[17] O antiamericanismo intensificou-se pelo mundo, especialmente junto de comunidades muçulmanas, e espalhou-se até a Nigéria, na África Ocidental, e à Indonésia, no Sudeste Asiático). Como demonstrou Epstein, “Recent worldwide polls show that the United States government is viewed with skepticism by much of the world, not just among Arab and Muslim populations.”[18] O sentimento antiamericano agravou-se com a Guerra do Iraque, na administração Bush, e o apoio internacional à política externa dos Estados Unidos dissipou-se, não só nos países muçulmanos, mas um pouco por todo o mundo.
Nos últimos anos, o governo norte-americano tem procurado instrumentos de PD para influenciar os países com populações maioritariamente muçulmanas no combate ao terrorismo e para “melhorar a imagem” que estas têm dos Estados Unidos, dando enfâse aos conceitos de tolerância religiosa, diversidade étnica, a liberdade de expressão e eleições livres.
Um bom exemplo dos esforços para promover a imagem dos EUA no mundo islâmico é a criação dos AC [19] junto das comunidades muçulmanas. Além disso, o Departamento de Estado está a criar inúmeros programas para promover o intercâmbio entre estudantes dos países muçulmanos e os Estados Unidos, como o Partnership for Learning, o International Visitors e o Fulbright Program e ainda a transmissão de rádio e televisão norte-americano no Afeganistão e nos países do Médio Oriente, como no Irão e Paquistão, de programas norte-americanos.
As bolsas inseridas no âmbito do programa Fulbright ou do programa de visitantes internacionais entre outros programas de intercâmbio estão no centro da diplomacia pública, pois revelam o compromisso de longa duração dos Estados Unidos com as relações bilaterais. Os Alumni destes programas são uma mais-valia para o país, uma vez que puderem experienciar em primeira mão o estilo de vida norte-americano.[20]
Outro instrumento importantíssimo é a influência que os novos meios de comunicação desempenham na vida de todas as populações, não sendo os países do Médio Oriente exceção. Cada vez mais jovens muçulmanos marcam presença nos novos meios de comunicação e isso é uma vantagem para os norte-americanos, uma vez que pode ser uma forma de PD muito vantajosa.
Surgiu uma nova dinâmica depois dos ataques de 11 de Setembro, uma vez que a PD necessita chegar a audiências exteriores muito mais abrangentes – como alunos do secundário, famílias de risco, elites providenciais e comunidades religiosas -, e necessita por isso de criar programas complementares para envolver esse meio da sociedade. Foi então criado o programa ACESS, para as não-elites poderem aprender inglês de forma barata e o programa YES para os alunos carenciados. O ensino do Inglês é uma ferramenta essencial para se atingir o público mais desfavorecido e um dos mais comuns e com uma longa tradição no campo de ação da diplomacia pública.[21]
Na maioria dos países muçulmanos os EUA tentam, não apenas informar e influenciar as opiniões públicas, mas também influir atitudes e comportamentos mais abrangentes de formar a reduzir o apoio das comunidades ao radicalismo islâmico.
Atualmente, a ameaça terrorista é um dos principais problemas com que os EUA e o mundo ocidental se deparam e a PD pode ser uma ferramenta fundamental no combate a essa ameaça.
O Mundo islâmico tornou-se o público-alvo de Washington.
Desde o início do seu primeiro mandato que a diplomacia pública está na ordem do dia da administração Obama, assim como o compromisso de Washington na melhoria das relações dos Estados Unidos com o mundo muçulmano. Logo no segundo dia da sua presidência, Obama expressou o desejo de fechar a prisão de Guantánamo, uma vez que acolhe prisioneiros acusados de ligação a grupos terroristas.
A prisão de Guantánamo está atualmente em discussão devido aos relatos de tortura e condições desumanas em que os prisioneiros vivem.[22]
A administração Obama compreendeu desde o início a importância do mundo árabe e islâmico, tentando assim incluir na agenda política a PD de forma a alcançar as comunidades muçulmanas e melhorar as relações entre o Ocidente e o mundo islâmico.
Como já foi referido, a PD representa o diálogo dos governos com os públicos externos com a finalidade de informar e persuadir a formação de opinião. Com o passar do tempo e com a introdução dos novos meios de comunicação, surgiu a chamada Nova PD – que relaciona-se não só com os Governos, mas também com os novos atores não estatais, como as organizações não-governamentais e empresas privadas.
Após o 11 de Setembro, a PD centrou-se no combate ao terrorismo e na melhoria da imagem dos Estados Unidos no mundo e principalmente nos países com populações maioritariamente muçulmanos.
Relações Diplomáticas entre EUA e Portugal
Nesta segunda parte do relatório de estágio, vou analisar sucintamente as relações diplomáticas entre Portugal e os EUA.
De acordo com a Convenção de Viena sobre as relações diplomáticas, assinado em Viena em 1961, a função das relações diplomáticas entre os Estados, consistem em:
a) Representar o Estado acreditante perante o Estado acreditador;
b) Proteger no Estado acreditador os interesses do Estado acreditante e de seus nacionais, dentro dos limites estabelecidos pelo direito internacional;
c) Negociar com o Governo do Estado acreditador;
d) Inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos acontecimentos no Estado acreditador e informar a esse respeito o Governo do Estado acreditante;
e) Promover relações amistosas e desenvolver as relações económicas, culturais e científicas entre o Estado acreditante e o Estado acreditador.[23]
No presente capítulo irei abordar as relações bilaterais entre Portugal e os EUA.
As relações bilaterais entre estes dois países datam dos primeiros anos dos Estados Unidos como um país independente. Depois da Guerra da Revolução Americana, em 1776, Portugal foi das primeiras nações a reconhecer os Estados Unidos como um país independente. Formalmente, as relações diplomáticas entre os dois países tiveram início em 1791 quando o Presidente George Washington nomeou o Coronel David Humphreys como ministro residente norte-americano em Portugal.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial a cooperação bilateral e multilateral esteve focada em combater as ameaças do bloco comunista.
A base aérea das Lajes é uma peça fundamental das relações bilaterais entre o nosso país e os Estados Unidos da América.
Em 1995, foi assinado o Agreement on Cooperation and Defense, ou Acordo de Cooperação e Defesa (ACD) em português, entre os Estados Unidos e Portugal, assinado pelo Secretário de Estado, Warren Christopher e pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Durão Barroso.
O ACD previa o contínuo acesso dos EUA à base militar nos Açores e estabeleceu áreas de cooperação bilateral (abrangendo diversas áreas de cooperação não militar), incluindo o fornecimento de excesso de produtos militares norte-americanos para os militares portugueses e ainda cooperação nas áreas da ciência e tecnologia. Esta cooperação inclui, a colaboração na extensa pesquisa sobre ciências do mar e da atmosfera e trabalho conjunto para treinar a próxima geração de futuros cientistas. Além disto o ACD pressupunha o reforço das relações bilaterais nas áreas da economia e nas trocas comercias e contribuir para a cooperação com o Governo Regional dos Açores, nomeadamente na criação de mais postos de trabalho e comércio.
O ACD substitui e agrega o antigo Acordo de Defesa assinado em 1951. Este acordo veio reforçar as relações bilaterais uma vez que os Estados Unidos e Portugal são parceiros na procura da segurança mundial e regional, principalmente no mundo pós-guerra fria.[24]
Durante mais de cinquenta anos a base aérea das Lajes nos Açores desempenhou um papel essencial no apoio ao corpo militar dos Estados Unidos.
Hoje em dia, a maioria das ações desempenhadas estão envolvidas em missões contra o terrorismo, ou missões de ajuda humanitária, como as ações no Afeganistão e no Iraque.
A base aérea das Lajes, como já foi referido, desempenha um papel fundamental nas relações bilaterais dos países e teve de novo destaque durante a chamada Cimeira das Lajes, em 2003, quando o ex. primeiro-ministro português, Durão Barroso, recebeu George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar. A cimeira culminou com acordo da intervenção militar no Iraque, em 2003.
Atualmente, a questão da base das Lajes tem estado em discussão, uma vez que os norte-americanos irão reduzir o seu contingente militar presente na Base das Lajes. A decisão de reduzir a presença de militares nos Açores faz parte do projeto de reestruturação norte-americana das suas infraestruturas em inúmeros países europeus, o chamado European Infrastructure Consolidation. A reestruturação prevê cortes no número de bases assim como no número de efetivos já em 2015.
Para Portugal esta decisão irá ser bastante penosa, principalmente, porque a presença dos militares norte-americanos gera economia e postos de trabalho na região autónoma dos Açores. No entanto, os Estados Unidos estão a trabalhar com Portugal, no sentido de atenuar o impacto económico. O embaixador Norte-Americano Robert Sherman para Portugal emitiu, no passado dia 8 de Janeiro uma declaração onde refere que os Estados Unidos estão a trabalhar no âmbito de conceder compensações aos funcionários afetados por esta decisão “The U.S. Government is also working to provide a generous severance package to Portuguese employees at Lajes affected by this decision.”[25]
A questão das Lajes está ainda a ser debatida e em consulta, uma vez que Portugal quer que os norte-americanos mantenham a base das Lajes e todos os seus funcionários ativos.
As relações bilaterais e multilaterais de Portugal com os Estados Unidos, nomeadamente esta última, centrada na NATO, onde Portugal é membro fundador, não se traduzem apenas na cooperação de defesa.
Atualmente está em negociações o T-TIP . O T-TIP é um acordo de comércio e investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos da América que pretende aumentar as trocas comerciais entre os dois blocos económicos.
Prevê-se que este acordo seja vantajoso para Portugal, nomeadamente em termos de competitividade e criação de postos de emprego.[26]
Com este acordo, o governo português pretende aumentar as exportações de têxteis e calçado para os Estados Unidos e ambiciona um maior investimento bilateral. Esta parceria transatlântica vem realçar as relações bilaterais entre os dois países
As relações bilaterais entre o nosso país e os EUA também se caracterizam pela importância que Portugal desempenha no continente Africano. No livro, Sobre as relações Portugal e Estados Unidos, Rui Machete menciona o crescente interesse dos Estados Unidos por África, nomeadamente pela “África Subsaariana, embora não devam ser olvidados os países do Magreb, e mais em geral, os Estados africanos do mediterrâneo ocidental.”.[27] Com este interesse por parte dos norte-americanos, Portugal pode ter um grande protagonismo, dada a ligação, através da língua, cultura e história, do nosso país com os países africanos, principalmente com os países africanos de língua oficial portuguesa.
De acordo com Rui Machete “Abrem-se perspectivas que necessitam ser, primeiro, objecto de reflexão e, depois, de acções conjuntas de apoio ao desenvolvimento em geral, sobretudo nos países africanos de expressão oficial portuguesa, e, com maior incidência, nos campos da saúde, educação e infraestruturas básicas.”[28]
Portugal pode desempenhar um papel importante nas relações bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos, através da CPLP, tentando encontrar “ contactos e meios de cooperação trilaterais com o grande vizinho da América do Norte”[29]
As longas relações entre Portugal e os EUA estão patentes em várias áreas, como refere o Embaixador de Portugal nos Estados Unidos, Nuno Brito “relations between Portugal and the United States emcompass many áreas: political, economic, comercial, militar and educational”.[30]
Ambos os países têm representações diplomáticas, sendo que o consulado norte – americano mais antigo ainda em funcionamento encontra-se em Ponta Delgada, nos Açores. Ainda em Portugal encontra-se em funcionamento a embaixada e consulado em Lisboa.
Relativamente à representação diplomática portuguesa nos EUA, a embaixada e consulado encontra-se em Washington, no entanto existem vários consulados honorários espalhados por toda a América do Norte.
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
• Apresentação da Embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa
A Embaixada dos Estados Unidos da América está localizada entre duas Avenidas de Lisboa. Na Avenida das Forças Armadas e na Avenida dos Combatentes, existindo duas entradas para o complexo, o Front Gate que está localizado na Avenida das Forças Armadas e é considerada a entrada principal e o Back Gate situado na Avenida dos Combatentes.
A Embaixada é composta pelo edifício principal, onde se encontram os escritórios e a garagem, e um edifício secundário, onde está localizada a cafetaria e onde residem os United States Marines, destacados para garantir a segurança da Embaixada e de todos os funcionários.
A Embaixada dispõe ainda de uma piscina, de um campo de ténis/basquetebol, uma capela, um ginásio e um supermercado com todos os produtos que se encontram nas principais lojas americanas, chamado Navy Exchange Store.
O edifício está envolvido em espaços verdes e possui um terraço com uma vista privilegiada para a cidade.
• Apresentação do estágio no OPA
O estágio por mim realizado na Embaixada dos EUA em Lisboa teve início a 9 de Dezembro de 2013 e terminou a 3 de Julho de 2014, constituindo a componente não letiva do 2ºano do Mestrado em Ciência Politica e Relações Internacionais, área de especialização em Relações Internacionais da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
O estágio desenvolvido durante os sete meses teve lugar no Office of Public Affairs (OPA), Serviços da Imprensa e Cultura da Embaixada dos Estados Unidos da América e foi supervisionado pelo Mr. Scott Hartmann, o Conselheiro Adjunto de Imprensa e Cultura.
A OPA é responsável pelas relações externas da Embaixada com os diversos órgãos de comunicações social, assim como pelos programas de intercâmbio cultural e educacional. Trabalha em estreita cooperação com várias entidades e instituições portuguesas, tanto educacionais como governamentais, e diversas personalidades de maneira a promover e fortalecer as ligações entre os Estados Unidos e Portugal.
A OPA também desempenha a função de porta-voz oficial da Embaixada, papel da responsabilidade do Officer of Public Affairs, assim como a manutenção e controlo da página de Internet oficial da Embaixada e das redes sociais como o Twitter e Facebook.
A OPA trabalha ainda em estreita relação com os vários departamentos que constituem a Embaixada.
O departamento recruta e financia a vinda de Oradores Americanos a Portugal para participarem em palestras/workshops sobre os mais variados temas, dentro da sua especialidade, sobretudo para audiências universitárias. A OPA é também responsável pela organização de visitas escolares à Embaixada e pela visita de diplomatas americanos a escolas secundárias e universidades espalhadas por todo o país.
O departamento encontra-se dividido em três componentes distintas:
• Imprensa
• Cultura
• Centro de Documentação
Sucintamente, irei mencionar as funções destas três componentes.
A Secção de Imprensa é responsável por todos os eventos e funciona como relações públicas da Embaixada e do Embaixador dos EUA em Portugal e informa ainda os meios de comunicação portugueses sobre as políticas do governo norte-americano.
A Secção Cultural, como o nome indica, promove o intercâmbio cultural entre os Estados Unidos e Portugal e colabora com varias instituições culturais e organizações não-governamentais.
Organiza vários programas de intercâmbio financiados pelo governo norte-americano, como o International Visitor Leadership Program, o programa Fulbright e o Benjamin Franklin Transatlantic Fellow Summer Institute.
O programa Fulbright permite a estudantes e professores portugueses poderem usufruir de uma bolsa para estudarem, lecionarem ou fazerem investigação nos Estados Unidos. Permite ainda a estudantes ou professores americanos terem a mesma oportunidade em Portugal. Estas bolsas, assim como toda a seleção dos candidatos, é feita pela Fundação Lusa Americana para o Desenvolvimento, sendo o conselho diretivo da mesma composto por quatro diretores americanos.
O International Visitor Leadership Program é financiando pelo governo norte-americano e tem como função fortalecer o compromisso dos Estados Unidos com os demais países através do recrutamento de atuais ou possíveis líderes políticos e de governo, mas também das áreas da educação, arte, entre outras, para visitas de curto prazo aos Estados Unidos para se reunirem com os seus homólogos norte-americanos. Neste programa não existem candidaturas. Todos os participantes são cuidadosamente selecionados e convidados a participar pelas embaixadas.
O Benjamin Franklin Transatlantic Fellow Summer Institute permite a jovens europeus entre os 16-18 anos participarem num programa de intercâmbio tipo curso de intensivo com a duração de quatro semanas nos Estados Unidos com o objetivo de promover a cooperação entre jovens europeus e americanos.
O Centro de Documentação fornece informação para funcionários da Embaixada, departamentos do governo português e para o público em geral, nomeadamente organizações do mundo académico, dos media, do governo e instituições não-governamentais, de instituições de pesquisa e pessoas interessadas em assuntos relacionados com os Estados Unidos.
O Centro de Documentação organiza ainda a vinda de oradores americanos a Portugal.
• Tarefas desenvolvidas durante o Estágio no OPA
Durante os sete meses de estágio desenvolvi inúmeros e diversificados projetos, não só no âmbito da OPA, mas também em colaboração com os vários departamentos da Embaixada, que irei descrever nas páginas que se seguem.
As tarefas desenvolvidas ao longo dos sete meses de estágio foram bastante diversificadas. No entanto, todas as manhãs, a minha tarefa era sempre a mesma. Era responsável pela Press Summary – estava encarregue de ler os jornais do dia e as notícias que envolviam os Estados Unidos da América e que eram reportados nos jornais portugueses, sendo mais tarde enviadas para Washington.
A minha tarefa era traduzir as notícias e colocar tudo num documento para depois o Officer of Public Affairs enviar para Washington.
Todas as terças-feiras de cada semana, a equipa tinha um Team Briefing com o intuito de cada membro reportar ao Officer of Public Affairs as suas tarefas da semana, assim como era da sua responsabilidade atribuir tarefas aos restantes membros da equipa.
Nas seguintes páginas vou descrever as minhas atividades.
I. SPELLING BEE
Um dos primeiros projetos que tive a responsabilidade de organizar foi o Spelling Bee. O Spelling Bee é um concurso de soletrar bastante popular nas escolas básicas e secundárias dos Estados Unidos
A ideia de dar a conhecer o Spelling Bee aos alunos portugueses foi do Assistant for the Officer of Public Affairs e o primeiro concurso foi feito na Universidade de Aveiro em 2013 para alunos das várias escolas básicas e secundárias daquele distrito. A adesão dos alunos e professores foi tanta que decidiram fazer mais para chegar a um maior número possível de alunos, uma vez que é uma maneira divertida e eficaz de ensinar a língua inglesa aos alunos portugueses.
De seguida, vou descrever sucintamente, em que consiste o concurso:
O concurso está dividido em duas partes, sendo que na primeira parte é pedido aos alunos que escrevam corretamente as palavras que os professores lhes ditam- o nível de dificuldade vai aumentando de palavra para palavra. De seguida, os professores de Inglês que estão encarregues da correção, eliminam aqueles que escreveram mal as palavras. A segunda fase é composta pelos alunos que escreveram corretamente todas as palavras da primeira fase - é então quando é pedido aos alunos que soletrem letra por letras a palavra que lhes é dita. São eliminados aqueles que soletram mal as palavras. No final ficam apenas 3 finalistas. Aos finalistas é-lhes atribuído prémios, nomeadamente vales de quinze euros da FNAC e o primeiro lugar tem direito a um iPod Nano.
A mim foi-me pedido para auxiliar na organização do Spelling Bee– Margem Sul. O concurso teve lugar no dia 20 de Fevereiro de 2014 na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Foi um Spelling Bee direcionado para as escolas do Distrito de Setúbal. Cada escola interessada podia enviar uma equipa de vinte alunos do 10º e 11º ano e um máximo de dois professores responsáveis pela equipa.
A mim coube-me a tarefa de pesquisar todas as escolas secundária do distrito de Setúbal e contacta-las tanto por correio eletrónico como por correio para averiguar se estariam interessadas em participar. Posteriormente à reposta afirmativa das escolas que gostariam de participar elaborar um documento com os dados (nome e BI/CC dos alunos e professores) que as escolas tinham de fornecer à OPA. No dia do concurso tive a tarefa de estar no check-in para receber os alunos e professores das escolas e senta-los por equipas nos lugares previamente selecionados para cada escola.
Finalmente fui ainda responsável pela elaboração e envio para as respetivas escolas secundárias de certificados de participação para todos os alunos participantes, certificados para os finalistas do concurso e certificados de participação para os professores.
II. USS BATAAN E USS GUNSTON HALL
Umas das tarefas mais interessantes e mais aliciantes que eu realizei na OPA foi a organização de visitas escolares e universitárias aos múltiplos porta-aviões Norte – Americanos que fizeram paragens em Lisboa.
Nos dias 27, 28 de Fevereiro e no dia 1 de Março, atracaram em Lisboa o USS Bataan e o USS Gunston Hall e contactaram o OPA porque estavam interessados em receber alunos secundários e alunos universitários para fazerem visitas guiadas a ambos os navios militares.
O USS Batann, como já referi, é um porta-aviões militar Norte – Americano, entrou em serviço no dia 20 de setembro de 1997 e ainda se encontra no ativo.
Pertence ao grupo de Navios de Assalto Anfíbio (Amphibious Assault Ship) e tem como principal objetivo servir de apoio à U.S Navy e U.S Marine Corps, facultando ajuda às tropas americanas que se encontram em solo inimigo, através do chamado assalto anfíbio. Uma das missões de ajuda militar desempenhada pelo USS Bataan foi o serviço na Guerra do Iraque em 2003. Embora a principal função do USS Battan seja a de navio de guerra, também participou em inúmeras missões de ajuda humanitárias, particularmente no Furacão Katrina em 2005 e no Tremor de Terra no Haiti em 2010. Em ambos os casos, o USS Bataan foi dos primeiros a prestar auxílio às populações, uma vez que possui uma unidade hospitalar completa, incluindo seis salas de operação com capacidade para seiscentas pessoas. O USS Bataan transporta aproximadamente dois mil e quinhentos Marines e cento e quatro oficiais
O USS Gunston Hall entrou em serviço em 22 de Abril de 1989 e ainda se encontra em ativo. O USS Gunston Hall é um navio de apoio ao USS Bataan e é consideravelmente mais pequeno. A designação oficial é porta-helicópteros. Assim como o USS Bataan fez missões de ajuda humanitária no Haiti em 2010.
Este foi o primeiro grande projeto que desenvolvi no OPA, sempre com a supervisão do meu orientador e do Officer of Public Affairs.
Como já referi, o USS Bataan entrou em contacto com a Embaixada dos EUA, porque gostaria de organizar visitas guiadas a ambos os navios a alunos das Escolas Secundárias e Universitários durante os dias que estaria atracado em Lisboa.
Foi-me então incumbida a tarefa de organizar as visitas guiadas. Tive a primeira reunião no final de Janeiro com o Officer of Public Affairs e com dois adidos da Defesa do Office of Defense Attaché da Embaixada, que eram os nossos pontos de contacto com os porta-aviões.
Nessa reunião foi-me transmitido que os navios iriam chegar no dia 27 de Fevereiro e iriam partir no dia 2 de Março, ficando atracados no Jardim do Tabaco. Estariam disponíveis para fazerem as visitas guiadas no dia 28 e 29 de Fevereiro e dia 1 de Março- visitas essas que iriam ter a duração de noventa minutos para um grupo máximo de vinte alunos e respetivos professores acompanhantes no USS Bataan e trinta minutos para as visitas ao USS Gunston Hall com um intervalo de aproximadamente duas horas para o almoço. As visitas tinham início às dez horas da manhã e terminavam às quatro da tarde.
Logo nesse dia comecei a trabalhar no projeto.
Na primeira fase de planeamento comecei por averiguar quais as escolas secundárias que poderiam estar interessadas em participar. Como a OPA já tinha contactos de várias escolas com quem normalmente faz colaborações, foram-me facultados os nomes de professores de várias escolas de todo o país para eu contactar. A adesão das escolas foi enorme e, mesmo ainda sem saber as datas exatas, as escolas revelaram que tinham imenso interesse em que os seus alunos participassem. No espaço de duas semanas já tinha praticamente todas as visitas-guiadas agendadas.
As escolas secundárias que acabaram por realizar as visitas guiadas foram a Escola Secundária da Amadora, Escola Secundária de Camarate, Escola Secundária Bento Carqueja, Escola Secundária Vasco da Gama e Externato Champagnat, assim com o Instituto Superior Técnico.
Este evento, foi de enorme envergadura e envolveu vários departamentos da Embaixada para se conseguir organizar as visitas-guiadas. A OPA ficou responsável por organizar as visitas das escolas secundárias e do Instituto Superior, assim como dos media e dos Alumni. Os visitantes puderam conhecer todo o navio, assim como tirar fotos e conhecer um pouco da sua história.
Em anexo, encontram-se fotos da atividade.
III. Feira das Universidades Americanas
Outro projeto em que tive a possibilidade de colaborar foi na primeira feira das Universidades Americanas em Portugal.
Foi organizado pela Fulbright, em colaboração com a EducationUSA, e contou com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos da América.
A feira teve lugar no dia 19 de Março de 2014, no Instituto Camões em Lisboa, e contou com a presença de quatro instituições de ensino superior Norte Americanas, designadamente, a John Cabot University, a NYU Abu Dhabi, a Quinnipiac University, e a UC Berkeley Extension. Este evento teve grande adesão por parte dos alunos universitários portugueses, que puderam falar presencialmente com os representantes de cada universidade, tendo estes fornecido informações sobres os programas educacionais, propinas, ajuda financeira e processos de admissão.
Juntamente com as bancas das Universidades, estavam ainda representadas a banca da Fulbright, a banca da Education USA e ainda a banca da Embaixada dos Estados Unidos da América.
A Embaixada estava representada com o intuito de dar a conhecer os American Corners aos alunos portugueses e como isso os podia ajudar no seu percurso académico.
O programa AC é financiado pelo departamento de Estado dos EUA e no caso português a Embaixada trabalha em colaboração com instituições locais para a criação de áreas onde os visitantes possam encontrar informações sobre os Estados Unidos.
Neste momento existem sete AC em Portugal, distribuídas por várias prestigiadas Universidades e Institutos Superiores, sendo elas:
• Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
• Faculdade de Letras da Universidade do Porto
• Universidade de Aveiro
• Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
• Universidade dos Açores
• Instituto Superior Técnico
• Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG)
Os AC consistem em espaços físicos, normalmente, dentro das Bibliotecas das faculdades com o principal objetivo de tornar acessível ao público informações sobre os EUA. Mas os responsáveis pelos Corners também organizam apresentações, workshops e debates com especialistas norte-americanos das diversas áreas.
Além disso, disponibiliza aos alunos das faculdades a possibilidade de se registarem para utilizar o eLibrary USA- que é uma plataforma on-line onde se encontram milhares de publicações, revistas, artigos de várias esferas académicas e que os alunos podem usufruir sem ter de pagar qualquer custo.
Os AC trabalham em estreita colaboração com a Embaixada dos EUA, nomeadamente com o Centro de Documentação do OPA, e foi no âmbito de dar a conhecer estes mesmos Corners aos alunos portugueses que a banca da Embaixada esteve presente nesta Feira das Universidades.
O evento contou com a participação de aproximadamente seiscentos alunos durante as seis horas em que decorreu a Feira.
A minha função, era estar na banca a representar a embaixada dos EUA e a responder às questões que me eram colocadas pelos alunos. Além disso, tinha a tarefa de dar a conhecer os diferentes Corners que estão presentes nas Universidade Portuguesas. Tinha ainda a função de distribuir panfletos informativos pelos presentes.
A maior parte dos participantes eram alunos universitários que tinham a intenção de saber mais informações sobre os AC, como podia ser uma ferramenta útil para o seu percurso académico e que tipo de iniciativas realiza.
Em anexo, estão algumas fotos do evento.
IV. Organização de Palestras/Workshops com especialistas americanos
Como já foi referido em cima, um dos principais objetivos da OPA é promover o intercâmbio e diálogo entre os EUA e Portugal. Um dos meios para se atingir esse objetivo é através da organização de conferências, palestras, workshops e aulas, trazendo a Portugal especialistas norte-americanos dos mais diversos meios, como oficiais de governo, académicos, escritores, empresários, músicos e artistas.
Como estagiária no OPA também estava encarregada de organizar várias dessas visitas de especialistas norte-americanos ao nosso país. Nas páginas que se seguem vou descrever dois dos vários programas que ajudei a organizar.
Normalmente estes programas, de formato workshop, têm duração de uma semana e têm um público-alvo normalmente estudantil, secundário e universitário, dependendo da vertente.
Um dos primeiros programas que organizei foi a vinda do empresário Jamail Larkins a Portugal.
Enquadrada na primeira conferência sobre Inovação e Empreendedorismo organizada pelos AC, Larkins participou em vários workshops nos diversos AC em Portugal, incluindo o AC da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, da Universidade de Aveiro, e do Instituto Superior Técnico, entre outros.
Além dos AC, o empresário esteve presente ainda no Centro de Ciência Viva de Sintra, no Instituto Superior de Educação e Ciência e em várias escolas Secundárias.
Jamail Larkins, apelidado de “1º Emprésario com menos de 30 anos” pela Inc. Magazine, apresentou uma série de palestras, intituladas Navigating the Journey of Life, entre os 17 e 21 de Março. Jamail Larkins, um jovem Afro-Americano, apaixonado por voar, criou a sua empresa Ascension Air Management quando ainda era adolescente e hoje vale milhões de dólares.
Enquanto esteve no nosso país, Larkins falou com estudantes secundários e universitários, investigadores e empresários sobre os desafios que envolve criar uma empresa, a importância do planeamento, pesquisa, financiamento e networking.
Comentou ainda com a plateia sobre as oportunidades de carreira que existem na aviação e sobre as novas tendências na indústria da aviação.
O segundo programa que ajudei a organizar, foi o programa do Professor James Kakalios.
Kakalios, professor da Escola de Física e Astronomia da Universidade do Minnesota e orador de renome, esteve nas ilhas da Madeira e Açores, nos dias 5 a 9 de Maio, para apresentar uma série de Palestras sobre a Física dos Super-heróis, nome do seu mais recente livro, onde explora as leis mais básicas da física para explicar os super heróis. A sua palestra, intitulada The Physics of Superheroes, apresentada de forma didática, estava direcionada para alunos de secundário.
A minha tarefa era planear todo o programa. A base de todos os eventos era fazer com que os oradores convidados visitassem várias escolas por todo o país e não só Lisboa e Porto.
O primeiro passo era contactar as escolas secundárias, universidades e escolas superiores para dar conhecimento que um orador Norte-americano iria estar em Portugal em determinados dias, questionando se estariam interessados na palestra.
Por norma, era dado a escolher à escola se preferia o horário da manhã ou de tarde.
Mediante a resposta da instituição de ensino o programa começava a ser organizado.
Era ainda responsável por toda a logística do programa, como marcar hotéis para os oradores e acompanhantes, marcar atividades extras que os oradores queriam fazer durante a sua estadia no nosso país. Competia-me ainda programar entrevistas com os meios de comunicação para os oradores.
V. Outreach Programs desenvolvidos pelo OPA
Os chamados Outreach Programs são programas desenvolvidos pela OPA e consistem em visitas escolares (escolas básicas, secundárias ou grupos universitários) à Embaixada ou em levar diplomatas americanos aos públicos portugueses.
Estes programas são normalmente pedidos ao Centro de Documentação pelas instituições, que desejam a visita de um diplomata à sua instituição para uma conversa informal com os alunos. Normalmente, os tópicos pedidos prendem-se essencialmente sobre o estilo de vida americano.
Outra vertente destes eventos passa pela vinda de alunos e professores das instituições escolares ou grupo de indivíduos à Embaixada, para conhecerem as instalações e ficarem a conhecer um pouco mais do país, sem saírem de Portugal.
Os diplomatas americanos falam sobre temas variados que podem passar por questões políticas, sociais e culturais e governamentais, assim como educação, ambiente, desporto, alimentação, história, cinema e ainda podem partilhar a posição dos Estados Unidos da América sobre os assuntos de política externa.
Como estes debates são em inglês, é também uma excelente oportunidade para os alunos consolidarem os seus conhecimentos da língua inglesa.
Durante a minha estadia como estagiária na OPA tive a oportunidade de assistir e organizar múltiplas visitas de estudantes ou grupos universitários à Embaixada e vice-versa.
Grande parte desses grupos estava interessada em saber mais sobre o tipo de vida norte-americano. No entanto, os grupos universitários também estavam interessados em temas de cariz político e económico.
A Embaixada recebe tanto alunos portugueses como alunos americanos, que desejam conhecer a embaixada e saber mais sobre ambos os países. Normalmente, as visitas tinham lugar numa sala reservada para esse efeito e contava com a presença de diplomatas americanos que trabalham na embaixada, nomeadamente dos Serviços Consulares, do Office of Public Affairs, da Secção Política e Económica, mas também contavam com a presença do Embaixador e, muitas vezes, do Ministro Conselheiro.
VI. Outro tipo de programas
• Seleção Nacional de Sub-18 dos Estados Unidos da América
A Seleção Nacional de Sub-18 dos Estados Unidos da América esteve em Lisboa para um torneio de Futebol entre os dias 6 e 10 de Junho e contactaram o OPA porque tinham um dia livre e queriam visitar uma escola ou um hospital para passarem algum tempo com jovens portugueses.
A Associação “Moinho da Juventude” já era um contacto da OPA e como é uma organização não-governamental que promove o bem-estar da comunidade e desenvolve atividades a nível social, cultural e económico, e nas mesmas estão envolvidas crianças, jovens e adultos, foi a escolha ideal para a equipa visitar. Grande parte das atividades da Associação está focalizada em ocupar as crianças com atividades extra-curriculares.
A Associação está localizada na Cova da Moura e os jogadores norte Americanos visitaram as instalações no dia 5 de Junho de 2014.
Além de conhecerem as instalações e aprenderam mais sobre o tipo de atividades que a Associação desenvolve a equipa teve ainda tempo para realizar uma partida de futebol contra várias crianças do bairro. A equipa norte-americana ofereceu ainda equipamento de futebol à associação e ofereceu a cada criança presente uma t-shirt da seleção de sub-18.
Em anexo, estão várias fotos da atividade.
• Ação de Limpeza na Mata de Monsanto
No dia 11 de Abril de 2014, a Embaixada dos Estados Unidos da América organizou uma ação de sensibilização ambiental onde um grupo de voluntários da Embaixada juntou-se para limpar uma parte da Mata de Monsanto.
Depois da passagem da tempestade Stephanie por Lisboa, Monsanto foi das áreas mais afetadas, com a queda de milhares de árvores e foi essa a razão pelo qual a Lisbon Environmental and Humanitarian Outreach Program se juntou para limpar o mais possível e ajudar os responsáveis pela Mata na limpeza.
A LEHOP foi fundada em 2009 com o objetivo de incentivar o aumento do voluntariado dentro da comunidade da embaixada através de uma variedade de atividades de sensibilização ambiental e humanitário.
Depois do sucesso desta iniciativa, o mesmo grupo juntou-se uma segunda vez, no dia 11 de Maio de 2014, para mais uma ação de sensibilização ambiental, contando desta vez com a presença do Sr. Embaixador norte-americano, Robert Sherman.
Em anexo, podemos encontrar fotos desta atividade.
• Newsletter
Outra das minhas atividades era a tradução para português da Newsletter da Embaixada dos EUA. A newsletter é lançada de dois em dois meses e contém uma mensagem do Embaixador, uma lista com os programas que decorrem na Embaixada, assim como noticias importantes que envolvam a presença de norte-americanos no nosso país e ainda uma secção com aquilo que vai acontecer nos próximos meses.
Fui responsável pelas edições de Fevereiro 2014, Abril de 2014 e Junho de 2014. A Newsletter está acessível ao público através do site oficial da Embaixada, mas é enviada, por correio eletrónico, a todos os contatos da Embaixada.
• Mission Activitie Tracker
O MAT é uma ferramenta on-line que produz relatórios destinados a documentar o âmbito, a frequência e os resultados das ações de diplomacia pública que uma determinada Embaixada norte americana faz para o público estrangeiro. Esta ferramenta permite identificar a eficácia das ações de diplomacia pública, assim como as audiências alcançadas.
Como estagiária, era responsável por inserir no sistema on-line as entradas MAT do OPA. Cada ação de diplomacia pública, como a vinda de oradores norte-americanos a Portugal, ou o Spelling Bee, tem de ser reportados no sistema. A afluência das audiências, o objetivo da ação de diplomacia pública, os gastos de deslocação, assim como fotos do evento, tinham de ser reportados e era essa a minha função. O MAT gera relatórios com as informações disponíveis e fica tudo armazenado para Washington poder aceder on-line.
• 4h of July
O 3 de Julho foi oficialmente o último dia como estagiária do Office of Public Affairs, e o dia 4 de Julho é o dia da Independência dos Estados Unidos, data extremamente importante para os norte-americanos. E foi por essa razão que no dia 3 de Julho de 2014, para celebrar o 238º aniversário da América, a Embaixada organizou uma receção para comemorar o Dia da Independência.
A receção teve lugar na Embaixada e o tema desse ano foi a Route 66. Os jardins da embaixada estavam decorados de acordo com o tema, assim como todo o catering foi rigorosamente escolhido com comida típica norte-americana. O entretenimento esteve a cabo da banda formada por membros da Força Área dos Estados Unidos, a Touch N Go. Entre os convidados estiveram membros do governo português, assim com diplomatas estrangeiros e personalidades do mundo académico, políticos entre outros.
Este é um evento de grande envergadura e normalmente começa a ser preparado com alguma antecedência, envolvendo grande parte da comunidade da embaixada. Para esse efeito é criado um grupo responsável pela sua organização, no qual este ano pude participar. O comité de organização do 4th of July preparou todos os aspetos do evento, desde escolher a empresa de catering, até à eleição do tema, a escolha da banda e da decoração, a elaboração da lista de convidados e a execução dos convites, entre outros.
A minha função, durante a receção foi durante estar na entrega das ofertas a todos os convidados, que incluíam produtos de marcas portuguesas, como o Azeite Galo, entre outros.
Foi uma receção bastante agradável, uma vez que os convidados puderam experienciar um pouco das tradições americanas, que incluíram a apresentação da bandeira dos EUA pelos U.S Marine Guards e um discurso à audiência dado pelo Embaixador dos EUA em Portugal.
Em anexo, podemos encontrar fotos deste evento.
REFLEXÕES FINAIS
O estágio realizado no OPA da Embaixada dos EUA em Lisboa foi de uma extrema importância para a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo do Mestrado em Ciência Politica e Relações Internacionais, área de especialização em Relações Internacionais.
Todo o trabalho desenvolvido durante os sete meses de estágio foi de uma riqueza e variedade extremamente importante para compreender um pouco das relações diplomáticas entre o Portugal e os EUA.
O facto de ter estagiado no OPA alargou os meus horizontes sobre as relações diplomáticas e acabou por ser um complemento importante da parte prática do Mestrado em Relações Internacionais.
Grande parte das minhas atividades, se não todas, foram atividades de dar a conhecer um pouco dos EUA ao público português. As bolsas de intercâmbio educacional Fulbright, ou a International Visitor Leadership Program, passando pela visita de navios norte-americanos pelos portos portugueses, como os Outreach Programs são programas desenhados para diferentes públicos-alvo, no entanto o objetivo é sempre o mesmo: tentar demonstrar o estilo de vida americano e dar a conhecê-lo, assim como consolidar as relações entre os Estados Unidos e Portugal.
Os Estados Unidos utilizam a chamado PD, forma de diplomacia utilizada pelo OPA, para tentar alcançar os tais públicos exteriores de forma a dar a conhecer a sua política externa assim como os seus valores.
A PD não é um termo novo, sendo utilizada na Primeira e Segunda Guerra Mundial como forma de persuadir e angariar o apoio do público nas Guerras.
A PD ganhou uma nova dimensão com a introdução das novas tecnologias de informação e onde uma variedade de atores não estatais, como organizações não-governamentais, comunica e participa de foram ativa com os públicos exteriores.
Assim sendo ela é composta por novos atores e redes, atuando num mundo global, onde é um dos instrumentos de política externa mais usado.
Após o 11 de Setembro de 2001, a América foi confrontada com o antiamericanismo, principalmente presente nos países muçulmanos, o que redirecionou a PD para a prioridade às populações muçulmanas de forma a combater o terrorismo e tentar melhorar a imagem que estas têm dos EUA, assim como buscar instrumentos que reduzam o apoio dessas comunidades ao radicalismo islâmico.
As duas partes do meu relatório de estágio estão ligadas intrinsecamente, uma vez que o departamento dentro da Embaixada que é responsável pela PD é, exatamente o OPA e por ser um tema de diplomacia pouco estudado, ainda despertou mais a minha atenção e interesse.
No presente relatório de estágio, explico o que é a PD e dou exemplos práticos de PD usados para, neste caso concreto, o público português.
O estágio por mim realizado na Embaixada dos EUA foi extremamente importante em vários sentidos. Primeiro porque pude pôr em prática e aprofundar as competências adquiridas durante o Mestrado em Relações Internacionais. Segundo, porque me expôs a uma realidade diferente de Portugal e pude conhecer em primeira mão, como seja a cultura e o modo de vida norte-americano.
Espero que, mais mestrandos em Ciência Politica e Relações Internacionais possam ter a experiência de estagiar na Embaixada dos EUA e acho que seria extremamente vantajoso, tanto para a FCSH como para a Embaixada, a criação de uma parceria de estágios, onde mais alunos pudessem experienciar e pôr em prática tudo o que se aprende na componente letiva do curso.
BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
I.
Figura 1. Alunos fazem uma visita guiada pelo USS Bataan.
Fonte: (Site da Embaixada dos EUA)
Figura 2.O porão do USS Battan, onde se encontram os caça-aviões.
Fonte: (Foto tirada pela própria durante a visita-guiada)
II.
Figura 3. Alunos participam na feira das universidades americanas.
Fonte: (Site da Fulbright)
III.
Figura 4. Seleção Nacional de Sub-18 dos Estados Unidos da América visitam a Associação “Moinho da Juventude”.
Fonte: (Site da Embaixada dos EUA)
IV.
Figura 5. Grupo de Voluntários da Embaixada dos EUA que participam na ação de voluntariado de limpeza da Mata de Monsanto.
Fonte: (Site de Facebook da Embaixada dos EUA)
Figura 6. Certificado de participação na Limpeza da Mata de Monsanto.
V.
Figura 7. Apresentação da bandeira dos EUA pelos U.S Marines.
Fonte: (Site da Embaixada dos EUA)
[pic]
Figura 8. O grupo musical touch n’go.
Fonte: (Site da Embaixada dos EUA)
[pic]
VI.
Figura 8. Certificado de Apreciação.
-----------------------
[1] Maria Regina Flor e Almeida. “A Diplomacia Pública”, Negócios Estrangeiros, N.º6, Dezembro 2003, p.63, consultado a 7 de Janeiro,2015,disponível em
[2]Joseph Nye, Jr. “Public Diplomacy and Soft Power”, The ANNALS of the American Academy of Political and Social Science, 2008, p. 96, consultado a 7 de Janeiro,2015, disponível em
[3] Joseph Nye, Jr.“Public Diplomacy and Soft Power.” The ANNALS of the American Academy of Political and Social Science, 2008 ,p. 97, consultado a 7 de Janeiro,2015, disponível em
[4] David Culbert. Information Control and Propaganda: records of the office of war information, p. XIII, consultado a 8 de Janeiro,2015,disponível em
[5] Idem, ibidem
[6] Walter Douglas e Jeanne Neal. Engaging The Muslim World:Public Diplomacy After 9/11 In The Arab Middle East,2013,p.17,consultado a 9 de Janeiro,2015, disponível em .
[7] “Finally, USIA was abolished in 1999 as part of a post-Cold War reorganization, with public diplomacy responsibilities folded into the Department of State.” Kennon Nakamura e Matthew Weed. U.S. Public Diplomacy: Background and Current Issues,2009,p.1, consultado a 9 de Fevereiro,2015,disponível em
[8] Kennon Nakamura e Matthew Weed. U.S. Public Diplomacy: Background and Current Issues,2009,p.1, consultado a 9 de Fevereiro,2015,disponível em
[9] Idem, ibidem
[10]Joseph Nye, Jr. “Public Diplomacy and Soft Power”, The ANNALS of the American Academy of Political and Social Science,2008,p. 99, consultado a 7 de Janeiro,2015, disponível em
[11] Jan Melissen. The New Public Diplomacy-Soft Power in International Relations,New York,2005, p.41, consultado a 15 de Janeiro,2015, disponível em
[12] Maria Regina Flor e Almeida. “A Diplomacia Pública”, Negócios Estrangeiros, N.º6, Dezembro 2003, p.64,consultado a 7 de Janeiro,2015,disponível em
[13] Idem, ibidem
[14] Kathy Fitzpatrick. “CDP Perspectives on Public Diplomacy”, U.S Public Diplomacy in a Post 9/11 World: From Messaging to Mutuality,2011, p.9, consultado a 18 de Janeiro,2015, disponível em
[15] Presidente George W. Bush no discurso à nação no dia 11 de Setembro de 2001. The American Presidency Project. George W. Bush: Address To The Nation On The Terrorist Attacks, consultado a 13 de Janeiro, 2015, disponível em
[16]Susan B Epstein. “CRS Report for Congress”, U.S. Public Diplomacy: Background and the 9/11 Comission Recommendations, 2004, p.12, consultado a 16 de Janeiro, disponível em .
[17] Peter Van Ham.“Real Instituto Elcano de Estudios Internacionales y Estratégicos”, Improving America’s Image After 9/11.2003,p.1, consultado a 12 de Janeiro, 2015, diponível .
[18]Susan B. Epstein. “CRS Report for Congress”, U.S. Public Diplomacy: Background and the 9/11 Comission Recommendations, 2004,p.12, consultado a 16 de Janeiro,2015, disponível em .
[19] American Corners são, normalmente salas que estão nos edifícios das faculdades ou escolas onde toda a comunidade escolar pode ir, para consultar livros, revistas, cd’s entre outros, sobre a história e cultura americana.
[20] Walter Douglas e Jeanne Neal. Engaging The Muslim World:Public Diplomacy After 9/11 In The Arab Middle East,2013,p.17,consultado a 9 de Janeiro,2015, disponível em .
[21] Idem, ibidem,p.18
[22] “Many have suffered serious human rights violations, including enforced disappearance and torture” Excerto do relatório da Amnestia Internacional sobre a prisão de Guantánamo. Amnesty International.USA: Close Guantánamo and end human rights hypocrisy, 2014, consultado a 17 de Fevereiro, 2015, disponível em
[23] Convenção de Viena, artigo 3
[24] “We are very proud to be partners with Portugal in the search for regional and global security in the post-cold war world.” Excerto do discurso feito pelo Secretário de Estado Norte-Americano Warren Chrispother, na cerimónia de celebração da assinatura do acordo, em 1995.
U.S Department of State. 95/06/01 Statements On US-Portuguese Cooperation And Defense, consultado a 17 de Fevereiro, 2015,disponível em
[25]Serviço de Imprensa e Cultura da Embaixada Americana. Ambassador Sherman’S Statement On The Results Of The EIC Process And Implications For U.S. Presence At Lajes Air Base, 2015, consultado a 5 de Fevereiro,2015,disponivel em
[26] Conclusões retiradas de um estudo Macro Económico de Impacto para Portugal do TTIP, encomendado pelo governo e como o apoio da FLAD e da Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa. No presente estudo pode ler-se: “ Basically, this means that for Portugal, immediate tariff elimination is more beneficial for Portugal than for the EU overall. Moreover, given that there are proportionately more gains for Portugal from tariff reductions than the EU as a whole, Portugal is likely to benefit earlier, and to a greater extent, from the initial stages of T-TIP implementation”
Joseph Francois e Miriam Manchin.Quantifying The Impact Of A Transatlantic Trade And Investment Partnership (T-TIP) Agreement On Portugal, 2014,p.61, consultado a 16 de Novembro, 2014,disponível em
[27] Rui Chancerelle de Machete.Sobre As Relações Portugal Estados Unidos (Lisboa: Fundação Luso-Americana, 2005),p.21
[28] Idem, ibidem.p.22
[29] Idem, ibidem.p.23
[30] Embassy of Portugal to the United States.Ambassador’s Greeting, consultado a 20 de Setembro,2014, disponível em
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