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Trecho do EDITORIAL: OS ÓRFÃOS DA IMPUNIDADE (Revista Veja, 06/05/2013, por Laura Diniz e Julia Carvalho)
O pagamento do “bolsa-bandido” explodiu nos últimos doze anos e chegou a quase 40.000 famílias; enquanto isso, uma geração de órfãos do crime cresce desassistida no Brasil.
Hoje, quase 40.000 presos brasileiros podem dormir tranquilos em sua cela com a certeza de que sua família está amparada pelo estado. Graças ao estímulo do governo federal, o número de criminosos que requereram e obtiveram o auxílio reclusão aumentou 550% de 2000 a 2012 — uma alta que se deu em um ritmo três vezes maior do que o da população carcerária. Entre os principais auxílios previdenciários, o chamado “bolsa-bandido” é o segundo que mais cresceu nos últimos anos, atrás apenas da ajuda para quem sofreu acidente de trabalho. A média de pagamento por família é de 730 reais mensais, acima do salário mínimo no país, de 678 reais. É correto que alguém que roubou ou matou tenha direito a um benefício desses? As pessoas que ficam desassistidas quando um parente mata alguém são tão vítimas quanto as que choram a perda de um pai de família num assalto? Mais: é sensato usar do mesmo grau de compaixão para com um menino de 19 anos morto na frente de casa por causa de um celular e um rapaz de 17 anos que atirou contra a sua cabeça mas “não sabia o que estava fazendo”? O debate sobre a violência no Brasil atingiu um grau de insensatez capaz de borrar a distinção entre criminosos e vítimas. Para ajudar a restabelecer essa fronteira, a reportagem de VEJA foi a cinco regiões do país ouvir as mais frágeis vítimas dessa situação: os órfãos do crime, crianças e adolescentes que perderam o pai, a mãe ou ambos nas mãos de criminosos.
Artigo: “Bolsa-bandido” e Dia das Mães (de TÂNIA REGINA DE MATOS, 10.05.2013)
1 A cadeia, agora, não é lugar apenas de quem “roubou” ou “matou”
A reportagem de capa de uma das revistas mais conhecidas no país dessa semana trata do auxílio reclusão, exibindo o título: Órfãos da Impunidade.
Bom, de cara percebe-se que as autoras desconhecem por completo a situação do sistema prisional brasileiro. Numa cela de mais ou menos cinco metros quadrados onde deveria ter 8 pessoas, e abriga em média 30, ninguém dorme, no máximo, cochila. O benefício não é concedido a quem ”roubou” ou “matou”, mas sim ao familiar de uma pessoa que cometeu qualquer fato típico e antijurídico e que possuía ao tempo da ação carteira assinada.
Pertinente lembrar que beber e dirigir agora são fato típico e antijurídico, mesmo quando não há danos a terceiros. Portanto, cadeia não é lugar apenas de quem “roubou” ou “matou”.
Outro aspecto relevante a ser discutido é o fato de que o governo tem o dever legal de custear todas as despesas do preso, mas não consegue cumprir com essa obrigação, em razão de ser o segundo maior país do mundo em superlotação, só perdendo para a nossa vizinha Bolívia, logo, essa despesa sobra para o familiar do custodiado.
Imagine-se um ativista defensor dos direitos da criança e do adolescente que, após ler o editorial e o artigo acima, decide dialogar com a Revista VEJA escrevendo uma carta do leitor. Nesta carta você deverá:
Se posicionar contra ou a favor à chamada “bolsa-bandido”, justificando sua opinião e fazendo referência aos dois textos;
Propor uma solução para a redução do problema da criminalidade no país.
Caxixi X caxirola: “A única diferença é que a caixirola pode ser usada para machucar”, diz Naná Vasconcelos
Eleito por oito vezes o melhor percussionista do mundo e ganhador de oito prêmios Grammys, o pernambucano Naná Vasconcelos é uma autoridade mundial quando se fala em percussão. Fui então perguntar o que ele achou da caxirola, o polêmico instrumento “criado” por Carlinhos Brown e chancelado pelo Ministério dos Esportes e pela Fifa como instrumento oficial das Copas das Confederações e do Mundo.
“Não tem diferença do caxixi. É um caxixi de plástico. Por isso, a sonoridade é um pouco mais estridente. Mas a única diferença que eu vejo é que a caixirola, por ser feita de um material mais duro, pode ser usada para machucar alguém”, disse o músico.
O percussionista considera a caxirola um despropósito. “É fora do contexto da nossa forma de se comportar em estádios de futebol. A gente celebra de uma maneira diferente”, disse. “Vão gastar um dinheiro danado com isso para imitar a vuvuzela da Copa passada. Mas a caxirola vai virar um objeto agressivo. A gente não precisa disso”, disse.
1 Caxirola - O pequeno instrumento é feito do chamado plástico verde, gerado a partir da borra da cana-de-açúcar. Distribuído pela multinacional The Marketing Store, a expectativa é que sejam produzidas até 100 milhões de unidades. Cada uma será vendida por R$29,90. No Mercado de São José, um caxixi, feito de palha trançada, sai por menos de R$10.
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4 Caxirola é proibida também na Copa do Mundo de 2014
As caxirolas não poderão ser usadas nos estádios da Copa das Confederações deste ano e na Copa do Mundo de 2014. A informação, segundo o Portal UOL, foi confirmada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. De acordo com a declaração do ministro, uma análise técnica demonstrou que o instrumento não é seguro.
A polêmica da caxirola surgiu logo após ser lançada, durante disputa de um clássico Bahia x Vitória, na nova Arena Fonte Nova, em Salvador, em 28 de abril. O descontentamento com a má atuação do time tricolor fez torcedores arremessarem o instrumento no gramado. A decisão de vetar a caxirola foi tomada em conjunto com o governo federal.
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Mitos e verdades sobre a Revolta da Caxirola (Franciel Cruz)
Peço licença aos senhores
Neste exato momento
Para narrar uma história
Sem nenhum comedimento
De um bizarro artefato
Feito pra enganar jumento (...)
O tal plágio aconteceu
Sem a menor cerimônia
Brown pegou um Caxixi
E dele fez uma babilônia
Para a todos confundir
Escanteando a parcimônia
Se os incautos não sabem
Direi com autoridade
O Caxixi é um símbolo
Divina ancestralidade
Era usado na África
Em rituais de verdade
Quem quiser se informar
Sobre o sagrado chocalho
Recomendo a leitura
De um minucioso trabalho
Que em 2011 foi escrito
Por Priscila Maria Gallo
A pesquisadora afirma
Com muita convicção
Que o Caxixi sempre foi
Objeto de tradição
E no Congo e em Angola
Servia à religião
Porém quando aqui chegou
Assim informa Maria
O referido Caxixi
Ganhou outra serventia
Incorporou-se ao berimbau
Tocado com maestria (...)
Também a impoluta Fifa
Entrou de vez na jogada
Querendo que os torcedores
Aplaudissem a cagada
Como o baiano num é besta
Disse não à patacoada
Aliás, NÃO na Bahia
É motivo pra empolgar
Basta recordar as lutas
De caráter popular
Assim vou pedir licença
Para poder derivar (...)
Além destas revoltas
Existiram outras mais
A Sabinada e Canudos
São exemplos colossais
E, na cidade de Cachoeira,
A Federação dos Guanais (...)
E a Revolta da Caxirola
Está nesta tradição
Sim, meninos, eu vi
O furor da multidão
De um povo que se recusa
A ser tratado como um cão
Inicialmente o protesto
Teve como alvo um cartola
E os atletas do Bahia
Que não sabem o que é bola
Por isso os torcedores
Mandaram catar caxirola
E tava bonito de ver
A inversão de papel
O jogador mercenário
Trabalhando como réu
Limpando todo o gramado
Foi uma vingança cruel
E foi também um repúdio
Aos que em nome da assepsia
Querem impor muitas regras
E acabar com a alegria
Domesticando a todos
Ai, meu Deus, que agonia!!!
A manifestação trouxe à tona
O que eles querem esconder
Baiano gosta de bola
Mas não gosta de sofrer
E ninguém vai determinar
Qual é seu jeito de torcer
E a moral desta história
Para quem ainda sonha
É reforçar aquele axioma
Que revolta num é vergonha
É apenas um antídoto
Contra os bichos de peçonha
Foi assim que o protesto
O pecado original
Virou-se contra a própria Fifa
Ganhou dimensão real
Pois pau que aqui nasce torto
Sempre vira berimbau
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Imagine-se como um redator chefe de uma revista voltada à cultura popular que decide escrever um editorial sobre a polêmica da caxirola. No seu texto, você deverá, necessariamente:
a) posicionar-se frente à criação da caxirola, levando em consideração as vuvuzelas da África do Sul e o caxixi;
b) explicar o acontecimento batizado de “A Revolta das Caxirolas” e como ele poderia indicar a opinião dos torcedores sobre esse novo instrumento.
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