Theses



UNIVERZITA PALACKÉHO V OLOMOUCI

FILOZOFICKÁ FAKULTA

Katedra romanistiky- portugalská sekce

Marcela Srogoňová

AS TRADIÇÕES EM TRÁS-OS-MONTES

Bakalářská diplomová práce

Vedoucí práce: Mgr. Petra Svobodová

OLOMOUC 2009

Prohlašuji, že jsem tuto diplomovou práci vypracoval samostatně na základě uvedených pramenů a literatury.

V Olomouci, dne 26. června 2009 podpis

Gostaría de agradecer a Mgr. Petra Svobodová pela direcção do meu trabalho, pelos seus concelhos e amável ajuda.

INTRODUÇÃO 6

1. CARNAVAL 10

1.1 As Origens…………………………………………………………...10

1.2. O Carnaval em Trás-os-Montes…………………………..................12

1.2.1 Lazarim –Deixadas e Compadres-...............................................12

1.2.2 A Morte e o Diabo em Vinhais....................................................14

1.2.3 A Festa dos Caretos em Podence.................................................15

1.2.4 Chaves – O Contacto Cultural com Galiza-...............................................17

2. A PÁSCOA 18

2.1 As Origens.......................................................................................... 19

2.2 A Páscoa em Trás-os-Montes..............................................................20

3. O AMADURAÇAMENTO E A COLHEITA 22

3.1 O Verão nas Montes -Os Colóquios-....................................................23

3.1.1 Os Padroeiros……………………………………………............26

3.2 O Fim do Ano Agrícolo........................................................................27

3.2.1 As Vindimas.................................................................................28

3.2.2 A Feira do Fumeiro.....................................................................29

3.3 São Martinho, Magusto, a Festa de Castanha.......................................30

4. O DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS. O DIA DE TODOS OS

SANTOS. 32

4.1 As Origens............................................................................................32

4.2 Os Espíritos no Norte - Festa de Cabra e Canhoto-.............................33

5. O NATAL 34

5.1 As Origens............................................................................................34

5.2 O Natal na Terra Trasmontana.............................................................36

5.2.1 A Festa de Santo Estevão............................................................37

5.2.2 A Festa dos Rapazes....................................................................38

5.2.3 As Fogueiras do Natal.................................................................39

5.3. O Cantar dos Reis, as Janeiras............................................................40

5.4 O fim do ano........................................................................................41

CONCLUSÃO 42

Lista de Anexos 45

Resumé no checo 53

Resumé em inglés 53

Anotação 54

Bibliografia 55

INTRODUÇÃO

Entre os patrimónios culturais de todo o mundo encontram-se junto com os vestígios arquitectónicos, naturais etc., os costumes do povo. A sua importância não se pode omitir. Manifestam a criatividade da produção de povo, representadas nas suas crenças, esperanças e a sua noção do mundo. São as tradições que ao longo dos anos juntam as pessoas em certa sociedade entre si, com o natural e o divino, fazendo do homem uma parte de tudo. As tradições percorrem ao longo do ano da forma circular tal como a existência humana.

Na realidade ibérica, a cultura era influenciada pelos povos como Fenícios, Visigodos, Celtas, Romanos, posteriormente pela sociedade católica (com restos da tradição judaica). O resultado é uma supraposição ou sincretismo de três aspectos principais.

Antes de mais é a alteração das estações do ano que são ligadas aos acontecimentos agrários. Podemos chamar este aspecto o ciclo natural. O mais importante nesse conceito é a produção agrícola e a criação do gado. O povo observa nos manifestos naturais para obter a melhor colheita, e assim as tradições reflectam as fases diferentes dos fenómenos naturais.

Depois os que são associados aos ritos ánticos e celtas, ou seja a época pré-cristã, profã, onde os deuses representavam objectos naturais importantes. A importância do primeiro conceito fica, mas já a natureza é presentada e controlada pelas creenças profãs. A gente recorre aos deuses pedindo a ajuda e a alteração do tempo, para, outra vez, assegurar bom resultado do seu trabalho.

E por fim, a mais nova, a tradição cristã com a qual o povo centra-se na vida espiritual, celebra-se o nascimento ou paixão do Cristo antecipadas pela época de jejum (não os fenómenos naturais como o solstício ou equinócio, que perdem a sua importância). Assim romperam os ciclos baseados e vivem pararelamente com os outros.

Na investigação do aspecto das festas é o conceito de tempo importante. As tradições são manifestações do povo que se repetem anualmente, alguns nas datas fixas, outras nas datas variáveis. A supraposição dos costumes traz comsigo também a supraposição de diferentes calendários devido às suas origens. Assim ocorre, que alguns costumes acontecem nas mesmas datas cada ano, o que facilita a sua sintese, ou ocorrem em datas diferentes mantendo o sua razão primordial.

O ciclo vital usava para orientar-se nos lavores os movimentos astrais, como primeiro a Lua, surgido assim o calendário lunar. É baseado na observação das fases da Lua, que se podem perceber com mais facilidade. O ciclo divide-se em quartos. E assim se cria semana de sete dias.

Porém as culturas mais desenvolvidas que são mais ligadas à produção agrícola precisam duma divisão do tempo mais exacta. A seguir surgio o calendário solar. A base do ano solar é o ano trópico, o período da circulação do Sol em volta da Terra. O ano divide-se em quatro estações, seguindo o solstício e o equinócio. O começo de dia é o brilho e cada quarto ano era o ano de transição, no qual se adicionava um dia a mais. O calendário puramente solar não é muito práctico. Por isso combina-se com o lunar, fundando assim o calendário lunisolar. O ano coincide com o ano trópico dividido em meses quais coincidem com as fases da Lua. Para compensar a diferença entre o ano solar e lunar, sobram 11.5 dias. Por isso forma-se o mês transitório cada terceiro ano. O ano da transição tem treze meses. Antigamente, este mês se introduzia seguindo o amaduracimento de trigo e assim esta divisão podemos ligar com o segundo aspecto.

E por fim a divisão do tempo convencional, como a conhecemos hoje, desde o ano 1582, quando foi codificado o calendário gregoriano que ainda hoje seguimos a usar.[1] Antes era o calendário juliano tal como o conhecem os cristianos ortodoxos. Ambos são estabelecidos matemáticamente ( o começo de ano é fixo).

Escolhi a região de Trás-os-Montes como o objecto da minha análise dos costumes. Trás-os-Montes estende-se na área montanhosa interior, à margem de Portugal. A região é delimitada pelo rio Douro e a ocidente pelos concelhos de Mogadouro e Vimioso. Contacta a norte com o antigo reino leonês e a sul com concelho de Mogadouro[2]. Graças à sua posição até agora a cultura trasmontanha é exposta à influência de outras culturas, nomeadamente a galega, a espanhola ou mais concretamente a de Leão, e a portuguesa. Este facto revela-se mais evidentemente nos Pauliteiros, danças populares da região, acompanhadas pela música cantada nas três línguas –português, espanhol, mirandês. A geografia estabeleceu uma comunidade etnográfica específica ligada à comunidade pastoril, na qual as tradições profãs mantêm a sua importância e vida até os nossos dias.

Depois do conhecimento da dança dos pauliteiros e os caretos da região de Trás-os-Montes como a língua mirandesa durante a minha estadia na Universidade do Porto, Infelizmente não tive a ocasião de participar nas festas pessoalmente. Orientei-me com a agradável ajuda do professor João Manuel Pires da Silva e Almeida Veloso, que se dedicava na questão da língua mirandesa, e com a ajuda dos cidadãos, Maria Campo, autora dos artigos dedicados à cultura trasmontana[3], e Sara Raposo, filha do Dr. Domingos Raposo, professor de Língua Mirandesa.[4] Como não existem muitos livros que retratam as costumes dessa região, tive que recorrer às fontes na net, esolhi com preferência os jurnais ou obras citadas pouco acessíveis.

Como a região trasmontana me parecia diferente do resto de Portugal e queria descobrir se as celebrações dessa parte de Portugal são mesmo auténticos ou não e investigar a situação actual na mesma região. Outro dos fins do estudo vai ser a análise dessas manifestações desenvolvidas anteriormente para procurar aqueles três traços culturais, mencionados no início do capítulo. Podemo-nos orientar através a simbologia e história, da evolução das celebrações, de ponto de vista diacrônico, mas também de ponto de vista sincrônico, descobrendo em que datas são celebradas actualmente, porque, relativamente à estes três aspectos culturais, vemos certo paralelismo também no conceito do tempo. Pelo que na investigação vamos observar também a posição das festas e a sua proximidade respetivamente às outras.

Centramo-nos agora mais detalhadamente nas datas mais importantes das tradições ao longo do ano na região nordestina. Observamos o seu transcurso, quando ocorrem, elementos que podiamos encontrar nelas, trajes usados, se é presente alguma comida típica relacionada só com a tradição estudada, e assim tentar buscar os vestígios que poderão responder às nossas perguntas.

1. O CARNAVAL

O Carnaval é sem dúvidas o intérvalo entre a vida da Primavera e a morte do Inverno. A data na qual se celebra é cada ano diferente, porque é ligada à Páscoa, realizada conforme ao calendário lunar. A data do Carnaval é estabelecida antes da Quarta de Cinzas, festa cristã que da o començo de quarenta dias de jejum, que servem como preparação espiritual para a Páscoa. O povo despede-se da alegria, comida e bebida para um tempo longo de quaresma. Mas a celebração do Carnaval existia já antes da chegada da fé cristã, estudamos, como primeiro, esta época do surgimento, o transcurso da festa e as suas razões para podermos compará-los com a tradição actual em Trás-os-Montes.

1.1 As Origens

As raízes do Carnaval podemos encontrar já nos tempos de mihlares de anos antes, em culturas de diferentes filosofias, relações com a Terra e o mundo de alêm. Em muitos motivos podemos encontrar até os vestígios do período pré-histórico, mundo antigo, dos jogos medievais. Em geral também a invocação da vida, da primavera, a celebração do ciclo vital. Mandar a vir boa colheita, fertilidade. Evocar a prosperidade com bom humor e riso.

Na época da Grecia e Roma antigas, os deuses e os seus símbolos dos mitos eram personificações de diferentes temas. Nesta época eram sobretudo os deuses ligados à vegetação e prosperidade. O mais importante era o Bacchus, deus romano da colheita, papança e alegria. Deus da vida e morte. Esta figura era a transformação do deus grego, Dionisio, sempre presente nas festas do Carnaval por exemplo no Brasil. Na cultura romana eram as festas do novo ano.

Na Grecia, igualmente como hoje, a celebraçaõ não abrangia só um dia. Eram três dias nas quais se faziam vários rituais. Os rituais eram unidos tanto à vida dos mortos, que voltavam para as suas casas, como à dos vivos (parecido ao novo ano celta), à prosperidade e começo da vida. O primeiro dia, Pythoigia, abriam-se as pipas, como símbolo da abertura do submundo e a chegada dos espíritos. O segundo dia, Choes, no

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que as pessoas mascaradas passavam pela cidade em acompanhamento de música, canto e dança. Acabavam com competições bebadeiras com o sacrifício de vinho às almas mortas. O último, terceiro dia, Chytroi, fazia-se entrega através de deus Hermes, para o cortejo até o submundo. Entregava-se o vinho, frutas e trigo cozido em recipentes do barro.[5]

Na Roma, celebravam no dia 21. de Fevereiro Feralia, festa dos mortos, como o colmo da época de Dies parentales, celebrada desde o dia 13., nas que sacrificavam comida, flores, um pouco de sal ao mortos, e practicava-se magia.[6] Esta estimação dos mortos neste tempo era primordial na Roma antiga antes da helenização e surgimento das bacchanalias, quando a atenção obteve a consumação e celebração do novo ano. [7]

Nos tempos posteriores, com a chegada do cristianismo, mudaram-se os conceitos ideológicos. A ligação com o reviver da natureza ficou. Na idade medieval, numa sociedade cheia de regras e asquetismo, tranformou-se o carnaval numa ventilação. A festa sem limites manteve-se o traço da alegria, liberdade do moral, consumo da época anterior, com a nova ideología da despedida com a vida e prazeres terrestres para concentar-se no espiritual culinando na época pascoal. No transurso ficou da época pagã a figura de Bacchus e cortejo. No séc. II. e III., cristãos leais, Aristides e Filostrasos descreveram os cortejos barrulhentos em Smyrna, de carros com a figura de Bacchus vestido como um monje. No ano 1133 o monje Rudolfo também escreve sobre o carro encarregado de máscaras acompanhado com música, na sua Crónica in. St. Trond. Mesmo as autoridades ficaram escandalizados, não foram feitas nenhumas opressões contra estas manifestações profanas do povo.[8] Devido a esses factos podemos concluir que a idade medieval era uma unificação de vários traços culturais, dos pré-ctistãs como cortejo, Bacchus e consumação, danças, mas já não como culto aos deuses romanos, e dos cristãs como a ideia da preparação para quaresma, vestido do monje.

Hoje em dia prevalece este conceito do Carnaval também em Portugal. A situação na região nordestina vamos investigar no capítulo seguinte.

1.2 O Carnaval em Trás-os-Montes

Na região trasmontanha quase cada aldeia mantem as suas particularidades. As cidades onde esta individualidade é mais evidente são Lazarim, Vinhais, Podence, Chaves, Tourém. O Carnaval em Podence é chamado também como Festa dos Caretos e é o com a maior publicidade. A festa em Lazarim é íntima e o mais importante é a rivalidade entre rapazes e raparigas desta terra. Em Tourém, é a rivalidade entre a povoação entre as duas margens do rio. Vinhais celebra o entrudo com as figuras da Morte e de diabos. Chaves desloca-se para celebrar o Entrudo à Galiza, onde encontramos os mesmos símbolos. Se são estas festas mesmo sem par ou contêm mais traços em comum, prevalece o pagã ou o cristianismo, vamos observar nas descrições ao seguir.

1.2.1 Lazarim –Deixadas e Compadres-

O ponto mais importante da celebração nessa cidade é a leitura pública das chamadas deixadas. São testamentos que dividem um burro imaginário, com carácter pândego que se imagina, pelos rapazes e as raparigas na aldeia. Estes escritos em verso preparam as raparigas e os rapazes solteiros em segredo. O burro tem a simbología antinômica, tanto positiva como negativa, uma deles é a da desvergonha[9]. E é mesmo assim, qual grupo descobre mais obscenidade, obtem maior parte do burro. Os jovens preparam também figuras antropomorfas, comadre e compadre. São dois bonifrates, bonecos de engonços, carregados de pólvora. Os testamentos são ouvidos pelos disfarçados. Um represantante de cada sexo le os textos em público. O que predomina nesta festa é o discurso e a brincadeira. Falam dos defeitos encontrados nos rapazes e raparigas desta aldeia. O exemplo dos testamenos é este troço do Testamento da Comadre do ano 2000, lido por uma rapaz à rapariga:

Olá queridas comadres

Olá grandes feiticeiras

Cá estamos mais uma vez

Para vos tirar as peneiras.

Sois todas umas cadelas

Quase me matais de fome

Senão tivesse vergonha

Tratava-vos por outro nome.

Tende cuidado com o burro

Que ele é abonado

Se a dele não chegar

Tendes aqui mais um bocado

Hoje em dia as raparigas

São de lhe tirar o chapéu

Se lhes tirarmos os trapos

Ficam com os podres ao léu

Olá menina Márcia

Condutora de fim de semana

Não sei qual foi a ideia

Da tatuagem na mama

Já estou farto desta merda

Só me apetece dar um grito

Sois todas umas corrumbeiras

Ide todas levar no pito.[10]

E ao fim se efectua a avisada queima dos compadres. Esta queima põe o ponto final na celebração. A rivalidade entre rapazes e raparigas, que caracteriza os testamentos, termina.

A festa continua com o desfile de Caretos, vestidos de máscaras, a parte na face de madeira, de diferente simbología, mas não com tanta importância como em Proence. Estes disfarzam de modo diferente, cada traje é original, o em común é a máscara de madeira que cobre a face, é mais dominante e não é pintada em comparação dos Caretos em Podence (veja a foto 1. no anexo). Depois o cortejo segue o concurso de máscaras, que são feitas de madeira pelos artesãos locais que se dedicam quase exclusivamente nessa arte. [11] A tradição dos testamentos está viva até oje, e atrai os turistas, mas não atinge tanta atenção como o Carnaval de Proence.

1.2.2 A Morte e o Diabo em Vinhais

Antigamente em Vinhais as raparigas não se atreviam a sair da casa à rua. Assim temiam a acção dos diabos. Este ritual de punição sem límites e correrias pela aldeia está a ficar em desuso e esquecido. Actualmente actuam nela apenas não mais do que uma dezena de pessoas mascaradas e é mais moderado.

Na terça-feira sai à rua a Morte e o Diabo, figurantes disfarçados, pelos que as raparigas jovens ficam «cautivadas» nas casas todo o dia. Só quando um dos figurantes as consegue arrancar e levar. Figurantes da Morte vestem fato de macaco. Desenham em branco o esqueleto pela frente e de trás. A cabeça tapam com máscaras em forma de caveira. Levam a gadanha e vão em companhia de três ou quatro diabos. Estes vestem macaco vermelho com capuz (veja a foto 2. no anexo) . Empunham um cordel com que batem as pessoas que encontram pelo caminho. O objectivo principal é levar as raparigas das suas casas. Se encontram pelo caminho a algum cidadão, obrigam-no a ajoelhar e beijar a gadanha.

Na quarta-feira de Cinzas, um grupo de rapazes põe traje vermelho com máscara e perseguem as pessoas pela rua, com preferença, as mulheres.[12]

Nesta tradição se pode observar a mesma rivalidade entre os sexos como em Lazarim como só os rapazes se disfarçam. Por outro lado encontramos também a oposição entre o bem e o mal, presentado na castigação das raparigas, como as descendentes da Eva, as mais culpáveis.

Abade de Baçal nas suas Memórias Arqueológico-Históricas e Padre Firmino Martins no seu livro Folklore do Concelho de Vinhais dizem que estas actitudes castigadoras são relacionadas com Festas Luperciais[13]. As festas eram celebradas no dia 15 de Fevereiro pelos Sacerdotes de Pan. Despidos tapando as partes genitais com uma tira de pele recentemente imolada e tinta de sangue percorriam as ruas. Batiam as mulheres encontradas com chicote, para as fecundarem com as pancadas. [14]

1.2.3 A Festa dos Caretos em Podence

O Carnaval mais conhecido da região de Trás-os-Montes é sem dúvida a Festa dos Caretos em Podence. Junto com Festa de são Estevão, Festats dos Cretos , Festas dos Velhos e Festas do Chocalheiro pertence às chamadas festas de Janeiro. Estas festas ocorrem desde Dezembro até o Carnaval. Tem em común o fato usado na celebração e ser efectuadas pelos rapazes, preferívelmente solteiros. Algumas variam só no nome, mas podiamos dizer que se trata de dois grupos gerais. As festas ocorridas na época carnavelesca e as de Dezembro, tratados no capítulo final. As festas dos Caretos na época do Carnaval são menos ligadas às celebrações cristãs, como a participação na missa, e reflectam mais a renascença da natureza e a fertilização. Como podemos ver na sua práctica em Podence.

Na madrugada, os rapazes solteiros juntam-se para começar a bulha. Mascaram-se com fatos de troços de lã de diferentes cores, geralmente prevalece a cor amarela, vermelha, preto e verde. No fato pendem-se bexigas e chocalhos. Os chocalhos pendem-se também na parte de trás, ao fim da coluna vertebral, imitando a cauda. O fato cobre todo o corpo, incluindo a cabeça, com excepção da face. A face cobre a máscara feita de cobre ou madeira. Representam diferentes figuras fantásticas, como os diabos mas também as reais, sobretudo os animais. Na mão tem as bandoleiras (veja a foto 3. no anexo).

O fato com a máscara oculta a identidade do rapaz. Ele torna-se nesse dia o careto. Com as forças e propriedades da figura da sua máscara, com atenção mantida pelas cores e chocalhos, anuncia a chegada da primavera, a forma do fato simula, com maior probabilidade, a figura pré-histórica de demónico, ave de fertilidade, que distrubui a fecundidade. Os pequenos miúdos andam atrás deles, disfarçam-se e imitam-nos. São os chamados «facanitos».

Os dias mais importantes para a festa são o Domingo Gordo e a Terça-feira de Carnaval.

Os jovens unidos percorrem a aldeia fazendo roque. As principais víctimas são as raparigas. «Chocalham-nas», quer dizer que se encostam sobre elas e apalpam-nas, simulando a cópula como a simbología da fecundação. Trata-se da mágia da simulação. Roubam-lhes as peças de vestuário, adornos. Outras víctimas são os donos das bodegas. Os rapazes entram e roubam a comida, vinho. Ao passar pela aldeia cantam versos, às vezes com letra de crítica social, ou recitam comédias caricaturescas. Chamam as coisas pelo nome e da crítica não escapam os casos da infidelidade conjugal. As descrições são pormenorizadas e contadas com gestos expressivos.

Antigamente eram estas tropelias eram mais loucas. Um dos caretos com oitenta anos diz que « os Caretos agora são mais meiguinhos, antigamente puxávamo-lhes (às raparigas) pelas barbas»[15] As raparigas saiam a rua , como o castigo era brava. Entravam até nas casas em procura das raparigas escondidas. Não os parava nem a porta fechada, partiam o vidro da janela e entravam. Também se fazia a chuva das cinzas e de outros objectos. Podia ser um símbolo da terra vegetal, a mistura da toda matéria. Entre estas tradições esquecidas pertencia a chicotada com a pele de coelho e bexiga do porco e banho de formigas bravas. Os Caretos recolhiam as formigas em sacos, dos campos próximos já meses antes do Entrudo.[16] Hoje em dia trata-se dum divertimento, duma ocasião para esquecer as regras tornar-se em qualquer que quisesse e saborear a liberdade.

1.2.4 Chaves – O Contacto Cultural com Galiza-

O contacto entre a Galiza e os Trás-os-Montes mantém-se importante ao longo da história. Nomeadamente as relações entre Chaves e Verin eram sempre estreitas até algumas festas são celebradas em conjunto. Fala-se duma invasão ao Lázaro de Verim.

O que é interessante em Chaves, é que não tem a tradição de Entrudo. A gente desloca-se a Verin, na Galiza para celebrá-lo. Apesar da proibição da festa por Franco as figuras principais mantiveram-se até os nossos tempos, os mascarados, Cigarróns chamados também de Peliqueiros ou Boteiros, figuras parecidas aos Caretos. [17]

Os Cigarróns provêm provavelmente da idade média e podem ser encontrados só em algumas cidades galegas (Veja o mapa 3. em anexo). Os Peliqueiros vão pelas ruas perseguindo a gente. Não podem falar. Não os podem tocar. O seu fato consiste em camisa, gravata, chaqueta de seda, calções com babados. Na cara têm máscara de madeira, Trazem chapéu com a placa de madeira decorada.Os babados das meias levam campainhas. Os chocalhos penduram no cinto e na mão têm bengala[18](veja as fotos 4. e 5. no anexo).

Existem várias teorias da origem dos Cigarróns, desde as saturnalias romanas, até os celtas. A que difere os Caretos e os Cigarróns e a de Taboada Chivite, o etnógrafo local quem pensa que os Cigarróns interpretavam uma caricatura dos cobradores de impostos dos condes do castelo que dominava na área.[19] Mas é evidente que nos encontramos antes uma figura parecida na sua simbologia com os Caretos. Os chocalhos, máscara de madeira, simbologia de animais, a maçada à gente. Por isso alguma conecção com os Caretos não se pode negar. Mesmo o contacto entre os galegos e os trasmontanos foi prestadia para o seu surgimento. Sendo assim podemos verificar o contacto entre essas duas culturas e a sua influência.

2. A PÁSCOA

A celebração da ressurreição do Cristo é a mais importante para o mundo cristão. Os crentes relembram os mistérios ocorridos na Terra santa. Acabada a quaresma, a gente centra-se numa semana, vivendo esses acontecimentos com o Cristo com o maior respeito, desembocando no sábado. A celebração da Páscoa já começa com o domingo anterior, o Domingo dos Ramos. Relembra-se a entrada do Jesus a Jerusalem. Na quinta-feira é o estabelecimento da eucaristia e começam os três dias dos mistérios, do martírio e da ressureição. A Páscoa no conceito cristã continua cinquenta dias depois da reissureição do Cristo até a chagada do Espírito Santo. A época da Semana Santa quase coincide com o equinócio da Primavera, porque o Santo Domingo é marcado na primeira semana depois do equinócio. Também se deve à proveniência hebrea, basea-se no calendário lunar, assim a data da festa é móvel. A fe cristã está estreitamente ligada à tradição hebraica. Como o mesmo Cristo era hebreu, e foi a Jerusalem celebrar uma das maiores festas hébreas, Pessach (veja o capítulo 2.1), e morreu no seo início. Além do sincretismo hebreio-cristã, mantiveram-se ainda alguns rasgos pagãos quer da Palestina quer da Roma ou da cultura celta nesta festa maior do mundo cristã? Pesquisamos varios traços culturais dessa celebração ao seguir.

2.1 As Origens

Como já antecipamos, a época da Páscoa é próxima ao equinócio da Primavera. Os Celtas provêm de diferente clima como é em Portugal. Para eles este data era o reinício do ciclo vital. No dia 21. 3. celebrava-se Alban Eiler, «o sol da terra», o primeiro dia da Primavera. Os celtas deificavam as relações entre as existências notáveis de arredor, quer dizer o céu, a terra, o sol, a lua. Nesse dia o sol e a noite estão em equilíbrio. Com cada dia o poder do Sol cresce e traz a nova energia. Os celtas costumavam pintar os ovos com a cor vermelha como o símbolo do Sol, e começavam a plantar várias espécies. Celebravam a fecundidade da Terra.[20]

Entre os dias de 14 e 21 no mês Nissan (começa em março e acaba no meio de abril), os judeus celebram a sua libertação sob a escravidão egíptica, Péssach. O própio nome significa a passagem.[21] Cada ano celebram esta passagem para memorização da libertação sob a escravidão no Egipto. Na última das pragas morreu todo o primogénito masculino. Para proteger o seu povo, Deus mandou aos júdeus pintar as portas com a sangue do cabrito, assim o anjo da morte não passou pelas suas casas. Os vestígios podem ser encontradas até oje na consumação do cabrito, também na região trasmontana.

A simbología da passagem passou também ao conceito cristã. A passagem da vassalagem do pecado à liberdade da nova vida. Os cristãos creêm que o filho de Deus foi sacrificado para «pagar» os seus pecados. No início a data na que celebramos a Páscoa não estava sempre a mesma, passava-se nos diferentes domingos de nissan. Esta questão tentavam resolver diferentes concílios, mas até o século XXI. não se resolveu definitivamente.

2.2 A Páscoa em Trás-os-Montes

A celebração da Páscoa na região de Trás-os-Montes não difere muito da do resto do norte de Portugal, o folar e o compasso têm lugar também aqui. É verdade que os actos são de razão cristã, mas certos elementos usados nas celebrações têm o seu significado não cristão, como as flores, consumação do cabrito, as chamadas enganchas, jogos do cântaro ou a queima de Judas. Examinamos estes rasgos, a sua simbología e o seu uso no transcurso.

O povo também chama a Páscoa como a Festa das Flores. As flores estão presentes não só no Domingo dos Ramos, à paralela ao acolhamento do Jesus ao chegar à Jerusalem, mas também ao longo da Semana Santa. Os cidadãos tapetam as ruas e as suas janelas com flores como o símbolo da ressureição, da nova vida.[22] E na missa são bençoadas. Na víspera, na noite do sábado até o Santo Domingo, essas flores queimam-se e o fogo bençoa-se e dele acendem-se as velas, sobretudo pascal, com alfa e omega, como símbolo de Deus. A cinza das flores é mesmo aquela que se usa na quinta-feira das Cinzas.

O símbolo do Jesús e da Páscoa é o cabrito. A procura da sua origem encontramos a paralela com a sangue do cabrito na última ferrida do Egipto. Mas se procuramos mais, descubrimos que este animal já tinha muita importância na sacrificação aos deuses profanos em Palestina.[23] Ainda hoje sobrevivem estas noções. Na Páscoa as famílias juntam-se para comer cabrito assado, que na região nordestina chegou a ser um arte culinário, junto com a consumação doutras crias como borrego. Outro significado do cabrito é a sua associação com o Cristo, que foi também sacrificado, como a oferenda mais perfeita e digna. O cabrito é por um lado símbolo metafórico do Cristo, mas por outro lado da fertilidade, e o animal masi usado nos sacrifícios profãos, provávelmente ligados à primavera em relação com o culto da Sol[24], no que podemos ver a ambivalência entre os dois aspectos culturais.

Na Páscoa são presentes muitos cerimomiais religiosos. Mas um deles é de carácter alimentar –Folar-. A palavra procede seguinte Moares da palavra flado, que significa o bolo de mel ou seguinte Faria e Lacerda de poularde. Definem o folar como um bolo de forma de franguinho sem plumas com ovo. Actualmente não é comúm encontrar um folar com motivo de galhinho inserido. [25]No Nordeste, o folar é um bolo redondo, de massa dura de farinha, ovos, leite, manteiga e azeite, com troços de carne de vitela, frango, coelho, porco, depois troços de presunto e salpicão e graças à gordura não fica tão seco, pelo que é considerado especial.[26]

O outro cerimonial é enlançado á carácter religioso –Compasso. O padre em companhia de alguns parroquianos levam a cruz, campainha e caldeirinha e entram nas casas onde se reune a familia. Juntam-se na sala principal em redor da mesa coberta com toalha de linho rendada e adornada com crucifixo, flores e comida. O grupo do compasso passa por toda a cidade a bençoar as moradias.[27] Fecham assim o círculo que protege ante o mal. [28]

Depois de longo tempo de jejum, o povo já se podia divertir. Uma das brigas da Páscoa era o enganchar ou aconchavar.. Constava numa aposta, normalmente entre duas crianças, que se fazia pela ligação dos mindinhos, e aquele que primeiro no dia da Páscoa mandesse a rezar ao outro recebia um folar, que era de costume um ovo cozido.

«Aconchavar, aconchavar / até ao dia do folar / em que te mandarei rezar»[29]

Depois da aposta as crianças evitam encontrar-se. O ponto final é o domingo de Páscoa. Se uma vê a outra diz «reza» e assim ganha o folar. Este costume já está em desuso.[30]

Antigamente também as raparigas juntavam-se para o jogo de cântaro. Andavam e cantavam pelas ruas e lançavam um cântaro de barro, uns para outros. Nalgumas aldeias participavam também os rapazes, e a quem caiu obteve uma letra da palavra Burro e quem o completar primeiro, perde o jogo. Em Águas Frias, as mulheres corriam com cântaro cheio de água, e quem chegou primeiro à meta com cântaro intacto, ganhou. Este jogo ainda está em uso em várias partes de Portugal. Mas noutras zonas está presente como em Ponte de Lima durante o Entrudo, ou modificado nos jogos durante o são Pedro em Águas Frias.[31]

Entre outras tradições que encontramos durante a época da Páscoa é a queima do Judas. A data do acontecimento difere nalgumas aldeias. Ocorre na Quarta-feira das Cinzas ou no sábado da Páscoa. Os jovens preparam boneco de trapo e pendem-no na coluna ou na forca. Esta figura representa o Judas. Depois de lêr o testamento é condenado e queimado . A queima é acompanhada com som dos tambores, gaitas, gritos e palmas. Algumas aldeias não o queimam mas o enterram. Trata-se duma brincadeira entre os rapazes e raparigas. Um rapaz pode representar a viúva de Judas durante o defunto e cremação[32](veja a foto 6. no anexo).

3. O AMADURAÇAMENTO E A COLHEITA

Para uma sociedade com alta importância da agricultura e da criação o tempo mais importante é certamente o tempo de tornar-se maduro o fruto de todo o esforço, e as festas dos santos padroeiros para protegerem os productos da terra. Este tempo abrange quase meio de ano e desemboca em uma celebração e adoração da Terra e de Deus, na Vindima, São Martinho, Magusto e festas de diferentes productos como a Festa de Castanha, ou a Festa do Fumeiro.

3.1 O Verão nas Montes -Os Colóquios-

No dia do solstício do Verão estamos numa data crítica para a produção agrária, ja está plantado, agora tudo depende do tempo e este está fora dos poderes humanos. É uma espécie do tempo intermédio. O povo recupera as forças para o trabalho que está à sua espera no Outono.

Os celtas costumavam celebrar este período importante sobretudo o dia do solstício do Verão, o dia quando o Sol está no seu apogueu, as ervas têm mais poder, e também celebravam-se os casamento.[33] Ainda hoje encontram-se os aderentes do movimento pagã do povo Ibérico em Chãs para celebrar e reavivar a herença céltica.

No mesmo dia, 21 de Junho começa a época de celebrações dos Santos regionais e da colheita. Os padroeiros de cada aldeia ou região têm como fim abendiçoar a safra. Organizam-se as feiras com a produção artesanal local e ocorre a capa de honras, os colóquios, celebrações para que se faz uma epécie do palco, onde há representações, como de ranchos folclóricos, sobretudo as dos pauliteiros, dança típica transmontana.

O que tornou famosa a Terra-da-Miranda é a dança dos Pauliteiros. Podemos encontrá-la ao longo da fronteira com Espanha, tanto na região como também na Espanha onde é conhecida como Danza de los palos.[34]

A origem desta dança é desconhecida. Existem várias teorias. Diversos investigadores têm situado as danças dos paulitos na dança pyrrhiaca, uma dança guerreira por excelência, inspirada na falange helénica, de ensino obrigatório na Macedônia, que chegou a toda a Grécia. Na dança pyrrhiaca, os dançantes, com armas e escudos de pau, simulavam o ataque a a defesa na batalha, usavam túnicas vermelhas, cinturões guarnecidos de aço e os capacetes dos músicos eram emplumados. Os bailadores colocavam-se em duas filas e dançavam ao som de flauta.[35]Esta dança foi divulgada pelos romanos, na maioria dos seus domínios ocidentais, com o nome da dança das espadas, dos quais fala o historiador romano Plínio no século I[36].

Também podia tratar-se duma dança da fertilidade como as outras danças desta região. Como os povos autóctonos, conservavam-nos nas festas de fertilidade, com fim da celebração da recolha e dos dias de solstício do Verão e Inverno. Como outras danças que provêm da idade profana- La Dança de la Biêlha em Vila Chã, São Pedro e, a palavra Biêlha significa o dia último do ano. Depois é a Dança de l Carocho em Constantim. São danças dum carácter ritual, repetido ao fim e ao començo do ano, no caso dos pauliteiros trata-se dos dois solstícios como são os dias extremos por a posição do Sol. Podem encontrar-se pelo norte de Portugal mas na Terra-da-Miranda ainda mantêm vitalidade.[37] Por estas razões encaixamos os pauliteiros nas celebrações do Verão.

Hoje em dia, as danças dos pauliteiros não são uma verdadeira dança de armas, porque a espada para esta dança foi substituída por um pau rijo, dali o nome, e que tem o objectivo essencial de servir aos dançantes para obter a ligação e, assim, produzir a cadeia.

A verdade é que oje em dia os pauliteiros concorre aos momentos importantes locais, e aparecem também noutros sítios como a representação da cultura nordestina e atracção turística.

A dança própria é acompanhada com os sons da gaita-de-foles, caixa e bombo, tocados pelos três tocadores músicos. O grupo formam oito dançadores, dos quais os quatro são guias e os outros quatro piões, e um dançador suplente. Os trajes diferem seguindo a característica da festa. Nas festas religiosas põem os trajes de calças. Nas outras o traje de saias. Vestem a camisa de linho, colete, botas de cabedal, meias e chapéu adornadocom flores. Os dançadores têm dois paus (palos) com os quais estes dançadores fazem uma série de diferentes passos e movimentos coordenados (veja as fotos 7. e 8. no anexo). Donar esta dança exige uma longa aprendizagem não acessível a qualquer e, durante tempos anteriores, parece que seria transmitido só no âmbito familiar.

O repertório musical da dança dos paus chama-se lhaços, é o nome dado em língua mirandesa para designar cada uma das melodias, texto e coreografia que fazem parte da dança dos pauliteiros. São três línguas nas quais os lhaços são cantados – o portugês, espanhol e o mirandês- . Ao seguir são citadas algumas das letras de lhaços.

Canário

Canário miu,

Canário,

Fanega de trigo

De cada anho.

Canário miu,

Canário, Andrés!

Fanega de trigo

De cada més!...

I de cada més.

Joanica

A bós a bós Joanica

Yá que nun sabeis segar,

You bos tomo a mie cunta,

Para todo bos ansinar!...

I bos ansinar.[38]

Por outro lado, independemente das suas origens, a dança dos paulitos persiste como antiquíssima costumeira nas procissões, romarias e festas das terras de Miranda. Deve-se ao interesse dos antigos abades que lhe teriam introduzido uma marcação religiosa, inspirando-se nas danças religiosas na Bíblia. Assim agora podemos admirar hoje estas danças nas festas dos santos padroeiros, actuando em honra do santo e celebrando o Deus. [39]

3.1.1 Os Padroeiros

O processo de amadurar é importante, e não o podemos controlar como é totalmente dependente do tempo. Quem pode controlá-lo, são deuses. A posição dos santos na Igreja Católica é importante. Alguém podia dizer que é tão importante até parecerem substituir os deuses pagãos. Cada santo tem a sua função, o seu «território de actuação». É lógico que o povo recorre a eles nesses tempos, porque são únicos que o podem ajudar.

A figura mais importante da plêiade dos santos é a Santa Maria. A mãe de Deus e Virgem. Como a mãe deve ser sempre ouvida. Um dos exemplos nos oferece a Bíblia, no casamento em Cana Galilea, quando depois o pedido da mãe fez o milagre. Mas também é interessante o seu estatuto como virgem. Em numerosas culturas profanas as pessoas que sacrificavam eram as virgens. Creiam que à essas criaturas os deuses sempre ouviam por serem puras. É claro que o povo crea que a santa Vigem é a melhor pregadora. Podemos ver muitas festas sobretudo durante o Verão. Por exemplo Nossa Senhora das Graças em Carção, Nossa Senhora de Pereira em Vimioso, Nossa Senhora de Amparo em Mirandela e Felgar, Nossa Senhora do Campo em Lamas, Nossa Senhora do Freixo em Vale Bem Feito, etc. só na região de Trás-os-Montes.[40]Como podemos observar a festa da Assunção de Santa Maria, não têm muita publicidade. Algumas festas ocorrem em Vinhais[41], se não contamos a festa de inauguração do santuário sacrificado à Assunção[42]. Numa sociedade com a forte estima do culto de Maria, parece surpreendente.

Além dos santos populares comuns em todo o Portugal como o São Pedro e João, a outra santa à que recorrem os trasmontanos mais frecuentemente durante o Verão é a Santa Bárbara.[43] Também virgem. Padroeira não só dos mineiros mas também a protectora ante a morte imprevista, o incêndio e a tormenta. Quer dizer protectora ante o tempo mal, como muito vento e chuva, tanto muita calor. A celebração fica para o domingo antes da Assunção. As festas de Santa Bárbara abrangem vários dias e são acompanhadas, além de missas e convívios, com os concertos, tradicionais de gaites e danças dos pauliteiros como modernos de rock.[44]

Depois é o São Sebastião como protector da humanidade e contra a fome, São Roque protector do gado, etc. Santos ligados aos elementos naturais.

Comprovámos que as festas dos santos populares ocorrem para assegurar o bom amaduraçamento dos produtos da terra, no ar de sacrificios paganos aos elementos naturais como si ou designados pelos deuses.

3.2 O Fim do Ano Agrícolo

Com a chegado de Outono os frutos da terra emadurecem e dão o pão para todo o ano seguinte. Na região agrícola como a região de Trás-os-Montes começa o tempo mais feliz. Para a região têm a maior importância a uva e a castanha. Mas não são só os productos viticulturais. Não se pode negar que a criação do gado e assim a carne o a produção fumeira e pratos típicos na sua base são também importantes. Certos productos até têm as suas festas como é a Vindima, a Festa do Fumeiro e a Festa da Castanha em Vinhais.

A Colheita é o cumprimento dos desejos no início do ano vegetal O tempo da colecção acaba no dia do São Martinho com a petisca dos productos e celebração. As festas outonais dam o lugar à culinária diversa da região, petiscando os primeiros productos recém feitos nas festas de São Martinho, Magusto, Encontramos de tudo. . Depois chega outra vez o Inverno e a incerteza.

3.2.1 As Vindimas

Como disse um local, «A vindima no Douro é a festa de toda uma região, a eucaristia de um povo que labuta um ano inteiro, de sol a sol, para ver dar-se o mistério da transformação do suor, sangue e lágrimas de homens e mulheres, em vinho fino».[45]

A vinha, com origem da Ásia, de Cáucaso. Durante a ocupação romana cultivava-se o vinho na região trasmontana, mantendo-se a sua importância na Idade Média graças ao impulso de mosteiros instalados na região que iniciaram a sua exportação. O vinho produzido nessa área mudou-se com o tempo nos predominantes de Portugal. Os vinhos dessa região são diferenciados a favor dos chamados microclimas, estabelecidos pela diversidade do terreno, como a altitude, exposição solar, temperatura, pluviosidade. A Região Demarcada do Douro é uma das mais antigas do mundo. As bases lançou o Marquês de Pombal. [46]

Ao chegar o Outono, chega a época das colheitas. Começa o ciclo da vindima e da fabricação de vinho. Desde o fim de Septembro durante duas ou três semanas homens e mulheres com cestos nas costas apanham as uvas desde o início até o fim do dia. [47]

Ao fim da vindima celebram-se os festivais de folclore, como em Peso da Régua, onde se juntaram os ranchos folclóricos. Realizou-se o desfile das canções de faena, e relacionada com a Vindima. [48]Além dessas actuações não encontrei outros costumes populares típicos para essa região. A inovação tecnológica pôs fim às lagaradas - pisa tradicional das uvas, prática rodeada de um ambiente de festa que proporcionava a convivialidade e o reforço de laços identitários entre os participantes.[49] A degostação do mosto fica para o dia de São Martinho(veja capítulo).

3.2.2 A Feira do Fumeiro

A tradição da Feira do Fumeiro em Vinhais já tem uma longa tradição. Hoje, a feira decorre num Pavilhão próprio, com 1500 metros quadrados, e atrai milhares de pessoas ao concelho. Os salpicões e as chouriças de carne de Vinhais, confeccionados com carne de porco bísaro – uma raça autóctone – , estăo protegidos pela União Europeia, com a designação de Indicação Geográfica Protegida. Estes produtos certificados săo produzidos por quatro unidades de fabrico e, mais recentemente, por 14 Cozinhas Regionais de Fumeiro. [50]

Trata-se duma carne saborosa obtida do porco da raça bísara. A alimentação do porco é à base das castanhas, assim obtem o seu sabor característico. A raça caracteriza-se pelo tamanho grande, atinge até um metro de altura e metro e meio de cumprimento. A sua estructura é diferente às outras raças. A proporção de músculo é maior à de gordura (veja a foto 9. no anexo). Este tipo de porco provem do porco céltico e é uma das duas únicas raças autóctonas em Portugal. Aqui também podemos ver a influência da cultura celta. É a variedade branca malhada, no Minho e a variedade preta malhada de Trás-os-Montes, concentrándo-se mais no concelho de Vinhais. Graças aos productos de carne, Vinhais é muitas vezes chamada como a capital do fumeiro. [51]

Além dos fumeiros do porco bísaro entre os productos mais conhecidos desta região com a surpreendente ligação cultural é a chamada Alheira.

O termo «Alheira» surgiu como a denominação dos judeus convertidos. Os chamados crtistãos novos mudaram a sua religião para escaparem à Inquisição. Como já deixaram a sua religião judaica, mas só oficialmente, podiam comer a carne do porco. Assim os pseudo convertidos podiam-se fácilmente detectar, porque ningém os via fazer ou comer enchidos do porco. Para não acabar nas mãos da Inquisição os judeus criaram um tipo de enchido especial, composto por outros tipos de carne, como a galinha, perú, pato, vitela, etc. Ligavam-na por uma massa de pão para dar-lhes a consictência. Dessa maneira os viam a pôr um fumeiro e a comer enchidos que em tudo se assemlhavam aos tradicionais.[52]

A receita ganhou grande grupo de consumidores entre os não judeos, quais lhe acrescentaram a carne do porco. Embora as mais famosas Alheiras sejam as de Mirandela, podem encontrar-se de boa qualidade por toda a região de Trás-os-Montes.

Feira do Fumeiro ao mesmo tempo que promove a o fumeiro e a economia do concelho, esta feira representa também um cartaz turístico de Vinhais. Durante quatro dias, o município acolhe milhares de pessoas.[53]

3.3 São Martinho, Magusto, a Festa de Castanha

A colheita está feita, o vinho amadurece. No dia 11 de Novembro celebra-se o dia de são Martinho, dia em que se prova o primeiro mosto e assam-se as castanhas. Na base da lenda de São Martinho o tempo melhora para alguns dias conhecido baixo o nome do Verão de São Martinho.

A lenda sobre São Martinho diz que quando um cavaleiro romano, Martinho andava a fazer a ronda, viu um velho mendigo cheio de fome e frio, porque estava quase nu. ao ver aquele mendigo, Martinho ficou cheio de pena e cortou a sua grossa capa ao meio, com a espada. Depois deu a metade da capa ao mendigo e partiu. Passado algum tempo a chuva parou e apareceu no céu um lindo Sol. Para comemorar esta atitude do santo Deus pespeja cada ano o céu[54].

A celebração decorre desde o meio-dia até a meia-noite, quando se junta o povo para beber. É certamente nessa altura quando os ouriços das castanheiras se abrem e as castanhas caem e podem ser consumidas e o vinho novo, no que a festa se centra mais é preparado para a sua primeira degostação.[55] Pelo visto trata-se duma actidude cristã-agrícola.

O são Martinho coincide com a celebração de Magusto, festa da chegada do Outono, intercalada nela e em Vinhais, a Festa de Castanha abrange como o são Martinho tanto o Magusto. Estes motivos misturam-se outra vez no conceito popular-religioso. Mas por outra parte o Magusto aparentemente leva alguns traços pagãos. Por exemplo em comparação com o são Martinho, a celebração centra-se no convívio arredor da fogueira assando castanhas [56] e também o Magusto tradicionalmente começava no dia de Todos-os-Santos para comemoração da chagada do Outono. Leite de Vasconcelos, aficionado pela lingua e cultura mirandesa, considera esta tradição como vestígio do antigo sacrifício em honra dos mortos. Fala também sobre a tradição de Barqueiros de preparar à meia-noite uma mesa com castanhas para os mortos da família poderem comer. Essas castanhas ninguém mais tocava como se dizia qua são «babadas dos defuntos».[57]

Graças a proximidade das datas da festa do São Martinho e o dia de Todos-os-Santos misturam-se duas razões – a agrícola e a pagã-. Deve-se também a mudança do calendário, como antigamente o dia de Todos-os-Santos celebrava-se no dia 11 de novembro. Dahi pode ser a coincidência entre o mundo de além e outras festas ligadas à degustação.

Actualmente essa celebração difere nas regiões. As pessoas juntam-se à volta da fogueira para assar castanhas. Mascaram-se com a cinza, as enfarruscadelas e cantam cantigas. Nalguns lugares encontramos a figuração de São Martinho como boneco, que se queima depois de ter sido lido o seu testamento. O testameno a castanha afilhada (pegada a outra), repartida entre namorados, acompanhada com vinho ou água-pé bebidos do mesmo copo ou, ainda, quando são encontradas duas castanhas dentro da mesma casca, a oferta do filho (a castanha mais pequena) a quem se desejar, ficando ambas as pessoas compadres até ao São Martinho do ano seguinte.[58]

As pessoas guardam algumas castanhas para o ano que vem com o fim de preservar simbólicamente o ciclo de vegetação. A importância da castanha manifesta-se na celebração em Vinhais denominada Festa de Castanhas. Mais de 85% da área de castanheiro em Portugal está localizada em Trás-os-Montes.[59] Nessa aldeia encontramos também o maior assador das castanhas inscrito no livro de recordos[60]. A castanha é usada para todos os tipos de pratos.

4. O DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS. O DIA DE TODOS OS SANTOS.

O dia dos fiéis defuntos celebra-se como uma festa cristã desde o séc. X. É antecipado pelo dia de Todos-os-Santos no dia 1 de Novembro, o antigo ano novo celta, que foi, como vamos ver, o costume primordial.

4.1 As Origens

Como já mencionámos, a celebração e recordação dos nossos mortos tem origem ainda na época celta. Os celtas festejavam no primeiro dia do mês de Novembro o ano novo chamado Samhain, era a fronteira entre o Verão e o Inverno. Era o tempo quando não existia barreira entre o mundo dos mortos e o dos vivos. Era a época do novo começo e meditações. Destacava-se a continuidade da vida.[61]

Este significado alternou-se com o Império Romano. O novo ano celta misturou-se com as festas da colheita, como pudemos observar na questão do Magusto (veja 3.3). Na Roma Antiga, esta época está ligada a deusa dos frutos e dos jardins, Pomona.[62] Nessa altura festejava-se, no terreno sob o domínio romano, junto com o Samhaim, a colheita assando as nozes e maçãs em enormes fogueiras, como símbolo de abundância para o Inverno que estava a chegar.[63]

Na data do Samhain o papa Bonifacio IV. Criou o actual dia de Todos-os-Santos para ultrapassar esses costumes paganos. O conceito das almas dos mortos preservou-se.[64]

4.2 Os Espíritos no Norte - Festa de Cabra e Canhoto-

No dia de Todos-os-Santos na norte e no centro do país as crianças saem à rua. Indo de porta a porta pedem o Pão por Deus. Recebem bolsas de pano preenchidas com o pão, bolos, frutos, amêndoas, etc. Nalgumas regiões os padrinhos oferecem um bolo -o Santoro, pelo que esse dia é também denominado como o Dia dos Bolinhos. Antigamente era as pessoas deixavam a comida nessa altura para as almas dos mortos, até as vezes comeram ao lado dos defuntos[65], no que podemos ver a possível origem do Magusto (capítulo 3.3).

Mais propriamente no terreno de Trás-os-Montes é a festa da cabra e do canhoto. Esta tradição é baseiada no medo ante o submundo que se abre na noite do 31 ao 1 de Novembro, oje em dia em desuso, mantem-se em Vinhais. O demo é representado por cabra. À noite juntam-se os cidadãos. Preparam-se as cabras estéreis, machorras. A cabra é ligada ao símbolo da fertilidade e um dos animais usados como sacrifício na época pagã[66], mas aqui estamo presentes ante cabras velhas e estéreis Queima-se o tronco, o canhoto, e faz-se uma grande fogueira, ao lado dela outra fogueira menor para cozinhar a cabra em grandes potes de ferro (veja as fotos 10. e 11. no anexo) . A fogueira lança-se no sítio ligado à bruxaria como os cruzamentos e é feita por lenha roubada. Diz-se que dela é que se afasta o azar. Depois de comer a cabra cozida, os jovens percorrem a aldeia. Roubam os vasos, reviram carroças, não deixam ninguém descansar. Parecem ser possuídos pelo «satanás» consumido[67].

5. O NATAL

Em todo o mundo cristã celebra-se cada ano na noite de 24 a 25 de dezembro como o nascimento do Jesus Cristo, o pregador do mundo. A época do Natal prolonga-se até o dia dos Reis Magos. Como antigamente se tratava duma celebração do ano novo, que não coincide como calendário actual, incluimos o ano novo actual nesse capítulo.

5.1 As Origens

A noite de atravesso ao renascer do Sol para o solstício do Inverno e asua celebração era evidentemente parecidas ao solstício do Verão. Rituais da morte e ressureição, fogueiras, ligação entre o mundo dos vivos com o mundo de além. O poder do Sol se perde pouco a pouco, e a gente o evoca para que ele, com o tempo voltasse. Celebravam a morte e o nascimento do deus do Sol.[68]

A festa das Saturnálias na Roma Antiga é um dos vestígios e manifestações dessas celebrações ao longo do solstício. Saturnalias começavam no dia 17 e culminavam no dia 25 de Dezembro com a papança chamada Brumalia. Saturno, o deus de prosperidade, relembrava-se com festas da alegría, igualdade e liberdade. Os escravos desfrutavam da liberdade como os cidadãos até podiam permitir-se alguma coisa contra eles. A inimizidade, e a punição, também a jurídica adiantava-se. Durante todo o dia o povo entregava-se à comodidade, divertimento e patuscada. Os romanos nesse dia costumavam juntar-se com a familia e amigos e trocavam entre si umas prendas. Uma das prendas eram as velas como o símbolo da alegría e luz[69] (a paralela com a festa celta), também pequenas estatuetas oscilla, sigillaria, quais seguindo Varron substituiram os sacrifícios humanos antigos. Mais tarde ofereciam-se cachecois, jarras, ou versos humorísticos. A celebração começava ao lado do templo do Saturno com o sacrifício e com festim público, e com os gritos «io Saturnalias» inauguravam-se os gáudios. O dia da Brumalia é denominado também como «Natalis solis invicti», o nascimento do Sol invicto, a inicio de recuperação das forças do Sol e mudança da natureza. [70]

Os primeiros cristães na época da Roma Antiga eram perseguidos. Se calhar é uma das possíveis explicações porque a celebração e a entrega das prendas estabeleceu e manteve-se nessa data. Para eliminar o perigo de perseguir, podiam assimilar os rituais cristãos aos pagãos para não ser tão vistoso.

Os romanos não eram os primeiros a celebrar os dias de equinócio e do renascimento do Sol. O culto de filho messias de mãe virgem aparece também noutas religiões. Ao lado do Cristo é o culto de Dioníssio, Att (o deus masi importante em Ásia)[71], Iris (deusa grega do arco-iris, ligava o céu com a terra)[72], Osiris (filho do deus da terra e a deusa do céu)[73], e o mais parecido ao culto cristão Mithra. O Mithra chegou ao mundo para salvá-lo do pecado, nascido duma virgem no 25 de Dezembro em gruta. Os egípcios celebravam o nascimento do Horus da virgem Isis no fim de Dezembro[74]. Os gregos no dia 6 de Janeiro comemoravam o nascimento do Dioníssio da deusa virgem Kore. Todos esses cultos realizam o baptismo com agua ou com sangue como a reiniciação da vida espiritual e alguns a anunciação por meio astronómico como estrela.[75]

Em geral podemos dizer que é possível que se trate em cada um numa personificação do Sol que nasce na noite do solstício. O Sol parece uma criança que vai crescendo com cada dia. No caso do cristianismo esta afirmação é um pouco duvidosa. Como no início, a celebração do Natal na data das festas pagãs foi muito criticada e foi aceite só no séc. IV. O Tertullianus, conhecido como o primeiro teólogo, no séc. III descreve e critica no seu livro a sobrevivência dos festins pagãos. [76]

Outro autor, Abade Baçal,[77] descreve também uma diferente costumeira, um testemunho da resistência das saturnalias na Idade Média. A Festa dos Loucos. Era celebrada por clérigos de ordens menores como os sacerdotes e diáconos durante doze dias, desde o Natal até os Reis Magos. Chamavam-na como Festa das Calendas, se foi celebrada no primeiro de Janeiro ou a Festa dos Subdiáconos. Encontramos vestígios da mesma celebração do séc. XII. Selectava-se entre os subdiáconos um don da festa, denominado «bispo», o símbolo do seu poder representava o báculo. Colocavam o clérigo bispo sobre um burro. Avançavam-no para o altar com o rostro voltando para a cauda do animal. Ao longo da liturgia os assistidos da celebração zurravam nos momentos mais importantes. [78] Parece ser uma das brigas medievais como as festas luperciais (veja 1.2.2), que igualmente ficaram toleradas pelas mesmas razões.

5.2 O Natal na Terra Trasmontana

No nordeste celebra-se a época natalesca tem traços comúns com o resto de Portugal. As famílias juntam-se no jantar no dia 24, chamado a Consoada, assistem à missa do galo. No dia a seguir recebem oas prendas do Natal e almoçam a Roupa Velha, prato típico só para esse dia feito dos restos da Consoada e o tempo natalesco culmina no dia dos Reis Magos, com o cantar dos reis (5.3.1). Mas também, como vamos confirmar nos capítulos a seguir, na região de Trás-os-Montes, ocorrem as festividades autóctonas, representativas. Começam as festas de janeiro ( que já mencionámos com relação ao Carnaval de Podence, veja 1.2.2) que se celebram em toda a região baixo nomes diferentes, no nosso estudo vamo-nos centrar em duas desse período natalesco . São a Festa de Santo Estevão, a que vamos observar no capítulo a seguir, e a Festa dos Rapazes que além dos traços parecidos com as festas dos caretos em Podence, presentam as suas particularidades (5.2.2). Mas não são só essas festas. A cultura pagã revela-se também com as grandes fogueiras do Natal. Alguns traços misturam-se com os da época carnavelesca. O início do ano agrícola, como já sabemos, depende de ponto de vista (religiosa, convencional ou natural) e assim do calendário, ou melhor dito do começo do ano escolhido.

5.2.1 A Festa de Santo Estevão

Santo Estevão foi segundo a lenda o primeiro mártir do cristianismo, sendo assim o dia 26 de Dezembo, dia central da celebração do Natal. A importância desse dia da comemoração do santo é considerável.

Nas cidades de Salsas, Parada,Torre de Dona Chama, etc[79], se realiza a Festa do Santo Estevão, uma das festas de janeiro. A festa difere de região em região, como a terra de Trás-os-Montes isola entre si as cidades e surgem os círculos culturais específicas mesmo no terreno tão pequeno com é a aldeia. Outra das conhecidas Festas de Santo Estevão celebra-se em Ousilhão e Grijó de Parada.

É um caso diferente porque nele tem lugar, entre outras manifestações, o «Correr da Mourisca», vestígios da época da Reconquista.

O transcurso começa já na missa do Santo Estevão, onde estão todos presentes. O objectivo de diversas acções é que a Mourisca arda. Que mais uma vez os caçadores cristãos ganhem. Ao anoitecer do dia 26 os caçadores em grupos de dois ou três dão volta ao povo. Com um tiro junto de cada portal obrigam a fugir alguma Mourisca que ficou escondida.

A especialidade desta região é a presença duma espécie de curso pela aldeia. As personagens mascarados, moços, um rei, dois vassais, por vezes bispo mordomos, gaiteiros, tamborileiros. Assiste toda a comunidade, as crianças, velhos, raparigas, rapazes, todos que queiram. O grupo deambula pela aldeia com o som de tambor e de gaita-de-foles. Concorrem também peditórios, loas, uns discursoa satíricos, ou roubo simbólico para organizar a mesa do Santo Estêvão (como em Carnaval de Podence, veja capítulo 1.2.2) , a chamada Mesa do Povo. É uma refeição colectiva ao ar livre, um convívio do povo nesse tempo festivo.

Os actores disfarçam-se em Mouriscas, Caçadores, no rei mouro e rei cristã. As Mouriscas usam por cima da roupa um lenço ou fita vermelhos, traçados sobre o peito. Na cabeça têm um lenço apertado em forma de turbante. Os caçadores não usam uma roupa especial, mas usam uma caçadeira. Os reis têm fato próprio. O rei mouro tem um manto vermelho, coroa, um pau ou espeto de ferro com uma laranja espetada na ponta. O rei cristão tem um manto branco, coroa, pau ou espeto de ferro mas com uma maçã na sua ponta (veja foto anexa 13. no anexo). Antes o papel só representavam os rapazes, hoje em dia podem desempenhá-lo as raparigas também.[80]

5.2.2 A Festa dos Rapazes

Outro tipo das festas de Janeiro (veja 1.2.2) é a Festa dos Rapazes. Esta em comparação com o resto tem em particular a iniciação dos rapazes à vida e a escolha do melhor, do masi forte e jeitoso.

Um dos exemplos é a festa em Bruçó[81]. As pessoas que encarnam as figuras do ritual , mulher e soldados, juntam-se de manhã cedo. Reúnem-se na casa da mordoma-mor para se encargarem dos papéis respectivos. Para vestir os trajes escolhem-se os rapazes mais atléticos de cada geração. A escolha é feita de forma para que já com o secretismo anime-se a festa.

Uma das personagens da festividade é Sécia, mulher mundana de vida fácil, leva ao colo uma boneca como a simulação do bebé. A Sécia é sempre protegida pelo soldado. Durante o jogo a Sécia vai ser assediada pelos rapazes com mais coragem, como o soldado para proteger a sua dama atira cinturadas com um cinto de cabedal grosso. Os rapazes costumam dizer palavras provocatórias e obscenas. O soldado reage com a pancada para limpar a honra. A intenção é roubar a Sécia ao marido. Uma tradição sáo também as apostas, para adivinhar o vencedor.

Um par de cidadãoes mais velhos tenta manter a ordem pública durante o decurso da festa.

Como a maior parte das tradições em Trás-os-Montes, também esta cai pouco a pouco em desuso por falta de jovens que sigam na sua representação.[82]

5.2.3 As Fogueiras do Natal

O elógio ao Sol durante o equinocio do Inverno está vivo nas fogueiras do Natal. A murra, um gigantesco canhoto de carvalho, castanho ou preto, arde na noite fora no largo principal de algumas aldeias trasmontanas. A murra representa a coesão da comunidade. Crianças, adolescentes, adultos, idosos convivem à volta das fogieiras. Conversam, bebem e comem com um intérvalo, para assistir à Missa do Galo na meia-noite. O empenho em arranjar um cepo enorme era as vezes tal, que havia fogueira para quatro dias. A comida que sobra da Noite de Natal é feita em cavacos e vendida.

Em Vinhais guardam os tições do Natal durante todo o ano. Seguindo a tradição, onde o fumo chegar, não caem raios ou faíscas.

As desavenças esquecem-se e as pessoas unem-se para procurar grandes troncos e para rivalizar com outras aldeias na grandeza da fogueira. Depois da consoada, os cidadãos juntam-se à volta da fogueira, convivendo pela noite fora através da conversa, comida, bebida, por vezes animada com a música popular.[83]

O motivo de fogo fica presente. Parece que as fogueiras simbolicamente representam o Sol, a evocação da reissureição do seu poder. A usança faz lembrar as celebrações do equinócio do Verão.

5.3. O Cantar dos Reis, as Janeiras

O tempo do nascimento do Cristo continua até o dia dos Reis Magos. Os três reis que chegaram a gruta para ver o pequeno menino Jesús e ofereceram-lhe prendas. Em Portugal no dia 6 de janeiro, juntam se as pessoas para ir de casa em casa a anunciar a boa notícia do nascimento do Redentor, o chamado Cantar dos Reis. As Janeiras são mais ligadas ao nosso novo ano, celebram-se de 31 de Dezembro até 1 de Janeiro, dali a denominação as Janeiras. Sendo assim a diferença entre as Janeiras e Cantar dos Reis é na época na qual ocorrem. O Cantar dos Reis começa no dia 5 de Janeiro e acaba no dia 6. Estas tradições não são particulares para a região de Trás-os-Montes, mas este facto não pode negar a sua importância na identidade desse círculo cultural.

Pela diferença na data da celebração, faz-nos pensar na sua origem. As O mês de Janeiro na época romana era o mês do deus de portas e entrada, Jano. Era o porteiro do Céu, por isso pediam a sua protecção ante os espiritus maus. A tradição dos romanos de cumprimentar-se em honra desse mês e começar o ano novo dou a origem às Janeiras. Nas Janeiras junta-se a vizinhança com os instrumentos musicais e vão cantar pela aldeia, recebendo as janeiras –castanhas, chouriço,nozes, etc. [84]

O Cantar dos Reis é mais ligado aos acontecimentos bíblicos da visita dos reis ao menino Jesús. É uma tradição antiga, na que os grupos chamados «reiseiros» reúnem-se seguindo a categoria profissional. Assim surgem diversas companhias como a de lipadores de chaminés, doutores, etc. Durante a noite os grupos percorrem as ruas das aldeias com as danças, música, cantando às portas de casas. [85]

Ligado à tradição natalesca é também o famosos Bolo Rei, ainda ser o prato típico na mesa da Consoada a sua lenda de surgimento é mais ligada a essa visita real. A lenda diz que quando o Reis Magos foram visitar o Menino Jesus, perto da gruta onde estava o menino, os Reis Magos tiveram uma discussão para saber qual deles seria o primeiro a oferecer os presentes. Um artesão que por ali passava assistiu à conversa e propôs uma solução para o problema, de maneira a ficarem todos satisfeitos. O artesão resolveu fazer um bolo e meter uma fava na massa. Depois de cozido repartiu o bolo em três partes e aquele a quem saísse a fava seria o primeiro a oferecer os presentes ao Menino.

Assim ficou conhecido pelo nome de Bolo Rei e como tinha sido feito para escolher um rei passou a usar-se como doce de Natal. Dizem que a côdea do bolo simboliza o ouro, as frutas simbolizam a mirra e o aroma, o incenso.[86]

5.4 O fim do ano

A época natalesca acaba no dia de Reis Magos. Com esse dia termina também o ano circular. O nosso fim do ano foi estabelecido convencionalmente. As tradições populares desembocaram com a celebração do Natal. Só no séc. XX chegou a festa do ano novo com o consumo abundante de comida e bebida e fogos artificiais na meia-noite. É um testigo de que também nesses dias surgem tradições novas com os seus rituais. [87]

CONCLUSÃO

Observámos nos capítulos anteriores as tradições decorridas na região de Trás-os-Montes ao longo do ano. Quando olhamos para essas festas como tais, podemos concluir que são iguais como no resto de Portugal. A excepção forma grupo de celebrações, como é o caso de  dança dos Pauliteiros, a Festa de Cabra e Canhoto. Umas costumes que são diferentes no contexto português e ao mesmo tempo no trasmontano. Como as festas de Janeiro, diversificadas entre si com os fatos e máscaras, e também costumes carnavalescos, quais diferem em conceitos, caso de caretos de Lazarim, Podence e em Vinhais, estudados em pormenor no capítulo 1. A maioria das festas é igual em toda a terra transmontana, mas existe um par que ocorrem só num sítio. São as festas e festivais ligados aos productos como a Festa do Fumeiro e Festa de Castanha em Vinhais (3.2.2, e 3.3), unidos com o região da produção.

No transcurso das festas e na sua data descobrimos a  síntese dos três aspectos estudados nas tradições na região trasmontana, o ciclo natural, o aspecto pagão e o cristão. Nalgumas encontramos prevalência dum aspecto.

Nas festas percebidas como cristãs, encontrámos os traços da cultura pré-cristã. Por exemplo a paralela ao sacrifício das crias durante a Páscoa, quando o povo oferece o melhor ao Deus em troca de obter dele mais. O sacrifício é efectuado com a queima, como a queima de flores, de Judas , também durante a época da Páscoa (veja capítulo 2.) porque a simbologia do fogo é purificadora (purifica o pecador, Judas) e é a aparição de Deus (no contexto cristão, a aparição ao Moisés no fogo) Depois também as festas na época do Natal, manifestam traços pagãos como janeiras (capítulo 5.), da origem romana.

Mas também nas celebrações que são sentidas pagãs são misturadas com as cristãs. É devido a coincidencia na data na que se celebram. Mas por outro lado os conceitos não se misturam, como acontece nas festas cristãs como já vimos, mas comvivem. É o caso do Carnaval, festa pagã caracterizada pela consumação excessiva e bebadeiras, que coincide com a preparação para o jejum pela ligação ao calendário lunar (veja 1.). Neste caso, nas festas percebidas como pagãs podemos observar os traços cristãos, como a rivalidade entre os rapazes e as raparigas (pecadoras, descendentes de Eva) com a punição como em Vinhais (1.2.2), e a alusão à reconquista em Verim (1.2.4), o triumfo dos cristãos aos mouros. Além do Carnaval, o Dia dos Fiéis Defuntos, uma festa pagã, observamos também traços cristãos. Por exemplo o  sacrifício das cabras velhas (4.2) já em desuso com a esplicação cristã da simbología do diabo. Neste caso a coincidencia das datas provem da transferência da festa cristã (capítulo 4.1.) para esse dia pela Igreja.

Noutas festas encontramos a combinação dos aspectos. Tratándo-se do primeiro aspecto, o ciclo vital é sobretudo combinado com o aspecto cristã. Mais evidentemente na época do Verão, nas celebrações dos santos padroeiros e de santa Maria, com a preocupação pela colheita. (veja 3.1.1). Encontramos também  o ciclo vital ligado ao aspecto pagão, nomedamente o Magusto, o fim do ano agrícolo, ligado ao convívio, degustação, venda dos productos, e ao mundo dos mortos(veja 3.2). O segundo aspecto, a cultura pré-cristã, mistura-se com a tradição cristã, como é o exemplo da Festa de Morte e diabos em Lazarim na época carnavalesca, na que os caretos representam figuras bíblicas, diabos. A presença das figuras bíblicas na usança pagã revela-se também na Queima de Judas (2.2) . Depois está presente na mudança do símbolo primordial pagã do animal sacrificado, a cabra, representando a esterilidade e pelo tanto a morte, no símbolo cristã, o diabo(festa de Cabra e Canhoto, 4.2). O terceiro aspecto, o cristã, como podemos concluir das combinações anteriores e do estudo feito no trabalho, combina-se ao longo do ano com outas celebrações.

Além desses aspectos culturais, observamos a influência doutras culturas. Nomeadamente a galega, no Carnaval em Chaves e a presença dos caretos na região galega (veja 1.2.4), a leonesa, na dança dos Pauliteiros que é dançada também na região leonesa (3.1) , e a júdea, ou trazida já infiltrada nos costumes cristãos (vista na consumação do cabrito na Páscoa (2.1) como sacrifício), ou trazida pelos próprios júdeos que se escondiam nos Trás-os-Montes ante a Inquisição a partir do séc.XVI (deixando vestígios como por exemplo a Alheira (veja 3.2.2)).

A simbiose entre o pagão e cristão, deve-se seguindo a minha opinião à evolução histórica. Estas são várias. O cristianismo no início foi perseguido. Para tornar as festas religiosas menos visíveis , assimilavam-se às festas pagãs. Assim esconderam-se na bulha dos rituais pagãos. Depois da aceitação da fé cristã e do crescimento do seu poder político nessa situação encontravam-se as festas pagãs. Estas já eram bastante unidas à tradição popular que se sentia mais unido a terra, da que dependia a sua sobrevivência. A população inculta não sabiam distinguir entre o profão e cristão. Por isso mesmo as autoridades ou Inquisição não podia suprimir esta ligação como no caso do Carnaval com os seus cortejos barrulhentos e a  «imoralidade», das papanças e bebadeiras ( 1.1) Mas mesmo o clero com o seu fanatismo não estava longe das prácticas ocultas, como no caso das Festas Luperciais (veja1.2.2) efectuadas pelos próprios monjes. Pelo visto, a tradição pagã não foi estingida pela Igreja católica, como a sua ligação com o povo era muito forte.

Voltamos para o presente. A usança dos costumes estudados mantêm-se até hoje mas já alguns com a tendência de extinção, como a Festa de cabra e canhoto (4.2), como as antigas Vindimas que deixam sítio para festivais (3.2.1), e como todas as festas onde actuam os jovens que cada vez mais abandonam a região isolada às cidades com melhores condições escolares, de trabalho etc. Essa mudança refere-se às festas do Carnaval como os Testamentos de Lazarim, Morte e Diabo em Vinhais, e as festas do Janeiro, as já não usadas enganchas (veja 2.2). Em geral, a divulgação dos costumes estudados é presente na toda a região, igualmente como no resto de Portugal.

LISTA DE ANEXOS

1. Mapas

2. Fotos

1. Mapas

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Mapa 1.: A região de Trás-os-Montes em Portugal. [pic]Mapa 2: Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Mapa 3.: Os caretos na região galega Ourense.

2. Fotos

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Foto 1.: Deixadas e Compadres em Lazarim

Foto 2.: A Morte e o Diado em Vinhais

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Foto 3.: Os Caretos de Podence

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Foto 4., 5.: Os Cigarróns de Verin

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Foto 6.: A Queima do Judas

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Foto 7., 8.: Dança dos Pauliteiros

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Foto 9.: O porco bísaro Trasmontano

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Foto 10., 11.: A Festa de Cabra e Canhoto

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Foto 12.: Uma das Festas de janeiro, Ousilhão.

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Foto 13.: Os reis da Festa de são Estevão, Ousilhão.

Resumé em checo:

Práce pojednává o zvycích v  regionu Trás-os-Montes na severo-východu Portugalska během roku. Tato oblast je izolována, čímž dává prostor pro vznik autoktónních tradic a zachování těch, které se jinde už neužívají. Práce se taky zaměřuje se na analýzu rysů spojených s vegetačním obdobím, obdobím pohanských kultur a křesťanských zvyků e jejich propletenosti. Analýza je provedena na základě toho jak, kdy a kde se svátky odehrávají, symboliky, kostýmů, popřípadě jídla typického spojeného s příslušnou tradicí. Soustřeďuje se na hlavní sváteční období jako je Karneval, Velikonoce, letní období ukončené vinobraním a dožinky, Dušičky a Vánoce, jímž jsou věnovány jednotlivé kapitoly, které taky obsahují stručný historický vývoj tradic, a podrobnější popis tradic odehrávajícich se v regionu Trás-os-Montes. Zachytáva rovněž aktuální stav v regionu a snaží se najít důvody propletenosti prvků agrárních, pohanských a křesťanských a jejich blízkost.

Resumé em inglés:

The work deals with the practices in the region of Trás-os-Montes, in the north-east of Portugal, during a year. This region is isolated. It gives rise to the emergence of special traditions and conserves kind of traditions wich elsewhere do not use. This work also focuses on analysis of the features associated with vegetatiom season, pagan cultures and Christian traditions and their symbiosis. The work captures also the current status in the region and tries to find reasons of symbiosis of those three elements.

Anotação

Jméno a příjmení autora: Marcela Srogoňová

Název fakulty a katedry: Filozofická fakulta, Katedra romanistiky

Název bakalářské diplomové práce: As tradições em Trás-os-Montes

Vedoucí bakalářské diplomové práce: Mgr. Petra Svobodová

Počet znaků: 67 950

Počet příloch: 2

Počet titulů literatury a internetových zdrojů: 77

Klíčová slova: tradice, pohanské a křesťanské prvky tradic, Trás-os-Montes

Abstrakt: Práce pojednává o zvycích v regionu Trás-os-Montes na severo-východu Portugalska během roku. Sostřeďuje se na hlavní sváteční období jako je Karneval, Velikonoce, letní období ukončené vinobraním a dožinky, Dušičky a Vánoce. Tato oblast je izolována, čímž dává prostor pro vznik autoktónních tradic a zachování těch, které se jinde už neužívají. Práce se taky zaměřuje se na analýzu rysů spojených s vegetačním obdobím, obdobím pohanských kultur a křesťanských zvyků e jejich propletenosti. Analýza je provedena na základě toho jak, kdy a kde se svátky odehrávají, symboliky, kostýmů, popřípadě jídla typického spojeného s příslušnou tradicí.

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Blogs dos cidadões de Trás-os-Montes aficionados nas tradições:

Sara Raposo, (   (

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Vários:

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Anexos:

Mapa 1.: (master-list/tras-os-montes.gif(

Mapa 2.: ( (

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[1] Hlavá

[pic]ek, I. a kol., Vademecum pomocných v[pic]d historických. Jino

[pic]any : H et H, 1997

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[2] ALVES, António Bárbolo, A  Hlaváček, I. a kol., Vademecum pomocných věd historických. Jinočany : H et H, 1997

Ottův slovník naučný, senha- Calendário

Sokol, J., Čas a rytmus. 2. vyd. Oikumene, Praha 2004

[3] ALVES, António Bárbolo, A língua mirandesa: cotributos para o estudo da sua história e do seu léxico, Disertação do mestrado apresentada na Universidade do Minho, 1997

[4] Artigos acessíveis na página web, com o fórum dedicado à cultura trasmontana ( (

[5] Autora da página (   (

[6] Olejník, Ján. O pôvode Fašiangov , TD č. 4/2006, acessível na página web( (

[7] Olejník, Ján. O pôvode Fašiangov , TD č. 4/2006

[8] Langhammerová, Jiřina, Lidové zvyky, Nakladatelství Lidové noviny, 2004

[9] Olejník, Ján. O pôvode Fašiangov , TD č. 4/2006

11

[10] BECKER, Udo, Slovník symbolu, Portál, 2002

12

[11] Excerto do testamento do ano 2000, ((

13

[12] Informações sobre o transcurso obtidas :

GAGO, André, Lazarim: Máscaras e Carnaval, Publicado na revista Tempo Livre, nº70, Fevereiro de 1997

( (

((

14

[13] Informações sobre o transcurso:

( (

BATISTA, Teresa, Diabos à Solte em Vinhais, Publicado na revista Jornal Nordeste, 27.02.2007, ((

( (

[14] MARTINS, Firmino A., Folklore do Concelho de Vinhais, Imprensa Nacional, Lisboa, 1939

[15] ALVES, Francisco M., Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Tomo IX, Arqueologia, Etnografia e Arte. Porto, 1934

15

[16] LOPES, Humberto, Carnaval de Podence, Um Carnaval dos Diabos, Publicado na revista "Tempo Livre" nº92-Fev.99, ((

16

[17] Informações sobre o trascurso:

((

((

((

[18] ((

[19] Informações sobre transcurso:

((

17

[20] CHIVITE, Xesús Taboada, Cultura Material y Espiritual"in Los Gallegos, varios autores 1976

18

[21] ((

[22] ( (

19

[23] BATISTA, Paulo Leitão, Páscoa- a Festa das Flores, ((

[24] ((

[25] LURKER, Manfred, Slovník Biblických obrazu a symbolu, Vyšehrad, 1999

20

[26] A teoria de Moares foi publicada pelo Ernesto Veiga de Oliveira no seu artigo no livro Festividades Cíclicas em Portugal, editada pelas Publicações Dom Quixote na Colecção, Portugal de Perto,((

[27] ((

[28] [29] ((

[30] Um dos actos da magia, comentado no livro de LANGHAMMEROVÁ, Jiřina, Lidové zvyky, Nakladatelství Lidové noviny, 2004

[31] BATISTA, Paulo Leitão, Páscoa- a Festa das Flores, ((

[32] ((

21

[33] ((,

(ngest/criapdf.php?newid=1301(

[34] SILVA, Humberto Pinho da, A Páscoa da minha infância, publicado em Jurnal Mundo Lusíada, 25.03.2009, ((

22

[35] ((

[36] ALVES, António Bárbolo, A língua mirandesa: contribuito para o estudo da sua história e do seu léxico., disertação de Mestrado apresentada à Universidade do Minho, 1997

[37] ( (

[38] PLÍNIO, Da Germânia, citações do livro usadas no artigo numa das páginas oficias dos pauliteiros ( ( 23

[39] ALVES, António Bárbolo, A língua mirandesa: contribuito para o estudo da sua história e do seu léxico., disertação de Mestrado apresentada à Universidade do Minho, 1997

24

[40] Citações dos lhaços extraidos ((, 2007

[41] Informações básicas usadas sobre os pauliteiros obtidas em várias fontes: (( 25

ALGE, Bárbara, Continuidade e Mudança na Tradição dos Pauliteiros de Miranda, tese de Mestrado defendida na Universidade de Viena, 2004

( (

[42] Estatística beseada na agenda cultural de Trás-os-Montes, ((

[43] ( (

[44] CANTEIRO, Sandra, Inauguraçőes chamam fiéis Santuário de Nossa Senhora da Assunçăo foi alvo de obras de requalificaçăo, artigo publicado em Jornal de Nordeste, 15.08.2007, ((

26

[45] Estatística beseada na agenda cultural de Trás-os-Montes, ((

[46] Cartaz com o horário da Festa de Santa Bárbara em Sendim 1999, ((

27

[47] Citação usada em ((

[48] ((

((

[49] LEANDRO, Liliana, 250 anos de bons vinhos. Região Demarcada do Douro é a mais antiga do mundo, artigo publicado em Diario de Trás-os-Montes, ((

[50] ((

28

[51] ((

[52] CAMPOS, João, Vinhais- Capital do Fumeiro

( (

[53] ( (,

( (

29

[54] ( (, ( (, (, ((

[55]CAMPOS, João, Vinhais- Capital do Fumeiro

( (

30

[56] ( (

[57] ((

[58] ( (

[59] VASCONCELOS, Leite de, Opúsculos Etnologia , volumes VII, Lisboa, Imprensa Nacional, 1938

31

[60] COSTA, Soledade Martinho, Festas e Tradições Portuguesas, Vol. VIII

Ed. Círculo de Leitores, extractos publicados em ( (

[61] ( (

[62] CANTEIRO, Sandra, Assador de Vinhais no Guinesse, publicado em Jornal Nordeste, 16.10.2007, ((

[63] (aryanrebel.files.2008/03/keltske-sviatky.pdf( 32

[64] ((

[65] ((

[66] ((

[67] ( (

[68] BECKER, Udo, Slovník symbolu, Portál, 2002

33

[69]Cabra e Canhoto celebram noite de Todos os Santos, publicado em Jornal Nordeste, 04.11.2008 ( (

[70] ( aryanrebel.files.2008/03/keltske-sviatky.pdf ( 34

[71] ( (

[72] ( (

[73] ( (

[74] ( (

[75] ( (

[76] ( (

[77] ( (

35

[78] ((

[79] ALVES, Francisco M., Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Tomo IX, Arqueologia, Etnografia e Arte. Porto, 1934

[80] BORGES, Anselmo, Carnaval e Festa dos Loucos , artigo publicado em Diário de Notícias, 26.02.2006( (

36

[81] Agenda da vida cultural de Trás-os-Montes, ( (

37

[82] ( (

[83] ( (

38

[84] PINTO, Francisco, População sair à rua no dia de Natal para cumprir a tradição que passa de geração em geração, artigo publicado em Diário de Trás-os-Montes, 08.01. 2008 , (( 39

[85]( (

( (

[86] ( ( 40

[87] ( quadroegiz/images/reismagos_hist.doc (

[88] ( quadroegiz/images/reismagos_hist.doc (

[89] LANGHAMMEROVÁ, Jiřina, Lidové zvyky, Lidové noviny, 2004

41

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