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Ter?a-feira, 27 de setembro de 2016No intervalo da manh?, a coordenadora dos apoios intitulados “Ninhos” num dos núcleos do Agrupamento, aproximou-se para me perguntar, sob a forma de afirma??o, que, ent?o, no ?mbito do meu projeto “”, teria algumas atividades mais lúdicas e com recurso às TIC para proporcionar aos alunos com dificuldades. Fiquei um pouco apreensivo, já que o que tinha pensado e organizado, até ao momento, n?o era nada de relacionado com o que esta colega pretendia. Porém, o peso de corresponder às expectativas falou mais alto e, tranquilizando a professora em quest?o, disse que há sempre alguma coisa à qual nos podemos socorrer nas tecnologias digitais. Depois do que lhe asseguro, a professora P1, volta-se para a colega responsável por apoiar estes alunos, na disciplina de matemática, a professora P2, e diz-lhe: “Pronto, logo à tarde divides os alunos como entenderes e envias uma parte para a sala de TIC, que o Ivo vai dar-lhes o que fazer, durante 45 minutos e depois trocas os grupos”. Fiquei um pouco estarrecido, já que pensei que teria algum tempo para falar com os colegas dos “Ninhos” e pesquisar aplica??es que pudessem ser trabalhadas com os alunos. Voltei a deixar-me levar pelo peso da responsabilidade de saber mais do que os meus colegas, nesta área, e de ser o coordenador de um projecto que pretende promover a integra??o das TIC nos currículos e, claro, em menos de um minuto apresentei a ideia de se utilizar a plataforma Khan Academy. Tinha-a explorado há pouco tempo mas nunca a tinha utilizado, efetivamente, ou, t?o pouco equacionado o seu potencial pedagógico. Também n?o a havia apresentado a nenhum colega de matemática. N?o sei se terá sido a melhor forma de lidar com a situa??o. Talvez devesse ter dito que sim, disponibilizando-me, mas que as coisas n?o se podem fazer assim, pedindo tempo e organizando melhor os procedimentos, porém, combinei de imediato com a professora de matemática P2, que no intervalo seguinte e à hora do almo?o faríamos o registo dos alunos para n?o haver o caos quando os alunos chegassem à sala de TIC, pois fazer a inscri??o individual, dos alunos, ajudar a aceder à plataforma e explicar como funciona seria uma tarefa complicada, que mais n?o fosse pela qualidade do acesso à internet da escola que bordeja o lamentável. Assim fiz, depois de uma breve explica??o do que seria a aplica??o, procedemos ao registo dos alunos e fornecemos, também, os dados dos registos à professora de Ciências Naturais, já que, por ter menos alunos, teria de ser ela a assegurar o apoio a estes alunos, na utiliza??o da plataforma. Eu estarei presente apenas nas primeiras sess?es para ajudar a registar e orientar da utiliza??o. Depois dos registos feitos, o receio e a angustia de tudo estar a ser muito precipitado abrandaram e comecei a ter a sensa??o que ninguém esteve muito preocupado com a utilidade desta aplica??o ou o que ela continha. Sempre que procurava explicar em que consistia e advogava algumas vantagens na sua utiliza??o, pois queria encontrar utilidade naquilo que propunha, as colegas eram educadas e acenavam com a cabe?a mas como quem tem pouco interesse ou está interessado em que nos calemos, balbuciando, entre acenos de cabe?a, “pois… pois…” “sim…sim…”. Também se pode dar o caso de pensarem que como n?o percebem nada da aplica??o nem s?o responsáveis pelo projecto “”, o ?nus da sua aplica??o estará todo do meu lado. Como de facto, no início deste bloco de apoio vi-me dentro de uma sala de TIC, com dois colegas mas a tentar sozinho fazer tudo ao mesmo tempo, até que decidi pedir ajuda à colega de Ciências Naturais, tendo sido um pouco diretivo. Como temia, alguns alunos estiveram mais de 20 minutos a tentar aceder à plataforma e os que acederam tiveram uma experiência muito má, com quebras sucessivas, tendo de voltar várias vezes a iniciar as atividades e/ou a sess?o. A maioria destes alunos s?o desmotivados em rela??o à matemática e esta experiência, pouco positiva, n?o melhorou o seu envolvimento na disciplina de matemática. Como esta plataforma tem vídeos explicativos, para depois se poderem resolver exercícios, de forma acompanhada pelo software, torna-se necessária a utiliza??o de auriculares e, nesta sess?o, ninguém contava com esta necessidade. Avisei que a partir de hoje seria obrigatória a sua utiliza??o, pelo que tinham de se fazer acompanhar de um conjunto de auriculares. Alguns afirmaram n?o possuir nem ter quem lhos emprestasse, pois a esta hora (último bloco de 90 da tarde de ter?a-feira), quem n?o tem “Ninhos” está sem aulas e a precisar deles para ouvir música ou ver vídeos, na sala de convívio. Finda a sess?o, tenho a certeza que as contingências causaram o insucesso da implementa??o desta ferramenta. Culpo-me por n?o ter dito n?o. Deveria ter pedido tempo para preparar melhor esta introdu??o da ferramenta. Como a internet está a ser muito solicitada por quem está sem aulas, a navega??o na sala de TIC tornou-se impossível e n?o fui capaz de explicar a todos de uma só vez, como tinham de fazer para aceder e como deveria ser utilizada. Decidi a fazer explica??o, aluno a aluno, à medida que iam conseguindo o acesso, e quando tentava ajudar um, havia sempre outro a ter um problema e a reclamar, n?o compreendendo porque é que tinham de estar ali, já que só estavam a perder tempo, o que, em última, análise, era a mais perfeita das verdades. Sito que a minha primeira atua??o foi um fracasso e n?o sei se consigo garantir melhorias na próxima sess?o.Ter?a-feira, 4 de outubro de 2016Hoje, voltei novamente aos “Ninhos”. Já com uma nova sensa??o e certeza: este pedido tinha surgido, apenas, para “ocupar” os alunos. Só há uma professora de matemática para todos os alunos do 3?ciclo, em apoio, o que torna a tarefa de dirimir dificuldades, na matemática, hercúlea, pois a colega tem mais de 25 alunos, de três níveis diferentes, em 90 minutos. Sinto-me abusado e a minha tarefa, no ?mbito do projeto “”, diminuída. Contudo, como acredito que a plataforma Khan Academy pode, de facto, ajudar os meus alunos, decidi que n?o ia desistir à primeira e que teria de fazer com os meus colegas respeitassem o trabalho que ia desenvolver neste projeto. Esta sess?o já decorreu com mais normalidade, pois o acesso à internet, apesar de lento, foi mais seguro. Ao que parece, na última sess?o, a verdadeira raz?o para a lentid?o e quebra terá estado nos incêndios que assolaram a regi?o há pouco tempo e que destruíram muitas estruturas de telecomunica??o. Houve alunos que continuaram a reclamar, sobretudo os mais impacientes; outros queriam ir embora, pois perceberam que teriam de trabalhar e que a sua falta de trabalho iria ficar registada, já que a plataforma regista tudo; outros, ainda, estiveram muito motivados e empenhados, tendo mesmo perdido a no??o do tempo a passar. Registo o caso de um aluno que nunca gostou de matemática, que acha que n?o sabe nada de matemática, tem tido, quase sempre, negativa a matemática mas que perdeu a no??o do tempo, sendo, completamente, absorvido para dentro da plataforma, pois come?ou a acertar, sucessivamente, os exercícios e ganhou confian?a. Mesmo, depois desta pequena vitória, será que faz sentido a utiliza??o desta plataforma neste apoio? Sinto que tenho de questionar a colega de matemática.Ter?a-feira, 11 de outubro de 2016No seguimento de uma conversa sobre o projeto , a professora P3, de educa??o especial o núcleo de Cerva aceitou muito bem a ideia de tornar as atividades dos seus alunos, com Currículo Específico Individual, mais tecnológicas. Reconheceu a sua falta de conhecimento das novas tecnologias, mas apresentou grande vontade de avan?ar e aprender. Diz necessitar, com insistência, alguma atividade diferente com a matemática. Fiquei na dúvida sobre o que entendia por “atividades diferentes”. Fui dando algumas hipóteses de trabalho e sugeri aplica??es mas ficou entusiasmada com a plataforma Khan Academy. A meu ver, optou por esta plataforma, onde as atividades já estavam prontas, porque a sua interven??o para preparar atividades n?o é necessária. Por outro lado, a mesma plataforma exigia pouco conhecimento técnico, os alunos fizeram tudo de forma rápida e intuitiva e n?o houve a necessidade de produ??o de nenhum recurso, ou grande planifica??o e orienta??o dos alunos. A professora registou todos os passos, para aceder à aplica??o e visualizar os relatórios automáticos produzidos, no seu caderninho de capa preta A5. Questiono-me se a posteriori vai ser capaz de voltar a aceder à aplica??o sem ajuda, tal é a inseguran?a e o desconhecimento, confesso, relativamente às novas tecnologias. Fizemos o registo da professora e o registo dos quatro alunos com CEI, que se encontravam na sala. A aluna A1, a mais expedita dos quatro e aluna do 9? ano, foi a que demonstrou grande curiosidade e vontade de experimentar. Este entusiasmo talvez se devesse à novidade e à mudan?a do tipo de atividade, já que a matemática é sempre uma disciplina “rejeitada”.Definimos como miss?o conteúdos matemáticos relativos ao primeiro ciclo. A aluna A1 achou muito fácil e muito interessante ganhar pontos por cada resposta certa, ficou satisfeita quando ganhou prémios de desempenho e por ter a possibilidade de mudar de avatar. Na verdade, estes princípios da Gamifica??o ajudam, com efetiva eficácia, no envolvimento dos alunos nas atividades. No início acompanhámos a aluna e explicámos como funcionava a plataforma e onde mexer para poder avan?ar. Cerca de cinco minutos depois a aluna estava perfeitamente à vontade com a aplica??o e o entusiasmo durou cerca de 90 minutos. N?o teve vontade de ir ao intervalo e só abandonou a sala porque a hora do almo?o tinha chegado. Pergunto-me se esta motiva??o toda seria por causa da vontade de ganhar mais avatares ou pelo simples facto de serem conteúdos dominados pela aluna e cujo sucesso a levava a querer mais sucesso ainda. Talvez o som produzido, pela aplica??o, aquando do acerto de respostas certas tivesse condicionado a aluna a continuar para ouvir o som do sucesso, apenas pelo condicionamento positivo de um feedback imediato. Poder?o ter sido os pontos acumulados, os distintivos ou até os diferentes avatares que foram sendo desbloqueados, mas cujo alcance é mais demorado no tempo.Neste encontro, a professora reclamou a possibilidade de serem colocados outros computadores, mais atualizados na sua sala de trabalho, já que os três que lá se encontravam eram antigos e sem liga??o à internet. As atividades na Khan Academy foram realizadas no computador que se encontra na secretária do professor e que era o mais atual e com liga??o à internet. Esta reivindica??o da professora é, deveras, justa e nem deveria ser necessária. A e-inclus?o destes alunos é urgente. Por isto, prometi ajudar, e intervim junto da dire??o que prontamente resolveu a situa??o, substituindo os três computadores por dois mais atuais. Estes dois computadores estavam mal aproveitados em salas que ninguém utilizava, como a sala dos assistentes operacionais e o Gabinete de Apoio ao Aluno. Por vezes penso que há uma falta de preocupa??o com as situa??es que v?o surgindo na escola, de uma forma geral, e, em particular, um je ne sais quoi de desresponsabiliza??o relativamente aos recursos materiais. Esta situa??o foi urgente agora que eu procurei intervir e promover atividades com recurso às Tecnologias Digitais, mas n?o teria sido importante ter computadores ligados à internet antes? Se n?o existissem seria compreensível, mas existiam, estavam subaproveitados (sem utiliza??o) a servir de bibel?s e a acumular pó. Por vezes os recursos materiais n?o s?o insuficientes, apenas est?o mal alocados. Penso que, em certas circunst?ncias, por excesso de zelo, se torna mais imperativo manter material informático em clausura, do que o disponibilizar à utiliza??o, nem sempre cuidada e atenta, que preserve, a longo prazo, os recursos informáticos, esquecendo-se que estes materiais se tornam obsoletos mesmo sem utiliza??o. Esta decis?o n?o terá vindo diretamente da dire??o, julgo eu, mas sim de um funcionário zeloso que, à semelhan?a da ideia de que o naperon em cima da TV a preserva, terá mantido estes computadores em locais a salvo de utiliza??o, pensando que daqui a dez anos podem vir a ser muito úteis.No fim deste dia, fui, novamente, ajudar a orientar os alunos na sala de TIC, na utiliza??o e otimiza??o da plataforma Khan Academy. Qual n?o foi o meu espanto quando os professores que est?o afetos ao “Ninho” e para esta sala, n?o estavam lá. Tinham deixado a tarefa para mim, embora as horas que me s?o atribuídas para desenvolver o projecto “” sejam móveis e n?o, de todo, exclusivas para este apoio. Orientei os alunos e a meio da sess?o a Coordenadora destes apoios, neste núcleo do Agrupamento, junta-se a mim na tarefa de orienta??o dos alunos. Mais uma vez sinto que n?o est?o a dar a devida import?ncia à aplica??o e quando os professores n?o valorizam é motivo para que os alunos também n?o lhe reconhe?am qualquer utilidade. Tenho de clarificar este aspeto com a Dire??o, na certeza que o meu trabalho, aqui, está feito.Sexta-feira, 14 de outubro de 2016Na Escola da Pena, fui abordado por colegas de português e história que têm como atribui??o o trabalho com alunos com necessidades educativas especiais. N?o possuem forma??o específica para o trabalho com estes alunos, possuem mais de 20 anos de tempo de servi?o, e têm de desenvolver atividades em áreas que n?o s?o as suas (por exemplo a higiene corporal). Estes professores acharam que a introdu??o de novas tecnologias seria a solu??o para a sua incapacidade (referida pelos mesmos) em trabalhar com estes alunos, já que estes alunos adoram jogar no computador. Perguntaram-me o que estava eu a preparar para estes alunos, pois estavam a precisar de ajuda. Expliquei que eu nada estava a preparar nem iria entregar atividades pré-feitas para que pudessem ser só aplicadas. Esta ideia talvez tenha surgido pelo facto de se estar a implementar a plataforma Khan Academy, em auxílio da disciplina de matemática. Ofereci a minha disponibilidade para ajudar e orienta??o, em contexto, para desenvolvermos algumas atividades com recurso a novas tecnologias mas que seria, sempre, tarefa sua produzir e desenvolver as atividades, embora eu pudesse estar presente nesses momentos. Referindo que assim n?o iriam conseguir e que seria difícil, despediram-se com um “olha deixa lá… eu logo vi…” afastando-se. Perante a necessidade de terem de pensar, planificar, organizar e por em prática as tarefas com recurso às novas tecnologias, as duas professoras desmotivaram e desistiram, imediatamente, da ideia da introdu??o das novas tecnologias nas práticas com alunos com necessidades educativas especiais. Mais uma vez, procurava-se o fácil, o lúdico e o afastar de tarefas, cujo domínio era muito pouco. Pensei que estaria a ajudar quando ofereci a minha ajuda mas penso que só lhes compliquei a vida. Estas professoras já tinham uma tarefa duplamente complicada: ensinar conteúdos de uma área alheia, que n?o dominavam, e trabalhar, ao mesmo tempo, com alunos com diferentes patologias e necessidades especiais de aprendizagem, e eu ainda lhe acrescentei o facto de, a curto prazo, dominarem ferramentas e aplica??es digitais, aferirem o seu potencial pedagógico, planificarem atividades com recurso a elas e avaliá-las. N?o admira que tenham recusado de forma t?o rápida. Reconhe?o que cada vez se pede mais a professores que já têm dificuldade em fazer diferente nas suas áreas disciplinares, quanto mais em áreas que n?o deveriam ter de operacionalizar. Desta forma, por mais interessantes que possam ser as atividades potenciais a desenvolver, com recurso às tecnologias digitais, os professores que já acusam algum cansa?o, rejeitam novas formas de ensinar e influenciam todo um grupo à sua volta. Come?o a achar que a tarefa de ajudar a desenvolver metodologias de aprendizagem com as TIC será muito difícil de alcan?ar. ? necessário tempo e diminui??o de diferentes cargas que possam tornar estas metodologias efetivamente motivantes para os professores. Como n?o lhe encontram vantagem, n?o as dominam e contam com poucas condi??es de ajuda, a rejei??o tornou-se natural e volta-se para porto seguro, fazendo-se como sempre se fez. ................
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