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Colégio Estadual Profa. Simone S. Neri

Componente Curricular: Língua Portuguesa

Séries: 1MA, 1MB, 1MC e 1MD

Docente: Isabel Lima

Discentes:___________________________________________________________________________________________________

Grupo 04: “O velho da horta”, de Gil Vicente (Peça de teatro adaptada e com recorte) – (06 pessoas)

Valor: 4,0 (apresentação e parte escrita)

Nota: __________

Personagens:

Narrador(a)

Moça

Velho

Mulher

Branca Gil

Delegado

OBS: Sugiro os personagens que têm menos fala, por exemplo, o(a) Narrador(a), Branca Gil e o Delegado fiquem responsáveis pelo áudio, cenário, figurino.

VELHO: Pai nosso que estas no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu, o pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai as nossas ofensas assim como nos perdoamos a quem nos tem ofendido, mas livrai-nos do mal. Amém.

Entra a MOÇA na horta e diz o VELHO:

VELHO: Meu Deus!

MOÇA: Deus te abençoe.

VELHO: Onde se criou essa linda flor? Eu diria que nos céus.

MOÇA: Mas no chão.

VELHO: Pois nenhuma mulher chegou a seus pés!

MOÇA:Nossa! Que cantada barata!

VELHO:  O que veio buscar aqui moça do meu coração?

MOÇA: Venho a horta para comprar tempero.

VELHO: Meus olhos ficaram apaixonados por ti, minha flor!

MOÇA: O senhor tem ou não tem tempero colhido?

VELHO: Você veio rápido, minha condensa, meu amor, meu coração!

MOÇA: Meu Deus! O que é isso? Você está ficando louco?

VELHO: Não fale assim, pedistes hortaliças, porém por você  estou  verdadeiramente apaixonado.

MOÇA: E essa tosse? Mulheres da sua idade é que tens que se apaixonar, você está velho.

VELHO: Mas amo como se fosse um jovem.

MOÇA: E qual será a boba que aceitará o seu amor?

VELHO: Você roubou a minha alma, e também a minha dor!

MOÇA: Que bonito! Quem ouvir isso vai acreditar que estás falando a verdade.

VELHO: Vivo, mas não quero ser preso!

MOÇA: Ninguém lembrará de ti quando morrer.

VELHO:Você já é quase a minha morte.

MOÇA: Nossa! Que gentil, até parece uma pedra preciosa!

VELHO: Oh que grande alegria! O maior risco da vida e mais perigoso é amar, morrer é acabar, e o amor não tem saída, melhor sofrer e ser amado.

MOÇA: Ora, ora,  a sua velhice pode estar te enganando!

VELHO: O que me falas chama ainda mais a minha atenção.

MOÇA: Meu senhor! Você está cego, e não vê isso?

VELHO: Você que me deixou cego, porém ainda vejo que me tratas mal.

MOÇA: Você não vê que está quase morrendo?

VELHO: Oh bela flor! Quem te trouxe aqui? Coitado de mim, porque logo quando a vi, fiquei cego, a vida esta tão bagunçada, que é tão ruim quando penso que vais embora.

MOÇA: Já está perto da sua morte, quem disse essa loucura que quanto mais se ama na vida, mais se vive?

VELHO: A vida é homicida, que quanto mais ama, mais sem vida fico, porém ainda acho que tenho idade de namorar uma menina de sua idade, oh minha querida!

VELHO: Os que são mais avisados, são ao que sofrem de amor

MOÇA: Onde estão esses namorados? A terra está livre deles!

VELHO: Querida estou aqui, e só sei te amar, você é tão linda que honra em te ver.

MOÇA: Que velho sem sossego!

VELHO: Você me acha engraçado?

MOÇA: Dissestes que me vistes, mas tu és cego.

VELHO: Estou cego de amor.

MOÇA: Tudo fica bem quando se está apaixonada.

VELHO: Quanto mais zangada fica, mais tenho certeza que quero você.

MOÇA: Não vai trazer o tempero? Quero ir, estou com pressa.

VELHO: Minha linda! Toda a minha horta é sua.

MOÇA: Não quero os teus elogios

VELHO: Não quero a sua pena, porque quanto mais bonita  mais cruel é. Pegue o que quiser, destrua a minha horta se você quiser.

MOÇA:Não posso esperar, vou pegar qualquer coisinha, para não me atrasar.

VELHO: Pois leve uma dessas rosas!  Queria que os amores fossem como pedras preciosas, e que seu caminho seja de ouro e de rubi, para dá bons frutos, que Deus te faça como um anjo, bonito o jardim que você cuida, e podes de mim o que fizer dele.

MOÇA: Que plantas bonitas, estão bem cuidadas!

VELHO:  Na água vejo nossa figura, vejo minha sepultura ser feita.

Canta a moça:

“Qual é  a menina que colhe flores se não tem amores?

Colhia a menina a rosa florida:

“O hortelanico lhe perguntava se tinha amores.”

NARRADOR(A): Assim, cantando, colheu a MOÇA da horta que vinha buscar e, ao ter acabado, diz:

MOÇA: Está aqui o que colhi.

VELHO: O que você vai me pagar? Vai me dar o teu amor?

MOÇA: Como senhor?

VELHO: Eu não posso ficar sem você, gostaria de lhe dar uma rosa.

MOÇA: Uma rosa? Pra quê?

VELHO: Porque  são colhidas de minha mão, posso? Sei que não estou livre da paixão, mas você será a minha consolação em minha partida.

MOÇA: Pode, mas ande rápido.

NARRADOR(A): Assim o velho sai de pressa para colher a rosa.

VELHO: Já vai? Eu não esqueço você, mas você não quer ficar comigo! Oh sofrimento infernal  vou acabar morrendo.

Vem a MULHER do VELHO e diz:

MULHER:  Hui! Que cena desastrada Fernandes, o que é isto?

VELHO: Já passou o mal, oh velha destemperada, viu agora?

MULHER: E você onde mora? Meu dia não foi bom! Você veio jantar em má-hora. Porque você vai cantar uma música?

VELHO: Por São Mateus, vai para o hades, sua gulosa!

MULHER: Quem pôs ai essa rosa?

VELHO: Não me enche, porque estou chateado, não me faça falar besteiras.

MULHER: Agora com novas plantas você acha que vai se tornar garanhão?

VELHO: Talvez sim, talvez não, só sei que estou a cantar.

MULHER: Que vergonha!  Um homem de sessenta anos.

VELHO: Amores que sonho há tantos anos.

MULHER: Você já esta na idade de mudar os costumes

VELHO: Quando você me perguntar alguma coisa eu falarei a verdade.

MULHER:Você está velho para namorar uma moça.

VELHO: Me deixa namorar ela, porque estou muito apaixonado.

MULHER: Vá para o inferno!

VELHO: O caminho do cego é por onde veio, por isso, saia já daqui.

MULHER: Ui, meu Deus, serei morta ou espancada por você!

VELHO: Não porque isso é pecado, Santa Maria, que praga! Quanto mais eu rezo mais assombração me aparece.

(canta)

“Envolvi-me com uma Moça,

Envolvi-me com uma jovem,

Envolvi-me.”

O velho pega o celular e liga para a Branca Gil (cafetina e rezadeira).

VELHO: E aí, Branca? Tudo bem? Vou precisar de uma ajuda sua... Você poderia vir para cá?

Entra Branca Gil.

VELHO: Estou apaixonado e acho que ela não gosta de mim. Quanto você cobra?

BRANCA GIL: Vou cobrar metade de sua fazenda.

VELHO: Pode fazer.

O velho sai e a Branca Gil começa as rezas.

BRANCA GIL: Ó Nossa Senhora! Ó Santo Arelhano! Ó São Garcia! Ó Apóstolo São João!

Entra o velho.

VELHO: Ah não! Ela ainda não me ama!

BRANCA GIL: Como não? Acho que o preço foi muito baixo... Quero tudo o que você tem.

VELHO: Pronto.

O velho sai e Branca Gil começa novamente.

BRANCA GIL: Ó Nossa Senhora! Ó Santo Arelhano! Ó São Garcia! Ó Apóstolo São João! Eu suplico!

Entra o velho nervosíssimo.

VELHO: Não funcionou! Eu perdi tudo! Perdi tudo com você e com a minha amada! Não acredito que ela casou-se com outro! Sua traiçoeira, mentirosa!

O velho pega o celular e liga para a polícia.

VELHO: Alô. Polícia? Sabe aquela tal Branca Gil? Ela me roubou! Ela está aqui agora! Venham!

Entra o delegado com um policial.

DELEGADO: Que bom que você ligou! Estávamos à procura dela há cinco anos!

BRANCA GIL: E não é agora que vocês me pegarão!

POLICIAL: Ah é sim! Quer ver?

O policial pega as mãos de Branca Gil e as segura.

DELEGADO: Obrigado novamente. Tenha um bom dia.

Saem a Branca Gil presa, o policial e o delegado.

VELHO: Oh não! Olha para isso! Estou pobre, mal amado.

Meu Deus! Sei que mais vale o amor do que o dinheiro, mas agora estou sem os dois!

VELHO: Estou triste.

MOCINHA: O que tens? Estás doente?

VELHO: Ai! Não sei! Ando triste desde quando nasci.

MOCINHA: Não chore! Pior esta aquela que vai ali!

VELHO: Quem?

MOCINHA: Branca Gil.

VELHO: Como?

MOCINHA: Com muitos açoites, levam uma pessoa de tão bom coração, como lhe batem.

VELHO: Oh, coitada da minha amiga!

MOCINHA: Coitado de você, má-hora é a sua.

VELHO: Fui roubado pela vaidade, perdi minha fazenda. Quero morrer, não fiquei com nada, com tanta riqueza que eu tinha. O maior risco da vida e mais perigoso é amar.

FIM



LEITURA, INTERPRETAÇÃO E

PRODUÇÃO DE TEXTO

1) Esta peça de teatro é uma adaptação da farsa de Gil Vicente: “O velho da horta”. Lembrando dos textos humanistas trabalhados em sala, a saber, os encontrados no livro, “Auto da lusitânia” (páginas 64 até 66) e um fragmento de “Auto da barca do inferno” (página 73), ambos do referido autor, respondam:

A) Indique algumas aproximações e distanciamentos entre os personagens de “O velho da horta” e os de “Auto da lusitânia”, Todo o Mundo e Ninguém. (Mínimo 03 linhas)

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B) Indique semelhanças e diferenças entre o Fidalgo, o Sapateiro, personagens de “Auto da barca do inferno” e o Velho. (Mínimo 03 linhas)

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C) Com base no percebido pelos referidos textos, se o Velho fosse julgado ele iria para a barca do inferno ou do paraíso? Justifique. (Mínimo 03 linhas)

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C) A denúncia feita pelo autor através desse auto assemelha-se com algumas questões da atualidade. Qual(is)? Justifique, através de argumentos e dando exemplos. (Mínimo: 06 linhas)

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Sucesso!

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