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A Descolonização do Congo Ex-Belga

E

A PONTE AÉREA da DTA

Leopoldville – Brazzaville

Já lá vão 45 anos desde o dia da Independência do Ex-Congo Belga, feita com toda a pompa e circunstância, em cuja cerimónia oficial em Leopolville, hoje Kinshasa, esteve presente o Rei Balduíno da Bélgica, lado a lado com o tão famoso revolucionário de triste memória, o então recém Presidente Patrice Lubumba.

Depois desta imponente cerimónia, em que um desembaraçado Citoyen Zaïrois roubou a espada a Sua Majestade o Rei Balduíno, instalou-se a confusão e o terrorismo naquele vasto território, com barbaridades, pilhagens e todos os condimentos atreitos a situações desta natureza.

Prevendo este clima de insegurança, os belgas ainda deixaram no Congo uma força de Paraquedistas para proteger a saída das populações brancas, mas isso não foi suficiente para controlar a anarquia que de facto se instalou ao mesmo tempo em todo o recém independente território.

Eram os capacetes azuis, os amarelos, os vermelhos e os verdes, felizmente sem organização e todos a quererem mandar ao mesmo tempo, com um requinte selvagem e bárbaro, principalmente os de capacete vermelho, que eram os da facção Lubumba.

Com a agravante de, adentro do mesmo grupo, cada cabeça sua sentença, o que também não era nada tranquilo.

Assisti em Leopoldville a cenas, forjando notícias, que jamais esquecerei:

Vi uma equipe da Televisão italiana, no próprio Aeroporto de N’djili em Kinshasa, (antiga Leopoldville), fazer um falso documentário, aldrabando o pagode, filmando uma cena com um preto, a quem tinha pedido para se deitar no chão e outro com uma catana na mão a fingir que o ia matar.

Com muita tristeza assisti ainda a outras filmagens de falsos documentários sensacionalistas noutro locais em AFRICA, ---

Não foi só no Ex-Congo Belga!...

E assim se fizeram muitos documentários!

Não pretendo aqui fazer quaisquer considerações sobre os porquês desta precipitada e urgente descolonização, assim como de muitas outras, isso é matéria que necessita de um prévio e longo estudo, o que pretendo é apenas contar como me envolvi nestes acontecimentos.

Eu estava nesses tempos (1960) voando na DTA em Angola, assim como o meu colega Cte. Viegas, então Director de Operações e também o Cte. Reinaldo dos Santos, grandes e leais amigos que, infelizmente por força das leis da vida, já não estão entre nós

.

Todos éramos oriundos da TAP, éramos unidos e formávamos uma boa equipe!

Qualquer de nós sabia perfeitamente que podia contar com a colaboração do outro em qualquer situação e em qualquer momento.

E um dia, após eu ter chegado a Luanda de um voo de rotina, o Viegas estava à minha espera porque tinha uma certa urgência em falar comigo.

Começou por me dizer que tinha acabado de chegar de Leopoldville e Brazzaville, onde tinha ido a pedido do Governador-Geral, ver a possibilidade de se organizar, uma PONTE AÉREA de Leopoldville para Luanda para retirar de lá todos os Portugueses que o desejassem fazer.

Pôs-me também ao corrente da grave situação naquela cidade, onde se vivia um clima de anarquia e terror, provocado não só por boatos politicamente seleccionados e propalados estrategicamente mas também pelo recente e desorganizado exército congolês.

Relatou-me que, logo à chegada a Leopoldville, tinha tido uma entrevista decepcionante com o Vice-Cônsul de Portugal, onde este lhe relatou o clima catastrófico e perigoso que se tinha instalado e que o ponto de vista do Delegado da DTA ainda era mais pessimista.

Ambos punham em dúvida a possibilidade de se organizar e muito menos executar uma evacuação do tipo «Ponte Aérea» entre Leopoldville e Luanda, dado o elevado número de portugueses, os fracos recursos de que dispúnhamos e a longa distancia entre as duas cidades.

Era uma missão que parecia impossível !.... porque:

Leopoldville fica a 560 quilómetros de Luanda

O máximo de Portugueses que poderíamos transportar seriam uns escassos 200 por dia.

Dispúnhamos apenas de dois Dakotas com capacidade para 28 passageiros.

E a evacuação dos nossos compatriotas também era contrariada pelo Governo Congolês.

Tinha pois que se encontrar outra solução!

Também me contou que, antes de regressar ao Aeroporto, para voltar para Luanda, tinha, no carro do nosso Vice-Cônsul, dado uma volta pela cidade e ficou horrorizado com tudo o que tinha visto.

Que junto ao cais de embarque da jangada (BAC), que ligava esta cidade a Brazzaville viu uma extensa fila de fugitivos Belgas, onde soldados congoleses, perdidos de bêbados, se entretinham a pilhar os poucos haveres que os fugitivos procuravam levar consigo e também tirando de vez em quando dessa fila, à força das espingardas, algumas mulheres para depois as violentarem, perante a impotência de quem estava ansioso por fugir daquele inferno.

Noutro lado, em frente a um dos mais modernos hotéis, viu também uma multidão que assistia aos berros ao triste espectáculo que um oficial belga, descalço e em cuecas, estava dando, ao ser obrigado, no meio de pauladas e coronhadas, a caminhar sobre um arame farpado estendido no chão ao longo da rua.

Se pusesse o pé fora do arame era logo agredido e, se caísse, estaria perdido.

Viu também muito mais outras barbaridades que nem são para contar.

A situação era realmente muito grave e muito perigosa!

Por isso havia realmente a necessidade urgente de evacuar imediatamente os Portugueses, tanto os que já enchiam a nossa Embaixada como todos aqueles que se apresentassem no Aeroporto.

Disse-me também já estar tudo planeado com o nosso Embaixador em Leopoldville e que no dia seguinte partiriam dois Dakotas para começar esta operação mas, perante as dificuldades presentes, ainda se estavam a fazer outras diligências, pensando numa alternativa.

Era fazer-se a evacuação para Brazzaville.

Depois de me ter informado em pormenor do que se estava passando, disse-me que tinha interesse em que eu participasse na operação planeada, indo nós os dois no mesmo avião por ser um serviço arriscado e comigo sentiria mais segurança, dado que tinha de fazer algumas dèmarches uma vez aterrados em N’djli, onde deveria estar à nossa espera um contacto nosso, devidamente fardado, que era tido como Comissário da DTA, para orientar o embarque dos Portugueses.

Perante este quadro, em que havia Portugueses desesperados correndo perigo de vida, não hesitei um só momento.

Eu não podia dizer que não….!!!

Achei, e hoje ainda acho, que tinha a obrigação moral de ir!

Fazer mesmo o impossível para salvar o meu semelhante,

Tirar de lá aqueles portugueses que estavam sentindo no corpo o desmoronar das suas vidas.

Por tudo isto e até mais não sei porquê, eu iria de qualquer forma mas,..

Com o Viegas…, colega e amigo desde os tempos de Sintra, ….. eu iria até ao fim do mundo!.

Contudo ainda lhe perguntei: Quem vai no segundo avião?

Queria saber com o que e com quem poderia contar.

Vai o Reinaldo e o Craveiro Lopes, (antigo colega do nosso curso em Sintra, (primo do Cte. Craveiro Lopes da TAP ).

Assim tudo bem!

Porque aquilo era mesmo a sério e não uma simples aventura.

E, no dia seguinte pelas 7 da manhã, conforme o previsto, lá partimos os dois de Luanda rumo a Leopoldville, seguidos pelo outro Dakota, com o Reinaldo dos Santos e o João G. Craveiro Lopes a segundo piloto, para tentarmos a evacuação pretendida.

Antes de chegarmos à FIR de Leopoldville, cerca de uma hora antes do ETA, recebemos um rádio a bordo informando que não era aconselhável aterrarmos em Leopoldville porque a situação se tinha complicado no Aeroporto em N’djili, que o 707 da Sabena ainda continuava retido desde o dia anterior e por isso devíamos seguir para Brazaville, (Congo Francês), que estávamos simplesmente autorizados a aterrar lá, mas tínhamos que esperar até sermos contactados.

De acordo com esta mensagem, lá seguimos para Brazzaville, mas

Esta mensagem ficou-nos atravessada !.....

Isto não podia ficar assim e, de imediato ainda no ar começamos a pensar como poderíamos tirar os Portugueses da Embaixada no caso de não podermos aterrar em N’djili

.

Seria tarefa difícil mas pensámos ter encontrado a solução com uma arriscada operação relâmpago, que passo a explicar:

Como o antigo Aeroporto de N’dola, mesmo junto à cidade, ainda estava operativo, seria este Aeroporto seleccionado para a operação.

Os militares congoleses estavam entretidos com o que se passava no novo Aeroporto de N’djili e, como não estavam organizados, quando se apercebessem do que se estava a passar em N’dola a evacuação já estaria realizada.

A operação consistia em:

Ir ao TÔTO em Angola, onde estava baseada uma Companhia de Caçadores Especiais, sob o Comando do Capitão Ramos.

Embarcarmos 50 desses caçadores especiais nos 2 aviões.

Aterrar em N’dola.

Abrir uma brecha até à Embaixada através da qual os refugiados chegariam aos aviões para os evacuarmos para Brazzaville

E de seguida levaríamos os caçadores especiais de volta ao TÔTO.

Não sei se isto teria sucesso ou não!

Nem quero saber, até porque felizmente não foi necessário !

Foi talvez um louco e alucinante projecto de antigos pilotos militares, à data Comandantes Seniores de Linha Aérea, numa hora de desespero, somente para salvar Portugueses encurralados.

Entretanto, entretidos com estas conjecturas, o tempo foi passando e pelas 09,30 da manhã, conforme as instruções da mensagem que tínhamos recebido, estávamos aterrando em Brazzaville.

Mal aterramos fomos imediatamente abordados por um grupo de portugueses muito apreensivos, residentes nesta cidade, que nos disseram para não tentarmos ir a Leopolville porque depois não nos deixavam sair.

Pintaram-nos um quadro devastador, conforme descrição dos que tinham ali chegado, depois de terem atravessando o rio em barcos e também na jangada.

Todos fugiam do Congo ex-belga conforme podiam.

E nós ali ficámos no Aeroporto à espera de instruções !

Que tempo tão longo de espera !!!

Parecia que o tempo não mais passava !......

E pelas duas da tarde, chegaram finalmente as instruções.

A evacuação podia começar para Brazzaville e não Luanda porque o Governo de Brazzaville já tinha autorizado, desde a véspera, o seu total acordo para esta operação.

E podíamos descolar imediatamente.

Mas tivéssemos muita atenção em Leopoldville porque o risco era elevado, a situação era ainda muito confusa e por isso ainda não era possível garantir qualquer êxito.

Que o 707 da Sabena continuava lá retido desde a véspera e estavam dificultando a evacuação, fazendo uma triagem dos passageiros; isto é, havia uma longa lista de nomes numa lista negra e esses não os deixavam sair.

Corríamos mesmo o risco de não conseguirmos embarcar ninguém.

Óptimo, eram só 10 minutos de voo e não esperámos mais, descolamos logo de seguida na esperança de não falharmos.

Quando aterrámos em N’djili não verificamos qualquer movimentação na placa de estacionamento e ainda lá estavam não só o 707 da Sabena mas também vários Dakotas da Sabena-Congo.

Só víamos soldados em jeeps, com os celebres capacetes de várias cores, correndo de um lado para outro e ninguém a dar qualquer indicação onde estacionar.

Isso deu-nos a possibilidade de estacionar o avião numa posição estratégica junto mesmo à porta de embarque, de modo a não dar muito nas vistas o embarque dos possíveis passageiros e também para, no caso de surgir algum problema, podermos descolar rapidamente.

Mal parámos os motores, para nosso alívio, vimos vir ao nosso encontro o nosso contacto, devidamente fardado da DTA; foi então que o Viegas saiu para receber instruções e eu fiquei lá dentro, alerta para qualquer contratempo.

Estávamos realmente autorizados a evacuar só Portugueses que não constassem da lista negra.

Conseguimos neste primeiro voo transportar somente 18 passageiros e o embarque levou cerca de hora e meia.

A coisa estava mesmo muito complicada.

De acordo com o estabelecido, o Reinaldo e o Craveiro Lopes tinham ficado em Brazzaville esperando a nossa chegada para combinarmos um trabalho conjunto.

Como não tínhamos confiança, para evitar possíveis problemas, resolvemos não ter nunca os 2 aviões ao mesmo tempo aterrados em N’djili.

E assim, após a nossa chegada, o outro avião descolou para Leopoldville e nós ficámos esperando que regressasse.

O embarque nesse avião já decorreu melhor e cerca de uma hora depois, o Reinaldo e o Craveiro estavam de volta com cerca de 25 passageiros, dizendo-nos que já lá tinham ficado muitos refugiados prontos a embarcar.

Então descolamos novamente e, perante a situação e a emergência de uma evacuação rápida, com tamanha multidão para evacuar, resolvemos ultrapassar a capacidade do número de passageiros e operar com o peso máximo permitido em operações de Guerra.

Feitas as contas, para 32.000 libras à descolagem, verificámos ser possível transportar 56 passageiros sentados e de pé, com a respectiva bagagem, isto é, o dobro da capacidade normal.

E assim fizemos !

O desgraçado do avião voava mesmo sem se queixar, só na aproximação é que pediu maior potencia, em vez dos clássicos 18 de boost necessitou de 25 e aterrou, pode-se dizer, de língua de fora.

Um Comandante da SABENA, que se tinha refugiado em Brazzaville e assistiu ao desembarque dos passageiros perguntou-nos em ar de brincadeira:

Toda esta gente não está a entrar no avião por uma porta e a sair por outra ?

Claro que não podia ser porque, como se sabe, o Dakota só tem uma porta de passageiros

Entretanto, após a nossa chegada, o Reinaldo e o Craveiro Lopes descolaram novamente para a última viagem desse dia, porque era quase sol-posto e, depois dessa hora, já não os deixavam descolar de N’djili.

Já não puderam encher o avião por falta de tempo e, para não serem interceptados pelos militares, tiveram que descolar de emergência e de atravessado com a pista, do local donde estavam estacionados, utilizando para isso parte do Caminho de Rolagem.

A odisseia desse dia tinha terminado e lá ficámos todos em Brazzaville, a dormir dentro dos aviões, para continuarmos a nossa tarefa no dia seguinte.

Mas, logo na manhã desse dia, mal acordamos, vimos a chegada de um grupo de Portugueses, residentes em Brazzaville, que nos traziam o pequeno-almoço.

E esta solidariedade espontânea durou enquanto durou a Ponte Aérea.

Neste dia, a evacuação já correu melhor, porque os valentes e heróicos capacetes vermelhos, da facção Lubumba, tinham fugido espavoridos durante a noite, devido à intervenção dos Paraquedistas Belgas.

Nesse dia o nosso último voo foi de regresso a Luanda, com refugiados que queriam ir para Angola.

Mas, no dia seguinte, às 6 horas da manhã, descolaram outra vez de Luanda os dois aviões, já com outras tripulações, para continuar a evacuação que se prolongou durante cerca de 8 dias, sendo o último voo de cada dia sempre para Luanda.

Nos últimos dias conseguiu-se continuar a operação, mesmo durante a noite, mas tínhamos que voar de luzes apagadas, incluso as luzes de navegação por corrermos o risco de ser abatidos

Entretanto a Sabena também fazia a evacuação de belgas não só para Brazzaville como para a Bélgica, mas pagando as passagens, enquanto nós transportávamos os nossos gratuitamente.

Assistimos a alguns episódios nunca esperados:

Um Português, que no primeiro dia tinha sido evacuado, no segundo dia da evacuação lá estava outra vez em Leopoldville para embarcar, querendo teimosamente trazer um relógio de parede, daqueles de caixa oitavada e uma extensão para o pêndulo e que me parecia muito pesado, Só me dizia, oh comandante deixe-me levar a única coisa que tenho de estimação, voltei cá de propósito só por causa do relógio. Claro que o deixei transportar o relógio, mas a minha surpresa foi, quando chegámos a Brazzaville, ao abrir o relógio e me mostrou o interior. Estava cheio de dinheiro.

Como disse atrás, havia uma lista negra que era possível ultrapassar dando uma identidade falsa, o que sucedeu várias vezes, mas havia um português que, por ser muito reconhecido, já tinha tentado 3 vezes sem resultado.

Então, a páginas tantas, o Craveiro saiu do avião, foi ter com ele, começaram a conversar, chegaram-se para o pé da porta de saída, saíram no meio da confusão e continuaram a conversar, atravessando calmamente a placa de estacionamento até chegarem ao avião.

O Reinaldo, que estava dentro do avião, nem queria acreditar !

Só do Craveiro Lopes !.....

Houve ainda outras evacuações daquele território feitas pela DTA, no mesmo estilo desta, sendo uma de Bakwanga com perigo de fuzilamento da respectiva tripulação.

Acho que tenho a obrigação moral de acrescentar de que o êxito desta evacuação só foi possível devido à intervenção daquele nosso contacto, ( Comissário da DTA de Ocasião ), que, quando pela primeira vez aterrámos em N’djili, já lá estava à nossa espera.

A execução desta Ponte Aérea foi nossa, mas os esforços diplomáticos para que ela se fizesse, assim como a sua organização, foram desse nosso contacto que demonstrou, sem qualquer interesse, ser um grande patriota e um grande Português

O nosso contacto era o Engenheiro Jorge Jardim, natural da cidade da Beira em Moçambique que, pelos seus feitos por Portugal, se tornou uma figura quase lendária, mas hoje praticamente esquecida.

Foi o Eng. Jorge Jardim que sozinho entrou no Palácio Presidencial em Brazzaville e negociou directamente com Monsieur le President, o famoso Abade Youlou a evacuação para aquela cidade

Foi também o Eng. Jorge Jardim que negociou sozinho, com um secretário de Patrice Lubumba, a autorização para a evacuação dos Portugueses de Leopolville. Para isso arriscou a sua vida atravessando o Zaire, nas vésperas do início da evacuação. de Brazzaville para Leopoldville cerca da meia noite, numa pateira, já perto dos rápidos do Rio Zaire.

Foi ainda o Eng. Jorge Jardim que evitou, com o seu desembaraço e sua diplomacia, o fuzilamento da tripulação da DTA em BAKWANGA.

O Eng. Jorge Jardim tinha o condão de tornar fácil o que parecia impossível.

Foi sempre um verdadeiro e eficiente vendaval de força política internacional.

Actuava sempre sozinho, por sua própria iniciativa e sem a mínima hesitação. Nunca lhe vislumbrei qualquer interesse a não ser a de defender os interesses e bem-estar dos Portugueses, independentemente do lugar do mundo onde eles estivessem.

Sobre ele, o meu colega Comandante Viegas escreveu:

A sua coragem, calma e frio raciocínio em situações particularmente difíceis, merecem o nosso respeito e admiração. Não é fácil entender como tanta coragem pode caber num homem. Acabei por ser seu amigo e admirador. Em boa verdade, foi ele o verdadeiro organizador das facilidades e auxílio aos refugiados que evacuamos e aos que, através do ferry-boat, atingiram Brazzaville.

Perante tudo isto, deixo aqui expressa a minha Homenagem a Todos em Geral, pelo espírito, empenho, dedicação, humanismo e solidariedade que puseram no seu trabalho, contribuindo assim para o êxito desta HERCÚLEA TAREFA

Mas, em particular:

A minha homenagem ao Tenente-Coronel Jacinto da Silva Medina, Director da DTA, que nos deu total liberdade de acção.

A minha homenagem a todos os meus colegas que, com toda e dedicação e empenho, tomaram parte neste acontecimento.

A minha homenagem aos serviços técnicos, pelo empenho com que nos deram a total colaboração e apoio.

Por fim, a minha bem merecida Homenagem ao Eng. Jorge Jardim .

Parece-me não ser necessário aprofundar mais estes ou outros problemas, para contar o que foi parte das nossas vidas, tanto da minha como a de meus colegas e Amigos.

Lembro com saudade e orgulho esses difíceis, trabalhosos e aventurosos tempos vividos!

Além da Família, são também estas e outras gratas recordações que, ao longo dos tempos, me têm alimentado esta paixão de continuar a amar a vida.

Hoje, revendo todo este cenário, sinto-me tranquilo !.......

Acho que todos fizemos o que devia ser feito !...,,,,

Ninguém nos disse obrigado !......

Também não o esperávamos !....

Não era necessário !.....

Não ficamos ofendidos !....

Para nós :………

Era a nossa obrigação moral !.....

Aos 9 de Outubro de 2005

João Augusto Graça

Comandante Sénior de Linha Aérea

B-747/ TAP - Reformado

In PORTUGALCLUB -

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