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UM PRESENTE MUITO PESADO

Eram tempos de EPF, idos de 1956. Depois do rancho do jantar, os alunos da EPF saiam para espairecer, namorar, rezar e circular dentro dos limites impostos pelas Normas Gerais de Ação – NGA.

Eu sempre ia para a casa do Sarquis reforçar o apetite com uma sopa que sua boníssima genitora fazia. Depois de refestelado, um telefonemazinho leve e esperto para a namorada de poucos minutos. Para não gastar a imagem e para não acabar com o cartaz de comilão, muitas vezes eu sumia e ficava na Pracinha em frente ao Cristo Rei. Praça Duque de Caxias conforme busto do Patrono ali existente.

Um dia... Sempre há um dia, eu estava conversando com o Sarquis e eu até achei muito estranho ele não querer ir à casa...! Respeitei e não perguntei nada. Mas, numa certa hora, encosta uma camionete caçamba: era o Deputado seu pai de passageiro e o motorista fiel escudeiro de motorista.

- Aluno Camurça, disse o seu Ferreira, me dê espaço para um particular com meu filho!

- Claro! Num salto fiquei a mais de 10 metros, disfarçando. Pensei que estava havendo algo muito sério.

- Filho, cadê a minha roda de arame?

- O cabra olhou para mim, disfarcei mais ainda e andei mais um pouco me afastando, mas deu para ouvir:

- Pai, eu vendi...

- Vendeu prá quê?

- Pra dar um presente para uma menina minha amiga!... E silenciou.

- Mas, rapaz, presente? Com minha roda de arame... Eu num estou cercando a Propriedade? Estava precisando. Em casa, conversaremos!

E se afastou como chegou: bem rápido e foi no rumo de casa.

Depois, o Sarquis me contou que a menina... Bem, a menina...

- Eu sei, Sarquis, não precisa me esclarecer... Uma menina qualquer da Praia Formosa...!

Já eram quase sete horas quando entramos ligeiro para a Revista das dezenove horas, nas salas de aulas. A vida recomeçava sua rotina.

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