CONTRAPONTO - exaluibc



CONTRAPONTO

JORNAL ELETRÔNICO DA ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

ANO 2

NOVEMBRO / DEZEMBRO DE 2007

14ªEdição

Legenda: Jornal Eletrônico da Associação dos Ex-Alunos do I B C.

Patrocinadores:

XXXX

Editoração eletrônica: Gilka Fonseca

Distribuição: gratuita

CONTATOS:

Telefone: (0XX21) 2551-2833

Correspondência: Rua Marquês de Abrantes 168 Apto. 203 - Bloco A

CEP: 22230-061 Rio de Janeiro - RJ

e-mail: contraponto_jornal@.br

Site: exaluibc.

EDITOR RESPONSÁVEL: VALDENITO DE SOUZA

e-mail: contraponto_jornal@.br

EDITA E SOLICITA DIFUSÃO NA INTERNET.

SUMÁRIO:

1. EDITORIAL:

Livro acessível?! Uma pedra e das mais importantes na construção da nossa cidadania

2.A DIRETORIA EM AÇÃO:

Chamamento

3.O I B C EM FOCO # PAULO ROBERTO DA COSTA:

Inclusão a ferro e fogo?!

4.DV EM DESTAQUE# JOSÉ WALTER FIGUEREDO:

*Bradesco lança extrato em Braille

*O conceito de "empowerment" e de vínculo na construção da educação inclusiva

*Pessoa com deficiência tem direito à isenção de ICMS na compra de veículo, mesmo que não dirija

*Unisul: democratização do aprendizado(dois alunos cegos concluem curso via educação à distância)

*Cego policial: é possível?

*Alma Nua entrevista o professor de informática José Antonio dos Santos

5.DE ÔLHO NA LEI #DULAVIM DE OLIVEIRA:

Presidente Lula assina decreto que beneficia pessoas com deficiência

6.TRIBUNA EDUCACIONAL # SALETE SEMITELA:

Crianças Índigo (3ª Parte)

7.ANTENA POLÍTICA # HERCEN HILDEBRANDT:

Festejo versus reflexão

8.ETIQUETA # RITA OLIVEIRA:

Leveza e criatividade

9.PERSONA # IVONET SANTOS:

Entrevista: Professor Alessandro Câmara de Souza, Graduado em Ciências Sociais e Mestre em Ciências Políticas pela UFF

10.DV-INFO # CLEVERSON CASARIN ULIANA:

Carreira em Tecnologia da Informação: Por onde começar ?

11. O DV E A MÍDIA # VALDENITO DE SOUZA:

*Filme: “Vermelho como o céu” retrata cotidiano de um cego

*Estudantes desenvolvem "mundo virtual" para cegos

* Entrevista: Gilberto Gil, o compositor múltiplo

12.REENCONTRO #:

(Por onde anda: Januário Pereira do Couto)

13.TIRANDO DE LETRA #:

*A bacia das almas

* Além de cego, corno!

14.BENGALA DE FOGO #:

Contribuição dos leitores:

No salão de beleza

Os recém casados

15.LENDO # MAURICIO ZENI:

Abrindo Janelas / Gildo Soares da Silva

16.SAÚDE OCULAR #: HOB (Hospital Oftalmológico de Brasília):

*Glaucoma: Mitos e Verdades;

*Terçol pode se originar do estresse;

17.CLASSIFICADOS CONTRAPONTO #:

Cadastro de invenções para pessoas com deficiência e seus inventores

18. FALE COM O CONTRAPONTO#:

Cartas dos leitores.

[ EDITORIAL]

NOSSA OPINIÃO:

Anti o fato de que motivos para que desanimemos na luta por um mundo melhor não nos faltam, convém olharmos para os que nos conduzem no sentido contrário e eles existem: Se observarmos a trajetória, as perspectivas de vida que se abriram para nós cegos nos últimos 2 séculos, veremos que caminhamos muito!!! Desde Louis Braille que nos iluminou os caminhos com aqueles seus 6 pontinhos mágicos até o surgimento da informática, notadamente da micro informática, a estrada foi longa mas, trilhada passo a passo e eis que nos encontramos agora prestes a darmos mais um passo nessa caminhada qual seja a conquista da acessibilidade geral e irrestrita à leitura digitalizada. Não será maravilhoso desejarmos ler algo e podermos, como qualquer pessoa, desde que paguemos, obtermos o que queremos ler??? Nesse sentido convidamos a todos para que se associem ao movimento pelo livro acessível e, vencida a luta, terá sido mais uma pedra e das mais importantes na construção da nossa cidadania. no dia 13/12 vindouro, nos revezaremos numa vigília em frente à biblioteca nacional onde haverá uma reunião decisiva para nossas pretensões no que se refere à forma de acessibilidade à leitura digitalizada, e tal reunião se dará das 09 às 18 horas deste dia.

[A DIRETORIA EM AÇÃO]

ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

Chamamento

Companheiros associados: De acordo com a vontade que sempre manifestamos, desde que iniciamos nossa gestão, a nossa associação, mercê do esforço de muitos companheiros membros e militantes pelas causas do nosso segmento, tem estado presente de forma efetiva, na medida do possível, em diferentes ações e eventos, conquistando gradativamente seu espaço, seja lado a lado com entidades congêneres, seja de forma distinta, sempre em observância aos objetivos definidos em seu estatuto. As nossas parcerias estabelecidas, seja com o Conselho Brasileiro para o Bem-Estar dos Cegos, na realização do curso para o TJ, nas dependências cedidas pelo IBC, todos os sábados, na participação da caravana em defesa do livro acessível, em direção à Bienal, seja com a ADVERJ, nas audiências públicas voltadas para a discussão da acessibilidade nos transportes públicos no Estado do Rio de Janeiro -- nos ônibus, metrô e trens, demonstram essa nossa vontade. E o futuro está aí, batendo em nossa porta. A mobilização em torno do livro acessível, se torna imperiosa, congregando certamente todas as entidades em defesa da liberdade de escolha de publicações de quaisquer gêneros: Conselho Brasileiro para o Bem-Estar dos Cegos, ADVERJ, e mais as outras entidades que queiram se juntar a nós! Todos juntos em vigília na Biblioteca Nacional, no dia 13 de dezembro, quinta-feira, das 10 às 18 horas, marcando posição, tentando influenciar o GT vinculado ao Ministério da Cultura, encarregado de discutir projeto nesse sentido. Alimentamos uma expectativa favorável quanto à participação de Naziberto, assumindo o papel de nosso interlocutor junto ao GT, em defesa de nossos pleitos.

Informes:

Em sua última reunião ordinária, a Diretoria deliberou:

1. contemplar a todos os associados com um número de senha para depósito; aquelas pessoas que tenham algum tipo de vínculo ou dependência, terão uma única senha abrangendo-as. Essas medidas visam facilitar o trabalho da tesouraria. Quem não estiver depositando ainda com senha, terá que portar o comprovante de depósito.

2. Estimular os associados em atraso com seus compromissos financeiros a estabelecer um acordo que lhes permita a médio prazo, saudar seus compromissos com a Associação.

3. Confeccionar sua logomarca.

4. Designar uma comissão especial no sentido de subsidiar a Diretoria, para tomada de posição, em face do documento: Política Nacional de Educação Especial em uma Perspectiva de Educação Inclusiva, produzido pelo MEC.

A comissão elaborou um documento-resposta, que consistiu em uma análise crítica do documento original do MEC, enviado à SEESP por e-mail, e entregue pelo nosso representante Alessandro, na ocasião do Congresso da ABEDEV em João Pessoa.

Alguns companheiros manifestaram sua justa preocupação com o registro do nome do nosso jornal digital, Contraponto. O nosso Editor-Chefe já providenciou seu registro junto ao INPI.

O grupo de trabalho responsável pela reforma do estatuto da nossa entidade tem se reunido regularmente sob a presidência de Rita Oliveira.

Mantém-se a expectativa do cumprimento do calendário proposto inicialmente pela Diretoria.

Em parceria com o Conselho Brasileiro para o Bem-Estar dos Cegos, o nosso Departamento de Desportos e Lazer elaborou um calendário e regras para torneio de dominó, provavelmente ainda a ser iniciado este ano.

Lembremos: A Associação somos todos nós, na luta e no prazer!

A Diretoria Executiva

Vitor Alberto da Silva Marques

Presidente.

[O I B C EM FOCO]

TITULAR: PAULO ROBERTO DA COSTA

Caros leitores/as

Somos um 0 à esquerda?

Vamos peitar de todas as formas essa burra idéia de escola inclusiva que esses "tecnocratas" tipo camarão teimam em não discutir com quem precisa estudar e tem qualquer deficiência.

Claro, penso que nenhum de nós creia que a inclusão seja algo dispensável. Não queremos viver em guetos à margem dos acontecimentos da sociedade, excluídos do contexto intelectual.

Queremos e temos condição de buscar o nosso "lugar ao sol".

Já tentaram nos tornar tutelados em uma ocasião, falharam, porém, ao que parece não desistiram.

Me parece que esses tais tecnocratas pensam assim:

"Caramba, vamos varrer esse peso da sociedade?

Vamos fazer o seguinte: a gente enfia todos no meio dos videntes, os ceguinhos e todos os tipos de deficiência que acharmos pela frente; aí, eles vão ter uma série de dificuldades, então, a gente aproveita e faz uma reserva pra eles, como a gente fez com os índios. E, que idéia genial!!!:

vamos acabar com o internato no Instituto Benjamin Constant? Veja bem, a gente acaba com o internato aí fica mais fácil acabar com essa tal de escola especializada!"

Agora falo eu:

Ora bolas, quem sabe o que é melhor é quem sente o problema na pele e não esses burrocratas de plantão, os que se dizem entendidos de cegos.

Bom, meus caros nada disso eu queria escrever na coluna desse mês, eu apenas queria colocar aqui o que vem abaixo, que peço que vocês leiam, não somente leiam como também hajam em prol dos que virão depois de nós, digo isso não só aos ex-alunos do nosso IBC, a todos os que tenham qualquer tipo de deficiência ou que seja: "portador de necessidade especial".

APAE BRASIL -

Sent: Monday, November 12, 2007 5:45 PM

Subject: Política Nacional de Educação Especial

Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva

Consideramos que o teor do texto da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva tal como está, em sua versão atual - que implica na extinção das escolas especiais - resultará na desarticulação de toda uma rede de escolas especiais que têm respondido pela educação de pessoas com deficiências intelectual e múltipla no país e que dispõe de professores qualificados, tanto do ponto de vista de formação, quanto de experiência concreta na escolarização e no desenvolvimento dessas pessoas.

Propor que as escolas comuns passem a assumir essa tarefa é louvável, mas não suficiente para que fiquemos de braços cruzados esperando que ela dê conta dessa tarefa.

Nenhum modelo único de escola dá conta de atender a enorme diversidade e complexidade dos processos de escolarização dessas pessoas.

Somos a favor da inclusão, mas entendida de forma ampla e para a qual há que existir, no sistema educacional brasileiro, diferentes alternativas e possibilidades de escolarização para quem dela precisa e tem direito assegurado, conquistado historicamente.

Defendemos uma inclusão efetiva e responsável.

Para isso, propomos que o máximo de pessoas possível envie o texto abaixo (que pode ser recortado e colado) para as autoridades referidas (cujos e-mails também podem ser recortados e colados).

Abraço Fraterno,

Eduardo Barbosa

Presidente da Federação Nacional das APAEs

Mensagem referente à POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA, para a Presidência da República, Ministério da Educação e aos Senhores Senadores

Excelentíssimos Senhores:

As APAEs são favoráveis à inclusão escolar de alunos com deficiências intelectual e múltipla e, por isso, têm sido parceiras do governo na construção da POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. No entanto, a versão preliminar dessa política, divulgada pelo MEC em setembro/2007, ainda não consolida a educação inclusiva como um amplo projeto social porque parte do princípio que as escolas especiais são segregadoras e que as escolas comuns são o único local capaz de promover a inclusão e o desenvolvimento escolar desses alunos deficientes.

As APAEs defendem que as escolas comuns e as escolas especiais são, ambas, igualmente necessárias para a garantia da inclusão desejada. Concordam que o MEC deve assegurar que todas as escolas comuns estejam preparadas para receber esse alunado, mas discordam que, para que isso aconteça, seja necessária a extinção das escolas especiais em todo o país. As APAEs entendem que, para que sejam garantidas as oportunidades de escolarização de pessoas com deficiências intelectual e múltipla, é preciso que tenhamos escolas comuns e escolas especiais qualificadas e renovadas; afinal, a inclusão escolar dessas pessoas - para que seja efetiva e responsável – não pode se limitar à transferência de estudantes de escolas especiais para as escolas comuns.

Apoiamos a POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA, mas precisamos garantir a escola especial como escola de fato e de direito, por isso inclusiva do ponto de vista do acolhimento à diversidade; e a construção de um sistema educacional inclusivo, em consonância com o Programa de Ação para a Década das Américas pelos Direitos e pela Dignidade das Pessoas com Deficiência (2006-16), aprovada em 5 de junho de 2007, pela Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que reconhece e propõe a manutenção das escolas especiais como parte dele.

Relação dos e-mails para recorte/cole e encaminhamento aos destinatários:

Presidência da República

pr@.br

casacivil@.br

Ministério da Educação – Ministro Fernando Haddad

Chefe de Gabinete - Luis Fernando Massonetto

luis.massonetto@.br

Senadores

adelmir.santana@.br

aelton.freitas@.br

albertosilva@.br

almir.lando@.br

alvarodias@.br

antero.barros@.br

arthur.virgilio@.br

cesarborges@.br

cristovam@.br

demostenes.torres@.br

edison.lobao@.br

eduardoazeredo@.br

efraim.morais@.br

fernando.collor@.br

flexaribeiro@.br

garibaldi.alves@.br

geraldo.mesquita@.br

gecamata@.br

gilvamborges@.br

heraclito.fortes@.br

jarbas.vasconcelos@.br

jefperes@.br

jonaspinheiro@.br

jose.agripino@.br

jose.jorge@.br

jose.maranhao@.br

jtenorio@.br

katia.abreu@.br

leomar@.br

lucia.vania@.br

maosanta@.br

marco.macel@.br

marconi.perillo@.br

maria.carmo@.br

mario.couto@.br

mercadante@.br

mozarildo@.br

osmardias@.br

papaleo@.br

paulopaim@.br

pavan@.br

pedro.simon@.br

raimundocolombo@.br

renan.calheiros@.br ;

Paulo Roberto Costa, de frente para o otimismo e atento aos acontecimentos que envolvem ao nosso querido Instituto Benjamin Constant, IBC, para os mais íntimos!!!

aposto visitem a página do Instituto, procurem saber sobre as edições da revista Brasileira.

Benjamin Constant

Visite a página da Associação:



Prestigiem a rádio dosvox:

Para ouvir com o Real player:

para ouvir com Windows midia player:

PAULO ROBERTO DA COSTA(PROBERTO@.br)

[ DV EM DESTAQUE]

TITULAR: JOSÉ WALTER FIGUEREDO

Bradesco lança extrato em Braille

16/11/2007

Depois dos fones e sistemas de voz nos caixas eletrônicos, agora existe opção de extrato em braille

Numa iniciativa inédita no mercado brasileiro, o Bradesco lançou o primeiro extrato bancário impresso em Braille para facilitar a leitura pelos próprios correntistas e pessoas com deficiência visual. A medida, que entrará em operação a partir de novembro, visa a aprimorar ainda mais a qualidade do atendimento e a política de responsabilidade socioambiental da Organização. Com isso, o Banco pretende atender melhor ao grupo de clientes com deficiência visual total ou parcial, proporcionando acessibilidade, privacidade e segurança na consulta de sua movimentação financeira.

O demonstrativo consolidado, espécie de extrato que contempla informações de Conta Corrente e de outros produtos, além da versão em Braille, poderá ser impresso no formato ampliado. Neste caso, terá fontes (letras e números) maiores para facilitar a leitura dos que apresentam deficiência visual parcial.

Os demonstrativos já estão prontos e começam a ser enviados, gratuitamente, a partir do próximo mês, acompanhados da versão normal, que será mantida por motivos legais, sem nenhum custo adicional ao cliente.

A iniciativa do Bradesco será divulgada por emissoras de rádio das principais capitais do País, além da Internet. O objetivo é prestar a melhor orientação a quem necessita e tem interesse em receber os novos extratos. Para ter acesso aos demonstrativos adaptados, o cliente deve procurar a agência ou ligar para o Fone Fácil.

O Sistema Braille

Em 1829, o jovem francês Luis Braille, nascido em Coupvray, com apenas 15 anos e cego desde os três, criou o chamado Sistema Braille, composto por seis pontos agrupados em duas fileiras de três pontos cada - a cela Braille. A combinação desses seis pontos permite que se formem 63 caracteres que simbolizam as letras do alfabeto convencional e suas variações como acentos, pontuação, números, símbolos matemáticos e químicos e as notas musicais. Atualmente, esse sistema de leitura por tato é amplamente utilizado na educação de cegos, aumentando as chances de conseguirem um emprego, serem incluídos socialmente e se tornarem cidadãos independentes.

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O conceito de "empowerment" e de vínculo na construção da educação inclusiva

Boletim Informativo de Interactividade, Comunicação e Aprendizagem

12/11/2007

Inclusão do Guarujá vira notícia em Portugal:

“Neste artigo apresentamos, de uma forma genérica, um programa implantado num município no Brasil (Guarujá, São Paulo) durante dois anos, que pretendeu implantar um sistema de Educação Inclusiva nas escolas municipais. As palavras-chave do funcionamento do programa foram o "empowerment" e a "teoria do vínculo. A Psicóloga Marina Almeida esteve ligada à coordenação do projecto, como psicóloga e consultora, e foi com base nas suas palavras que elaboramos o artigo.

O objectivo do programa foi envolver todos os actores de alguma forma ligados ao sistema educativo, criar sinergias entre eles para depois alcançar respostas socio-culturais mais adequadas ao atendimento dos alunos com necessidades educativas especiais. Após um diagnóstico institucional para reflectir sobre as relações entre os sujeitos envolvidos e as condições onde elas surgem, foi "adoptada" uma metodologia baseada no conceito de empowerment, isto é, a capacidade de uma pessoa, individual ou colectiva, de utilizar os seus próprios recursos para actuar com responsabilidade no espaço público, influenciando também o seu meio. Esta abordagem leva os actores a construir uma auto-imagem e confiança positiva, desenvolver habilidades e competências, obter uma coesão de grupo, promover tomadas de decisões e acções com responsabilidade.

Procurou-se a construção de grupos na perspectiva da Teoria do Vínculo (Pichón-Revière, 1982), que conjuga forças interiores e exteriores, num espaço de relações dialécticas. Desses grupos, que incluíam os próprios indivíduos visados no projecto, através de reuniões sistemáticas de reflexão e partilha, resultaram acções inclusivas concretas para a rede de ensino. Ampliou-se a noção de Educação Inclusiva para uma visão mais expansiva, desde o nascimento até à morte, procurando respostas em diferentes áreas do conhecimento.

Passamos a indicar algumas das principais medidas adoptadas: alargamento do atendimento educacional (para todas as idades); programa "De Mãos Dadas" – adoptar um processo gradativo de inclusão, envolvendo várias medidas tais como implantar os seis tipos de acessibilidade (arquitectónica, atitudinal, metodológica, instrumental, comunicacional, programática), promover a igualdade de oportunidades, entre outros (ver artigo completo).

Do Programa "De Mãos Dadas" resultaram diversos projectos, em função da necessidade de atender à diversidade humana numa perspectiva inclusiva: Projecto Coração, Arca de Noé, Descubra Seu Talento, Todos Juntos, Passo a Passo, Despertar, Esperança, Cata-Vento, Ciranda do Saber.

Uma das grandes conclusões a que se chegou no final dos 2 anos foi a de que não há desenvolvimento sustentável sem processos efectivos de empowerment e envolvimento de vínculos afectivos dos actores sociais, mediante a participação dos excluídos, com voz para negociar, articular e mudar, não só a sua própria condição, mas a do próprio meio, com o propósito de melhorar a sua qualidade de vida, em especial no que diz respeito à educação, saúde e a da sua comunidade”.

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Pessoa com deficiência tem direito à isenção de ICMS na compra de veículo, mesmo que não dirija

TJRS

Laranjal - RS, 08/11/2007

Decisão de Câmara Cível do TJRS é unânime e confirma direito ao benefício fiscal

O fato do portador de necessidade especial não ter condições de dirigir não lhe retira o benefício da isenção de ICMS, previsto em lei, para aquisição de veículo. A conclusão unânime é da 21ª Câmara Cível do TJRS, confirmando sentença da Comarca de Pelotas.

O autor da ação, morador do Laranjal, se insurgiu contra o indeferimento do pedido de isenção pelo Estado do Rio Grande do Sul, após a compra de um Doblô Adventure mediante procedimento de Venda Direta para Deficiente Físico. Explicou que necessita de motorista particular para sua locomoção, pois em 1995 sofreu um acidente que o deixou paraplégico.

O Estado apelou ao TJ contestando a concessão do benefício, alegando ser necessário que o veículo tenha sido adaptado para uso exclusivo do portador de deficiência. Sustentou que, no caso, se trata de veículo normal a ser utilizado por motorista contratado.

A relatora do recurso, Desembargadora Liselena Schifino Robles Ribeiro, considerou não haver qualquer impedimento à isenção. Citou o Decreto Estadual n° 37.699/97 (art. 9°, Inc. XL), que instituiu a isenção de pagamento do ICMS aos portadores de deficiência física ou paraplegia, adquirentes de veículos automotores. Também referiu entendimento do Superior Tribunal de Justiça (Resp n° 523.971-MG), de que o fato do veículo ser conduzido por terceira pessoa não constitui impedimento razoável ao gozo da isenção prevista na Lei n° 8.989/95.

Segundo a Desembargadora, as leis estadual e federal são semelhantes, podendo-se aplicar a mesma interpretação para ambas: "A pessoa deficiente seria autorizada a adquirir um veículo automotor em seu nome, que deveria ser utilizado para seu uso próprio, embora dirigido por terceiro, com o benefício fiscal, o que poderia, até mesmo, constar nos documentos do veículo, isto é, a necessidade de ser empregado na locomoção do comprador".

Votaram de acordo com a relatora os Desembargadores Genaro José Baroni Borges e Francisco José Moesch. O julgamento ocorreu em 24/10.

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Unisul: EaD democratiza o aprendizado

Unisul

08/11/2007

Deni de Freitas e João Félix têm motivos a mais para comemorar sua graduação

Entre as 323 pessoas que receberam no dia 20 de outubro seus diplomas de conclusão de curso de graduação, duas delas tiveram um motivo a mais para comemorar.

Deni Carlos Alves de Freitas e João Eudes Monteiro Félix, ambos cegos, encontraram na modalidade à distância a maneira de continuar os estudos. Eles são dois dos formandos do curso de Gestão de Tecnologia da Informação.

"A educação à distância (EaD) oferece oportunidades mais iguais a todas as pessoas, portadoras de alguma deficiência física ou sensorial", afirma João Eudes, 43 anos, que trabalha no setor de informática de um banco, em Brasília. Ele tentou por duas vezes fazer um curso superior presencial, como forma de ascender profissionalmente, mas dificuldades de locomoção e material não adaptado fizeram-no desistir por duas vezes.

"Num curso a distância, não enfrento dificuldades de locomoção. Estudo na minha própria casa. E, como o material de apoio está on-line, facilita para mim, pois utilizo o ledor de tela, um programa que lê o que aparece na tela", ressalta Deni, brasiliense de 34 anos, colega de curso de João Eudes, que também trabalha com informática no setor bancário. Ele acrescenta: "O material impresso também é oferecido em braile, o código de leitura em alto relevo que pode ser captado por deficientes visuais".

"Oferecemos condições de acessibilidade para que haja uma equidade entre todos", diz Vanessa de Andrade Manoel, responsável pelo Núcleo de Acessibilidade Virtual (NAV). Isso significa prover desde condições de acesso para um cadeirante ao local da prova até a transposição de um livro para o braille para atender aos deficientes visuais. Já para os alunos surdos, nas avaliações presenciais, a adequação a ser feita é para a linguagem de Libras. Ela salienta:

"Não atendemos problemas. Temos alunos com algumas necessidades educacionais e não especiais relacionadas ao acesso de forma igualitária à informação".

Deni e João Eudes, pelas suas experiências, acreditam que a educação a distância facilita o acesso ao ensino de uma parcela de pessoas que, nos cursos presenciais, não encontram uma eqüidade de oportunidades.

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Cego policial; é possível?

Divulgação (por Sidney Tobias de Souza)

Bélgica, 08/11/2007

Europa tem nova arma no combate ao terrorismo: detetives cegos

Dan Bilefsky

Sacha Van Loo, 36, não é um policial comum. Ele carrega uma bengala branca, em vez de uma arma. E, pelo barulho de um motor em uma gravação, pode discernir se um suspeito está dirigindo um Peugeot, um Honda ou uma Mercedes.

Van Loo é uma das novas armas da Europa na luta global contra o terrorismo e o crime organizado: um Sherlock Holmes cego, cuja deficiência o permite encontrar pistas que os outros detetives não vêem. "Ser cego me forçou a desenvolver os outros sentidos, e minha força como detetive está em meus ouvidos", diz ele de seu escritório na Polícia Federal Belga, onde um pedaço de papel cravado de marcas de uma sessão de tiro ao alvo recente era orgulhosamente apresentado na parede. "Ser cego também requer reconhecer seus limites", acrescentou com um sorriso, observando que o treinador com visão guiou suas mãos durante a prática de tiro "para garantir que ninguém se ferisse".

Van Loo, homem magro que nasceu cego, é um dos seis policiais cegos na unidade pioneira especializada na transcrição e análise de gravações de grampos em investigações criminais. Lingüista que aprendeu servo-croata por diversão, ele lamenta não ter o direito de carregar uma arma no serviço nem de fazer prisões.

Mas seu sentido de audição é tão agudo que Paul Van Thielen, diretor da Polícia Federal Belga, compara seus poderes de observação aos de um "super-herói".

Quando a polícia escuta um suspeito de terrorismo fazendo uma ligação, Van Loo pode ouvir os tons discados e imediatamente identificar o número. Ao ouvir o eco da voz nas paredes, ele deduz se o suspeito está falando de uma sala de aeroporto ou de um restaurante lotado.

Recentemente, a polícia belga passou horas lutando para identificar um contrabandista de drogas em uma gravação fraca, concluindo que era marroquino. Van Loo, que tem uma "biblioteca de sotaques na cabeça", ouviu e deduziu que era albanês, fato confirmado após sua prisão. "Tive que treinar meu ouvido para saber onde estava. É uma questão de sobrevivência para atravessar a rua ou entrar em um trem", disse ele. "Algumas pessoas podem se perder no barulho de fundo, mas como sou cego, divido a audição em diferentes canais. São esses detalhes que podem ser a diferença entre resolver ou não um crime." Sua deficiência, diz ele, também lhe deu a força emocional para lidar com o estresse do trabalho. "Ouvi criminosos planejando assassinato, traficantes fazendo planos de entregar drogas, homens brigando. Ser cego me ajuda a não me deixar afetar porque tenho que ser duro."

A unidade cega de polícia, que entrou em operação em junho, originou-se após Thielen ouvir falar de um policial cego na Holanda. Ele estava procurando formas de melhorar a integração com a comunidade e fez a conexão de que os cegos podem se provar mais adeptos a ouvir e interpretar grampos do que quem vê. A idéia, diz ele, ganhou força após o governo belga aprovar uma lei há alguns anos dando à polícia maiores poderes de usar grampos na investigação de 37 áreas de crime, incluindo terrorismo, homicídio, crime organizado e seqüestro de menores. A polícia também reconheceu que policiais cegos como Van Loo poderiam ser particularmente valiosos em investigações de combate ao terrorismo, porque as gravações de grampos - de ligações telefônicas ou de microfones colocados nas casas de terroristas - muitas vezes são abafadas por fortes barulhos de fundo, requerendo um ouvido altamente treinado para discernir as vozes. Alain Grignard, autoridade no combate ao terrorismo da Polícia Federal de Bruxelas, observa que os grampos foram cruciais nas recentes prisões de uma grande célula terrorista na Bélgica que recrutava para a insurgência no Iraque.

Além de seus ouvidos altamente desenvolvidos, Van Loo também é tradutor treinado que fala sete línguas, inclusive russo e árabe -um talento que o torna indispensável, segundo Grignard. Seu conhecimento de sotaques pode ajudá-lo a diferenciar entre, digamos, um egípcio ou um marroquino. "Você precisa de todos os recursos em uma investigação de terrorismo, e um policial cego poliglota pode ser uma arma poderosa".

A polícia belga ficou impressionada com o número de cegos que se inscreveram para as vagas. Altas notas nos testes de audição eram pré-requisito para o cargo, como ter no mínimo 33% de cegueira. Van Thielen, o chefe de polícia, disse que foi forçado a rejeitar dezenas de inscrições cuja visão era boa demais, inclusive um "cego" que chocou os recrutadores da polícia quando chegou à entrevista de carro. Van Thielen também se lembra que o recrutamento de cegos teve outros desafios. Como eles seriam usados quase exclusivamente para investigações de grampos, e a força não queria expô-los a situações de perigo, receberam um status especial sob a lei de 2006 para trabalhadores forenses que dá aos civis alguns poderes de polícia, mas os proíbe de fazer prisões ou carregar armas. Van Thielen também enfrentou resistência de outros veteranos da força, que achavam que ter colegas cegos seria um fardo. Outros não sabiam como se comportar na frente de cegos e se perguntavam se dizer "au revoir", ou literalmente, "até nos revermos", causaria ofensa.

Para acalmá-lo de suas preocupações, Van Thielen criou sessões de treinamento especiais com voluntários cegos. Uma dica: não deixe os cabos de computador pelo chão porque os oficiais cegos podem tropeçar. "No princípio, quando os membros da polícia ouviram que cegos iam trabalhar ali, riram e me disseram que éramos uma força policial, e não uma obra de caridade", disse Van Thielen. "Mas a postura mudou quando os policiais cegos chegaram e mostraram sua determinação de trabalhar duro e de serem úteis". Não foram só as atitudes que precisaram de atualização. Além de instalar elevadores ativados por voz na delegacia, os oficiais cegos receberam computadores especial de $ 10.000 euros, equipados com teclado em Braille e um sistema de voz que transmite imagens visuais em som. Quando Van Loo transcreve uma gravação, usa fones de ouvido e passa o dedo indicador em uma longa faixa de caracteres em Braille na base do teclado, cujos caracteres se alteram para replicar o que está na tela, desligada. Quando ele sai, carrega um aparelho de GPS da polícia, com voz que o dirige ao destino, rua por rua.

Com dois filhos, Van Loo atribui seu sucesso aos seus pais, que o ensinaram logo cedo a ser independente. Ele se lembra que, quando era criança, seu pai, cinéfilo, levava-o para assistir filmes. Seu pai também o ensinou a dirigir um carro colocando-o no colo e guiando suas mãos no volante. Sua habilidade de se adaptar, diz ele, foi reforçada por freqüentar uma escola comum. Ele também freqüentou uma escola para cegos, onde aprendeu a manobrar a bengala e a ler russo em Braille. Para relaxar, ele esquia, anda a cavalo e toca flauta árabe. "Meus pais aceitaram minha cegueira, o que também me ajudou a aceitá-la", disse ele. "Ajudou o fato de eles não terem tido medo de riscos".

Cindy Gribomont, diretora de treinamento da Liga de Braille de Bruxelas, instituto para cegos que ajudou no recrutamento da polícia, diz que superar os preconceitos dos empregadores é seu maior desafio. "Os empregadores precisam ser estimulados, porque têm medo de empregar pessoas com deficiências."Van Loo, de sua parte, diz que continua determinado a não deixar sua deficiência dominá-lo. "Ser cego não é sempre muito fácil", disse ele. "Não me concentro nisso. Não nego tampouco. É trágico, contudo, que um policial cego seja visto como exceção."

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Alma Nua entrevista o professor de informática José Antonio dos Santos Borges

Instituto Olhos da Alma Sã

07/11/2007

"Acho que posso ser chamado um dinossauro da informática hoje, com quase 35 anos de trabalho em quase todas as áreas de informática"

José Monteiro de Lima

Alma Nua - Por que a área de informática em sua vida? O que o levou a escolher este curso?

José Antonio dos Santos Borges - Na verdade, eu não pensava em fazer processamento de dados, que era o nome que se dava à Informática de hoje. Era tudo muito diferente no início dos anos 70, eram computadores enormes, que se conhecia como "cérebros eletrônicos". Minha mãe, um pouco antes do vestibular que fiz para Engenharia, me levou para conhecer o Centro de Processamento de Dados do Hospital dos Servidores do Estado, onde ela trabalhava, e eu achei aquele trabalho um saco. Entrei na Escola de Engenharia da UFRJ, e já no primeiro ano, apareceu a oportunidade de fazer um estágio no Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, na área de operação de computadores. Eu entrei lá, fiz um curso, e me apaixonei. Não era o mais brilhante de meus colegas não. Eu era até um pouco medíocre, mas gostava de perder muito tempo estudando aquelas máquinas. Em pouco tempo eu era um dos que mais conhecia do computador IBM 1130, sendo até capaz de criar pequenos programas em assembler.

O resultado, entretanto não foi bom. Minha performance na escola de Engenharia caiu assustadoramente, pois eu só me dedicava à computação.

Algum tempo depois, acabei largando a Engenharia e mudando para Informática, que era um curso novo, e meu pai quase tendo um troço vendo o filho mudar para uma carreira completamente desconhecida.

Bem, acho que dei sorte: a área cresceu e eu cresci junto com ela. Acho que posso ser chamado um dinossauro da informática hoje, com quase 35 anos de trabalho em quase todas as áreas de informática. Tive muitas oportunidades e aproveitei quase todas elas. Posso dizer, com orgulho, que sou realmente um profissional com muita vivência.

Alma Nua - Como você vê a área da informática no Brasil hoje? Há quem diga que ainda dependemos muito de tecnologia exterior.

Antonio Borges - Sempre dependemos. Na verdade houve um período mágico, o da reserva de mercado da informática, durante os anos 80, em que a computação brasileira deu um salto incrível. Infelizmente, ela sucumbiu graças ao mar de corrupção e maracutaia que se estabeleceu, pois os empresários brasileiros têm uma visão extremamente imediatista: não querem esperar por um lucro duradouro.

Mas se o Brasil ocupa uma certa liderança em informática é fruto desta época em que a proibição de compra de certo tipo de computadores importados nos obrigou a aprender a fazer, e a criar soluções inovadoras. Nossas universidades formaram muitos cérebros e esses criaram novas gerações de estudantes que até hoje brilham imensamente.

Alma Nua - O que o conduziu a desenvolver projetos de informática de suma importância para deficientes visuais e físicos?

Antonio Borges - Um mero acaso. Eu era professor de computação gráfica no curso de informática e havia um estudante cego, que não tinha condição de fazer um bom curso por não ter acesso ao computador de forma razoável. Para ele, Marcelo Pimentel, tudo tinha que ser mediado pelo pai ou pelos colegas. Como meu aluno, acabamos por decidir que o curso de computação gráfica para ele deveria ter um outro sentido: deveríamos usar meu conhecimento prévio para criar uma solução mínima em cima da qual ele pudesse crescer, criar sua própria infra-estrutura. E foi o que fizemos, gerando uma solução mínima para síntese de voz, em cima da qual ele criou um editor de textos, hoje chamado de Edivox que na época permitiu que ele digitasse e lesse (soletrando, pois não havia sintetizador da língua portuguesa na época), adquirindo uma independência inimaginável. Eu diria que o desenvolvimento para cegos se estabeleceu como algo represado e que tinha forçosamente que crescer.

Eu só fui um instrumento disto, conseguindo unir pessoas em prol deste sonho e perseverando durante estes 14 anos sem esmorecer.

Quanto aos deficientes motores, foi mais ou menos o mesmo. Eu primeiro me sensibilizei com diversas pessoas que via sem poder usar o computador, até que um dia uma certa pessoa, Lenira Luna, me procurou, e como ela era muito insistente, acabei fazendo uma solução para ela, o Motrix. Outra pessoa foi a Luciana Novaes, com a qual me sensibilizei por sua situação de imobilidade, para a qual criei o que hoje chamamos de Microfênix. Mas foi tudo meio inexplicável, foi acontecendo sem grande planejamento.

Acho que a causa de tudo é que existe a necessidade e eu tenho uma bagagem muito grande que me permite criar em áreas em que pouca gente consegue atuar.

Até mesmo meu conhecimento de música (sou também formado em Piano, que é minha primeira graduação), permite um nível de criação mais diversificado do que a maior parte de meus colegas.

Alma Nua - Conte para nós o que são os projetos dosvox e motrix por você idealizados.

Antonio Borges - O Dosvox é um sistema que permite que uma pessoa cega use o computador através de um processo de síntese de voz. O computador fala e a pessoa interage com ele através do teclado. Ele é composto por cerca de 90 programas que atendem a muitas finalidades diferentes, desde a edição de textos, passando pelo acesso à Internet até jogos e utilitários.

O Motrix é um sistema de controle do computador com a voz. A pessoa fala um comando e o computador reconhece e obedece. Com isso é possível mover o mouse, clicar, simular digitação (letra a letra), ativar programas, e realizar controle do ambiente se o computador estiver acoplado a sistemas externos específicos.

Alma Nua - Você foi o pioneiro a criar sistemas de informática no Brasil para deficientes. Hoje milhares de deficientes utilizam os sistemas criados por você. Porém sabemos que ainda há muito o que fazer nesta área, deficientes tem pouco acesso à aquisição de computadores, etc. Você acha que o governo poderia criar sistemas públicos para melhorar esta inclusão digital? O que falta no governo para tal atitude?

Antonio Borges - O governo federal já começa a executar este tipo de ação, fornecendo, por exemplo, laptops para estudantes cegos de segundo grau para que consigam passar pela barreira do vestibular com sucesso. Há programas também de apoio a formação de professores e outras coisas deste tipo. Há também a distribuição de laboratórios de informática para uso por deficientes, e a inclusão de softwares de acessibilidade nos Telecentros.

O problema é o tamanho do Brasil e a imensa carência em todas as áreas. Isso impede a realização de ações muito efetivas que atendam a grandes áreas. A verdade é que o desenvolvimento de computação para deficientes hoje está muito centralizado nas grandes cidades, e mesmo nessas há inúmeros problemas quando se pensa no acesso à maior parte da população deficiente pobre. Sinto, entretanto, que a cada dia que passa se vê novas coisas boas.

A realização do ParaPan, por exemplo, mostrou claramente que há uma mudança enorme nas oportunizações.

Alma Nua - Concomitantemente a criar sistemas de informática o senhor acabou abrindo todo um potencial de mercado que outrora foi inexistente. Existe hoje milhares de deficientes estudando e trabalhando graças aos sistemas criados por você. Todavia boa parte da sociedade ainda não acordou para o fato que este mercado ligado aos deficientes é enorme com mais de 14 milhões de pessoas. O que falta a sociedade para perceber a existência deste potencial?

Antonio Borges - O maior problema é o de educação e de profissionalização. O mercado hoje exige uma pessoa qualificada minimamente. Um percentual baixíssimo de pessoas deficientes hoje, consegue completar o primeiro grau. Então não vai encontrar postos de trabalho, em nenhum lugar, pois nenhuma empresa hoje contrata com menos do que o primeiro grau completo. O que ainda salva é a lei de cotas, que obriga as firmas a aceitar pessoas que não aceitaria normalmente devido à baixa preparação.

Para posições de maior complexidade, ainda é mais difícil: por exemplo, o número de pessoas treinadas, com bom conhecimento da língua portuguesa e com conhecimento de informática é irrisório. Há vagas em abundância, mas poucos deficientes preparados para assumi-las.

Isso não quer dizer que não exista restrições nem preconceito. Certamente há, mas a raiz de todas as dificuldades tem um nome: escolaridade precária.

Alma Nua - Hoje em dia é moda discutir inclusão de deficientes na sociedade. Especialmente na educação. Porém boa parte de nossa sociedade tem apenas o discurso e não a metodologia necessária para que tal inclusão ocorra. Como educador como você observa esta dicotomia entre o discurso e a prática?

Antonio Borges - O processo de inclusão é exatamente isso, um processo. Não é algo que se resolva com uma canetada. O desenvolvimento de soluções demora muitos anos, e neste processo, muitos erros são cometidos. Acho que passado o momento inicial do "oba oba" de inclusão a qualquer preço, os educadores estão achando os caminhos, que envolvem a utilização coordenada de ensino especializado junto com a escola convencional, a utilização de tecnologia e muitas outras coisas, inclusive de ordem administrativa e política.

Os educadores começaram há pouco tempo a ser treinados, e até atingirem um grau aceitável, demora um tempo. Há também carência na aquisição de artefatos tecnológicos, de adaptação nas escolas e de material didático adaptado.

O caminho da inclusão é bastante longo, e apenas começa a ser trilhado.

Alma Nua - Quais os projetos de futuro que você pretende desenvolver?

Antonio Borges - Não faço grandes planos de desenvolvimento. Sigo o fluxo da vida e a intuição. As idéias e oportunidades aparecem na minha frente e eu geralmente sou tomado pela curiosidade, que acaba se transformando em algo utilizável. Há uma imensa vantagem de trabalhar no NCE, que me permite sonhar e realizar.

Alma Nua - Há uma guerra crescente especialmente ao que se refere a uso de plataformas operacionais. Uma guerra que hoje tem o potencial de uma guerra mundial, corporações tendo inclusive lastro econômico maior que muitos países. O tema da disputa poder. O que este cenário em sua opinião prepara para o futuro?

Antonio Borges - Num mundo globalizado tudo é assustador, e não há realmente controle disponível para nós pobres mortais. Na busca desenfreada por lucros, a única coisa que nos resta ter é um posicionamento firme ecológico, para que a destruição no planeta, tanto a nível ambiental quanto a nível social seja minimizada.

Alma Nua - Na área da informática você também atuou criando sistemas CAD para eletrônica, microeletrônica, computação gráfica tridimensional, multimídia e síntese de voz. O que você ainda não fez na área e que gostaria de desenvolver?

Antonio Borges - Gosto muito de novidades, e tenho amigos que também gostam. Quando alguma maluquice nova me aparece gosto de me embrenhar um pouco a estudando.

Aí, geralmente alguma coisa sai, nem que seja de brincadeira. Às vezes sai coisa séria que acaba permeando a vida de muita gente, sem que eu tenha feito realmente grande planejamento.

Alma Nua - Você se sente uma pessoa realizada na vida?

Antonio Borges - Realização é uma palavra difícil. Pode querer dizer que "acabou, chegou ao fim". Não é isso comigo. Um neologismo que melhor definiria este status é a expressão "realizante". Eu sou um realizante, alguém que realiza a cada dia.

Realizar implica em paixão e também freqüentemente em angústia e felicidade.

Desta tríade, paixão, angústia e felicidade, sai uma pessoa que dá graças a cada dia por ter tido as oportunidades que me permitem ser um realizante.

Alma Nua - Como é para você encostar a cabeça no travesseiro e pensar: “tanta gente está por ai se desenvolvendo com meus projetos...”.

Antonio Borges - Penso pouco nisso. Às vezes penso quando me falam nisso e fico feliz, é claro. Mas geralmente estou ocupado demais para ficar dormindo em cima destes louros.

Alma Nua - Você foi premiado pelo projeto de multimídia para crianças "Conhecendo as Letrinhas com o Menino Curioso" como a melhor multimídia educacional no Festival Internacional de Multimídia, em Paris, 1995. Como surgiu este projeto?

Antonio Borges - De brincadeira em casa. Desafiei minha ex-mulher a criar um programa para educação de crianças e ela criou o design do Letravox, o programa de letrinhas do Dosvox, numa criação coletiva em que rimos muito em família, junto com os dois filhos (Liane e Tiago), que eram pequenos na época, e com minha ex-cunhada.

Depois apareceu a idéia de colocar computação gráfica, e uma empresa de um amigo se interessou. Ficou bonitinho, e usava uma tecnologia inovadora naquela época.

Uma amiga que organizava o Festival aqui no Brasil, me disse para me inscrever, e eu acabei ganhando aqui. Fui a Paris, e dei muita sorte, porque o Brasil estava na mídia por causa do massacre das crianças, então em meu discurso durante a apresentação realizado no auditório do CNRS, em inglês macarrônico, eu fiz uma ligação da brutalidade brasileira com a leveza da multimídia, que emocionou o júri, e nos fez ganhar (na verdade foi um empate com os japoneses, que levaram uma bruta equipe e chegaram a alugar um andar de um hotel para comemorar a vitória por antecipação). Nós não tínhamos nada disso e nosso diploma, ganhado no auditório do primeiro andar da Torre Eiffel, foi comemorar jantando no Quartier Latin uma boa macarronada. Mas foi muito divertido, e Paris é uma linda cidade.

Alma Nua - Você é um homem muito antenado com a função social de seu trabalho. Você sempre foi assim? Sempre te preocupou a criação de projetos relevantes e de utilização prática?

Antonio Borges - Acho que tenho bom coração e procuro ser coerente com certas premissas e atencioso com as pessoas. Não sou um grande realizador social. Sou apenas um programador que tem amigos que sabem fazer as coisas, e em equipe mandamos brasa.

Alma Nua - O que José Antonio Borges gosta de fazer em suas horas de folga?

Antonio Borges - Conviver com meus filhos o mais que possa, ainda mais agora em que como estou separado deles por meu segundo casamento. Gosto muito de namorar e transar com minha esposa. Eu e ela também gostamos muito de comer em um bom restaurante com uma bebida leve (um Martini ou uma caipirinha), mas só uma dose.

Quando há possibilidade fazer uma viagem de total lazer me encanta, pois eu viajo muito, mas sempre a trabalho.

Alma Nua - Um livro de cabeceira?

Antonio Borges - Eu lia desbragadamente quando menino. Hoje leio durante todo dia inúmeras coisas técnicas quase todas em inglês. Como resultado a leitura hoje já me agrada menos do que antes. Não costumo ter nenhum livro de cabeceira, mas gosto muito de ler romances de ficção científica.

Alma Nua - Um cd interessante?

Antonio Borges - Um CD antigo, chamado "The Well-tempered Synthesizer", com Walter Carlos, um engenheiro eletrônico americano que na década de 70 demonstrou na prática a possibilidade de criação musical com sintetizadores, transcrevendo obras polifônicas de Bach, criando exibições musicais interessantíssimas, com arranjos realizados em sintetizadores Moog muito rudimentares, que existiam na época. Como sou músico, durante muitos anos ficava com água na boca de poder fazer este tipo de coisas, mas isso seria caríssimo na época.

Hoje tenho vários sintetizadores modernos em casa, e posso realizar com facilidade arranjos musicais de todos os tipos, mas tudo teve início com aquele pioneiro.

Nota: Soube recentemente que Walter Carlos mudou de sexo e denomina-se hoje Wendy Carlos. Não temam, eu não pretendo mudar de sexo, só porque eu admiro o trabalho realizado.

Alma Nua - Um ídolo e ou uma pessoa que vale a pena conhecer?

Antonio Borges - Não costumo idolatrar ninguém, mas se é para dizer alguém, eu diria que meus ídolos são meus antepassados, em cima de cuja construção eu sou o que consegui criar.

Alma Nua - Atualmente há uma crise institucional em que o analfabetismo funcional assola nossa civilização. Muita gente entrando na universidade sem conteúdo nem base para a freqüentar. Como você observa esta crise de valores para a educação?

Antonio Borges - Como uma burrice dos últimos governos, com ações populistas e pouco práticas no ensino fundamental. Espero que o governo acorde e descubra que um país se faz com homens e livros (hoje também com computadores e internet).

Alma Nua - Existe um temor coletivo em que se discute filosoficamente a sobreposição da máquina ao ser humano. A história do cientista maluco tentando inventar um aparelho para decodificar e ou condicionar percepções, afetos, que possa instalar ao fim do dia conhecimento programando um indivíduo. O que você acha disto tudo? A bio informática do futuro vai resolver tudo instantaneamente?

Antonio Borges - O homem tem o dom de destruir e de construir como nenhum outro ser na terra.

Acho que as máquinas em pouco tempo vão emular emoções com facilidade, que os cyborgs e robôs vão ser extremamente comuns e que a maior parte das doenças e deficiências vai estar equacionada.

Nós não enxergamos de noite, e existe a lâmpada para mudar isso. Nós temos velocidade limitada e os motores me dão este poder. Os homens não podem voar, mas existem aviões. Os homens não suportam viver sem ar, mas podem mergulhar com equipamentos. Minha esposa é tetraplégica e eu convivo maravilhosamente com ela, pois nossa vida é pontilhada de tecnologia em todos os momentos. A tecnologia transforma as nossas deficiências em eficiências, e esse é o caminho irreversível para toda a humanidade. Mas acredito também numa grande destruição no planeta, provocada pela ambição desenfreada dos governos do mundo, seguida pelo estabelecimento de um novo tempo em que a humanidade vai finalmente perceber que o bom é alcançar seu ponto de equilíbrio ecológico e de paz duradoura, com a evolução espiritual associada.

JOSÉ WALTER FIGUEREDO (jwalter@.br)

[DE ÔLHO NA LEI]

TITULAR: Dulavim de Oliveira

Presidente Lula assina decreto que beneficia pessoas com deficiência

26/09/2007 - 14:40

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta quarta-feira (26/09), o novo decreto regulamentando o Beneficio da Prestação Continuada da Assistência Social (BPC), gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e operacionalizado pela Previdência Social. O BPC é uma garantia constitucional por meio da qual o governo federal repassa um salário mínimo por mês a pessoas idosas com mais de 65 anos e/ou com deficiência que não tenham como assegurar seu próprio sustento, nem mesmo com o apoio da família. A assinatura ocorreu durante a solenidade de lançamento do Plano Social: Inclusão das Pessoas com Deficiência, às 10h, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília. O evento contou com a presença do ministro Patrus Ananias e da secretária nacional de Assistência Social do MDS, Ana Lígia Gomes.

Uma das novidades do novo decreto do BPC – que vem em substituição ao decreto nº1744, de 1995 – é a possibilidade de o cidadão receber nova concessão do benefício caso saia do mercado de trabalho e atenda as condições para ter este direito.

Outra medida do decreto se refere a uma nova forma de avaliar a deficiência. A partir de agora, além de um médico perito do INSS, a avaliação da deficiência e do grau de incapacidade da pessoa com

deficiência para fins do recebimento do BPC será também analisada por um assistente social. O novo modelo incorpora os princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde (CIF), da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Podem receber o benefício idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência que não têm condições de garantir uma vida independente. Nos dois casos, a renda familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo. Para receber o BPC basta procurar uma agência do INSS e levar documento de identidade, certidão de nascimento ou casamento, CPF (se houver), comprovante de residência e, no caso de tutela, guarda ou procuração, apresentar um documento legal. O próximo passo é preencher um requerimento solicitando o benefício. O INSS enviará uma carta informando sobre o direito ou não de receber o BPC. Algumas Prefeituras podem ajudar neste processo, orientando sobre os procedimentos.

Quem tem direito ao BPC recebe do banco um cartão magnético para retirar o dinheiro.

Os recursos relativos ao Benefício são provenientes do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e pagos pelo banco diretamente ao beneficiário.

Mais de dois milhões de brasileiros recebem o benefício.

As medidas anunciadas pelo presidente Lula nesta quarta-feira envolvem também a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), em parceria com os ministérios da Saúde, da Educação, do Trabalho e Emprego, e das Cidades.

Rogéria de Paula / Ana Soares

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social

Dulavim de Oliveira (dulavim@jf-.br)

[TRIBUNA EDUCACIONAL]

TITULAR: SALETE SEMITELA

Crianças Índigo - 3ª Parte

Os médicos vêm tratando este tipo de crianças, desde os anos 80, particularmente com a chamada "substância da bondade e da calma", a Ritalina. Então aplica-se a Ritalina e a criança fica algo aplastrada, mas não deixa deter o distúrbio da falta de atenção e da hiperatividade.

Os técnicos concluíram que, a maioria dessas crianças, tratadas com drogas químicas por causa da hiperatividade, quando chegam à adolescência, passam a usar drogas alucinógenas, e na idade adulta, álcool e outras: o cérebro está acostumado a um controle químico e é quase impossível viver sem isso.

Entretanto, como já foi dito anteriormente, o problema dos Índigos, transcende a medicamentos, é necessário repensar a nossa Educação: rever métodos e conteúdos.

Estudos recentes dão conta de dois métodos pedagógicos que, em princípio, mais se adequam à prática pedagógica com as crianças Índigo: um deles foi criado por Rudolf Steiner, o notável pesquisador alemão, que criou a doutrina do Antroposofismo, uma metodologia chamada Waldorf, que dizem ser a melhor técnica para educar as crianças índigo e também é destacado o método Maria Montessori que, em 1900, na Itália , criou a Casa del Bambini.

O método Montessoriano está sendo trazido de volta por que é aquele no qual se prioriza o amor com a criança.

A criança índigo ou patologicamente chamada de hiperativa, exigirá muita paciência, é um desafio para os pais. Se ela for agressiva, morder, bater na mãe, é um transtorno psiquiátrico e deve ser tratada psiquiatricamente. Mas se ela for apenas irrequieta, desesperada, impaciente, ansiosa, chorona, implicante, exigente, atenção! Não imponha, exponha! Converse, converse, converse!

Não prometa nada, não minta, não manipule, pois a criança pegará essa deficiência nossa e continuará irritadissa.

Segundo ANNe Tober e seu marido, psicólogos norte-americanos e pesquisadores do assunto, essas crianças são as preparadoras de uma nova geração: A geração das crianças Cristal, as quais possuem uma aura prateada, profunda como um cristal lapidado, que brilha.

Essas crianças Cristal não serão hiperativas quanto as crianças índigo, mas serão também algo desconformes com o nosso sistema. Caracterizam-se pela cabeça um pouco maior do que o biotipo normal, olhos grandes e profundos, que olham sem medo, que tem conciência do seu estado de espírito elevado e que precisam de uma nova psicopedagogia para poderem triunfar.

SALETE SEMITELA(saletesemitela@.br)

[ANTENA POLÍTICA]

TITULAR: HERCEN HILDEBRANDT

Estou escrevendo em 20 de novembro, dia da Consciência Negra.

Infelizmente, há mais festejos que reflexões. Mas não deixam de haver reflexões.

Há 64 dias, em 17 de setembro, comemoramos os 153 anos de fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje IBC. Houve festejos. Não me lembro de reflexões.

No final do século XIX, os ex-alunos do Instituto - já com o nome atual - fundaram o Grêmio Comemorativo Beneficente 17 de Setembro, pensando em manter viva a reverência a nossos benfeitores - na época, era como se designavam os pioneiros de nossa educação (Haüy, Braille, Azevedo, Sigaud, ..., mesmo que também fossem cegos) - e buscar um caminho para aqueles que deixavam o IBC, instruídos, mas desacreditados para o trabalho. Foi daí que surgiu a tradição de, em todas as solenidades comemorativas do aniversário do IBC, discursarem dois oradores cegos: um aluno e um professor da escola. Festejava-se, mas também refletia-se.

Por que e como perdemos o Hábito de refletir? Chegamos à conclusão de que somos incapazes de pensar e agir? Abrimos mão de nossa auto-estima?

A posição de "agentes subalternos da história" desqualifica politicamente os grupos sociais, enfraquecendo-lhes a vontade e levando-os a acomodar-se à submissão. Por outro lado, a liderança valoriza o indivíduo, reforça-lhe a vontade, permitindo-lhe elevar sua auto-estima. Transformados em chefes, os líderes tendem a submeter os companheiros a sua autoridade , buscando imobilizá-los para a ação política.

Apesar do insucesso do 17 de Setembro, foram ex-alunos do IBC os fundadores das primeiras associações de trabalho, única solução encontrada pelos cegos do início do século XX para assegurar-se alguma independência econômica. Contribuindo para a criação de outras escolas para cegos em outros estados, nossos companheiros mais antigos promoveram a difusão do Sistema Braille por todo o Brasil. Ainda na década de 40 do século XX, o IBC obteve a colocação de alguns trabalhadores cegos nas oficinas do Arsenal de Marinha e conseguiu do governo a promulgação do Decreto-Lei nº 5895, de 20 de outubro de 1943, graças ao qual muitos de nossos companheiros empregaram-se em autarquias e empresas estatais.

Se houve ação, é porque houve reflexão. Mas a própria reflexão só tem valor se for convertida em ação.

Por que, nos dias de hoje, nos sentimos tão omissos?

Efemérides como o Dia da Consciência Negra são importantes para que os grupos sociais interrompam sua rotina de vida e reflitam sobre sua história, examinando, tão imparcialmente quanto possível, cada momento, em especial o presente, considerado o contexto político, econômico e social. A data da educação do cego no Brasil é, por menos que queiram os "especialistas", 17 de setembro, dia da fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, ponto de partida para nosso atual presente. Por que não fazermos dela a estação para nosso futuro?

HERCEN HILDEBRANDT(hercen@.br)

[PERSONA]

TITULAR: IVONET SANTOS

Entrevistado Professor Alessandro Câmara de Souza, Graduado em Ciências Sociais e Mestre em Ciências Políticas pela UFF

A primeira parte da nossa entrevista, terá o objetivo de traçar um breve perfil do Professor Alessandro.

1. Onde você nasceu e onde mora atualmente?

Eu nasci em Volta Redonda, município do estado do Rio de Janeiro e moro em Niterói, mesmo estado. Eu vim para a capital para continuar meus estudos, pois, na época em que perdi a visão no final de 1989; minha cidade natal não poderia me oferecer condições para continuar, de maneira desejada, meus estudos.

Por fim, fui morar em Niterói no final do ano de 1991, na Associação de Cegos desse município.

2.Para qual time torce?

Como uma pessoa inteligente, digna de ser entrevistada nesse jornal tão importante, sou vascaino de coração.

3. O que lhe traz Felicidade e o que lhe entristece?

Uma das coisas que me traz felicidade é a conquista de um título pelo Vasco. Além disso, fico feliz quando observo casos de pessoas que superam barreiras e vencem os obstáculos, sem ter que se corromper.

Já o que me entristece muito é essa falta de perspectiva ético-moral que o país está vivendo, onde o legal é ser "esperto", onde o jeitinho (nome vulgar dado a micro corrupção) prolifera em grande estilo, ao ponto de termos um presidente que se cercou de uma "quadrilha" de 40 criminosos para chegar ao poder, sem que a população faça nada. Tudo isso em troca de uma bolsa família ou de uma esmola.

Me entristece não poder ser político, por não me sentir com forças para fazer diferente. Os políticos são necessários, principalmente aqueles que abrem mão de suas vidas privadas em nome da causa pública, mas isso que temos no nosso país é o banditismo, em que as instituições estão corrompidas e os partidos, no meu ver, são facções do crime organizado.

Me entristece não poder fazer política, participar, acreditando que tudo pode mudar... Em resumo, me entristecem as nossas ações, pois os políticos são reflexo do que nós somos e pensamos, porque somos nós que votamos neles e eles têm que refletir nosso pensamento, pois senão, eles não se elegem.

O tema é polêmico, mas se servir para gerar um debate em torno do assunto, já terá valido a pena essa entrevista.

4. Qual o maior desafio já enfrentado até o momento?

Creio que meu maior desafio enfrentado foi aquele ao qual me lembro de quase nada. Explico-me, meu maior desafio foi ter conseguido nascer e reverter todas as expectativas em torno de mim.

Ocorre que minha mãe ficou grávida sem saber que estava e só o veio a saber com 5 meses de gravidez... nesse período, o feto que viria se chamar mais tarde Alessandro, passou por diversas situações como hemorragias que minha mãe tinha e pensava que era menstruação, uma possível rubéola e também chás para regular a menstruação.

Vale salientar que, minha mãe sentiu algo mexer em sua barriga e comentou com o meu pai que disse: "Isso deve ser uma lombriga." Ocorre que, no dia seguinte, minha mãe iria ao ginecologista fazer exames rotineiros e ali o médico constatou o tipo de lombriga que ela tinha.

Graças a Deus, ela tinha perdido o controle do ciclo do anticoncepcional que ela tomava e a causa disso, sou eu...

Portanto, minha maior vitória é estar vivo, pena que eu ainda não transforme essa constatação em um sentimento de maior alegria, e ainda me aborreça com tantas coisas menores que essa.

Se eu tivesse que falar qualquer coisa para meu pai e minha mãe, eu diria: obrigado por ter me proporcionado o direito de viver essa história tão bela que é precisamente a de estar vivo.

5. Uma pessoa que você admira?

A pessoa que eu mais admiro é meu pai. No geral, admiro todos, que como ele, conseguiram vencer na vida, mesmo saindo de origem pobre e conquistando tudo de maneira honesta, digna e sendo um exemplo a ser seguido.

Não gosto de idolatrias. Num país personalista como o nosso, acho muito perigoso ficar idolatrando pessoas. Prefiro enaltecer grandes idéias e atitudes. Quando idolatramos alguém, temos a tendência de colocar tapa olhos no sentido de enxergar esse ídolo de maneira crítica. Ele passa a ser orientador de nosso consumo, de nossas ações e objetivos, sem que reflitamos se isso é bom ou não para nós.

6. O que mais gosta e o que menos gosta em você?

O que mais gosto em mim é minha determinação e força de vontade, creio que isso foi uma herança que meu pai me deixou.

Eu não gosto em mim é precisamente a dificuldade de curtir minhas conquistas, além da falta de uma plasticidade maior perante a vida.

Saber cantar e não ter vergonha de fazê-lo, saber dançar e também não se envergonhar de fazê-lo, mesmo não sabendo, seriam caraccterísticas que me fariam mais feliz e leve.

7. Um sonho por realizar?

Tenho muitos sonhos a realizar: ser pai, fazer meu doutorado e, de alguma maneira, deixar minha marca de maneira positiva na terra

Agora que já conhecemos nosso entrevistado, passaremos para as perguntas mais gerais.

8. Conte-nos um pouco sobre sua infãncia, ou seja, como era seu relacionamento com a família?

Nenhum pai está preparado para ter um filho com deficiência, principalmente quando nem se espera um filho e ele aparece com 5 meses na barriga de alguém. Nesse sentido, ao nascer, eu apresentava alguns esteriótipos e posturas as quais as pessoas diziam que eu seria "retardado." O pior é que não escondiam esse pensamento de minha mãe que se sentia culpada por tudo, culpada por minha maior vitória? Que pena que nossos pais ainda não conseguem nos ver para além da nossa deficiência!

Sendo assim, minha infância eu passei em Volta Redonda, junto de meus pais e de meus outros 4 irmãos, com as prerrogativas de ser o caçula e com o "privilégio" de ser deficiente visual, o que me gerou um tratamento com superproteção, mimo e me livrou de algumas pancadinhas...

A partir do meu nascimento, meus irmãos, principalmente o que era mais velho do que eu 1 ano e 2 meses, sofreram um pouco, pois as atenções foram voltadas para mim. Apesar disso tudo, posso dizer que minha infância foi feliz.

9. Fale-nos sobre sua experiência com relação aos estudos. Com quantos anos começou a estudar? Nos diga se era uma escola especializada e se você já era totalmente cego ou não?

Eu comecei a estudar com 7 para 8 anos, numa classe especial. Essa medida era para testar se eu teria ou não condições de continuar estudando.

Depois disso, sempre estudei em escola regular, agora não mais em classes especiais. Como eu tinha baixa visão na época, pude acompanhar meus estudos com dificuldades, o que, de certa forma, era superado pelo rendimento que eu conseguia ter nos estudos, já que sempre me destacava.

Estudei assim, sem apoio institucional, até o final da oitava série, quando acabou de vez minha visão, fruto do glaucoma.

10. Qual sua formação profissional e o que levou você a optar por esse caminho?

Sou formado em Ciências Sociais e mestre em Ciências Políticas, ambas pela Universidade Federal Fluminense.

Minha escolha se deveu muito ao meu grau de preocupação com as questões sociais, bem como com o fato de eu gostar de política.

11. Fale-nos um pouco sobre cada trabalho que você desenvolve atualmente.

Como professor ganha muito bem e eu quero ficar rico através do trabalho, (risos), como é bastante comum em nosso país, trabalho em vários lugares: Na Universidade Salgado de Oliveira leciono pedagogia diferencial para a cegueira e baixa visão e sistema Braille, dentre outras. Essas matérias são obrigatórias para quem cursa pedagogia naquela instituição.

Além disso, trabalho na Coordenação de educação especial do município de Niterói, prestando acessoria às escolas, no sentido de contribuir para a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais, além de auxiliar os professores para que eles cada vez mais tenham uma prática eficás em sala de aula.

Fora isso, dou aulas de sociologia em uma escola estadual.

12. Diga-nos se as escolas onde você trabalha atendem deficientes visuais ou apenas alunos portadores de outras deficiências.

Como já disse, tanto na Universidade, quanto na Secretaria de Educação de Niterói, meu trabalho é mais voltado para o professor, apenas no Colégio estadual Machado de Assis, trabalho mais diretamente com os alunos e, nunca tive um aluno com deficiência visual.

Esse ano, tive conhecimento de que um dos nossos alunos ficou cego e está estudando no colégio onde dou aula, mesmo de maneira precária.

13. Quais as barreiras que encontra para desempenhar seu trabalho e o que acha que poderia facilitá-lo?

Fala-se muito em inclusão do aluno, mas não se pensa no profissional que está trabalhando. Já disse certa vez que eu iria me matricular como aluno da rede municipal de Niterói, pois assim eu teria professor de apoio, sala de recursos, ou seja, alguma atenção e não hipocrisia.

Para eu trabalhar com dignidade, ou seja, preencher diários, corrigir provas, scanear textos, etc, eu pago todo mês a uma secretária.

Tudo isso seria desnecessário, se houvesse uma política de aproveitamento do servidor que possui uma deficiência, ou seja, se a inclusão fosse de fato uma vontade política e não um jogo de faz de conta.

14. Quanto à inclusão, para você já é realidade ou ainda é um mito?

É um mito, pois se fosse realidade, nenhum de nós deficientes a suportaria, pois no dia em que o paradigma da inclusão for de fato o foco, haverá uma mudança na cultura e na noção de direitos e deveres de todos, também em nós.

Por enquanto ela é uma utopia, uma possibilidade que vislumbramos ao longe e que perseguimos. Ao persegui-la, ela se torna mais longe ainda.

Então, para que serve a utopia da inclusão? Serve para nós caminharmos.

A inclusão de fato só ocorrerá, em um outro modelo de sociedade. Um modelo de sociedade onde o ser humano seja o foco e não o dinheiro e a capacidade produtiva desse ser humano. Talvez ao falarmos em inclusão nos dias de hoje, estamos desejando inconscientemente, o direito de sermos explorados.

A verdadeira sociedade inclusiva pressupõe o fim do capitalismo e com o fim do capitalismo, não teremos mais a inclusão e sim a emancipação humana.

15. Quais são seus projetos para o futuro, na vida profissional e na particular?

Como já explicitei anteriormente, um de meus projetos de vida é ser o que meu pai foi para mim, ou seja, um excelente pai. Na vida profissional, pretendo fazer doutorado em educação, escrever artigos e

livros acadêmicos-científicos e deixar minha marca no sentido de contribuir para que um dia, nós pessoas com deficiência e todos os chamados excluídos nos emancipemos.

Agradecemos e lhe deixamos livre para falar sobre algum assunto que não tenha sido contemplado pelas perguntas acima.

Creio não haver mais nada a abordar, visto que, já falei muito. Eu me coloco à disposição para quaisquer parcerias.

Para finalizar, devo deixar a seguinte mensagem: seja qual for sua história, valorize-a, pois se você não tiver orgulho de sua trajetória, dificilmente você será uma pessoa completa. Minha história não é melhor, nem pior que a de ninguém, é a minha história, é a base de onde eu me lancei para meus vôos a fim de realizar minha meta de vida. Portanto, tenha você também metas a alcançar; você até poderá não alcançá-las, mas eu te garanto que parado você não ficará e para alguém, você estará sendo um orgulho, um espelho ou uma referência. Em fim, se fizerdes isso, você estará fazendo a diferença para alguém e não passará em vão nessa vida na terra.

Obrigado por essa oportunidade e se deseejarem contato, meus e-mails são:

camarasouza@ ou camarasouza1@.br

IVONET SANTOS (ivonete@.br)

[DV-INFO]

TITULAR: CLEVERSON CASARIN ULIANA

Carreira em Tecnologia da Informação: Por onde começar ?

Por: Cleverson Casarin Uliana

Em: 18 de novembro de 2007

Prezado leitor,

Se você é estudante e pensa em cursar uma faculdade relacionada a Tecnologia da Informação, por exemplo, Ciência da Computação, Análise de Sistemas, Engenharia de Computação, etc., não perca a nova série de artigos escritos por um profissional da área no blog Meio Bit:



Segue abaixo o primeiro artigo, publicado no último dia 12 de novembro.

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Carreira em TI: Por onde começar ?

Por: Andre Guerreiro

em 12 de Novembro de 2007 às 02:47

Muitas vezes você se pergunta: como começar em Tecnologia da Informação ? Qual especialidade é a melhor ? Qual paga mais? Desenvolvimento? Qual linguagem: JAVA ? NET? Infra-estrutura? De que? Redes? Servidores? As certificações realmente diferenciam os profissionais? Como está o mercado brasileiro? E o mercado mundial? E seguem-se mais e mais perguntas sobre qual é o melhor caminho a seguir. Isso quando você não se depara com as mesmas perguntas durante o curso de sua carreira.

Bom, nesta série de matérias, vou comentar um pouco sobre cada interrogação. Não pretendo ter a resposta para todas as perguntas, e nem pretendo descobrir a fórmula mágica do sucesso. Tenho a intenção sim, de contar o que a experiência já me ensinou e o que percebo do mercado, estando nele há mais de 10 anos.

Vamos então à primeira questão: Como se preparar ?

Estando na faculdade, cumpra suas obrigações com suas notas e aproveite o tempo para aprender o máximo que puder. Faça mais do que a média; a maioria das entidades de ensino no Brasil não prepara totalmente o profissional para o mercado.

Aqui vão algumas dicas dos conhecimentos que vão diferenciar você no mercado:

Inglês é fundamental. Se você quiser progredir em TI, inglês é tão importante quanto português. Se puder, aprenda espanhol. Espanhol não é português, e não acredite em ninguém que diga que espanhol é fácil, e que todo mundo entende. Eu já trabalhei em diversos países na América Latina e todos têm diferenças no Espanhol. Você pode passar maus bocados, para não dizer vergonha quando estiver falando ou escrevendo em espanhol.

Base de Dados: estude, crie e construa bases de dados. Isso é um grande diferencial em seleção de estagiários e profissionais iniciantes na carreira. Vocês ficariam espantados com a quantidade de pessoas que se aplicam para vagas e não sabem construir uma consulta em SQL.

Desenvolvimento: desenvolva macros, aprenda VBA. Excel é uma das ferramentas mais utilizadas por profissionais de TI. Saber manuseá-lo e ainda saber utilizar as ferramentas de programação dentro dele, é um diferencial muito bom.

Você sabe o que é Virtualização de Servidores ? Já ouviu falar em VMWare ou Virtuozzo ? E Microsoft Virtual PC ? Se sim, ótimo. Se não, é melhor correr atrás e conhecer como isso funciona. Virtualização é, e será um dos tópicos mais predominantes em Infra-estrutura de TI nos próximos anos, por estar diretamente ligada a uma potencial racionalização de custos e a campanha Green IT (falarei sobre esta em outra matéria).

Você sabe o que é Tier 1,2 e 3 em sistemas de armazenamento ? Dê uma olhada no site da EMC:

.

Aprenda uma linguagem de programação: JAVA ou .NET. Simplesmente pelo fato de serem as mais utilizadas hoje nas empresas.

Você sabe falar em público? Quantas vezes você esteve na frente da turma para apresentar um trabalho? Aproveite a faculdade; em alguns anos você estará na frente de gerentes, diretores e clientes, apresentando soluções e propostas. E então? Como vai ser? Existem diversos cursos que ajudam você a falar em público e se expressar.

Não me entendam mal, timidez não é pecado, mas você precisa ter a habilidade de demonstrar suas idéias e conceitos.

Aqui nos Estados Unidos, ter experiência fora da sala de aula é muito importante e é uma diferenciação na hora da contratação. No Brasil, isso significa: procure um estágio; ou procure um emprego que você possa conciliar com a faculdade.

Parece muita coisa para aprender, certo? Errado. Isso ainda é pouco. E a carreira de TI vai exigir que você esteja em constante processo de renovação dos seus conhecimentos. Portanto, é melhor se acostumar desde cedo.

Um ponto muito importante: não pense em vencer tudo isso de uma única vez.

Disciplina de estudo e planejamento são fundamentais para conquistar todas as etapas. Estabeleça metas de aprendizado no ano, semestre, ou mês, e conquiste-as com o tempo. Você pode se planejar para aprender bases de dados neste ano, e dividir o seu estudo em pequenas partes para conquistar o objetivo final.

Parece trivial mas não é. Para dar uma idéia do quanto isso é importante no futuro, uma das características mais importantes de um grande profissional, especialmente um gestor ou técnico de TI, é ter a capacidade de quebrar um problema ou objetivo em pequenas partes e ir gradualmente solucionando-as até a conclusão final.

Bom, por esta semana é só. Na semana que vem eu volto falando de certificações: qual a importância delas e quais as mais quentes do mercado.

Para continuar acompanhando a série, visite o blog Meio Bit:



Cumprimentos e até o próximo Contraponto

Cleverson

CLEVERSON CASARIN ULIANA(clever92000@.br)

[O DV E A MÍDIA]

TITULAR: VALDENITO DE SOUZA

* CINEMA

Vermelho como o céu retrata cotidiano de um cego

Um acidente com um rifle compromete a visão do pequeno Mirco, quando ele tinha apenas 10 anos. Vivendo na escuridão, é considerado incapaz e impedido pelo governo da Itália de freqüentar escolas públicas. Os pais são obrigados a enviá-lo para Gênova, onde passa a estudar num instituto especial para deficientes visuais. Essa história é contada no filme Vermelho como o Céu, em cartaz nos cinemas. Determinado a vencer as dificuldades, o garoto apaixonado por cinema descobre um antigo gravador e um novo mundo por meio das histórias sonoras que começa a criar. Não demora para que obstáculos apareçam e ele é criticado pelos diretores religiosos da escola. Ao longo de sua história, vai conquistando os colegas e quebrando barreiras até então não imaginadas para um menino cego. Vermelho como o Céu é baseado na história real de Mirco Mencacci, um respeitado editor de som do cinema italiano atual. O longa-metragem foi eleito o melhor filme pelo júri popular da 30ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Rodado na Itália, com a direção de Cristiano Bortone e o ator Luca Capriotti no papel principal.

Fonte: CORREIO ESCOLA

DIÁRIO BRAILLE Outubro de 2007

*INFORMÁTICA

Estudantes desenvolvem "mundo virtual" para cegos

A filial irlandesa do fabricante de computadores IBM anunciou que está trabalhando em um projeto que auxiliará na navegação de internautas cegos pelo chamado mundo virtual. Um projeto realizado por estudantes com ajuda da empresa criou um sistema de áudio que utiliza sons para dar sensação de espaço no Active Worlds – um programa que recria na internet o mundo real. Estimativas indicam que, em apenas quatro anos, 80% dos usuários de internet utilizarão aplicações que simulam a realidade, como o Second Life, que já tem quase 9,5 milhões de adeptos. Para a IBM, é preciso garantir que pessoas com deficiência visual também tenham acesso a esse ambiente.

"Quando o usuário entrar no mundo virtual, será informado dos objetos e suas posições", explicou Colm O"Brien, um dos quatro pesquisadores que trabalham no projeto. "Haverá também sons. Por exemplo, se o usuário passar ao lado de uma árvore, escutará o barulho das folhas." A pesquisa desenvolveu softwares de conversão de texto em voz, para que os usuários cegos possam conhecer as inscrições de uma caixa de mensagens, por exemplo, ou conversar virtualmente com outro usuário. Personagens virtuais também poderiam emitir sons, para avisar usuários cegos de que estão se aproximando e a que distância se encontram. O projeto faz parte da iniciativa de pesquisas Extreme Blue, na qual a IBM reúne grupos de estudantes que buscam resolver, em 12 semanas, problemas colocados por pesquisadores avançados. Uma equipe de consultores cegos em Dublin, na Irlanda, e nos Estados Unidos está aconselhando e avaliando a iniciativa. A experiência será depois desenvolvida pelo Centro de Habilidade e Acessibilidade Humana da IBM, no Texas.

Fonte:CORREIO ESCOLA

DIÁRIO BRAILLE Outubro de 2008

* ENTREVISTA: Gilberto Gil, o compositor múltiplo

Urariano Mota

La Insignia. Brasil, fevereiro de 2007.

A entrevista que vão ler durou somente 17 minutos. Mas isto não foi conseguido com facilidade, nem foi construído em 17 minutos. O compositor, cantor, músico, agitador cultural, Ministro Gilberto Gil, pelo cerco e pelo assédio da imprensa, pela corte que lhe segue, pela roda de pessoas excitadas com a sua presença, pela quantidade de fotos e imagens que a todo minuto lhe tiram, pelos interesses econômicos, financeiros, culturais que o envolvem, que o desejam a todo instante, o senhor Gilberto Gil é um pop star. Com a diferença, em relação ao mundo pop, que o star é um homem que pensa, que teoriza, é um pop culto, e que está no poder político.

Todos lhe sorriem. Todos lhe são simpáticos. Todos querem tocá-lo na aura, se possível com volta de algo mais concreto que a luz mística.

Essa entrevista ocorreu na noite do sábado 10.2.2007. Era o último dia do Ministro da Cultura no Recife, onde chegara para a Feira Música Brasil.

Ainda que houvesse acertado a entrevista dois dias antes, e só o deus Mu Dança sabe que forças intestinas arranquei para isso, por várias vezes pensei desistir. Não fosse a minha mulher, eu teria desistido da entrevista. Fugido, corrido. Aos meus desabafos, enquanto caminhava ao longo de um préstito real, sufocado, quando dizia, "Eu vou desistir", a senhora Francesca era mais prática, como sói acontecer com todas as mulheres de indivíduos desastrados: "Você fez o mais difícil. Não pode mais desistir". E por isso eu segui, com o mesmo sentimento dos que seguem a caminho da primeira viagem de avião. Talvez na porta, um segundo antes do vôo, eu pudesse desistir, pensava. E por isso eu seguia e fui.

Entendam a razão. Quando o Ministro e Compositor desceu do palco onde respondera a perguntas de um auditório, ao me acercar dele, recebi cotoveladas, discretos empurrões, golpes elegantes no ventre, passagens bloqueadas com ares de acaso. Todos cometidos pela elite cultural e artística. As pessoas educadas, finas, se agridem com etiqueta. Impossível não lembrar de O Anjo Exterminador. Com a diferença que todos podiam sair e não queriam isto. Desejavam todos estar em torno, bem próximos, e o inimigo era quem pensava igual e à sua maneira. Todos queriam estar perto, conversar, receber um olhar, um incentivo, sair na foto com o Ministro, que vem a ser a mesma pessoa do compositor mundialmente famoso. Senti-me sob constrangimento por ser um, mais um dos que lhe sorriem, que procuram ser simpáticos, úteis, camaradas. Tão íntimos somos, não é? Em resumo, o escritor que lhes fala era mais um dos que o adulavam. O sorriso deles, o ar prestimoso, obsequioso, era o meu. Eu os censurava e os repetia. Que imagem, meus amigos. Isto não foi nem era o meu espelho inesquecível.

"Eu vou desistir, eu vou...". A simpática assessora Nanan Catalão me concedeu: "Você tem um máximo de 20 minutos". Certo. Mas onde? Iremos para algum lugar sossegado, uma reserva de paz nessa agitação? - A realidade tem a perversão de não ser conforme o nosso desejo. Eu não sabia que o

mundo pop está acostumado a conversar sob luzes e câmeras e público ao redor. Para reforço do eu vou desistir, o compositor sentou-se em um banquinho, bem à vista de todos, à entrada do teatro. Um círculo de circo se abriu em torno. Ficamos em uma arena. "Aqui mesmo", Nanan apontou.

Passei então a sorrir. Tiravam fotos do ministro, e se não houver uma segura edição, haverá um sujeito barbudo, perdido, a pensar em uma delas,

"Virei papagaio de pirata". Aquele papagaio que aparece no ombro do pirata, bem sabem, no rótulo do Ron Montilla. Pero fotos não revelam pensamentos, podem apenas revelar caras assustadas, a sorrir. Menos mal.

Ao trabalho. Já que chegaste até aqui...

Entre as minhas habilidades de repórter a pior delas é trabalhar com o gravador. Bueno. Eu estava com uma só fita cassete, cassete, isso mesmo, de uma entrevista com clérigos sobre a crise da Igreja em Pernambuco. Não havia outro remédio, eu deveria gravar por cima. Certo. Mas o que fazer com um roteiro prévio, com uma pesquisa feita durante todo o dia, em que alinhavei perguntas, intervenções, ditos espirituosos, que seriam ditos em sala fechada, eu e Gilberto Gil, quem sabe durante a noite inteira? "A sua vez é agora", eu ouvi de Nanan. Era agora ou nunca, e eu não conseguia mais ler as perguntas anotadas em razão da miopia. Perguntas inúteis, naquela hora e circunstância. Então vamos, eu me disse, com uma resolução dos náufragos, se é que os náufragos têm alguma resolução. Notei então que a fita no gravador estava no fim - pelo menos à minha vista pareceu. E procurei, enquanto o Senhor Ministro esperava, achar o miserável e misterioso caminho por onde a fita seria retirada. Olhei para a minha mulher, e a sua cumplicidade me fez achar o caminho. Descobri, cambiei o lado da fita. Muito bem, apertei a tecla rubra. Gravando. Pergunto então ao compositor Gilberto Gil como foi o seu exílio em Londres, quando expulso pela ditadura. Ele me responde com um solo maravilhoso, a cantar em inglês. Que momento, que privilégio, eu me disse, e a fita parou de rolar, porque atingira o fim. Perdi a música. Um amigo então, o DJ e músico Tales, repôs a fita no lugar. E me avisou, gentil: "Está gravando".

Não toquei mais no gravador, e por isso pude ver, ouvir e prestar atenção pessoa do artista. Gilberto Gil, quando fala, compõe. Ele compõe enquanto fala, ele é músico à procura da letra, e isso fica mais claro quando reitera palavras, expressões, na busca. Refrão e degrau para o movimento seguinte. Certo, dirão, isso é comum a toda e qualquer pessoa.

Sim, mas observem esse trecho da entrevista: "Pedir pra fazer outro sucesso, depois outro sucesso, depois outro sucesso, o mesmo sucesso outra vez", para concluir, "eu não quero". Isso escrito não permite ouvir as modulações e melodia que ele imprime na voz. O ritmo, enfim. Quando ele se referiu a Paulo Francis, houve um trecho em que deu uma entonação ao adjetivo "inaceitáveis", que procurei dar uma pálida idéia com um ponto de exclamação seguido de reticências. Ainda assim, se torna inaudível, na escrita. Direi então que o adjetivo "inaceitáveis" veio como uma ênfase, um trecho de um coco cantado por Jackson do Pandeiro. Percebem? Nele houve uma divisão silábica, que além da interpretação já é música.

INACEI-táveis!... Diferente no entanto de Jackson, que era "esse jogo não é um a um, se o meu time perder eu mato um, é encarnado-preto-e-branco, é encarnado-e-preto", para quem as coisas, os fenômenos se definiam por oposição, o que é típico da formação de um homem do povo, de modo diferente o compositor Gilberto Gil compõe. Tem idas e vindas a sua fala, sem jamais chegar a uma definição que não admita nuances. Para ele não existe A ou B, para ele, sempre, as coisas são A e B ao mesmo tempo. Por vezes pode chegar à metafísica, mas é metafísica agradável, que guarda uma dialética, se nos expressamos à sua maneira. Ele poderá dizer, por exemplo, que as coisas não existentes existem, e completar, para maior espanto, que o não existente é o que existe. Formulação ina-cei-tável em Jackson do Pandeiro.

Essa maneira, dizendo melhor, esse conteúdo de expressão, porque nele a forma é sempre o conteúdo, leva-o a evitar os substantivos mais simples, como se estes fossem primitivos, toscos, poderia ser pensado. Mas não. Isso é tático, quando não estratégico. Ou ambos, para escrever à sua maneira. Vocês irão ver nesta entrevista como ele se refere a uma parcela do público brasileiro que admirava o Tropicalismo. Em nenhum momento ele dirá que eram jovens militantes da luta armada, do foco. Ou melhor, dirá isso de outra maneira, por um método de aproximação. E no entanto, saibam, isso não é descoberta desses dias. Eu mesmo conheci jovens que aliavam sua prática de combate à ditadura a palavras do tropicalismo. Contrários ao mundo dos olhos claros, de Carolina e Januária na janela, do Chico Buarque daqueles anos, naquele tempo. E eram típicos, digamos assim, esses bravos militantes. Daí, também, que nessa busca Gilberto Gil crie neologismos, em mais de uma oportunidade. Ele está compondo, sempre. Como vocês verão, agora.

Desta vez é à vera. Gravando (Vozes, murmúrios, de outra entrevista, palavras ao fim, de Gil: "Manda um beijão pra ele....".)

- Em 1969, você e Caetano foram expulsos do Brasil pela ditadura militar. Como é que você vê hoje, quando deu a volta por cima, primeiro com sua música, depois politicamente, porque é um ministro do governo. Que lembranças lhe dão o golpe de 64?

Gil - Das lembranças que a gente tem normais, do passado. Com as boas e más lembranças do passado. Com a recordação dos bons momentos e dos maus momentos, do que os bons momentos fizeram de mal à minha vida, do que os maus momentos fizeram de bem à minha vida ... (Risos) Tudo isso.. (E faz um gesto amplo, circular, com os braços.)

- Depois, quando saiu do Brasil, você compôs "Aquele abraço".

Gil - Foi... Eu fiz já aqui no Brasil ainda, saindo. Na semana que eu estava indo embora, eu gravei. Na véspera de eu ir embora, eu gravei.

- "Alô, alô Realengo"... Paulo Francis, de quem a gente nunca pode dizer que era um amor de pessoa, ele chegou uma vez no Pasquim ...

Gil - Não, até que um amor de pessoa a gente pode dizer. A gente pode dizer que talvez ele não fosse uma pessoa do amor. (Risos) Que ele era amável, em tudo. Mas renitente com esse exercício irrestrito da amorabilidade. Ele tinha coisas das quais ele não queria mesmo gostar e não queria que aquelas coisas fossem aceitáveis, que eram pra ele inaceitáveis!...

- Ele chegou uma vez a te elogiar num artigo no Pasquim, quando escreveu mais ou menos assim, "o Gil poderia estar mais do que rico depois de 'Aquele abraço', mas ele não é homem de repetir a fórmula que deu sucesso".

Gil - Eu nunca fiz música pra, pra...

- Tocar no rádio?

Gil - Não, pra estabelecer uma linha de montagem, ou estabelecer uma reprodução do mesmo modelo, pra explorar os filões de mercado, coisa desse tipo nunca foi preocupação minha. Eu gosto de fazer sucesso, eu gosto de vender disco também, tudo, mas não, por exemplo, eu gosto de fazer sucesso, mas não gosto de fazer os mesmos sucessos duas vezes, por exemplo. (Risos) Eu não gosto muito. (Risos.) Pedir pra fazer outro sucesso, depois outro sucesso, depois outro sucesso, o mesmo sucesso outra vez, eu não quero. (Risos)

- Você esteve aqui no Recife em 67, passou dois meses, travou contato com o pessoal do Teatro Popular do Nordeste...

Gil - Com Leda Alves, Hermilo Borba Filho...

- Como foi essa sua passagem pelo Recife?

Gil - Ah, um mês eu fiquei aqui, aí eu conheci Teca Calazans, eu conheci Geraldinho Azevedo, eu conheci Marcelo do Quinteto Violado, conheci Toinho do Quinteto Violado, os meninos, conheci tanta gente, conheci Carlos Fernando, conheci tanta gente...

- Visitou Caruaru?

Gil - Fui a Caruaru. Ainda hoje eu fui a Caruaru com Fernando Lyra, que me recebeu em Caruaru, daquela vez, há 40 anos, enfim. Naquela época Carlos Fernando me levou pra Zona da Mata, me levou pra Nazaré da Mata, me levou pra os lugares todos, eu andei por tudo isso aqui. E ali o centro era o Teatro Popular do Nordeste, o TPN, era, toda a noite eu me apresentava lá, durante pelo menos duas semanas eu fiquei lá cantando, toda noite, e ali iam os músicos, e ali apareceu o percussionista, o nosso querido Naná Vasconcelos, que era baterista da banda da Aeronáutica naquela época.

- E você gravou Pipoca Moderna, não foi isso?

Gil - Gravei... Eu na verdade eu não gravei. Pipoca Moderna eu pus a gravação, abri meu disco Expresso 2222 com a gravação da Banda de Pífanos de Caruaru, que eu tinha feito em um gravadorzinho como este seu (aponta para o pré-histórico gravador da Sony que estava comigo), com Carlos Fernando, na época em que nós fomos a Caruaru. Há 40 anos. E eu pus essa música na abertura do disco Expresso 2222. Mais tarde Caetano fez uma letra para o Pipoca Moderna, e aí ele próprio gravou, e outros artistas gravaram Pipoca Moderna, como canção, cantada. Mas a primeira publicação dela foi feita através do disco Expresso 2222 com uma gravação doméstica da Banda de Pífanos de Caruaru.

- Você tem uma coisa interessante, que é como você une o popular à vanguarda. Como é que é isso?

Gil - Em todo o mundo a gente faz isso. Cada um tem o seu modo de fazer. O Chico faz isso, o Caetano faz isso, os Beatles faziam isso na Inglaterra, Bob Dylan fez isso nos Estados Unidos. Muita gente faz isso, é uma prática que se tornou comum, os artistas não querem ficar isolados, em um segmento só, confinados a um determinado só único mundo musical, música é um trânsito permanente entre... Todos nós tivemos música clássica em nossa infância, ouvimos Bach, ouvimos Beethoven, ouvimos isso, ouvimos aquilo, somos influenciados por esses contextos, e ao mesmo tempo temos a música da rua, a música de nossas cidades, a música de nossas feiras, de todos os lugares. Enfim, queremos misturar tudo isso, queremos fazer com que esses espaços dialoguem, uns com os outros, não é? Então eu tenho o meu modo de fazer isso. Às vezes, antigamente, por exemplo, naquela época aqui, eu peguei duas cirandas, utilizei excertos dessas cirandas, não é?, e complementei com canções que eu fiz. É o caso do Pé da Roseira, é o caso da Barca Grande, é... (Canta)

"O pé da roseira murchou

e as flores caíram no chão.

Quando ela chorava, eu dizia,

tá certo, Maria,

você tem razão".

Isso é uma ciranda. (Canta)

"Eu vim aqui pra te ver,

como te vi, vou-me embora.

Trabalho na barca grande,

só chego fora de hora"....

Também é uma ciranda. E no entanto essas cirandas viraram trechos iniciais de canções mais longas que eu fiz. Há muitas maneiras..

- Villa-Lobos fazia isso.

Gil - Fazia isso também. Bartók fazia isso, Bach, não é?

- Você é um compositor que sem alarde, ou como se dizia naquela época, "sem dar bandeira", você é um compositor muito político. Pelo que eu lembro da juventude da época, na ditadura militar, eu lembro que o movimento tropicalista era relacionado a determinada linha de combate clandestino. Você faz essa relação? Por exemplo, tinha ala da esquerda que era do lado de Chico Buarque, tinha ala da esquerda que era do Tropicalismo, você vê isso?

Gil - Acho que sim. Acho que era. As pessoas associavam sua política, seu compromisso... (Tosse) a determinados campos, na própria política e no campo estético também. Então o Tropicalismo estava ligado às correntes mais ... mais audaciosas, mais, que predicavam uma ruptura maior, que predicavam uma ruptura de um convencionalismo estético, artístico, e etc., e também político, não é? Nós gostávamos das correntes políticas mais autônomas, mais abertas, menos subordinadas a linhas programáticas clássicas.

- Quando você diz que pegava uma linha política mais aberta, menos amarrada a programas tradicionais, eu lembro que a sua trajetória de diálogo com a esquerda nem sempre foi ausente de conflitos.

Gil - Foi tangencial sempre. (Riso) Eu nunca mergulhei em nenhuma corporação, em nenhuma unidade da política das esquerdas, porque eu sempre fui uma coisa que o Partido Comunista naquela época costumava classificar como "linha auxiliar". (Riso) Eu ajudava, mas eu não era propriamente um

...

- Era um aliado?

Gil - Eu era um aliado. Eu tinha esse trabalho tangencial, onde nos pontos onde havia tangenciamento entre meu processo e o processo deles, a gente caminhava junto. Nos outros, eu ia solto.

- Você sabe o que ocorreu com Geraldo Vandré?

Gil - Não tenho tido notícias recentes dele... Notícias até tenho, não tenho tido contatos recentes com ele. Os últimos contatos que eu tive com Vandré já vão alguns anos atrás. Ele se envolveu num processo de mais reclusão, de mais afastamento...

- Esquizofrenia, parece.

Gil: - É o que dizem dele. Ele teve o conjunto das questões dele, teve esse aspecto também de uma problematização psiquiátrica também. De formas que ele descontinuou um pouco o trabalho, propriamente. Vandré não deu continuidade ao trabalho dele.

- Você chegou a ser parceiro dele.

Gil - Muito, em algumas canções. Umas quatro ou cinco fizemos.

- Como estão hoje as suas relações com Caetano Veloso?

Gil - Isso é fácil. As mesmas de sempre. (Riso)

- As relações de amizade são ótimas.

Gil - São ótimas. As relações de convívio, nem tanto... por causa dos descaminhos, os nossos caminhos cruzam pouco hoje, porque eu estou com o Ministério, eu viajo muito, estou muito fora... (Tosse) do Brasil, fora do Rio, e tal. Então são muito poucas as oportunidades de sentar, conversar, conviver. Outro dia, a última vez em que nós estivemos juntos foi numa situação muito auspiciosa, que era um show dele em Porto Alegre, eu tinha ido a Porto Alegre para uma atividade ministerial, e havia um show de Caetano naquela noite em Porto Alegre. E eu fui, e depois do show, além de ter tido esse momento extraordinário de poder assistir a um show dele, ainda saímos juntos pra noite porto-alegrense depois.

- Fumaram o cachimbo da paz.

Gil - Fumamos ... Não, não, o cachimbo da paz já está. A paz nunca deixou de existir entre nós. Mas nós pudemos conviver durante algumas horas numa forma como a gente não vinha podendo conviver.

- Agora, a pergunta que eu venho guardando desde o começo: se você não fosse um homem negro, que artista você seria?

Gil - Eu não faço a menor idéia. (Risos.) Eu não faço a menor idéia. Eu não teria essa sestrosidade rítmica que eu tenho, isso é uma coisa que eminentemente muita gente tem, outras raças, outros contextos étnicos propiciam, mas a vivência negra, da cultura negra... e quando eu digo raça, digo nesse sentido, de mais no sentido da cultura, de ser negro culturalmente negro me dá uma relação com a música, com o ritmo, com o mundo religioso, com tudo enfim que eu não teria não sendo negro, e portanto não seria o artista que eu sou. Seria outro. Outra pessoa. (Riso e sorriso.)

- E se você não fosse músico, o que você seria?

Gil - Arquiteto, talvez.

- Nada a ver com administração de empresas.

Gil - Não, porque eu me formei em administração de empresas, mas na verdade o campo de aplicação do meu talento mesmo, o campo de interesse da minha expressividade interior, etc. , se não na música se daria mais proximamente de uma coisa como Arquitetura.

- Seria ligado à arte de qualquer maneira.

Gil - É isso o que eu quero dizer. Mais do que administração. Ainda que eu goste de administração, tanto que eu fiz administração, e tanto que eu tentei aproveitar o que aprendi na formação, no campo prático, criei minha própria empresa, e coisas desse tipo. Me interessei por esse lado do empresarial, eu fui sem dúvida alguma muito estimulado pela formação da universidade.

- Eu fui no seu site oficial, e pude ver que você nasceu em Salvador, mas teve uma infância rural.

Gil - Nasci em Salvador circunstancialmente, em uma família que já habitava, que já morava no sertão. Ituaçu. Minha mãe veio pro parto em Salvador, porque era de família de lá, meu pai também, minha mãe ainda viva, está com 93 anos agora, meu pai já é falecido, mas eram ambos de Salvador, tinham ido pro sertão e casaram e foram pro sertão. Na hora em que nasceu o primeiro filho, voltaram para Salvador, porque era lá que as famílias deles estavam. Então era mais seguro, mais aconchegante... (Faz um gesto a indicar que está na hora de encerrar)

- Só uma última pergunta. Não existe um Gil. Existem Gis. Há muitas imagens físicas, fases, variações na sua vida...

Gil - Isso é comum a todos os seres humanos. Não existem indivíduos.

Existem divíduos, como diz Gilles Deleuze. (Ri.) Ninguém é um. Todos nós somos muitos, somos múltiplos.

- Muito obrigado, Ministro.

Portal da Oftalmologia - Entrevistas

10/07/06

[ETIQUETA]

TITULAR: RITA OLIVEIRA

Leveza e criatividade

Fabiana Bonilha

As pessoas com deficiência visual são capazes de fazer praticamente todas as coisas que os videntes fazem. Nós, cegos, levamos uma vida normal, como bem sabemos. Mas não se pode negar que a deficiência nos impõe algumas limitações e traz alguns obstáculos a serem superados. Não aceitar esse fato significaria a não-aceitação da própria deficiência. Diariamente, enfrentamos inúmeros desafios diante dos quais precisamos desenvolver uma série de habilidades que nos permitam viver com segurança e tranqüilidade. Tais habilidades não "caem do céu", e são adquiridas mediante esforço e perseverança.

Qual o segredo para lidarmos com as limitações impostas por nossa deficiência? Certamente, não há uma receita pronta e estabelecida.

Mas creio que, nesse caso, dois ingredientes são fundamentais:

leveza e criatividade. As pessoas que tendem a encarar suas limitações de um modo leve e bem-humorado são aquelas que, provavelmente, conquistarão uma maior autonomia. Brincar com situações inusitadas e embaraçosas é uma das chaves para o sucesso de nossa independência. Aliás, histórias engraçadas ou piadas sobre cegos não faltam! Elas têm a função de suavizar situações do cotidiano e servem para que esses casos possam ser olhados sob uma perspectiva alegre e não dramática. É importante também que, socialmente, nossa deficiência visual seja um fator de aproximação, e não de afastamento. Podemos utilizá-la a nosso favor, fazendo com que, por meio dela, nos aproximemos das pessoas. Para isso, devemos estar abertos a responder perguntas, a conversar sobre nossa cegueira, a ser simpáticos com quem nos oferece ajuda (mesmo que essa ajuda seja desnecessária). E, por fim, como já dito, em tudo isso não deve faltar a criatividade. Cada um descobre o próprio modo de encarar situações diárias. Assim, nem o profissional mais experiente na área de reabilitação poderia nos ensinar essas descobertas pessoais. Sou da opinião de que deveria haver mais trocas de experiências entre as pessoas cegas. Algum cego, por exemplo, pode ter descoberto uma maneira genial de organizar suas peças de vestuário, ou um modo eficaz de uso do fogão, ou algum artifício que o auxilie a ouvir os carros passando quando ele atravessa uma rua. E isso poderia ser partilhado, a fim de que tais idéias pudessem ser aprimoradas. Seria interessante a formação de um grupo defensor de um princípio básico: o princípio segundo o qual nossa inclusão e participação na sociedade dependem, em primeiro lugar, de nós, de nossa postura e de nossas atitudes. Não cabe às pessoas videntes promover nossa inclusão. Elas, quando muito, podem auxiliá-la. Mas nós devemos ser, de fato, protagonistas e agentes desse processo.

*Fonte:CORREIO ESCOLA

DIÁRIO BRAILLE Novembro de 2007

RITA OLIVEIRA(rita.oliveira@br.)

[REENCONTRO]

COLUNA LIVRE

Nome: Januário Pereira do Couto

Formação: Administração de empresas pós graduação em engenharia de sistemas

Estado civil: Casado

Profissão: Técnico Judiciário

Período em que esteve no I B C.: 1982, curso de programação de computadores

Breve comentário sobre este período: Foi um tempo maravilhoso, onde eu, com 17 anos, ainda menino aprendi muitas coisas ganhando muita experiência e fazendo muitos amigos.

Residência Atual: Brasília DF

Objetivos Neste Reencontro: Manter contatos com os antigos amigos.

Contatos: (fones e/ou e-mails)

(61) 8155-4512 janu.couto@.br, janu.couto@

[TIRANDO DE LETRA]

COLUNA LIVRE

A bacia das almas

Dizem que na Europa o ato de tomar banho não se dá com tanto conforto como aqui (onde haja conforto, naturalmente) que lá, chuveiros, ou não são tão constantes ou não são tão modernos. acontece que, segundo explicação desse meu informante, as construções antigas não comportam, em geral, o encanamento necessário à instalação dos chuveiros como aqui, daí que, os que existem por lá, são como que os improvisados daqui e de lá também. sendo assim, posso dizer que quando criança era

meio europeu. bacia lá em casa não era apenas algo que se podia fraturar, amassava-se também.

Além de, um ou outro, vez por outra, poder jogar água fora da bacia, mas, só literalmente! Dava-se então que o não ver dos olhos junto com a preguiça das mãos faziam com que o que houvesse em mim de trabalho ou, numa linguagem informatizada, o que representasse entrada de dados, acontecesse via auditiva donde me permito dizer que era todo ouvidos, devesse ou não. lembro-me de uma vez que, ouvindo uma senhora, dona Maria gorda, perguntar à meu irmão se minha mãe tinha arco para emprestar a ela, gritei logo:

- Eu tenho! e fui correndo buscar para ela.

O que conhecíamos na nossa infância como arco era um pneu de bicicleta que púnhamos pra rolar (púnhamos não, eles punham) e desenvolvíamos certa destreza correndo e controlando a dita roda. Lembro-me que enquanto corria para buscar o arco, achei meio estranho esse querer da dona Maria gorda pois, mesmo com alguma imaginação, era difícil imaginá-la rolando um pneu de bicicleta correndo atrás dele mas!... E quando cheguei para ela, me sentindo muito importante por poder emprestar a ela uma coisa, não da minha mãe mas, minha, levei quase que um safanão acompanhado de algo mais ou menos assim:

- Oia o respeito menino eu sou lá arguma criança! e fiquei completamente aparvalhado sem entender. Lembro-me que minha oferta foi acompanhada de gargalhadas das crianças maiores que riam aquela risada de quem quer se controlar para não rir e não consegue. E quando meu irmão chegou com o álcool para emprestar à dona Maria gorda, ainda ouvi dela a seguinte recomendação para meu irmão:

- Fala pra tua mãe dar jeito nesse menino, ele percisa aprendê a respeitá os mais véio!

Mas, voltando à história do banho: certa vez um outro meu irmão chegou em casa com um peixe enorme, segundo ouvi dizer, e que, também depois de cozido, foi muito elogiado e, apesar dele ser chegado a uma mentirinha, não contou nenhuma história de pescador.

Disse mesmo que comprou e diante dos elogios me lembro bem do que ele disse:

- E olha que comprei na bacia das almas!

Não sei bem se essa expressão ainda faz parte de um vocabulário, digamos, usável hoje em dia mas agora sei que ela queria dizer que o peixe custou muito pouco, foi bem baratinho.

Contudo, na ocasião, aquilo de ter comprado o tal peixe na bacia das almas, ficou vagando no meu espírito de criança de uns 5 ou 6 anos, não sei bem.

E, naquele dia, quando minha mãe chegou em casa, além do cansaço de quem trabalha pesado como era o caso dela, ainda teve que agüentar toda a confusão que se formara quando minha irmã mais velha (quer dizer, apenas mais velha do que os outros mas, ainda criança também) no firme propósito de cumprir com sua obrigação de me dar banho, ante minha resistência, tentou usar a força tendo empregado, inclusive a forca, sem cedilha mesmo, no que foi impedida por um outro nosso irmão que, tomando minha defesa, deu-lhe uns sopapos. Minha mãe resolveu a questão distribuindo mais alguns, aqui e ali, (felizmente não estive entre os contemplados) mas, acho que até ela se esqueceu do cansaço quando me perguntando porque havia me recusado a tomar banho respondi:

"Ela queria me dar banho na bacia das almas!" o que disse choramingando e, diante do espanto dela e dos demais, expliquei que sabia que aquela era a "bacia das almas" que viera junto com o tal peixe que meu irmão havia comprado, pensava eu, nela.

E tudo acabou numa gargalhada quase geral! Só eu continuava chorando sem entender porque se riam tanto!

(LENIRO ALVES)

ALÉM DE CEGO, CORNO!

Num domingo pela tarde

o cego foi passear

e lá no Farol da Barra

seu carro foi encostar

e mandou o motorista

perto dum banco parar.

Ao sentar-se no banquinho

notou que havia alguém

resolveu puxar conversa

por ser coisa que convém

pra se fazer amizade

e pra namorar também.

Meia hora de bom papo

logo ficou encantado

e perguntou pra garota

se já tinha namorado

a resposta negativa

o deixou aliviado.

Então marcou um encontro

logo para o outro dia

como gostara da moça

foi conhecer sua tia

com a qual ela morava

há dez anos na Bahia.

Neste dia, a levou

pra almoçar na Dadá

à tarde, foram em Ciça

pra comer um abará

quando a noite chegou

jantaram no Humaitá.

Festas de largo daqui

ele nunca estava só

carnaval ou micareta

pagode, reggae, forró

na missa, no candomblé

ou roda de dominó.

Os dias foram passando

ele sendo envolvido

se falavam mal da moça

a ninguém dava ouvido

pois o cego, coitado

tava por ela "caído".

Procurou saber da moça

se ela era solteira

também soube que morava

lá pros lados da Ribeira

mesmo sendo argentina

se sentia brasileira.

O seu sotaque portenho

ao ceguinho encantou

nos quatro meses seguintes

com a "mina" namorou

logo soubemos na rua

que com a gringa casou.

O ceguinho foi casar

com menina bem novinha

as amigas alertaram:

- Essa dona é galinha,

e muitos cabras, ceguinho,

já "paparam" a mocinha!

Ele a ninguém ouvia

por estar apaixonado

pensava o infeliz

pela gringa ser amado

este cego, pra ser burro

só faltava ser ferrado.

Deu a ela, carro e jóias

e lindo apartamento

e fazenda com piscina

logo após o casamento

ganhou cartão e mesada

do dinheiro do jumento.

O casamento foi feito

na Igreja da Conceição

só duzentos mil reais

gastou na decoração

e ela pegou mais cem

pra pagar ao capelão.

A mãe da noiva cuidou

de contratar o buffet

o pai ficou responsável

de divulgar na tevê

com seu dinheiro pagou

a grinalda e o buquê.

A cerimônia, foi

muito tempo comentada

na Caras, Gente e Veja

teve foto estampada

até no jogo-do-bicho

a data virou barbada.

Em turnê pela Europa

foi sua lua-de-mel

a noivinha bem fogosa

pois vivera num bordel

seria sua herdeira

por casarem no papel.

Conheceram a Itália

Portugal e a Espanha

Inglaterra, França, Bélgica

Suécia e Alemanha

e também foram à Grécia

para ver suas montanhas.

Também foram conhecer

as terras do Oriente

Japão, China, Singapura

voltaram de la contente

o cego chegou feliz

contando tudo pra gente.

Morando em Salvador

em bela mansão na Graça

os pais dela, viviam

a se meter em trapaças

o cego, cheio de galhas

na porta quase não passa.

A mulher muito "metida"

também naquele sentido

o que tinha de amantes

ela tinha de vestidos

dava presentes a todos

até roupa do marido.

O cego era feliz

de nada disso sabia

a mulher era esperta

nas mutretas que fazia

sendo muito carinhosa

ele nada desconfia.

Mas um dia, o ceguinho

pega a mulher na cama

com o primo Ricardão

um sujeito de má fama

dá de bengala na gringa

chorando, porque a ama.

Mesmo sendo enganado

pelo amigo velhaco

embora ficasse puto

não armou nenhum barraco

não ia, diante deles

mostrar que era um fraco.

Por ser cheio da "bufunfa"

tinha bom advogado

pôs na rua a mulher

não lhe deu nenhum trocado

ela foi fazer "programas"

e viver em um sobrado.

E o tempo foi passando

seu corpo ficando feio

as rugas aparecendo

e até murcham os seios

de estrias e feridas

seu corpinho ficou cheio.

Logo estava com AIDS

e aos poucos definhando

de tão magra, parecia

um esqueleto a ndando

seus parentes, aos poucos

a ela foi desprezando.

O final deste romance

estou aqui escrevendo

onde está a piranha

eu agora tô sabendo

por enganar o ceguinho

no inferno tá ardendo.

A boboca foi culpada

seu caminho escolheu

e a sua boa vida

por safadeza, perdeu

quem mandou ela cuspir

no prato que bem comeu.

Do cego andam dizendo

que hoje vive sozinho

agora desconfiado

nem quer saber de vizinho

comprou uma cobertura

pra "dela" ficar pertinho.

Se um gato escaldado

tem medo de água fria

o ceguinho aprendeu

e até trouxe a tia

pra morar em seu apê

e só na veia confia.

Quando ele quer transar

é que pega no armário

sua boneca inflável

e faz amor solitário

dizendo pra bonequinha

que não nasceu pra otário.

Caro amigo e amiga

quero meter meu bedelho

quando forem namorar

se mirem neste espelho

vê se usa a razão

é bom seguir meu conselho.

FIM

- - -

Luís Campos (Blind Joker), em 03.12.2004

Skype: lc_campos

Salvador- Bahia – Brasil

Visite o Planeta Educação e conheça a Revista cego à Vista e outras publicações. Passe algumas horas aprendendo e se divertindo conosco!



[BENGALA DE FOGO]

COLUNA LIVRE

Atenção: ... cuidado no que você fala, pense bem no que vai pensar, fareje bem para os lados antes de qualquer gesto, pois, a bengala de fogo (paladina moral do mundo cegal), tem:

"olhar de águia, faro de doberman, memória de tia solteirona, ouvido de cego de nascença"...

Tome cuidado, muito cuidado, a sociedade espreita, preserve nossa imagem...

1. No salão de beleza -- (contribuição do leitor)

Um colega nosso, amblíope (pessoa de visão subnormal), foi ao salão de beleza. Ao entrar, deu com uma bela moça sentada numa mesa.

- Bom dia ! - Falou nosso amigo.

A figura feminina calada estava, calada ficou.

- Bom dia senhora! - Repetiu.

Silêncio. A moça apenas olhava.

-Bom dia minha filha, Fulano já chegou?!

...

-Bom dia sr.(falou uma voz nas costas dele), estou aqui, o Sr. está se dirigindo ao espelho!!!

2. Os recém casados -- (contribuição do leitor)

Os dois casadinhos - no padre e no juíz - voltaram para casa depois do coquetel.

Ele, funcionário da imprensa (num garboso terno marron); ela, funcionária de uma fábrica (num lindo vestido branco).

Em casa, ficaram um bom tempo abraçadinhos, trocando beijinhos, embriagados pela emoção.

Foi quando ela se dirigiu à cozinha.

De repente um grito:

- Aiiii querido! Pizei nnum bicho, está preso e se mexendo embaixo dos meus pés!!!

- Continua pizando nele que vou matá-lo!!!

O cara chegou na cozinha, pegou a vassoura, afastou a mulher e desferiu várias vassouradas no bicho.

- Acho que acabei com ele; vai chamar a vizinha para ver que bicho é este.

Chega a vizinha.

- Gente, isto é uma esponja!!!

PS.:Nosso foco é o cego versus sociedade.

Os fatos, por uma exigência didática/pedagógica/cultural, foram tornados públicos...

Nosso objetivo é dismistificar o imaginário popular, elucidar os flagrantes do cotidiano, dando assim, subssídios para os companheiros(as), enfrentarem a sociedade...

OBS.: se você tem histórias, causos, experiências próprias, do gênero, mande para nossa redação, sua privacidade será rigorosamente preservada.

[LENDO]

TITULAR: MAURICIO ZENI

Abrindo Janelas / Gildo Soares da Silva - Recife : COMUNIGRAF, 2001. 122p.

Também aqui as citações não serão feitas a partir da numeração das páginas, em virtude de, reiteradas vezes, quem digitaliza livros deve considerar que estes números atrapalham a leitura, esquecendo-se da necessidade que alguns têm da citação correta. Farei uso, assim, da numeração dos textos.

O autor declara candidamente na apresentação que este título foi pensado por causa do nosso conhecido windows. Este livro se compõe de 50 pequenos textos que o autor declara, na apresentação, não ter escrito com a intenção de grupá-los em livro. Os textos são considerados em duas partes. A primeira, janelas em direções diversas, consta de 34 textos e mostra seu pensamento sobre diferentes temas, com predominância para o moral; a segunda, janelas na direção do especial, dos 16 restantes, onde discorre sobre temas relativos à educação e empregabilidade dos cegos e deficientes visuais. A despeito dessa disparidade, a segunda parte é pouco menor que a primeira. Com base no objetivo primordial desta coluna, atenho-me apenas à segunda parte, deixando de fazer quaisquer considerações quanto à primeira.

Gildo tomou conhecimento e mesmo contato com o sistema braille de maneira bastante insólita, o que indica ter ele se alfabetizado antes de ficar cego, pois do contrário não teria condição de fazer o que fez. Opto por deixá-lo falar, pois sua fala será muito mais expressiva que a minha:

"Em 1952, quando eu ainda morava em Lagoa dos Gatos, minha mãe, Guilhermina Soares da Silva, encontrou num livro que meu irmão estudara, um desenho que foi minha primeira lição. O livro era o Segundo da Série Pátria Brasileira, do Prof. Renato Sêneca Fleury, Edições Melhoramentos. A lição - Os que não Podem Ver -, dizia que os cegos também aprendiam a ler, e que seus livros tinham caracteres graúdos e salientes, formados de pontos; e completava: tateando-os com as pontas dos dedos, lêem depressa. As ilustrações apresentavam um desenho do alfabeto em pontos e uma criança recebendo escovas de um vendedor cego. O mencionado desenho do alfabeto em pontos, despertou imediatamente o meu interesse. Comecei então a pensar: "Que fazer para aprendê-lo?" Tive a idéia de perfurar uma porção de sementes de paquevira e pregando-as numa tábua, copiar as letras de a até z, tal como o livro apresentava. As sementes davam muito trabalho para serem perfuradas; por isto, empreguei quatro dias (de sexta a segunda-feira), para realizar o trabalho, no fim do qual eu já havia aprendido o alfabeto.

Faltava porém, muita coisa: eu precisava ainda aprender acentuação, pontuação, numeração, etc. E livros, como conseguir? O Prof. Fleury citava em seu livro, o nome das principais escolas para cegos do Brasil: o Instituto Benjamin Constant, na então capital do país; o Instituto São Rafael, em Belo Horizonte; o Instituto Padre Chico em São Paulo. Escrevi então ao Instituto São Rafael, pedindo o alfabeto dos cegos completo e informações sobre como obter livros. Em resposta, o seu diretor, Dr. Custódio Batista de Castro, mandou-me o alfabeto Braille completo, uma cartilha, um livrinho de histórias e o endereço da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, para aquisição de livros. A seguir, escrevi a esta Fundação e depois ao Instituto Benjamin Constant e fui muito bem servido por estas Instituições. Consegui livros, revistas, reglete, sorobã. Foi assim que aprendi a ler, escrever e contar sem sair de casa, onde estudei aritmética, gramática e o Sistema de Cálculo Sorobã. Isto significou uma preparação satisfatória para dar início aos meus estudos oficialmente em 1957, começando pelo Instituto de Cegos da Santa Casa de Misericórdia do Recife, de cuja existência tomei conhecimento depois de alfabetizado" (36 - Minha primeira lição).. Esqueci-me de perguntar a amigos da região o que é paquevira.

Em 1962, Gildo tem assinada sua carteira como professor primário no Instituto de Cegos de Pernambuco em substituição ao professor que se aposentava. Em 1965, quando de sua estada no centro de reabilitação da Fundação para o livro do cego no Brasil, atual Fundação Dorina Nowill para cegos, por iniciativa pessoal, entrou em contato com diversas empresas que empregavam cegos. De volta, procurou o SENAI para que desenvolvesse ação semelhante à de São Paulo, inicialmente sem sucesso. Já no final da década de 1960, um de seus diretores, Fernando Matos, aceitou apoiar um pequeno projeto a ser desenvolvido no Programa Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial (PIPMOI). Este projeto serviu de estágio de conclusão do curso de serviço social, onde foram envolvidos 6 cegos, tendo sido empregado um deles. Antes, a Secretaria Estadual de Educação se negara a patrocinar seu estágio, alegando que "trabalho não era educação". No início da década de 1970, o Centro de Educação de Excepcionais, subordinado a esta secretaria, deu início a seu serviço de colocação profissional para cegos, estendendo-o depois a outras "deficiências". Gildo foi contratado pelo Estado para trabalhar neste centro em 1974, de lá saindo por motivo de aposentadoria em 2001, pois se refera a "este ano". "Até agora, a Instituição, atualmente denominada Centro de Reabilitação e Educação Especial, já colocou no mercado dezenas e dezenas de cegos, surdos, limitados mentais e alguns deficientes físicos".

"Em Pernambuco, os deficientes visuais já atuaram ou atuam em diversas profissões e funções, tais como: Advocacia, Serviço Social, Magistério, Informática, Música, Telefonia, Câmara Escura, Operação de Máquina, Pré-Montagem, Embalagem, Produção Industrial diversa".

(...) Nos primeiros tempos de atuação do Serviço de Colocação Profissional do Centro de Reabilitação e Educação Especial, a Instituição é que tinha a iniciativa de sair em busca dos possíveis empregadores. Ultimamente, está acontecendo um fenômeno no sentido inverso: os empregadores estão encomendando "lotes" de deficientes candidatos ao emprego. Você poderia pensar Que os empregadores já estão conscientes das possibilidades de trabalho das pessoas com deficiência! Mas, não é bem isto! ainda estão longe de um conhecimento pleno do potencial dessas pessoas, assim como as mesmas ainda estão necessitando de maior apoio da sociedade e do Poder Público, para se qualificarem satisfatoriamente. Por trás de tais pedidos dos empregadores está a pressão do Ministério do Trabalho, o qual, por força de legislação equivocada, está exigindo percentual de empregados deficientes nas empresas. Somos francamente favoráveis ao emprego de pessoas com deficiência porém, condicionado à preparação efetiva da mão de obra dessas pessoas e à sua motivação para o exercício da cidadania, concomitantemente a um processo de conscientização dos empregadores em potencial, e não por obrigatoriedade legal equivocada. O erro está consistindo na tentativa de solucionar o problema do emprego do deficiente por um processo espúrio de ameaça e punição legal, ao invés de o fazer por um processo racional de qualificação da mão-de-obra da pessoa com deficiência e de conscientização objetiva dos empregadores." (42 - Profissionalização e emprego da pessoa cega em Pernambuco). Aponta objetivamente as seguintes desvantagens:

"1. Determinando percentual de empregados com deficiência e dividindo as empresas em dois grupos (o grupo das empresas obrigadas e o grupo das empresas não obrigadas), a lei estabelece dois equívocos: o da compulsoriedade e o da exclusão.

2. Cumprida a exigência do percentual, termina a obrigatoriedade das empresas, mesmo que haja um número maior de deficientes qualificados.

3. Não havendo número suficiente de deficientes qualificados, a empresa ou não cumpre a lei ou então emprega de qualquer modo, mesmo para ter prejuízo.

4. A obrigatoriedade numérica, por um lado, insinua a incapacidade de competição da pessoa com deficiência; por outro lado, preconiza prejuízo para os empregadores, uma vez que exclui as empresas menores. A Lei pois é preconceituosa e discriminatória, porque estabelece limites ao emprego das pessoas com deficiência e grupos de empresas obrigadas e empresas não obrigadas a empregar estas pessoas" (48 - Percentual de empregados com deficiência – Lei nº 8.213, de 24/07/91).

Aqui, aparecem 2 grandes obstáculos à profissionalização:

"Reconhecemos contudo, dois componentes de peso que continuam interferindo negativamente no processo de profissionalização da pessoa cega e demais deficientes no nosso Estado, e que devem ser trabalhados seriamente, sob pena de se tornar cada vez mais estéril, todo o esforço para o emprego da mão de obra destas pessoas:

1) A persistência das precariedades na escolarização. - Escola ainda defasada, ensino insuficiente, aprendizagem baixa, escolaridade aquém das exigências do mercado, comprometendo a formação satisfatória da mão-de-obra,a despeito dos avanços tecnológicos que já permitem o acesso dos cegos ao computador.

2) A concessão indevida do benefício mensal de prestação continuada, a tantos deficientes que podem trabalhar, tem propiciado a desmotivação para o trabalho e subseqüente ociosidade de pessoas que deveriam estar produzindo" (42 - Profissionalização e emprego da pessoa cega em Pernambuco).

Nosso autor não fica apenas na crítica: "Sugerimos a instituição da "Bolsa Reabilitação", a ser criteriosamente concedida às pessoas com deficiência, durante o seu período de atendimento, evitadas as prorrogações indevidas (47 - A reabilitação e o benefício mensal de prestação continuada).

Como fica patente, nosso autor privilegia o vínculo entre educação e colocação profissional, não fora ele professor. Esta educação conta basicamente com as seguintes dificuldades: "- A não valorização em grau satisfatório do perfil do professor para a educação fundamental do deficiente visual; - A não

valorização em grau satisfatório das técnicas específicas do Sistema de leitura e escrita Braille e do Sistema de Cálculo Sorobã; - Escassez de equipamentos e material indispensáveis ao ensino do deficiente visual; - Ausência do ensino aos cegos na maioria das comunidades" (43 - Direitos dos cegos).

Com relação à redução dos internatos e maior ingresso em escola chamadas de "comuns", observa:

"Nos nossos dias, cada vez mais escasseia a escola residencial e aumenta o número de cegos estudando na escola comum. Não obstante, devemos estar atentos às seguintes considerações:

- Os males do internato relativos à integração social de seus alunos, podem e foram minimizados por atitudes inteligentes das próprias escolas residenciais, que souberam promover o intercâmbio entre seus alunos e a sociedade;

- O fato de a escola comum receber alunos cegos, isto, por si só, não quer dizer que tenha começado um processo saudável de inclusão escolar do segmento;

- Para funcionar satisfatoriamente na escola comum, os cegos devem ser bem equipados por sistemas, técnicas e equipamentos exigidos por suas condições de estudantes que não vêem: O Sistema de Escrita Braille, o Sistema de Cálculo Sorobã, datilografia comum ou computação e a escrita em tinta (pelo menos para a assinatura do próprio nome);

Qualquer defasagem no ensino destas matérias pode comprometer o processo, transmitindo aos não cegos a falsa idéia de incapacidade dos cegos. Os males desse comprometimento vão se projetar na sociedade e servirem de reforço dos preconceitos (...) Por outro lado, considerando que todos têm direito à educação, podemos afirmar que o único internato para estudantes com deficiência visual no nosso Estado, fechado há poucos anos, continua fazendo falta ao atendimento de crianças e jovens de municípios que ainda não têm condições de promover em suas sedes a inclusão escolar destes brasileiros" (38 – Educação dos cegos).

Por sua longevidade, o Instituto Benjamin Constant está cheio de imaginário que vem sendo repassado como verdade histórica. Gildo aprendeu em aula de tiflologia, dada pelo Prof. Julião Ignacio do Carmo, conhecido como Júlio do Carmo, que, com a implantação da República, pretendeu-se fechar o Instituto, com o que não concordou Benjamin Constant, ameaçando abandonar, por isso, o movimento republicano. Pelo menos esta afirmação não encontrei em qualquer trabalho um pouco sério que fosse acerca de nossa história. Onde o Júlio do Carmo foi arrumar isso? Já o esquecimento do instituto de Pernambuco como segunda escola para cegos no Brasil parece-me muito estranho e difícil de explicação, ainda mais se for levado em conta que pessoas conhecedoras de nossas instituições vinham repetindo ser o São Rafael esta segunda escola. Em breve vocês poderão tomar conhecimento da indignação de José Jorge Andrade Damasceno em sua tese de doutoramento de história. Para melhor ficarmos informados, leiamos o próprio Gildo:

A segunda escola para cegos do Brasil foi fundada em 12 de março de 1909, em Recife, pelo paraibano Antonio Pessôa de Queiroz, com o apoio da Santa Casa de Misericórdia, sob provedoria do Comendador José Maria de Andrade. Funcionou em sua primeira sede, à Rua da Glória, nº 323, bairro da Boa Vista, até 1927 quando, por dificuldades financeiras da Santa Casa, encerrou suas atividades.

Seu primeiro diretor foi o próprio fundador Antonio Pessôa de Queiroz.

Pessôa de Queiroz nasceu na cidade de Umbuzeiro, Paraíba, em 6 de maio de 1888. Perdeu a visão aos três anos de idade, atingido por uma explosão de fogos de artifício.

Foi aluno do Instituto Benjamin Constant. Faleceu em Recife, no dia 21 de abril de 1961. Oito anos depois de fechado o Instituto (segundo relato do contemporâneo Prof. Julião Ignacio do Carmo, em suas aulas de Tiflologia), quando a Santa Casa solicitou ao Governador Carlos de Lima Cavalcanti perdão de um débito de água e esgoto, este teria dito que perdoaria se a Santa Casa reabrisse o Instituto de Cegos. A Santa Casa, atendendo ao Governador, reabriu a Instituição em 14 de julho de 1935, à Rua Guilherme Pinto, nº 146, Capunga, onde funciona até os nossos dias. Era provedor a esse tempo, o Cel. Vicente Cysneiros" (38 - A educação dos cegos).

Reparem que o instituto de Pernambuco ficou fechado por tempo pouco maior que o Benjamin Constant, embora por motivos muito diferentes e sua reabertura se dá por motivo no mínimo insólito. Já imaginaram se, pelo menos algumas dívidas de instituições privadas tivessem resultado tão favorável?

É sempre muito interessante pensar como somos atingidos por concepções extremas: agressivos e dóceis, intelectualmente favorecidos e obtusos, sensitivos e tacanhos... Durante muito tempo, fomos privilegiados com aptidão inata para a música; parece que agora, até se desaconselha este ensino. Será

que faz mal aos cegos? Eis como Gildo apresenta o caso do instituto de Pernambuco:

Ao deixar o Instituto em 1994, por motivo de aposentadoria, redigimos uma carta à Santa Casa, agradecendo a oportunidade de trabalho e sugerindo a continuação do Curso. Na ocasião, nos colocávamos à disposição para, se necessário, colaborar com o novo professor na montagem de seu plano de trabalho.

Todavia, a então Diretora do Instituto, influenciada por uma tal "educadora internacional", de certa instituição, desfavoreceu a continuação do Curso de Música Teórica, alegando que, segundo a mencionada "educadora", não mais era tempo de estimular o ensino musical aos cegos. Contrariamente a essa opinião equivocada, somos favoráveis à continuação do ensino musical de qualidade pelo Instituto, porque a Música é arte, cultura, terapia e profissão. Há pessoas que vivem da Música.

Outras, tocam ou cantam para se alegrarem. Algumas ainda (inclusive cegas), mesmo trabalhando em atividades diversas, reservam um tempinho à música de lazer ou para complemento de renda familiar. Não compreendemos por que o Conservatório de Música e a Universidade ainda não adotaram o Sistema Braille, para melhor servir a alunos cegos. Por um projeto simples de capacitação de pessoal, estas Instituições podem e devem incluir a Musicografia Braille como matéria indispensável a alunos com deficiência visual, participantes de cursos musicais" (41 - Musicografia braille).

Gildo advoga a existência de entidades que defendam os direitos dos cegos, entidades estas que devem ser efetivas na reivindicação e cobrança constante.

Contudo, aconselha:

"Existe diferença entre o empenho institucional dos serviços de atendimento aos deficientes e o empenho pessoal dos que atuam nestes serviços, a começar pelos dirigentes. O empenho institucional, registrado nos estatutos, deve servir de suporte ao empenho pessoal destes serviços. O empenho pessoal ficará enfraquecido, se não houver a base institucional. Por outro lado, o empenho institucional, por si só, nada vale. Há muitas ONGS que apresentam, por escrito, fascinantes objetivos porém, em sua prática, são simplesmente nulas ou fantasmas" (43 - Direitos da pessoa cega). Em outro lugar, acrescenta:

"Mesmo considerando a força político-institucional que devem ter as entidades, lembramos que as entidades existem por causa do deficiente e não o deficiente por causa das entidades. Para atingir o êxito desejado desta avaliação, é preciso evitar o academicismo exagerado, elitizante, o qual pode acabar por excluir as bases e, em conseqüência, impedir a legitimidade do processo social,produzindo pseudo desenvolvimento que não pode atender às necessidades a que se destina" (44 - Dois mil e nove - duzentos anos de Louis Braille).

Gildo considera o combate aos preconceitos e à discriminação indispensável, diferençando-os:

Enquanto o preconceito é a idéia, a discriminação é a ação do sujeito. Por isto, o preconceito, enquanto conseqüente da imaginação e da informação incompleta ou deturpada, não pode ser proibido. A discriminação porém, pode ser proibida, porque se trata de ação. A forma eficaz de combate aos preconceitos é a conscientização dos indivíduos, por um processo contínuo de esclarecimentos com palavras e ações coerentes (46 - Inclusão social das minorias versus preconceito e discriminação).

Como ficou delineado nesta resenha crítica, esta segunda parte pode ser dividida em 3 eixos temáticos: trabalho, educação e direitos das pessoas cegas sendo que a reabilitação perpassa-as. Foi este o trabalho do Prof. Gildo Soares, que, ainda que restrito a seu estado, fez muito bem a todos nós, cegos brasileiros, e isso sem procurar qualquer tipo de liderança nacional.

MAURÍCIO ZENI

OBS.: Esta coluna está aberta a quem quiser participar. Seu objetivo é o de colocar à disposição dos leitores análises de livros e artigos acerca dos cegos, da cegueira e afins. Embora não se pretenda um espaço de exposição muito erudita, pois estamos em presença de um jornal, os comentários serão

fundamentados e deverão trazer indicação de fontes. Este será um espaço democrático, onde as considerações divergentes terão cabida, daí um artigo ou livro poder ser comentado por mais de uma pessoa. Esta coluna não estará necessariamente limitada a um comentário por mês. Quem tiver interesse em participar, contatem-me em privado. Opiniões sobre esta coluna ficam para a lista de discussão.

MAURICIO ZENI(m1zeni@.br)

[SAÚDE OCULAR]

TITULAR: HOB( Hospital Oftalmológico de Brasília)

*Glaucoma: Mitos e Verdades

HOB promove palestra dia 20 de novembro para alertar sobre cuidados no diagnóstico e no tratamento do glaucoma, doença que acomete 1% da população do planeta e pode levar à cegueira irreversível

Brasília, 13/11/07 - Entre 10% a 15% dos casos de glaucoma diagnosticados em clínicas oftalmológicas brasileiras são de pessoas que, no exame de pressão intra-ocular, apresentaram resultados considerados normais, ou seja, de 10 a 21 mmHg (milímetros de Mercúrio).

Esses casos são incluídos em um grupo de portadores de glaucoma que apresenta fatores de risco adicionais em relação às demais formas da doença e, por isso, exige atenção específica do médico na avaliação dos exames.

Palestra - Situações como essas que fazem do glaucoma uma das doenças mais traiçoeiras da atualidade serão tema da palestra "Glaucoma: Mitos e Verdades" ministrada no próximo dia 20 de novembro (terça-feira) no auditório da Casa Thomas Jefferson, da SGAN 606, a partir das 19h30min, pelas oftalmologistas Larissa Pedroso e Hanna Flávia Gomes.

Promovida pelo Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), a palestra é aberta ao público, com entrada gratuita, basta fazer a reserva pelo telefone (61) 3442 4094 com Simone Paixão, tendo em vista que os lugares são limitados.

Prevenção - Cientificamente reconhecido como a primeira causa de cegueira irreversível no mundo o glaucoma acomete, em suas variadas formas, o equivalente a 1% da população da Terra e é uma doença de difícil diagnóstico. Os exames rotineiros ao oftalmologista ainda são a melhor e única forma de impedir que o glaucoma seja detectado tardiamente, após grande comprometimento da visão.

O glaucoma é definido como uma neuropatia crônica progressiva com lesão do nervo óptico que acarreta defeitos no campo visual. Nesse contexto, a pressão intra-ocular é o maior fator de risco conhecido, mas não é o único.

*Terçol pode se originar do estresse

Brasília, 1º/10/07- O terçol pode ter origem no estresse. As manifestações projetadas no organismo pelas situações de estresse levam a um aumento da produção de óleo na pele e podem provocar o aparecimento do terçol, aquela bolinha que normalmente se visualiza em cima da pálpebra.

Chamado cientificamente de hordéolo, o terçol é a infecção da glândula de Zeiss que se localiza na margem palpebral próxima aos cílios. Pode ocorrer também de forma interna, quando a inflamação ou infecção é da glândula de Meibomio. Esse diagnóstico é de uma doença de evolução aguda, apresenta alterações palpebrais visíveis e dor, de acordo com a médica Patrícia Moitinho Ferreira, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB).

O que acontece é que a glândula de Zeiss e Meibomio produzem secreções que se solidificam, entopem os canais e causam a inflamação.

Segundo a especialista em pálpebra do HOB, o terçol pode ser impactado pela blefarite, disfunção que leva ao aumento da oleosidade na região das pálpebras e, freqüentemente, aparece como uma de suas causas.

A manifestação do terçol não tem idade específica, pode ser detectado em bebês também, apesar de ser mais comum em adolescentes, como conseqüência das alterações hormonais.

Tratamento - De acordo com Patrícia, o tratamento depende do diagnóstico médico e deve ser encarado com seriedade, apesar de ser um dos motivos que despertam mais receitas caseiras para sua solução. Se o terçol for de origem bacteriana, o tratamento é programado a base de antibióticos e deve ser rigorosamente planejado pelo médico.

No caso dos terçóis causados pela oleosidade, a assepsia, a limpeza adequada com produtos e xampus oftalmológicos específicos é o indicado. "As compressas caseiras com água morna podem contribuir com o resultado nos dois casos", diz a médica.

Nos casos de hordéolo interno, ou calázio, segundo Patrícia, quando o volume formado sobre a pálpebra permanece após o tratamento clínico, então o tratamento seguinte é cirúrgico para removê-lo.

Mais informações

Assessoria de imprensa do HOB

Contato: Teresa Cristina Machado

Tel.: (61) 3225-1452 / 9983-9395

HOB- Hospital Oftalmológico de Brasília( atfdf@.br)

Site:

[CLASSIFICADOS CONTRAPONTO]

COLUNA LIVRE

*CADASTRO DE INVENÇÕES PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E SEUS INVENTORES

(contêm imagens sem descrição)

1. Sistema para chamar ônibus - PI 9703678

Dácio Pedro Simões

Aparelho testado em Minas Gerais ajuda deficientes visuais a tomar ônibus ou táxi. O aposentado Dácio Pedro Simões estava num ponto de ônibus de Belo Horizonte (MG) quando foi abordado por um deficiente visual, pedindo para avisá-lo quando o ônibus dele chegasse. Só que o ônibus de Dácio chegou primeiro e ele acabou indo embora, pensando nas dificuldades que os deficientes físicos e visuais enfrentam numa cidade grande. Resolveu inventar algum tipo de dispositivo que pudesse auxiliar os deficientes visuais na difícil tarefa de usar os transportes públicos.

2. DosVox

Antonio Borges e Marcelo Pimentel (UFRJ)

O ano era 1993. No primeiro dia de aula de computação gráfica no curso de informática da UFRJ, o professor Antonio Borges levou um susto. Tinha um aluno deficiente visual. Antonio pensou: "Como vou lecionar computação gráfica para um cego?" Propôs, então, ao aluno Marcelo Pimentel que o ajudasse a criar um programa sonoro. Dito e feito. Assim surgiu o DOSvox, sistema que auxilia deficientes visuais no uso de PCs.

3. Interface de computador

Fernando Capovilla(USP)

Com um computador, um software e sensores que funcionam como mouse, é possível formar palavras, frases e até sintetizá-las em voz. Isso é feito com a escolha de letras na tela do micro. O sensor pode estar na pálpebra do paciente, que realiza as operações por meio de piscadas de olhos, ou até por sopros, dependendo da sua condição.

4. Comunicador visual

Jean André Lage Michalaros (Unicamp)

O pesquisador Jean André Lage Michalaros, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de computação da UNICAMP desenvolve em 1988 equipamento computadorizado que auxilia a comunicação de pessoas portadoras de paralisia cerebral baseado no método Bliss da comunicação.

5. Virtual Vision

Laércio Santana (Prodam)

A MicroPower desenvolveu o Virtual Vision (VV), leitor de telas que está dentro do Bradesco Net - Internet Banking para Deficientes Visuais.

Este produto foi indicado pela Microsoft para o Smithsonian Award, e foi mencionado por Bill Gates no seu livro "A Empresa na Velocidade do Pensamento". A equipe da MicroPower esteve recentemente em Seattle, apresentando o Virtual Vision para Steve Ballmer, atual presidente da Microsoft. Também recente foi a visita da Diretoria do Banco Bradesco a Washington DC, para apresentar os detalhes do produto para o Smithsonian Institute.

6. Print Braille

Guy Perelmuter (PUC)

O engenheiro de computação Guy Perelmuter criou, em seu trabalho de fim de curso, o Print Braille, com o objetivo de auxiliar os cegos em leituras cotidianas como receitas médicas, menus, notas fiscais, provas de colégio. Estas leituras possibilitam ao deficiente visual uma ligação maior com o mundo, a partir do momento em que pode obter uma série de informações por si só, afirma Guy

7. Sinalizasom - PI 0001704-3

Carlos Boa Nova Neto e Evaldo Silva

O inventor gaúcho Carlos Boa Nova Neto tem uma proposta diferente para auxiliar os deficientes visuais a circular com segurança pelas grandes cidades: um controle remoto semelhante a um alarme de carro. O representante comercial aposentado desenvolveu um equipamento que "fala" com o deficiente, informando a localização de semáforos e paradas de ônibus

8. Cadeira de rodas - carta imperial (20 dezembro de 1830)

Joaquim Marques de Oliveira e Souza

A primeira cadeira de rodas patenteada nos EUA data de 1869 e segue em linhas gerais os modelos atuais. No Brasil, Joaquim Marques ganha patente em dezembro de 1830 (única patente concedida neste ano) para uma cadeira de rodas, primeira patente sob vigor da primeira lei de patentes do Brasil independente, o alvará de 1830.

9. Xadrez

Júlio César Marques

Em Casimiro de Abreu, a "inclusão" de deficientes físicos na comunidade deixou de ser conceito abstrato para fazer parte do dia-a-dia de moradores, como o do comerciante Júlio César Marques. Dono de uma lanchonete na rodoviária, Julinho desenvolveu um jogo de xadrez para deficientes visuais. A engenhoca foi criada como um gesto de solidariedade para um amigo que perdera a visão de forma trágica. Ao dividir a dor com o amigo, o comerciante deixou fluir sua inventividade.

10. Estimulação elétrica neuromuscular

Alberto Cliquet Júnior (UNICAMP)

O segundo lugar no XIV Prêmio Jovem Cientista coube a Alberto Cliquet Júnior, da UNICAMP, que desenvolveu sistemas de estimulação elétrica neuromuscular para pacientes paraplégicos e tetraplégicos, projeto financiado pela FAPESP.

11. Sistema de aprendizagem da fala

Paulo de Oliveira Tujal(Coppe)

Aprender a falar quando não se pode ouvir a própria voz leva, em média, dez anos de esforço contínuo e árduo.Através de um computador equipado com placa de som é mostrada a figura do aparelho fonador na posição correta para emitir determinado som. Ao lado, uma figura animada em tempo real mostra o aparelho fonador no momento em que a pessoa emite o som no microfone acoplado ao computador.

Comparando as duas figuras, é possível verificar se o processo de fonação está errado.

12. Adaptador de automóvel para deficientes

Adamir Rodrigues Westphal

O deficiente físico Adamir Rodrigues Westphal, 34 anos, é hoje um próspero fabricante de equipamentos especiais para pessoas com deficiência, Ele desenvolveu um equipamento que permite ao motorista controlar manualmente o acelerador, freio e embreagem do veículo.

13. Mão de São Carlos

Fransérgio Leite da Cunha (UFScar)

Pesquisadores do Laboratório de Biocibernética e Engenharia de Reabilitação (Labciber), da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, estão desenvolvendo uma prótese de mão eletrônica que deverá estar entre as mais avançadas do mundo. "Das que já existem, nenhuma une tantos movimentos e outros tipos de funções sendo, ao mesmo tempo, tão parecida com a mão natural", garante Fransérgio Leite da Cunha, pesquisador envolvido no projeto, que deve terminar em 2005.

14. Three Wheels (3W) - PI 9701387

Bernardo Yuri Beresnitzky

O inventor brasiliense Bernardo Yuri Beresnitzky cria um triciclo com sistema de catraca e pedais que permite que as pernas fiquem na posição horizontal. Chamado de Three Wheels (3W), nome que em inglês significa três rodas, o triciclo é testado em deficientes físicos pelo professor de educação física, especializado em biomecânica, Ulisses de Araújo, que afirma que o triciclo é ideal para pessoas com disfunção numa das pernas.

15. Sinalizador Eletrônico de Ônibus

Josenaldo Alves Barbosa e Everton Cleyton da Rocha (FEUC-CAEL)

O invento chama-se Dispositivo de Acessibilidade aos Deficientes Visuais e está em estudo para implantação pela prefeitura de Niterói. O autor do projeto é Josenaldo Alves Barbosa, de 19 anos, aluno do Colégio de Aplicação Emanuel Leontsinis. Por dois anos ele elaborou um sistema informatizado que permite ao deficiente visual digitar em braile o número do ônibus que percorre a linha desejada. A mensagem é remetida para o painel instalado na parte superior do ponto para a visualização do motorista. O equipamento pode ser usado simultaneamente por outra pessoa, já que

permite interseções compartilhadas.

16. Brinquedos para fisioterapia

Joice Puchalski

Com o intuito de melhorar os resultados das sessões de fonoaudiologia que realizava, a médica Joice Puchalski, moradora de Muriqui, descobriu uma nova forma de lidar com pacientes que possuem alguma deficiência. Quando cursava o último ano da faculdade, a estudante criou vários brinquedos em casa, que levava para as sessões no consultório onde fazia estágio. Até que foi descoberta e os brinquedos se tornaram um sucesso.

17. Motrix

José Antonio Borges (NCE/UFRJ)

O MOTRIX é um software que permite que pessoas com deficiências motoras graves, em especial tetraplegia e distrofia muscular, possam ter acesso a microcomputadores, permitindo assim, em especial com a intermediação da Internet, um acesso amplo à escrita, leitura e comunicação. O acionamento do sistema é feito através de comandos que são falados num microfone.

18. Hortho Mobile - PI 9902180

Elias Novaes de Oliveira (Mecal)

A Mecal, empresa estabelecida no bairro da Cidade Nova, em Pindamonhangaba, tem permissão para produzir o Hortho-Mobile, produto destinado à locomoção vertical dos deficientes físicos em cadeiras de rodas.

O sistema pode ser instalado em residências, escolas, hospitais, lojas, restaurantes, escritórios, estádios, centros comerciais, fábricas, bancos, repartições públicas, etc.

19. Cadeira de rodas vertical - PI0105828-2

Cláudio Blois Duarte (Associação das Pioneiras Sociais)

Uma experiência pioneira do Hospital Sarah de Brasília, tem como idéia original botar a pessoa de pé. Existem cadeiras que são verticalizáveis, que a pessoa fica em pé. Mas esta invenção é uma cadeira de rodas convencional.

Os técnicos que trabalharam no projeto foram aperfeiçoando as cadeiras ao pouco. Um dos primeiros a usá-la foi Herbert Vianna.

20. Mouse Ocular

Manoel Cardoso

Tetraplégicos sem poder de comunicação poderão contar com o mouse ocular, que transforma movimentos da íris e piscadas em sinais como letras do alfabeto, frases inteiras e comandos para o uso de aplicativos e browsers de navegação na Web. Trata-se de um projeto patenteado pela Fundação Desembargador Paulo Feitoza (AM), que investiu cerca de R$ 1 milhão na novidade, idealizada em 1996.

21. Prancheta Vocálica - PI 9500520

Valdemir Ribeiro Borba

O VoxTable foi desenvolvido por TERRA ELETRÔNICA para auxiliar na comunicação de pessoas impossibilitadas de falar tais como portadores de deficiência verbal, em pós-operatório, tubados de UTI's, acidentados. etc. O VoxTable é um sistema de reprodução de frases, armazenadas digitalmente no equipamento, o qual é acionado através do toque em um teclado especial de baixo esforço, com figuras ilustrando as funções que serão faladas.

22. Lupa eletrônica - MU8103070

Valdemir Ribeiro Borba

A LUPA ELETRÔNICA foi desenvolvida para auxiliar a leitura e escrita por pessoas com baixa visão que necessitam de grande ampliação de textos e imagem. A lupa é disponível em 3 diferentes configurações para atender situações específicas como visto nas fotos. A LUPA ELETRÔNICA constitui-se basicamente de uma micro-câmera aliada a um circuito eletrônico que amplia textos e imagens reproduzindo-os em qualquer T.V. convencional.

23. Palmilha DorsiFlex

Milton Oshiro (AACD)

A palmilha Dorsi-flex, foi lançada em 2000 no Congresso 50 anos de Medicina e Reabilitação, que marca meio século da Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD). A palmilha, que levou três anos para ser desenvolvida foi criada para substituir as talas usadas por pessoas com problemas musculares, seqüelas de acidentes vasculares, traumatismos, paralisia cerebral ou lesão medular.

24. Chip para controle de prótese

Miguel Nicolelis (Univ. Duke)

A revista do respeitado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) publicou em 2004 a lista das dez tecnologias que vão mudar o mundo e a invenção do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis foi a número um. Em breve, ele estremecerá a comunidade científica com a publicação de um estudo que abre caminho para recuperar o movimento de paralíticos. Nicolelis já tinha feito macacos controlarem com o cérebro um braço mecânico para jogar videogame e em janeiro de 2004, pela primeira vez, reproduziu a experiência com seres humanos na Universidade de Duke

25. Rede Neural Híbrida

Reynaldo Daniel Pinto (USP)

Pesquisadores do Instituto de Física (IF) da USP conseguiram construir uma rede neural híbrida conectando, por meio de sinapses artificiais, um grupo de neurônios de um crustáceo conhecido como siri azul (Callinectes sapidus) a um computador que simula a atividade elétrica de um desses neurônios. O objetivo é desenvolver e testar modelos da atividade de neurônios, isolados ou de grupos, para que, no futuro, circuitos neurais danificados possam ser substituídos por próteses eletrônicas, auxiliando, por exemplo, pessoas paraplégicas ou tetraplégicas.

26. Xadrez para cegos

Sharlene Serra

A idéia da designer Sharlene Serra foi desenvolver um produto que atendesse ao deficiente visual , além de torna-lo aproximado aos tabuleiros existentes no mercado, descaracterizando a rotulação do produto em relação ao público alvo.

27. Cadeira de rodas vertical

Astemius Pereira da Costa e Milton Vieira dos Santos (UFMG)

Dois engenheiros mecânicos recém-formados pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) resolveram investir em uma idéia surgida ainda nos tempos de estudante. Astemius Pereira da Costa e Milton Vieira dos Santos assumiram para si a tarefa de desenvolver um produto que melhorasse a produtividade e a mobilidade de pessoas sujeitas a conviver com o incômodo de uma cadeira de rodas O desafio era produzir uma cadeira de linhas simples, design inovador e que, ao mesmo tempo, possibilitasse a seu usuário esticar o corpo e permanecer em pé, usando, como apoio, além da cadeira, a estrutura óssea de suas próprias pernas.

28. Transmissão elétrica para moto

Wellington Lima dos Santos

As pessoas portadoras de deficiência física podem desfrutar do prazer de andar de moto com o invento do militar Wellington Santos que adaptou uma moto de modo que a passagem das marchas possa ser feita com as mãos. O funcionamento do presente modelo esta composto num conjunto onde envolve uma parte mecânica, sendo um motor transformado e adaptado em um suporte cujas medidas constantes neste deverão ser exatas, pois é no suporte que proverá reguladores da alavanca afixada ao motor adaptado.

Detectou alguma informação errada?

Conhece alguma invenção para nossa galeria ? Entre em contato !

[FALE COM O CONTRAPONTO]

COLUNA LIVRE

*Sou um entusiasta do Contraponto e, desde as primeiras edições fiquei muito feliz com a seriedade e qualidade informativa e textual do jornal. Tornar o Contraponto marca registrada da Associação dos Ex-alunos do IBC é um motivo de orgulho para nós deficientes, em face da qualidade deste jornal eletrônico. Não deixem a bola cair. Continuem mantendo o mesmo nível e, se possível, aprimorando-o sempre mais.

André Luiz

*Em Corumbá MS o Hino a Corumbá virou polêmica quanto aos autores. Sempre soube que a letra era de Luiz Feitosa Rodrigues e a música de Levino Albano. Se houver qualquer dado a respeito, gentileza enviar-me.

Agradecido, Marco Aurélio

*Salve

Não tenho maiores informações, vou procurar.

Valdenito de Souza, o nacionalista místico

*Estou aguardando sua gentileza. No site da Prefeitura de Corumbá omitiram o nome do Levino. Preciso comprovar. Agradecido

Marco Aurélio

*Salve Valdenito: já recebi o jornal de outubro, mas ainda não tive tempo de ler nem este número, nem o anterior.

Muitíssimo obrigado e saudações Coloradas do Gaúcho amigo Vander.

*Fala Denito,

Realmente, nosso Contraponto tá voando alto. Tenho andado sumido em razão de estar na ambientação no TRE. Hoje, a propósito, durante uma palestra de um dirigente do sindicato do Judiciário Federal do Rio de Janeiro, ele anunciou que, ao final do dia, estaria com exemplares de uma revista e do Contraponto, ambos com distribuição gratuita. Tenho quase certeza de que se trata do nosso jornalzinho, porque já vi referência a ele na página do sindicato destinada à pessoa com deficiência. Mais um gol do Ricardão!

Parabéns garoto!

Márcio Lacerda

/*/

Para conhecimento: O nome CONTRAPONTO foi registrado pela Associação no INPI(INSTITUTO NACIONAL DE PATENTE INDUSTRIAL), tornando-se, doravante, patrimônio da nossa entidade.

O redator chefe

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BENJAMIN CONSTANT(existem vários desafios esperando por todos nós)... Lutamos pela

difusão e socialização ampliada de atividades, eventos e ações voltadas para DEFESA dos

DIREITOS dos deficientes visuais.

* Solicitamos a difusão deste material na INTERNET, pode vir a ser útil, para pessoas, que, você,

sequer conhece...

*REDATOR CHEFE:

Valdenito de Souza, o nacionalista místico

Rio de Janeiro/RJ

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