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Regadio de Chókwè: Mãos à obra rumo à próxima safra

Agricultores, provedores de serviços, representantes da banca, do Tesouro Público e governantes estiveram há dias sentados à mesma mesa, na cidade de Chókwè, a chamada capital económica de Gaza, para definirem estratégias visando tirar os melhores ganhos da próxima temporada agrícola, a ser efectivada numa área de 8500 hectares, ao longo do regadio local. Desta área, sete mil hectares estão reservados para o plantio de arroz, esperando-se que sejam produzidas cerca de 35 mil toneladas daquele cereal. Nos restantes mil e quinhentos lançar-se-ão diferentes culturas, entre as quais o milho, hortícolas e batata-reno.

Maputo, Quinta-Feira, 9 de Abril de 2009:: Notícias

 

Actualmente ainda decorre a colheita de arroz, numa área de seis mil hectares, naquilo que foi considerado o relançamento desta cultura no regadio do Chókwè. A iniciativa foi suportada pelo Estado e exigiu o desembolso de cerca de setenta e cinco milhões de meticais.  

Face à grandeza do evento, a magnífica e bem tratada Sala de Sessões do Governo Distrital do Chókwè foi bastante diminuta para acolher as várias dezenas de intervenientes no processo agrícola naquele regadio. O encontro foi organizado pela Direcção da Hidráulica do Chókwè (HICEP).

Os presentes mostravam-se ansiosos em saber o que se poderá esperar efectivamente da próxima temporada agrícola, se se tomar em conta todos os constrangimentos que rodearam a campanha 2008/2009, desde o início tardio das sementeiras de arroz, até à disponibilização atrasada dos fundos, passando pelo esgotamento de insumos do mercado, associado à prática de preços especulativos da sua comercialização.

Como lhes é característico, os agricultores do Chókwè foram, uma vez mais, frontais e eloquentes no tratamento dos assuntos que os apoquentam.

Os produtores exigem maior respeito e consideração no seu trabalho, por constituírem a sacrificada geração dos trabalhadores da terra a quem coube dar continuidade ao trabalho, que outrora era reservado aos integrantes dos colonatos do Limpopo, uma responsabilidade, segundo eles, que vem sendo feita debaixo de constrangimentos de vária ordem.

Na ocasião, os produtores acompanharam atentamente a informação prestada pelos gestores da Hidráulica de Chókwè sobre o desenrolar do processo que culminou com a preparação dos pouco mais de 7 mil hectares para a produção de arroz, hortícolas, milho e batata-reno.

“Algo deve ser feito para parar-se com esta tendência. Os dados contidos na informação que nos foi facultada pelo HICEP atinente aos custos de produção de arroz na presente safra mostram de forma inequívoca que os agricultores estão a perder dinheiro, daí a necessidade urgente de passarmos para um outro debate visando a revisão dos custos de produção. Só assim é que podemos tornar o arroz uma verdadeira fonte de negócio”, disse Atanásio Taelane, um dos agricultores.

Para Taelane, efusivamente aplaudido pelos agricultores presentes, não se pode continuar a pautar com situações de mero oportunismo protagonizada por alguns provedores de serviços no regadio de Chókwè, que a seu bel-prazer praticam preços especulativos na venda de insumos, uma situação que vem sem dúvidas agravando a já difícil situação dos agricultores naquele ponto de Gaza.

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A produção de arroz atrai atenções

DIRECÇÃO DA AGRICULTURA ANDA LONGE DO PROCESSO

Maputo, Quinta-Feira, 9 de Abril de 2009:: Notícias

 

Questionado foi igualmente o papel que vem sendo desenvolvido pela Direcção Provincial de Agricultura de Gaza naquilo que seriam as suas atribuições no impulsionamento das actividades, visando reerguer o Chókwè à sua categoria de celeiro da nação.

Segundo foi dito na ocasião, tirando a intervenção pessoal do governador de Gaza e de alguns outros actores independentes de nível central, o papel da instituição que tutela a actividade agrícola em Gaza é praticamente nulo.

“Estamos agora a discutir uma série de assuntos inerentes à produção de arroz na presente safra, mas o caricato é que só veio para aqui um simples técnico dos Serviços Distritais para as Actividades Económicas dizendo que nada pode fazer para impedir que a praga do pardal vermelho faça estragos nos campos, tudo isto por falta de meios para a sua prevenção. Nem sequer um meio de locomoção em condições lhe foi afecto para a realização do seu trabalho. Afinal o que andamos a fazer meus senhores”, indagou Moiane, um outro agricultor, acrescentando que “este encontro reveste-se de tão elevada importância e pode deitar abaixo todos os esforços do Governo e dos agricultores”.

A preparação da próxima temporada agrícola no regadio de Chókwè está a ter como inspiração todos os esforços desenvolvidos pelos principais intervenientes no processo produtivo naquela zona, designadamente a Hidráulica local, entidade que gere o regadio, os agricultores, provedores de serviços na campanha ainda em curso. Todos mostravam-se interessados em ver finalmente ultrapassados todos os problemas que inclusivamente chegaram a ameaçar o sucesso desta safra, considerada a de relançamento da produção de arroz.

Foi dito na altura que se devia acautelar para que situações de falta de adubos e herbicidas ou empolamento de preços de outros insumos não se volte a verificar. Para o efeito, segundo foi defendido na ocasião pelos produtores num fórum apropriado, a HICEP, o Governo e os provedores de serviços deverão, o mais urgente possível, encontrar uma plataforma comum para que tais casos não se voltem a repetir e nesses encontros deverão ser definidas com clareza as responsabilidades que cabem a cada um dos intervenientes.

QUE SE CLARIFIQUE PAPEL DA HICEP

Maputo, Quinta-Feira, 9 de Abril de 2009:: Notícias

 

Jorge Tembe, homem bastante ligado à história do regadio, tendo até assumido em algum momento as funções de director-geral do antigo Complexo Agro-Industrial de Chókwè (CAIL), observou a necessidade de se clarificar a função da Hidráulica de Chókwè, pelo facto de na última temporada ter sido obrigada a desenvolver acções de mobilizador de créditos, solução de problemas ligados à falta de equipamentos para as lavouras e insumos com os responsáveis desta componente impávidos e serenos. Contudo, enalteceu o papel que vem sendo desenvolvido pelos actuais gestores do regadio.

“Quero efectivamente acreditar que com estes gestores poderemos atingir o sonho de tornar o regadio mais rentável e racionalmente explorado, mas por favor os outros intervenientes devem fazer e bem a sua parte, para que possamos efectivamente lograr os objectivos preconizados”, disse Tembe.

Por seu turno, a Hidráulica de Chókwè defende uma intervenção mais actuante das indústrias de processamento de arroz na região, uma vez estes serem parte interessada em todo este processo.

Segundo Salomão Matsule, Presidente do Conselho de Administração daquela instituição gestora do regadio de Chókwè, há que se resgatar a tradição que sempre norteou o relacionamento entre os industriais os produtores de arroz na região, financiando-se os agricultores.

O pessoal ligado à banca, ainda de acordo com aquele responsável, deve ser menos ortodoxo e arrogante no relacionamento com os agricultores, passando a deixar os seus gabinetes para junto dos produtores viverem a realidade. Esta prática vai plantar uma relação comercial baseada no conhecimento real e mútuo.

“Vamos todos trabalhar no sentido de prepararmos melhor a nossa campanha por forma a que os níveis de produção e de produtividade nos permitam atingir a meta de 35 mil toneladas planificadas. O que for acordado pelas partes neste e noutros fóruns deve ser assumido por todos com igual responsabilidade na próxima campanha”, alertou Matsule.

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GOVERNO CONFIANTE

Maputo, Quinta-Feira, 9 de Abril de 2009:: Notícias

 

O administrador do distrito de Chókwè, Agostinho Faquir, falando na ocasião disse ter ficado com a sensação de haver muita vontade de se avançar para a realização na temporada 2009/2010, uma campanha virada para a materialização paulatina de um grande sonho, que é o de reerguer o monstro adormecido.

Para o efeito, segundo o governante, tudo deverá ser feito de forma harmoniosa tendo em vista sanar os erros que por pouco colocavam em risco a presente temporada agrícola de produção de arroz nos cerca de seis mil hectares.

Faquir disse não alinhar com que, não obstante os sinais evidentes de relançamento da cultura de arroz, aparecem com discursos derrotistas.

 “Fiquei bastante impressionado pela forma adulta e responsável como foi feita a avaliação preliminar da temporada agrícola 2008/2009, sobretudo porque souberam apontar os erros sem nenhum tipo de ressentimentos e mostraram os melhores caminhos para que a campanha em preparação seja coroada de êxitos.

Fiquei ainda muito mais satisfeito quando aqui foi feito o reparo no sentido de na presente planificação não se descurar aquilo que são as intenções dos agricultores no regado de Chókwè para a segunda época da campanha ora em preparação, evitando-se, desta forma a repetição de alguns erros cometidos na campanha 2008/2009”, advertiu Faquir.

Em representação do governador de Gaza, Raimundo Diomba, esteve na reunião de planificação da campanha agrícola João Trabuk, director provincial de Educação e Cultura, que considerou aquele encontro de primordial importância, numa altura em que o país aguarda do celeiro da nação respostas efectivas no capítulo da produção de alimentos para o consumo interno e para exportação.

“Os assuntos aqui discutidos dizem respeito à vida de muitos moçambicanos, que querem ver as respostas dos enormes investimentos que o Estado tem feito tem em vista o relançamento das actividades naquilo que é considerado o maior regadio do país e um dos destacados em África. A forma abnegada e determinada como todos os intervenientes se entregaram para a realização dos seis mil hectares de arroz constitui um importante indicativo de que podemos muito bem chegar muito mais longe e esta planificação atempada tem em vista uma programação virada para o sucesso”, disse Trabuk.

• Virgílio Bambo

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