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Uma noite de nostalgia com o left414655Conjunto Oliveira Muge no café Progresso??????“A M?e”, o maior sucesso do Conjunto Oliveira Muge, gravado na década de 60 do século XX, foi redescoberto e incluído na banda sonora do filme português “O Meu Querido Mês de Agosto”, do realizador Miguel Gomes. O?filme foi exibido, este ano, em Cannes, tendo sido incluído na Quinzena dos Realizadores. A imprensa francesa especializada chegou mesmo a questionar de quem era aquela música. A explica??o é simples; “Toca as pessoas, é muito bonita”, reconhece, orgulhoso, José Muge, fundador do grupo.Cinquenta anos volvidos, o conjunto Oliveira Muge voltou a tocar “A M?e” e outros dos seus velhos êxitos, na noite em que manifestou a sua gratid?o à?? casa que o viu nascer para o mundo do espectáculo, apresentando-se ao vivo no?? café Progresso.??Na noite de 1 de Dezembro, que pode muito bem considerar-se histórica, participaram José Muge e António Policarpo, elementos ainda vivos do grupo, com o apoio de ?ureo Neves e Rui Resende, e ainda com o apoio de um grupo de jovens vozes de Tarei e Arada (Fábio Silva, ?scar Leite, Hélder Ricardo, Kátia Moreira, Tiago Moreira e Hélder Moreira).?“Foram momentos muito felizes os que vivemos ao servi?o da música, conjuntamente com os nossos amigos, f?s e admiradores daquela época e estamos certos que aqueles momentos vividos ficaram bem gravados no cora??o de todos nós”, justifica José Muge.?O Conjunto Oliveira Muge era inicialmente constituído por José Muge (piano), Joaquim Silva (baixo e vocalista), Alberto Capit?o (acorde?o), António Biscaia (bateria) e António Policarpo (viola e vocalista). As suas primeiras actua??es remontam aos longínquos anos de 1959/60, onde actuaram ao vivo em Ovar, no Café Progresso, Orfe?o de Ovar, várias localidades do distrito de Aveiro, e nos estúdios da RTP/Porto, em dois programas em directo e no Rádio Clube Português (RCP/Norte). ?José Muge resolveu ir até ?frica, “porque o seu irm?o (António Oliveira Muge, já falecido) estava lá sempre a chamá-lo e o Policarpo tinha o pai fora e também tinha espírito aventureiro”. E partiram para Vila Pery, em?? Mo?ambique.?left0?????????left0???????“Partimos no paquete Infante D. Henrique, no dia 13 de Agosto de 1962, ao meio-dia. Andávamos a navegar e, ao fim de uma semana, ouvimos dizer que se alguém tocasse piano para se manifestar e nós fomos falar ao comissário de bordo. Mandaram-nos aparecer para verem o que tocávamos. Foi um êxito t?o grande que, de repente, estávamos a cantar pelo barco todo”, recorda José Muge.?A fama correu célere. Quando chegaram a Louren?o Marques, elementos do Rádio Clube de Mo?ambique esperavam-nos para convidar parta fazer um programa ao vivo no auditório dos seus estúdios, programa esse que teve um grande sucesso.?Nessas terras de magia e feiti?o, António Muge e mais tarde o seu irm?o José Oliveira Muge, conjuntamente com António Policarpo Oliveira Costa e o Victor, um militar pertencente ao batalh?o ali existente, formaram o grupo.?José Muge lembra-se que “em Outubro de 63 fizemos a primeira visita à Rodésia, actual Zimbabué, para actuar na TV local”. Os êxitos iam-se repetindo, agora já fora das nossas fronteiras, especialmente em Salisbúria, na Rodésia, onde todas as sextas-feiras iam aos estúdios da televis?o local fazer?? o “Seven Three Oh Show”, em horário nobre.?“Tivemos logo convites de mais hotéis, como o Parklane de cinco estrelas, para fazer actua??es. O sucesso parecia imparável. Eles diziam-se fartos do inglês e adoravam o facto de cantarmos em português e italiano”.??O destino podia ter sido outro.left0???????Come?am a “chover” convites. Um deles foi um contrato para actuar durante um mês em Nairobi, no Quénia, num dos melhores hotéis da capital, o “New Stanley Hotel”. Ali também fizeram um programa de TV nos estúdios locais.José Muge sorri quando se lembra desses tempos. “Tocávamos num nightclube onde apareciam muitos artistas consagrados, como os Shadows ou o Pierre Martinez”. Certo dia, uma rapariga abeirou-se dele e perguntou-lhe se conhecia a série “Uma Leoa chamada Elsa”. Ele disse que sim, que via muitas vezes. “Pois bem, eu sou Virginia Mckenna, a protagonista”. Foi um desfile constante de estrelas que lhes podia ter mudado o destino.??Num outro dia, “apareceu-nos uma senhora toda vestida de negro, filha de m?e portuguesa e pai grego, a pedir o Lisboa Antiga. Cantámos, ela agradeceu-me e apresentou-se como sendo casada com o embaixador norte-americano de Nairobi”. Isto para dizer, segundo José Muge, que “éramos talvez um pouco provincianos e só n?o tirámos partido desses contactos porque éramos muito ligados à nossa terra, família e amigos”. Mas tudo isso os enchia de orgulho “porque era o reconhecimento do nosso trabalho”. ?Numa outra ocasi?o, “um indivíduo perguntou-nos se queríamos ir para Los Angeles cantar”. Hoje, José Muge?? reconhece que podia ter sido o grande salto. “Mais uma vez recusamos”. Aliás, o grupo podia ter-se estabelecido na capital Louren?o Marques ou na ?frica do Sul, mas preferiu sempre ficar em Vila Perry.?Sobre o seu maior sucesso de sempre, José Muge conta que o conjunto tocava em Mo?ambique aquilo que tocava em Portugal, “mas entretanto come?ou-se a valorizar os originais e quando gravámos um disco, o Policarpo apareceu,?? timidamente, com uma can??o que escrevera à m?e. Segundo ele, aquilo n?o servia para nada”. José Muge disse-lhe: “Traz cá para nós ouvirmos. Claro que todos gostámos e gravámo-la logo”.?O disco tinha mais temas, mas “A M?e” foi o que realmente tocou toda a gente. “Posso dizer que tive a no??o de que ia ser um grande sucesso, sabendo o tempo que vivíamos e o quanto o povo português é sentimental e saudosista”. “A M?e” teve um impacto enorme e vendeu muitos e muitos discos e levou o grupo ao primeiro lugar do top de vendas em Mo?ambique, onde se manteve durante várias semanas. Foi das can??es mais solicitadas pelos militares em Mo?ambique, no período da Guerra Colonial.?O conjunto manteve-se activo até cerca de 1974, reaparecendo em 1976, actuando durante vários anos no Restaurante Progresso na praia do Furadouro, em Ovar.?Este ano, para assinalar os 50 anos da sua forma??o, o grupo voltou a tocar. “Como estamos todos na reforma e os mais velhos querem sempre dizer presente, lembramo-nos de mostrar aos mais novos e àqueles que gostam deste tipo de música, as can??es dos anos 60, que foi maravilhosa, e hoje ainda nos dá prazer tocar”, justifica José Muge.?Actualmente, ele e Policarpo Costa vivem em Ovar, onde o bichinho da música ainda os atormenta. Por seu lado, José Muge nunca se desligou da música e já está a trabalhar nas músicas que enchem a cidade vareira por alturas dos Reis.?? Em Janeiro, vamos vê-lo a cantar louvores ao Menino Jesus pelas ruas de Ovar.?Bodas de Ouro do Conjunto Oliveira Muge?1958: O Conjunto Oliveira Muge forma-se em Ovar; 1959: Primeiras actua??es ao vivo no Café Progresso e Orfe?o de Ovar;1962: José Muge e Policarpo Costa partem para Mo?ambique;1963: Na Rodésia (actual Zimbabué) s?o estrelas do “Seven Three Oh Show”, da TV local;1964: Recebem prémio de “O Melhor Conjunto de Gente Nova”, concedido pela imprensa mo?ambicana;1966: Gravam “A M?e” para a EMI/Parlophone da ?frica do Sul;1968: Regresso temporário a Ovar, onde actua em bailes de Carnaval; 1974: Desmembrado, o grupo quase desaparece; 1976: Reaparece no Restaurante Progresso na praia do Furadouro; e2008: Regresso para assinalar os 50 anos da sua forma??o.? ................
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