DISCIPLINA: LPG



MATERIAL DE APOIODISCIPLINA: LPRTURMA: 417CAP?TULO 1PONTUA??ODefine-se pontua??o como o sistema de sinais gráficos, destinados a indicar, na escrita, pausa realizada na linguagem oral. Podemos dividir os sinais de pontua??o em dois grandes grupos:a) Sinais para pausas conclusivas.b) Sinais para pausas inconclusivas.O primeiro grupo é essencialmente representado pelo ponto. A seu lado, temos o ponto-e-vírgula, a interroga??o e a exclama??o.O segundo grupo é representado essencialmente pela vírgula. A seu lado, temos os dois-pontos, os parênteses, as reticências, as aspas e o travess?o.Vejamos o uso de alguns desses sinais.V?RGULAA vírgula é um sinal de pontua??o que indica falta ou quebra de liga??o sintática (regente + regido; determinado + determinante) no interior das frases. Assim, usa-se vírgula para:1. Separar termos de mesma fun??o. Exemplos:a) As casas, as ruas, as pra?as, os bares estavam desertos. sujeitob) Ele morou em Santos, Brasília, Porto Alegre.adjunto adverbialATEN??O: n?o se deve usar vírgulas se os termos de mesma fun??o vierem relacionados pelas conjun??es nem e ou, a menos que tais conjun??es estejam repetidas.Exemplos:a)Você ou seus pais devem comparecer à diretoria da escola amanh?. (conjun??o ou n?o repetida).b) Ou você, ou seus pais devem comparecer à diretoria da escola amanh?. (conjun??o ou repetida).2. Isolar o aposto.Exemplo: Natal, capital do Rio Grande do Norte, é uma linda cidade.aposto3. Isolar o vocativo.Exemplo: Venha até aqui, rapaz. vocativo4. Isolar adjuntos adverbiais deslocados.Na frase que segue, o adjunto adverbial está em sua posi??o normal (depois do verbo); por isso, n?o se pode isolá-lo por vírgulas.Exemplo: Raul lia o relatório com muita calma.adjunto adverbialSe o adjunto adverbial for deslocado para qualquer outra posi??o da frase, será necessário isolá-lo por vírgula (ou vírgulas). Exemplos:a) Raul, com muita calma, lia o relatório. adjunto adverbialb) Com muita calma, Raul lia o relatório. adjunto adverbial5. Indicar elipse do verbo: dizemos que o verbo está em elipse quando ele, por ser facilmente identificável no texto, deixa de ser escrito.Exemplo: Eles partir?o hoje; nós, amanh?. (a vírgula indica a elipse do verbo partir)6. Isolar nomes de lugares, quando se transcrevem datas.Exemplo: Santos, 18 de janeiro de 2001.7. Isolar express?es explicativas: isto é, ou melhor, quer dizer etcExemplo: A polícia prendeu todos, isto é, pai e filhos.express?o explicativa8. Aparecer antes das conjun??es: mas, porém, logo, pois, já que, visto que, embora, apesar de, se, caso, contanto que, conforme, segundo para que, a fim de que, à medida que, ao passo que, apenas, desde que.Exemplos:a) Tudo deu certo, portanto podemos ficar tranquilos.conjun??ob) Tudo seria mais fácil, se ele estivesse aqui.conjun??oObs.: quando o período come?a invertido, isto é, pela conjun??o, usa-se vírgula para marcar essa invers?o.Exemplo: Se ele estivesse aqui, tudo seria mais fácil. invers?o9. Conjun??o e: quando as ora??es s?o ligadas pela conjun??o e, normalmente n?o utilizamos vírgula N?o obstante, colocamos vírgula antes da conjun??o e, quando:I. As ora??es têm sujeitos diferentes.Exemplo: A noite caía, e o baile come?ou.II. A 2a. ora??o repete o conceito da 1a. (pleonástica)Exemplo: “Neguei-o eu, e nego”. (Rui)III. O e é puramente enfático (polissíndeto).Exemplo: E suspira, e geme, e sofre, e sua.IV. O e tem valor de mas (adversativa).Exemplo: Estudou, e foi reprovado.10. Separar a ora??o subordinada adjetiva explicativa da ora??o principal. Exemplo: A cidade, que ficava perto do rio, foi inundada. Ora??o subordinada adjetiva explicativaATEN??O: n?o separe sujeito de predicado por meio da vírgula.ExemploJair e eu [sentimos saudade de nossa terra natal]. – O uso da vírgula seria impossível.sujeitopredicadoPONTO-E-V?RGULAUsa-se o ponto-e-vírgula para:1. Separar itens de uma enumera??o (portaria, decreto, regulamente etc).Exemplos: No encontro sobre O Ensino de Língua Portuguesa, ser?o discutidas as seguintes propostas:a) como levar o aluno a entender o texto;b) como abordar a gramática no texto;c) como trabalhar com a elabora??o de textos. Compramos três filhotes de pastor alem?o: o primeiro, macho, de capa preta; o segundo, também macho, predominantemente marrom; o terceiro, uma fêmea, brincalhona e de olhinhos carentes.2. Indicar uma pausa mais duradoura que a vírgula, marcando o fim de uma ora??o declarativa. A melodia da frase indica que o tom é descendente.Exemplo: Estou dormindo no antigo quarto de meus pais; as duas janelas d?o para o terreno onde fica um imenso pé de fruta-p?o.DOIS-PONTOSUsam-se dois-pontos para:1. Anunciar uma cita??o.Exemplo: Lembrando um verso de Manuel Bandeira: “A vida inteira que podia ter sido e que n?o foi.”2. Anunciar a fala de alguém.Exemplo: Apenas come?ou a colocar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa...”3. Anunciar uma enumera??o.Exemplo: Os amigos s?o poucos: Paulo, Renato e José.4. Anunciar um esclarecimento ou explica??o.Exemplo: O desejo da maioria dos brasileiros é um só: ter melhores condi??es de vida.5. Abrir correspondências.Exemplo: Prezado amigo:ASPASUsam-se as aspas para:1. Indicar uma cita??o.Exemplo: Em seu livro sobre o emprego da vírgula, Celso Luft afirma que “pontuar bem é ter vis?o clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar bem é ter ordem no pensamento e na express?o”.2. Indicar palavras ou express?es que s?o, de alguma forma, estranhas à língua: palavras estrangeiras, palavras inventadas (neologismos), gírias.Exemplo: Tem gente que passa horas e horas “surfando” na Internet.3. Marcar ironia.Exemplo: Hoje o Ricardo, aquele “gênio”, interrompeu várias vezes a aula de Literatura com mais um de seus comentários absurdos.RETIC?NCIASUsam-se as reticências para:1. Indicar hesita??o, interrup??o ou suspens?o de um pensamento ou ideia que fica a cargo de o leitor completar.Exemplo: De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho: a imagem era a mesma difus?o de linhas, a mesma decomposi??o de contornos ... Continuei a vestir-me. Subitamente, por uma inspira??o inexplicável, por um impulso sem cálculo, lembrou-me ... Se forem capazes de adivinhar qual foi minha ideia ... (Machado de Assis. O espelho)2. Indicar que determinado trecho de um texto citado foi suprimido, por ser irrelevante para os objetivos de quem o está citando. Nesse caso, as reticências devem vir entre parênteses.Exemplo: Como sistema de linguagem, a língua compreende uma organiza??o de sons vocais específicos, ou fonemas [...], com que se constroem as formas linguísticas. (J. M. C?mara Jr. Dicionário de Lingüística e Gramática)PAR?NTESESUsam-se os parênteses para intercalar, em algum momento do texto, observa??es, explica??es ou comentários acessórios.Exemplo: Era um restaurante francês (t?o francês que ficava na Fran?a) e perto da nossa mesa almo?ava, sozinho, um homem ruivo. (Luís Fernando Veríssimo. Novas comédias da vida pública)Observe que o conteúdo dos parênteses pode, geralmente, ser suprimido sem prejuízo da ideia geral do texto, já que constitui informa??o acessória.TRAVESS?OO travess?o é utilizado para isolar palavras ou enunciados intercalados em outros enunciados. Nesse caso, usa-se o travess?o duplo.Exemplo: Naquele dia – uma segunda-feira do mês de maio –, deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa, a ver onde iria brincar a manh?. (Machado de Assis. A teoria do medalh?o)Exercícios:1. Abaixo, há três segmentos de uma frase.Segmento 1: O equipamento eraSegmento 2: guardado em grandes caixasSegmento 3: com muito cuidado.Observando a necessidade de uso da vírgula, reconstitua a frase como se indica nos três itens abaixo:a) Segmento 1 + segmento 3 + segmento 2.______________________________________________________________________b) Segmento 3 + segmento 1 + segmento 2.______________________________________________________________________c) Segmento 1 + segmento 2 + segmento 3.______________________________________________________________________2. Justifique a presen?a da vírgula:a) Sebasti?o Freitas, o vereador dissidente, tinha o dom da palavra.______________________________________________________________________b) Tito sempre fora meio esquisito, calad?o, tristonho, envergonhado...______________________________________________________________________c) – Acha possível, Afonso, que eu ven?a essa batalha?______________________________________________________________________d) As crian?as viajar?o hoje; os adultos, amanh?.______________________________________________________________________e) Em 1695, sete mil homens veteranos marcharam sobre Palmares.______________________________________________________________________f) “E vive ainda a lembran?a do último Zumbi, o rei de Palmares, o guerreiro que viveu na morte o seu direito de liberdade e de heroísmo.”______________________________________________________________________3. Leia atentamente a seguinte frase:“O rapaz revoltado come?ou a agredir o advogado.”Se, usando duas vírgulas, separarmos o termo “revoltado”, a frase continuará tendo o mesmo sentido? Explique.____________________________________________________________________________________________________________________________________________4. Considere a seguinte frase:“A velhinha caminhava pela pra?a.”a) Reescreva a frase, acrescentando no final a palavra silenciosa, de tal forma que esta seja uma característica da pra?a.____________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Reescreva a frase, acrescentando no final a palavra silenciosa, de tal forma que esta seja uma característica da velhinha.____________________________________________________________________________________________________________________________________________5. Considere o trecho destacado na seguinte frase:“Ele estava partindo sem avisar ninguém, por isso, silenciosamente, despedia-se dos amigos do bairro das casas das ruas.”Reescreva o trecho destacado, colocando nele, de quatro maneiras possíveis, as vírgulas que est?o faltando.a) ____________________________________________________________________b)_____________________________________________________________________ c)_____________________________________________________________________d)_____________________________________________________________________6. Explique a diferen?a de sentido entre as duas frases:a) Ele foi criticado, quando lutava pelos amigos.b) Ele foi criticado, quando lutava, pelos amigos.____________________________________________________________________________________________________________________________________________7. Coloque a vírgula onde for necessário:a) Quando desligamos o rádio o quarto caiu num silêncio assustador.b) “O ?nibus suspira fundo diminui a marcha encosta à direita para.”c) Fique atenta pois o teste é tenso e desgastante.d) ? preciso antes de tudo entender o que aconteceu com ele.e) A comida está na mesa filho.f) Para entender a vida come?ou a estudar o homem.g) N?o desanime se até o fim do ano n?o for convocado para a sele??o.h) Ninguém a n?o ser ele pode evitar a infelicidade da família.8. Leia atentamente: “A maior parte dos funcionários classificados no último concurso, optou pelo regime de tempo integral”.Na frase acima, há um erro de pontua??o, pois a vírgula está separando de modo incorreto:a) o sujeito e o predicado.d) o aposto e o vocativo.b) o objeto direto do objeto indireto. e) o aposto do sujeito.c) o sujeito do objeto direto.9. Explique a diferen?a de sentido entre as duas frases:a) O tribunal condenou; eu n?o absolvo.b) O tribunal condenou; eu n?o, absolvo.____________________________________________________________________________________________________________________________________________10. Pontue corretamente:a) Carlos todo domingo segue a mesma rotina praia futebol jantar em restaurante.b) Estava solitário mas n?o triste lembrei-me do velho dito dos bêbados A noite ainda é uma crian?a.c) ?s vezes o céu fica preto parece que vem a chuva mas aíd) Tangas mi?angas sol mar toalhas estendidas areia morna garotas e celebridades seminuas curtindo o ver?o eis a praia mais badalada do Brasil.e) Quando se trata de trabalho científico duas coisas devem ser consideradas uma é a contribui??o teórica que o trabalho oferece a outra é o valor prático que possa ter.f) Terminada a aula o professor dirigindo-se à classe disse Todos dever?o trazer dicionário na próxima aula.g) Vontade de fugir de escapar de sair de dentro de si mesmo para se encontrar lá fora. Viajar viajar viajar.h) Acabaram-se as minhas preocupa??es doutor agora v?o come?ar as suas n?o tenho um tost?o.i) Cada qual tem o ar que Deus lhe deu.j) Como estavam atarefados n?o puderam vir ontem.k) Enquanto eu fazia comigo mesmo aquela reflex?o entrou na loja um sujeito baixo sem chapéu trazendo pela m?o uma menina de quatro anos.l) Marcela teve um silêncio indignado depois fez um gesto magnífico tentou atirar o colar à rua.m) O assunto do romance é o naufrágio do navio no mar encapelado o tema a for?a trágica do destino.n) Imagine compadre quem é que venceu a elei??o.o) Depois que o arsênico deixou de ser vendido em farmácias n?o diminuíram os casos de suicídio mas aumentou e quanto o número de ratos.11. Assinale a op??o em que, mesmo alterando a pontua??o, a frase permanece com o mesmo sentido:a) Dinheiro vivo, n?o cheque, é isso que vim buscar. Dinheiro vivo n?o, cheque; é isso que vim buscar.b) Foi à papelaria para comprar uma fita de máquina, preta. Foi à papelaria para comprar uma fita de máquina preta.c) A sátira é a arte de pisar o pé de alguém de modo que ele sinta ... mas n?o grite. A sátira é a arte de pisar o pé de alguém de modo que ele sinta, mas n?o grite.d) Na juventude, acreditamos que a justi?a seja o mínimo que podemos esperar do próximo na velhice, afinal descobrimos que é o máximo. Na juventude, acreditamos que a justi?a seja o mínimo que podemos esperar do próximo; na velhice, afinal, descobrimos que é o máximo.e) Eis o que lhe dei: champanha francês, n?o cacha?a. Eis o que lhe dei: champanha francês n?o, cacha?a.12. Pontue corretamente:1. Os meninos após assistirem às aulas saíram.2. Uns saíam apressados outros entravam calados.3. Quero saber Jo?o onde moras?4. Como Marta de repente come?asse a nos visitar com mais frequência mandei preparar-lhe um quarto de hóspedes.5. A natureza estamos aprendendo n?o é uma for?a sobre a qual devemos triunfar porém um meio para a nossa forma??o.6. Na Suí?a uma lenda atribuiu a funda??o da cidade de Berna em 1911 a um duque alem?o que decidiu dar-lhe o nome do primeiro animal que matou na regi?o um urso.7. Saindo ele e os demais os meninos ficar?o sós.8. O aluno estudou com dedica??o e o professor o aprovou.9. Convides apenas Maria Jo?o e Mafalda.10. Irei logo isto é quando puder.11. O caso como vemos reclama sérias providências.12. As garotas eram frustradas insatisfeitas além disso seus conhecimentos eram duvidosos.13. Eu posto creia no bem n?o sou daqueles que negam o mal.14. No inverno através dos vidros ele vê a trama dos finos galhos negros.15. A mo?a descontente com a resposta devolveu ao noivo o anel de brilhantes.16. A quest?o porém n?o é de p?o é de manteiga.17. Naquele dia uma sexta-feira como outra qualquer receberia a todos em sua casa n?o era festa apenas um jantar íntimo. 18. Cal?ados os sapatos buscou a bolsa e falando muito saiu correndo sem dizer adeus.19. Solicitamos aos candidatos que respondam às perguntas a seguir importantes para efeitos da pesquisa relativa aos vestibulares.20. Acredita-se que apesar dos inúmeros obstáculos a vencer a reforma será feita em breve.21. Bem diz o ditado Vento ou ventura pouco duram.22. A noz, o burro o sino o pregui?oso nenhum sem pancada faz seu ofício.23. Quando ela desapareceu o jovem recostou-se ao tronco da árvore e esperou.24. Cam?es aconselha ? fraqueza desistir de empresa come?ada.25. Há várias espécies de instrumentos cortantes faca machado foice canivete espada.CAP?TULO 2NARRA??O1. CONCEITO DE NARRA??O Narra??o é o ato discursivo que se compromete essencialmente com o acontecimento, procurando evidenciar a sua natureza progressiva. Assim sendo, quando contamos um fato (verídico ou ficcional), a nossa preocupa??o é a de construir, através da linguagem, uma realidade din?mica, ou seja, em constante altera??o. ?, portanto, na narra??o, que os fatos se articulam numa determinada sequência temporal, reproduzindo o caráter din?mico da realidade enfocada.2. ELEMENTOS DA NARRA??O2.1.PersonagemUma das fun??es do narrador é povoar o texto de personagens, isto é, seres ficcionais. A personagem do texto linguístico n?o existe fora das palavras, é uma constru??o do narrador.Existe alguma rela??o entre as personagens e as pessoas reais? Sim, de certa forma, elas simulam pessoas, representam as paix?es, a??es e manipula??es presentes no universo humano.No entanto, é preciso entender bem o que significa dizer que as personagens s?o simulacros de pessoas. Elas n?o s?o a imita??o de um determinado ser efetivamente existente, com CIC e RG, mas s?o a representa??o de alguém que poderia perfeitamente existir no mundo real. O narrador vai construindo, diante dos olhos do leitor, de acordo com as exigências particulares do texto, a personagem.2.2. Espa?oO narrador cria os espa?os onde se movem as personagens. Estes s?o organizados em fun??o do lugar em que o narrador fala ou de um ponto instalado no interior do texto.O espa?o, numa narrativa, n?o precisa ter veracidade geográfica. Assim como as personagens, ele n?o é cópia do real. O que o narrador procura construir, em geral, é uma correla??o entre espa?o e comportamento das personagens. 2.3. TempoA temporalidade situa os acontecimentos em rela??o a marcos temporais. Esses marcos podem ser pretéritos ou futuros em rela??o ao momento da fala. Assim, quando alguém afirma No dia 2 de janeiro de 1989, choveu dezesseis horas seguidas, instalou, no texto, o marco temporal passado 2 de janeiro de 1989.2.4. NarradorOs textos têm um responsável interno por sua organiza??o, aquele que conta a história, ou seja, o narrador. Este pode ser:a) Narrador-personagem: conta uma história da qual ele participa como personagem. A narrativa é contada em 1? pessoa.b) Narrador-observador: conta uma história como mero observador de acontecimentos, dos quais n?o participa. N?o sabe a respeito do que acontece mais do que pode observar. Passa para o leitor os fatos como os teria enxergado. Narra em 3? pessoa.c) Narrador-onisciente: conta como soubesse tudo a respeito da história. Sabe e revela o próprio pensamento, a voz interior das personagens. ?s vezes, sabe até vivências inconscientes das personagens. Também narra em 3?. pessoa.2.5. EnredoEntende-se enredo como a disposi??o dos fatos dentro da narrativa. Ele é constituído de quatro elementos, a saber:a) Equilíbrio: momento de equilíbrio, isto é, tudo está bem para o(s) personagem(ns). Relata-se, aqui, uma situa??o cotidiana, normal, corriqueira, rotineira para o(s) personagem(ns).b) Conflito (ou problema): ruptura do equilíbrio, quer dizer, o(s) personagem(ns) depara(m)-se com um problema, algo inesperado, imprevisível, que foge à normalidade. O aparecimento do conflito provoca uma quebra na situa??o cotidiana e faz a narrativa ganhar novos rumos.c) (Tentativa de) solu??o: o(s) personagem(ns) que está(?o) vivenciando o conflito tenta(m) solucioná-lo, sozinho(s) e/ou com a ajuda de outro(s) personagem(ns).d) Desfecho: resultado da busca de solu??o para o conflito.Vejamos a teoria de uma forma mais prática. Observe o texto abaixo:? esperaDebru?ada na amurada, Luzia esperava o navio apontar na baía.O navio veio, mas seu marinheiro n?o.Sem prazer, divertiu-se com todos.De manh?, estirada na cama, percorria com o pensamento outros portos onde a felicidade estaria aportada.(SIQUEIRA, Jo?o Hilton Sayeg de)No primeiro parágrafo, é criado um equilíbrio, tanto para a personagem quanto para os leitores: Luzia está no cais de uma cidade praiana; Luzia está à espera de um navio; o navio deve ter algum significado na vida de Luzia; era o dia de o navio chegar, e isso trazia certa inquieta??o à Luzia.Ainda n?o foi revelado para o leitor o motivo da espera e da inquieta??o para Luzia.No segundo parágrafo, esse motivo é revelado: Luzia espera um marinheiro que vem com o navio. Pelo jeito, há entre eles algum tipo de relacionamento, poderíamos dizer, amoroso, pois marinheiro vem determinado pelo pronome possessivo seu.Ainda nesse parágrafo é criado o conflito: o navio veio x seu marinheiro n?o. Esse conflito se explicita linguisticamente pelo conectivo o se pode ver, a característica principal da narrativa é a cria??o de um conflito.Sempre que um problema nos surge, nossa rea??o imediata é procurar solucioná-lo, e o mais rápido que pudermos. ?s vezes, isso é possível. Outras vezes, mais demorado ou, até, muito demorado, mas, mesmo assim, n?o desistimos, vamos até o fim, nem que precisemos passar a vida inteira correndo atrás de solu?? o conflito da narrativa ocorre o mesmo: a personagem procura solucioná-lo. E é assim que a narrativa se expande: pelo surgimento de um conflito e pela busca de solu??es para ele.Dependendo do grau de complexibilidade do conflito, ele pode ou n?o ser solucionado. Por isso, dizemos que as personagens resolvem ou, pelo menos, tentam resolver o conflito que as aflige.Vejamos como isso acontece na narrativa que segue.Tragédia brasileiraMisael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituta, com sífilis, dermite nos dedos, uma alian?a empenhada e os dentes em peti??o de miséria.Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura ... Dava tudo quanto ela queria.Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.Misael n?o queria esc?ndalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. N?o fez nada disso: mudou de casa.Viveram três anos assim.Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...Por fim na Rua da Constitui??o, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. (BANDEIRA, Manuel)O texto cria um equilíbrio para os leitores: um funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, respeitável e bem posicionado na vida; conhece uma prostituta, muito doente, em má situa??o, e lhe dá o conforto e os cuidados de que ela necessita.? claro que esperamos dela o reconhecimento, a gratid?o por tal ato, portando-se de maneira digna e respeitável.Só que, “(...) quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado”.Aí surge o conflito para Misael: Maria Elvira continuou a ter o procedimento volúvel de prostituta que sempre tivera. Isso para ela n?o é conflitante, mas para Misael sim.Percebemos a marca linguística de apresenta??o do conflito por meio de uma rela??o temporal, pois só depois que Maria Elvira se sentiu recomposta (...se apanhou de boca bonita...), come?ou a arrumar namorados.Para solucionar esse conflito, Misael, homem bem de vida, o que se atesta, come?ou a mudar de casa, pois n?o era afeito a esc?ndalos. Por isso viveu assim durante três anos. Portanto, a tentativa de resolu??o do problema foi demorada.Prosseguindo no texto, o autor nos revela, através de uma sele??o acurada de nomes de ruas e bairros, os tipos de amantes (n?o mais namorados), que Maria Elvira teve, apresentando-os por: nomes próprios: Estácio, Rocha, Isabel, Clapp (sobrenome estrangeiro); patentes e títulos: General Pedra, Marquês de Sapucaí; profiss?es: Catete (relacionado ao palácio do governo), Olaria e Lavradio (operários bra?ais), Todos os Santos (liga??o com a Igreja); realiza??o ou procedimentos: Bonsucesso (bem-sucedido), Encantado (maravilhoso, enfeiti?ado, sedutor); localiza??o: Boca do Mato (matinho); condi??o física: Inválidos; etc (como o próprio autor indica pelo uso das reticências).Por fim, na Rua da Constitui??o, que defende e determina os deveres e direitos legais do cidad?o, Misael matou-a, contraditório e conflitante (...privado de sentidos e de inteligência...), infringindo a própria Constitui??o.Nessa narrativa, a própria personagem busca solu??o para seu conflito. Mas podem também ocorrer narrativas em que outras personagens vêm em auxílio para a resolu??o do conflito.Um gauch?o desses bem valentes veio passear em Minas Gerais e deu de cara com o rio S?o Francisco. Nem conversou: tirou as botas e deu aquele mergulho de tirar fotografia. Só que o valente n?o sabia nadar e já ia morrendo afogado se n?o pulam no rio dois mineirinhos que conseguiram tirá-lo com vida da água. O gaúcho tava com a barriga que parecia uma pipa. Fizeram uns exercícios em cima dele e o bicho botou toda a água pra fora. Voltou a si, de repente, deu um pulo na beirado do rio, jogou os mineirinhos pro lado e bradou:– Me larga, chê. Me larga, que um riacho desses eu bebo é de gole em gole. (Ziraldo) Em síntese, a narrativa se organiza pela: Cria??o de um equilíbrio. Cria??o de um conflito para a personagem (condi??o essencial para o texto ser considerado uma autêntica narrativa). Apresenta??o de uma solu??o (ou, pelo menos, tentativa de resolu??o) do conflito apresentado. Apresenta??o de um desfecho, resultante da busca de resolu??o do conflito.3. DIFEREN?A ENTRE NARRATIVA E RELATOImagine alguém contando como foram suas férias.Saímos de casa no fusc?o da família: meu pai, minha m?e, minha irm?, minha avó, eu, o cachorro, o papagaio, com cinco malas, prancha de isopor, bola de plástico, cadeira de praia, guarda-sol etc.Chegamos à Praia Grande, passamos uma semana e voltamos cansados, porém felizes, esperando o próximo ver?o.(Jo?o Hilton Sayeg de Siqueira)Observe que o equilíbrio criado inicialmente está bastante interessante e poderia se tornar até humorístico, se fossem introduzidos alguns acontecimentos, como: O papagaio foge no meio do caminho. O cachorro morde a canela da avó, quando ela pisa no rabo dele, devido ao aperto do carro. A irm?, ao entrar no carro, enrosca a bermuda na trava do banco e a rasga. As roupas já estavam todas guardadas nas malas e abri-las seria um transtorno. A m?e cai sentada numa po?a de água no posto de gasolina, quando pararam para abastecer etc.Tudo isso poderia quebrar a rotina de uma viagem bem sucedida e criar um conflito para a família. Aí o texto deixaria de ser um simples relato, que documenta uma viagem de férias, para se tornar uma narrativa bem mais interessante.Em síntese, temos a seguinte distin??o: Quando o fato se desenvolve a partir de um conflito, há uma narrativa. Quando o fato se desenvolve por meio de uma simples sequência de ocorrências factuais, surge um relato.Exercícios:1. Retire, da na narrativa que segue, todos os elementos do enredo. Cabocla TeresaHá tempo eu fiz um ranchinhoPra minha cabocla morarPois era ali o nosso ninhoBem longe deste lugarNo alto lá da montanhaPerto da luz do luarVivi um ano felizSem nunca isto esperarPus meu sonho naquele lugarPaguei caro meu amorPor causa de outro cabocloMeu rancho ela abandonouSenti meu sangue ferverJurei a Teresa matarO meu alaz?o arrieiE ela fui procurarAgora eu já me vinguei? este o fim de um amorAquela cabocla matei? a minha história, doutor. (In Raul Torres e Jo?o Pacífico. Sertanejo. Itamaraty,1988)______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________2. Transforme o texto “Cabocla Teresa” em um relato. Fa?a as adapta??es necessárias.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________3. Localize os elementos do enredo no texto abaixo. JucaJuca foi autuado em flagranteComo meliantePois sambava bem dianteDa janela de MariaBem no meio da alegriaA noite virou diaO seu luar de prataVirou chuva friaA sua serenataN?o acordou MariaJuca ficou desapontadoDeclarou ao delegadoN?o saber se amor é crimeOu se samba é pecadoEm legítima defesaBatucou assim na mesa:O delegado é bambaNa delegaciaMas nunca fez sambaNunca viu Maria(In Chico Buarque, RGE,1963)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________4. Transforme o texto “Juca” num relato. Fa?a as adapta??es necessárias.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________5. Localize os elementos do enredo nos textos abaixo. a) O dia seguinteSe há alguma coisa importante neste mundo, dizia o marido, é uma empregada de confian?a. A mulher concordava, satisfeita: realmente, a empregada deles era de confian?a absoluta. Até as compras fazia, tudo direitinho. T?o de confian?a que eles n?o hesitavam em deixar-lhe a casa, quando viajavam.Um dia resolveram passar o fim de semana na praia. Como de costume, a empregada ficaria. A mo?a nunca saía nos fins de semana. Empregada perfeita.Foram. Quando já estavam quase chegando à orla marítima, ele se deu conta: tinham esquecido a chave da casa de praia. N?o havia outro remédio. Tinham de voltar. Voltaram.Quando abriram a porta do apartamento, quase desmaiaram: o living estava cheio de gente, todo mundo dan?ando, no meio de uma algazarra infernal. Quando ele conseguiu se recuperar da estupefa??o, procurou a empregada:– Mas que é isso, Elcina? Enlouqueceu?Aí um simpático rapaz interveio: – Que é isso, meu patr?o, a mo?a n?o enlouqueceu coisa alguma. Estamos apenas nos divertindo. O senhor n?o quer dan?ar também?– Isto mesmo – gritava o pessoal – dancem com a gente.O marido e a mulher hesitaram um pouco; depois – por que n?o, afinal a gente tem de experimentar de tudo na vida – aderiram à festa. Dan?aram, beberam, riram. Ao final da noite concordavam com a empregada: nunca tinham se divertido tanto.No dia seguinte, despediram a empregada. [Moacyr Scliar. Histórias para (quase) todos os gostos. S?o Paulo: ?tica, 2002. p. 31]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________b) O socorroEle foi cavando, cavando, cavando, pois sua profiss?o – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na distra??o do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e n?o conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, n?o conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, n?o se ouvia um som humano, embora o cemitério estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova, o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabe?a ébria apareceu lá em cima, perguntou:– O que é que há?O coveiro, ent?o, gritou, desesperado:– Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível.– Mas, coitado! – condoeu-se o bêbado. – Tem toda raz?o de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!E, pegando a pá, encheu-a de terra e p?s-se a cobri-lo cuidadosamente. (Mill?r Fernandes. Fábulas fabulosas )____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________6. Qual é o conflito do texto que segue?DesencantoJoaquim da Silva, mo?o simples, cearense, acomodado, enfim, um gari de marca maior. Nada mais, nada menos ele queria da vida. Subia a Angélica com a vassoura sempre à m?o, descia a Rebou?as cantando-catando os detritos da cidade. Com seu olhar moribundo, verificava tudo: o ma?o de cigarros, o palito de sorvete; e ia tecendo histórias em sua cabe?a.Por volta das 10h30 de uma segunda-feira, um peda?o de papel que quase ia indo bueiro abaixo, na esquina da Cristiano Viana, chamou sua aten??o. Era um bilhete da loteria Extra??o de Natal. “Quem sabe, premiado?”, Joaquim pensou. A casa lotérica confirmou sua expectativa e ele ficou rico. Silvas de todo o Ceará chegaram, dizendo ser parentes, amigos de inf?ncia, distantes, até de outras encarna??es. Come?aram a atarantar sua vida. Cart?es de crédito, cheques especiais, a??es, imóveis, cifr?es ...E Joaquim, todas as manh?s, espalhava pelo jardim todos os extratos bancários e ia catando-os de volta. Essa era sua única alegria! (Franco Reinaldo)____________________________________________________________________________________________________________________________________________7. Nem sempre a personagem que vive o conflito é capaz de solucioná-lo. Se outro(s) personagem(ns) resolve(m), nem sempre a solu??o apresentada é a esperada ou correspondente às expectativas do personagem ou dos leitores. Que personagem soluciona o conflito apresentado na narrativa abaixo?Sempre alertaGrande espírito o daquele escoteiro. Estava na rua, segurando seu feroz c?o policial, quando viu parar um ?nibus. Os passageiros desceram, subiram, o ?nibus p?s-se a andar. No momento em que o ?nibus ia andando, apareceu um velhinho tentando pegá-lo. Correu atrás do ?nibus. Quando já o ia pegando, o ?nibus aumentou a velocidade. No instante exato em que o velhinho, aborrecido, ia desistir do ?nibus, o escoteiro n?o teve dúvida: soltou o cachorro policial em cima dele. O velho p?s-se a correr desesperadamente e, como única salva??o, pegou o ?nibus, que já ia quinhentos metros adiante. O escoteiro segurou de novo o c?o e voltou para casa feliz, tendo praticado sua boa a??o do dia. (FERNANDES, Mill?r)____________________________________________________________________________________________________________________________________________8. Classifique o narrador presente nos trechos que seguem:a) Todo dia ele ia para o botequim encher a cara e, quando chegava em casa, por qualquer coisinha, descompunha a mulher, baixava o bra?o nos filhos mais velhos. Até que um dia avan?ou também para o menorzinho, mas a mulher o conteve, interpondo-se com decis?o: – Neste você n?o bate, que este n?o é seu. (SABINO, Fernando)______________________________________________________________________b) Pobre Augusto! ... ele vê a um palmo dos olhos a perna mais bem torneada que é possível imaginar! ... através da finíssima meia aprecia uma mistura de cor de leite com a cor-de-rosa e, rematando esse interessante painel róseo, um pezinho que só poderia medir a polegadas, apertado em um sapatinho de cetim, e que estava pedindo um ... dez ... cem ... mil ... beijos; mas quem o pensaria? N?o foram beijos o que desejou o estudante outorgar àquele precioso objeto: veio-lhe ao pensamento o prazer que sentiria dando-lhe uma dentada ... Quase que já n?o se podia suster ... já estava de boca aberta e para saltar ... Porém, lembrando-se da exótica figura em que se via, meteu a roupa que tinha enrolada entre os dentes e, apertando-os com for?a, procurava iludir a sua imagina??o. (MACEDO, Joaquim Manuel de. A moreninha)______________________________________________________________________c) Debrucei-me na grade de madeira carcomida. Acendi um cigarro. Aliás, estávamos os quatro silenciosos como mortos deslizando na escurid?o. Contudo, estávamos vivos. E era Natal.A caixa de fósforos escapou-me das m?os e quase resvalou para o rio. Agachei-me para apanhá-la. Sentindo, ent?o, alguns respingos no rosto, inclinei-me mais até mergulhar as pontas dos dedos na água.– T?o gelada – estranhei, enxugando a m?o.– Mas de manh? é quente.Voltei-me para a mulher que embalava a crian?a e me observava com um sorriso. Sentei-me no banco ao lado. Tinha belos olhos claros, extraordinariamente brilhantes. Reparei que suas roupas puídas tinham muito caráter, revestidas de uma certa dignidade. TELLES, Lygia Fagundes. “Natal na Barca”. In: Seleta).______________________________________________________________________MODOS DE CITA??O DO DISCURSO ALHEIOHá várias formas de se mostrar a presen?a das múltiplas vozes num texto: deixá-las implícitas, por conta da memória do leitor, ou trazê-las para a cena, demarcando explicitamente seu lugar e limite.Quando, num texto, v?o entrando em cena personagens que falam, dialogam entre si, manifestam suas ideias, o narrador, ao contar o que elas disseram, insere na narrativa uma fala que n?o é de sua autoria, cita o discurso alheio. Para isso, ele pode se utilizar de diferentes procedimentos linguísticos: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre.DISCURSO DIRETOQuando o narrador reproduz textualmente as palavras da personagem, da forma como ela as diz, temos o discurso direto. Ao optar pelo discurso direto, o narrador cria um efeito de verdade, dando a impress?o de que preservou a integridade do discurso citado, a carga subjetiva da personagem e a autenticidade do que produziu.As marcas do discurso direto s?o:a) A fala das personagens é enunciada por um verbo denominado verbo de dizer, ou verbo dicendi (exemplos: dizer, retrucar, asseverar, afirmar, responder, declarar etc), por verbos da área sem?ntica de perguntar (exemplos: indagar, inquirir, questionar, interrogar) e por verbos sentiendi, os que expressam estado de espírito, rea??o psicológica da personagem, emo??es (exemplos: gemer, suspirar, lamentar-se, queixar-se etc). Qualquer um desses verbos pode vir antes, no meio ou depois da fala da personagem. b) A fala das personagens pode aparecer precedida por um verbo (vide item acima), seguido, em geral, por dois-pontos. Numa outra linha, indica-se, normalmente, a fala da personagem por meio de travess?o.Exemplo:No Grajaú, as crian?as gritaram:– Papai, olha a mam?e na televis?o!c) Quando n?o há réplica, a fala de personagens é indicada por aspas, sem que haja mudan?a de linha.Exemplo: Era natural que Vila Feliz receasse a uni?o de Helena com algum estranho. Entretanto, apenas surgira ali o agr?nomo Mário Silvano, todo mundo pressentia: “? bem possível que os dois se casem ... é quase certo!”d) Quando os comentários do narrador s?o feitos no meio ou no final da fala da personagem, eles s?o escritos em minúscula e isolados por travess?es.Exemplo: – Ela vem! – gritou ele.– Oba! – exclamou ela. – A que horas está prevista a chegada? – indagou. e) Os pronomes pessoais e possessivos, os tempos verbais e as palavras que indicam tempo e espa?o, como, por exemplo, pronomes demonstrativos e advérbios de lugar e de tempo, s?o usados tendo como referência o narrador e as personagens. Assim, tanto o narrador como as personagens dizem eu, denominam a pessoa com quem falam tu, chamam o espa?o em que cada um está aqui e em fun??o dele organizam os demais espa?os aí, lá, marcam o tempo em que cada um fala como agora e a partir dele ordenam os outros tempos.DISCURSO INDIRETONo discurso indireto, o narrador transmite com suas próprias palavras a fala das personagens. Ao escolher o discurso indireto, o narrador elimina os elementos emocionais e/ou afetivos presentes no discurso direto, bem como as interroga??es e exclama??es, o que causa a ideia de aparente objetividade. Aparente porque o verbo escolhido pelo narrador para introduzir a fala do personagem é carregado de sentido. ? muito diferente dizer: “José falou que iria à festa” de “José garantiu que iria à festa”. Assim, o discurso indireto, ao se prestar à análise das palavras e do modo de dizer das personagens, revela a posi??o do narrador em rela??o a elas. Principais marcas do discurso indireto:a) O que a personagem disse vem também introduzido por um verbo dicendi, por um verbo sentiendi ou por um verbo da área sem?ntica de perguntar.b) O que a personagem disse constitui uma ora??o subordinada substantiva objetiva direta do verbo de dizer e, portanto, é separada da fala do narrador por uma partícula introdutória, normalmente a conjun??o que ou o se (ex: Ele disse que n?o sabia o horário da festa). c) Como apenas o narrador toma a palavra, apenas ele diz eu; somente a pessoa com quem ele fala é designada por tu; só o lugar onde ele está é chamado aqui e, a partir dele, os demais espa?os s?o organizados; apenas o tempo em que ele fala é marcado como agora e em fun??o dele s?o ordenados os outros tempos.Há, a seguir, um quadro com as principais transforma??es que ocorrem na passagem do discurso direto para o indireto e vice-versa.VERBODISUCURSO DIRETODISCURSO INDIRETOPresente do IndicativoO delegado afirmou:– N?o confio em ninguém.Pretérito Perfeito do IndicativoA garota perguntou:– Paula, você falou com o professor?Futuro do presenteO rapaz garantiu:– Eu farei a revis?o do texto.Presente do subjuntivo– N?o quero que espalhem os livros – disse o professor.Imperativo– Fa?a-me um favor – pediu-me o rapaz.PRONOMESEu, nós, você(s), senhor(a), senhores(as)O homem sussurrou:– Eu estou rico.Meu(s), minha(s), nosso(s), nossa(s)– Minha irm? vai adorar esta revista – disse a garotaEste(s), esta(s), isto, esse(s), essa(s), isso, Pedro perguntou à Rita: – Esta é sua casa? ADV?RBIOSHoje, ontem, amanh?– Hoje o comércio n?o abre – disse euAqui, cá e aí– N?o saio mais daqui – falou Paulo.DISCURSO INDIRETO LIVREO discurso indireto livre é mais complexo que o direto e o indireto. Muitas vezes, no discurso indireto livre, n?o sabemos quem está falando, se o narrador ou se o personagem. Como se dá o processo do discurso indireto livre? Como o próprio nome revela, trata-se de um discurso indireto: o narrador está traduzindo, com suas palavras, em 3?. pessoa, a fala do personagem. Porém, sem anúncio prévio, aparecem as palavras do personagem, em 1?. pessoa, no meio do discurso do narrador, como se a própria voz do personagem aparecesse permeando a fala do narrador, ou como se pudéssemos ouvir o que ele está pensando ou o fluxo de sua linguagem interior.Dois exemplos: 1. Enlameado até a cintura, Ti?ozinho cresce de ódio. Se pudesse matar o carreiro... Deixa eu crescer! Deixa eu ficar grande!...Hei de dar conta deste danisco...Se uma cobra picasse seu Soronho... Tem tanta cascavel nos pastos... Tanta urutu, perto de casa... se uma on?a comesse o carreiro, de noite...Um on??o grande, da pintada...Que raiva!...Mas os bois est?o caminhando diferente. Come?aram a prestar aten??o, escutando a conversa de boi Brilhante. (ROSA, Guimar?es. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976) 2. Mas era primavera. Até o le?o lambeu a testa glabra da leoa. Os dois animais louros. A mulher desviou os olhos da jaula, onde só o cheiro quente lembrava a carnificina que ela viera buscar no Jardim Zoológico. Depois o le?o passeou enjubado e tranquilo, e a leoa lentamente reconstituiu sobre as patas estendidas a cabe?a de uma esfinge. Mas isso é amor, é amor de novo. Revoltou-se a mulher, tentando encontrar-se com o próprio ódio, mas era primavera e dois le?es se tinham amado. Com os punhos nos bolsos do casaco, olhou em torno de si, rodeada pelas jaulas, enjaulada pelas jaulas fechadas. Continuou a andar. Os olhos estavam t?o concentrados na procura que sua vista às vezes se escurecia num sono, e ent?o ela se refazia como na frescura de uma cova. (LISPECTOR, Clarice. La?os de família. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979).Exercícios:1. Reconhe?a o tipo de discurso que cada um dos fragmentos de texto apresenta.a) Holmes n?o estudava medicina. Ele próprio, em resposta a uma pergunta, confirmara a opini?o de Stamford a esse respeito. Tampouco parecia ter frequentado qualquer curso que lhe tivesse dado um título em ciência ou qualquer outro crédito que garantisse sua entrada no mundo acadêmico. No entanto, sua dedica??o a certos estudos era notável e, embora limitado a temas excêntricos, seu conhecimento era de extens?o e minúcias extraordinárias. Suas observa??es me deixavam impressionado.Sem dúvida, ninguém trabalharia de forma t?o devotada nem acumularia informa??es t?o precisas sem ter algum objetivo em vista. Leitores fortuitos dificilmente se destacavam pela exatid?o de seus conhecimentos. Homem nenhum sobrecarregaria a mente com minúcias, sem ter uma boa raz?o para isso.A ignor?ncia de Holmes era t?o notável quanto seu conhecimento. O que sabia de literatura, filosofia e política contempor?neas era praticamente nada. Quando citei Thomas Carlyle, ele me perguntou, da forma mais ingênua, de quem se tratava e o que havia feito. Minha surpresa maior, porém foi descobrir, incidentalmente, que ele desconhecia a Teoria de Copérnico e a composi??o do sistema solar. (DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho. S?o Paulo: FTD, 1988)______________________________________________________________________b) Estava alegre nesse dia, bonita também. Um pouco de febre também. Por que esse romantismo: um pouco de febre? Mas a verdade é que tenho mesmo: olhos brilhantes, essa for?a e essa fraqueza, batidas desordenadas do cora??o. Quando a brisa leve, a brisa de ver?o, batia no seu corpo, todo ele estremecia de frio e calor. (LISPECTOR, Clarice. Perto do cora??o selvagem. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994)______________________________________________________________________c) Quem deu a ideia de trazer prima Biela para a cidade foi Constan?a. – Deixa, Conrado, traz ela para casa. Biela fica morando com a gente, pode até me ajudar com as meninas, fazer companhia. Olha, quando você vai para a ro?a, tem dias que eu sinto uma falta danada de alguém para conversar. De noite, ent?o... – disse ela.– Tem Mazília – limitou-se Conrado na resposta.– Mazília – disse ela – ainda é menina.– Já é mocinha – disse Conrado, de pouca conversa. (DOURADO, Autran. Uma vida em segredo. Rio de Janeiro: Express?o e Cultura, 1973)______________________________________________________________________2. Foram retirados, dos textos abaixo, todos os sinais de pontua??o relativos ao discurso direto. Reescreva os textos, pontuando-os corretamente:a) Um pequeno avi?o militar sobrevoava o Saara, quando, de repente, o piloto viu lá embaixo alguma coisa que chamou sua aten??o. Ele deu uma baixada com o avi?o e viu andando calmamente, naquela imensid?o, um homem com um cal??o de banho, uma toalha no ombro, tamanco e sabonete. Ele fez uma evolu??o e aterrissou assustadíssimo. Dirigiu-se para o camarada e perguntou O senhor é de onde? De Minas, uai respondeu o homem. E o senhor está perdido? voltou a indagar o piloto. Eu n?o, s?. Vou tomar um banhozinho de mar. Banhozinho de mar? perguntou, espantado, o aviador. O mar está a mais de quinhentos quil?metros daqui. O mineirinho exclamou Num brinca! Que prai?o, hem s?!? (Ziraldo)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________b) O mineirinho chega perto do chefe da esta??o, com aquela calma que Deus lhe deu, palitinho no canto da boca, canivetinho limpando as unhas, pergunta Mo?o, o expresso já passou? Já, sim senhor E o trem de subúrbio? volta a indagar o mineirinho. Passou às oito e meia responde o chefe. E o trem de carga? Só passa à meia-noite responde o chefe. O mineirinho questiona uma vez mais Quer dizer que n?o tem nenhum trem agora? N?o senhor. Nem manobrando? N?o berra o chefe. Por quê? O senhor vai viajar? N?o, quero atravessar a linha. (Ziraldo)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________3. Transforme o discurso direto em indireto:a) O rapaz prometeu categoricamente: – Amanh?, tudo estará resolvido.____________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Paulo concluiu apressadamente: – Farei o possível e o impossível.____________________________________________________________________________________________________________________________________________c) – Vou à farmácia e só depois falarei sobre o assunto – disse o pai ao filho.____________________________________________________________________________________________________________________________________________d) – Recebo o convidado e, posteriormente, farei o meu discurso – explicou o diretor.____________________________________________________________________________________________________________________________________________e) A jornalista indagou ao diretor do jornal: – O senhor arcará com as responsabilidades da publica??o?____________________________________________________________________________________________________________________________________________f) Intrigado com a notícia que vinha dos vizinhos, o morador perguntou: – O que é isso? O que está ocorrendo realmente?____________________________________________________________________________________________________________________________________________g) O delegado ergueu o bra?o e disse: – Este crime n?o fica impune.____________________________________________________________________________________________________________________________________________h) – Aqui mando eu – respondeu o motorista.____________________________________________________________________________________________________________________________________________i) O marinheiro exclamou: – Puxa! Estou com vergonha de sair vestido assim.____________________________________________________________________________________________________________________________________________j) O homem de preto ordenou à secretária: – Leia a carta que recebi.____________________________________________________________________________________________________________________________________________k) O paciente pediu ao médico: – Conte-me a verdade.____________________________________________________________________________________________________________________________________________l) – O que devemos fazer? – perguntaram as crian?as.____________________________________________________________________________________________________________________________________________m) O professor ordenou aos alunos: – Fa?am o exercício.____________________________________________________________________________________________________________________________________________n) – Estive na escola e falei com o diretor – disse Jonas.____________________________________________________________________________________________________________________________________________TEMAS DE VESTIBULAR1. Universidade Estadual de Goiás - 2008/2.Você deverá criar uma história cujo enredo gire em torno da notícia sobre um embri?o congelado no centro de reprodu??o humana. Você terá que optar pela libera??o do embri?o congelado para pesquisas com célula-tronco ou, ent?o, por sua transferência para um útero humano. O texto deverá conter as seguintes personagens: o diretor da clínica de reprodu??o humana, o casal que deixou o embri?o congelado na clínica e outras personagens (incluindo o próprio embri?o) que se fizerem necessárias para a composi??o de sua produ??o textual.2. UNICAMPORIENTA??O GERAL: LEIA ATENTAMENTEO tema geral da prova da primeira fase é Gera??es. A reda??o prop?e três recortes desse tema.Propostas: cada proposta apresenta um recorte temático a ser trabalhado de acordo com as instru??es específicas. Escolha uma das três propostas para a reda??o (disserta??o, narra??o ou carta) e assinale sua escolha no alto da página de resposta.Colet?nea: a colet?nea é única e válida para as três propostas. Leia toda a colet?nea e selecione o que julgar pertinente para a realiza??o da proposta escolhida. Articule os elementos selecionados com sua experiência de leitura e reflex?o. O uso da colet?nea é obrigatório.ATEN??O - sua reda??o será anulada se você desconsiderar a colet?nea ou fugir ao recorte temático ou n?o atender ao tipo de texto da proposta escolhida.APRESENTA??O DA COLET?NEA1) Em toda sociedade convivem gera??es diversas, que se relacionam de formas distintas, exigindo de todos o exercício contínuo de lidar com a diferen?a.) Para o sociólogo húngaro Karl Mannheim, a gera??o consiste em um grupo de pessoas nascidas na mesma época, que viveram os mesmos acontecimentos sociais durante a sua forma??o e crescimento e que partilham a mesma experiência histórica, sendo esta significativa para todo o grupo. Estes fatores d?o origem a uma consciência comum, que permanece ao longo do respectivo curso de vida. A intera??o de uma gera??o mais nova com as precedentes origina tens?es potencializadoras de mudan?a social. O conceito que aqui está patente atribui à gera??o uma forte identidade histórica, visível quando nos referimos, por exemplo, à “gera??o do pósguerra”. O conceito de “gera??o” imp?e a considera??o da complexidade dos fatores de estratifica??o social e da convergência sincr?nica de todos eles; a gera??o n?o dilui os efeitos de classe, de gênero ou de ra?a na caracteriza??o das posi??es sociais, mas conjuga-se com eles, numa rela??o que n?o é meramente aditiva nem complementar, antes se exerce na sua especificidade, ativando ou desativando parcialmente esses efeitos.(Adaptado de Manuel Jacinto Sarmento, Gera??es e alteridade: interroga??es a partir da sociologia da inf?ncia. Educa??o e Sociedade, Campinas, vol. 26, n. 91, p. 361-378, Maio/Ago. 2005. Disponível em )3) A partir do advento do computador, as empresas se reorganizaram rapidamente nos moldes exigidos por essa nova ferramenta de gest?o. As organiza??es procuraram avidamente os “quadros técnicos” e os encontraram na quantidade demandada. Os primeiros quadros “bem formados” tiveram em geral carreiras fulminantes. Suas trajetórias pessoais foram tomadas como referência pelos executivos mais jovens. Aqueles “grandes executivos” foram considerados portadores de uma “vis?o de conjunto” dos problemas empresariais, que os colocava no campo superior da “administra??o estratégica”, enquanto o principal atributo da nova gera??o passa a ser acontemporaneidade tecnológica. Os constrangimentos advindos do choque geracional encarregaram-se de fazer esses “jovens” encarnarem essa característica, dando a esse trunfo a maior rentabilidade possível. Assim, exacerbaram-se as diferen?as entre os recém-chegados e os antigos ocupantes dos cargos. No plano simbólico, toda a ética construída nas carreiras autodidatas é posta em xeque no conflito que op?e a técnica dos novos executivos contra a lealdade dos antigos funcionários que, no mais das vezes, perdem até a capacidade de expressar o seu descontentamento, tamanha é a violência simbólica posta em marcha no processo, que n?o se trava simplesmente em cada ambiente organizacional isolado, mas se generaliza. (Adaptado de Roberto Grün, Conflitos de gera??o e competi??o no mundo do trabalho. Cadernos Pagu. Campinas, vol. 13, p. 63-107, 1999.)4) Ao longo da década de 1990, a renda das famílias brasileiras com filhos pequenos deteriorou-se com rela??o à das famílias de idosos. Ao mesmo tempo, há crescentes evidências de que os idosos aumentaram sua responsabilidade pela provis?o econ?mica de seus filhos adultos e netos. (Ana Maria Goldani, Rela??es intergeracionais e reconstru??o do estado de bem-estar. Por que se deve repensar essa rela??o para o Brasil, pp. 211. Disponível em ).5) As rela??es intergeracionais permitem a transforma??o e a reconstru??o da tradi??o no espa?o dos grupos sociais. A transmiss?o dos saberes n?o é linear; ambas as gera??es possuem sabedorias que podem ser desconhecidas para a outra gera??o, e a troca de saberes possibilita vivenciar diversos modos de pensar, de agir e de sentir, e assim, renovar as opini?es e vis?es acerca do mundo e das pessoas. As gera??es se renovam e se transformam reciprocamente, em um movimento constante de constru??o e desconstru??o. (Adaptado de Maria Clotilde B. N. M. de Carvalho, Diálogo intergeracional entre idosos e crian?as. Rio de Janeiro. PUC-RJ, 2007, p 52.)PROPOSTA ALeia a colet?nea e elabore sua disserta??o a partir do seguinte recorte temático: A rela??o entre gera??es é frequentemente caracterizada pelo conflito. Entretanto, há outras formas de relacionamento que podem ganhar novos contornos em decorrência de mudan?as sociais, tecnológicas, políticas e culturais.Instru??es:1. Discuta formas pelas quais se estabelecem as rela??es entre as gera??es.2. Argumente no sentido de mostrar que essas diferentes formas coexistem.3. Trabalhe seus argumentos de modo a sustentar seu ponto de vista.PROPOSTA BLeia a colet?nea e elabore sua narrativa a partir do seguinte recorte temático: O convívio entre gera??es tem lugar privilegiado no ambiente familiar.Instru??es:1. Imagine uma personagem jovem que vai estudar em outra cidade e passa a morar com os avós.2. Narre o(s) conflito(s) da personagem, dividida entre os sentimentos em rela??o aos avós e as dificuldades de convívio com essa outra gera??o.3. Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.PROPOSTA CLeia a colet?nea e elabore sua carta a partir do seguinte recorte temático: As diferen?as entre gera??es s?o percebidas também no plano institucional como, por exemplo, no ambiente de trabalho.Instru??es:1. Coloque-se na posi??o de um gerente, recém-contratado por uma empresa tradicional no mercado, que precisa convencer os acionistas da necessidade de modernizá-la.2. Explicite as mudan?as necessárias e suas implica??es.3. Dirija-se aos acionistas por meio de uma carta em que defenda seu ponto de vista.Obs.: Ao assinar a carta, use apenas suas iniciais, de modo a n?o se identificar.3. CESUPA – PAEstamos lhe apresentando um tema para reda??o. Leia-o com aten??o. Lembre-se de que você está participando de um concurso e a reda??o avalia seu desempenho no registro escrito da língua, portanto, procure ajustar-se à modalidade adequada para a ocasi?o.Leia o texto que segue:SantinhoMe lembro com clareza de todas as minhas professoras, mas me lembro de uma em particular. Ela se chamava Dona Ilka. Curioso: por que escrevi “Dona Ilka” e n?o Ilka? Talvez por medo de que ela se materializasse aqui do meu lado e exigisse o “Dona”, onde se viu tratar professora pelo primeiro nome, menino? No meu tempo ainda n?o se usava o “tia”. Elas podiam ser boas, até maternas, mas decididamente n?o eram nossas tias. A Dona Ilka n?o era maternal. Era uma mulher pequena com um perfil de passarinho. Um pequeno passarinho louro. E uma fera.Eu era um aluno “bem-comportado”. Era um vagabundo, n?o aprendia nada, vivia distraído. Mas comportamento, 10. Por isso até hoje fa?o verdadeiras faxinas na memória, procurando embaixo de tudo e em todos os nichos a raz?o de ter siso, um dia, castigado pela Dona Ilka. Alguma eu devo ter feito, mas n?o consigo lembrar o quê. O fato é que fui posto de castigo, que consistia em ficar em pé num canto da sala, com a cara virada para a parede (isso tudo, já dá para ver, foi mais ou menos lá pela Idade Média), mas o que eu nunca esqueci foi Dona Ilka ter me chamado de “santinho do pau oco”.Ser bem-comportado em aula n?o era decis?o minha nem era nada de que me orgulhasse. Era só o meu temperamento. Mas a frase terrível de dona Ilka sugeria que a minha boa conduta era uma simula??o. Eu era um falso. Um santo falsificado. Depois disso, o imaginário com perfil de professora pousou no meu ombro e me chamou de fingido. Os santinhos do pau oco passam a vida se questionando. (...) (VER?SSIMO, Luís Fernando. O santinho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1986)Construa um texto narrativo em que a personagem, como Veríssimo, tenha sido vítima de uma injusti?a. Obede?a Pas seguintes indica??es:a) espa?o: a sala de aula.b) tempo: cronológico. c) foco narrativo: 1?. pessoa.4. UFG – GOA fábula é uma narrativa ficcional curta cuja mensagem pode ser sintetizada em uma moral no final do texto, ou seja, um ensinamento encerra uma li??o. Suas personagens, geralmente animais, representam características e sentimentos humanos e é comum o diálogo entre elas.Escreva uma fábula em que as personagens (animais) vivam um conflito ao saberem que só têm uma semana de vida. A história que você vai criar deve apresentar as personagens vivendo o drama da busca pela felicidade nos seus últimos momentos de existência. Isso deve ser evidenciado por meio de a??es, convic??es, comportamentos, relacionamentos e desejos das personagens. A moral da histórica deve transmitir um ensinamento a respeito do que significa ser feliz.CAP?TULO 3ESP?CIES NARRATIVAS EM PROSA - CR?NICA1. INTRODU??O A narrativa apresenta várias modalidades: romance, novela, conto, cr?nica, dentre outros. Vejamos a cr?nica.2. DEFINI??O DE CR?NICAA cr?nica é um gênero discursivo no qual, a partir da observa??o e do relato de fatos cotidianos, o autor manifesta sua perspectiva subjetiva, oferecendo uma interpreta??o que revela ao leitor algo que está por trás das aparências ou n?o é percebido pelo senso comum. Nesse sentido, é finalidade da cr?nica revelar as fissuras do real, aquilo que parece invisível para a maioria das pessoas, ajudando-as a interpretar o que se passa à sua volta.Em outras palavras, a cr?nica é um gênero discursivo que permite a manifesta??o de estilos individuais, por ser um texto inspirado em um olhar subjetivo para acontecimentos cotidianos. No Brasil, houve um crescimento na produ??o de cr?nicas a partir da década de 1950. Autores como Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Rachel de Queiroz, Carlos Heitor Cony, Otto Lara Resende, além de promoverem a populariza??o do gênero também estabeleceram seus estilos de modo claro e, com isso, conquistaram leitores fiéis.3. HIST?RIA DA CR?NICAComo gênero, a cr?nica tem raízes na história e na literatura. Durante o período das grandes descobertas, quando as pessoas ainda descobriam territórios misteriosos nos quatro cantos do mundo e se aventuravam nas explora??es marítimas, era comum haver sempre um cronista que acompanhava essas expedi??es. Sua fun??o era clara: narrar os acontecimentos de modo cronológico, organizado. Naquele momento, portanto, fazer uma cr?nica significava registrar, de modo fiel, uma série de fatos ordenados no tempo. A finalidade da cr?nica, nesse caso, era preservar a memória dos acontecimentos e, por isso, aproximava-se da história.Até o século XIX, era comum encontrar cr?nicas que apresentavam essa organiza??o básica. N?o se tratava, é claro, de registrar os acontecimentos de uma expedi??o, mas sim os fatos cotidianos. Grandes escritores brasileiros, como José de Alencar e Machado de Assis, celebrizaram-se como cronistas de seu tempo. Como os cronistas eram muitas vezes romancistas ou poetas, o parentesco da cr?nica com a literatura se estreitou.Aos poucos, porém, as cr?nicas foram sofrendo algumas modifica??es significativas. Em lugar, por exemplo, de registraram vários acontecimentos típicos de uma sociedade, os cronistas passaram a relatar um único fato (ou vários fatos que ilustrassem uma tendência comum e, a partir desse relato, a tecer comentários mais gerais sobre como o acontecimento apresentado podia ser interpretado.Quando essa transforma??o se consolidou, a cr?nica assumiu a estrutura e a finalidade que ainda hoje apresenta. Escrito para ser publicado em jornais, esse gênero discursivo se define por ser claramente opinativo. Em meio a notícias e reportagens, em que deve prevalecer uma perspectiva imparcial, a cr?nica oferece um contraponto para o leitor. Torna-se uma espécie de avesso da notícia: em lugar da objetividade e da imparcialidade que supostamente caracterizam aquele gênero, a cr?nica se define como subjetiva, opinativa, pessoal.4. LINGUAGEM DA CR?NICAA linguagem utilizada na cr?nica é marcada por certa informalidade. Como se trata de um texto para publica??o, espera-se que as regras do português escrito culto sejam seguidas, mas admite-se o uso de um registro mais informal da língua.Essa aparente contradi??o é facilmente explicada: por trazer sempre uma perspectiva fortemente subjetiva, a cr?nica configura-se como um gênero discursivo no qual se espera a presen?a de um “eu”. ? essa perspectiva mais pessoal que introduz alguns toques de informalidade ao texto.5. ESTRUTURA DA CR?NICAA estrutura da cr?nica n?o segue um padr?o fixo, mas apresenta algumas linhas gerais que costumam ser seguidas pela maior parte dos autores. Vamos analisá-la a partir do exemplo seguinte:Felicidade sem ilha deserta1.Eu estava num bar, sozinho. Uma garota se aproximou, cheia de patrocínios na 2.camiseta, e me deu o convite para uma festa, dizendo: “Cara, essa balada vai mudar 3.a sua vida.” Pensei um pouco com meus bot?es e respondi: “Ent?o eu n?o vou. N?o 4.quero que a minha vida mude.” Ela n?o entendeu, achou que eu estava tirando sarro 5.da cara dela e saiu distribuindo seus convites festivo-revolucionários entre as outras 6.mesas.7.Se ela quisesse ouvir, eu diria que estou feliz com a minha vida: namoro a 8.garota que eu amo, trabalho com o que mais gosto, moro numa casa com 9.churrasqueira e n?o tenho nenhuma doen?a. Claro, nem tudo é maravilhoso, mas 10.somando as minhas angústias com as minhas conquistas, minhas topadas de dedinho 11.do pé no batente da porta com meus primeiros goles de chope gelado, minhas horas 12.no tr?nsito com minhas horas na praia, e tirando a média, acho que sou feliz. N?o 13.sou bobo de achar que é mérito só meu a minha felicidade. Tive tudo a meu favor: 14.pais maravilhosos, comida boa, escola liberal, livrinhos, filminhos e disquinhos 15.coloridos, a bola oficial de cada copa, e, quando mesmo com tudo isso percebi que 16.n?o estava contente, meus pais me levaram a uma psicóloga para me ajudar com as 17.minhas angústias.18.A felicidade é uma conquista difícil. Difícil, mas n?o impossível nem t?o 19.distante de nossa realidade. O pensamento que deu origem à frase da garota da 20.festa parece ser o seguinte: a felicidade é o oposto do que vivemos. Isso se expressa 21.bem naquela ideia que temos do cara que ganha na loteria, larga TUDO e vai para 22.uma ilha deserta ser feliz. Que horror! Se para ser feliz é preciso largar TUDO, 23.ent?o NADA do que fazemos é legal?! Será que nossas vidas s?o mesmo esse 24.desastre? Acho que n?o. Claro, acho que nem todo mundo é feliz. Mas n?o acho que 25.para eles serem teriam que largar TUDO e mudar completamente.26.Acho que a felicidade está muito mais em conseguirmos ser felizes do jeito 27.que somos do que em mudar nosso jeito. N?o estou dizendo: contente-se com um 28.prato de feij?o com farinha por dia, pobre criatura, n?o reclame e tente ser feliz. 29.Acho que a gente tem que ter uma busca de m?o dupla: ao mesmo tempo em que 30.tentamos mudar o que achamos estar errado (em nós e no mundo), temos que tentar 31.nos adequar a quem somos e ao que temos.32.Só seremos felizes se estivermos contentes. Parece uma frase idiota, mas n?o 33.é. Você já parou para pensar na palavra contente? Vem do verbo conter. Seremos 34.felizes se nossa realidade for capaz de conter os nossos desejos. Se nossos anseios 35.forem muito maiores do que nossas possibilidades, estamos fritos. N?o podemos 36.entrar nessa de filminho bobo de Hollywood, em que basta querer muito que nossos 37.sonhos se realizam. Mentira! Sermos milionários, dez centímetros mais altos ou 38.viver sem termos que trabalhar n?o está ao nosso alcance. Ser feliz, sim, está. (PRATA, Ant?nio. Estive pensando. S?o Paulo: Marco Zero, 2003. P. 64-5)Vamos analisar a cr?nica lida:a) Linhas 1 até 6 – o ponto de partida para a cr?nica é uma observa??o ou experiência de caráter mais pessoal: no caso, o autor lembra do que foi prometido por uma mo?a que distribuía convites pra uma festa e a rea??o que teve a esse tipo de promessa.b) Linhas 7 até 17 – o 2?. parágrafo introduz, a partir da experiência pessoal do autor, aquele que será o tema da cr?nica: do que as pessoas precisam para serem felizes? Todas as informa??es subjetivas apresentadas ao longo do parágrafo come?am a construir uma base argumentativa para a extrapola??o que será feita no início do 3?. parágrafo.c) Linhas 18 até 25 – o 3?. parágrafo explica a conclus?o a que chegou o autor sobre a felicidade após usar a sua própria vida como base para reflex?o: n?o faz sentido que as pessoas precisem modificar completamente suas vidas para serem felizesd) Linhas 26 até 31 – depois de apresentar sua conclus?o sobre a felicidade, Ant?nio Prata procura explicar melhor o ponto de vista que defende: ser feliz significa aprender a conviver com as próprias características. O autor tem o cuidado de apresentar argumentos para deixar claro que n?o está adotando uma perspectiva ingênua nem defendendo a ideia de que é possível ser feliz sem o básico.e) Linhas 32 até 38 – no último parágrafo, o autor retoma a ideia central defendida ao longo de texto: a felicidade está ao alcance de todos. Para conquistá-la, basta que as pessoas abram m?o de fantasias mirabolantes e aceitem melhor seu próprio modo de ser.Exercícios: I. Leia a cr?nica abaixo e responda às quest?es.Na fila da liberdade? interessante notar as diferen?as em filas de um lugar para outro. Em Florianópolis, por exemplo, tanto nas filas de banco como nas de supermercados, as pessoas ficam conversando, com calma, esperando. Mesmo no Rio de Janeiro, enfrenta-se uma fila com mais humor.Em S?o Paulo, a fila é uma tortura. A fila é triste e interminável. Parece que, se fosse possível, a gente mataria aqueles quatro ou cinco que est?o na nossa frente. E, se alguém conversa com alguém, o assunto é a própria fila. Uns chegam a dizer palavras chulas. Xingam, como se a culpa fosse da pobre mocinha que está do outro lado da fila, muito mais aflita que os filenses.Pois foi numa dessas filas que o fato se deu.Era uma bela fila de umas dez pessoas. E em supermercado, com aqueles carrinhos lotados, a gente ali olhando a mocinha tirar latinha por latinha, rolo por rolo de papel higiênico, aquela coisa que n?o tem fim mesmo. E naquela fila tinha um garotinho de uns 10 anos, que existe apenas uma palavra para definir a figurinha: um pentelho. Como muito bem define o Houaiss: “Pessoa que exaspera com sua presen?a, que importuna, que n?o dá paz aos outros.”Pois ali estava o pentelhinho no auge de sua pentelha??o. Quanto mais demorava, mais ele se aprimorava. E a m?e, ao lado, impassível. Chegou uma hora que o garoto come?ou a mexer nas compras dos outros. Tirava leite condensado de um carrinho e colocava no outro. Gritava, ria, dava piruetas. Era o reizinho da fila. E a m?e, n?o era com ela.Na fila ao lado (aquela de velhos, deficientes e grávidas), tinha um casal de velhinhos. Mas velhinhos mesmo, de m?os dadas. Ali pelos 80 anos. A velhinha, n?o aguentando mais a situa??o, resolveu tomar as dores de todos e foi falar com a m?e. Que ela desse um jeito no garoto, que ela tomasse uma providência. No que a m?e, de alto e bom tom:– Educo meu filho assim, minha senhora. Com liberdade, sem repress?o. Meu filho é livre e feliz. ? assim que se deve educar as crian?as hoje em dia.A velhinha ainda amea?ou dizer alguma coisa, mas se sentiu antiga, ultrapassada. Voltou para a sua fila. Só que n?o encontrou o seu marido, que havia sumido.N?o demorou muito e ele voltou com um gal?o de água de cinco litros. Calmamente ele se aproximou da m?e do pentelho, abriu o gal?o e entornou tudo na cabe?a da mulher.O velhinho colocou o vasilhame (que palavra antiga) no seu carrinho e, enquanto a mulher esbravejava e o pentelho morria de rir, disse bem alto:– Também fui educado com liberdade!!!Foi ovacionado. (PRATA, Mario. O Estado de S.Paulo, 16/7/2004)1. A cr?nica é um gênero textual que oscila entre literatura e jornalismo e, antes de ser reunida em livros, costuma ser veiculada em jornal ou revista. Os assuntos abordados pelas cr?nicas costumam ser fatos circunstanciais, situa??es corriqueiras do cotidiano, episódios dispersos e acidentais, como, por exemplo, um flagrante de esquina, o comportamento de uma crian?a ou de um adulto, um incidente doméstico etc. Qual é o assunto abordado na cr?nica lida?______________________________________________________________________2. A cr?nica quase sempre é um texto curto, com poucas personagens, que se inicia quando o fato principal da narrativa está por acontecer. Por essa raz?o, nesse gênero textual, o tempo e o espa?o s?o limitados.a) Como se inicia a cr?nica lida?____________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Quais s?o as personagens envolvidas na história?______________________________________________________________________c) Onde ocorre o fato?______________________________________________________________________d) Qual é, aproximadamente, o tempo de dura??o desse fato?______________________________________________________________________3. Em uma cr?nica, o narrador pode assumir qualquer aspecto. Qual é o tipo de narrador na cr?nica “Na fila da liberdade”?______________________________________________________________________4. O cronista costuma ter a aten??o voltada para fatos do dia a dia ou veiculados em notícias de jornal e os registra com humor, sensibilidade, crítica e poesia. Com base nessa informa??o, conclua: que objetivo as cr?nicas têm em vista?a) Informar os leitores de um jornal sobre um determinado assunto.b) Entreter os leitores e, ao mesmo tempo, levá-los a refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos.c) Dar instru??es aos leitores.d) Tratar cientificamente um assunto.e) Argumentar, defender um ponto de vista e persuadir o leitor.5. Observe a linguagem da cr?nica em estudo:a) A cena do supermercado é narrada de forma impessoal e objetiva, isto é, em linguagem jornalística, ou de forma pessoal e subjetiva, ou seja, em linguagem literária?____________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Quanto à linguagem, essa cr?nica está mais próxima do noticiário de jornais ou revistas ou mais próxima de textos literários?______________________________________________________________________c) Que nível (registro) de linguagem a cr?nica adota?______________________________________________________________________6. Como a maioria dos gêneros ficcionais, a cr?nica pode ser narrada no presente ou no pretérito. Na cr?nica em estudo, o autor emprega o presente do indicativo nos dois primeiros parágrafos e o pretérito perfeito do indicativo nos demais parágrafos. Justifique esse procedimento.____________________________________________________________________________________________________________________________________________II. Leia a cr?nica que segue e responda às quest?es:Recado ao senhor 903Vizinho:Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi, outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclama contra o barulho em meu apartamento. Recebi, depois, a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclama??o verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira raz?o. O regulamento do prédio é explícito e, se n?o o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como n?o sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atl?ntico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números s?o comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atl?ntico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perd?o; ao meu apartamento) será convidado a se retirar às 21h45 e explicarei: o 903 precisa repousar das 22h às 7h, pois às 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconhe?o que ela só pode ser tolerável quando um número n?o incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Pe?o-lhe desculpas – e prometo silêncio.Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, s?o três horas da manh? e ouvi música em tua casa. Aqui estou.” E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come de meu p?o e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela.”E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre amigos e amigas do vizinho, entoando can??es para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz. (BRAGA, Rubem)1. Resultado da vis?o pessoal do cronista, a cr?nica relata, normalmente, um fato colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano.a) Que fato desencadeou essa cr?nica?______________________________________________________________________b) Esse fato pertence ao noticiário do jornal ou ao cotidiano?______________________________________________________________________2. Essa cr?nica pode ser dividida em duas partes. Na primeira, o cronista se desculpa pelo barulho, dando raz?o ao vizinho e prometendo silêncio. A segunda parte come?a em “Mas que me seja permitido” e termina em “a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”a) Na primeira parte, ao mostrar a redu??o dos homens a números, o que o cronista critica?____________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Apesar da promessa de silêncio, o cronista n?o se encaixou “no limite de seus algarismos.” Que palavra da segunda parte mostra isso e qual é seu valor sem?ntico?____________________________________________________________________________________________________________________________________________c) Na segunda parte, quase todos os verbos est?o empregados no modo subjuntivo. No contexto, o que esse modo verbal exprime?______________________________________________________________________3. Que nível (registro) de linguagem foi utilizado para a reda??o da cr?nica?______________________________________________________________________4. Como o cronista dá seu recado, de forma impessoal e objetiva, numa linguagem jornalística, ou de forma pessoal e subjetiva, numa linguagem poética?PROPOSTA DE REDA??OUEG (GO)Em sentido atual, cr?nica é uma narrativa que se caracteriza por basear-se em considera??es do cronista a respeito de fatos correntes e marcantes do cotidiano. Em torno desses fatos, o cronista emite uma vis?o subjetiva, pessoal ou crítica. Tendo em vista essa defini??o de cr?nica, imagine a seguinte situa??o.Em uma manh? ensolarada, de muito calor, você tem que enfrentar uma enorme fila para pagar uma compra em um supermercado. Nessa fila, est?o pessoas nas mesmas condi??es de espera, ou seja, com pressa para atender compromissos. De repente, uma pessoa tanta “furar” a fila, alegando que está atrasada e precisa passar à frente de todos.Escreva uma narrativa em 1?. pessoa, dentro do gênero cr?nica, usando a seguinte forma de composi??o predominante: narra??o com exposi??o e diálogo. Dê um final inesperado para o conflito.CAP?TULO 4RESUMO E RESENHA DE TEXTOS NARRATIVOS1. RESUMOResumo é uma condensa??o fiel das ideias contidas no texto. Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial, sem perder de vista três elementos:a) cada uma das partes essenciais do texto;b) a progress?o em que elas se sucedem;c) a correla??o que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.O resumo é, pois, uma redu??o do texto original, procurando captar suas ideias essenciais, na progress?o e no encadeamento em que aparecem no texto.Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso, n?o cabem, num resumo, comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado.Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espécie de “colagem”. Essa “colagem” de fragmentos do texto original n?o é um resumo. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reprodu??o de frases do texto, em geral, atesta que ele n?o foi compreendido.Portanto, para procedermos ao resumo de textos narrativos, devemos encontrar o equilíbrio, o conflito, a tentativa de solu??o e o desfecho de tais textos. Após isso, podemos ser bastante sintéticos, isto é, traduzir cada um desses elementos em um período curto, sem detalhes, ou, se preferirmos, podemos destacar tais elementos e acrescer-lhes informa??es, obviamente contidas no texto. Tudo depende do propósito do resumo.2. RESENHA Resenhar significa fazer uma rela??o das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunst?ncias que o envolvem.A resenha nunca poder ser completa e exaustiva. O resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma inten??o previamente definida. Com efeito, a import?ncia do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta.A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem qualquer julgamento ou aprecia??o do resenhador, ou crítica, pontuada de aprecia??es, notas e correla??es estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.Portanto, há dois tipos de resenha: descritiva e crítica. Vejamos cada uma delas.2.1. Resenha descritivaA resenha descritiva consta de:a) Uma parte descritiva (geralmente, 1o. parágrafo) em que se d?o informa??es sobre o texto: – nome do autor ou autores;– título completo e exato do texto;– nome da editora e, se for o caso, da cole??o de que faz parte a obra;– lugar e data da publica??o;– número de volumes e páginas;– quaisquer outros dados que o resenhador julgar relevantes.b) Uma parte com o resumo da obra (do 2o. ao último parágrafo, ficando o número de parágrafos a critério do resenhador). N?o se pode esquecer de que o resumo de um texto narrativo deve apresentar seus elementos essenciais: equilíbrio, conflito, tentativa de solu??o e desfecho.2.2. Resenha críticaA resenha crítica consta de:a) Uma parte descritiva (geralmente, 1o. parágrafo) em que se d?o informa??es sobre o texto:– nome do autor ou autores;– título completo e exato do texto;– nome da editora e, se for o caso, da cole??o de que faz parte a obra;– lugar e data da publica??o;– número de volumes e páginas;– quaisquer outros dados que o resenhador julgar relevantes.b) Uma parte com o resumo da obra (do 2o. ao penúltimo parágrafo, ficando o número de parágrafos a critério do resenhador). N?o se pode esquecer que o resumo de um texto narrativo deve apresentar seus elementos essenciais: equilíbrio, conflito, tentativa de solu??o e desfecho.c) Uma parte (geralmente, o último parágrafo) em que o resenhador tece comentários e julgamentos sobre as ideias do autor, o valor da obra etc. Se o resenhador quiser, esses comentários podem aparecer diluídos na resenha, ou seja, conforme os fatos v?o sendo resumidos, ou podem concentrar-se no último parágrafo da resenha.TEXTOS PARA RESUMO E RESENHA CR?TICAa) VantagemO homem vinha contornando a Lagoa Rodrigo de Freitas, pensando no banho morno e na cama. Chegava a sentir na pele suada o abra?o da água do banho; nas costas, a frescura do len?ol da cama. Dirigia devagar, numa velocidade que ajudava a sonolência, pois n?o precisava ficar muito atento. ?quela hora, onze e meia da noite, nem precisava prestar muita aten??o; o pouco movimento da avenida permitia divaga??es de um homem cansado em torno do tema banho-cama. Entrou na sua rua, passou pela padaria ainda aberta, pensou em comprar um sorvete para sua mulherzinha grávida, mas o cansa?o falou mais forte do que o carinho. Chegou ao edifício, guardou o carro na garagem, fechou, entrou no elevador, apertou o bot?o do quarto andar, abriu a porta do apartamento e sentiu-se, apesar de fatigado, feliz. Ouviu a voz da mulher.– Estou aqui, bem.Uma mulher nova, linda, grávida e sua. A voz vinha da sala de TV. Foi até lá, beijou-a de levezinho nos lábios, olhou o título do livro que ela lia e falou:– Bom, vou tomar um banho. Estou morto de cansado.– Escuta, bem, você n?o se importa? Eu estava aqui morrendo de desejo, esperando só para isto: vai comprar um sorvete para mim, vai?– Ah, essa n?o! De jeito nenhum. Deixa para amanh?, bem.E saiu para n?o ouvi-la insistir. Abriu o chuveiro, foi tirando a roupa enquanto ouvia o barulho gostoso da água, entrou no banho. Aaaah! Mas o prazer completo do banho fora estragado pelo pedido da mulher – ele sabia e tentava ainda fingir que n?o. Outras vezes já dissera a ela que essa história de desejo era inven??o de mulher grávida, ela contradizia que ele nunca tinha ficado grávido para saber. Terminou o banho, sentindo frustrado aquele primeiro prazer.A mulher continuava na sala de TV e de lá vinham solu?os espa?ados, como suspiros. Ela chorava, constatou com pregui?a, com a revolta calma de quem vai ter de ceder para evitar um desgosto maior. Na cabe?a, adiou o prazer da cama. A vida de casado é feita de renúncias, pensou.Em vez de pijama, vestiu camisa limpa, cal?a, sem a cueca, justificando-se: é só um pulinho até a padaria, dando-se como compensa??o aquela pequena ruptura de normas. Cal?ou chinelos, botou a carteira no bolso de trás, passou pela sala de TV, acariciou rapidamente os cabelos da mulher e saiu. As mulheres grávidas ficam manhosas, pensou, gostam de valorizar a barriga. E elas n?o precisam disso. A gente já vive diminuído com esse poder delas. Consolou-se: só faltam três meses.A raiva, a revolta, o quase ódio que sentiu contra ela e a barriga nasceram a pouco mais de cem metros do prédio, na rua deserta, quando um homem louro, fedendo a suor e cerveja apontou um revólver para sua barriga.– Passa o dinheiro.– N?o tenho, n?o trouxe. Olha aí, saí de casa de chinelos só para pegar um sorvete na padaria para minha mulher. Eu tenho conta lá. Ela está esperando menino, está com desejo. Olha aí, saí até molhado.O assaltante olhou os cabelos do homem, os pés. No rosto de barba por fazer, a hesita??o diante do inesperado. Talvez a cerveja o tornasse mais lento. Decidiu-se:– Me dá essa roupa.O homem hesitou. No bolso de trás estava a carteira com todo o dinheiro do aluguel. E n?o sabia o que era pior: a perda do dinheiro ou o ridículo de ficar inteiramente nu no meio da rua, sem cueca.– Tira logo a roupa!O revólver n?o admitia hesita??es. Aguentou calado, humilhado. O assaltante também tirava a roupa, atento, um jeans surrado e encardido que n?o via água há muito tempo, camiseta do Vasco, e foi vestindo a do homem, sem se descuidar do revólver, cal?as de butique, camisa de colarinho cheirando a sabonete. Desprezou os chinelos, enfiou de novo o par de tênis. Lá da esquina come?aram a vir sons de vozes, dois homens se retiravam ruidosos da padaria. O homem quis gritar por socorro, o assaltante percebeu e apontou a arma para sua cabe?a. Morto e nu, essa n?o. Procurou ver, aflito, se os homens vinham na sua dire??o, e quando olhou de novo o bandido já se afastava, correndo. Ia correr nu atrás do homem, arriscando levar um tiro? Gritar, nu, por socorro? Impotente, poupando-se da nova humilha??o, enfiou às pressas as cal?as que o assaltante deixara no ch?o e correu para o prédio. Pegou direto o elevador, segurando o impulso de esmurrá-lo com raiva, saiu e realizou o desejo de esmurrar batendo na porta do próprio apartamento, gritando o nome da mulher, ansioso por jogar-lhe na cara: viu, a culpa é sua! Ela abriu, surpresa e assustada diante da barulheira insólita àquela hora da noite.– Olha aí, sua idiota, o que foi me arranjar! Me assaltaram!Explicou exaltado o acontecido, colocando todo o drama de história na perda do dinheiro do aluguel, na impossibilidade de pagar o apartamento.– Por sua culpa!A briga amea?ava tornar-se definitiva.– Para de gritar como um idiota e tira logo essa imundície do corpo.O casamento foi salvo quando ele tirou as cal?as que foram do bandido e, com nojo, pegando-as pela barra com dois dedos para jogar no lixo, viu cair do bolso de trás um bolo de notas altas de reais e de dólares, muito mais do que o dobro do dinheiro do aluguel. Com certeza, produto de outros roubos. (?NGELO, Ivan. O ladr?o de sonhos e outras histórias. S?o Paulo: ?tica, 1994. p. 22)b) AdolescênciaJander tinha 14 anos, a cara cheia de espinhas e, como se n?o bastasse isso, inventou de estudar violino.– Violino?! – horrorizou-se a família.– ?.– Mas Jander...Sempre que era contrariado, Jander se atirava no ch?o e come?ava a espernear. Compraram um violino para ele. Jander dedicou-se ao violino obsessivamente. Ensaiava dia e noite. Trancava-se no quarto para ensaiar. Mas o som do violino atravessava portas e paredes. O som do violino se espalhava pela vizinhan?a. Um dia, a porta do quarto de Jander se abriu e entrou uma mo?a com um copo de leite.– Quié? – disse Jander, antipático como sempre.– Sua m?e disse que é para você tomar este leite. Você quase n?o jantou.– Quem é você?– A nova empregada.Seu nome era Vandirene. Na quadra de ensaios da escola era conhecida como "Vandeca Furac?o". Ela colocou o copo de leite sobre a mesa de cabeceira, mas n?o saiu do quarto. Disse:– Bonito, seu violino.E depois:– Me mostra como se segura?Depois a vizinhan?a suspirou aliviada. N?o se ouviu mais o som do violino aquela noite. O pai de Jander reuniu-se com os vizinhos.– Parece que deu certo.– ?.– N?o v?o esquecer o nosso trato.– Pode deixar.No fim do mês, todos se cotizaram para pagar o salário da Vandirene. A m?e de Jander n?o ficou muito contente. Pobre do menino. T?o mo?o. Mas era a Vandirene ou o violino.– E outra coisa – argumentou o pai de Jander. – Vai curar as espinhas. (VER?SSIMO, Luís Fernando. Novas comédias da vida privada) ................
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