Capítulo I – NILSON LOMBARDI



UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Sociais e Comunicação

Campus Sorocaba

Curso: Letras

“NILSON LOMBARDI: UMA VIDA DE MÚSICA”

Julio César APARECIDO

Rodrigo de Morais SILVA

SOROCABA

2006

UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Sociais e Comunicação

Campus Sorocaba

Curso: Letras

NILSON LOMBARDI: UMA VIDA DE MÚSICA

Julio César APARECIDO

Rodrigo de Morais SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte das exigências para obtenção do título em Licenciatura e Habilitação em Tradutor Português / Inglês à Banca Avaliadora do Instituto de Ciências Sociais e Comunicação Universidade Paulista.

Prof.º Ms. Alexandre Blaitt.

SOROCABA

2006

UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Sociais e Comunicação

Curso de Letras

Banca Examinadora:

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Sorocaba

2006

Aos Pais e Familiares

O amor tem nuances que apenas o amor pode explicar. Permitiram-nos nossos pais a vida por amor. Emprestaram-nos sua boca para que pudéssemos falar, seus pés para que pudéssemos andar, seu amor para que pudéssemos existir e, como se a existência fosse pouco, deram parte de suas próprias vidas para que nossa existência tivesse algum sentido. Hoje, apesar de pensarmos saber bastante, não aprendemos ainda algo que seja suficiente e possa substituir o simples muito obrigado.

Aos Amigos e Colegas

Ao meu amigo Julio César, Dona Enedir, o grande Alexandre Lombardi e nosso orientador Prof.º Alexandre Blaitt, e a todos que fazem ou fizeram parte de nossas vidas. No início, unidos por um objetivo comum. Recuados, desconfiados, aos poucos a convivência foi nos aproximando, encantando. Sempre colegas, soubemos conviver e respeitar-nos. Lutamos, sobrevivemos, crescemos... Acima de tudo como seres humanos. E, por tudo, a saudade há de ficar.

Aos Mestres

Ser mestre não é apenas lecionar, ensinar não é apenas transmitir o conteúdo literal. Ser mestre é ser orientador e amigo, guia e companheiro, é caminhar com o aluno passo a passo. É transmitir a este os segredos da caminhada. Ser mestre é exemplo de dedicação, de doação, de dignidade pessoal e de amor. O agradecimento sincero aos mestres e amigos, aos somente mestres, e àqueles que, com seus problemas e dores humanas, não foram amigos e nem mestres, mas que também passaram por nós. Nosso respeito, nosso afeto.

AGRADECIMENTOS

Que seja a Deus meu primeiro e mais importante obrigado, por ter nos dado forças para alcançar os meus objetivos.

Ao meu pai e minha mãe que sempre nos apoiou no decorrer da vida acadêmica e, são a razão da minha existência e do meu viver, que nos ensinou as coisas mais importantes da vida e a ser uma pessoa melhor.

À minha irmã Erica e meu irmão Daniel, minha noiva Mantiz (a quem amo e é o grande amor da minha vida) e meu amigo Julio César (companheiro de trabalho), que sempre incentivou e estava junto comigo batalhando para a realização deste trabalho.

À minha querida avó Tereza (in memorian) que me ensinou o significado das palavras: esforço, trabalho e humildade; e deixou saudade a todos.

Ao meu avô Zacarias e minha avó Guiomar que sempre ensinou como são importantes os laços familiares.

À família do grande músico e compositor Nilson Lombardi, seu sobrinho-filho Alexandre Lombardi e Dona Enedir, que inexplicável são as palavras para agradece-los, pois sempre estiveram prontos a nos ajudar em toda buscas e pesquisas, sempre nos tratando com respeito e alegria, nos incentivando.

Aos músicos Luis Fernando Lobo Rosa e Emanuela Saccomano, que também foram grandes colaboradores na nossa caminhada.

À Coordenação que sempre esteve disposta a atender as exigências, ao longo deste curso.

Ao meu professor Alexandre Blaitt que, com paciência, nos orientou.

E também a professora Isabela Ruberti que nos ajudou efetivamente em toda elaboração do nosso TCC e, ainda orientou-nos no desenvolver do trabalho juntamente com o nosso orientador.

Ao próprio Nilson Lombardi, por ter nos dado a honra de fazer este trabalho, no qual com certeza deixam todos boquiabertos com tamanha beleza em suas composições e obras.

E, finalmente ao meu grande amigo e músico (violoncelista) Jéferson Perez, que foi quem me incentivou a fazer este trabalho desde o início.

Rodrigo de Morais Silva

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu forças para caminhar nesse meu período de estudos na Universidade. Em segundo lugar, aos meus pais “Vitório e Sônia” e, ao meu irmão Paulo, que me incentivaram e me apoiaram em todos os momentos.

Ao meu companheiro de trabalho (Rodrigo), que é uma pessoa sensacional e com um coração grandioso e, não menos importante, o nosso querido professor orientador Alexandre Blaitt, que sem dúvida nenhuma contribuiu muito para o nosso trabalho.

E, finalmente a Dona Enedir e ao seu filho Alexandre Lombardi que nos receberam muito bem e nos ajudaram e apoiaram desde o início deste trabalho.

Julio César Aparecido

“O nosso papel enquanto educadores, no fundo é fazer com que exista uma sociedade com um pouco mais de vida. Se isso for possível amanhã, é porque hoje nós fizemos alguma coisa”.

Moacir Gadotti

RESUMO

Nilson Lombardi é um compositor que teve sua infância totalmente ligada à música, pois nasceu em uma família de músicos amadores. O compositor cresceu ouvindo as cantilenas do povo interiorano e, esses sons foram inspiradores, mais tarde, em suas composições.

Foi à avó do compositor que marcou sua infância, pois ele perdeu sua mãe quando criança e, sendo assim sua avó foi uma das principais incentivadoras para que ele seguisse a carreira musical.

Nilson formou-se no Conservatório Paulista, o que também lhe dava o direito de lecionar e, nesse mesmo ano teve um encontro com um dos maiores compositores que conheceu e, que deu um brilho e o fez dedicar-se ainda mais na sua carreira de compositor.

Nilson foi contemplado com uma bolsa para estudar com o compositor Camargo Guarnieri e, desde então pode conhecer toda a bagagem musical do compositor e, ao término do período da bolsa, propôs junto com alguns amigos que o compositor Guarnieri continuasse a lhes dar aulas particulares e, a partir de então Nilson Lombardi e Camargo Guarnieri tornaram-se grandes amigos.

Lombardi praticamente dedicou-se a todos os tipos de composições, e também lecionou em Conservatórios e Escolas Estaduais.

Em toda produção de Lombardi, notamos a criação ordenada de forma a causar no ouvinte o que a concepção da obra, anterior a ela mesma, causa até mesmo nele próprio.

Considerado no meio musical como compositor de peças curtas e também considerado um gênio, foi detentor de diversos prêmios e conquistou uma carreira internacional, onde músicos de renome levaram as suas obras para outros países e em todos suas obras foram recebidas com honras e glórias por jornais e críticos.

SUMÁRIO

Resumo.............................................................................................................

Introdução..........................................................................................................

I CAPÍTULO

Notas de um compositor...................................................................................

II CAPÍTULO

As origens e inspirações do compositor sorocabano.......................................

1. Obras publicadas.........................................................................

III CAPÍTULO

Obras, prêmio e eventos importantes..............................................................

1. Obras completas de Nilson Lombardi........................................

2. Obras incompletas.....................................................................

3. Prêmios......................................................................................

4. Eventos importantes..................................................................

Considerações Finais.....................................................................................

Referências Bibliográficas..............................................................................

Anexos...........................................................................................................

INTRODUÇÃO

O presente trabalho fala sobre um músico e compositor de carreira internacional e que foi detentor de diversos prêmios e, que colocou o nome de sua terra natal (Sorocaba) no cenário da música tanto nacional como internacional.

O objetivo da nossa pesquisa é divulgar o nome desse compositor que é consagrado no meio musical e que ainda é desconhecido por muitos na sua cidade natal, acreditamos que muitos ainda passam do lado do compositor e, não sabem que ali está um ícone da música erudita nacional e internacional. Ainda com tantos critérios que acentuam ao seu favor, podemos tratá-lo como um simples cidadão, gênio sim é verdade, mas sempre humilde.

Sempre levou consigo o nome de sua cidade aos lugares onde freqüentava, sempre a engrandecendo.

O trabalho é composto por três capítulos. No primeiro capítulo colocamos notas do compositor, seria na verdade uma breve biografia de Nilson Lombardi, onde falamos da sua infância, das dificuldades em conseguir comprar seu primeiro piano, de estudar e ainda projetar-se no mercado musical.

Já no segundo capítulo mostramos um pouco sobre as origens e as inspirações do compositor, colocando algumas das influências que foram grandes mediadoras para as suas composições e, também as principais obras que foram publicadas e, bem como seu papel no cenário mundial e internacional.

E, finalmente para fortificar o nosso trabalho, no terceiro e último capítulo, colocamos o nome de suas obras completas e incompletas. Destacamos os principais prêmios que recebeu e os principais eventos que participou e que foram também de suma importância para a sua carreira.

CAPÍTULO I

NOTAS DE UM COMPOSITOR

No dia 03 de Janeiro de 1926, Sorocaba acabava de conhecer um menino que um dia colocaria o nome da cidade e da música erudita[1] no cenário mundial, deixaria muitos boquiabertos mediante sua capacidade de criação, de composição que um dia colocaria em prática.

Nilson Lombardi teve uma infância ligada à música, pois nasceu em uma família de músicos amadores e desde então teve contato com diversos instrumentos e ritmos populares. Em sua infância cresceu ouvindo as cantinelas do povo interiorano, estes sons mais tarde inspiraram muitas de suas composições e, essa foi uma das suas principais influências.

Nilson até então adorava tocar violão, e sempre ouvia uma prima repetir no piano as lições recebidas no Colégio Santa Escolástica, pois ela morava na casa ao lado e, ele sempre ouvindo o martelar das teclas. Numa tarde, ainda menino, dedilhou pela primeira vez o instrumento e percebeu que tinha jeito para tocar.

A família Lombardi morava próxima a Igreja Catedral que na época era o local onde ocorria manifestações religiosas e folclóricas. E, ele adorava assistir às retretas[2] e seguir as procissões, sempre atraído pelo tom vibrante da música. Ainda assim, passou praticamente toda sua adolescência longe da música, pois acreditava que sua obrigação era trabalhar fora para auxiliar nas contas da casa. Sua família nunca foi rica e, por isso ele tinha vergonha de não ajudar com as despesas de alguma maneira.

Nilson cresceu órfão de mãe, pois Dona Estela, faleceu quando ele tinha apenas três anos e, desde então foi criado pelo pai e pela avó paterna (Dona Ana), sendo duas personalidades generosas que dominaram a infância de Nilson. Dona Ana Guiliano Lombardi marcou muito a infância do compositor: cuidava, aconselhava e, principalmente, o incentivou a abraçar sua carreira.

Lombardi foi telegrafista da Estrada da Ferro Sorocabana dos quinze aos dezenove anos e, até pouco tempo atrás ainda lembrava-se do código telegráfico. Essa memória privilegiada o livrava de anotar números de telefone, pois os decorava com facilidade, também o ajudou a decorar sinfonias inteiras nos diversos recitais que apresentou ao longo da vida. Ele só começou a fazer aulas de piano com dezenove anos, mas sua vida era dividida entre o trabalho e os estudos.

Inicialmente Nilson começou a fazer aulas com o padre José Zanollae e, a seguir com a professora Maria Oliveira Cordeiro, diretora da Escola Chiafarelli.

Não era fácil sua vida, pois assim que saiu da Sorocabana, começou a trabalhar na casa Westinghouse, que ficava na Rua Quinze de Novembro, Centro de Sorocaba, onde cuidava da correspondência e, depois foi contato comercial da Antiga companhia de cigarros Castelões, atual Souza Cruz durante três anos.

Com 20 anos, Nilson ainda não possuía seu próprio instrumento e, coube a um parente, o radialista e comerciante Freitas Júnior, emprestar o instrumento ao jovem aprendiz, pois possuía um piano no saguão de uma de suas lojas. A partir daí, ele tocava pelo menos duas horas por dia no piano emprestado, até que sua família pudesse comprar o instrumento.

Aos 22 anos, Nilson juntou tudo o que pôde economizar do salário da Castelões e adquiriu seu primeiro piano alemão e, junto com o piano acontecia à realização de um sonho da adolescência, com o prenúncio de outros sonhos e realizações. Seu pai, percebendo que o destino do rapaz estava escrito nas pautas da música, o dispensou do trabalho e disse: “Vá para São Paulo, faça os cursos que quiser”.

Livre de mais ocupações e seguindo o conselho do pai, foi para a Capital e cursou o Instituto Musical de São Paulo e o Conservatório Paulista de Canto Orfeônico. O dia 12 de Janeiro de 1954, ficou marcado para sempre na lembrança dele, pois foi nesse dia que ele subiu ao palco do auditório Chiafarelli, em Sorocaba, com a mestra Maria de Oliveira Cordeiro, para apresentar o Concerto em Lá Menor para Piano e Orquestra, Op. 54, de Schumann. O concerto foi executado em dois pianos e transmitido pela Rádio Clube de Sorocaba.

Em 1954, formou-se no Conservatório Paulista, que lhe permitia lecionar e, também nesse mesmo ano teve um encontro decisivo com o maestro e compositor Mozart Camargo Guarnieri, onde já compunha algumas pequenas peças aleatoriamente e já tinha admiração pelo trabalho de Camargo Guarnieri e, foi quando viu na Gazeta um anúncio em que o maestro oferecia seis bolsas de estudo para um curso de composição musical, com duração de seis meses, no Conservatório Dramático e Musical da Avenida São João.

Nilson foi contemplado com uma das bolsas e pôde conhecer todo o descortino[3], a bagagem musical de Guarnieri e, ao final do curso, com alguns colegas de conservatório, propuseram ao mestre que continuasse a lhes dar aulas particulares e, sendo assim o maestro concordou. A partir daí, os dois se tornaram amigos próximos, primeiro como aluno e professor, depois como amigos, sendo até a morte de Guarnieri em Janeiro de 1993.

No ano de 1956, dirigiu o Coral Universitário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba. Já em 1957, esteve à frente do Coral do Centro Cultural Brasil – Estados Unidos. Em 1958, juntamente com William Fabri, organizou a Orquestra Juvenil de Sorocaba, da qual foi o regente.

Nilson é um dos grandes nomes da Escola Camargo Guarnieri. Ele também foi professor. E, no mesmo ano que organizou a Orquestra Juvenil junto com William Fabri, também ingressou por concurso no Magistério Estadual e passou a dividir seu tempo entre os estudos com Camargo Guarnieri e as aulas na rede estadual. A princípio em Guararapes, na região da Grande São Paulo e posteriormente em São Roque e Sorocaba.

Nilson se intitulava como solteirão convicto e teve várias composições dedicadas para mulheres, mas também dedicou a seus grandes amigos músicos e entes queridos.

Em 1960, com o “Ciclo Miniatura”, “Toada”, “Chorinho”, “Acalanto”, “Valsa” e “Baião”, Nilson ganhou o primeiro prêmio no Concurso de Composição Musical para Piano. O prêmio acabou projetando nacionalmente e ligou seu nome às peças curtas. Nunca escondeu sua preferência pelas miniaturas.

O compositor dedicou-se praticamente a todos os tipos de composição.

Eudóxia de Barros,uma das maiores pianistas brasileiras, divulgou toda uma geração de novos autores e Nilson estava entre eles. Pelas mãos de Eudóxia, Nilson chegou ao vinil e às salas de concerto mais distantes, tanto em suas incursões pelo interior brasileiro quanto nas turnês pelo exterior.

Na Capital, em 1961, Nilson ajudou a fundar a Sociedade Pró-Música Brasileira. A década de 60 foi de conquistas e, enquanto o prestígio de Nilson Lombardi se consolidava através de prêmios como o da Comissão Paulista de Folclore com o 1º lugar em 1963 e a partir daí outros intérpretes viam-se fascinados pelo trabalho do compositor.

Em 1964, Nilson começou a dar aulas no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, de Tatuí, onde atuou por dez anos, paralelamente às aulas nas escolas estaduais.

Em 1966, Eudóxia apresentou em Washington o Ponteio N.º 3, peça curta de um minuto que foi dedicada a ela, que cuja execução levou o Washington Post a escrever em 13/05/1966 a seguinte nota: “Lombardi deserves a second hearing”, que é algo como “Lombardi merece ser ouvido novamente” e também elogiou os ritmos atraentes, que emergem de um movimento sonoro constante.

Na década de 70, o pianista Attílio Mastrogiovanni, o organista Orlando Retroz e o violonista Pedro Cameron gravaram obras de Nilson Lombardi. Entre os jovens que se embeveceram com os trabalhos de Nilson Lombardi na mesma década, estava um rapaz magro, tímido e carismático, que também tinha a admiração por Debussy, à ascendência italiana e o fato de ser sorocabano, onde ambas as qualidades coincidem com as de Nilson. Fábio Luz iniciou sua carreira de músico em Sorocaba e, foi uma carreira que logo se tornou internacional e, em suas bagagens sempre apresentava muitas partituras de Nilson Lombardi.

Fábio foi premiado na França e mudou-se definitivamente para a Europa, onde reside até os dias atuais, realizando recitais periódicos. E, em certo dia Nilson Lombardi estando em Madri, para realizar pesquisas no Conservatório de Madri, sobre autores espanhóis e Debussy, recebeu um telefonema de Fábio que o chamava até Paris urgente, pois iria tocar suas peças no outro dia em Paris. Lombardi foi correndo, teve a oportunidade de rever o amigo e intérprete de suas músicas e assistiu ao recital e ainda acolheu os aplausos da platéia parisiense, aproveitando para realizar suas pesquisas também em Paris.

Do ano de 1968 a 1972, Nilson Lombardi foi delegado de Cultura em Sorocaba, promovendo na cidade uma safra impressionante de recitais e concertos, sendo muitos deles internacionais.

Nilson Lombardi, como já citamos, foi professor do ensino público estadual, ingressando através de concurso e após passagens por várias escolas, em 1975, novamente por concurso, tornou-se professor de Estrutura da Linguagem Musical no Instituto de Artes da UNESP, que levava o nome de Faculdade de Música Maestro Julião, onde lecionou mais de vinte anos.

No dia 08 de Agosto de 1976, o jornalista do Diário Popular, José da Veiga Oliveira citou Nilson Lombardi e engrandeceu o seu trabalho dizendo:

“A qualidade fundamental de Nilson Lombardi é o dom melódico. Sua pianística é basicamente vocal. O pianista canta brasileiramente, num lirismo de irresistível encanto.”

No mesmo dia, do mesmo ano Carlos Vergueiro[4] resumiu Nilson em poucas palavras:

“(...) é inspirado e simples em suas exposições temáticas e harmônicas.”

(Jornal “O Estado de São Paulo”, 08/08/1976)

Um ano após, em uma outra oportunidade o saudoso crítico Caldeira Filho[5] disse de Lombardi:

“O autor sabe desenvolver e sabe modular, jogar com as cores sonoras.”

(Jornal “O Estado de São Paulo”, 27/11/1977)

No mesmo ano, a Miniatura N.º 5 de Lombardi fez parte da trilha sonora de uma novela por nome de “Nina”, sendo que a mesma peça serviu como fundo musical de uma propaganda de televisão. Na época, essa composição foi bastante divulgada, mas, o que ninguém sabe, é que ela foi feita em 20 minutos! Coisa de gênio...

Já no ano de 1981, quando suas obras foram interpretadas na França, o compositor recebeu o seguinte elogio de um jornal francês:

“(...) douce et riche en invention…”

Traduzindo, ele diz que as composições de Nilson são ricas e suaves.

No ano de 1984, obteve com distinção o título de mestre no curso de pós-graduação da Escola de Comunicação e Artes da USP, com a tese “Obra e Estilo do Compositor Paulista Camargo Guarnieri”. Foi uma homenagem ao mestre e amigo, onde argumentou que devia a ele sua posição, ainda que modesta, dentro da música erudita brasileira. No mesmo ano, participou da fundação do Centro de Música Brasileira e, no mesmo período, em Sorocaba, foi sócio-fundador do Centro Musical Sorocabano (Cemso), que recolocou a cidade na rota das apresentações de música erudita e, com dezenas de concertos internacionais.

Em Junho de 1997, Eudóxia de Barros voltou a interpretar Nilson Lombardi, mas dessa vez no palco da terra natal de Lombardi. Com a interpretação de Eudóxia, Nilson conseguiu chamar a atenção de intérpretes estrangeiros, sendo que uma delas, Beatriz Balzi, interpretou suas obras na Espanha.

Suas obras foram e ainda são executadas em salas de concerto da Europa e Estados Unidos e, suas partituras já se tornaram estudo obrigatório em Conservatórios e Universidades.

Nilson Lombardi nos dias atuais reside na cidade de Sorocaba. Ele guarda um amor profundo pela cidade de Sorocaba, da qual nunca se desligou. A idade não esconde o porte altivo e a elegância do pianista grandalhão que fez, e ainda faz acelerar muitos corações femininos, o falar paulistano nos erres e esses e, uma elegância discreta, de camisas alvas e sapatos sempre brilhando, fizeram dele sempre uma figura notável quando caminha pelas ruas.

Apesar de tudo isso, muitos concidadãos seus ainda não sabem, se o virem nas ruas, que ali vai caminhando um verbete vivo do “Quem é Quem na Música Internacional”, que foi editado em Cambridge pelo Internacional Biographical Centre.

Nilson Lombardi, acima de tudo, é uma modéstia exemplar e não costuma exibir seus méritos desnecessariamente. Sua vida pode ser comparada a sua música. Cada nota tem a sua razão de ser.

Prêmios de âmbito nacional pontuaram e pontuam a carreira de Nilson Lombardi. Sua obras sempre estão presentes em festivais e eventos de caráter internacional.

A maior parte das obras de Nilson Lombardi encontra-se editada ou gravada em disco e, com sorte é possível aprecia-la em concertos e recitais. As composições deste sorocabano têm sido também, largamente utilizadas como peças obrigatórias em exames e festivais, o que o faz cada vez mais conhecido, particularmente, entre os jovens instrumentistas.

No ano de 2002, a extinta Orquestra Sinfônica Cultura, da Fundação Padre Anchieta, abriu sua temporada sinfônica interpretando Nilson Lombardi.

Nilson foi ganhador de diversos prêmios e obteve respeito dos músicos mais exigentes. O musicólogo Vasco Mariz, em seu livro “História da Música no Brasil”, abordou o trabalho de Lombardi no capítulo dedicado ao que chamou de “Primeira Geração Pós-Nacionalista”, ao lado de Guerra-Peixe, Osvaldo Lacerda, Mário Tavares, Alceu Bocchino, Ernest Mahle e Breno Blauth.

Lombardi possui um caráter introspectivo e pessoal, com acentuada tendência ao sonho e à melancolia. As obras de Nilson Lombardi conquistaram e ainda conquistam cada vez mais um espaço maior.

CAPÍTULO II

AS ORIGENS E INSPIRAÇÕES DO COMPOSITOR SOROCABANO

O compositor sorocabano Nilson Lombardi figura na maioria das coleções da História da Música Brasileira. Sua obra já ultrapassou as barreiras brasileiras e também já foram executados em países como os Estados Unidos, Itália, França, Inglaterra e Espanha, por onde é ouvido e elogiado. Lombardi tem mais de 50 anos dedicado somente à música. É um dos músicos e compositores mais reconhecidos e teve nada mais, nada menos do que mestres de escolas importantes como a Chiafarelli e Tagliaferro.

Grandes nomes tiveram influência na vida de Nilson, como Schumann “em primeiro plano”, e Chopin “Ambos caminharam juntos”, também Brahms, em escala menor. Também Debussy, Satie e outros grandes nomes do Jazz e da Bossa Nova.

Nilson também buscou nas suas origens inspiração para muitas de suas músicas, tinha grande interesse pelo folclore brasileiro o que o levou a freqüentar cursos específicos na década de 50.

O mais importante e que o influenciou na carreira de compositor foi mesmo Camargo Guarnieri. O próprio Guarnieri fez questão de registrar em cartório que Nilson Lombardi teve real aproveitamento em seu curso, durante mais de quinze anos, como um artista de talento e de grande honestidade profissional.

De certa forma podemos dizer que os críticos sempre foram bem generosos ao pianista e compositor sorocabano. Nilson Lombardi considerava-se uma pessoa que conseguiu realizar um sonho de vários músicos, que é fazer música e compor, publicar, executar e ser colocado em recitais ao lado de grandes compositores internacionais e, sempre colocando o nome de Sorocaba em suas realizações.

Ele ainda figura no volume 5 da Enciclopédia Salvat dos Grandes Compositores. Ele é apresentado ao lado de outros grandes compositores da Escola Guarnieri, mas como um dos compositores brasileiros oriundos[6] da Escola de Camargo Guarnieri, por seguir o estilo nacionalista na música erudita brasileira.

Nilson Lombardi ressalta que Os Ponteios, por exemplo, a pessoa precisa ter, no mínimo, sete anos de estudo e que suas obras exigem dez ou doze horas de estudo. É evidente que existe repertórios menos complexos para execução, mas mesmo assim pode-se colocar mais uns dois a três anos de estudo.

Lombardi acredita que seu maior reconhecimento é no Brasil, pois nos países internacionais, existem as divulgações, muitas pelos pianistas brasileiros que residem no exterior e que gravam sua obra ou a executam em concertos. Agora, ele sempre coloca que quando não se mora no exterior as coisas se tornam difíceis mesmo e, sempre cita “Villa-Lobos” que viajou muito levando sua obra para diversos países e, isso influi muito pois ele também regeu diversas orquestras mundiais.

O músico compositor hoje no Brasil, de fato, precisa ter uma base pianística muito boa para poder abrir os reais horizontes para seu trabalho. Hoje as aulas particulares de música concedem boa renda aos compositores. Lombardi coloca que “para você dar aula num nível elevado é preciso ter passado por um estudo muito aplicado e diversificado. O que ajuda no Brasil é que quando você tem capacidade comprovada, isso sempre lhes abrirá as portas e os poderão levar a uma renda melhor”. Agora também sempre afirmou que é fundamental o ensino de primeira, como se habilitar nos instrumentos com cursos e mestrados em Universidades.

Nilson ainda dizia que a pessoa que não possuir uma bagagem mais ampla de conhecimento na música pode passar por dificuldades. Ele ainda coloca que “uma melodia bem construída somente se completa com muita harmonia”.

Nilson Lombardi compôs ao todo 80 peças no geral, ou até mais, não sabemos a conta exata, mas esse é um número que ele mesmo passou para algumas pessoas. Num país onde poucos compositores têm a oportunidade de ver toda sua obra em partitura ou em CD, Nilson possui cerca de 30 que estão gravadas em Lps por instrumentistas de gabarito. Nilson sempre foi conhecido pelo seu estilo romântico, sendo que, como músico possuía a sensibilidade do toque com extravagância do som.

Nilson possui um número invejável de composições premiadas. Seu marca estilo possui caráter introspectivo e pessoal, com acentuada tendência ao sonho e a melancolia, predominando marcada linha melódica e sutil emprego de harmonia.

Nilson Lombardi revelou e deixou claro que o folclore brasileiro está presente em suas peças e, podemos notar ao analisar suas músicas, onde percebemos a ênfase, ou como ele mesmo usou a fala que dizia Villa-Lobos: “na minha música eu deixo cantar os rios e os mares deste Brasil. Eu não ponho breques, nem freios, nem mordaça na exuberância tropical das nossas florestas e dos nossos céus, que eu transporto instintivamente para tudo o que escrevo”.

Em uma das tardes que fomos a sua casa e tivemos a oportunidade de ter acesso ao seu arquivo de partituras[7] e composições de um modo geral e, sabendo que muitas poucas pessoas conhecem Nilson Lombardi e, as que o conhecem limitam-se apenas a conhecê-lo pelo álbum lançado pela cantora Márcia Mah que resolveu fazê-lo pela LINC (Lei de Incentivo a Cultura). Ao obtermos o acesso aos seus arquivos que nos foi disponibilizado pela sua prima Dona Enedir e por seu filho Alexandre Lombardi, ao qual é sobrinho de Nilson Lombardi mas ele o tem por filho, constatamos que Nilson compôs obras que não foram divulgadas no meio musical.

Em todas as suas obras, nós vemos o estilo Nilson Lombardi de compor, reflexo de sua alma doce, gentil, afetuosa, sincera e sempre receptiva.

Nilson Lombardi além de um ótimo compositor, também era um ótimo professor, gostava de passar horas com seus alunos, passando para eles todo conhecimento adquirido em anos de carreira.

Devido à falta de materiais sobre o autor, realizamos uma pesquisa de campo, onde conseguimos contato com um de seus ex-alunos que nos cedeu informações adicionais sobre seu mestre. Seu ex-aluno, Luis Fernando Lobo Rosa, resenhou um pouco sobre o tempo que manteve contato com Nilson Lombardi, onde recebeu orientações de 1998 a 2002. Luis Fernando nos disse que Nilson Lombardi possuía um espírito romântico e acentua que suas obras são líricas[8].

Como docente, possuí a genialidade da paciência e da compreensão e, como músico, a sensibilidade do toque, a extravagância do som e ainda como criador possuí a textura tênue[9] do cromatismo[10] sendo ainda muito tonal. O mesmo Luis Fernando nos disse enxergar nos Ponteios[11], uma releitura da música brasileira, onde nos cedeu informações que o próprio Nilson dizia a ele que seu Ponteio N.º 1 era uma bossa nova. Para ele, Nilson Lombardi não compôs minimalismos, pois apesar de tantas miniaturas que compôs, suas obras são máximas em poesia e inspiração.

Podemos notar em toda produção de Lombardi, a criação ordenada de forma a causar no ouvinte o que a concepção da obra, anterior a ela mesma, causava até mesmo nele próprio.

Luis Fernando em suas informações que nos foram cedidas, dizia que tudo que já havia criado estava ali, expressa em toda extensão de sua obra e, genuinamente, o alicerce de um pensamento artístico reflexo da alma de Nilson, doce, gentil, afetuosa, sincera e sempre receptiva. Ainda nos contou que Lombardi sustentava, enquanto docente, o modo peripatético[12] dos mestres gregos, disponibilizando grande parte do seu tempo aos ensinamentos musicais, como leitura, percepção, harmonia, composição, práticas instrumentais e regência. As aulas de Nilson duravam horas e ainda para ele, Nilson era um excelente companheiro em concertos, pois criticava de forma construtiva até o que achava inaceitável artisticamente. Era otimista por excelência, pois trabalhava e produzia para a arte.

Para Luis Fernando, um dos grandes legado[13] de Lombardi, é estar pulsando na vida de todos os que passaram na sua batuta[14], por todos os que sentem e sentiram na simplicidade de sua composição a complexa trama harmônica, o intrincado jogo de sentidos que sua combinação sonora interior imprime. Ninguém fica ileso ao conhecê-lo, pois possui um magnetismo, uma energia vital maravilhosa. Aos olhos de Luis Fernando sua maior contribuição é estética e, ainda citou que as obras de Nilson Lombardi é lombardiana, pois seu gênio vive em cada cor, em cada som e compõe de forma própria, direcionando o discurso subjetivamente. Diz que sua música é parecida com a sua pessoa, intensa, profunda e cromática. Luis Fernando Lobo Rosa dedica a sua formação musical, suas conquistas e carreiras ao seu grande mestre e amigo Nilson Lombardi.

Veja a seguir, na integra o texto de Luis Fernando Lobo Rosa:

“Nilson Lombardi e a grande obra de arte lombardiana. Espírito romântico. Obra lírica. Como docente, a genialidade da paciência e da compreensão; como músico, a sensibilidade do toque, a extravagância do som; como criador, a textura tênue do cromatismo, ainda muito tonal. Nos Ponteios, uma releitura da música brasileira. Dizia que seu Ponteio n.1 era uma bossa nova. Não compôs minimalismos. Apesar de tantas Miniaturas, sua obra de arte é máxima em poesia e inspiração.

Em toda a produção, a criação ordenada de forma a causar no ouvinte o que a concepção da obra, anterior a ela mesma, causava nele próprio. Tudo o que criou já estava ali; expressa em toda a extensão de sua obra, e genuinamente, o alicerce de um pensamento artístico reflexo de sua alma doce, gentil, afetuosa, sincera e sempre receptiva.

Sustentava, quando docente, o modo peripatético dos mestres gregos, disponibilizando grande parte do seu tempo aos ensinamentos musicais: leitura, percepção, harmonia, composição, práticas instrumentais, regência. Suas aulas duravam horas. Excelente companheiro em concertos, criticava de forma construtiva até o que achava inaceitável artisticamente. Otimista por excelência, Nilson trabalhava e produzia para a arte.

Seu grande legado é estar pulsando na vida de todos os que passaram pela sua batuta, por todos os que sentem na simplicidade da sua composição a complexa trama harmônica, o intrincado jogo de sentidos que sua combinação sonora interior imprime. Não fica ileso quem o conhece. Seu magnetismo, seu gesto, sua energia vital. Para a música brasileira, sua maior contribuição é estética. A obra de Nilson Lombardi é lombardiana. Seu gênio vive em cada cor, em cada som. Compõe de forma própria. Direciona o discurso subjetivamente. Sua música é parecida com sua pessoa, intensa, profunda, cromática.

Ao grande mestre e amigo dedico especialmente minha formação musical, minhas conquistas, minha carreira”.

Luis Fernando Lobo Rosa – docente na área de Canto e Coral do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, em Tatuí, São Paulo. Realiza pesquisa em timbres vocais na Música Antiga. Formado em Piano pelo mesmo Conservatório na classe da profª. Miriam Braga. Cursa graduação em Música na Escola de Comunicações e Artes da USP. Esteve sob orientação do prof. Nilson Lombardi de 1997 a 2002, nas disciplinas composição, interpretação pianística, apreciação musical e estruturação musical.

Chegamos a uma musicista, também grande apreciadora de Nilson Lombardi, Emanuela Saccomano, que também procurou ressaltar a genialidade do compositor, suas obras retratadas com grande conhecimento, qualidade, emoção e ainda com alma brasileira.

A seguir siga na integra o texto de Emanuela Saccomano:

“Nas obras de Nilson Lombardi fica extremamente clara a sua genialidade. Música erudita retratada com grande conhecimento, emoção, qualidade e alma brasileira. Harmonias perfeitas encadeiam-se dentre melodias enriquecendo a arte desse grande mestre da música sorocabana.

Músico que muito enobrece a região, como outros artistas que nasceram e viveram grande parte de suas vidas nas pequenas cidades paulistas.

Estudando música e um pouco de sua história, fora possível conhecer a obra de tão estimado compositor e instrumentista, proporcionando-me grande orgulho.

Na música lombardiana há necessidade de perceber com certa sensibilidade as anotações dos andamentos, pois os mesmos aparecem com uma nomenclatura bastante peculiar, como: plangente, com ternura, saudoso, vivo e bem marcado; pedindo na prática uso bem acentuado da dinâmica, crescemos e diminuendos usados com precisão, conhecimento e muita expressão. Fraseados e mudanças nas fórmulas de compasso são muito usados, facilitando a boa desenvoltura do executante.

Nas obras de canto e piano, Nilson demonstra com grande delicadeza um instrumento que acompanha melodias com letras simples, mas cheias de sentimento e conhecimento suficientes para tratar seus temas.

Nilson Lombardi criou obras marcantes de beleza e sensibilidade; técnica, destreza e teoria qualificada, deixando artistas e públicos certamente emocionados. Sem sombra de dúvidas, um artista que marcará muito a história da música erudita brasileira”.

Emanuela Saccomano

Estudante de Canto Lírico e Instrumentista

Lombardi escreveu composições que dedicou a seu amigo Fábio Luz[15] (ver anexos) e também ao seu sobrinho Alexandre Lombardi, ao qual Nilson tem por filho e o mesmo o tem por pai. A maneira como Lombardi escreveu a música que dedicou ao seu filho Alexandre Lombardi é maneira mais próxima da genialidade, pois ele pediu ao Alexandre que lhe falasse duas notas para que ele começasse a composição e, assim ele lhe deu as notas DÓ e LÁ e, assim Nilson compôs a música “Meditação de Natal” (ver anexos).

Nilson Lombardi ainda possuiu em sua carreira, a composição da música do HINO DO III CENTENÁRIO de Sorocaba (ver anexos), que foi composta em 1954. A composição do hino foi feita em parceria, à letra é de José Fernandes Galduróz e a música de Nilson Lombardi, que na época era da Associação Brasileira de Jovens Compositores. O hino foi tocado poucas vezes e depois não se sabe se por politicagem, nunca mais foi entoado nesta cidade e, sendo assim, o hino caiu no esquecimento, o hino ainda possuía uma base da mão esquerda do piano bem marcada, pesada, mas que ao mesmo tempo mostrava a bravura do povo sorocabano, ao ouvirmos o hino conseguimos passear por fases de Sorocaba.

Lombardi teve grandes participações no cenário musical de Sorocaba, contribuiu imensamente para a cultura e hoje quando falamos de Nilson Lombardi, muitos não sabem nem quem seria ou foi esse nome para a cidade de Sorocaba e, muito menos sabem que ele ainda está gozando de plena vida.

Interessante se pararmos para ver e analisar a leitura que um compositor faz a leitura sobre o outro, pois se formos analisar sempre um compositor procura fazer uma crítica construtiva em cima do outro, sempre os ressaltando como gênios e, se pegarmos um exemplo da nossa sociedade, conhecido por todos e citarmos “Tom Jobim”, para muitos realmente era gênio, na sua parcialidade, mas gênio. Já Nilson Lombardi ainda que por muitos desconhecidos por não serem amantes da música erudita e/ou clássica, também conhecidos no meio musical como um gênio, pois ao estudarmos sua história, suas obras, podemos notar que elas sempre são colocadas a nível de grandes compositores internacionais que muitos conhecem e que são colocados em nossas mentes, através de suas músicas gravadas ou até através de propagandas que de certa forma as banalizam e sendo assim ficam conhecidas mundialmente.

Nilson Lombardi tem um livro com seu nome, ele foi organizado pela cantora sorocabana Márcia Mah, com o objetivo de reunir suas obras e falar um pouco sobre o compositor. No livro, “Nilson Lombardi Obra Completa”, Achille Pichi fez o seguinte comentário sobre o compositor:

“Sem deixar de ser espontânea, a obra de Nilson Lombardi tem todas as qualidades da obra eterna, definitiva: o grande mestre, a sutileza que encanta tanto o entendido como o ouvinte sensível, a emoção e a construção perfeitas e bem conduzidas, em equilíbrio imperceptível porque justamente inteligentemente realizado.

Por tudo isso não tenho dúvidas em dizer que Nilson Lombardi é compositor de lugar garantido e memória indelével[16] na história da música.

(LOMBARDI, Nilson; Obra Completa, pág. 10)

Em uma entrevista do guia erudito em Abril de 2003, a pianista e concertista Eny da Rocha resumiu as obras do compositor em poucas palavras: “(...) São pequenininhas, mas muito especiais.”

2.1. Obras Publicadas

Piano solo

“Dez Ponteios” (Prelúdios 1 a 10) – Editora Ricordi – SP

“Ciclo Miniatura”

“Cantilenas N.º 1, 2, 3” – Editora Arthur Napoleão, RJ

“Seis Miniaturas” – Editora Arthur Napoleão, RJ

“Homenagem a Ravel” – Editora Arthur Napoleão, RJ

Canto e Piano

“Cantiga Praiana”, texto de Vicente de Carvalho, Edições Vitale, SP

“Hino a Sorocaba”, texto de José F. Galduroz, Ed. Teruz, Sorocaba

CAPÍTULO III

OBRAS, PRÊMIOS E EVENTOS IMPORTANTES

3.1. Obras Completas de Nilson Lombardi

Orquestra de Câmara

• Ciclo Miniatura (Toada, Chorinho, Acalanto, Valsa e Baião)

Orquestra de Cordas

• Cantilena N.º 1 (transc. do Autor)

• Toada e Acalanto

• Ponteio N.º 1 (transc. de M. Homem de Mello)

Orquestra Sinfônica

• Suíte para Orquestra

• Seis Variações para Orquestra Sobre um Tema de Schoenberg

• Seis Miniaturas (trans. de Michel Philippot)

• Cantilena N.º 1 (transc. de Eleazar de Carvalho)

• Cantilena 1, 2, 3 (transc. de V. Faganiolli)

Música de Câmara

• Sonatina para Flauta e Piano

• Trio, para Trombeta, Trombone e Piano

• Trio, para Piano, Violino e Violoncelo

• Cantilena, para Clarineta e Piano

Coro Misto “A Capela”

• Cantata “A Morte de Zambi” (texto de Cassiano Ricardo)

• Onde Vais Helena

• O Capim da Lagoa

• Canide Toune

• Tereza (texto de Manuel Bandeira)

Canto e Piano

Três Canções Folclóricas

1. Caboclo da Terra Preta

2. Na Umbanda sou Guiné

3. Dá um Balanço pra Meu Lado

Recolhidas por Rossini Tavares de Lima

• Noite Cheia de Estrelas

• Num Álbum...

• Não tem Amor...

• A Sombra do Coração (texto de Aldemar Tavares)

• Cantiga Praiana (texto de Vicente de Carvalho)

Piano Solo

• 12 Ponteios (Prelúdios)

• Ciclo Miniatura

• Seis Miniaturas

• Três Invenções a Duas Vozes

• 5 Cantilenas

• Tema e 12 Variações sobre “Mucama Bonita”

• Tema e 12 Variações sobre “O Vapor de seu Tertulino”

• Homenagem a Ravel

Piano a quatro mãos

• Dois Pianos / Ciclo Miniatura (transc. do próprio Nilson Lombardi)

3.2. Obras incompletas

Sonatina para Flauta e Piano

Trio para Violino, Violoncello e Piano

Invenção a Três Vozes (Flauta, Clarineta e Fagote)

O Capim da Lagoa (peça coral feminino)

Tema e Doze Variações do “Vapor de seu Tertulino” (Piano)

Tocatina (Piano)

Advertência (Piano)

Num álbum (Canto e Piano)

3.3. Prêmios

1960 ( 22 de dezembro )

Primeiro Lugar no Concurso de Composição da Comissão Estadual de Música, com o “Ciclo Miniatura”.

Banca Composta por:

• Roberto Schnorrenberg (presidente)

• Souza Lima

• Frutuoso Viana

• Martin Braunwieser

• George Olivier Toni

Prêmio concedido por unanimidade dos votos.

Concorreram 19 compositores de todo o Brasil.

1962

Primeiro prêmio da Comissão Paulista de Folclore com “Três Canções Folclóricas para Canto e Piano”

• Promoção da Comissão Paulista de Folclore

• Associação Brasileira de Folclore

• Conservatório Musical Carlos Gomes e Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)

1963 ( 29 de maio )

Terceiro lugar no Concurso de Composição “Cidade de Santos”, com “Cantiga Praiana”, adaptação ao poema de Vicente de Carvalho.

Banca composta por:

• Francisco Mignone

• Edino Krieger

• Eládio Perez Gonzáles

Promoção da Comissão Municipal de Cultura de Santos

Concorreram 34 obras de todo o País

1993

Personalidade do Ano

Prêmio da Assec – Associação de Eventos Culturais de Sorocaba - SP

3.3. Eventos Importantes

1977 ( 11 a 23 de abril )

Exposição de Música Contemporânea Brasileira

Galeria de Arte da Embaixada do Brasil no Japão

1981 ( 23 a 30/10 )

IV Bienal de Música Brasileira Contemporânea – RJ

Sala Cecília Meirelles

Promoção da Funarte / Funarj

1988 ( abril )

Festival Nilson Lombardi

Auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP – SP

Promoção do Centro de Música Brasileira

1992 ( maio / junho )

1º Festival de Música Erudita Contemporânea

Memorial da América Latina – SP

Realização da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo

Coordenação de Eleazar de Carvalho

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quem foi Nelson Lombardi?

É o que este trabalho tentou demonstrar em suas linhas.

De vida humilde, desde a infância, este gênio da música erudita encanta com suas composições e interpretações.

Nunca buscou grandes ambições em sua vida, apenas queria se dedicar ao que mais gostava: a música.

A música, esta se confunde com sua vida ao extremo, ambas estão ligadas como a mão que carrega seu filho em seu ventre.

Para ele, ela é tudo, e para ela, ele é tudo, pois ambos se completam, visto que suas composições são magníficas, gloriosas.

Homem de alma doce, gentil, afetuosa e sincera, só assim uma pessoa conseguiria ser tão genial na arte de compor.

De genialidade magnífica, Lombardi compõe e interpreta com sua alma, e é isso o que o faz diferente de tudo e de todos.

Diante de tudo o que foi escrito fica a conclusão que Nelson Lombardi é um gênio, e que suas obras nada mais são do que os cantos dos anjos que sua alma trás até a terra, e nos contempla com um lindo ressoar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LOMBARDI, Nilson. Nilson Lombardi: obra completa. Ed. TCM, 2002

LOMBARDI, Alexandre. Música erudita ganha novo fôlego. Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 17/04/2005, pág. B-1

FACURY, Jorge e Michel. Nilson Lombardi. Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 07/10/2003, pasta 1275

SUL, Cruzeiro do. Músico sorocabano integra Academia Paulista de Músicos. Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 01/02/1996, pasta 1275

SOROCABA, Diário de. Nilson Lombardi é membro da Academia Brasileira de Música. Diário de Sorocaba, Sorocaba, 09/09/1995

SOROCABA, Diário de. Um sorocabano de talento. Diário de Sorocaba, Sorocaba, 01/01/1995, pág. C-5

SUL, Cruzeiro do. Nilson Lombardi em enciclopédia. Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 11/12/1988, pasta 1275

SUL, Cruzeiro do. Compositor sorocabano é aprovado com distinção. Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 04/10/1984, pasta 1275

LOMBARDI, Nilson. IV Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro, 27/10/1981

SUL, Cruzeiro do. Música sorocabana em novela da Globo. Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 17/09/1977, pasta 1275

ARAÚJO, Mozart de. Vitória: Seminário “Nazareth”. Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 16/12/1974

OLIVEIRA, José da Veiga. Pegadas de Interpretação. Diário popular, São Paulo, 01/09/1974

SITES

; acessado em 03/12/2006 às 15h39

; acessado em 13/02/2003 às 15h46

ANEXOS

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Figura 01 – Análise Musical da Cantora e Pianista Emanuela Saccomano

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Figura 02 - Hino do III Centenário de Sorocaba 1/4

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Figura 03 - Hino do III Centenário de Sorocaba 2/4

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Figura 04 - Hino do III Centenário de Sorocaba 3/4

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Figura 05 - Hino do III Centenário de Sorocaba 4/4

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Figura 06 - Composição dedicada ao pianista de carreira internacional “Fábio Luz” em 1999

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Figura 07 - Música dedicada ao Alexandre Lombardi, filho-sobrinho de Nilson Lombardi

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Figura 08 - Ponteio N.ºXI em homenagem a Villa-Lobos

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Figura 09 - Hino em homenagem a Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”-UNESP, composta em 1981-1/2

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Figura 10 - Hino em homenagem a Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”-UNESP, composta em 1981-2/2

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Figura 11 - Foto tirada em 1960 no dia que Nilson Lombardi recebeu o 1º Prêmio com a obra “Ciclo Miniatura” em 1960

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[1] Música clássica, em oposição à música popular, folclórica, jazz, etc. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[2] Banda formada por soldados. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[3] Qualidade de ver ao longe; perspicácia, lance.

[4] Jornalista de “O Estado de São Paulo”

[5] Jornalista e crítico de “O Estado de São Paulo”.

[6] Originário; procedente; natural; descendente. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[7] Conjunto das partes (vozes e instrumentos) que constituem uma obra musical. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[8] Consagrado à expressão dos sentimentos da alma do compositor ou poeta sentimental. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[9] Escrita frágil. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[10] Escala, uma série de sons que procede por meios-sons sucessivos. (PRIBERAM; Dicionnário On-Line)

[11] Uma das composições de Nilson Lombardi.

[12] Modo de ensinar caminhando. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[13] Aquilo que uma geração transmite a outra. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[14] Varinha com que os maestros regem as orquestras ou os coros. (PRIBERAM; Dicionário On-Line)

[15] Pianista com carreira internacional.

[16] Que se não pode apagar; durável. (PRIBERAM. Dicionário On-Line)

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