COMO FAZER PROGRAMAS DE TV



FAZER TV NO INTERIOR - A experiência do Canal Aberto

CAPÍTULO 1: APRESENTAÇÃO

Não seria este meu projeto. Pensei por vezes, e era meu objetivo principal, fazer um trabalho sobre Olney São Paulo, cineasta de Feira de Santana que foi o primeiro a fazer um filme e criar uma produtora de cinema no interior da Bahia. Um tema que, acredito, renderia um material importante e extremamente prazeroso de ser executado. Mas minhas expectativas não serviriam para compensar as dificuldades para encarar uma empreitada como essa. São poucos os trabalhos de Olney em disponibilidade, seus parentes, como esposa e filhos, estão morando em outro estado; os textos que tratam do assunto são escassos e as filmagens exigiriam tempo e dinheiro, o que, infelizmente, não me sobram.

Longe de Olney, tive que começar a pensar em outra coisa. Independente do que fosse, no entanto, estava convicto que as mesmas idéias que me nortearam antes, ainda me serviriam de base agora: queria fazer algo que falasse da cidade que vivo há tantos anos, e que, por outro lado, estivesse ligado ao cinema. Veio a idéia do vídeo sobre programas de televisão. Por inúmeros motivos: o primeiro e mais importante deles, porque trabalho numa emissora de televisão, a TV Subaé, em Feira de Santana, este é o ambiente no qual trabalho e pelo qual tenho gastado horas de estudo e preocupação para tentar entender o que de fato faz da televisão ser o que ela é; segundo, porque estaria falando de algo muito específico: a televisão feita no interior do Estado, longe das grandes produções, dos orçamentos altíssimos e feita dentro da perspectiva que vem norteando as televisões no país inteiro. Por fim, falar da televisão em Feira de Santana seria reforçar meu desejo de falar da cidade, de seu crescimento e de suas dificuldades, mostrando a produção televisiva como espelho da sua própria região. Por esses e outros motivos menores, como custos e facilidade para o trabalho, decidi: iria fazer um vídeo sobre como fazer programas de TV.

"Fazer televisão" - para usar um termo mais comum no meio - envolve um intrincando processo de assimilação de interesses. Ainda que o trabalho esteja voltado principalmente para um dos núcleos de produção de uma emissora - o de jornalismo, no caso das empresas menores, por exemplo,- a produção de programas de TV passa pela integração de diversos setores: do comercial, que viabiliza a execução do trabalho; do operacional, que dá sustentação técnica ao programa; da produção, que coordena, projeta e idealiza o programa e, a depender de como funcione o programa, do setor jornalístico, que dá suporte para os assuntos tratados na TV. O programa, então, é a conjugação de todos esses fatores, indispensáveis e indissociáveis. Numa emissora de pequeno e médio porte, por exemplo, isso se torna ainda mais relevante, pois a atuação dos diversos setores se torna mais próxima.

O vídeo se propunha, assim, dar suporte para aqueles que querem conhecer e trabalhar na televisão, ou mesmo para quem pretende realizar vídeos em formato de programas televisivos e demonstrar as ligações entre as diversas etapas do "fazer televisivo" e a união dos muitos setores da emissora responsáveis pela execução de um programa, mostrando a importância do trabalho das emissoras do interior, que, com uma programação local, ajudam a desenvolver as regiões sobre as quais atuam. É esse processo, de identificação entre emissora e região, que norteia a idéia de regionalização que tentarei desenvolver mais adiante.

Além disso, a produção televisiva é algo que desperta meu interesse há algum tempo, seja pela vontade de aprimorar os conhecimentos na área, seja pela necessidade que o próprio trabalho exige: estar numa emissora de interior e realizar programas é uma tarefa nem sempre fácil, daí a importância de se criar meios de se aperfeiçoar e de melhorar o próprio trabalho. Por fim, o vídeo, na medida que se baseia primordialmente na vivência dos profissionais que trabalham na área, quer formar um quadro de discussões sobre o assunto, formando um material específico para futuros trabalhos de pesquisa.

Suportes como esse são essenciais, sobretudo, para a compreensão do que é e o que representa a TV no Brasil - e o "pensar" a televisão brasileira hoje requer atenção e sobretudo, análise crítica da infinidade de problemas que ela comporta. E a questão se mostra um tanto mais complexa do que a mera discriminação dos atos falhos que a televisão brasileira vem cometendo nos últimos 50 anos. Seria, no mínimo ingênuo de nossa parte pensar uma televisão diferente dos moldes que temos hoje sem levarmos em conta a estrutura sociocultural que se encontra por trás dela, uma vez que é essa estrutura pré-concebida que a fundamenta.

Sejamos, assim, pragmáticos quanto a essa questão: não se pode falar em “qualidade” na TV sem repensar o modelo de educação e de acesso à informação que criamos, já que a programação televisiva é parte integrante de um sistema posto, está dentro desse contexto e não dissociado dele. Penso que qualidade na televisão diz respeito ao acesso à comunicação que ela transmite. Se a violência não estivesse exposta para todos na TV, será que ela deixaria de ser notícia? Ou seria melhor não falar em sexo por não saber a melhor forma de dizê-lo? De nada adianta fechar os olhos de uma criança para determinado assunto, se dentro ou fora de casa ela vai receber o mesmo conteúdo de informação, às vezes até mais deturpado que na tela.

Assim, o problema da televisão aberta não está, necessariamente, na televisão. Se assim o fosse, o que os articulistas chamam de boas demonstrações de respeito ao consumidor, como a TV Cultura (aberta) seriam verdadeiros campeões de audiência. Por que as pessoas, já que “anseiam pela qualidade”, não migram para esses canais? Por que, mesmo nas TVs pagas, as pessoas continuam a assistir aos incansáveis modelos de programas que usam das incansáveis fórmulas de sexo e violência?

O que parece importante observar é a falta de acesso e oportunidades na televisão. Não é oferecido ao telespectador algo novo. E antes que me acusem de incoerência, explico: novas possibilidades não excluem as antigas. Não podemos determinar com precisão o que é certo ou errado dentro da televisão, mas devemos ter o espírito crítico necessário para saber extrair de tudo que vemos, algo que nos importa e nos acrescenta – até porque, não se sai ileso de nenhuma experiência, seja ela qual for.

Dessa forma, poderíamos refletir e observar que tipo de influência a TV exerce sobre as pessoas. Se falamos em cultura de massa e de modalidades de representação social dentro dos meios de comunicação, estamos falando em uma multiplicidade de referências. Não apenas influenciamos o que vemos, como somos influenciados por ela. É uma via de mão dupla: daí não existir veículo de comunicação social que não seja espelho da sociedade na qual se insere. Se nos deparamos com o desrespeito a certos valores éticos e morais dentro da televisão, não estaríamos vendo um pouco do que criamos e recriamos a todo instante dentro de nossas casas, nas nossas relações, e que realizam, por assim dizer, nossas próprias insatisfações e idiossincrasias?

Por outro lado, não podemos nos isentar da responsabilidade de encontrar caminhos novos para a televisão. Se a Constituição requer prioridade para “finalidade educativas” ( ainda que tal expressão permita diferentes conclusões ), é preciso se dispor a respeitá-la. Se há cada vez menos espaço para a cultura regional, para a preservação dos traços culturais e de valores humanitários, é necessária a rápida inserção na TV de programas voltados à análise da sociedade brasileira em toda sua diversidade e natureza humana.

Hoje, tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, o projeto de lei da deputada Jandira Ferrari, do PC do B, que estimula a regionalização da programação cultural, artística e jornalística e a produção independente nas emissoras. O projeto, que regulamenta o artigo 221 da Constituição, foi aprovado pela Câmara em agosto do ano passado. Infelizmente, as televisões abertas do país não parecem muito animadas com a possibilidade de um projeto como esse passar adiante, pelo menos não do modo como está sendo apresentado. Os representantes das Organizações Globo e da TV Record questionaram pontos como a obrigatoriedade no tempo de veiculação e a possibilidade de utilização do serviço de vídeo sob demanda para qualquer operadora de serviço de telecomunicações.

No entanto, ainda que tímido, este é um passo importante dentro do que se espera das TVs abertas no Brasil e algumas emissoras do interior estão conseguindo, aos poucos, encontrar caminhos possíveis para esse trabalho. O que se busca nesse projeto é mostrar um exemplo dessa iniciativa, tomando como base o programa Canal Aberto, da TV Subaé. Nas páginas seguintes, tentarei demonstrar de que forma isso se realiza e quais os procedimentos tomados para a execução do vídeo.

CAPÍTULO 2: A REGIONALIZAÇÃO

A TV Subaé, criada há 15 anos, em Feira de Santana, é a maior empresa de comunicação do interior da Bahia e a primeira afiliada da Rede Globo no interior do Estado. Há cinco anos, o grupo fundador da emissora vendeu parte do capital social da TV para a Rede Bahia, passando a funcionar em parceria. O sinal da emissora chega a 36 municípios, abrangendo uma área de 1 milhão e 500 mil pessoas. São 70 funcionários, entre os diversos setores: administrativo, comercial, técnico, jornalismo e operações. Hoje, a emissora tem quatro programas locais: os jornais diários, pela manhã (Jornal da Manhã), ao meio-dia (Bahia Meio Dia) e à noite (BATV) e um programa que vai ao ar todo Sábado, logo depois do Jornal Hoje, o Canal Aberto, com trinta minutos de produção, líder de audiência no horário.

A emissora está em processo de expansão, e deve, até o final do ano, aumentar a sua área de cobertura para outras regiões do Recôncavo. É hoje a única emissora de Feira de Santana, o que acaba gerando alguns problemas, pois apenas um grupo de comunicação detém o controle do maior referencial de informações da cidade. Além disso, a emissora pertence à Rede Bahia, grupo ligado ao senador Antonio Carlos Magalhães, o que limita ainda mais a independência do veículo.

Há oito anos, foi criado o Canal Aberto, como forma de obter mais espaço na grade da emissora para a produção local. Inicialmente o programa seguia uma linha de programa já desenhada por outros produtos semelhantes, como o Vídeo Show, da Rede Globo, trazendo matérias de comportamento e reportagens "mais leves" sobre assuntos diversos, que iam desde música a decoração. O formato acabou não dando certo por diversas razões, a principal delas foi a dificuldade em realizar, com sucesso, um formato de reportagem que destoava do material corriqueiro, diário na redação. Quase sempre produção e reportagem não se acertavam e o que chegava à tela era uma espécie de telejornal disfarçado de programa de entretenimento.

Buscou-se, então, um outro caminho. O programa virou um talk show. Havia um entrevistador, um entrevistado e a participação "ao vivo" dos telespectadores, que mandavam perguntas pelo telefone. A sisudez das entrevistas gerou protestos por parte do público e o formato mudou de novo. O Canal Aberto passou a ter platéia: estudantes de escolas públicas e particulares que faziam perguntas aos entrevistados. Com a escolha de uma platéia jovem, veio a necessidade de também limitar os temas para o universo da juventude: sexo, drogas, violência, relacionamento entre pais e filhos, etc. A audiência e as críticas ao programa melhoraram e a emissora parecia descobrir, afinal, como encaixar o Canal Aberto na grade da emissora de forma a ser um produto rentável e importante.

Descobria-se mais: era um promissor filão a ser desvendado: o público jovem parecia a opção mais viável para um programa sábado à tarde, entre atrações como Caldeirão do Hulk e os jogos do Campeonato Brasileiro. Isso chamou a atenção dos anunciantes e o programa passou a ser visto com bons olhos pelas agências de publicidade.

Mas faltava ainda algo que fizesse do Canal Aberto uma opção não só viável em termos econômicos, mas que trouxesse para o público uma marca própria, que traduzisse de alguma forma um processo de criação próprio, desvinculado das demais produções da emissora. Foi aí que em 2000 surgiu a idéia de uma reformulação total no programa. Dos cenários aos temas, das vinhetas à apresentação, era preciso dotar o espaço de uma feição própria, característica, e que servisse, claro, fazer do horário um espaço garantido de bons negócios, já que este também era o interesse da emissora.

Assumi o programa nesse instante. Trazia algumas idéias prontas, criei os quadros que hoje formam o programa: a Supergincana, uma gincana entre escolas da cidade que durava o ano inteiro; o To Ligado, espaço para receber e comentar e-mails; o Ta Rolando, quadro que funciona como um agenda cultural, informando sobre o que acontece na cidade no final de semana; o Planeta Esporte, com matérias esportivas e o Contato Imediato, com entrevistas com artistas conhecidos nacionalmente que estivessem em Feira de Santana. O diretor de jornalismo da emissora, Marcilio Costa, sugeriu que o programa também mudasse de apresentador e me chamou para o cargo. Eu ainda era estagiário nessa época e fui contratado para fazer reportagens também. Tentei assumir uma postura, digamos, mais “leve”, na condução das entrevistas em estúdio e também nas matérias, buscando adequar o que tínhamos em mente de um “universo jovem” ao estilo que estaríamos empregando no Canal de agora em diante. O exemplo vinha de outros programas do gênero, como os apresentados por Serginho Groismman e Otaviano Costa, ou nos formatos de canais como a MTV, que buscam na agilidade da edição e na linguagem menos sisuda e informal a adaptação ao público juvenil.

Bem, o que conseguimos com isso? Um formato que agradou o público em primeiro lugar. Quem assiste ao programa, se levarmos em conta a idade dos internautas que mandam emails, tem entre 12 e 16 anos. São jovens que assistem ao Canal por diversas razões: a escola em que ele estuda ou que uma amigo estuda está participando, as matérias abordadas são de interesse dessa faixa etária, as atrações musicais estão de acordo com o gosto desse público (convidamos desde bandas de forró a grupos de rock da cidade) ou o programa representa um modelo fora dos padrões estabelecidos, em geral, na grade da emissora. O programa não é mais uma edição do jornal, mas uma opção diferente.

E aqui devemos nos posicionar de forma mais atenta, pois é nesse instante que falamos em regionalização. O que o projeto que tramita no Congresso Federal propõe diz respeito a um processo de regionalização que vem de cima: a lei federal obrigaria as emissora a criarem espaços nas suas grades que dessem conta de produções independentes, regionalizadas, para que de alguma forma, as emissoras pudessem contemplar as comunidades nas quais elas estão inseridas. Ora, é óbvio que a lei regularia a produção e seria um mecanismo importante de pressão dentro desse processo, já que as emissoras maiores relutam diante da possibilidade de abrir espaço em suas grades. O problema é que uma regionalização mais consistente precisa estar apoiada nas emissoras locais, no interior do país. Mais próximas das comunidades, tendo um relacionamento mais direto com seu público, são elas que melhor podem expressar quais necessidades locais ou regionais podem ser viáveis. O que teríamos diante da lei seria um arcabouço legal para definir quais procedimentos norteariam as emissoras para permitir espaço em sua programação para trabalhos independentes. As dificuldades para isso, no entanto, são muitas, pois o embate, principalmente com os interesses econômicos das grandes emissoras, seria o principal entrave às produções independentes.

Daí é importante observar como o exemplo de um programa como o Canal Aberto pode ser elucidativo nessa questão. O que chamamos de regionalização aqui diz respeito a dois processos que atuam em conjunto:

um primeiro trata da inclusão das comunidades locais na TV. Os participantes do programa, sejam eles cantores, artistas, estudantes ou entrevistados são da cidade ou da região. Diferente dos programas similares de abrangência nacional, as pessoas do local podem se ver na emissora. Nas discussões sobre os temas, o espaço é aberto ao debate, e as pessoas inclusive podem sugerir temas a serem abordados. A proximidade com a TV faz com que o espaço de discussão de determinados assuntos seja mais próximo, direto, sem que para isso existam barreiras que distanciem público de emissora;

um segundo aspecto trata da procura por formatos e modelos próprios, que possam adequar inclusive o que é feito nas grades emissoras para o que é regional. Isso se verifica, por exemplo, na escolha das provas da gincana ou nos objetos usados no cenário: sem recursos, os gastos com o programa são limitados e é preciso criar soluções criativas para o processo. Não raro, no entanto, essa opção entra em choque com a necessidade de investimento que um programa como esse exige. Não ter dinheiro para comprar um novo objeto de cena ou elaborar provas mais complexas acaba forçando a emissora a investir em soluções com baixo custo, e isso nem sempre agrada.

É do conjunto desses processos: a formatação de processos locais específicos e a inclusão mais consistente do público alvo da emissora num programa local que na prática consegue dar a dimensão exata do que procuramos propor como regionalização aqui. Esse processo não é único, acontece de diferentes formas a depender da região na qual as emissoras estão inseridas e tenta, de alguma forma, cumprir uma papel prometido pelas emissoras enquanto concessões públicas: o de promover a integração e o desenvolvimento regional das comunidades na qual as TVs estão instaladas. Independente dos entraves econômicos que as emissoras do interior podem enfrentar, elas não podem se eximir do fato de participarem ativamente do desenvolvimento regional e fazer do trabalho constituído em cada localidade a dita “função social”, sobre a qual muitas se arvoram como argumento. No momento em que necessidades locais são expostas num programa como o Canal Aberto, quando o diálogo entre estudantes e especialistas é colocado no ar ou artistas locais conseguem amparo da emissora para divulgar seus trabalhos, a TV consegue cumprir, em parte, o papel de contribuir para a afirmação de uma realidade específica, dotada de interesses e preocupações nem sempre compatíveis com o que é mostrado nas grandes emissoras.

Apesar de bem sucedida, a experiência do Canal Aberto pressupões problemas que estão na própria criação do programa. No momento em que se busca dotar formatos locais de uma excelência em qualidade a nível nacional, a emissora numa ciranda perigosa. É cada vez mais exigido um aprimoramento da fórmula, e uma melhora na qualidade técnica da produção. Sem dinheiro para investir, mas destinado a um público jovem, ávido por novidades, os “recursos criativos” acabam se esgotando na medida em que são usados repetidas vezes. Sem novidades e com dificuldades para manter o grau de excelência exigido, o programa não se difere em nada dos demais produtos da emissora. Eis um problema crucial no direcionamento do programa hoje: como manter a qualidade requerida nesse foco de tensão: interesses da TV Subaé, graus de exigências do público e adequação dos modelos dentro dos formatos exigidos pela Rede Globo, até porque, em última instância, não se pode distanciar a produção desse eixo central. Por mais que se busque uma feição própria, o programa faz parte de uma emissora maior, está nela e não pode se distanciar a tal ponto de constituir uma espécie de “ilha”, isolada da grade.

Hoje, se discute a utilização do programa no processo de expansão da Rede Bahia. O Canal funcionaria como um programa regionalizado, atuando em cidades onde hoje não atua, e que representam interesses comerciais estratégicos, como Santo Antonio de Jesus e Cruz das Almas. Ora, por um lado, a “interiorização” parece destinar mais espaço para a ampliação do modelo de regionalização proposto, no momento em que abre espaço para novas comunidades e promove o intercâmbio entre grupos de estudantes e artistas de regiões diferentes. Por outro lado, no entanto, quais seriam de fato as mudanças a serem implementadas dentro desse processo e até que ponto os interesses comerciais da emissora podem influenciar na execução do programa? É algo que ainda deve ser avaliado.

CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS

Comecei o trabalho pela criação de um roteiro, ainda que de forma rudimentar. Tracei alguns pontos a serem abordados e as pessoas com quem conversaria ( ver anexo ). Um vídeo desse tipo não poderia ser feito sem antes ter uma base do que cada pessoa teria a dizer; queria adequar as gravações e a forma do material a ser editado às entrevistas, podendo assim ter um melhor controle de tudo que fosse feito. Deveria falar com profissionais não apenas da emissora onde trabalho, a TV Subaé, mas também com produtores de fora da TV. E sobretudo, as entrevistas deveriam buscar a experiência de cada um como linha condutora. Não me importava apenas o aprendizado técnico adquirido em cursos ou livros, mas principalmente a experiência diária de cada um, enfrentando as dificuldades e as "facilidades" de todo dia, nas ilhas de edição, nos bastidores, por trás e à frente das câmeras.

Fiz uma lista com treze nomes, aquelas pessoas que trabalhavam diretamente com programas de televisão ou de forma mais específica, na emissora. Nem todo mundo pôde ou quis falar comigo, seja por tempo, por vergonha ou talvez implicância, a verdade é que no fim não falei com todos que queria, o que, em alguns momentos do vídeo, me dá a sensação de que falta algo, ainda que não comprometa meu objetivo final. Por causa disso, decidi me centrar nos meus entrevistados mais imediatos, aqueles que estão na emissora, trabalhando próximo e vivenciando comigo as experiências de cada dia de trabalho. Aí me veio um outro projeto, que se encaixava perfeitamente ao que procurava. Se era a experiência de cada um que buscava, e de como tais conhecimentos se encontravam na produção diária dos programas, por que não buscar um fio condutor entre esse profissionais, algo que servisse para mostrar como, na prática, os processos de trabalho de cada um acabam se encontrando? Foi aí nesse ponto que o Canal Aberto aparecia como um ponto importante para trabalhar essa questão. Poderia mostrar no vídeo, como na prática o processo de criação se dá e como as diversas "competências" envolvidas nesse trabalho se encaixam e buscam relações diretas no dia-a-dia.

O programa Canal Aberto, que apresento desde 2001, é uma das experiências mais bem sucedidas da emissora desde quando passou por uma reformulação há alguns anos, e está dentro de um projeto maior das emissoras afiliadas da Globo de regionalizar as produções. É feito sempre com enfoque na cidade, em temas, pessoas e formatos que contribuam para a melhoria da comunidade onde ele é feito. O que importa aqui é fazer com que as pessoas se vejam, e fiquem próximas da emissora. Daí, o vídeo, que antes iria se centrar na produção televisiva, buscou se orientar numa produção mais específica: aquela feita no interior, com suas dificuldades e vitórias diárias e sua importância dentro do que chamamos regionalização da programação das emissoras. Por isso, a maioria dos entrevistados trabalha diretamente no Canal Aberto e conta parte dessa experiência.

O projeto agora teria então uma dimensão mais centrada. Aqui, trago opiniões diferentes: acho que consegui traçar um quadro, ainda que pequeno, porém significativo, da produção diária de programas numa emissora do interior: desde os primeiros momentos da produção, com reuniões de pauta e preparação de estúdios até o trabalho do editor; por outro, não pude ( não consegui? ) dar a dimensão necessária a alguns pontos que considerava importantes, como por exemplo, as questões que envolvem orçamento. São essas questões que acabam influenciando de forma definitiva nas decisões tomadas na emissora. Fazer TV no interior é uma briga intensa entre aquilo que o setor comercial da empresa pode oferecer e o que a produção de jornalismo quer produzir. Obviamente, essas não são marcas próprias do interior, em qualquer emissora existe uma tensão sempre constante entre ambos os setores. No entanto, é nas cidades pequenas, com orçamento apertado, produções regradas e tecnologia defasada, que tais problemas aparecem mais constantemente. Esse dilema, muitas vezes decisivo na hora do trabalho, não foi tão bem explorado no vídeo. Precisaríamos de diretores para falar sobre o assunto então foi possível gravar com eles por uma questão de tempo.

Ainda assim, acredito que o vídeo traz um mérito importante: explora o que se costumou chamar de regionalização na televisão. E aqui nos cabe ressalvas. Primeiro porque o processo de regionalizar a produção televisiva não é uma idéia recente, nem tampouco satisfatória. O que acontece hoje no país são exemplos pontuais em algumas emissoras que tentam fugir do pólo Rio-São Paulo ao produzir programas. "Fugir" talvez seja um termo pouco deslocado; o que se faz em alguns estados é adequar o modelo que a rede de emissoras propõe ao universo local, independente de ser este "modelo" aquele ditado pelas emissoras centrais, todas localizadas ou no Rio ou São Paulo. Isso já é feito há algum tempo, mas só nos últimos anos tem sido uma arma usada pelas próprias emissoras grandes, transmitindo isso para as filiadas.

Falo por experiência própria. Trabalho como repórter da TV Subaé, afiliada Rede Globo, há quatro anos. A TV Globo sempre buscou regionalizar determinados programas, exigindo, inclusive, que o "sotaque" dos repórteres fosse mantido, como peça importante para que o povo de cada região "se encontrasse" na tela. Ora, soa como um falso discurso "democratizante" a afirmação da direção da empresa. "Ter um sotaque" é falar diferente daquilo que o padrão global determinou como certo. Não estamos, na verdade, contribuindo para a disseminação de uma cultura de TV pluralizada, nacional e não centrada num eixo, mas usando esse eixo como modelo e estigmatizando os demais centros produtores.

Aqui na TV Subaé o processo é semelhante. Dentro do projeto de regionalização, coube às afiliadas aderir a esse processo e se empenhar em torná-lo viável. Se por um lado, as explicações e justificativas para tais preocupações pareciam questionáveis, na prática, o resultado tem aparecido de forma mais consistente nas emissoras menores. Não estou negando o que disse anteriormente: para as grandes emissoras, o processo é controlado, tem diretrizes bem marcadas, e é, no final das contas, mas um modo de definir um padrão televisivo; mas nas empresas pequenas, mais próximas de seu público, acontece um processo inverso: ao falar para as comunidades em que estão inseridas, as emissoras do interior se integram a elas, fazem com que as pessoas se vejam e se identifiquem na tela, e sirvam de mola propulsora do trabalho. E isso não é localizado: aconteceu aqui, em Feira de Santana, e acontece no extremo norte da Amazônia ou nas regiões próximas a Porto Alegre.

Mas a execução disso requer um orçamento apertado. É aí que se concentra a maior dificuldade para as emissoras pequenas, equilibrar contas no setor financeiro, saber como realizar projetos sabendo que não haverá ( quase nunca há ) dinheiro suficiente para isso. Queria ter me aprofundado mais nessa questão no vídeo, mas nem sempre é possível tratar desse assunto com determinados setores da empresa. Preferi reduzir a abordagem, e me fixando na operacionalidade do programa.

Definidos os caminhos a serem seguidos dentro do vídeo, começamos as entrevistas. Estabeleci desde o início uma parceria com a própria emissora para realizar o trabalho, assim, consegui todo o material necessário para gravar. Gravei primeiro com o pessoal ligado diretamente ao Canal Aberto, depois com produtores que trabalharam na TV. Fui traçando a ordem desse material a partir do que foi coletado: primeiro, queria dar uma idéia geral da produção de programas; depois, focar atenção no Canal Aberto, como exemplo do trabalho.

Aqui, outras inquietações. A idéia original era usar a experiência de cada um no trabalho. Não queria ser técnico, usar conceitos e idéias aprendidas em livros, mas fazer com que as pessoas falassem daquilo que elas aprenderam no cotidiano do trabalho. Isto daria ao material um tom, digamos, mais real, próximo, além do que estaria se respaldando no que mais importa: a experiência diária de quem vive dentro de uma emissora.

Para quem quer começar a produzir materiais audiovisuais, além do conhecimento teórico e prático do trabalho, resta também - e de essencial importância - uma bagagem de experiências adquiridas, de aprendizado adquirido nos anos da profissão. Os técnicos e produtores que participam do projeto vão trazer exatamente essa parcela de vivências de cada um. No final, teremos não apenas um conjunto de atividades vinculadas para a produção do vídeo, mas um mosaico de informações importantes para todo e qualquer vídeo. Esse saber prático, no entanto, não dissipa a necessidade de uma análise teórica sobre os procedimentos. Conhecer requer escolhas e métodos: o vídeo se propõe a uma demonstração de experiências, muitas vezes não sistematizadas, do trabalho na televisão. A escolha, no entanto, serve para iniciar uma discussão em torno desse “fazer televisivo” numa emissora de interior.

E qual seria esse caminho? Primeiro, requer a compreensão do que representa uma emissora de TV numa cidade como Feira de Santana, com mais de 500 mil pessoas. Estamos falando da maior emissora do interior baiano e que muitas vezes tem um papel decisivo na formação da opinião de um público amplo ( cerca de 1 milhão e meio de pessoas estão cobertas pela emissora ), em diferentes campos do conhecimento. A gestão desse processo é, portanto, é essencial. Conhecer a força que a emissora desempenha na região e sua abrangência como tal ajuda na nossa concepção diária do trabalho. O cinegrafista ou o repórter, o iluminador ou o motorista da equipe podem até não ter subsídios teóricos sobre o que é uma emissora dentro de um contexto mais amplo, mas percebe a importância que o veículo desempenha e sua capacidade de gerar conseqüências diversas no cenário onde ela se insere. O "fazer televisivo" a que nos referimos nesse contexto, pois, está relacionado diretamente com a capacidade de avaliar não apenas o trabalho prático que teria um fim nele mesmo, mas saber que o desenvolvimento de cada atitude dentro da emissora e na operacionalidade diária requer referências diversas e assume um papel maior, influenciando na comunidade na qual se insere.

Outra preocupação no trabalho era saber para que tipo de público eu estaria falando. De início, queria montar um vídeo que servisse de guia, mostrando os passos iniciais da produção televisiva. Assim sendo, o trabalho deveria ser metódico, falar de cada coisa com calma, explicar cada procedimento. Mas esse não era um caminho muito interessante: deixaria o vídeo enfadonho, prenderia os entrevistados a determinados procedimentos ( acho até que "engessaria" o trabalho ). Resolvi, então, falar para aqueles que já têm um certo conhecimento geral sobre o assunto. Aquele público mediano, que de tanto ver TV, sente-se um tanto quanto íntimo do que vê e conhece em parte o que está sendo mostrado. Com um público já com uma certa base, eu poderia me centrar naquilo que se tornou ( eu não pensava isso de início ) o objetivo central do vídeo: o resultado, na prática, do processo de regionalização que vem sendo feito nas emissoras de interior, mostrando, para isso, um exemplo bem sucedido desse trabalho, o Canal Aberto.

CAPÍTULO 4: CONCLUSÕES

Entrevistas feitas, roteiro idealizado, era hora de editar. Fiz o trabalho de edição com Augusto Lima, experiente editor de imagens da TV Subaé. Segui as marcas que havia feito antes, direcionando a ordem dos pontos tratados da seguinte forma:

primeiro, informações gerais sobre a TV: queria aqui dar a dimensão do que a TV representa e quais os procedimentos gerais da produção televisiva;

segundo, os processos de trabalho e conceitos: era importante deixar alguns termos claros. Daí, explicar o que é uma reunião de pauta ou termos técnicos, com o material usado pelos iluminadores, serviriam para dar mais clareza a certos procedimentos;

por fim, a criação e execução do Canal Aberto, envolvendo aqueles que trabalham diretamente no programa. Essas pessoas explicariam como os termos tratados anteriormente se materializam dentro do programa.

A edição deveria ter um ritmo ágil, seguindo inclusive a sonorização escolhida, e dar uma especial atenção aos bastidores. Não pensava propriamente num making off, mas numa espécie de mosaico de imagens do Canal Aberto e do interior da emissora. Queria, que sobretudo, as pessoas tivessem a idéia de que o trabalho estava sendo realizado para dar a elas uma noção do que a TV regionalizada é um dos principais meios de ser fazer televisão no interior. Não está, contudo, nada explícito, mas a mistura de informações é que pretende dar uma idéia geral do que o vídeo tenta representar. Nosso maior problema na hora de editar era não deixar "falhas" dentro do contexto. Por vezes, terminava a edição de algum personagem, e perguntava se o que ele disse era de fato essencial ao que estava sendo proposto ou não estava de acordo com o que me propunha ou não se correlacionava com as demais informações. Alguns trechos foram reeditados, ou completamente modificados.

Fomos rápidos. Tudo foi editado em dois ou três dias e isso foi um problema. Não tinha tempo suficiente para fazer o trabalho, realizava-o durante os intervalos do trabalho. Por meses, estive à procura os cinegrafistas. Nunca havia tempo disponível. Para mim, não havia outro jeito: a TV tinha se colocado à disposição para ajudar no trabalho, mas da teoria à prática, existe a burocracia. "A câmera não está disponível hoje", "O cinegrafista não pode sair", "Prometo, amanhã", " É, o vídeo, tinha esquecido" - frases que costumava ouvir. Pode parecer estranho dizer isso aqui, mas foi nessas condições que o trabalho foi feito, e sobre elas que posso me orientar.

Isso não representa também, de forma nenhuma, uma espécie de compensação ou desculpa por qualquer falha no material, mas como forma de deixar claro sobre qual realidade o vídeo foi realizado.

Curioso é que por mais que o trabalho tentasse dar um tom documental ao vídeo, acho que, no fundo, não estamos falando de um documentário propriamente dito, mas de uma grande matéria. A estrutura por tópicos, a seqüência de sonoras ( entrevistas ), a inclusão de passagens ( em que o autor do vídeo aparece e funciona como apresentador ) são elementos típicos da reportagem. E aí está a prova do quanto o dia-a-dia acabou influenciando na produção. Como trabalho como repórter na emissora, por mais que tentasse, era impossível se desfazer dessa forma de trabalho. Fiz, no final das contas, jornalismo misturado ao aprendizado de um produtor cultural. No final, temos um vídeo sincero, então, não preso ao que ele poderia ser, mas na medida certa do que ele tem que ser. Seria possível fazer de outro jeito? Sempre, mas seria uma outra coisa e não atenderia ao que me proponho neste momento: falar da TV, falar do momento que estamos vivendo na televisão, importantíssimo para a história desse veículo no interior, e mostrar que é possível usar dos recursos disponíveis ( poucos, difíceis, prometidos ) para fazer algo que seja necessário para a comunidade. O importante é sempre usar o que se ensina lá fora ( seja numa emissora do Rio de Janeiro ou numa faculdade de comunicação, em Salvador ) para fazer a diferença aqui dentro ( seja numa emissora de interior ou em Feira de Santana).

Bibliografia de referência:

Daniel Filho, O circo eletrônico – fazendo TV no Brasil, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

Carlos Alberto M. Pereira e Ricardo Miranda, Televisão – o nacional e o popular na cultura brasileira, São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.

Carlos Eduardo Lins da Silva, Muito além do jardim botânico, São Paulo: Summus, 1985.

Luiz Costa Pereira Júnior (Org.) A vida com a TV, o poder da televisão no cotidiano, São Paulo: Editora SENAC, 2002.

Gonçalo Júnior, Pais da TV – a história da televisão brasileira, São Paulo: Conard Livros, 2001.

ANEXOS

FICHA TÉCNICA:

Roteiro e direção: Eduardo Oliveira

Cinegrafistas: Marcos Rogério e Almir Melo

Edição de imagens: Augusto Lima

ENTREVISTAS UTILIZADAS:

Emanoel Carlos, produtor de TV - 15/01/03 - Mesmo dentro da TV, o produtor também trabalha com publicidade, fazendo comerciais. Gravamos no estúdio dele, o que tecnicamente foi perfeito para nós, que não tínhamos uma luz própria para o ambiente. Ele tem uma experiência de cerca de 20 anos na profissão, passando tanto pela experiência de programas jornalísticos quanto em comerciais para a televisão.

Wagner Damas, produtor de TV - 17/01/03 - Como Emanoel, trabalha com publicidade. Retirei uma fala interessante dele por questões também técnicas. Ele dizia que "o que pode ser feito hoje com os computadores é fantástico, pois nos permite editar, consertar, arrumar tudo o que foi desajustado durante as gravações". Por ironia, o computador só não pôde nos ajudar nessa hora, quando um problema no áudio deixou a entrevista dele com falhas.

Almir Melo, iluminador - 18/01/03 - É também cinegrafista e um dos mais antigos iluminadores da emissora, há mais de dez anos na profissão. É também responsável pela luz no Canal Aberto. Queria que alguém falasse sobre a iluminação dos estúdios, uma verdadeira arte no trato com a TV. Uma luz mal feita ou mal trabalhada pode destruir meses de preparação. Além disso, usei os dois termos essenciais nesse contexto ( luz fria e difusor ). Poderia ter usado outros termos, mas me fixei nesses dois, pois são usados na entrevista.

Ivonete Maciel, editora de imagem - 25/02/03 - Dirige o programa, fazendo os "cortes" de câmera de dentro do estúdio. É mais antiga editora de imagens trabalhando em Feira de Santana.

Marcílio Costa, diretor de jornalismo da TV Subaé - 13/03/03 - Responsável maior pelo programa, é dele a determinação sobre o que vai ou não ao ar. Tenta pôr em prática o seu ideal de um TV regionalizada há algum tempo, mas nem sempre consegue por força das limitações diárias, já tratadas durante este texto. Está há dezesseis anos na emissora, chegou antes mesmo de sua fundação. Tem mais de 20 anos de jornalismo, trabalhando como repórter e editor de jornais na cidade.

Luciano Tapioca, cinegrafista - 30/03/03 - Experiente, falou sobre uma diferença básica nas gravações: a diferença no trabalho de "ao vivo" e "no estúdio", mostrando como o trabalho do cinegrafista pode ser decisivo na confecção do programa. É um dos mais experientes na área, tendo trabalhado em emissoras de Salvador e também em São Paulo, na Rede Globo paulista.

ENTREVISTAS RETIRADAS:

Rozineide Leal, produtora - 15/01/03

Carlos Bastos, técnico - 18/01/03

Marcos Rogério, cinegrafista - 14/03/03

EQUIPAMENTOS:

Câmera Sony digital D 35 - Sistema Beta

4 Fitas BetaCam

Microfone Boom

Monitor profissional Sony 5"

ROTEIRO

Não havia, necessariamente, um roteiro pré-definido, mas certas linhas gerais de como o trabalho seria direcionado. Segue quais pontos eram esses e como eles foram arrumados dentro da estrutura do vídeo.

1. parte: desenvolvimento de conceitos sobre a produção televisiva, apresentação dos critérios apresentados como delimitadores do trabalho televisivo. Queria aqui que o vídeo fizesse um rápido apanhado de alguns termos e colocasse para o telespectador a situação e o ambiente no qual eles estariam sendo inseridos.

Passagem inicial do apresentador: demonstração dos elementos essenciais na produção.

Uso da barra de cores como elemento delimitador da realidade televisiva. As barras servem para introduzir um universo muito próprio da produção televisiva. É o início das fitas.

2. parte: delimitar o papel da regionalização. Principalmente na entrevista com Marcílio Costa, acredito que o material conseguiu demonstrar o que é e como se alinha a produção regionalizada, buscando criar paralelos com as demais produções nacionais e suas limitações diante de complicadores específicos, como recursos disponíveis e material técnico e pessoal.

Uso de imagens da emissora, ilhas de edição equipamentos. Usamos também imagens dos bastidores do telejornal local e do estúdio. Inserir quem está assistindo nesse ambiente é o primordial aqui.

3. parte: apresentar o Canal Aberto como um produto desse processo. Na execução do programa, sua idealização e trabalho se guia na percepção do projeto regionalizado. Ele é feito sobre a perspectiva de seu público, notadamente, e de suas interações com as regiões e cidades que abrange. Sendo assim, se coloca dentro desse cenário e o assume. É espelho de uma dada realidade.

Utilizamos as imagens do programa, bastidores e erros de gravação. Como parte do material é também feito em externas, usamos essas imagens também. Escolhemos programas diversos, tentando demonstrar cenas bem diferentes. O "retorno ao início" logo no final do vídeo serve como um demonstrador de que o material que acabou de ser apresentado é, pois, o início, o trabalho de preparação até chegarmos no produto final. Dizer "boa tarde, o programa está começando" é também retomar a idéia inicial, tentando demonstrar que o trabalho apresentado até aquele momento era, na verdade, uma preparação.

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