Título - UFSCar



A APRENDIZAGEM DOCENTE E DE CRIANÇAS NA VISÃO DE PROFESSORAS INICIANTES PARTICIPANTES DE UM Programa de Mentoria on-line

Hilda Maria Monteiro (UFSCar / Fapesp)

Leila Leane Lopes Leal (UFSCar / Fapesp)

Fernanda Migliorança (UFSCar / Fapesp)

Maria H. Fátima Luchesi Martins (UFSCar / Fapesp)

Aline Maria de Medeiros Rodrigues Reali (UFSCar / Fapesp)

Regina Maria. S. P. Tancredi (UFSCar / Fapesp)

Eixo Temático: Formação Continuada de Professores

Este trabalho faz parte de um projeto que visa o desenvolvimento profissional de professoras iniciantes por meio de um ambiente virtual – Programa de Mentoria – que vem sendo realizado por um grupo de pesquisadoras da Universidade Federal de São Carlos. Neste texto pretende-se apresentar análises referentes às respostas dadas pelas professoras participantes ao preencherem um questionário no momento de inscreverem-se no Programa de Mentoria, tendo como eixos a aprendizagem docente e a aprendizagem de crianças.

Introdução

Aprender a ser professor são processos complexos e contínuos, pautados em diversas experiências e fontes de conhecimentos que envolvem fatores afetivos, cognitivos, éticos, de desempenho, entre outros, que se iniciam antes da formação básica e prosseguem ao longo da carreira e da vida (Knowles, Cole & Presswood, 1994).

Portanto, aprender é um processo ativo, que envolve interpretação e compreensão da realidade, reconfigurando constantemente nossos conhecimentos e são provenientes de experiências diversas na construção de novos significados

Os estudos sobre formação de professor têm mostrado que a forma de atuar em sala de aula, além de ter como base o conhecimento do conteúdo da disciplina e o conhecimento pedagógico do conteúdo, incorpora também as vivências pessoais, que são recuperadas em situações de ensino – recuperação nem sempre feita tendo-se clareza de suas origens.

No desenrolar do desempenho profissional, novas necessidades são colocadas para os professores, em virtude tanto da complexidade da atividade profissional quanto do fato de a realidade escolar sofrer transformações que remetem a novas questões (Amaral, 2002).

É importante, portanto, que os professores contem com estruturas e programas que os apóiem e assessorem contínua e permanentemente em suas atividades profissionais, especialmente no início da carreira. Este período, de primeiros contatos com as situações de sala de aula, é considerado por Huberman (1995) como fase de “sobrevivência” em que os professores iniciantes se deparam com

(...) o tactear constante, a preocupação consigo próprio (“Estou-me a agüentar?”), a distância entre os ideais e as realidades quotidianas da sala de aula, a fragmentação do trabalho, a dificuldade em fazer face, simultaneamente, à relação pedagógica e à transmissão de conhecimentos, a oscilação entre relações demasiado íntimas e demasiado distantes, dificuldades com alunos que criam problemas, com material didáctico inadequado, etc. (p.39)

Nesses primeiros anos de docência os professores lutam para estabelecer uma identidade pessoal e profissional. Trata-se de um período em que deixam de ser estudantes para converterem-se em profissionais, tentando alcançar um certo nível de segurança no modo de lidar com os dilemas do dia-a-dia. (Marcelo Garcia, 1999)

Um dos problemas com os quais os professores iniciantes comumente se defrontam está relacionado à imitação acrítica de condutas observadas em outros professores e à dificuldade em transformar o conhecimento adquirido ao longo da formação em uma concepção técnica de ensino (Valli, apud Marcelo Garcia, 1999).

Este é um dos momentos em que a escola tem – ou deveria ter - um papel importante no apoio ao desenvolvimento profissional de professores iniciantes, propiciando-lhes um ambiente acolhedor, tanto em termos pessoais como profissionais. Contudo, como usualmente isso não ocorre (Lapo e Bueno, 2003), outros sistemas podem estar implicados no desenvolvimento de programas de iniciação profissional dos professores, tais como a Universidade, centros de professores etc.

Neste sentido, com a intenção de investigar e fomentar o desenvolvimento profissional de professores iniciantes, um grupo de professoras da Universidade Federal de São Carlos vem desenvolvendo um Programa de Mentoria, via Internet, vinculado ao Portal dos Professores (portaldosprofessores.ufscar.br). O Programa visa o acompanhamento dos professores iniciantes, de primeira a quarta série do Ensino Fundamental com até cinco anos de docência, que é feito por profissionais experientes em diferentes fases da carreira docente e níveis de ensino – as mentoras. Trata-se de uma pesquisa-intervenção pautada num modelo construtivo-colaborativo que envolve a parceria dos diversos participantes (Cole e Knowles, 1993).

O presente trabalho refere-se ao estudo da visão de professoras iniciantes, participantes do Programa de Mentoria, sobre como o adulto-professor e a criança aprendem. A análise desses aspectos pode dar pistas às mentoras de como interagir com as professoras iniciantes ao terem referências sobre as suas concepções de aprendizagem.

Este texto refere-se a análises das respostas das professoras iniciantes a um questionário aplicado antes do início do Programa. O questionário aborda inúmeros temas com a intenção de caracterizar algumas concepções dos professores iniciantes, aspectos referentes à sua formação, experiências anteriores e dificuldades enfrentadas no início das atividades docentes.

Os dados foram analisados levando-se em conta todas as respostas das professoras que iniciaram o Programa de Mentoria. Entretanto, muitas respostas foram coincidentes ou semelhantes e as citações aqui usadas procuram ilustrar a variedade delas e não a freqüência com que ocorrem.

Dentre os inscritos, o Programa de Mentoria atende, no momento, 23 professoras iniciantes, sendo uma do estado de Santa Catarina e 22 do estado de São Paulo. A faixa etária das participantes varia entre 22 e 52 anos. Todas atuam no Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries e apenas uma trabalha como professora de Inglês nestas séries. Antes de iniciar o Programa já haviam tido experiência em docência como professoras substitutas ou de outra modalidade de ensino como de 5ª a 8ª série, Língua Estrangeira ou Educação Especial.

As professoras apontam como dificuldades enfrentadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental a indisciplina dos alunos, a mudança de série a cada ano, a não aprendizagem dos alunos, o relacionamento com a comunidade escolar: pais, pares, direção, alunos e outros profissionais, a adequação do trabalho em sala à proposta da escola, a falta de material e a ausência da direção.

A indicação dessas dificuldades e as concepções de aprendizagem reveladas pelas professoras iniciantes ao responderem o questionário de inscrição são importantes para o conduzir o encaminhamento das interações entre elas e as mentoras.

Como os adultos-professores e as crianças aprendem

A maioria das professoras iniciantes (17) indica a prática de sala de aula, com os alunos, como o componente mais forte na aprendizagem docente. Para algumas delas, essa prática pode ser configurada como um processo de ensaio e erro, em que tanto um quanto outro efeito podem ocorrer, conforme indicação a seguir:

Aprender a ser professor é com a pratica na sala de aula, sempre a primeira turma é a "cobaia" (...).( P1)

Eu estou aprendendo a ser professora com a minha prática diária da profissão, neste exercício de descobertas cheio de incertezas, acertos e  erros. ( P2)

Há indícios, em algumas respostas, de que esse seria um processo de mão única, como se a ação docente não fosse responsiva às ações dos alunos:

[Aprendo] na prática, dentro da sala de aula com os alunos sentados em suas carteiras olhando para mim. (P21)

Ainda que considerem a prática como o eixo da aprendizagem docente, algumas professoras apontam os cursos de formação inicial (de Magistério e de Pedagogia) como também relacionados à promoção de sua aprendizagem profissional:

(...) Magistério e Pedagogia deram bases teóricas, mas é na prática que se percebe o que é ser professor.( P1)

Aprendi a ser professor dando aulas, minha formação contribuiu para que eu entendesse os fenômenos educacionais e fosse um professor melhor. (P20)

O gosto pelo ensinar, o esforço pessoal, o apoio de familiares, bem como a imagem de antigos professores são citados como fatores complementares à formação inicial e à prática:

Cursei o Magistério e posteriormente Pedagogia mas acredito que a prática diária em sala de aula e o fato de gostar de ensinar é que me formaram uma professora...(P23)

Desde pequena dava aulas para outras crianças e quando cresci fiz magistério e descobri o que realmente queria para mim. (P14)

O curso de formação de professores foi muito importante para a aprendizagem de teorias pedagógicas, mas a aprendizagem se efetiva na prática docente estimulada, motivada pela admiração/aversão de atitudes pedagógicas de professores do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Universidade. (P3)

Sempre tive o desejo de ser professora, em momento algum pensei em outra profissão. Admirava muito minhas professoras. (P4)

Esses dados revelam que na profissão docente as experiências envolvendo relações humanas, como membro de família ou como aluno, são poderosas influências para formar os fundamentos da prática.

Uma professora responde que foi por necessidade pessoal, por ocasião do nascimento do filho, que buscou uma formação pedagógica.

Algumas respostas trazem a visão de formação como um processo contínuo e enfatizam as relações na escola com colegas e alunos também como fonte de aprendizagem:

Prefiro dizer que ainda estou aprendendo. Iniciei esta aprendizagem quando entrei no curso de Pedagogia Habilitação em Magistério para Deficientes Mentais, através das leituras, discussões e estágio. Dei continuidade à aprendizagem quando comecei dar aulas na APAE, (...) em 2001 quando voltei a estudar para ter habilitação para dar aulas para o Ensino Fundamental.(...) Cada ano posso dizer que são novas aprendizagens adquiridas assim como um amontoado de dúvidas e incertezas. Acredito que esta aprendizagem nunca terá fim.(P17)

Interagindo com os meus alunos em sala de aula, buscando a cada dia e a cada instante aprender cada vez mais. (P16)

Os estudos sobre o pensamento do professor feitos por Nóvoa (1992,1995); Perrenoud (1993); Schön (1992), entre outros, têm mostrado que a forma de atuar em sala de aula, além de ter como base o conhecimento do conteúdo da disciplina e da metodologia de ensino, incorpora também as vivências pessoais, que são recuperadas em situações de ensino.

Freqüentemente, nas respostas analisadas, os pensamentos e as idéias sobre educação, escola, sala de aula e ensino derivam de experiências passadas e imprimem uma marca na atuação profissional. É isso que revelam as respostas à pergunta com quem aprendeu a ser professor?

Além de conhecimentos pedagógicos reconhecidamente aprendidos com antigos professores, outras fontes de conhecimentos que envolvem fatores como o entusiasmo pela busca do saber, do ensinar e do aprender são indicadas como tendo influência na aprendizagem profissional:

[Aprendi] com os meus professores do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e da Universidade, observando atitudes e práticas pedagógicas, seu entusiasmo pelo saber, pelo ensinar e pelo aprender e, por fim, com o meu grande interesse nas teorias educacionais. (P3)

Ao indicarem a influência de seus professores, as professoras iniciantes parecem não assumir acriticamente as condutas observadas ao longo do processo de escolarização e procuram construir outros conhecimentos a partir das referências que consideram apropriadas para enfrentar os desafios trazidos pela prática:

Durante a nossa vida escolar vivemos cercados de muitos professores e com estes construímos várias imagens (boas e ruins) do que é ser professor, poderia dizer que aprendemos com essas referências, porém, nada substitui a construção da própria prática. Acredito que aprendemos à medida que a vivenciamos e com  desafios que deparamos durante a docência. (P11)

A atitude de avaliar a conduta de professores que participaram da vida escolar para incorporá-la ou não à forma de trabalho é considerada positiva por Valli (apud Garcia, 1999), que considera a imitação acrítica de antigos mestres como um dos problemas enfrentados por professores iniciantes. Será no decorrer do processo de colaboração entre mentoras e professoras iniciantes que poder-se-á perceber se o modelo utilizado pelas professoras foi tomado a partir de uma análise crítica ou se fazem uma imitação acrítica pois as respostas dadas não asseguram uma ou outra postura:

Observando os mestres que tive na infância e brincando de escolinha e, com muito esforço. (P12)

Espelhava-me nos professores e aproveitava o que achava bom para incorporar na minha forma de trabalho. (P14)

A escola e as relações intra-escolares são também apontadas como fontes de aprendizagem.

A cada dia aprendo um pouco e os principais professores são os próprios alunos que nos ensinam coisas maravilhosas e inusitadas a cada dia. (P22)

[Aprendo] com colegas mais experientes e com a pratica... mas ainda tenho muito para aprender . (P18)

[Aprendo] com colegas de trabalho, com a coordenadora, com os pais de alunos durante as reuniões. (P9)

No que diz respeito ao como as crianças aprendem todas as professoras iniciantes apontam que “todas são capazes de aprender” mesmo que em ritmos diferentes de aprendizagem.

Cada um aprende de uma forma e tem seu próprio ritmo, mas todos aprendem. (P13)

Todo ser humano é passível a aprendizagem, mesmo que tenha um certo limite. O que não podemos fazer é subestimar uma criança por ela ser de classe social X, de etnia Y, de família Z, de problemas N e sim, ensiná-la porque de uma forma ou de outra ela pode aprender, mesmo que tenha algum problema, distúrbio de maior gravidade. (P3)

Uma outra justificativa para tal resposta mostra que a aprendizagem da criança ocorre mediante apoio de profissionais, bem como, da sua vontade de aprender.

Desde que haja compromisso profissional por parte do professor e por parte da criança. Só podemos ensinar se ela quiser aprender." (P1 e P18)

Para reforçar essa compreensão algumas relatam experiências bem sucedidas com crianças com necessidades especiais.

Sou formada em deficiência mental e ao longo da formação e dos estágios realizados, pude perceber que mesmo as crianças com sérias limitações são capazes de aprender se lhes forem dadas as corretas oportunidades. (P 14)

No entanto, uma das professoras acredita que toda criança é capaz de aprender, exceto em caso de distúrbio neurológico.

Desde que ela não tenha nenhum problema neurológico. (P 18)

Esta resposta indica que um dos temas que poderá ser abordado nas interações entre professoras iniciantes e mentoras é o da inclusão de crianças com necessidades especiais em salas regulares.

O comprometimento do professor e a sua formação são apontados também como importantes fatores para a aprendizagem do aluno:

(...) a criança precisa encontrar um professor comprometido, principalmente que esteja certo do dever de desenvolver propostas de acordo com os diferentes níveis de aprendizagem. (P11 e P23)

Ao analisar como as crianças aprendem, as professoras iniciantes indicam que o aprender fazendo, participando e manipulando o ambiente, bem como a prática e a vivência seriam os processos fundamentais.

[Pela] observação, experimentação e desafio; (P2 e P19)

Acho que as crianças aprendem pela observação e pela prática. Observando, agindo, formulando hipóteses, experimentando e utilizando o próprio conhecimento a criança constrói o seu saber. (P13)

Acreditam ser importantes facilitadores de aprendizagem a valorização e o estímulo dos adultos e, mais especificamente, dos professores que têm apreço pela profissão.

Aprendem quando são valorizadas, [quando aprendem] o que é real para elas e, o principal, quando encontram professores que gostam do que fazem. (P4)

As respostas revelam que as professoras iniciantes acreditam que o professor tem um importante papel na mediação da aprendizagem e sugerem que as crianças devem ser instigadas a construir hipóteses, por ser esta uma forma de aprender.

Acredito que cada criança tem seu mundo e que ela o pensa, tece várias hipóteses sobre o que vê e vive, isso não dispensa a mediação dos processos de aprendizagens por parte do professor. (P11)

Acredito que as crianças aprendem a partir de instrumentos que o professor dá a elas. Elas devem ser instigadas a pensar e a construir hipóteses que são ou não comprovadas a partir de atividades onde o aluno possa raciocinar criticamente. (P23)

As condições desfavoráveis de vida são indicadas como fator que pode interferir negativamente na aprendizagem das crianças e isso exigiria um esforço maior do professor para ensinar.

[Aprende] quando estimulada a acreditar que é capaz de aprender, recebe amor, compreensão e o professor também acredita nisso. Embora, temos que ser muito persistentes quando sabemos que algumas vivem em condições precárias e que isso interfere em sua aprendizagem. (P16)

Quanto à questão “como nós, adultos-professores, aprendemos”, oito responderam que os processos envolvidos são os mesmos que os das crianças, com algumas diferenças.

Igual às crianças... (P1, P2, P3, P4, P8, P14, P20, P23)

(...) só que [nós adultos] sabemos as conseqüências de não aprender. (P1)

(...) a diferença são as dificuldades e os objetivos. (P2)

(...)mas em níveis de complexidade diferentes. (P8)

A importância da relevância que o objeto de conhecimento deve ter para quem aprende é também apontada como fator positivo na aprendizagem do adulto.

(...)[aprendemos] o que julgamos importante, [o que pode] nos trazer benefícios, o que nos interessa e nos dá prazer. (P10)

Alguns professores aprendem porque gostam do prazer da descoberta, aprendemos diante de desafios, e, que temos que vencê-los. (P11)

Assim como as crianças, as professoras afirmam que, sentir-se valorizadas pelos conhecimentos que possuem, facilita a aprendizagem.

A nossa auto-estima também tem que estar elevada como a dele [aluno]. (P4)

Temos uma capacidade maior de concentração, de abstração e de autonomia. Quando temos alguém junto que valoriza os nossos conhecimentos é mais fácil aprender. (P16)

A auto-avaliação, as interações com o meio e com as pessoas, a manipulação e a observação são considerados fatores que podem viabilizar a aprendizagem do adulto-professor.

[Aprende] se auto avaliando, observando, analisando, manipulando, dialogando, experimentando e trocando idéias. (P3)

[Aprende] com o meio, a cultura, com as pessoas e a vida. (P7)

Há especificidades relacionadas a uma maior experiência de vida e o acesso a outras fontes de conhecimento que exigiriam uma autonomia que a criança não tem e que favorecem a aprendizagem do adulto.

(...) [aprende] através de suas vivências, através dos erros e acertos, através da troca com o outro e também de sua maturidade é claro. (P21)

[Aprende] utilizando conhecimentos anteriores para estabelecer relações e chegar a conclusões. (P13)

Aprendemos com a leitura de textos, com discussões nas escolas. (P12)

Aprendemos inicialmente a partir de teorias e pesquisas empíricas. (P23)

As respostas indicam que as professoras iniciantes, como seus alunos, constroem ativamente seus modos de conhecimentos. Tais respostas estão de acordo com o que preconiza Darling-Hammond (1997), para quem parece ser necessário que as professoras aprendam como seus alunos: estudando, fazendo e refletindo, em colaboração com outros professores e compartilhando o que vivenciam.

Algumas considerações

O fato de terem se inscrito em um Programa de Mentoria que visa o acompanhamento de professores iniciantes já revela que as participantes concebem a aprendizagem profissional como um processo contínuo que vai além da formação inicial.

Os dados indicam que essas professoras iniciantes esperam apoio das mentoras naquilo que possivelmente a escola não tem conseguido proporcionar, que é o reconhecimento dos conhecimentos que já possuem e a passagem menos dramática da condição de futuro professor para professor atuante por meio da colaboração de profissionais que já experienciaram essa fase da carreira e superaram seus impasses tornando-se professores competentes.

A concepção de aprendizagem revelada pelas respostas sustenta tanto o caráter ativo e construtivo da aprendizagem dos alunos como também o caráter construtivo do acompanhamento on-line, pelas mentoras, às professoras iniciantes.

O Programa de Mentoria pode colaborar para desenvolver um repertório de comportamentos profissionais relacionados ao ensinar, ao aprender e ao ser professor possibilitando às professoras iniciantes oportunidade de se sentirem seguras e de se aprimorarem profissionalmente, ampliando o seu repertório para responder às necessidades dos alunos. Entretanto, a responsabilidade por essa formação não pode ser uma escolha pessoal. Ela deve ser apresentada como uma política pública de capacitação de professores visando oferecer uma educação de qualidade para toda a população.

Referências Bibliográficas

AMARAL, Ivan A. de. Oficinas de produção em ensino de Ciências: uma proposta metodológica de formação continuada de professores. In: TIBALLI, E.F.A.; CHAVES, S.M. Concepções e práticas em formação de professores: diferentes olhares. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

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DARLING-HAMMOND, L. The right to learn – A blueprint for creating schools that work. Jossey-Bass: San Francisco, 1997.

HUBERMAN, Michaël. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (org.) Vidas de Professores. Porto: Porto Editora, 1995, P. 31-78.

KNOWLES J. Gary; COLE, Ardra L., PRESSWOOD, Colleen. Through Preservice Teachers' eyes: exploring field experiences through narrative and inquiry. NewYork.: Macmillan College Publishing Company, 1994.

LAPO, F.L. e BUENO, O.B. Professores, desencanto com a profissão e abandono do magistério. Cadernos de Pesquisa, n.118, março/2003 p.65-88.

MARCELO GARCIA, Carlos. Formação de professores – para uma mudança educativa. Porto: Porto Editora Ltda, 1999.

NÓVOA, António. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

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PERRENOUD, Philippe. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: perspectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993.

SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, António. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

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