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Jos? Lu?s Fiori: "O conservadorismo tem se manifestado e avan?ado por todos lados" - Caderno PrOA

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Caderno PrOA

Entrevista

Jos? Lu?s Fiori: "O conservadorismo tem se manifestado e avan?ado por todos lados"

Autor e professor de economia pol?tica internacional analisa as mudan?as ocorridas no pa?s e no mundo desde a primeira edi??o do F?rum Social Mundial, em 2001

Por: Let?cia Duarte

16/01/2016 - 15h03min

Professor titular de economia pol?tica internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do grupo de pesquisa Poder Global e Geopol?tica do Capitalismo, Jos? Lu?s Fiori analisa a seguir as mudan?as ocorridas no Brasil e no mundo desde a primeira edi??o do F?rum Social Mundial, em 2001. Autor do livro Hist?ria, Estrat?gia e Desenvolvimento (Boitempo, 2015), Fiori compara o avan?o do conservadorismo ? "met?stase de um mesmo c?ncer", que pode se manifestar como fundamentalismo religioso, xenofobia racista ou intoler?ncia raivosa:

Qual o balan?o das causas do F?rum

I F?rum Social Mundial, em 2001 Foto: Adriana Franciosi / Agencia RBS

Social Mundial 15 anos depois da primeira edi??o em Porto Alegre

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Na primeira edi??o do F?rum Social Mundial, em 2001, o discurso era marcado por uma cr?tica ao neoliberalismo, ? globaliza??o e ? mis?ria. Nesses 15 anos, o Brasil e o mundo mudaram bastante. Como o senhor avalia o per?odo?

Uma coisa dif?cil ? aceitar que a velocidade das transforma??es hist?ricas ? sempre menor do que a gente desejaria que fosse. Nestes ?ltimos 15 anos, houve uma diminui??o sens?vel da mis?ria em muitos pa?ses asi?ticos e sul-americanos, e mesmo em alguns pa?ses africanos. Mas ao mesmo tempo, neste mesmo per?odo, ocorreu um grande aumento do desemprego e da desigualdade social, na Europa e nos EUA. E n?o h? menor d?vida que o neoliberalismo segue sendo a ideologia hegem?nica em quase todo o mundo ocidental, apesar de que tenha diminu?do a cren?a ing?nua na utopia da globaliza??o. Neste sentido, basta olhar para os principais pa?ses sul-americanos para medir o peso e a influ?ncia atual das ideias e propostas neoliberais. Agora mesmo, na Argentina acaba de ser eleito um novo presidente que ? partid?rio entusiasta das ideias e pol?ticas neoliberais, e que ? quase um s?sia ideol?gico do senador A?cio Neves (PSDB) que foi derrotado nas ?ltimas elei??es presidenciais brasileiras, mas que teve uma vota??o mais do que expressiva. E o mesmo j? havia ocorrido no Chile, e parece estar se anunciando na Venezuela. Ou seja, tudo indica que a Am?rica do Sul segue rachada ideologicamente, e uma parte significativa de suas elites, da sua imprensa e de sua popula??o continua alinhada com a ideologia neoliberal, que segue dominante nos EUA e na Europa, apesar das recentes vit?rias eleitorais em alguns pa?ses mediterr?neos de partidos e movimentos contr?rios ?s pol?ticas de austeridade e ?s reformas patrocinadas por Bruxelas, com o decidido apoio da



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Alemanha, Fran?a e Inglaterra. Por isto, do meu ponto de vista, segue sendo um desafio e um objetivo das for?as progressistas a lenta constru??o de uma nova hegemonia e de uma nova coalis?o de for?as que seja capaz de levar a cabo uma verdadeira revolu??o democr?tica no continente, sustentando ao mesmo tempo uma estrat?gia de desenvolvimento econ?mico que n?o se submeta ao ide?rio

neoliberal.

Tarso Genro: "Acho que hoje as ideias, o projeto e o modo de vida neoliberal est?o vencendo de novo em escala mundial"

Na sua avalia??o, qual o maior legado do F?rum Social Mundial? Que conquistas e desafios o senhor destacaria nesse per?odo?

Eu participei muito pouco da hist?ria do FSM. Estive presente apenas na sua reuni?o inaugural de 2001, e enviei uma palestra que foi lida na reuni?o de 2002. Depois disto, fui apenas um observador atento, mas distante de sua evolu??o dentro e fora do Brasil. Assim mesmo, acho que seu maior legado foi a pr?pria cria??o de um f?rum amplo e universal de encontro, express?o, debate e divulga??o de dezenas de causas e reivindica??es de todo o mundo, que tem como denominador comum a luta pelo reconhecimento e amplia??o dos seus direitos ? liberdade, ? igualdade, ? sua emancipa??o e ? sua autonomia frente a v?rias formas de domina??o, subordina??o, explora??o, de classes, g?neros, povos, religi?es, etc. Neste sentido, creio tamb?m que sua principal conquista foi sua pr?pria sobreviv?ncia, a despeito de sua heterogeneidade e do seu alto grau de espontaneidade. Por fim, creio que seu principal desafio segue sendo o mesmo, desde a sua cria??o: encontrar as formas de encaminhar de forma eficaz esta luta universal e cosmopolita, dentro de sociedades e frente a estados e sociedades nacionais que s?o extremamente desiguais, desde todos os pontos de vista.

Boaventura de Sousa Santos: "O f?rum foi uma iniciativa de inclus?o sem precedentes"

O slogan do FSM propunha "um outro mundo poss?vel". O aumento da preocupa??o com sustentabilidade em diferentes campos pode ser lido como sinais de que j? experimentamos um "outro mundo poss?vel"? Que mundo ser? esse?

A for?a po?tica deste slogan convive com sua enorme imprecis?o numa f?rmula que consegue sublinhar o denominador comum do f?rum, escondendo ao mesmo tempo, a sua grande dificuldade ou fragilidade. De forma muito gen?rica, o FSM re?ne pessoas, grupos e movimentos sociais de todo mundo que se op?em ao sistema capitalista, e ?s suas m?ltiplas formas de desigualdade e domina??o social e pol?tica. Mas o f?rum n?o tem condi??es de enfrentar, e nem muito menos de resolver o problema de qual ser? este mundo alternativo ao capitalismo. Nem tampouco tem condi??es de definir caminhos ou estrat?gias capazes conduzir os homens, todos os homens, na dire??o deste "outro mundo" com que sonham. Neste sentido, "um outro mundo ? poss?vel" ? um slogan que deixa em aberto o problema das alternativas e das estrat?gias de constru??o do futuro comum de seus participantes. ? uma f?rmula libert?ria que privilegia o movimento e a luta, muito mais do que o "desenho das tabernas do futuro" ut?pico de cada um dos seus participantes. Da? a sua for?a e fraqueza a um s? tempo.

Jos? Maur?cio Domingues: "A esquerda ficou ref?m do seu pr?prio pensamento limitado"

No Brasil, houve conquistas sociais no per?odo, mas ao mesmo tempo o governo de esquerda liderado pelo PT acabou maculado por uma s?rie de esc?ndalos de corrup??o, que contribu?ram para fortalecer posi??es mais conservadoras. Que caminhos o senhor vislumbra para que o pa?s possa avan?ar na constru??o de um modelo socioecon?mico mais justo?

? verdade que tudo isto aconteceu neste per?odo, mas creio que no Brasil e em todo mundo, a for?a da nova onda conservadora que come?ou j? faz alguns anos, nos EUA e depois se espalhou por quase todo o mundo, n?o tem a ver necessariamente com a quest?o da corrup??o. Com corrup??o ou sem corrup??o, o conservadorismo tem se manifestado e avan?ado por todos lados como se fosse a met?stase de um mesmo c?ncer que ora aparece sob a forma do fundamentalismo religioso, ora sob a forma da xenofobia racista, do



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nacionalismo fascista, ou ainda ? mais genericamente ? da intoler?ncia raivosa com rela??o a todo tipo de diferen?a ou diverg?ncia no campo da ra?a, do sexo, da f? ou das ideias pol?ticas. Isto est? ocorrendo, hoje, no Oriente M?dio, na Europa, na Am?rica do Sul, e a for?a avassaladora e irracional deste novo conservadorismo j? est? amea?ando a pr?pria possibilidade da conviv?ncia pac?fica entre as gentes,

o que coloca, como primeiro e fundamental objetivo de qualquer projeto de um mundo melhor e mais justo, a luta para barrar e reverte

o avan?o desta irracionalidade destrutiva. Por todos os lados est?o se multiplicando os sinais e as possibilidade de novas guerras civis, de guerras religiosas e de guerras entre as grandes potencias globais ou regionais. Por isto, neste momento, acho que deve ocupar um lugar central na agenda de todos os "homens de bem", a luta pela conviv?ncia democr?tica, pela aceita??o das diferen?as, enfim, pela

sustentabilidade das rela??es entre os homens, e da pr?pria humanidade.

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