CHAPTER 17



CAPÍTULO 17

MERCADOS COM INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS

OBSERVAÇÕES PARA O PROFESSOR

Este capítulo analisa diversas situações caracterizadas por informações assimétricas, ou seja, situações em que um indivíduo possui mais informação do que outro. A Seção 17.1 discute o caso em que o vendedor tem mais informação do que o comprador a respeito das características do produto vendido. A Seção 17.2 apresenta a sinalização de mercado como um possível mecanismo para lidar com o problema da informação assimétrica. A Seção 17.3 analisa o problema do risco moral, no qual um indivíduo tem mais informação do que o outro acerca de seu próprio comportamento. A Seção 17.4 discute o problema da relação agente– principal e a Seção 17.5 estende essa análise para o caso de uma empresa integrada; ambas as seções tratam do problema associado à existência de objetivos conflitantes por parte dos proprietários e dos administradores de empresas. Por fim, a Seção 17.6 examina a teoria do salário de eficiência. O capítulo inclui, portanto, quatro tópicos básicos; se desejado, o professor pode optar por discutir apenas alguns deles, de acordo com a disponibilidade de tempo e o interesse da turma.

A melhor forma de introduzir o tema da informação assimétrica é rever, num primeiro estágio, os casos em que a microeconomia pressupõe a existência de informação perfeita, para, em seguida, analisar as implicações do abandono dessa hipótese. Cabe notar que, ao longo de todo o texto, com exceção do Capítulo 5 e partes do Capítulo 15, sempre se adotou a hipótese de conhecimento perfeito do futuro (ausência de incerteza). Nos raros modelos com incerteza, os indivíduos “jogam contra a natureza”. Nos modelos de informação assimétrica, os indivíduos jogam contra os demais.

É provável que muitos dos estudantes já tenham comprado ou vendido um automóvel usado, de modo que o modelo dos produtos de qualidade duvidosa deve revelar-se interessante para eles. O professor pode começar a apresentação do tema pedindo que os estudantes que já tenham vendido um carro usado expliquem de que forma foi determinado o preço de venda. É importante enfatizar a intuição por trás do modelo antes de passar à Figura 17.1. Deve ficar claro que os vendedores de carros usados têm incentivo a pedir preços elevados pelos carros, de modo a dar a impressão de que estes são de boa qualidade. Pode-se realizar uma discussão em sala de aula sobre a desejabilidade de uma lei que exija que os automóveis usados sejam vendidos com garantia.

A maioria dos estudantes também deve ter familiaridade com o mercado de seguros. Em muitos estados norte-americanos, o seguro de automóveis é obrigatório; os limites do seguro, porém, podem variar nos contratos. É importante discutir a idéia de que indivíduos avessos a riscos tendem a adquirir seguros com limites mais altos, e a forma pela qual as companhias seguradoras determinam o risco do seguro. O exemplo da aquisição de uma casa, apresentado no Capítulo 15, pode ser estendido levando-se em consideração a forma pela qual os bancos determinam a probabilidade dos tomadores de empréstimos se tornarem inadimplentes.

Na discussão da sinalização de mercado, é importante ressaltar a dupla função da educação — treinar e sinalizar maior produtividade. O “Modelo simples de sinalização no mercado de trabalho”, apresentado na Seção 17.2, pode causar confusão entre os estudantes pouco familiarizados com funções descontínuas (veja a Figura 17.2). Deve-se explicar que os diplomas geram descontinuidades e ressaltar as relações entre diplomas, garantias e certificados de qualidade educacional como mecanismos de sinalização.

O risco moral é um conceito de fácil ilustração através de exemplos; é necessário, porém, distinguir claramente esse conceito da idéia de seleção adversa.

O problema da relação agente–principal é apresentado no contexto da interação entre empregador e empregado, mas pode ser aplicado a situações alternativas, como a relação entre uma agência reguladora e a empresa regulada ou a relação entre os eleitores e seus representantes eleitos. Na discussão dos problemas de monitoramento dos agentes, pode-se reintroduzir o conceito de custos de transação (apresentados na Seção 16.2). O tópico mais interessante desta seção refere-se ao desenho de contratos visando proporcionar os incentivos apropriados para que os agentes atuem de acordo com os interesses do principal. A Seção 17.5 aplica esse tópico à questão dos incentivos administrativos em uma empresa integrada. O modelo pode ser aplicado também a contratos governamentais – por exemplo, no caso da contratação de serviços de defesa.

O modelo do salário de eficiência com dissimulação no trabalho é difícil, do ponto de vista conceitual. Após a discussão do conceito de eficiência no Capítulo 16, os estudantes poderiam questionar até que ponto é realmente eficiente pagar aos trabalhadores salários maiores do que seus produtos marginais. É importante, portanto, enfatizar o papel desempenhado pela informação assimétrica nesse caso (empresas com informação imperfeita a respeito da produtividade de cada trabalhador). Antes de apresentar esse modelo, é recomendável ler as referências na nota de rodapé 17. O artigo de Yellen é conciso, ao passo que o artigo de Stiglitz é mais geral, abordando a questão da dissimulação no trabalho na página 20 e a relação entre a teoria do salário de eficiência e o desemprego nas páginas 33-37.

QUESTÕES PARA REVISÃO

1. Por que as informações assimétricas entre compradores e vendedores podem ocasionar um desvio de eficiência em mercados que, de outra forma, poderiam ser totalmente competitivos?

A informação assimétrica leva a um desvio de eficiência em mercados porque o preço pelo qual o bem é transacionado não reflete o benefício marginal do comprador nem o custo marginal do vendedor. O mercado competitivo não é capaz de alcançar uma produção com o preço igual ao custo marginal. Em alguns casos extremos, se não houver um mecanismo para reduzir o problema da informação assimétrica, o mercado deixa de funcionar completamente. Por exemplo, no caso do carro usado, os compradores não sabem com certeza se terão um carro de baixa ou alta qualidade, então, como resultado, tenderão a querer pagar por um carro menos do que os donos de um carro de qualidade alta estarão dispostos a receber. Sendo assim, poucos carros de alta qualidade serão colocados à venda e isso poderá levar a um desvio de eficiência no mercado.

2. Se o mercado de automóveis usados é caracterizado por mercadorias de qualidade duvidosa (lemons), como comparar o histórico dos consertos dos automóveis usados que conseguem ser vendidos com o dos veículos usados que não foram vendidos?

No mercado de automóveis usados, o vendedor tem uma idéia melhor da qualidade do automóvel do que o comprador. O histórico dos consertos dos automóveis usados é um indicador de sua qualidade. Esperaríamos que, na margem, os automóveis com bom histórico de consertos fossem mantidos e os com histórico ruim fossem vendidos. Assim sendo, esperaríamos que os históricos dos automóveis usados que estivessem à venda fossem piores do que os dos automóveis que não fossem vendidos.

3. Explique a diferença entre a seleção adversa e o risco moral no mercado de seguros. Será que a seleção adversa e o risco moral podem existir um sem o outro?

No mercado de seguros, tanto a seleção adversa quanto o risco moral existem. A seleção adversa se refere à auto-seleção de indivíduos que adquirem apólices de seguro. Em outras palavras, as pessoas com risco mais baixo do que a população segurada, na margem, escolherão não adquirir seguro, enquanto as pessoas com risco mais elevado do que a população escolherão adquirir seguro. Como resultado, a companhia seguradora se verá com um grupo de portadores de apólices de alto risco. O problema do risco moral ocorre depois que o seguro é adquirido. Uma vez adquirido o seguro, os indivíduos com um grau baixo de risco podem passar a se comportar como os indivíduos de alto risco. Quando os portadores de apólices estão totalmente segurados, eles possuem pouco incentivo para evitar situações de risco.

Uma companhia seguradora pode reduzir a seleção adversa sem diminuir o risco moral, e vice-versa. Fazer pesquisas para determinar o grau de risco de um cliente potencial ajuda as companhias de seguro a reduzir a seleção adversa. Além disso, elas reavaliam o prêmio (podendo, algumas vezes, cancelar a apólice) quando ocorrem sinistros, reduzindo, desse modo, o risco moral. A cobrança de uma taxa fixa pela utilização dos serviços também reduz o risco moral, por desestimular os portadores de apólices a se comportarem de maneira arriscada.

4. Descreva diversas maneiras pelas quais vendedores podem convencer compradores de que seus produtos são de alta qualidade. Quais os métodos que podem ser utilizados no caso dos seguintes produtos: máquinas de lavar da marca Maytag, hambúrgueres Burger King e diamantes grandes.

Alguns vendedores sinalizam a qualidade de seus produtos para os compradores por meio de (1) investimento em boa reputação, (2) padronização dos produtos, (3) certificação (isto é, a utilização de diplomas educacionais no mercado de trabalho), (4) certificados, e (5) garantias. A Maytag sinaliza a alta qualidade de suas máquinas de lavar oferecendo uma das melhores garantias do mercado. O Burger King conta com a padronização de seus hambúrgueres, por exemplo, o Whopper. A venda de um diamante grande é acompanhada de um certificado que autentica o peso e a forma da pedra e revela qualquer defeito.

5. Por que determinado vendedor poderia achar vantajoso sinalizar a qualidade de um produto? De que modo as garantias e os certificados atuam como sinalização de mercado?

As empresas que produzem bens de alta qualidade gostariam de cobrar preços mais elevados, mas, para que sejam bem-sucedidas, os clientes potenciais devem ser informados das diferenças de qualidade entre as marcas de produtos. Uma forma de fornecer essa informação sobre a qualidade do produto é por meio de garantias (que prometam a devolução do valor pago caso o produto esteja com defeito) e de certificados (que prometam o conserto ou troca no caso de o produto estar com defeito). Dado que os produtores de bens de baixa qualidade tendem a não oferecer mecanismos de sinalização custosos, os consumidores podem, corretamente, interpretar uma garantia como sinal da alta qualidade do produto, confirmando, assim, a eficácia dessas medidas como mecanismos de sinalização.

6. Joe recebeu boas notas durante os quatro anos da faculdade. Para seu futuro empregador, essa conquista é um forte sinal de que ele será um profissional altamente produtivo? Por quê?

Sim, para a grande maioria ter notas altas durante a faculdade é um forte sinal de que o funcionário desempenhará suas funções acima da média. Independentemente do que aprendeu, isso indica que ele é capaz de superar a maioria dos estudantes. Por outro lado, Joe pode ter tido aulas fáceis, e /ou ter aprendido com bons professores.

7. Por que os administradores de empresas podem ter outros objetivos que não a maximização de lucros, que é a meta dos acionistas?

É difícil e custoso para os acionistas da empresa monitorar constantemente as ações dos administradores da empresa. Os proprietários da empresa se encontram em uma melhor posição para monitorá-los, porém, ainda assim, o comportamento dos administradores não pode ser investigado 100% do tempo. Portanto, os administradores possuem alguma liberdade para perseguir seus próprios objetivos.

8. De que modo o modelo agente–principal pode ser utilizado para explicar por que empresas públicas, por exemplo, os Correios, podem passar a buscar objetivos diferentes da maximização de lucros?

Pode-se esperar que os administradores de empresas públicas ajam da mesma maneira que os administradores de empresas privadas, visando à obtenção de poder e outros privilégios, além da maximização dos lucros. O monitoramento das atividades de uma empresa pública é um problema de informação assimétrica. O administrador (agente) está mais familiarizado com a estrutura de custos da empresa e com os benefícios aos clientes do que o principal, um oficial eleito ou indicado, que deve extrair as informações sobre custos controladas pelo administrador. Os custos de extrair e verificar a informação, como também, independentemente, reunir informações sobre os benefícios fornecidos pela empresa pública, podem ser maiores do que a diferença entre os rendimentos líquidos potenciais do agente (“lucros”) e os rendimentos efetivos. Essa diferença permite algum grau de flexibilidade, podendo ser distribuída para a administração sob a forma de benefícios pessoais, para os trabalhadores da agência sob a forma de maior segurança no emprego (além do nível eficiente), ou para os clientes da agência sob a forma de provisão de bens ou serviços em nível superior ao nível eficiente.

9. Por que as políticas de participação nos lucros e de pagamento de gratificações têm a possibilidade de resolver o problema da relação agente–principal, enquanto um esquema de remuneração fixa provavelmente não o resolveria?

Com um salário fixo, o agente–empregado não tem incentivo para maximizar a produtividade. Se ele for contratado com uma remuneração fixa igual à receita do produto marginal do empregado médio, não há incentivo para que ele se empenhe mais em seu trabalho do que o trabalhador menos produtivo. Esquemas de bonificações e participação nos lucros envolvem um salário fixo mais baixo do que os esquemas de remuneração fixa, mas incluem uma bonificação que pode estar vinculada à lucratividade da empresa, à produção individual do empregado ou à produção do grupo no qual o empregado trabalha. Esses esquemas fornecem um incentivo maior para que os agentes maximizem a função objetiva do principal.

10. O que é o salário de eficiência? Por que é lucrativo para a empresa pagar um salário de eficiência em situações nas quais os trabalhadores possuem informações mais completas a respeito de sua produtividade do que ela?

Um salário de eficiência, no contexto do modelo de dissimulação no trabalho, é o salário ao qual os trabalhadores deixam de dissimular e se empenham verdadeiramente. Se os empregadores não puderem monitorar a produtividade de seus empregados, então, estes podem trabalhar com pouco empenho, o que afetará o nível de produção e os lucros da empresa. Do ponto de vista da empresa, portanto, vale a pena pagar aos trabalhadores um salário acima do nível de mercado, de modo a reduzir o incentivo destes dissimularem no trabalho — pois eles sabem que, se forem demitidos e passarem a trabalhar em outra empresa, seu salário deverá diminuir. As empresas devem pagar salários de eficiência para reduzir a rotatividade de funcionários, pois, se eles recebem salários mais altos, ficam felizes em suas funções e são menos propensos a deixá-las por um outro trabalho. Taxas altas de rotatividade podem ser custosas para a empresa pelo fato de ser necessário treinar constantemente novos funcionários.

EXERCÍCIOS

1. Muitos consumidores vêem a fama de uma marca como um sinal de qualidade e, por isso, estão dispostos a pagar um preço mais alto por um produto já estabelecido no mercado (por exemplo, aspirina da Bayer em vez de uma genérica). A forma de uma marca conhecida pode se constituir em uma forma de sinalização útil? Por quê?

Uma marca pode fornecer um sinal de qualidade por diversas razões. Em primeiro lugar, quando a assimetria de informações é um problema, uma solução é criar um produto de marca. A padronização do produto gera uma reputação para um dado nível de qualidade que é sinalizado pela marca do produto. Em segundo lugar, se o desenvolvimento da reputação de uma marca é custoso (devido à necessidade de propaganda, garantias etc.), a marca é um sinal de maior qualidade. Finalmente, os produtos pioneiros desfrutam da lealdade do consumidor se forem de qualidade aceitável. A incerteza que envolve os produtos mais novos desestimula o abandono da marca pioneira pelos consumidores.

2. Gary terminou recentemente o curso universitário. Após seis meses em seu novo emprego, conseguiu finalmente poupar o suficiente para a aquisição de seu primeiro automóvel.

a. Gary sabe muito pouco sobre as diferenças entre marcas e modelos de veículos. De que maneira ele poderia se valer das sinalizações de mercado, como reputação ou padronização, para fazer comparações entre automóveis?

Gary tem um problema de informação assimétrica. Como vai adquirir seu primeiro automóvel, estará negociando com vendedores que conhecem mais sobre automóveis do que ele. Sua primeira escolha será decidir entre adquirir um automóvel novo ou um usado. Se ele for adquirir um usado, deverá escolher entre uma loja especializada em automóveis usados ou um vendedor individual. Cada um desses três tipos de vendedores (a loja de automóveis novos, a loja de automóveis usados e o vendedor individual) utiliza sinais de mercado diferentes para transmitir informações sobre a qualidade de seus produtos.

A loja de carros novos, que trabalha com o fabricante (e conta com a reputação deste), pode oferecer garantias padrão ou especiais que asseguram que o automóvel terá um desempenho conforme anunciado. Devido a poucos carros usados possuírem garantia do fabricante e a loja de usados não conhecer muito bem as condições de seus automóveis (por causa da grande variedade de automóveis e de condições de uso anterior), não é de seu interesse oferecer garantias completas. A loja de automóveis usados, portanto, deve confiar na sua reputação, particularmente na reputação de oferecer “barganhas”. Dado que o vendedor individual não oferece garantias nem pode contar com sua reputação, antes de adquirir um automóvel desse tipo de vendedor o consumidor deveria tentar obter informação adicional de um mecânico independente ou através da leitura das recomendações sobre carros usados apresentadas no Informativo do Consumidor (Consumer Reports). Dada a falta de experiência de Gary, ele deveria tentar obter o máximo de informação possível sobre esses sinais de mercado, sobre reputação e padronização.

b. Suponhamos que você seja um funcionário do setor de empréstimos de um banco. Depois de ter escolhido seu automóvel, Gary vai até o banco em busca de um empréstimo. Como ele terminou a faculdade recentemente, não possui ainda um longo histórico de crédito. No entanto, sua instituição tem uma longa experiência em financiamento de automóveis para recém-formados. Será que isso pode ser útil no caso de Gary? Em caso afirmativo, de que modo?

O problema com que se defronta o banco ao emprestar dinheiro a Gary também é um caso de informação assimétrica. Gary conhece muito mais sobre a qualidade do automóvel e sobre sua capacidade de pagar o empréstimo do que o banco. Se, por um lado, o banco pode obter alguma informação sobre o automóvel por meio da reputação do fabricante (no caso de um automóvel novo) e por meio de inspeção (no caso de um automóvel usado), por outro lado, ele possui pouca informação sobre a capacidade de Gary para lidar com o crédito. Portanto, o banco deve procurar obter informações sobre a capacidade de pagamento de Gary a partir de sinais evidentes, como o fato de ter concluído recentemente a universidade, seu histórico de crédito durante seu curso universitário e as semelhanças de seu perfil com relação a outros recém-graduados que tenham obtido empréstimos junto ao banco. Se os recém-graduados tiverem construído uma boa reputação por pagarem seus empréstimos, Gary pode utilizar essa reputação como vantagem; porém, se os padrões de pagamento de empréstimos por esse grupo não forem bons, isso diminuirá sua chance de obter o empréstimo do banco para a aquisição do automóvel.

3. Uma importante universidade proíbe que os professores dêem notas D ou E. Ela justifica sua ação afirmando que os estudantes tendem a ter desempenho acima da média quando estão livres da pressão representada pela possibilidade de não passar nos exames. A universidade afirma ainda que gostaria que todos os seus estudantes tirassem notas A ou B. Se o objetivo da instituição for o de aumentar de modo geral o número de notas para B ou mais, será que essa nova política pode ser considerada boa? Discuta essa questão levando em consideração o problema do risco moral.

Ao eliminar as notas mais baixas, essa universidade inovadora cria um problema de risco moral semelhante ao sofrido pelos mercados de seguro. Dado que os estudantes estarão protegidos de receberem uma nota abaixo da média, alguns deles terão pouco estímulo para trabalhar em níveis acima da média. A política elimina apenas a pressão sofrida pelos estudantes com desempenho abaixo da média, isto é, aqueles que têm mais chances de serem reprovados. Os estudantes com desempenho médio e acima da média não sofrem a pressão da reprovação. Para esses estudantes, a pressão de receber boas notas (em vez de aprender bem um assunto) permanece; seus problemas não são abordados por essa política. Portanto, a política cria um problema de risco moral principalmente para os estudantes com desempenho abaixo da média, que são justamente os supostos beneficiados pela proposta.

4. O professor Jones acabou de ser contratado pelo departamento de economia de uma importante universidade. O presidente do conselho dirigente declarou que a universidade está empenhada em dar uma educação de alta qualidade a seus alunos. Jones faltou a suas aulas durante dois meses neste semestre. Há indicações de que ele estaria dedicando todo o seu tempo a pesquisas em vez de se dedicar ao ensino. Por outro lado, Jones argumenta que sua pesquisa trará prestígio ao departamento de economia e à universidade. A instituição deve permitir que ele continue a se dedicar exclusivamente à pesquisa? Discuta com base no problema da relação agente–principal.

No contexto da universidade, o conselho dirigente e seu presidente são os principais, enquanto os agentes são os membros do corpo docente contratados pelo departamento com a aprovação do presidente e do conselho. O duplo objetivo da maioria das universidades é ensinar e fazer pesquisa; assim sendo, a maior parte do corpo docente é contratada para ambas as funções. O problema é que o esforço envolvido na atividade de ensino pode ser facilmente monitorado (especialmente quando o professor não aparece para dar aula, como fez Jones), enquanto os benefícios de se estabelecer uma reputação de prestígio em pesquisa são incertos e levam tempo para serem consolidados. Enquanto a quantidade de pesquisa é fácil de ser calculada, determinar sua qualidade é mais difícil. A universidade não deveria simplesmente aceitar as explicações de Jones com relação aos benefícios de sua pesquisa e permitir que ele continuasse exclusivamente a fazer pesquisa, sem alterar seu esquema de pagamento. Uma alternativa seria dizer a Jones que ele não precisaria mais lecionar se estivesse disposto a aceitar um salário mais baixo. Por outro lado, a universidade poderia oferecer a Jones um bônus se, devido à sua reputação em pesquisa, ele fosse capaz de captar verbas ou outros donativos para a universidade.

5. Ao se defrontar com uma reputação de fabricar automóveis com históricos ruins de manutenção, diversas empresas norte-americanas passaram a oferecer amplas garantias aos compradores de seus veículos (por exemplo, garantia de sete anos para todas as peças e consertos relacionados com problemas mecânicos).

a. Com base em seu conhecimento do mercados de automóveis de qualidade duvidosa, explique por que essa nova política é razoável.

No passado, as companhias norte-americanas possuíam a reputação de produzirem automóveis de alta qualidade. Mais recentemente, com a concorrência dos fabricantes de automóveis japoneses, seus produtos passaram a ser vistos, pelos clientes, como de qualidade inferior. À medida que essa reputação se espalhava, os clientes tornavam-se menos dispostos a pagar preços elevados pelos automóveis norte-americanos. A fim de reverter essa tendência, as companhias norte-americanas investiram em controle de qualidade, melhorando os históricos de consertos de seus produtos. Os consumidores, entretanto, continuaram considerando os automóveis norte-americanos como sendo de qualidade inferior (de certo modo, produtos de qualidade duvidosa), e não os adquiriam. As companhias foram forçadas a sinalizar, para seus clientes, a qualidade melhorada de seus produtos. Uma maneira de fornecer essa informação é por meio de garantias que abordem diretamente a questão dos históricos ruins de consertos. Essa foi uma reação razoável para o problema dos produtos de qualidade duvidosa com o qual eles se defrontaram.

b. Essa nova política pode criar um problema de risco moral? Explique.

O risco moral ocorre quando a parte segurada (neste caso, o proprietário de um automóvel norte-americano com uma garantia ampla) pode influenciar a probabilidade do evento que gera o pagamento (neste caso, o conserto do automóvel). A cobertura de todas as peças e da mão-de-obra associadas a problemas mecânicos diminui o incentivo para que o indivíduo cuide adequadamente de seu automóvel. Conseqüentemente, a oferta de garantias amplas cria um problema de risco moral. Para evitar esse problema, enquanto o automóvel estiver sob a garantia, deve-se fazer a manutenção de rotina. Observe, porém, que os fabricantes podem estipular que as garantias não serão honradas a menos que o proprietário faça a manutenção de rotina e pague por ela.

6. Para promover a competição e o bem-estar, o órgão responsável pela regulação do comércio no país passa a exigir que as empresas façam propaganda com informações fidedignas. De que forma a verdade na propaganda promove a competição no mercado? Por que determinado mercado pode vir a ser menos competitivo caso as empresas façam propaganda enganosa?

A verdade na propaganda promove a competição no mercado, pois fornece as informações necessárias para que os consumidores façam suas escolhas ótimas. As “forças competitivas” só funcionam bem se os consumidores conhecerem todos os preços (e qualidades), de forma que possam fazer comparações. Na falta da verdade na propaganda, os compradores não são capazes de fazer essas comparações porque os produtos de mesmo preço podem ser de qualidade diferente. Conseqüentemente, haverá uma tendência de os compradores se manterem “fiéis” a produtos de qualidade já comprovada, reduzindo a concorrência entre as empresas já existentes, desencorajando a entrada e, possivelmente, gerando rendas de monopólio.

7. Uma companhia seguradora está considerando a possibilidade de passar a vender três tipos de apólices de seguro: (i) seguro total, (ii) seguro total com franquia de $10.000, e (iii) seguro com cobertura de 90% dos prejuízos totais. Qual dessas três apólices apresenta maiores possibilidades de criar problemas de risco moral?

Os problemas de risco moral surgem, no caso do seguro contra incêndio, quando a parte segurada pode influenciar a probabilidade de ocorrência de um incêndio e a magnitude da perda ocorrida em decorrência de um incêndio. O dono da propriedade pode se comportar de forma a reduzir a probabilidade de um incêndio — por exemplo, inspecionando e substituindo qualquer fiação defeituosa — ou a magnitude das perdas — pela instalação de sistemas de alarme ou pelo armazenamento de artigos de valor distantes das áreas onde a probabilidade da ocorrência de incêndio é alta.

Depois de adquirir um seguro de cobertura total, o segurado possui pouco estímulo para reduzir a probabilidade ou a magnitude da perda e, portanto, o problema do risco moral será muito grande. A fim de compararmos uma cobertura com franquia de $10.000 com uma cobertura de 90% dos prejuízos totais, necessitaríamos de informações sobre o valor da perda potencial. Ambas as apólices reduzem o problema do risco moral da cobertura completa. Entretanto, se o valor da propriedade for menor (maior) que $100.000, a perda total será menor (maior) com a cobertura de 90% do que com a franquia de $10.000. À medida que o valor da propriedade eleva-se acima de $100.000, o proprietário tende mais a se engajar em esforços para a prevenção de incêndios sob a apólice que oferece cobertura de 90% dos prejuízos do que sob a apólice com franquia de $10.000.

8. Vimos de que maneira as informações assimétricas podem reduzir a qualidade média dos produtos vendidos em determinado mercado à medida que as mercadorias de baixa qualidade eliminam as de alta qualidade. Nos mercados em que prevalecem as informações assimétricas, você concordaria ou discordaria das afirmações a seguir? Explique.

a. O governo deveria subsidiar uma publicação denominada Informativo do Consumidor.

A informação assimétrica implica um acesso desigual à informação tanto por parte de compradores quanto de vendedores, levando a mercados que operam de forma ineficiente ou, em casos extremos, que entram em colapso. Em geral, ao subsidiar a coleta e publicação de informações, o governo pode trazer benefícios para a sociedade, pois os consumidores se tornam capazes de tomar decisões mais acertadas e as empresas são incentivadas a agir de forma mais honesta.

Apesar do Informativo do Consumidor apresentar avaliações de ampla gama de produtos — desde hambúrgueres até máquinas de lavar roupa —, seus editores não concordam com o uso de seu nome como forma de certificar a qualidade de um produto. O apoio governamental à publicação provavelmente permitiria que os consumidores diferenciassem com maior precisão os bens de alta e baixa qualidade; entretanto, o sindicato dos consumidores, responsável pela publicação do Informativo, provavelmente rejeitaria os subsídios oficiais, alegando que tal prática poderia afetar a objetividade da organização. Cabe notar, contudo, que o Informativo do Consumidor já foi beneficiado indiretamente pelo governo quando este declarou o Sindicato dos Consumidores uma organização sem fins lucrativos — e, portanto, livre de determinados impostos.

b. O governo deveria implementar padrões de qualidade; por exemplo, não deveria ser permitido que as empresas vendessem produtos de baixa qualidade.

A opção b envolve um custo de monitoramento, pois após a implementação de um padrão de qualidade o governo deveria verificar sistematicamente se tal padrão vem sendo respeitado, além de resolver disputas entre produtores e consumidores. Cabe notar, ainda, que os consumidores podem preferir os produtos de baixa qualidade, caso estes tenham preços suficientemente baixos.

c. O produtor de uma mercadoria de alta qualidade provavelmente estaria disposto a oferecer uma ampla garantia para seu produto.

Esta é a solução de menor custo para o problema da informação assimétrica. A venda de produtos com garantia ampla permite aos produtores de alta qualidade diferenciar seus produtos em relação aos produtos de baixa qualidade, pois para os produtores destes últimos esse tipo de garantia apresenta custos muito elevados.

d. O governo deveria exigir que todas as empresas passassem a oferecer amplas garantias para seus produtos.

Ao exigir que todas as empresas ofereçam garantias amplas, o governo estaria eliminando o valor das garantias oferecidas pelos produtores de alta qualidade como sinalizadoras de mercado.

9. Duas agências de automóveis usados competem lado a lado em uma avenida importante. A primeira, Harry’s Cars, vende automóveis de alta qualidade cuidadosamente inspecionados e, caso seja necessário, reparados. Cada automóvel que a Harry’s vende lhe custa em média $8.000, somando-se o preço de compra e os reparos. A segunda agência, Lew’s Motors, vende apenas automóveis de baixa qualidade, que lhe custam em média $5.000. Se os consumidores conhecessem a qualidade dos automóveis que compram, pagariam $10.000 em média por carro da Harry’s e apenas $7.000 em média por carro da Lew’s.

Sem acesso a informações adicionais, os consumidores não conhecem a qualidade dos automóveis de cada agência. Nessas circunstâncias, eles imaginam que têm 50% de chance de comprar um automóvel de alta qualidade e, assim, estão dispostos a pagar $8.500 por um carro.

O dono da Harry’s tem uma idéia: oferecerá uma garantia para cada automóvel que vender. Ele sabe que uma garantia por Y anos custa $500Y em média e também sabe que, se a Lew’s tentar oferecer a mesma garantia, isso custará à Lew’s $1.000Y em média.

a. Suponhamos que a Harry’s ofereça garantia de um ano para cada automóvel que vender.

i. Qual será o lucro da Lew’s se ela não oferecer garantia de um ano? E se ela oferecer?

ii. Qual será o lucro da Harry’s se a Lew’s não oferecer garantia de um ano? E se ela oferecer?

iii. Será que a Lew’s vai imitar a Harry’s e oferecer a garantia de um ano?

iv. Para a Harry’s, é uma boa idéia oferecer garantia de um ano?

Sem oferecer a garantia, a Lew’s lucrará $2.000 por carro (7.000-5.000). Se ela fosse oferecer a garantia, cada carro passaria a custar $6.000, mas os consumidores não seriam capazes de determinar a qualidade dos carros pelos quais estariam dispostos a pagar $8.500. Assim, a Lew’s lucraria $2.500 por carro (8.500-6.000).

Se a Lew’s não oferecer a garantia de um ano, a Harry’s poderá comprar seus carros por $8.000, vendê-los por $10.000 e lucrar $1.500 por carro, considerando o custo da garantia de $500. Se a Lew’s oferecer a garantia, então a Harry’s será capaz apenas de vender seus carros a $8.500 e não obterá nenhum lucro.

A Lew’s imitará a Harry’s porque assim seus lucros aumentarão de $2.000 para $2.500 por carro.

A Harry’s só não deveria oferecer a garantia de um ano se achasse que a Lew’s agiria irracionalmente e não ofereceria a garantia também. Se a Lew’s for oferecer a garantia, será melhor a Harry’s não fazê-lo.

b. O que acontecerá se a Harry’s oferecer uma garantia de dois anos para cada unidade? Essa atitude gerará um sinal confiável de qualidade? E se for uma garantia de três anos?

Se a Harry’s oferecer uma garantia de dois anos, cada automóvel custará a ela $9.000. Ela ganhará $1.000 por automóvel, pois os consumidores reconhecerão a qualidade maior de seus automóveis. A Lew’s não oferecerá uma garantia de dois anos porque, se o fizer, lucrará apenas $1.500 por carro, o que seria menos do que os $2.000 que obteria sem oferecer a garantia. Portanto, a garantia de dois anos é um sinal confiável.

Com uma garantia de três anos, a Harry’s lucraria $500 por automóvel, o mesmo valor que teria lucrado se não tivesse sinalizado a alta qualidade de seus automóveis com uma garantia. Portanto, a Harry’s não ofereceria uma garantia de três anos.

c. Se você fosse consultor da Harry’s, qual tempo de garantia sugeriria? Explique sua resposta.

A Harry’s teria que oferecer uma garantia com tempo de duração tal que a Lew’s não achasse lucrativo oferecê-la. Sendo t o número de anos da garantia, a Lew’s oferecerá uma garantia de acordo com a seguinte desigualdade:

7.000 - 5000 ( 8.500 – 5.000 – 1.000t, ou t ( 1,5.

Portanto, eu aconselharia a Harry’s a oferecer uma garantia de um ano e meio para seus automóveis porque a Lew’s não acharia lucrativo oferecer uma garantia por esse período.

*10. Como presidente das Indústrias ASP, você estima que seu lucro anual é dado pela tabela abaixo. O lucro (() depende da demanda de mercado e do empenho de seu novo CEO. As probabilidades de cada condição de demanda ocorrer também são mostradas na tabela.

|Demanda de mercado |Demanda |Demanda |Demanda |

| |baixa |média |alta |

|Probabilidades de mercado |0,30 |0,40 |0,30 |

|Baixo empenho |( = $5 milhões |( = $10 milhões |( = $15 milhões |

|Alto empenho |( = $10 milhões |( = $15 milhões |( = $17 milhões |

Você precisa delinear um pacote de remuneração para o CEO que maximize o lucro esperado da empresa. Embora a empresa seja neutra ao risco, o CEO é avesso ao risco. A função de utilidade do CEO é:

Utilidade = W0,5 , quando ele se empenha pouco

Utilidade = W0,5 – 100, quando ele se empenha muito

onde W é a renda do CEO. (–100 é o “custo de utilidade” em que o CEO incorre ao se empenhar muito.) Você conhece a função de utilidade do CEO, e tanto você quanto ele têm acesso a todas as informações da tabela precedente. Você não sabe o nível de empenho do CEO no momento da remuneração ou o estado exato da demanda. Você sabe, porém, qual é o lucro da empresa.

Como presidente das Indústrias ASP, qual das três alternativas de pacotes de remuneração abaixo você prefere? Por quê?

Pacote 1: pagar ao CEO um salário base de $575.000 por ano.

Pacote 2: pagar ao CEO uma porcentagem fixa de 6% sobre os lucros anuais da empresa.

Pacote 3: pagar ao CEO um salário base de $500.000 por ano e, além disso, 50% sobre qualquer lucro acima de $15 milhões.

A questão aqui é saber como fazer o CEO se esforçar, mas sem deixar de lado as reservas da empresa — isto é, os lucros. Para cada pacote, primeiro calcule se o executivo está se esforçando muito ou pouco. Depois, calcule os lucros da empresa de acordo com cada esforço para decidir qual pacote seria mais vantajoso. Então, escolha a opção que maximize seus lucros. A utilidade do CEO nos três pacotes é:

Pacote 1: o CEO fará pouco esforço para maximizar a utilidade:

Baixo empenho: E(U) = ($575.000)0,5 = 758,29

Alto empenho: E(U) = ($575.000) 0,5 - 100 = 658,29.

Pacote 2: o CEO fará muito esforço para maximizar a utilidade:

Baixo empenho: E(U) = 0,3(0,06x5.000.000) 0,5 + 0,4(0,06x10.000.000) 0,5 + 0,3(0,06x15.000.000) 0,5 = 758,76

Alto empenho: E(U) = 0,3(0,06x10.000.000) 0,5 + 0,4(0,06x15.000.000) 0,5 + 0,3(0,06x17.000.000) 0,5 - 100 = 814.835

Pacote 3: o CEO fará muito esforço para maximizar a utilidade:

Baixo empenho: E(U) = 0,3(500.000)0,5 + 0,4(500.000)0,5 + 0,3(500.000)0,5 = 707,11

Alto empenho: E(U) = 0,3(500.000)0,5 + 0,4(500.000)0,5 + 0,3(1.500.000)0,5 - 100 = 762,40

Agora, calcule os lucros esperados da empresa para cada pacote sem a compensação líquida esperada.

Pacote 1:

Baixo empenho: E(() = 0,30x$5m + 0,40x$10m + 0,30x$15m - ($0,575m) = $9.425milhões

Pacote 2:

Baixo empenho: E(() = 0,30x$5m + 0,40x$10m + 0,30x$15m - (0,3x$0,3m + 0,4x$0,6m + 0,3x$0,9m) = $9,4m

Alto empenho: E(() = 0,30x$10m + 0,40x$15m + 0,30x$17m - (0,3x$0,6m + $0,4x$0,9m + 0,3x$1,02m) = $13.254m

Pacote 3:

Baixo empenho: E(() = 0,30x$5m + 0,40x$10m + 0,30x$15m - (0,3x$0,5m + $0,4x$0,5m + 0,3x$0,5m) = $9,5m

Alto empenho: E(() = 0,30x$10m + 0,40x$15m + 0,30x$17m - (0,3x$0,5m + $0,4x$0,5m + 0,3x$1,5m) = $13,3m

Para maximizar os lucros esperados das Indústrias ASP, você deve recomendar o pacote de compensação 3, que usa o salário base e o bônus quando a empresa vai excepcionalmente bem e lucra $17 milhões. Você preferiria esse pacote porque ele maximiza os lucros esperados livres de compensação — aqui a um valor de $13,3 milhões.

Note que, se você der um bônus muito grande quando a empresa se sai bem, a aversão ao risco do CEO o levará a se empenhar pouco — ou a trabalhar para outra pessoa. O salário base estabelece os efeitos de não-incentivo de um pacote arriscado, mas motivador. Essa é a forma usual da compensação de executivos. Observe também que a compensação está relacionada à lucratividade da empresa.

Quando o empregado se esforça bastante, é aconselhável sempre verificar se seus lucros são mais altos com esforços maiores ou menores. Você pode estar conseguindo um alto empenho, mas estar desperdiçando tanto que preferiria ter um funcionário preguiçoso. Quer dizer, não é bem assim, mas você estaria desperdiçando os lucros da empresa para motivar seus funcionários. Se você achar que isso é problema, então reduza a compensação enquanto mantém o alto empenho, até que os lucros do alto empenho batam os do baixo empenho. Assim você terá um plano de compensação que fará algum sentido.

11. A receita de curto prazo de uma empresa é dada por R = 10e - e2, onde e é o nível de esforço de um trabalhador típico (presumindo-se que todos os trabalhadores sejam idênticos). Um trabalhador escolhe seu nível de esforço a fim de maximizar remuneração menos esforço w - e (com o custo por unidade de esforço sendo igual a 1). Determine o nível de esforço e o nível de lucro (receita menos salário pago) para cada uma das condições a seguir. Explique por que essas diferentes relações agente–principal geram resultados distintos.

a. w = 2 para e ( 1; caso contrário, w = 0.

Não há estímulo para que o trabalhador faça um esforço que exceda 1, pois o salário recebido pelo trabalhador será igual a 2 se ele fornecer uma unidade de esforço, mas não aumentará se ele se esforçar mais.

O lucro da empresa é dado pela receita menos os salários pagos ao trabalhador:

( = (10)(1) - 12 - 2 = $7.

Nessa relação principal–agente não há estímulo para o trabalhador aumentar seu esforço, pois o salário não está relacionado às receitas da empresa.

b. w = R/2.

O trabalhador tentará maximizar o salário líquido do esforço requerido para se obter aquela remuneração; ou seja, o trabalhador tentará maximizar:

[pic].

Para calcular o esforço máximo que o trabalhador está disposto a fazer, tome a primeira derivada com relação ao esforço, iguale-a a zero, e resolva o esforço:

[pic].

O salário que o trabalhador receberá será de

[pic]

Os lucros da empresa serão de

( = ((10)(4) - 42 ) - 12 = $12.

Com essa relação principal–agente, o salário que o trabalhador individual recebe está relacionado à receita da empresa. Portanto, observamos um maior esforço por parte do trabalhador e, como resultado, maiores lucros para a empresa.

c. w = R – 12,5.

Novamente, o trabalhador tentará maximizar o salário líquido do esforço requerido para se obter aquela remuneração; ou seja, o trabalhador tentará maximizar:

[pic].

Para calcular o esforço máximo que o trabalhador está disposto a fazer, tome a primeira derivada com relação ao esforço, iguale-a a zero, e resolva o esforço:

[pic].

O salário que o trabalhador receberá será de

w = R – 12,50 = ((10)(4,5) – 4,52) – 12,5 = 12,25.

Os lucros da empresa serão de

( = ((10)(4,5) - 4,52 ) - 12,25 = $12,50.

Com essa relação principal–agente, observamos que o salário do trabalhador está relacionado mais diretamente ao desempenho da empresa do que em a ou b. Vemos que o trabalhador está disposto a ofertar ainda mais esforço, resultando em lucros ainda maiores para a empresa.

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download