Confederados ou Yankees - UNAM



Confederados ou Yankees? Os imigrantes norte-americanos no Brasil (1865 – 1888).

A questão da origem confederada dos imigrantes norte-americanos que se dirigiram ao Brasil após a Guerra Civil Americana foi posta à prova em trabalhos acadêmicos brasileiros sobre o tema, inclusive aventando a possibilidade de uma vinculação do grupo à ética protestante weberiana.

Paralelamente à imigração espontânea de sulistas após a Guerra Civil nos EUA, o governo Imperial realizou esforços através de seu agente em Nova Iorque, Quintino Bocaiúva, no sentido de promover a tão propalada imigração anglo-saxônica, alardeada como necessária e benéfica aos interesses nacionais por membros do Partido Liberal. Um dos destinos dos imigrantes nova-iorquinos foi a colônia Dom Pedro II, em Santa Catarina, de origens distintas em relação aos imigrantes sulistas que se estabeleceram nas colônias de Santarém, Linhares, Iguape, entre outras.

O presente artigo tem como objetivo demonstrar que a diversidade do grupo deve ser melhor qualificada tendo em vista as diferenças na formação dos núcleos coloniais e da principal área de concentração de imigrantes norte-americanos de origem confederada, Santa Bárbara, na então Província de São Paulo. A localidade, que não possuiu uma colônia propriamente dita já que a imigração teve iniciativa particular, se expandiu após o rápido malogro da colonização das áreas cedidas pelo governo Imperial aos imigrantes norte-americanos.

The issue concerning the Confederate origin of American immigrants who went to Brazil after the Civil War was questioned by Brazilian researchers about the subject, with an argument including a supposed linking between the group and the Weber's protestant ethic.

At the same time of the spontaneous migration of southerners after the Civil War, the Imperial government has sought through her publicist in New York, Quintino Bocaiúva, to promote the anglo-saxon immigration, touted as necessary and beneficial to national interests by members of the Liberal Party. One of the destinations of the New Yorkers was the Dom Pedro II colony in Santa Catarina, with different origins in relation to southern immigrants who settled in the colonies of Santarém, Linhares, Iguape, among others.

This article aims to demonstrate that the diversity of the group should be better qualified having in mind the differences in the formation of the colonial cores and the main concentration of Confederate immigrants, Santa Barbara, then Province of São Paulo. Santa Barbara, which did not possess a colony itself as immigration was a private initiative, expanded rapidly after the failure of the colonization areas provided by the Imperial government to American immigrants.

Introdução

A análise historiográfica do movimento imigratório de norte-americanos com destino ao Brasil após o fim da Guerra Civil Americana apresenta similaridades em seu eixo argumentativo com os discursos dos contemporâneos, arautos da imigração. Propaladores da superioridade da raça e civilização anglo-saxônica, estes paladinos argumentavam ser de suma importância ao interesse nacional brasileiro o estabelecimento de norte-americanos no Brasil.

A historiografia brasileira recente sobre o tema em parte reproduz alguns dos argumentos de autores contemporâneos sem as devidas críticas, bem como visões contidas em relatos dos imigrantes e seus descendentes, que a levou a sendas discordantes em relação à historiografia norte-americana. Em especial quanto à questão da escravidão e à identidade confederada.

As divergências, em si mesmas, entre as duas historiografias não são um problema. Entretanto, alertam-nos os sinais emitidos pela documentação diplomática dos EUA que esta é oriunda de leituras parciais das fontes primárias, engendradas em parte pelas dificuldades de acesso às fontes, de maneira simultânea, no Brasil e nos EUA.

Nosso intuito é demonstrar como os discursos iniciais sobre a imigração tendem a homogeneizar o imigrante, não estabelecendo distinções entre aqueles oriundos do norte e do sul. A dificuldade se avoluma à medida em que analisamos a documentação oficial brasileira sobre as colônias, que dificilmente realiza a diferenciação, a qual só é encontrada em fontes norte-americanas e, não por acaso, a historiografia dos EUA invariavelmente identifica os imigrantes como confederados.

A imigração americana sob a óptica de Quintino Bocaiúva e Tavares Bastos

Quintino Bocaiúva foi enviado a Nova Iorque pelo Ministro da Agricultura, Negócios e Obras Públicas Antônio Francisco de Paula Souza com o fito de atrair colonos dos EUA ao Brasil. Tencionava o governo instalar uma agência especial em Nova Orleans[1], ao que provavelmente sofreu resistências por parte do governo norte-americano, já que há registros de atividades somente em Nova Iorque[2].

O agente de imigração pediu informações aos Presidentes de Província sobre as terras públicas, a que gênero de cultura seriam mais apropriadas, a que distância ficavam dos principais mercados exportadores e consumidores, os meios de comunicação, transporte e o clima. Além disso, questionou sobre a disposição de recursos da presidência para fornecer alojamento, transporte e quais concessões estes poderiam esperar do respectivo governo provincial. Por fim, indagou a respeito do número de imigrantes conveniente à província, quais seriam as profissões de preferência da administração provincial, além do custo de subsistência, valor dos produtos agrícolas que podem ser cultivados, dos animais de criação, entre outros[3].

Este documento, escrito em 20 de janeiro de 1867, mostra o interesse e a disposição da Agência e do Império do Brasil em promover a imigração e prover informações aos imigrantes em potencial:

“Como tenho tido a honra de expor ao Governo Imperial, agora mais do que nunca cumpre atender-se para esse grande interesse nacional. A emigração americana, de que muitos duvidavam, pode-se dizer encaminhada para o Brasil e com tendências a acelerar a sua marcha. A grave situação política e econômica em que se encontram estes Estados; as medidas rigorosas que estão sendo tomadas pelo Congresso a respeito dos Estados que tomaram parte na recente revolução; o desequilíbrio econômico que se observa, devido a causa que fora longo enumerar aqui; a boa impressão produzida pelas leituras públicas do eminente professor Agassiz e mais que tudo o efeito causado pela sábia e liberal medida ultimamente adotada pelo Governo Imperial, abrindo os rios interiores do Império à navegação e ao comércio estrangeiro, são outros tantos incentivos para que a emigração se desenvolva em larga escala.” [4]

Mas não se desenvolveria na escala imaginada, apesar de seus esforços. Em seus três meses de estadia em Nova Iorque, Bocaiúva entregou tickets de passagem, de 50 dólares cada, de navios a vapor da linha entre esta cidade e o Rio de Janeiro[5]. Posteriormente, em 1877, diria ele ante acusações de ter gasto somas fabulosas inutilmente, e parte em seu proveito, que as tentativas de promover a imigração foram um erro, mas que:

“No seu tempo, essa foi decerto uma preocupação do país. Mas o ministro que dela participou, ouso dizê-lo, um genuíno intérprete do sentimento nacional, nesse período da nossa história.

A impressão produzida pelos espantosos acontecimentos da guerra civil nos Estados Unidos, e as embaixadas de vários plantadores do Sul da União, fizeram crer ao país que ia operar-se um verdadeiro Êxodo (itálico no original), e que às nossas plagas iam aportar milhares de americanos descontentes com o êxito da tremenda luta.” [6]

Além disso, o agente de imigração foi acusado de mandar ao Brasil vagabundos e maltrapilhos, ao que argumentou que, se estes embarcaram, não foram por ele mandados em função de um esquema de venda de passagens a terceiros, já que era impossível verificar a identidade pessoal[7] de cada imigrante. Posteriormente, depois do retorno de Bocaiúva ao Brasil, o Ministro da Agricultura Sousa Dantas reconheceu que a imigração do norte dos EUA não era a ideal, na medida em que os imigrantes sulistas seriam mais experientes nos trabalhos da agricultura de gêneros semelhantes aos produzidos no Brasil. A estes indivíduos, marcados por sentimentos da recente guerra, repugnava irem até Nova Iorque para tomar o navio a vapor que os levaria ao Brasil. Assim, o Ministro da Agricultura firmou contrato com Charles Nathan para, a partir dos portos de Mobile e Nova Orleans, transportar sulistas interessados em dirigirem-se ao Brasil[8].

Após a curta estada em Nova Iorque, Quintino Bocaiúva modificou sua visão otimista em relação ao aporte de imigrantes norte-americanos ao Brasil. Em A crise da lavoura, de 1868, afirma que a solução para a “falta de braços” na lavoura paulista residiria em outras fontes de mão de obra:

“Não se deve pretender encontrar na Europa ou nos Estados Unidos a fonte dos braços que venham substituir, entre nós, o braço servil. Quer para o trabalho a salário quer para o sistema de parceria, só em diminuta escala, podem oferecer-se braços capazes. A emigração, esta sim, pode e deve provir dessas fontes; mas necessita ser auxiliada com o elemento do trabalho tanto quanto a população aqui já estabelecida.

Na expectativa de um acontecimento tão importante e grave como a emancipação do elemento servil, base do trabalho nacional e fonte quase exclusiva dos nossos recursos, dois problemas se oferecem, cuja solução interessa à vida e à conservação da nossa existência social.

Esses dois problemas são a emigração e a colonização.”[9]

Mais adiante, Bocaiúva acrescenta que a preocupação com a “deficiência de braços” concerne apenas à colonização. À imigração caberia o nobre papel de abrir o caminho à atividade individual, tendo como missão arregimentar, disciplinar e desenvolver o trabalho. E finaliza: “O braço que civiliza ao lado do braço que roteia, tal é a fórmula que representa na sua dupla natureza – a emigração e a colonização.”[10]

Assim, emigração e colonização são, na visão do autor, complementares. Esta representando a força econômica do trabalho agrícola, meio para se atingir o fim que representa aquela, que é a força social que civiliza, o fim para o qual deve atentar as políticas imperiais.

Essa diferenciação tem implicações mais profundas: longe de observar na imigração americana uma possibilidade de substituição da mão de obra escrava, Bocaiúva afirmava que se tratava de imigrantes educados, que traziam “... consigo uma tradição de inteligência, de atividade, de disciplina no trabalho e costumes adquiridos sob a influência de uma civilização mais adiantada do que a nossa.” [11]

Dispensava a alternativa de incorporação do liberto após uma possível emancipação, em fins de 1860, afirmando que isso levaria ao abandono do trabalho pelos ex-escravos, instalando-se assim a desordem econômica, na medida em que não estariam dispostos a trabalhar por salários razoáveis[12]. Ou seja, não se disporiam a trabalhar a baixos salários.

A solução para o problema, apresentada por Quintino Bocaiúva, é a colonização dos coolies indianos ou chineses[13] que, apesar da “... inferioridade relativa dessa raça para os trabalhos rudes da lavoura, por mais encarecida que tenha sido, não conseguiu matar o princípio nem obstar à sua larga introdução em diversos países.” [14] Afirma por fim que demonstram aptidão e energia para o trabalho agrícola, mas enumera porém alguns dos “vícios da raça”, entre eles o de possuírem idéia fixa de retornarem ao solo natal[15].

Após a publicação de seu texto, Quintino Bocaiúva entrou em debate com o Dr. Nicolau Joaquim Moreira por ocasião do discurso deste na sessão da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, e afirmou que a proposta apresentada de introdução dos coolies seria um elemento provisório[16].

A resposta proferida por Nicolau Joaquim Moreira é elucidativa:

“Não nego que a raça indo-china, em seus primitivos tempos, tivesse seus dias de glória, sua idade de ouro; parou, porém, em seu caminhar, ficando esmagada sob o carro do progresso...”

(...) Ora como, quer se considere em sua origem, quer na acepção adotada pelos economistas, a palavra colono traz a idéia do homem que não só cultiva a terra para onde emigrou como também nela se fixa e se perpetua, deixando o papel de simples explorador para fazer parte da população sedentária, única que pode convenientemente concorrer para o engrandecimento do país, e havendo V. Exa. indicado, como mais convinhável, em matéria de colonização chinesa, o tipo do contrato francês, que não preceitua o regresso do colono para sua Pátria, apenas terminando o prazo do engajamento, razão me sobrava para aterrar-me com a idéia da futura mongolização do Brasil.” [17]

O médico Nicolau Joaquim Moreira teria sido um dos primeiros autores brasileiros a discutir as teorias raciais, amplamente difundidas na Europa e nos EUA, atacando veementemente a introdução de imigrantes chineses, sendo considerado uma autoridade no assunto à época[18]. Entre aqueles que defendiam a introdução da mão de obra coolie, como alternativa à escrava, cada vez mais cara, estavam cafeicultores paulistas[19].

Quintino Bocaiúva responde então a Nicolau Moreira, confirmando que a tal imigração seria péssima do ponto de vista do “melhoramento do sangue”, pedindo que a questão seja abordada não do ponto de vista antropológico, que se traduzia em questões raciais, mas do ponto de vista econômico, pois sem “... imigração, sem colonização branca, sem colonização asiática nem africana, sem escravos, enfim, ou braços produtores, o que será da lavoura!” [20].

As discussões de Quintino Bocaiúva com Nicolau Joaquim Moreira, assim como os debates entre deputados da Assembléia Provincial de São Paulo, ensejavam a eugenia como um objetivo justificador dos esforços no tocante à imigração norte-americana. Para além de uma preocupação estritamente econômica com a questão da elevação dos custos da mão de obra agrícola, parte dos debates sobre a imigração envolvia a depuração e branqueamento da raça como objetivo precípuo, como descrito acima e observado através da fala do deputado provincial por São Paulo, Sr. Whitaker, em sessão da Assembléia Provincial de 10 de junho de 1869:

“O sr. Whitaker:- (...) Si assim é, si o defeito está na raiz e não nas folhas, si encontramos decepções a cada momento, si não é possível melhorar esta raça, ao menos o contacto com o estrangeiro.

O sr. J. de Paula Souza:- Apoiado, uma transfusão de sangue melhor.

O sr. Whitaker:- As duas raças, latina e saxonia, neste paiz, hão de produzir alguma cousa melhor.” [21]

Há em tais discursos uma analogia entre civilização e raça, com um escalonamento no qual a “raça branca” seria o ápice de uma pirâmide tendo por base os negros africanos. Entre os cientistas que influenciaram enormemente o debate sobre as raças no Brasil, estavam Artur de Gobineau e Loius Agassiz, célebres pesquisadores de teorias poligenistas sobre o homem, que buscaram o Brasil em viagens de campo para provar a degenerescência advinda da miscigenação[22]. Sob o ponto de vista desta teoria existiriam diversas raças humanas, tendo o cruzamento entre as raças efeito deletério sobre os indivíduos e, conseqüentemente, sobre toda uma população.

A teoria poligenista reputava às diferenças de progresso raciais as diferenças de civilização. Conseqüentemente, um processo de eugenia seria necessário, através do branqueamento da população, para que o Brasil atingisse estágios próximos aos alcançados pela civilização européia[23]. A ciência enquanto discurso é aqui apropriada de acordo com a necessidade política de seus utilizadores e propaladores. O debate político acerca da imigração torna-se um debate racial.

O entusiasmo é patente em relação à adoção da imigração norte-americana como solução para alguns dos problemas da lavoura brasileira, nas palavras de Aureliano Cândido Tavares Bastos:

“Se esta emigração manifestar-se em escala considerável, o Brasil auferirá da guerra e das excitações políticas dos Estados Unidos o mesmo legítimo proveito que alcançaram a Holanda, a Alemanha e a Inglaterra da cruel revogação do Edito de Nantes. Como esses países europeus, nós daremos abrigo a homens industriosos, que comunicarão ao nosso povo as suas artes, a sua perícia e a sua atividade.

(...) Os farmers (itálico no original) dos Estados do sul virão em nosso país satisfazer à grande necessidade de lavradores inteligentes e ousados.” [24]

Nas Cartas do solitário, em período anterior à imigração norte-americana, Tavares Bastos manifestara um discurso em sintonia às teorias racistas vigentes: “Sem os imigrantes da Alemanha e da Grã Bretanha, nunca o Brasil progredirá; é preciso que o sangue puro das raças do Norte venha desenvolver e remoçar a nossa raça degenerada.” [25]

Purificação da raça e civilização se confundem, daí o grande entusiasmo em solucionar o problema identificado como “falta de braços” ou “escassez de braços” na cafeicultura paulista através da imigração norte americana. Problema este que na verdade seria uma ficção criada pelos cafeicultores, já que estavam acostumados à abundância de oferta de escravos, especialmente antes do encerramento do tráfico transatlântico, em 1850. Na visão de Michael M. Hall, a falta de braços existia em função da incompetência dos fazendeiros, ou na ausência de vontade, em reter os trabalhadores nas suas fazendas[26].

Mas o entusiasmo inicial produzido pelas promessas de grandes fluxos de norte-americanos, que levou o governo do Império do Brasil a se prontificar à realização de inúmeras concessões e esforços em diversas frentes, não se verificou. O general William Wallace Wood, que havia mobilizado 19 organizações de imigrantes norte-americanos interessados em se dirigirem ao Brasil, retornou aos EUA após ser recebido no Rio de Janeiro com pompa, mas nunca cumpriu as suas promessas de trazer milhares de imigrantes[27].

Dentre os que vieram, ou pretenderam vir ao Brasil, o discurso racial é presente em muitos relatos, muitos dos quais citando desapontamento com a miscigenação brasileira.

O discurso da superioridade racial e civilizacional anglo-saxônica entre os imigrantes.

Andrew McCollam, ou McCollom em algumas fontes, um imigrante em potencial que visitou o Rio de Janeiro em 1866, tomou inúmeras notas a respeito da variedade étnica e cultural brasileira em um diário: Travels of a disappointed racist in Brasil. O próprio título de suas anotações dão-nos dimensão de sua frustração, bem como o conteúdo do texto, como afirma Simmons:

“McCollom perceived that some brazilian fazenderos (sic) sought Southerners as farm laborers, replacements for the declining slave population. Of that possibility, he wrote ‘[H]e would live a damned long time before he would see that. North Americans came to Brazil … to be as they had been in the United States, gentlemen. They would not be 'underlings'.“ [28]

McCollam dissuadiu-se em permanecer no Brasil, mas um imigrante de opiniões semelhantes, que permaneceu em solo brasileiro por mais tempo, enviou uma carta anônima, declarando seu desapontamento, a um jornal norte-americano quando de seu retorno.

Em 16 de setembro de 1868 o Ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas Joaquim Antão Fernandes Leão envia ofício ao Presidente da Província do Pará Visconde do Arary, pedindo para que analisasse a carta publicada na imprensa americana, e que “... se os factos allegados em similhante escripto não se fundam em verdade, V. Exa. os desminta, demonstrando a sua falsidade pela imprensa.” [29]

O documento anexado é a carta um jovem que deixou Nashville em direção à Santarém, Província do Pará, para fazer parte da colônia de Lansford Warren Hastings, assinada em “Utica, N.W. - Junho de 1868”. O autor da carta afirma que nenhuma das informações previamente obtidas nos EUA a respeito da “Colônia Hastings” em Santarém, Província do Pará, era verdadeira, e que quando ali chegou encontrou famílias nas mais miseráveis condições[30].

Das 160 famílias que para ali se dirigiram restariam apenas 4, e que “... esta Colonia não está em peior condição do que todas as outras, de que tivemos informações, todas ellas derão em nada (sublinhado no original).”[31] De fato, diversos membros da colônia sofreram sob as novas condições, entretanto permaneceu um número pouco maior de famílias do que o argumento pelo autor da referida carta: 11 em 1874, quando ocorreu a demarcação das terras da colônia, contando ao todo 63 indivíduos[32].

O autor mais adiante afirma, a respeito do malogro da iniciativa:

“Por que razão? Simplesmente por que este paiz não é proprio para o povo Americano.

Há alli um amalgama miserável de entes não civilisados, cujo direito ao titulo de humano é meio questionável, sendo uma mistura de raças não civilisadas que devem ser classificados da maneira seguinte: 1º os indios (que predominam) 2º os negros, 3º os brasileiros natos que, em alguns casos por sua degeneração são muito inferiores a qualquer dos dous primeiros, e finalmente os portugueses, muito inferiores aos brasileiros.” [33]

Além do discurso poligenista, reproduz também o determinismo geográfico ao afirmar que o pais é impróprio aos americanos, onde somente os entes “não civilizados”, índios e negros, podem viver e resistir ao trabalho sob sol escaldante, local onde “... lagartixas carregão e engolem tomates do tamanho de um ovo, e o que ellas e os gafanhotos deixão é de certo devorado pelas formigas.” [34]

Assim, os confederados americanos em Santarém vêem-se vencidos pelos obstáculos naturais, contrariando o cientista Matthew Fontaine Maury, a quem nada parecia impossível à ação do homem civilizado, e que a Amazônia era uma rosa à espera de ser desabrochada pela ação comércio através do vapor, do imigrante, da imprensa, do machado e do arado[35]. Maury, um cientista norte-americano da Virgínia que trabalhou como embaixador dos Estados Confederados da América, foi um dos maiores defensores nos EUA da abertura do rio Amazonas à navegação internacional.

Mas as fontes demonstram-nos justamente a força do meio sobre os imigrantes, seja na Amazônia ou nas colônias ao sul. Em Santarém, as dificuldades de subsistência foram sentidas.

Em 02 de abril de 1868 o vice-cônsul dos EUA no Pará, James B. Bond, envia um pedido de auxílio ao presidente da Província Joaquim Raimundo de Lamare, em virtude das condições de sofrimento dos colonos. Inúmeras cartas foram enviadas ao vice-consulado, algumas citando extrema miséria, como a do colono Mendelhall, afirmando que 75% dos imigrantes não possuíam quaisquer provisões. Entre os problemas, a dificuldade em percorrer a distância entre a cidade de Santarém e a colônia, que não possuía qualquer estrada, em meio à mata densa e fechada da floresta amazônica[36].

Em 25 de abril de 1868 o presidente da Província do Pará envia uma carta ao vice-cônsul afirmando que o coronel Miguel Antonio Pinto Guimarães havia sido autorizado a entregar 10$000 por mês a cada imigrante, à custa dos cofres provinciais, e passagens pela Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas aos imigrantes que desejassem se dirigirem à capital. Boa parte dos imigrantes deixou Santarém a partir de então, a maioria retornando aos EUA para nunca mais retornar.

A rosa do progresso de Maury não foi completamente desabrochada nem mesmo ao sul de Santarém, na Vila de Santa Bárbara, província de São Paulo, onde os imigrantes se estabeleceram sem o auxílio imperial, sob condições muito diversas. Há evidências de adoção de práticas muito caras ao caipira paulista com o passar dos anos do estabelecimento dos confederados, como a coivara e o mutirão[37], em um processo descrito em trabalho anterior como caipirização do imigrante[38].

Há evidências de absorção pelo meio cultural circundante daqueles que permaneceram em Santarém, até mesmo de maneira mais célere que a ocorrida em Santa Bárbara. A dificuldade de ocorrência de casamentos endógenos ao grupo era extremamente grande, bem como a manutenção de aspectos culturais através de escolas americanas e igrejas protestantes. Entretanto, não foi essa ausência a causa precípua do fracasso da colônia paraense[39], já que a maioria absoluta dos imigrantes deixou a colônia em seus primeiros meses de estadia no Brasil.

Em Santa Bárbara, os norte-americanos ficaram conhecidos pela ampla utilização de implementos agrícolas, como o arado, no cultivo da terra. As primeiras referências entre os americanos a respeito da sua superioridade técnica encontram-se nas impressões de Sara Belona Smith, de 1865: “Ploughs were not in use until the Americans introduced them. Coffee was cultivated with hoes, some of them a foot wide. They were used by negro slaves.”[40]. Porém os arados americanos foram utilizados para preparar o solo para o cultivo do algodão no Brasil no início da década de 1860, antes da chegada dos americanos, por Carlos Ilidro da Silva, em Itu[41].

A idéia de civilização e superioridade técnica presente em discursos posteriores

O discurso da superioridade técnica também está presente nos discursos posteriores. Anos mais tarde, a descendente de imigrantes Judith McKnight Jones difunde a idéia de que os americanos fabricavam arados no Brasil, e que os confederados teriam sido os precursores da indústria de implementos agrícolas na região de Americana, com a criação de oficinas manufatureiras[42].

Mas a contribuição civilizatória ao Brasil não se encerraria nisto, aos americanos também foram imputados a introdução no Brasil, além do uso e manufatura do arado, a roda de aro de ferro e raios de madeira, o trole e o carroção, as escolas americanas, as missões protestantes, a lâmpada a querosene, a fabricação da manteiga, o arroz de terra seca, o algodão “upland”, a melancia da variedade Geórgia, a noz “pecan”, o eucalipto e a indústria da tecelagem de seda em Americana [43].

Imbuído assim de novas feições, o discurso do século XIX foi reproduzido em conseqüência de uma postura acrítica diante da análise documental.

Ana Maria Costa Oliveira, que estudou a imigração norte-americana em sua tese de doutorado O destino (não) manifesto, cita como fonte apenas as afirmações de Judith McKnight Jones sobre o estabelecimento de imigrantes na região de Santa Bárbara, e afirma que o “... arado que os Norris trouxeram em 1866, teve resultados tão frutíferos que em pouco tempo ensinavam as técnicas de cultivo com o novo instrumento, dando início a uma escola prática de agricultura” [44]. Mais adiante:

“Fruto de um esforço persistente, a colônia antes segregada desencadeou transformações fundamentais a partir da destacada importância no contexto econômico do país. Reativando a agricultura, esses imigrantes substituíram por novas as práticas obsoletas que não mais correspondiam à demanda da nova ordem econômica internacional.” [45]

Na realidade abundam os registros de reprodução de práticas “obsoletas” por parte deste grupo. Em um primeiro momento, quando de sua inserção no eixo mercantil-escravista da região de Campinas, há registros de utilização da mão de obra escrava. Posteriormente, com a subseqüente subdivisão das terras e a tendência a atingir o mínimo vital para a sobrevivência, surgem práticas tipicamente caipiras da coivara e do mutirão durante as diferentes fases de plantio de lavouras de subsistência, em fins do século XIX e início do século XX, quando o agrupamento tendeu à dispersão e aos casamentos exogâmicos[46].

Frank Goldman, autor de Os pioneiros americanos no Brasil, também enfatizou a contribuição técnica dos imigrantes:

“Não há dúvida de que, em um grupo tão heterogêneo como o que veio para o Brasil, houvesse profissões e ocupações isoladas; mas o que uniu e identificou os norte-americanos, o que lhes conferiu status (ao mesmo tempo em que isso era possível mediante a exploração agrícola) dando-lhes, ao mesmo tempo, a oportunidade contribuir para o progresso da nova terra com seus conhecimentos e técnicas, foi positivamente a agricultura.” [47]

Alcides Fernando Gussi afirma em sua dissertação de mestrado que os imigrantes introduziram nova tecnologia de plantio na região e que, frente a estas novas técnicas, as utilizadas pelos locais seriam precárias[48]. O tema do progresso é dessa forma recorrente: “Com a presença dos americanos na economia agrícola local, Santa Bárbara progredia.” [49]

Inicialmente enfatizado pela historiografia, o progresso tomou proporções de eixo explicativo na dissertação de Gussi, que intentou verificar empiricamente, através de entrevistas, a presença nos discursos dos descendentes dos imigrantes a ética protestante weberiana[50].

Mas há um problema em identificar a ética protestante entre imigrantes confederados: a questão da “ética do não-trabalho” que floresce em sendas escravistas, ainda que protestantes. Desse modo Alcides Gussi resolve o problema relativizando a origem sulista do grupo que imigrou para Santa Bárbara, afirmando ter ali existido uma heterogeneidade.[51] Por este motivo, parte da idéia da origem confederada do grupo teria sido em grande medida uma recriação posterior[52].

Gussi confunde a questão do progresso e da origem social dos imigrantes, o que obscurece os fatos acerca da origem da imigração. A reprodução de parte do discurso do século XIX, identificado pela idéia de civilização, que inicialmente estava ligada à raça, e posteriormente sua variante, com a idéia de progresso, levou a um problema ao associar os imigrantes com o norte yankee, à época semi-periferia que cada vez mais se industrializava.

A origem dos integrantes das colônias: confederados ou yankees?

Alcides Gussi tem razão ao afirmar a existência da recriação da identidade confederada pelos descendentes, mas esta ocorre em outras bases, e em especial se manifesta após os esforços em reunir informações sobre o grupo cada vez mais disperso, em 1906. A base empírica sobre a qual estão sustentados os estudos que tratam da origem do grupo é extremamente frágil, e a razão é a simples dificuldade em obter acesso às fontes primárias norte-americanas.

A historiografia norte-americana não contesta a origem confederada, antes o afirma, quando trata das colônias oficialmente estabelecidas pelo governo nos mais diversos locais do Império. Tais colônias tinham como líderes oficiais confederados, e possuíam grande número de ex-combatentes do exército dos Estados Confederados da América[53]. É fato certo que as colônias oficialmente estabelecidas analisadas por estes autores possuíam membros sulistas, entre elas as localizadas em Juquiá, Xiririca, Lizzieland (situadas ao sul da então Província de São Paulo), Juparanã (próxima a Linhares, Espírito Santo) e Santarém, no Pará.

Mas uma das localidades não se constituiu como uma colônia, organizada pelo governo imperial, mas um agrupamento de iniciativa privada, que atraiu diversos membros de colônias que, pouco a pouco, malograram em função da extrema distância em relação aos principais circuitos mercantil-escravistas do Império. A grande maioria dos imigrantes de Santa Bárbara obteve um sucesso relativo na manutenção de seus traços culturais na medida em que ali a sua reprodução sócio-econômica era em muito semelhante ao circuito mercantil-escravista sulista[54].

Realizaram então um movimento ao qual suas famílias estavam acostumadas desde o início do século XIX, ou seja, o de expansão da fronteira agrícola, o estabelecimento em uma nova área para plantio monocultor de um gênero de exportação, no caso o algodão, e aquisição de escravos como base do status e diferenciação social e, principalmente, da reprodução econômica[55]. Buscavam um país onde pudessem reproduzir o estilo de vida do período anterior à guerra: “...they were making the next logical move to get another new opportunity within the agrarian capitalism of the Atlantic world system.”[56].

A existência da fome na colônia de Santarém é um exemplo da necessidade de existência de tais conexões mercantis, ou networks como trata a autora citada acima em seu livro mais recente, para que a colonização pudesse efetivamente prosperar. Condições estas que em nada, ou pouquíssimo, possuíam de progressistas[57]. Não por acaso, o imigrante desiludido afirma, a respeito do mercado de Santarém:

“Assisti regularmente ao mercado do Pará, e que mercado! Couves do tamanho de uma folha de janella, algumas miseraveis ervillias, cujas cascas continhão somente dous grãos, favos, a mesma cousa; milho, cujas espigas tem apenas tres pollegadas de cumprimento, ovos, a cinco (sublinhado no original) centos cada um (duas duzias abarrotarião o mercado) (sublinhado no original) e carne de vacca, meu Deus, que carne! Preta, magra e sem gosto, de sorte que não merece o nome de carne; batatas péssimas; nem manteiga, nem leite, e nem frangos: a excepção das bananas, nenhuma fructa tão boa como a que diariamente encontramos em qualquer dos nossos mercados. Fallo das fructas tropicaes. As laranjas são inferiores e não igualão as nossas; não há limões, e de mais tudo é levado ainda verde para o mercado.” [58]

De fato, todos estes gêneros encontravam dificuldades de produção na Amazônia, mas o autor não cita os peixes, a mandioca, bem como as frutas típicas da região como o cupuaçu. Eram, portanto, condições completamente desconhecidas, em um ambiente econômico que em boa parte dependia do extrativismo, daí as dificuldades de adaptação à dieta cabocla:

“Quando chegamos ao Pará, encontramos alli algumas familias d’aquella Colonia nas mais miseraveis circunstancias, procurando sustentar-se com o pouco trabalho, que podião obter, e pelo qual recebião salarios apenas bastante para não morrerem de fome, mantendo-se com a mais grosseira e miseravel alimentação, tal como peixe seco, farinha e semelhantes.” [59]

Em carta ao vice-cônsul do Pará de 06 de abril de 1868, H. L. Hervey afirma que plantou milho na colônia, a 3 ou 4 milhas (cerca de 5,8 a 6,4 Km) de onde sua família estava hospedada, mas que apenas em 2 ou 3 meses ficaria pronto para a colheita. Sua preocupação era a existência de provisões para apenas 2 semanas, e a dificuldade em encontrar trabalho até a colheita[60]. O vice-consul envia uma carta dia 04 de junho de 1868 aos EUA relatando a situação: "... even the industrious coming to the country (...) are naturally enough discouraged at the outset, by the peculiar difficulties which agricultural operations meet in the tropics..."[61]

Em carta enviada ao Departamento de Estado dos EUA, o vice-cônsul afirma que não quer desencorajar a imigração de sulistas para o Brasil, e que em sua opinião o líder, major do exército confederado Lansford Warren Hastings, escolheu um péssimo local para o estabelecimento da colônia[62]. Ao discutir as questões da imigração, evidencia a vinculação política dos imigrantes:

“The immigrant from the South if he would be successful in Brazil must leave his prejudices behind him. If he abandons his home only because he is indignant at the assertion of equal rights on the parte of those who until recently were judged to have no rights at all, he will find here that the free black, or at least the black man born free (sublinhado no original), has all the privileges of a white citizen, and greater privileges than the white man if a foreigner. And as the more numerous always absorbs the smaller, even though it be a superior race, they who fly from contact with the black man at home, will, if they settle in this country, in all probability and at no distant day, behold the detested color shading the cheek of their own descendents.”[63]

Através destas passagens podemos identificar a impressão do vice-cônsul dos EUA no Pará sobre a situação dos imigrantes, e sua interpretação a respeito das motivações do grupo que se estabeleceu em Santarém. Torna-se clara a vinculação política confederada ao ser citada a questão dos equal rights, medida do período da Reconstrução, considerada por muitos sulistas uma espécie de retaliação da União, promulgada pelo Congresso americano em 2 de março de 1867:

“Que assim quando a população de qualquer um dos referidos Estados rebeldes tiver formado um sistema de governo de conformidade com a Constituição dos Estados Unidos sob todos os aspectos, redigido por uma convenção de delegados eleitos pelos cidadãos do mencionado Estado, todos com idade de vinte e um anos para cima, de qualquer raça, cor, ou prévia condição, e que tenham residido no dito Estado por um ano antes do dia de tal eleição, exceto os que devam ser destituídos de seus direitos civis por terem participado da rebelião ou por ofensa contra a lei comum...” [64]

Como poderiam suportar um país onde, em sua concepção de mundo baseada na hierarquia e negação da humanidade do escravo, que de propriedade passavam a ter um conjunto de direitos que os equiparava aos seus antigos proprietários e, no caso daqueles que lutaram na guerra, os suplantavam? Deixar o país tornava-se então uma saída cada vez mais considerada pelos defensores da “causa perdida”.

Em carta a Willian Hunter, segundo Secretário de Estado dos EUA, de 19 de janeiro de 1880 o vice-cônsul dos EUA em Santos W. Wright se justifica a respeito dos informes sobre a morte de cidadãos norte-americanos:

“It is quite impossible for me to forward you a list of the Citizens of the U. States who may have died within my Consular jurisdiction excepting those who may die in Santos or whose deaths may be reported to me by friends privately, as in the case of Revd. E. Lane referred to in my N: 21

My long experience has served to convince me that, the authorities in the Interior will not advise foreign representatives of deaths of their countrymen except in cases when deceased left not enough property to pay for his interment. Some have died in the Interior but, as they left families and had no intention of returning to the country they had deserted, fought against, or were copper headed bounty-jumpers (worse than all other political crimes) I allowed the families and Judge of Orphans to settle affairs.” [65]

Ou seja, a justificativa do vice-cônsul para não lidar com os assuntos de sua responsabilidade como representante americano em Santos é a de que os cidadãos americanos que se encontravam no interior da Província eram pessoas que haviam lutado contra a União, que não pretendiam de qualquer forma retornar aos EUA.

O cônsul dos Estados Unidos da América no Rio de Janeiro, Monroe, menciona a existência de imigrantes tanto oriundos dos estados do norte quanto do sul dos EUA em uma colônia pouco estudada pela historiografia, de nome Dom Pedro, em Santa Catarina, com intenções de retornarem a seu pais natal, em 19 de junho de 1869. A argumentação do Cônsul ao Departamento de Estado é de que os colonos deixaram Nova Iorque através de contatos com os Agentes de Imigração do Brasil, e depois se arrependeram. O cônsul afirmou que não duvidava da existência de muito sofrimento e miséria entre os colonos de Santa Catarina, e que iria designar navios da Marinha dos EUA para realizarem o transporte. Entretanto estes não seriam suficientes, havendo necessidade de utilização de embarcações da United States and Brazil Mail Steam Ship Company que realizava a linha de transporte regular entre o Rio de Janeiro e Nova Iorque, já que se tratava de 192 pessoas, a totalidade dos imigrantes norte-americanos até então presentes no local[66].

Anexa à carta enviada ao Departamento de Estado está uma carta endereçada ao Cônsul, assinada por James H. Hayes. em 19 de junho de 1869. O autor da carta descreve as condições sob as quais assinou o contrato com o Agente de Imigração do Brasil em Nova Iorque, onde residia:

“One Day appeared in my house Dr. Luiz Parrigot brother in law to Dr. Bernard Azambuja, Minister of Agriculture Secretary and at present acting Director in the Colony of Cananéa Province of São Paulo; Mr. Parrigot visited us several times and insisted in our immigrating to Brazil, he exposed to us all facilities in making a fortune in Brazil and especially large families with a small capital, such as I had at that time.

(…) I believed Dr. Parrigot; thinking, that a relative in Law of the Brazilian Plenipotentiary Minister in Washington could never accept the low situation of Emigration Agent Who for the few cents He received, seduce a whole family to leave their good home to emigrate to a country where we would die of starvation in the middle of the wild Forest where it was impossible to get anything for subsistence.

I sold everything I had in my house…”[67]

Hayes afirma que trouxe cerca de 3000 dólares para o Brasil, e que em dois anos consumiu tudo para sustentar a família em Santa Catarina. Pelo tom de sua carta o sentimento de ter sido lesado é patente. Lamenta o fato de ter perdido dois preciosos anos da educação de seus filhos, os quais encontravam-se na melhor idade para recebê-la. Chama por fim a colônia Dom Pedro de “cemitério de emigrantes” [68].

Esta carta explicita a ausência de critérios do governo brasileiro quando da arregimentação dos imigrantes em Nova Iorque. O próprio Quintino Bocaiúva, representante máximo do governo do Império do Brasil nos EUA para os assuntos da imigração, admitiu a existência de ausência de controle na arregimentação e embarque dos imigrantes. É posterior à sua permanência em Nova Iorque a sua opinião de que os imigrantes sulistas seriam mais indicados para se estabelecerem no Império.

Outra colônia deste tipo, onde claramente está estabelecida a origem nova iorquina do grupo, provavelmente arregimentado da mesma forma que a da colônia Dom Pedro, é a de Santa Leopoldina, no Espírito Santo, que de maneira semelhante à colônia Dom Pedro apresentou uma miríade de nacionalidades em um mesmo território[69].

Há que se diferenciar as diferentes características das colônias ou estabelecimentos espontâneos confrontando a documentação primária frente a o discurso político da época, com a devida crítica. Os integrantes das colônias yankee, como podemos depreender pela carta de Hayes e do cônsul, dificilmente tenderiam a se manter no Brasil em comparação aos confederados, em função de sua situação sócio-econômica favorável no norte, além da inexistência de questões políticas que os levassem a se indisporem frente o governo da União. Assim, os integrantes de tais colônias não teriam motivos para se dirigirem para Santa Bárbara quando da oferta de retorno aos EUA.

As dificuldades em identificar a origem confederada em Santa Bárbara, através das fontes oficiais brasileiras são patentes, ainda assim, não devemos descartar de maneira alguma sua origem confederada, evidenciada através do diálogo com as fontes e com a historiografia norte-americana.

Em discussão na Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo, o deputado Whitaker protesta contra a perseguição de imigrantes americanos por parte de um padre italiano que ameaçou de excomunhão qualquer brasileiro que se envolvesse em negócios com os americanos, em Santa Bárbara. Em nenhum momento é utilizada a qualificação de americanos do sul, ou confederados[70].

Nos anais da Câmara dos Deputados, em sessão de 10 de agosto de 1866, quando do debate na Câmara sobre o estabelecimento de um escritório da Agência de Imigração sob as ordens de Quintino Bocaiúva, os deputados utilizam-se do termo imigração americana, ressaltando sua importância, como um dos principais interesses do Estado brasileiro. As expressões utilizadas não remetem a distinções entre aqueles oriundos do norte e do sul[71].

É somente depois da experiência de Bocaiúva em Nova Iorque que surgem as discussões sobre a diferenciação entre nortistas e sulistas nas diferentes instâncias legislativas brasileiras. Em 1869, quando do arrefecimento do movimento de imigração, os deputados da Assembléia Provincial de São Paulo Sr. Whitaker e Sr. Tito entram em polêmica sobre os contratos firmados com Charles Nathan[72].

Para Tito, os imigrantes americanos chegados dos EUA em nada contribuíram para a questão da falta de braços na lavoura e, assim, não via diferença em conceder privilégios de imigração somente a sulistas, como era a proposta de concessão a Charles Nathan, e afirma:

“(...) Si nos Estados do Sul a lavoura está bastantemente adeantada, egual rasão se dá no Norte da União, e em outros paises, que teem incontestavelmente braços que nos auxiliem e desenvolvam a nossa lavoura.

Porque pois devemos preferir os do sul?

O Sr. Silva Barros:- Por causa da identidade da lavoura

O Sr. Whitaker:- Os do Norte não emigram

O Sr. Tito:- Não sei a rasão porque”

O Sr. Whitaker:- Não foram os vencidos, não ficaram descontentes?

O Sr. Tito:- Si rasão houvesse para um tal privilegio, eu daria preferência aos americanos do Norte; porque nos Estados do Sul era o trabalho escravo o introduzido na lavoura...

O Sr. Rodrigues da Silva:- Apoiado.

O Sr. Tito:- ... de sorte que os americanos daquella parte dos Estados não estão habituados ao trabalho pessoal, porque tinham como nós o trabalho do escravo para substituir o economico do homem livre.”[73]

Surge por esta ocasião a diferenciação estabelecida por Quintino Bocaiúva, na fala dos Sr. Paula Ferreira, que afirma não serem os americanos do sul colonos, ou seja, braços a serem alocados na agricultura cafeeira[74]. O discurso então buscava diferenciar o “braço que civiliza do braço que roteia”, personificando os americanos confederados o progresso da raça anglo-saxônica.

Conclusão

Dentro da Weltanschauung do século XIX, a promoção da imigração através da argumentação baseada na raça, associando-a a civilização, não soa estranha comparada a tantos outros discursos científicos do período. Entretanto, sua reprodução posterior, ainda que em outros termos, já que não mais carrega conotações raciais, deve ser criticada.

Por este motivo, a análise dos discursos daqueles que tencionavam realizar o transporte de grandes números de norte-americanos ao Brasil e dos atores do movimento deve ser realizada tendo em vista a existência de uma tendência de homogeneização por parte dos atores políticos imperiais interessados na purificação racial. Ou seja, a intenção em realizar as políticas de eugenia como forma de se atingir a civilização, entendida como a existência da pequena propriedade farmer nos moldes nortistas, da livre iniciativa individual, desenvolvimento técnico, etc.

À medida que se desenrola a imigração, grupos associados aos interesses da oligarquia agrário-exportadora, especialmente a paulista, realizam protestos por entenderem que a vinda de norte-americanos confederados estava em conflito com os interesses da lavoura.

Esta diversidade de interesses teve como conseqüência uma grande variação nas formas em que se desenrolaram os contratos coloniais, bem como nos estabelecimentos espontâneos de imigrantes.

São profundas as diferenças entre as colônias organizadas através da intermediação entre um particular e aquelas em que os indivíduos que a compuseram foram arregimentados por Agentes de Imigração brasileiros, grupos estes sim heterogêneos, em contraposição aos grupos organizados por ex-oficiais confederados, que tendiam a possuir ligações de parentesco, amizade ou até mesmo de origem social comum entre os indivíduos.

Sem a intermediação de um líder e a força da negociação coletiva, as famílias tornavam-se reféns do governo imperial, estando sujeitas a serem alocadas sob os critérios e necessidades do Império, que poderiam entrar em conflito com os interesses dos imigrantes.

A grande maioria dos integrantes do governo imperial responsáveis pela imigração, ou mesmo aqueles que votavam projetos relativos a esta, ignoravam os interesses dos colonos e as diferenças entre os interesses políticos de nortistas e sulistas no período imediatamente posterior ao fim da Guerra Civil Americana. Assim, as fontes em que estão expressas as opiniões de seus conterrâneos, evidenciadas pela documentação diplomática, permite nuançar tais distinções de uma forma apropriada. O interesse dos grupos políticos brasileiros, que muitas vezes revelava-se preso às questões raciais, acaba por dificultar a identificação na medida em que sua preocupação eugênica homogeneíza o imigrante como a força civilizadora anglo-saxônica, independentemente de suas vinculações político-sociais.

À historiografia cabe purgar-se das idéias de progresso e civilização, contidas no discurso racial do século XIX que, em Raça e história[75], foi magistralmente questionada por Claude Lévi-Strauss, mostrando-nos que a história não é uma reta ascendente, e que o saber do caboclo amazônico, do mulato liberto, do caipira, etc., não é de forma alguma inferior ao saber científico norte-americano, ou ao de quaisquer outros grupos.

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[1] Cf. BASTOS, A. C. T. Os males do presente e as esperanças do futuro: estudos brasileiros. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1976, p. 62.

[2] Cf. BOCAIÚVA, Q. Agência da emigração para o Brasil. In: Silva, E. Idéias políticas de Quintino Bocaiúva. Brasília: Senado Federal; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986, p. 237; GRIGGS, W. C. The elusive eden: Frank McMullan´s Confederate Colony in Brazil. Austin: University of Texas Press, 1987, p. 67 e JONES, J. M. Soldado descansa! Uma epopéia norte-americana sob os céus do Brasil. São Paulo: Fraternidade Descendência Americana, 1998 pp. 96-98.

[3] Cf. BOCAIÚVA, Q. Idem, pp. 237-238.

[4] BOCAIÚVA, Q. Idem, p. 238.

[5] Cf. BOCAIÚVA, Q. Uma questão pessoal: carta à ilustrada redação de “A Província de São Paulo”. In: Silva, E. (org.). Idéias políticas de Quintino Bocaiúva. Brasília: Senado Federal; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986, p. 432. e BASTOS, A. C. T. Os males do presente e as esperanças do futuro: estudos brasileiros. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1976, p. 62.

[6] BOCAIÚVA, Q. Idem, p. 425.

[7] Idem, ibidem, p. 431.

[8] Cf. Annaes do Parlamento Brasileiro. Rio de Janeiro: J. Villeneuve, 1868, p. 13. Sessão de 03 de julho de 1868.

[9] BOCAIÚVA, Q. A crise da lavoura. In: Silva, E (org.). Idéias políticas de Quintino Bocaiúva. Brasília: Senado Federal; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986, p. 241.

[10] Idem, ibidem, p. 243.

[11] Idem, ibidem, p. 244

[12] Cf.Idem, ibidem, pp. 245 e 247.

[13] Cf.Idem, ibidem, p. 247.

[14] Idem, ibidem, p. 249

[15] Cf.Idem, ibidem, p. 252.

[16] Cf. BOCAIÚVA, Q. Colonização asiática. Polêmica entre o Sr. Quintino Bocaiúva e o Dr. Nicolau Moreira. In: Silva, E. (org.). Idéias políticas de Quintino Bocaiúva. Brasília: Senado Federal; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986, p. 264.

[17] Idem, ibidem, p. 267.

[18] Cf. LIMA, S. C. de S. Determinismo biológico e imigração chinesa em Nicolau Moreira (1870-1890). Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005, pp. 98-99.

[19] Cf. LAMOUNIER, M. L. Da escravidão ao trabalho livre: a lei de locação de serviços de 1879. Campinas: Papirus, 1988, p. 144.

[20] Cf. BOCAIÚVA, Q. Op. cit., pp. 268-269.

[21] Annaes da Assembléa Legislativa Provincial de São Paulo. São Paulo: Typographia Ypiranga, 1869, p. 169.

[22] Cf. LIMA, S. C. de S. Op. cit., p. 38 e KURY, L. A sereia amazônica dos Agassiz: zoologia e racismo na viagem ao Brasil. In: Revista Brasileira de História. Vol 21, no. 41, 2001, pp. 157-172.

[23] Cf. LIMA, S. C. de S. Op. cit., p. 40.

[24] BASTOS, A. C. T. Os males do presente e as esperanças do futuro: estudos brasileiros. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1976, p. 62. A autora Laura Jarnagin identifica uma ancestralidade huguenote entre alguns dos imigrantes, o que acreditamos que Tavares Bastos desconhecia. Cf. JARNAGIN, L. A confluence of transatlantic networks: elites, capitalism and confederate migration to Brasil. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 2008.

[25] BASTOS, A. C. T. Cartas do solitário. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1975, p. 35.

[26] HALL. M. M. The origins of mass immigration in Brazil, 1871-1914. Tese de doutorado. Columbia University, 1969, pp. 160-166.

[27] JARNAGIN, L. A confluence of transatlantic networks: elites, capitalism and confederate migration to Brasil. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 2008, p. 29.

[28] SIMMONS, C. W. Racist Americans in a multi-racial society: confederate exiles in Brazil. In: The Journal of Negro History. Vol. 67, no 1 (Primavera de 1982), p. 36.

[29] Arquivo do Estado do Pará. Documentos do Governo. Fundo: Secretaria da Presidência da Província. Avisos do Ministério da Agricultura, 1868, notação 1419, mod. 14, prat. 06.

[30] Idem.

[31] Idem.

[32] Arquivo Público do Estado do Pará. Catálogo de Documentos Avulsos. Fundo: Secretaria da Presidência da Província. Série 13 – Ofícios das Câmaras Municipais, Caixa no. 309, 1870-1875.

[33] Arquivo do Estado do Pará. Documentos do Governo. Fundo: Secretaria da Presidência da Província. Avisos do Ministério da Agricultura, 1868, notação 1419, mod. 14, prat. 06.

[34] Idem.

[35] Cf. LUZ, N. V. A Amazônia para os negros americanos: a origem de uma controvérsia internacional. Rio de Janeiro: Saga, 1968, p. 54.

[36] Cf. Arquivo Edgard Leuenroth. Arquivos Diplomáticos e Estrangeiros sobre o Brasil. Microfilme CD MR 027.

[37] Arquivo do Fórum de Piracicaba. Autos cíveis de embargo, 2º ofício, caixa 126. Embargante: Thomas Alonso Keese. Embargado Henrique Capps.

[38] Cf. SILVA, C. A. A. Quando mundos colidem: a imigração confederada para o Brasil (1865-1932). Dissertação de mestrado. Campinas: IE-UNICAMP, 2007.

[39] Cf. OLIVEIRA, A. M. C. de. O destino (não) manifesto: os imigrantes norte-americanos no Brasil. São Paulo: União Cultural Brasil - Estados Unidos, 1995, p. 132. Aqui desejamos dialogar com Ana Maria Costa de Oliveira, com quem concordamos quanto ao “abrasileiramento”, mas discordamos em relação às suas causas. Para a autora a força do ambiente cultural do norte brasileiro, a ausência de persistência em trazer novos grupos de colonos para Santarém, a falta de estruturas de prolongamento da cultura norte-americana como escolas e igrejas findou a experiência norte-americana no norte do Brasil. Nosso argumento é que a resistência à adoção das práticas dos caboclos “degenerados” e “não civilizados” – porém dotados de amplos conhecimentos, não reconhecidos, do meio amazônico – poderia justamente ter trazido problemas como a fome que levou ao quase generalizado abandono da colônia.

[40] DAWSEY, C. B. & DAWSEY, J. M. The confederados: old south immigrants in Brazil. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 1998, p. 49.

[41] Cf. CANABRAVA, A. P. O algodão em São Paulo: 1861 – 1875. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984, pp. 156-158.

[42] Cf. JONES, J. M. Soldado descansa! Uma epopéia norte-americana sob os céus do Brasil. São Paulo: Fraternidade Descendência Americana, 1998, p. 319.

[43] Cf. Idem, ibidem, p. 319.

[44] OLIVEIRA, A. M. C. de. O destino (não) manifesto: os imigrantes norte-americanos no Brasil. São Paulo: União Cultural Brasil - Estados Unidos, 1995, p. 154.

[45] Idem, ibdem, p. 160.

[46] Cf. SILVA, C. A. A. Op. cit.

[47] GOLDMAN, F. Os pioneiros americanos no Brasil: educadores, sacerdotes, covos e reis. São Paulo: Pioneira, 1972. p. 140.

[48] Cf. GUSSI, A. F. Identidades no contexto transnacional: lembranças e esquecimentos de ser brasileiro, norte-americano e confederado de Santa Bárbara d’Oeste e Americana. Dissertação de mestrado. Campinas: IFCH-UNICAMP, PP. 74-75.

[49] Idem, ibidem, p. 76

[50] Idem, ibidem, pp. 142-176.

[51] Cf. Idem, ibidem, pp. 57-70.

[52] Cf. Idem, ibidem, pp. 50-60.

[53] Cf. GRIGGS, W. C. The elusive éden: Frank McMullan’s confederate colony in Brasil. Austin: University of Texas Press, 1987; HILL, L. The confederate exodus to Latin America. Vol. 39, no 2, In: Southeastern Historical Quaterly Online; DAWSEY, C. B. & DAWSEY, J. M. The confederados: old south immigrants in Brazil. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 1998 e JARNAGIN, L. A confluence of transatlantic networks: elites, capitalism and confederate migration to Brasil. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 2008. Note a presença em todos os títulos da afirmação da identidade confederada do grupo.

[54] Cf. SILVA, C. A. A. Op. cit.

[55] Cf. JARNAGIN, L. A. JARNAGIN, L. Relocating family and capital within the nineteenth-century Atlantic world economy: the brazilian connection. In: Dawsey, C. B. & Dawsey, J. M. (org.). The Confederados: old south immigrants in Brazil. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 1998, pp. 73-75, e THORNTON III, J. M. Politics and power in a slave society: Alabama, 1800-1860. Baton Rouge: Louisiana State University Press, 1981, p. 273. Nestes dois trabalhos são mostradas as origens do grupo, ligadas à expansão extensiva predatória da agricultura, que apenas acrescentava fatores de produção, terra e trabalho, ao invés de desenvolvê-los intensivamente através de ganhos de produtividade, condições estas bem caras à lavoura monocultora paulista, canavieira, cafeicultora ou mesmo algodoeira, já instaladas quando da vinda dos imigrantes.

[56] Idem, ibidem, p. 83.

[57] Cf. nota 55.

[58] Arquivo do Estado do Pará. Documentos do Governo. Fundo: Secretaria da Presidência da Província. Avisos do Ministério da Agricultura, 1868, notação 1419, mod. 14, prat. 06.

[59] Idem.

[60] Cf. Arquivo Edgard Leuenroth. Arquivos Diplomáticos e Estrangeiros sobre o Brasil. Microfilme CD MR 027.

[61] Idem.

[62] Idem.

[63] Idem.

[64] MORRIS, R. B. Documentos básicos da História dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964, p. 167.

[65] Arquivo Edgard Leuenroth. Arquivos Diplomáticos e Estrangeiros sobre o Brasil. Microfilme CD MR 259.

[66] Idem, CD MR 136.

[67] Idem.

[68] Cf. idem.

[69] A pesquisa da colônia Santa Leopoldina ainda estava em andamento ao fim da confecção deste artigo. Entretanto, incursões preliminares indicam a localização da documentação: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Fundo Agricultura – 1ª série DCTC. Livros 06 22; 200 254; 201 255.

[70] Cf. Annaes da Assembléa Legislativa Provincial de São Paulo. São Paulo: Typographia Ypiranga, 1867, sessão de 19 de junho de 1867.

[71] Cf. Annaes do Parlamento Brasileiro. Rio de Janeiro: Typographia Vlleneuve, 1866, p. 40 e 41.

[72] Cf. Annaes da Assembléa Legislativa Provincial de São Paulo. São Paulo: Typographia Ypiranga, 1869, apêndice da sessão de 1869.

[73] Annaes da Assembléa Legislativa Provincial de São Paulo. São Paulo: Typographia Ypiranga, 1869, apêndice da sessão de 1869, pp. 4-5.

[74] Idem, p. 5.

[75] Lévi-Strauss. C. Raça e história. Lisboa: Presença, 1980.

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