ORIGEM DA SÍNDROME DE BURNOUT



ATUALIZAÇÕES SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT

Liliana A. M. Guimarães & Wilma Lucia C. D. Cardoso

“Vocês, brancos, são loucos. Impelidos pelas suas máquinas, se matam de trabalhar até os 60 anos, depois, quando já velhos demais para fazê-lo, começam a pensar, a viajar, a divertir-se. Nós distribuímos as horas alegres ao longo de toda a vida. Não terá razão o índio?”.

(BROCHIERI, apud DE MASI, 1999)

INTRODUÇÃO

O termo "Síndrome de Burnout" foi desenvolvido na década de setenta nos Estados Unidos por FREUNDERBERGER (1974). Ele observou que muitos voluntários com os quais trabalhava, apresentavam um processo gradual de desgaste no humor e ou desmotivação. Geralmente, esse processo durava aproximadamente um ano, e era acompanhado de sintomas físicos e psíquicos que denotavam um particular estado de estar "exausto".

Posteriormente, a psicóloga social CHRISTINA MASLACH (1981, 1984, 1986) estudou a forma como as pessoas enfrentavam a estimulação emocional em seu trabalho, chegando a conclusões similares às de Freunderberger. Ela estava interessada nas estratégias cognitivas denominadas despersonalização. Estas estratégias se referem a como os profissionais da saúde (enfermeiras e médicos) misturam a compaixão com o distanciamento emocional, evitando o envolvimento com a enfermidade ou patologia que o paciente apresenta e utilizando a "desumanização em defesa própria", isto é, o processo de proteger-se a si mesmo frente a situações estressoras, respondendo aos pacientes de forma despersonalizada.

DEFINIÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT

O desenvolvimento do conceito de Síndrome de Burnout apresenta duas fases em sua evolução histórica: uma fase pioneira, onde o foco esteve na descrição clínica da "Síndrome de Burnout", e uma fase empírica em que se sistematizaram as distintas investigações para assentar a descrição conceitual do fenômeno.

Na década de setenta se desenvolveu o conceito de Síndrome de Burnout a partir da suposição de que existe una tendência individual na sociedade moderna a incrementar a pressão e estresse ocupacional, sobretudo nos serviços sociais. Os profissionais ligados ao atendimento de pessoas doentes, necessidade ou carência material deveriam resolver mais problemas e, portanto, se produziria neles um conflito entre a mística profissional, a satisfação ocupacional e a responsabilidade frente ao cliente (CHERNISS, 1980).

Na década de oitenta, as investigações sobre Síndrome de Burnout se deram nos Estados Unidos e, posteriormente, o conceito começou a ser investigado no Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Israel, Itália, Espanha, Suécia e Polônia. Em cada país, se adotou e se aplicou o instrumento criado nos Estados Unidos, especialmente o Maslach Burnout Inventory, de Maslach e Jackson (MASLACH & SCHAUFELI, 1993).

Outras investigações empíricas se centraram em variáveis pessoais tais como locus de controle, saúde pessoal, relações com a família, amigos e apoio social. Os fatores materiais e humanos associados foram utilizados também como fontes de investigação junto com as biografias pessoais dos trabalhadores que apresentam a Síndrome de Burnout (MASLACH, 1993).

Ainda, foram incorporados outras variáveis, e.g., satisfação ocupacional, estresse ocupacional, carga de trabalho, demissões, conflito e ambigüidade de papéis e expectativas no emprego (HERRERA E LEÓN, 1999). Também se investigou a relação da Síndrome de Burnout com variáveis demográficas como idade, sexo e estado civil.(GARCÉS DE LOS FAYOS 2000).

De acordo com MASLACH (2001), grande parte dos aportes utilizados para o estudo do construto são investigações transversais e há escassos estudos longitudinais. Assinala ainda que nas investigações efetuadas nos últimos 25 anos teria predominado a hipótese que as pessoas idealistas têm um risco maior para o Burnout. Uma segunda hipótese estudada é que a Síndrome de Burnout resulta da exposição a estressores crônicos.

Segundo Maslach, a Síndrome de Burnout estaria composta por três dimensões (MASLACH,2001):

1- O cansaço emocional ou esgotamento emocional- Refere-se às sensações de sobre- esforço e fastio emocional que se produz como conseqüência das continuas interações que os trabalhadores devem manter com os clientes e entre eles.

2- A despersonalização. Supõe o desenvolvimento de atitudes cínicas frente às pessoas a quem os trabalhadores prestam serviços. GIL MONTE & PEIRÓ (1997) especificam que esta dimensão se associa com o excessivo distanciamento frente a pessoas, silêncio, uso de atitudes despectivas e tentativas de culpar aos usuários pela própria frustração.

3- Reduzida realização pessoal. Também levaria à perda de confiança na realização pessoal e à presença de um auto-conceito negativo.

MASLACH (2001) assinala que o esgotamento emocional representa a dimensão de tensão básica da Síndrome de Burnout; a despersonalização expressa o contexto interpessoal onde se desenvolve o trabalho do sujeito, e a diminuição das conquistas pessoais, representa a auto-avaliação que o indivíduo realiza de seu desempenho ocupacional e pessoal.

De acordo com GARCÉS DE LOS FAYOS (2000) na atualidade existiria consenso entre os autores ao assumir o modelo de Síndrome de Burnout com base nas três dimensões descritas por MASLACH & JACKSON (1981), e PINES (1981). Portanto, a síndrome seria uma conseqüência de eventos estressantes que predispõem o indivíduo a vivenciá-la, e também seria necessária a presença de uma “interação” trabalhador-cliente intensa e/ou prolongada para que o sintoma se produza.

DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME DE BURNOUT

O Burnout não aparece repentinamente como resposta a um estressor determinado, mas emerge em uma seqüência determinada de tempo. Na atualidade foram produzidos modelos mais complexos com os mesmos componentes básicos propostos por Freunderberger e Maslach, das três dimensões mencionadas anteriormente aparecendo no tempo, de maneira seqüencial.

Assim FARBER (1991) propôs um modelo hierárquico composto por diversos estados sucessivos no qual, cada um deles desencadeia o seguinte: entusiasmo e dedicação, frustração e ira, e inconseqüência (percepção de falta de correspondência no trabalho, abandono de compromisso e implicação no trabalho, vulnerabilidade pessoal, esgotamento e descuido, o estágio final se não receberem um tratamento adequado (MANASSERO, FORNÉS, FERNÁNDEZ, VÁZQUEZ, & FERRER, 1995).

Por sua vez, EDELWICH & BRODSKY (citados por MANASSERO, et al., 1995) referem que seria cíclico e se apresentaria através da repetição de vários estágios sucessivos: entusiasmo, arrefecimento, frustração e apatia.

MASLACH (2001) conclui que não existe acordo sobre a evolução da síndrome e, que, de acordo com as investigações de GOLEMBIESWSKI e MUNZENRIDER (1998) existem oito possíveis combinações para a Síndrome de Burnout, sendo a primeira fase a despersonalização, logo a reduzida realização pessoal e finalmente o esgotamento emocional. Uma segunda alternativa é que as dimensões se desenvolvam simultaneamente, mas de forma independente.

PERSPECTIVAS SOB AS QUAIS A SÍNDROME DE BURNOUT TEM SIDO ESTUDADA

MANASSERO et al. (1995) propõem que existem três perspectivas diferentes a partir das quais a Síndrome de Burnout tem sido estudada:

1) A perspectiva psicossocial: adotada por Maslach e Pines, que pretende explicar as condições ambientais nas quais se origina a Síndrome de Burnout, os fatores que ajudam a atenuá-la (especialmente o apoio social) e os sintomas específicos que caracterizariam a síndrome, fundamentalmente de tipo emocional, nas distintas profissões. Além disso, neste enfoque se desenvolveu o instrumento de medidas mais amplamente utilizado para avaliar a síndrome, o Maslach Burnout Inventory (MBI). Cabe ressaltar que em relação ao instrumento, sua validade de construto demonstra que o mesmo mede as três dimensões assinaladas na literatura: esgotamento emocional, despersonalização e reduzido ganho pessoal. GIL-MONTE e PEIRÓ (1999) mencionam que o instrumento continua tendo deficiências psicométricas devido ao fato de que em distintas investigações foram obtidos diferentes níveis de validade interna e externa. Concordamos com GARCÉS DE LOS FAYOS (2000) que o instrumento não permite medir os processos individuais no desencadeamento do Burnout e de sua evolução, já que o individuo só se dá conta quando está esgotado excessivamente e apresenta problemas com seu rendimento ocupacional.

2) A perspectiva organizacional: que se centra em que as causas da Síndrome de Burnout se originam em três níveis distintos, o individual, o organizacional e o social (CHERNISS, 1980). O desenvolvimento da Síndrome de Burnout gera nos profissionais, respostas ao trabalho, que não têm que aparecer sempre, nem juntas, como a perda do sentido do trabalho, idealismo e otimismo, ou a ausência de simpatia e tolerância frente aos clientes e a incapacidade para apreciar o trabalho como desenvolvimento pessoal.

3) A perspectiva histórica: é fruto dos estudos realizados por SARANSON (1982) sobre as conseqüências das rápidas mudanças sociais nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial no trabalho e das condições de trabalho.

O DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE BURNOUT

De acordo com CHERNISS (citado por MASLACH, 1993), a Síndrome de Burnout é um processo que começa com um excessivo e prolongado nível de tensão ou "estresse" que produz a fadiga no trabalho, sentimento de estar exausto, irritabilidade. Similarmente a Síndrome de Burnout tem sido caracterizada como uma progressiva perda do idealismo e da energia e o propósito de ajudar aos usuários dos serviços.

FREUDENBERGER (1974) descreve os seguintes sintomas: impaciência e grande irritabilidade, sensação de onipotência, paranóia, cansaço emocional e desorientação

Por sua vez, CABALLERO e MILLÁN (1999) propõem que a Síndrome de Burnout apresenta sintomas de ordem:

1. Fisiológica: falta de apetite, cansaço, insônia, dor cervical, úlceras.

2. Psicológica: irritabilidade ocasional ou instantânea, gritos, ansiedade, depressão, frustração, respostas rígidas e inflexíveis.

3. De conduta: expressões de hostilidade ou irritabilidade, incapacidade para poder concentrar-se no trabalho, aumento das relações conflitivas com os demais colegas, chegar tarde ao trabalho ou sair mais cedo, estar com freqüência fora da área de trabalho e fazer longas pausas de descanso no trabalho.

4. Outros: aumento do absenteísmo, apatia face à organização, isolamento, empobrecimento da qualidade do trabalho, atitude cínica e fadiga emocional, aumento do consumo de café, álcool, barbitúricos e, cigarros.

BIBEAU (citado por MASLACH, 1993) propõe um diagnóstico objetivo e também subjetivo da Síndrome de Burnout com critérios para determinar seu grau. O principal sintoma seria a fadiga ou esgotamento emocional, acompanhada de um sentimento de incompetência profissional e insatisfação no emprego, além de problemas de concentração, irritabilidade e negativismo. O principal indicador seria o estado emocional por um período de vários meses, observado por distintas pessoas como colegas, supervisores e outros.

GUTIÉRREZ (2000) distingue cinco elementos comuns nas pessoas que sofrem a Síndrome de Burnout: a) um predomínio de sintomas como cansaço mental ou emocional, fadiga e depressão; b) a evidência pode ser vista em um sintoma mental ou de conduta mais do que em sintomas físicos; c) os sintomas estão relacionados com o trabalho; d) os sintomas se manifestam em pessoas "normais" que não sofriam anteriormente de nenhuma alteração psicopatológica; e) se pode observar uma redução da efetividade e do rendimento no trabalho.

EFEITOS DA SÍNDROME DE BURNOUT NO INDIVÍDUO

A Síndrome de Burnout se apresenta como uma síndrome complexa que acarreta conseqüências muito variáveis, já que estas estão presentes a nível psicológico, físico e de conduta. Entre os sintomas mais comuns relatados pela literatura, em nível individual estariam os problemas psicossomáticos, a diminuição do rendimento e as atitudes negativas frente à vida em geral (GARCÉS DE LOS FAYOS, 2000).

O Quadro 1, a seguir, apresenta uma lista de diferentes conseqüências que a Síndrome de Burnout produz:

Quadro 1- Conseqüências da Síndrome de Burnout por Grupo

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MCCORNNELL (1982) propõe um esquema de sinais e sintomas presentes na Síndrome de Burnout, que podem ser apresentados pelo indivíduo:

1. Sinais e sintomas físicos: são sintomas e sinais físicos similares aos do estresse ocupacional. Alguns sintomas que podem se apresentar são: a fadiga, a sensação exaustão (cansaço crônico), indiferença ou frieza, sensação de baixo rendimento profissional, freqüentes dores de cabeça, distúrbios gastrintestinais, alterações do sono (insônia) e dificuldades respiratórias.

2. Sintomas de conduta: existem graves alterações no comportamento que usualmente afetam aos colegas, pacientes, familiares de pacientes e inclusive seus próprios familiares.

3. Sintomas psicológicos: podem aparecer mudanças, tais como, trabalhar cada vez de forma mais intensa, sentimento de impotência frente a situações de vida ocupacional, sentimento de confusão e inutilidade, irritabilidade, pouca atenção a detalhes, aumento do absenteísmo ocupacional, aumento do sentimento de responsabilidade exagerada ou fora de contexto frente à situação de enfermidade do paciente, atitude negativa, rigidez, baixo nível de entusiasmo, e levar para casa os problemas do trabalho. Além disso, SODERFELDT et al. (1995) assinalam o consumo de álcool e drogas, como uma forma de amortecer os efeitos do cansaço e esgotamento.

MODELO TEÓRICO DA SÍNDROME DE BURNOUT

GIL-MONTE e PEIRÓ (1999) e MASLACH (2001) referem que o modelo conceitual da Síndrome de Burnout apresenta problemas de delimitação e de diferenciação com outros conceitos, tais como: tédio, depressão, alienação, ansiedade, insatisfação ocupacional, neurose existencial e desencanto.

Em relação à diferenciação com a ansiedade, os profissionais manifestam desassossego e mal - estar que pode ser uma resposta tanto ao estresse como à insegurança ocupacional. Para GARCÉS DE LOS FAYOS (2000) a ansiedade pode incorporar-se dentro da sintomatologia do Burnout.

BURNOUT E DEPRESSÃO

Dado que o BURNOUT tem sido descrito em termos de sintomas disfóricos, tais como exaustão, fadiga, perda da auto-estima e DEPRESSÃO, este capítulo dedica-se a revisar as possíveis similaridades, diferenças e complementaridade entre estes dois conceitos, objetivando o aprimoramento das questões diagnósticas e de intervenções mais eficazes.

Alguns estudos têm sido realizados tentando estabelecer as possíveis diferenças entre Síndrome de Burnout e Depressão. STEINER (2001) testa a validade discriminante do BURNOUT em contraste com a DEPRESSÃO usando o Maslach Burnout Inventory (MBI), MASLACH & JACKSON, (1986) e o Allgemeine Depressiossskala (ADS) HAUTZINGER (1993). Os dados obtidos revelam que o Suporte Social, e variáveis ligadas à saúde e à ocupação estão correlacionados tanto em BURNOUT quanto na DEPRESSÃO, apontando para a validade de construto do BURNOUT. Já LAEGEFOREN (2000) testa a validade de construto do BURNOUT pelo MBI, obtendo um Alpha de Crombach (0.91 - 0.61). Obtém como resultado: Boa consistência interna entre exaustão emocional (r= 0.54) , satisfação no trabalho (r=0.54) e depressão (r= 0.72).

BRENNINKMEYER & YEREN & BUUNK (2001) realizaram estudo junto a 190 professores do ensino médio, com idade média de 44 anos. Os autores verificaram se a sintomatologia da depressão e os componentes do Burnout são relatados diferentemente nas sensações de superioridade. Baseado no quadro clínico da depressão, o qual parece refletir o baixo nível de superioridade, um sentido geral de frustração e derrota, os indivíduos com alto nível de burnout também apresentaram sintomas depressivos.

Os resultados confirmaram as expectativas. Além disso, a depressão está significativamente relacionada com superioridade, embora não houvesse relação observada entre o sintoma principal do burnout (isto é, exaustão emocional) e superioridade. Conclui-se que a depressão e o burnout estão relacionados como próximos, mas não são considerados como idênticos.

CORDEIRO CASTRO & GUILLÉN GESTOSO & GALA LEÓN & LUPIAN GIMÉNEZ & BENÍTEZ GARAY & GÓMEZ SANABRIA (2003), realizaram um estudo descritivo sobre a prevalência da Síndrome de Burnout em professores. Buscou-se o grau de saúde laboral do professor, através dos níveis de depressão, a influência das variáveis psicossociais, as relações com a experiência docente e as contextuais, além da opinião dos docentes sobre as causas do problema.

Para tanto, foram aplicados o Inventário de Burnout de Maslach (MBI) (MASLACH & JACSON, 1981 a, 1986); um instrumento denominado ‘Registro de Variáveis Pessoais e de Condições de Trabalho “(R.V.C.T.) que continha dados biográficos e sócio-ocupacionais, e o Inventário de Depressão de Beck (BDI.) (BECK, STEER & BROWN, 1987; BECK E STEER, 1996). Detectou-se uma alta prevalência da Síndrome de Burnout (41%) e de Depressão (25%), sendo que os sujeitos que apresentam os índices mais elevados de Burnout são aqueles que manifestaram um maior grau de depressão. As relações entre as subdimensões do M.B.I. e o BD.I., se obtém correlacionando variáveis significativas entre as três subdimensões com a variável depressão, embora a correlação se dê com a Exaustão Emocional. A análise destas subdimensões, apresenta correspondência entre as variáveis externas e as fases evolutivas de Burnout (GOLEMBIEWSKI, MUNZENRIDER & CARTER, 1983;.

IACOVIDES & FOUNTOULAKIS & MOYSIDOU & IERODIAKONOU (2003), em estudo realizado junto a 260 enfermeiros, na Grécia, objetivaram verificar a relação entre BURNOUT e DEPRESSÃO. Utilizou-se o MBI, o Questionário de Personalidade de Eysenck para avaliação de Traços de Personalidade e a Escala de Auto-Avaliação de Depressão de Zung para avaliar a sintomatologia depressiva. O estudo aponta para a existência da relação entre depressão e burnout. A depressão é uma desordem afetiva que afeta vários aspectos da vida das pessoas. Em contrapartida, o burnout por definição é uma síndrome restrita ao ambiente de trabalho do paciente. Existem dois tipos distintos de Síndrome de Burnout. Numa as enfermeiras têm ou não a depressão, e noutra, consiste em indivíduos aparentemente com predisposição para desenvolver o burnout. Esta última é caracterizada pela mais severa sintomatologia, fenomenologicamente similar à depressão, apresentando os seus componentes mais comuns.

No sentido de cada vez mais haver visibilidade no Diagnóstico dos Transtornos Mentais relacionadas ao trabalho, o Decreto n. 3048/99 de 06/05/1999 do Ministério da Previdência e Assistência Social do Brasil, através do DOU- 12.05.99- no. 89 apresenta uma Nova Lista de Doenças Ocupacionais e Relacionadas ao Trabalho, a qual inclui 12 categorias diagnósticas de Transtornos Mentais. Encontram-se elencados a seguir, aqueles Diagnósticos que podem ser úteis para o Diagnóstico Diferencial:

• Síndrome de Esgotamento Profissional - BURNOUT- CID- 10 “Problemas relacionados ao emprego e desemprego : ritmo de trabalho penoso” (Z. 56.3) ou “Circunstância relativa às condições de trabalho” (Z. 56.6);

• Episódios depressivos relacionados ao trabalho (F. 32);

• Síndrome de Fadiga (Neurastenia- F. 48.0).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assume-se neste estudo as indicações de GIL-MONTE e PEIRÓ (1999) e MASLACH (2001) que o modelo conceitual da Síndrome de Burnout mantém problemas de delimitação e de diferenciação com outros conceitos, tais como: depressão, tédio, alienação, ansiedade, insatisfação laboral, neurose existencial e desencanto e que a DEPRESSÃO possa aparecer frente a qualquer contexto, mas o BURNOUT tem sua etiologia no contexto ocupacional.

Concordamos com GARCÉS DE LOS FAYOS (2000) e GIL MONTE e PEIRÓ (1997, 1999) quando assinalam que o Burnout é essencialmente um construto social que se desenvolve a partir das relações laborais e organizacionais, ao contrário, a depressão é um conjunto de emoções e cognições que repercute nestas relações. Burnout é uma Síndrome Depressiva específica ligada ao trabalho (GUIMARÃES & FERREIRA JUNIOR, 2000).

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