UNESP – Universidade Estadual Paulista



UNESP – Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

Departamento de Comunicação Social

TV Digital

Daqui pra frente, o que será diferente?

O que vai mudar no seu televisor com a chegada da TV Digital

Orientanda

PRISCILA EUGENIA TREVISAN CESTARI

Orientador:

Prof. Ms. WILLIANS CEROZZI BALAN

Banca examinadora:

Profa Ms. TEREZINHA DE JESUS BOTEON

EDSON SIMÕES

Profissional de Produção de Televisão

Bauru – SP

2 0 0 1

UNESP – Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

Departamento de Comunicação Social

TV Digital

Daqui pra frente, o que será diferente?

O que vai mudar no seu televisor com a chegada da TV Digital

|Priscila E. Trevisan Cestari |

|9831339 |

| |

|Projeto Experimental apresentado como exigência parcial para |

|obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação|

|em Rádio e Televisão, ao Departamento de Comunicação Social da |

|Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade |

|Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", atendendo à resolução|

|de número 02/84 do Conselho Federal de Educação. |

Bauru – SP

2 0 0 1

Dedico esse trabalho à Deus, que me deu fé e coragem para nunca desistir de caminhar em busca deste objetivo: a aprendizagem.

E aos meus pais, Armírio e Maria José, e irmãos, Carlos e Maria Luiza, por acreditarem em mim e verem que esse esforço já valeu a pena.

Agradecimentos

Ao meu eterno namorado, William, pela compreensão, amor e carinho nos momentos mais difíceis, além de suportar a saudade de cada dia!

Ao pessoal de casa por terem me acolhido quando precisei de um lar pra viver esses últimos seis meses!

Agradeço aos amigos, os mais verdadeiros, pelo apoio e torcida.

E ao Professor Willians, pela paciência e dedicação, hoje e sempre!

A todos vocês, muito obrigada!

“O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitar”

Leonardo da Vinci

“A primeira coisa a fazer é descobrir tudo aquilo que os outros sabem, e então começar onde eles pararam”

Thomas Alva Edison

Í N D I C E

INTRODUÇÃO 9

1 - A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA TV: HISTÓRICO 12

1.1- O sonho de se transmitir imagens 12

1.2- A Geração de Imagens 13

1.3- A TV em Cores 18

1.4- A Invenção do VT 19

1.4.1- O início da gravação de imagens 19

1.4.2- O Videotape 20

2 - O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIAS 26

2.1- Mais espaço para o Espectro de Freqüência 31

3 - SISTEMA ANALÓGICO E DIGITAL 32

3.1- O Sistema Analógico 32

3.2- O Sistema Digital 36

4 - UM POUCO DA HISTÓRIA DO CINEMA 40

4.1- A arte que sobrevive através dos tempos 40

4.2- Cinema Digital 43

4.2.1- Os formatos de captação digital 44

4.2.2- Do vídeo para o cinema: um processo antigo 48

4.3- Lado a Lado: Cinema analógico e digital 49

4.4- Cinema e futuro 53

5 - A CRONOLOGIA DA TV DIGITAL 57

5.1- Porque não confundir TV Digital com TV de Alta Definição (HDTV) 57

5.2- Uma Breve História 59

5.3- Convergência e Modelos de Camadas 65

6 - EXPECTATIVA DOS USUÁRIOS 69

6.1- Expectativas dos usuários brasileiros para a televisão do futuro 70

6.1.1- Melhor Imagem, Melhor Som 72

6.1.2- Ajuda aos Deficientes Físicos 73

6.1.3- Gravação de Programas e Near-Video-on-Demand 73

6.1.4- Vídeo Adicional 74

6.1.5- Zooming 75

6.1.6- Múltiplos Programas e Vídeo sob Demanda 76

6.1.7- Interatividade 77

6.1.8- Internet 79

6.1.9- Áudio Adicional 80

6.1.10- Legenda Adicional 80

6.1.11- Outras Características 81

7 - PLATAFORMAS PARA TV DIGITAL 83

7.1- Modelo de Referência ITU-T 83

7.2- O Padrão MPEG 84

7.2.1- Por que a compressão? 84

8 - MODELOS DE NEGÓCIO EM TELEVISÃO DIGITAL 89

8.1- Características para modelos de negócios 90

8.1.1- Resolução, qualidade de imagem e formato de tela 90

8.1.2- Conversão de formatos de tela 94

8.1.3- Diversidade de Programação 96

8.1.4- Otimização de cobertura 97

8.1.5- Transmissão hierárquica 98

8.1.6- Multimídia e Hipermídia 98

8.1.7- Interatividade e Canal de Retorno 100

8.1.8- Datacasting 103

8.1.9- API 104

8.2- Modelos de negócios para televisão digital 105

8.2.1- Programas secundários de televisão 105

8.2.2- Diversidade de serviços e acesso à Internet 106

8.2.3- Receptibilidade do sinal de televisão 107

8.3- Possíveis modelos de negócios 108

8.3.1- Observações acerca dos modelos de negócios 114

8.4- Modelos de negócios adotados em alguns países 116

8.4.1- Estados Unidos 116

8.4.2- Europa 117

8.4.3- Japão 118

9 - INVESTIMENTOS DE GERADORAS E RETRANSMISSORAS 119

9.1- A Produção 120

9.2- Transmissão 122

9.3- Retransmissão 123

9.3.1- Custos 124

10 - RECEPTORES PARA TV DIGITAL 126

10.1- Introdução 126

10.2- A Indústria e o Mercado de Televisores no Brasil 126

10.3- Produtos de TV Digital existentes no mundo 129

10.3.1- Estados Unidos com o ATSC 129

10.3.2- A Europa com o DVB-T 130

10.3.3- A Austrália com o DVB-T/7 MHz 131

10.3.4- O Japão com o ISDB-T 133

10.4- Definindo os produtos de TV Digital no Brasil 135

10.4.1- Arquiteturas do Sistema de Recepção 135

10.4.2- STB-HD/SD 135

10.4.3- Monitor-SD 137

10.4.4- Monitor-HD 137

10.4.5- Televisor Integrado SD 138

10.4.6- Televisor Integrado HD 138

10.4.7- Outros Produtos de Consumo de TV Digital 138

11 - PERSPECTIVAS 140

11.1- Mercado Brasileiro de Televisores em Cores 140

11.1.1- Domicílios e Televisores 140

11.1.2- Expectativa da queda de preços 141

11.2- Opções para a fase de transição analógico/digital 141

12 - SITUAÇÃO BRASILEIRA 145

12.1- Padrões: Qual a melhor escolha? 146

12.2- E o que vai mudar no modo de se ver TV? 148

12.3- Daqui pra frente o que será diferente 151

CONSIDERAÇÕES FINAIS 157

GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS 160

BIBLIOGRAFIA 185

ANEXOS 190

I N T R O D U Ç Ã O

INTRODUÇÃO

Desde o Século XIX, os estudiosos pesquisavam a respeito de como fazer para transmitir imagens à distância. Sabe-se que os experimentos evoluíram de acordo com a possibilidade de cada época. Do surgimento da televisão na década de 30, com imagens monocromáticas, à introdução do sistema de cor nos anos 50, a televisão passaria a fazer parte do cotidiano das pessoas, contando histórias e narrando fatos.

Quando o desenvolvimento tecnológico promove uma quebra de paradigmas, tal como foi o advento da TV em cores, a sociedade passa a notá-lo como um todo. As mudanças passam a fazer parte da vida dos indivíduos, enquanto telespectadores, não só pelo fato da aquisição de novos aparelhos receptores e sim das possibilidades que eles proporcionam.

Em pleno século XXI, estamos prestes a viver uma nova quebra de paradigmas com a introdução da tecnologia digital no serviço de televisão recebido pelo telespectador, isto é, o usuário final. O que se denomina televisão digital é a transmissão de sinais de TV em forma de dígitos binários – daí o digital – que proporciona, entre outras vantagens, uma melhor qualidade de imagem e som ao telespectador.

Aos poucos, a curiosidade a respeito do tema, fez com que certas questões precisassem ser resolvidas tais como: o que é TV Digital? Como iria funcionar? Quais benefícios? Quanto seria modificada para receber essa tecnologia?

As respostas fariam parte desta monografia.

A decisão da pesquisa sobre TV Digital partiu do desejo de conhecer como uma nova tecnologia em televisão pode vir a ser aplicada e como os profissionais da Radiodifusão precisam ter contato com alguns conceitos importantes. O tema é relativamente recente e a opção por realizar um projeto como este é possibilitar àqueles que consultarão esse material o registro de uma época e sua situação atual.

Além do mais, os estudos estão voltados para a área da Comunicação e não da Engenharia ou da Eletrônica. Não teria sentido desta ser uma pesquisa de aspectos técnicos da televisão digital, pelo fato de que é realizada para estudantes de comunicação virem a compreender, mesmo que basicamente, alguns aspectos importantes que podem modificar o perfil de um profissional de TV. Veremos, por exemplo, que certos cuidados não podem ser descartados dentro da tecnologia digital, como subestimar a alta capacidade da gravação de uma imagem, onde uma câmera digital “enxerga” mais do que outra sistema analógico.

Assim, esta pesquisa divide-se em duas partes. Enquanto a primeira descreve a introdução à história tecnológica da televisão e do cinema, meios que serão diretamente atingidos pela tecnologia digital, a segunda parte traz a história da TV Digital, suas características e aplicações.

PRIMEIRA PARTE:

HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA TELEVISÃO E DO CINEMA

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA TV: HISTÓRICO

1 O sonho de se transmitir imagens

O surgimento e desenvolvimento da televisão deve-se ao trabalho de inúmeros cientistas que estudaram os fenômenos eletromagnéticos assim como a transmissão de imagens à distância.

Pode-se dizer que tudo começou no século XIX, em 1817. Neste ano, o químico sueco Jacob Berzelius descobriu casualmente o selênio[1], o que veio a ser o primeiro passo para a transmissão de imagens. A descoberta abriria novos campos para a utilização da energia elétrica, inclusive na televisão, mas ninguém desconfiou disto, muito menos Berzelius.

A idéia de transmitir imagens à distância era sonho de muitos. Em 1842, Alexander Bain realizou a primeira transmissão telegráfica de uma imagem sem movimento (fac-símile), atualmente conhecido como fax. Após essa experiência, nada impediria que se fizesse o mesmo com imagens em movimento.

A televisão deixou de ser apenas “sonho” para tornar-se realidade quando foram comprovadas, em 1873, pelo inglês Willoughby Smith, as propriedades fotoelétricas do elemento químico selênio, descoberto no início daquele século. Lançava-se, portanto, o piso teórico para o processo eletrônico de geração de imagens através da tradução de luz em cargas elétricas, e vice-versa. Isto porque, na claridade, o selênio transmitia impulsos elétricos fortes, que se reduziam proporcionalmente à diminuição da luz.

A partir daí, começaram a surgir idéias. O norte-americano George Carey, em 1875, propôs um sistema baseado na exploração de cada ponto da imagem onde, simultaneamente, uniu milhares de células e projetou uma imagem em um número igual de lâmpadas, mais ou menos o que viria ser, posteriormente, o aparelho receptor. Já em 1880, o francês Maurice Le Blanc, notou que imagens sucessivas, apresentadas em uma certa velocidade, davam a impressão de movimento.

No ano de 1884, o alemão Henrich Hertz demonstrou a existência de sinais elétricos se propagando pelo espaço, criando um aparato dotado de duas espirais de arame desconectadas. A primeira era a fonte de ondas eletromagnéticas (conhecida como oscilador) enquanto que, na segunda espiral, a oscilação ocasionava uma corrente elétrica.

A próxima investida em direção ao fundamento das telecomunicações aconteceria pelo jovem Giuglielmo Marconi, em 1896, ao sintetizar a descoberta de Hertz com a concepção do telégrafo de Samuel Morse. Marconi fez as primeiras transmissões de sinais elétricos sem usar fios e, pouco depois, conseguiu enviar mensagens sonoras (“beeps”) a uma distância de duas milhas. Um ano mais tarde, essa experiência ganhava penetração na Alemanha, nas mãos de Adolf Slaby e Georg Graf, onde a informação recebia em definitivo o prefixo “tele”.

2 A Geração de Imagens

No campo da geração de imagens, outras invenções primordiais inauguravam a televisão. Em Berlim, no ano de 1884, Paul Gottlieb Nipkow concebeu um aparelho mecânico para decomposição do material visual, convertendo as frações obtidas em sinais elétricos, sendo que o dispositivo adequava-se para a formação da imagem. O “Disco de Nipkow” era um disco de ferro e perfurado, que, ao girá-lo, a imagem do objeto dividia-se em pequenos pontos e, estando em alta velocidade, estes reagrupavam-se depois. Em proporção direta a essa energia luminosa, no aparelho eram geradas correntes elétricas, transportadas por um fio a uma lâmpada situada atrás de um segundo disco rotativo perfurado, que girava em sincronia com o primeiro. O espectador que se colocasse frente a essa extremidade, poderia assistir a uma reprodução, ainda que bastante precária, da cena.

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|Figura 01 – Disco de Nipkow |

O futuro da televisão, no entanto, não poderia permanecer em um processo mecânico de análise das imagens. Quase na virada do século, em 1897, o alemão Karl Ferdinand Braun já havia concebido as bases da câmera de TV, inventando o tubo de raios catódicos, em que um feixe emitido por um canhão de elétrons é o responsável pelo que se chama de varredura do material visual.

A descoberta de Braun viabilizou experimentos com aparelhos de funcionamento eletrônico – ancestrais do moderno sistema de televisão – tal como o iconoscópio. Patenteado pelo russo naturalizado americano Wladmir Zworykin, em 1923, o iconoscópio era um tubo a vácuo com uma tela de células fotoelétricas que permitia a análise eletrônica da imagem. Usando o iconoscópio, ele transmitiu imagens numa distância de 45 quilômetros. Logo a RCA (Radio Corporation of America) convidou Zworykin para conduzir a equipe que produziria o primeiro tubo de televisão.

|Figura 02 – Iconoscópio |

A década de 20 foi um período de variadas experiências em televisão. Em 1924, dois técnicos da empresa alemã AEG Telefunken, August Karolus e Fritz Schroeter, conseguiram realizar a primeira transmissão de imagens sem a utilização de fios via ondas eletromagnéticas. Logo depois, o inglês John Lodgie Baird repetiria a proeza, transmitindo contornos de objetos a distância e, no ano seguinte, fisionomias de pessoas. Já em 1926, Baird fez a primeira demonstração no Royal Institution em Londres para a comunidade científica, posteriormente, firmando acordo para emissões experimentais com a BBC (British Broadcasting Corporation), a empresa de radiodifusão estatal britânica. Naquela época, o padrão de definição possuía 30 linhas e era mecânico.

Até 1927 as transmissões limitavam-se a figuras sem definição e imagens sem estabilidade. Quem primeiro conseguiu transmitir imagens estáveis de um lugar para outro foi o engenheiro norte-americano Philo Taylor Farnsworth. No dia 7 de setembro de 1927, Farnsworth viu seu sonho realizado, utilizando o tubo de raios catódicos desenvolvido no final do século XIX. Farnsworth e Zworykin travaram longa disputa judicial pela paternidade da invenção da TV. Farnsworth ganhou a disputa mas somente depois que a patente havia sido expirada, não recebendo nenhum dinheiro pelo seu invento.

As empresas norte-americanas que detinham patentes em telecomunicações convergiam seus interesses com o estabelecimento da empresa RCA (Radio Corporation of America), tratando de desenvolver a fundo o princípio da câmera de TV. Faltava-lhes, entretanto, a tecnologia dos tubos de raios catódicos, produzidos pela AEG Telefunken alemã. Permutaram-se, então, patentes entre as duas empresas. Em 1928, a empresa alemã lançava o primeiro aparelho de TV em caráter experimental; dois anos depois, seria ela a responsável pela introdução da técnica de varredura entrelaçada – adotada em todos os sistemas de televisão do mundo – aumentando a qualidade de imagem e assegurando as possibilidades comerciais do novo meio de comunicação. Assim, a primeira demonstração pública ficou por conta da RCA que, em 1930, projetou imagens em uma tela de 1,83m por 2,44m. No ano seguinte, foi montada uma antena no edifício Empire State Building (Nova Iorque) e, embora o sistema utilizasse um receptor eletrônico, o emissor era mecânico.

Em 1935, a Alemanha iniciava as primeiras transmissões experimentais. Um ano depois, a RCA inaugurava em Nova Iorque a sua estação de testes (W2XF) e, na Inglaterra, a BBC já transmitia regularmente. Além disso, em Berlim (1936), foram transmitidos os Jogos Olímpicos, sendo este evento a primeira geração de imagens realizada fora de estúdio. Na Inglaterra, em 1937, três câmeras eletrônicas transmitiram das ruas para a TV londrina a cerimônia de coroação do Rei George VI, com cerca de cinqüenta mil telespectadores. Na Rússia, a televisão começava a funcionar em 1938.

Pouco mais de dez anos haviam passado desde o iconoscópio de Zworykin, e muitos avanços tecnológicos foram obtidos desde aquelas imagens de nitidez precária e algumas centenas de linhas (240, para ser mais exato) de varredura horizontal. Em Paris, a Exposição Tecnológica Mundial conferia prêmios à Telefunken pelo seu sistema de televisão com 375 linhas de varredura horizontal, logo substituído por outro com 441 linhas [2].

Entre Estados Unidos e Europa, surgiram dois modos de se fazer televisão. Diferiam não só os padrões tecnológicos como também o conteúdo das programações, as fontes de financiamento e o aproveitamento comercial das recém-nascidas emissoras.

Um dos passos no desenvolvimento tecnológico apontava para as futuras alianças entre estações, formando as redes. Na Alemanha, em 1936, era realizada a primeira transmissão direcional de microondas – transmissões “invisíveis” que predominariam até a era da difusão dos sinais via satélite.

Como o iconoscópio exigia uma quantidade exagerada de luz e a imagem reproduzida era deficiente, Zworykin inventou, então, uma válvula de raios catódicos muito sensível, chamada Orthicon, que adaptada a câmera, equilibrava a luz e dava uma qualidade técnica melhor a imagem. O Orthicon passou a ser produzido em escala industrial a partir de 1945. O primeiro aparelho de televisão popular foi o modelo 630TS da RCA, comercializado a partir de 1946.

A partir da década de 40 o desenvolvimento da televisão acelerou-se. O sistema já era eletrônico e os aperfeiçoamentos tecnológicos acumulavam-se. A primeira transmissão em cores, que vinha sendo pesquisada desde o início do século, foi feita em 1940, quando também apareceram o transmissor portátil, o cabo coaxial (usado para transmitir imagens diretamente do emissor ao receptor, não havendo interferências atmosféricas) e foram testadas as imagens de 504 linhas. Em 1941, a WNTB tornou-se a primeira emissora a obter licença para funcionar publicamente nos Estados Unidos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os avanços tecnológicos da TV ficaram parados. A Alemanha foi o único país da Europa a manter a televisão no ar. Paris voltou as transmissões em outubro de 1944, Moscou em dezembro de 1945 e a BBC (Londres) em junho de 1946, com a transmissão do desfile da vitória.

Com o fim da Segunda Guerra, a televisão firmou-se como meio de comunicação de massa. Em 1947, inventava-se o transistor, ocorrendo uma disparada vertiginosa na fabricação de televisores. Foram quatro mil na Alemanha Ocidental (1952), dos quais 1600 estavam instalados em restaurantes e bares. Dessa forma, o telespectador logo obteve a garantia de receber uma boa imagem com o lançamento de um tubo metálico para a visão direta.

Somente no início dos anos 50 a TV passou a fazer parte da realidade de, praticamente, todos os países, além de firmar-se como meio de comunicação de massa. Neste mesmo ano, a França possuía uma emissora com definição de 819 linhas, a Inglaterra com 405 linhas, os russos com 625 linhas e os Estados Unidos e o Japão com 525 linhas, enquanto o Brasil inaugurava sua primeira TV, com equipamentos trazidos dos EUA por Assis Chateaubriand.

3 A TV em Cores

A TV em cores foi ao ar pela primeira vez nos Estados Unidos com a rede de TV CBS, em 12 de junho de 1951 e depois com a americana NBC, em 1954. Porém, bem antes, em 1929, Hebert Eugene Ives já havia feito em Nova Iorque as primeiras imagens coloridas com 50 linhas de definição por fio. Peter Goldmark aperfeiçoou o invento, fazendo demonstrações com 343 linhas, em 1940. Em 1949, sistemas experimentais já haviam sido desenvolvidos pela RCA e CBS.

|Figura 03 – Receptor experimental do sistema em cores (CBS -1951) |

Vários sistemas foram criados, mas todos iam de encontro a uma imensa dúvida: se um sistema novo surgisse, o que fazer com os aparelhos antigos preto e branco que já eram cerca de 10 milhões no início dos anos 50?

Criou-se nos Estados Unidos, em 1954, um comitê especial para, literalmente, colocar cor no sistema preto e branco. Esse comitê recebeu o nome de National Television System Committee (também encontrado como National Television Standards Committee), cujas iniciais serviriam para dar nome ao novo sistema, NTSC. Este baseava-se em utilizar o padrão preto e branco que trabalhava com níveis de luminância (Y) e acrescentaram a crominância (C), ou seja a cor. Vale a pena recordar que o princípio de captar e receber as imagens em cores está na decomposição da luz branca em três cores primárias[3] que são vermelho (R de red), o verde (G de green) e o azul (B de blue), em uma proporção de níveis de 30% de R, 59% de G e 11% de B. Na recepção o processo é inverso, pois a imagem é composta através da somatória das cores (R+G+B) no pixel, ou seja, nos pontos da tela do televisor.

Em 1967, entrou em funcionamento na Alemanha, o sistema a cores PAL (iniciais de Phase Alternation Line), que resolvia alguns dos problemas existentes no sistema norte-americano. Nesse mesmo ano, entrou na França o SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire), mas não compatível com o sistema preto e branco francês.

No Brasil, a primeira transmissão oficial em cores ocorreu em 31 de março 1972, durante a Festa da Uva, em Caxias do Sul, cidade do Rio Grande do Sul.

4 A Invenção do VT

1 O início da gravação de imagens

As tentativas de transmitir imagens aconteceram desde o final do século XIX. Os processos que eram mecânicos evoluíram e podia-se transmitir imagens com até 30 linhas de resolução (os sistemas PAL-M e NTSC utilizam 525 linhas). Porém existia um sério problema a ser solucionado: como armazenar as imagens?

Os primeiros métodos utilizados basearam-se nas gravações que eram utilizadas para o som, ou seja, um disco de 25 centímetros de diâmetro e de 78 rotações por minuto, como nos antigos gramofones. O invento de dinamarquês Valdemar Poulsen, técnico da empresa de telefonia de Copenhague, no início do século XX, traria a inovação em gravação eletromagnética. Poulsen, em momentos de concentração em suas pesquisas, não gostava de ser incomodado e muito menos atender ao telefone, então criou a primeira secretária-eletrônica: o "Telegrafone", como era chamado. Utilizava-se um fio de arame para armazenar as gravações magnéticas, mas havia um enorme problema, pois quando o fio torcia, a gravação ficava ao contrário. Esse sistema foi usado até o início dos anos 40.

Outros meios para armazenar as gravações foram desenvolvidos, inclusive uma fita de papel banhada com aço em pó. Talvez essa tenha sido a maneira que possibilitou as indústrias BASF e Telefunken, juntas, desenvolverem a fita tal como hoje é conhecida, utilizando uma camada de óxido de ferro como material magnético sobre uma fita de poliester.

2 O Videotape

Durante os dez primeiros anos de existência da televisão no mundo, entre 1947 e 1956 não havia possibilidade de armazenar ou registrar sons e imagens em fitas magnéticas. As transmissões somente eram possíveis ao vivo.

Seguindo o caminho do desenvolvimento dos processos de registrar o áudio, o vídeo passou também a desenvolver técnicas de gravação em fita magnética, sendo que os primeiros grandes progressos começaram em 1950.

Em 1956, a firma AMPEX, no auge do seu desenvolvimento tecnológico, criou um suporte magnético que conseguia registrar sons e imagens simultaneamente. Dois cientistas da empresa americana, Charles Ginsberg e Ray Dolby, revolucionariam o modo de fazer televisão com o invento do "videoteipe". Este suporte, na época, tinha a largura de duas polegadas e passou a ser desenvolvido industrialmente no mundo inteiro. A partir daí, os olhos dos telespectadores não acompanhariam mais os erros e improvisos da televisão feita ao vivo. Além do mais, as produções televisivas poderiam ter seus trabalhos melhor acabados.

Segundo o site , a primeira gravação mundial de videoteipe em fita magnética de som e imagem foi realizada pela emissora norte-americana WNBT e, em seguida, a CBS utilizaria o VT pela primeira vez em 30 de novembro de 1956.

Mas não foi fácil chegar ao invento, já que a dificuldade estava em armazenar muito mais informações que o áudio. Imagine que se fosse utilizado o mesmo processo de gravação do som, haveria a necessidade de 35,5 metros de fita para armazenar informações de 01 segundo de imagem e, para 01 hora, 127.800 metros de fita, sem contar que a fita teria de passar na cabeça magnética a uma velocidade de mais ou menos 130 quilômetros por hora!

Para resolver este problema, manteve-se a mesma velocidade de fita que do gravador de som, ou seja, 38 centímetros por segundo (15 polegadas por segundo), mas para que a gravação ganhasse maior velocidade fizeram também com que a cabeça magnética girasse.

Para o primeiro videoteipe inventado a fita era de 05 centímetros ou 02 polegadas de largura, com velocidade de 38 centímetros ou 15 polegadas por segundo, passando por um conjunto em forma cilíndrica de 04 cabeças dispostas a 90 graus cada uma que tanto gravavam quanto reproduziam, girando a 240 rotações por segundo. Esse videotape recebeu o nome de Quadruplex devido as cabeças se encontrarem em forma de quadrante e possuía mais de 500 linhas de resolução horizontal.

|Figura 04 – Fita Quadruplex |

Pode-se dizer que a história do videoteipe divide-se em quatro momentos. O primeiro dá-se com o surgimento do equipamento de duas polegadas, o formato Quadruplex. Além de serem máquinas enormes e de difícil mobilidade, eram utilizadas apenas para uso interno em estúdios.

Os avanços da tecnologia trouxeram, em 1959, o sistema helicoidal. Nesse sistema utilizam-se de duas cabeças rotativas de vídeo, sendo que uma grava o campo 1 (linhas ímpares do vídeo) e a outra grava o campo 2 (linhas pares)[4]. A fita de duas polegadas, contava com cerca de 400 linhas de resolução horizontal. Tanto o áudio quanto o vídeo utilizavam as fitas em rolo.

|Figura 05 – Fita Helicoidal |

A segunda opção viria no mesmo ano (1965) quando a Sony, muito em função de Akio Morita, presidente da empresa naquela circunstância, desenvolveu o segundo passo tecnológico do crescimento industrial do vídeo: o formato port-a-pack, uma espécie de gravadores de áudio com dois rolos (de peso considerável), que possibilitava certa mobilidade. Funcionando com uma fita de meia polegada, acondicionada em rolo, o port-a-pack era o primeiro esforço de se levar as ruas o videoteipe, transformando-o numa tecnologia capaz de sair do espaço reduzido e limitante do estúdio. Como o port-a-pack utilizava fitas de rolo de meia polegada, que não têm uma qualidade tão boa de registro quanto as fitas maiores, a experiência não deu tão certo em nível de permanência tecnológica quanto a de seu sucessor, o U-Matic, este como o terceiro momento da revolução do vídeo.

|Figura 06 – Ilha U-Matic |

Criado em 1971 pela Sony com o formato de ¾ de polegada, o U-Matic além de usar uma fita um pouco maior, com qualidade de registro superior à fita de meia polegada, possibilitava o registro em cores e o acondicionamento do videoteipe em um estojo (o cassete), facilitando o transporte, o manuseio e a segurança. O U-Matic veio agilizar as gravações externas, principalmente as reportagens, já que antes do VT eram utilizadas as câmeras com filmes 16 mm, estes posteriormente deveriam ser revelados e depois montados. Os modelos de equipamentos em U-Matic foram vários, desde o industrial até o broadcast.[5] Enquanto o industrial contava com resolução horizontal em torno de 260 linhas, a linha broadcast tinha sua resolução em até 340 linhas horizontais.

O quarto momento do crescimento tecnológico do videoteipe deu-se em 1975, quando a Matsushita – empresa japonesa que detém o controle da JVC (Japan Video Corporation) e da Panasonic – implantou a indústria do formato VHS (Video Home System). De formato helicoidal e fita de 1/2 polegada (resolução em torno de 180 a 200 linhas horizontais, o VHS estava voltado para o uso doméstico.

A respeito do VHS, conheci duas histórias. O ponto em comum delas é o fato de existir dois tipos de fita cassete que utilizam o formato de mais polegada, a própria VHS e o Betamax. As histórias diferem (ou seriam ocultadas da história?) porque uma delas diz que a patente do VHS pertencia à Sony, mas como ela preferiu usar a fita de formato Betamax, ao fim de dois anos perdeu o direito de explorar industrialmente essa patente. A Matsushita, então, colocou no mercado o formato VHS, repassando a patente para inúmeras empresas antes que a própria Sony lançasse o Betamax. A segunda versão dessa história conheci durante as consultas para este projeto de pesquisa. De acordo com o livro “Made In Japan”[6], como a qualidade não era a esperada, a Sony passou os direitos do VHS para a Matsushita, proprietária da JVC e Panasonic, e passou a pesquisar o Betamax. Ao longo da década de 80, para melhorar a resolução do material gravado, as japonesas Panasonic e JVC apostaram em um sistema, conhecido como S-Video que utilizou o formato doméstico VHS como base e recebeu o nome de S-VHS (Super VHS), em 1987. O sistema utiliza-se de fita de 1/2 polegada e possui resolução horizontal em torno de 400 linhas horizontais.

Desenvolvido a partir do sistema doméstico Betamax, a Sony criou o sistema Beta, recebendo o nome Betacam para a utilização broadcasting. Helicoidal e com fita de 1/2 polegada, possui qualidade profissional com capacidade de 500 linhas de resolução horizontal.

Também existem os formatos Hi 8 (sistema doméstico), helicoidal e fita com 8 milímetros de largura, mas com qualidade de gravação de até 400 linhas horizontais de resolução. Além deste, existem o DVCPro, da Panasonic e JVC, sistema de gravação digital semelhante ao DVCam (Sony), cujo lançamento no mercado deu-se quase que simultaneamente.

No Brasil, a primeira emissora a adquirir equipamentos de gravação e reprodução foi a TV Rio, canal 13, em 1957. Porém, a TV Tupi de São Paulo foi a pioneira a utilizá-los, em 1960, gravando as imagens da festa de inauguração de Brasília e exibindo-as em várias cidades. Além disso, na TV brasileira, o videoteipe passou a ser usado definitivamente com o programa humorístico de Chico Anísio também na década de 60.

O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIAS

A televisão, enquanto meio de transmissão pública, nasceu dos moldes da válvula e do espectro de radiofreqüências. Porém, as tecnologias permitiram avanços e hoje, o meio encontra-se a caminho da digitalização em busca de melhor qualidade de transmissão e recepção de sinais.

Durante décadas, os sistemas de televisão funcionaram sobretudo através de válvulas, isto é, cilindros de vidro lacrados com componentes no vácuo. Os tubos transformavam as luzes de uma imagem em sinais elétricos que, posteriormente, seriam convertidos em ondas eletromagnéticas. Estas tornavam-se capazes de irradiar-se pelo ar a partir de uma estação de transmissão e de serem detectadas por antenas de TV a quilômetros de distância. Depois, mais válvulas foram usadas para ampliar e processar essas ondas para a exibição numa tela fosforescente, ela própria uma enorme válvula. De fato, em cada ponto de um sistema de televisão onde sinais fracos precisavam ser realçados, refinados ou ampliados, a válvula entrou em ação.

Uma limitação básica da tecnologia de televisão está no fluxo de sinais através do ar. A transmissão de sinais requer o uso de uma porção do espectro eletromagnético, chamada radiofreqüência, que na atmosfera é altamente vulnerável à interferências [7].

O espectro eletromagnético, composto de cargas elétricas que produzem magnetismo, gera eletricidade numa espiral perpétua pelo ar. Essa ação de ondas eletromagnéticas, moduladas por sinais de sons e imagens, torna possível a transmissão de TV a longa distância.

Pode-se pensar nas ondas eletromagnéticas tais como as ondas no oceano. Enquanto o comprimento da onda é a distância entre uma crista e outra, o número de ondas, ou vibrações por segundo, é a freqüência. Denominadas hertz[8], estas vibrações conduzem as informações de som, cor e brilho necessárias ao sistema de transmissão pela televisão. A quantidade de freqüências passíveis de serem transmitidas por um meio específico denomina-se largura de banda.

“Largura de banda é a capacidade de enviar informação por um determinado canal. A maioria das pessoas procura compreendê-la comparando-a ao diâmetro de um tubo ou ao número de pistas numa rodovia.”[9]

Enquanto o ouvido humano consegue detectar freqüências entre 30 Hz a 20 mil hertz, que podem ser convertidas nas bandas de áudio do espectro, o olho humano consegue detectar comprimentos de onda entre 400 e 700 nanômetros (bilionésimos de um metro) ou freqüências próximas de (10)15 (dez elevado à decima quinta potência).

Como todos os componentes técnicos da imagem – luz, contraste, cor, pixels, sinais de sincronização, além dos sinais de áudio, entre outros – são convertidos em ondas eletromagnéticas, estes podem ser transmitidos por longas distâncias para uso na televisão. Para isso, as ondas precisam ser convertidas na porção de radiofreqüência do espectro eletromagnético e, dessa forma, tais freqüências ocupam parte do espectro. Apenas para efeitos comparativos, vale-se lembrar que um canal de TV ocupa 6 MHz de banda do espectro eletromagnético, enquanto neste mesmo espaço caberiam 960 telefones analógicos funcionando simultaneamente.

Observe na tabela a seguir que as freqüências estão em ordem crescente e conforme as características das ondas hertzianas estão atribuídos alguns dos serviços que se utilizam do transporte das freqüências [10].

|faixa de |até |serviço |observação |

|20 Hz |20.000 Hz |Sons audíveis |

|20 KHz |30 KHz |Ultrassom |

|530 KHz |1.600 KHz |Rádio AM |107 emissoras com 10 KHz |

| | | |de banda |

|34,48 MHz |34,82 MHz |Rádio Taxi |

|38 MHz |40,6 MHz |Telemedição Biomédica |

|40,6 MHz |40,7 MHz |Telemedição de características de materiais |

|40,7 MHz |41,0 MHz |Telemedição Biomédica |

|41,0 MHz |49,6 MHz |Diversos serviços |

|49,6 MHz |49,9 MHz |Telefone sem fio |

|49,9 MHz |54 MHz |Diversos serviços |

|54 MHz |60 MHz |Televisão VHF |Canal 2 |

|60 MHz |66 MHz |Televisão VHF |Canal 3 |

|66 MHz |70 MHz |Televisão VHF |Canal 4 |

|70 MHz |72 MHz |Radioastronomia |

|72 MHz |73 MHz |Telecomando |

|73 MHz |75,4 MHz |Rádio Navegação Aeronáutica |

|75,4 MHz |76 MHz |Telecomando |

|76 MHz |82 MHz |Televisão VHF |Canal 5 |

|82 MHz |88 MHz |Televisão VHF |Canal 6 |

|88 MHz |108 MHz |Radiodifusão |99 canais em |

| | |Rádio FM |faixas de 200 KHz |

|88 MHz |108 MHz |Microfone sem fio de alcance restrito |

|108 MHz |117,975 MHz |Rádio Navegação para Aeronáutica |

|117,975 MHz |121,5 MHz |Comunicação Móvel para Aeronáutica |

|121,5 MHz |121,5 MHz |Comunicação de Socorro |

|121,5 MHz |136 MHz |Comunicação Móvel para Aeronáutica |

|136 MHz |138 MHz |Satélites Meteorológicos Internacionais |

|138 MHz |143,6 MHz |Reservado para as comunicações fixas e móveis |

|143,6 MHz |143,65 MHz |Pesquisas Espaciais |

|143,65 MHz |144 MHz |Rádio Amador |

|144 MHz |146 MHz |Rádio Amador por Satélite |

|146 MHz |148 MHz |Rádio Amador |

|148 MHz |149,17 MHz |Reservado ao SESC - Serviço Especial de Supervisão e |

| | |Controle |

A tabela continua na página seguinte.

|149,17 MHz |174 MHz |Diversos serviços |

|174 MHz |180 MHz |Televisão VHF |Canal 7 |

|180 MHz |186 MHz |Televisão VHF |Canal 8 |

|186 MHz |192 MHz |Televisão VHF |Canal 9 |

|192 MHz |198 MHz |Televisão VHF |Canal 10 |

|198 MHz |204 MHz |Televisão VHF |Canal 11 |

|204 MHz |210 MHz |Televisão VHF |Canal 12 |

|210 MHz |216 MHz |Televisão VHF |Canal 13 |

|216 MHz |470 MHz |Diversos Serviços |

|470 MHz |476 MHz |Televisão UHF |Canal 14 |

|476 MHz |482 MHz |Televisão UHF |Canal 15 |

|482 MHz |806 MHz |Televisão UHF |Canais 16 a 69 |

|806 MHz |824 MHz |Diversos serviços |

|824 MHz |834,4 MHz |Telefonia Celular Banda "A" |

|834,4 MHz |845 MHz |Telefonia Celular Banda "B" |

|845 MHz |869 MHz |Diversos Serviços |

|869 MHz |880 MHz |Telefonia Celular Banda "A" |

|880 MHz |880,6 MHz |Outros Serviços |

|880,6 MHz |890 MHz |Telefonia Celular Banda "B" |

|890 MHz |891,5 MHz |Telefonia Celular Banda "A" |

|891,5 MHz |894 MHz |Telefonia Celular Banda "B" |

|894 MHz |896 MHz |Telefonia Celular Aeronáutico |

|896 MHz |3.000 MHz |Outros Serviços |

|3 GHz |3,1 GHz |Rádio Navegação e Rádio Localização |

|3,7 GHz |4,2 GHz |Descida de sinal de Satélite Banda "C |

|5,925 GHz |6,425 GHz |Subida de sinal de Satélite Banda "C" |

|6,425 GHz |7,125 GHz |Sistema Digital |

|10,7 GHz |11,7 GHz |Rádio Digital |

|10,7 GHz |12,2 GHz |Descida de sinal de Satélite Banda "Ku" |

|13,75 GHz |14,8 GHz |Subida de sinal de Satélite Banda "Ku" |

|14,5 GHz |15,35 GHz |Rádio Digital |

| |

|Tabela 1: Espectro de Freqüência e alguns dos serviços atribuídos [11] |

Como freqüências mais altas e mais baixas tendem a perder-se na atmosfera a longas distâncias, conforme observado na tabela anterior , apenas aquelas entre quilohertz e megahertz podem conduzir prontamente sinais de rádio e televisão com base na terra. As freqüências residentes no ar são utilizáveis para transmissões de rádio e televisão, telefones celulares, pagares e outras tecnologias móveis. Já as freqüências mais altas, com bilhões de ondas por segundo (gigahertz), possibilitam as transmissões diretas por satélite e outras a longa distância.

Todas essas freqüências combinadas ocupam espaços do espectro eletromagnético. Dessa forma, as estações de TV modulam e transmitem essas freqüências na forma de ondas hertzianas, reverberando para frente em círculos a partir de uma antena eletromagneticamente carregada. Para a condução de um sinal de televisão, as emissoras precisam de 6 MHz de banda[12]. A fim de evitar interferências que cada canal pode provocar em outro, se estiver em uma faixa de freqüências muito próxima, é necessário manter espaço livre no espectro entre um canal e outro. Esse espaço isolante é várias vezes maior do próprio sinal, e somente a televisão ocupa, por exemplo, cerca de 40% do espectro do rádio. Assim sendo, o espectro é considerado um recurso limitado, porque, em qualquer localidade, apenas uma faixa de freqüências está disponível para a transmissão de informações, o que forçaria a TV a adotar um sistema centralizado e limitado a poucos canais.

1 Mais espaço para o Espectro de Freqüência

Uma solução encontrada para resolver os problemas de saturação do espectro de freqüência foi a digitalização dos sinais. Se os 6 MHz, que parece muito espaço do espectro, já é apertado para um canal de TV analógico e limita a quantidade de pixels a serem transmitidos, certamente esse espaço poderia ser melhor aproveitado caso os dados fossem digitais. Dentro de um canal analógico existem certas dificuldades de manipulação e armazenagem de sinais, o que no sistema digital não ocorre por justamente este trabalhar em sistema numérico.

“Como são representações numéricas finitas (que começam com 00000000 e acabam com 11111111) os sinais digitais, ao contrário dos analógicos, podem ser transformados em fórmulas que ocupam menos espaço na onda. Comprimidos assim, eles podem viajar em grupos muito maiores do que os sinais analógicos. O resultado é que o consumidor recebe mais canais e ainda alguns serviços complementares.” [13]

Com a digitalização do sinal é possível, através das possibilidades de compressão dos sinais, a transmissão de mais sinais em menor espaço do espectro de freqüência. Ou seja, a otimização do espaço do espectro é um fato possível e estamos cada vez mais próximos deste acontecimento.

Para melhor uma compreensão, conheça a seguir os conceitos de sistemas analógicos e digitais.

SISTEMA ANALÓGICO E DIGITAL

Em relação às constantes mudanças tecnológicas, duas palavras ganharam notoriedade em nosso cotidiano: Analógico e Digital.

Este capítulo estabelece as principais diferenças entre os dois sistemas de transmissão, já que a convivência entre eles ainda persistirá por algum tempo, devido à existência dos receptores existentes nas residências, assim como equipamentos em algumas emissoras de TV.

1 O Sistema Analógico

Devido ao custo e à complexidade das válvulas usadas nos sistemas de televisão, a maior parte do processamento dos sinais eram realizadas na estação. A partir de seu surgimento, o receptor de TV precisou ser relativamente simples, pois os projetistas necessitavam reduzir os custos minimizando o número de válvulas nos aparelhos. Para a época em que a televisão foi concebida, a armazenagem de sinais estava fora de cogitação, já que uma memória poderia exigir milhões de válvulas num único televisor. E a armazenagem do sinal somente pode ser idealizada graças às evoluções tecnológicas no campo da microeletrônica.

Dessa forma, áudio e vídeo transmitidos pelas estações teriam que ser ondas diretamente exibívieis, o mais semelhante possível aos sons e às imagens que foram geradas. Isso significou que a TV teria que operar em um sistema analógico, já que estas ondas tinham capacidade de simular diretamente o som, o brilho e a cor.

Até o surgimento do sistema digital, o sistema analógico de transmissão era o único disponível para a transmissão de áudio e vídeo. A eficiência para conduzir, imitar e exibir o sinal através de ondas eletromagnéticas é a vantagem deste sistema. Porém, a sensibilidade à interferência atmosférica e a dificuldade de manipulação e armazenagem, são fatores que deixam o sistema analógico em desvantagem. Dado que a onda analógica inteira é usada para conduzir informações, qualquer distorção resulta em variação da imagem.

|Figura 07 - Gráfico Sinal Analógico |

George Gilder (1996:150) exemplifica que, como os sulcos de um disco de vinil, a impressão helicoidal num videocassete ou os padrões químicos num filme, eles (os sinais analógicos) imitam diretamente a forma, o tempo e a natureza do conteúdo do sinal que registram, seja som ou imagem. Assim, os sinais analógicos normalmente têm que ser enviados ou reproduzidos “em tempo real”, na mesma velocidade em que foram gravados. A maior parte dos sinais analógicos “amarra” o receptor ao transmissor numa tradução fiel do sinal. Trata-se do meio apropriado a um mundo de poucos transmissores e muitos receptores.

Limitações econômicas e técnicas fizeram com que os componentes eletrônicos, em vez de situar-se no aparelho de TV, retrocedessem à estação de transmissão. Quase toda a inteligência do sistema – a geração, seqüencialização e a armazenagem de sinais de imagens – teria que localizar-se no centro de transmissão.

O aparelho de TV limitaria-se a forma dos sinais usados, a resolução da imagem e o número de canais. O poder de processamento do aparelho era mínimo comparado com o da estação.

Contudo, a televisão triunfou facilmente sobre suas deficiências técnicas. As invenções do transistor (1947)[14] e do circuito integrado (1957) foram responsáveis por mudanças tecnológicas na televisão, inclusive pelo fato de a maior parte da “inteligência” do sistema agora fazer parte da própria estação[15].

Um alto-falante ou um tubo de imagem de TV não era capaz de funcionar apenas pelo sinais captados por uma antena, já que estes são de baixa intensidade. Para tanto, a utilização destes meios (rádio ou TV) dependia da amplificação do sinal até alcançar potência suficiente para aplicações práticas.

Segundo MALVINO (1995:194), antes de 1951, as válvulas eram os principais dispositivos usados para a amplificação de sinais fracos. Embora fossem excelentes amplificadoras, elas apresentaram uma série de desvantagens. Tais como: o filamento interno ou aquecedor requer 1 W (watt) ou mais de potência e a vida útil deste é da ordem de alguns milhares de horas apenas. Além do mais, a válvula ocupa muito espaço e o aquecimento necessário para o seu funcionamento faz aumentar a temperatura interna de seus equipamentos eletrônicos.

O transistor possibilitou o processamento de impulsos elétricos[16]. Em 1951, Shockley inventou o primeiro transistor de junção, um dispositivo semicondutor capaz de amplificar sinais de rádio e de TV. As vantagens de um transistor ultrapassariam as desvantagens de uma válvula, pois o transistor não tem filamento, logo, aquece pouco pela transferência de elétrons e, portanto, requer uma potência muito menor. Além disso, por ser um dispositivo semicondutor, pode durar indefinidamente; ocupa pouco espaço devido às suas pequenas dimensões e como não aquece muito, os equipamentos podem funcionar com temperaturas internas mais baixas.

Graças aos avanços da microeletrônica, o transistor possibilitou a invenção de vários outros componentes, inclusive a do Circuito Integrado (CI), um dispositivo pequeno que contém vários transistores. A existência do CI deu origem aos modernos computadores e outros milagres da eletrônica. Já o circuito integrado (microchip) permitiu ao mundo combinar vários transistores numa minúscula peça, ou seja, serviram inicialmente de substitutos baratos para a válvula (no caso da TV, pois criou-se um sem-número de inovações na área da eletroeletrônica)[17].

Em relação a transmissão de sinais, os transistores conseguiram realizar quase todas as funções de amplificação de válvulas, exceto exibir realmente a imagem.

Dessa forma, o televisor poderia tornar-se um eficiente processador com milhões, ou mesmo bilhões, de equivalentes à válvula capazes de executar funções além da mera exibição. Poderia criar, aperfeiçoar, processar, armazenar e até transmitir sinais próprios. Embora os microchips fossem, de início, usados para estender a vida dos receptores e dos videocassetes comuns, acabariam mudando radicalmente a própria natureza dos meios de comunicação.

|Figura 08 - Microchip |

Por ocuparem considerável espaço dentro do espectro de freqüência, os canais analógicos já cedem espaço às transmissões em digital. E a respeito do futuro sobre as transmissões analógicas, não há certeza do que irá ocorrer. O mais provável é que essas emissões diminuam e desapareçam aos poucos, para dar lugar a uma totalidade de transmissões em digital, devido as vantagens apresentadas por este sistema.

Assim, não se pode afirmar uma data exata para o “desaparecimento” das transmissões no sistema analógico. Em algum momento, haverá um último transmissor analógico que ficará fora de serviço e marcará, enfim, a transição definitiva para o sistema digital.

2 O Sistema Digital

A primeira vez em que ouvi o termo “digital” foi quando ganhei meu primeiro relógio de pulso. Simples para ver as horas, não se precisava contar os espaços para sabê-la, já que os números eram bem visíveis.

Para fazer-se uma comparação entre o que é analógico e o que é digital, podemos citar o exemplo acima. Vamos imaginar dois tipos de relógios: os de ponteiro e os digitais. Os de ponteiros, que têm as marcações de minutos e horas, movem-se a cada instante de maneira precisa, de acordo com a posição do ponteiro de segundo. Já o outro relógio, com visor de cristal líquido, a variação das informações é exata: há uma progressão (1, 2, 3 e assim por diante), onde o marcador dos minutos aumenta sempre um assim que o marcador de segundos completa seu ciclo (60 segundos).

Assim, dizemos que o relógio de ponteiros é analógico, pois não há um ponto definido para que os ponteiros parem já que estarão sempre em movimento. O relógio de cristal líquido, então, é digital, pois a mudança é muito precisa e os dados não sofrem variações, ou seja, a informação é exata.

“Os sinais digitais, por sua vez, são todos bits e bytes homogêneos, códigos de “ligado e desligado” que podem ser facilmente armazenados, comprimidos, depurados, editados e manipulados. A inteligência distribuída dos sistemas digitais é apropriada a um mundo com tantos transmissores quanto receptores.” [18]

Os sinais digitais, enquanto representações numéricas finitas, onde 0 (Zero) representa o que Gilder chama de “desligado” e 1 (Um), “ligado”, podem ser transformados em fórmulas que ocupam menos espaço na onda eletromagnética, no caso da transmissão e recepção de sinais de TV, o que não acontece com os sinais analógicos. Isso significa que imagens e sons são transformados em linguagem de computador (combinações entre os dígitos 0 e 1) o que favoreceria a obtenção de um sinal mais limpo com o uso da tecnologia digital.

|Figura 09 – Gráfico Sinal Digital |

Já que a onda, em um sistema digital ocupa menos espaço, então a largura de banda necessária para o transporte de informações via TV não seria a mesma ocupada pelos canais analógicos. Assim, é evidente que a principal questão na adoção da transmissão digital é o uso do espectro eletromagnético.

Conforme nos explica o consultor John Watkinson em seu artigo “Como funciona a Transmissão Digital” (WATKINSON, 2000: 18), em cada país existe apenas um espectro e as pressões para acomodar mais serviços no mesmo tendem sempre a aumentar. Os atuais canais de TV analógicos baseiam-se em uma tecnologia desenvolvida há várias décadas, que usa muita largura de banda.

Durante a transmissão digital, a informação perde pequenas nuances e pode até ficar levemente pior que a analógica (como cópia fiel do original) com todos os seus matizes. Porém, no transporte que irão fazer depois (da emissora para o aparelho receptor de TV) os sinais digitais mantêm-se inalterados, enquanto os analógicos sofrem perdas significativas.

Tal como as ondas formadas por uma pedra que cai na água, conforme se afastam do local do impacto e ficam mais fracas, algo parecido acontece com as ondas eletromagnéticas que carregam os sinais de TV. Mas, em geral, elas conseguem levar os sinais digitais até o fim da “viagem”, afinal são apenas zeros e uns, o que não ocorre com a infinidade de gradações de cores e brilhos ou sons da informação analógica. Esta, então, fica cheia de chuviscos, ruídos e outras interferências. Se a onda enfraquece a ponto de não conseguir levar os códigos digitais, a transmissão pode cair de vez, mas nunca vai ficar ruim, já que os códigos são números exatos, sem perda de qualidade.

No formato digital, todas as informações de som, brilho e cor são numericamente codificadas. Ao contrário dos sinais analógicos, os sinais digitais podem ser armazenados e manipulados sem se deteriorar.

Por ser digital, a qualidade da imagem dobra, assim como o som fica mais claro e sem ruídos como em um CD. As imagens podem ser transmitidas com maior número de linhas, permitindo a alta definição. E a largura de banda poderá ser diminuída para, enfim, reduzir o congestionamento do espectro de freqüências.

Portanto, se os sinais digitalizados resolvem a questão do espectro de freqüências, não se pode deixar de lado a questão que o digital provoca mudanças também em outras meios. A seguir, no capítulo referente ao Cinema, conheça o que o digital trouxe e possibilitará para esta mídia.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO CINEMA

Esta pesquisa não tem a pretensão de estudar mais profundamente a história do cinema. Dentro desse tópico, é importante que se conheça a origem e evoluções tecnológicas, a fim de efeito comparativo para a segunda parte deste trabalho. Ou seja, como a alta definição, uma das características da TV Digital, vai influenciar o cinema.

1 A arte que sobrevive através dos tempos

Durante séculos, civilizações buscaram meios para reproduzir a realidade. Os teatros de sombra foram os primeiros espetáculos públicos com projeção de imagens. Em pleno século XVI, a "Câmara Escura" permitia a projeção de imagens externas dentro de um quarto escuro.

No decorrer da história, o cinema logo revelou sua possibilidade de comunicação acompanhando as “revoluções” das sociedades, economias e culturas que ocorriam em todo o mundo. Para tanto, antes de constituir-se como arte da representação e encantar o mundo, a origem do cinema está ligada às histórias da pintura e da fotografia.

As primeiras expressões da pintura reproduziam as imagens dos objetos tais como o artista a observava. Nuances de luz e sombra procuravam ser a mais fiel representação daquela realidade.

Já a fotografia, inventada no século XIX, possibilitou registrar e guardar as imagens dos objetos. Pela primeira vez, no que se diz respeito à reprodução de imagens, as tarefas artísticas essenciais ficariam reservadas ao olhar do fotógrafo sobre a lente de uma câmera. A fotografia passava a registrar o tempo real do acontecimento e, através dela não era possível deformar a perspectiva ou a profundidade de campo; afinal era um registro.

Assim, o período primitivo do cinema foi precedido pela descoberta da fotografia.

TAVARES DE SÁ (1974:19) em sua obra “Cinema em Debate: 100 Filmes em Cartaz”, classifica o cinema com a “arte do movimento”[19], isto é, define-o como a arte que visa criar a beleza por meio de imagens luminosas em movimento, o que supõe técnica e linguagem próprias para tal arte (montagem, planos seqüência, por exemplo). As imagens, dotadas de um certo ritmo interno graças à sucessão de planos, resulta na ilusão de movimento das personagens dentro de cada tomada. Ou seja, através da exposição de uma imagem a cada 24 quadros por segundo[20] temos o movimento das cenas apresentadas.

A origem do cinema data de fins do século XIX, mas não podemos esquecer das primeiras experiências de animação que ocorreram no século XVII com a Lanterna Mágica. Esta, considerada a precursora do cinema, era utilizada para a para projeção luminosa de imagens ou desenhos.

“Um lençol branco, uma lanterna com uma única lente, uma vela como fonte luminosa, era este todo o seu equipamento. Maravilhavam grandes e pequenos, contando histórias com a ajuda de lâminas de vidro com desenhos pintados à mão projetados na tela”[21]

Durante todo o século XIX, inventores tentaram construir aparelhos que buscassem produzir a ilusão do movimento, como o taumatropo, fenaquistocopio, zootropo e o praxinoscopio. Uma variação do último, o Teatro Óptico, elaborado por Emile Reynaud, é o que mais se aproxima do que conhecemos como cinema. Com o objetivo de produzir uma ação contínua, projetavam-se mais de 500 transparências de desenhos utilizando um aparelho cilíndrico. Juntamente com a projeção de uma imagem de fundo, a partir de uma lanterna, o aparelho proporcionava projeção dos primeiros desenhos animados.

Até então, quatro dos principais elementos do cinema já existiam: a persistência da visão, fotografia e projeção. Porém ainda faltavam dois elementos fundamentais, a película perfurada e o mecanismo de avanço intermitente que lhe daria movimento. E foi nos Estados Unidos, em 1890, que os inventores Thomas Edison e William Dickson encontraram a solução para esses dois últimos elementos. Tiveram a idéia de perfurar um filme flexível de celulose, com 35 mm de largura, dos dois lados. E para resolver o problema de movimento do filme, uma roda dentada poderia desenrolá-las de modo regular. Estava inventado o Cinetoscópio.

A fita perfurada de Edison e Dickson usada em seu Cinetoscópio, acrescido de outros aperfeiçoamentos, permitiu ao irmãos Louis e Auguste Lumière criar um mecanismo que projetava a imagem em movimento em uma tela à distância, ao qual deu-se o nome de Cinematógrafo.

“Foi depois de observar o mecanismo de uma máquina de costura que os Irmãos Lumière inventaram um projetor que fazia com que as imagens parassem e avançassem.

Era a invenção do cinema![22]

Considerados os inventores do cinema, em 28 de dezembro de 1895, os Irmãos Lumière exibiram no Salon Indien, aquele que veio a ser conhecido como o primeiro filme da história: "A Chegada de um Trem na Estação da Cidade", um breve testemunho sobre a vida diária.

Os filmes desta época eram sempre feitos sobre situações do cotidiano, como o trabalho ou relações familiares, o que fazia aos poucos perder a magia das primeiras apresentações. Mas, valendo-se da invenção dos Irmãos Lumière e da imaginação de George Méliès, o cinema tomou um novo rumo. Este criou os primeiros filmes de “ficção cinematográfica” e realizou experiências surrealistas de grande efeito para a época. A intenção dos filmes de Méliès era a de transformar os sonhos das pessoas em imagens animadas na tela do cinema.

Mais de cem anos passaram-se desde a invenção do cinema, e este sobreviveu às evoluções tecnológicas que foi submetido. Primeiro do mudo para o falado (1927) e do preto e branco para o sistema em cores (década de 40). Nem o advento da televisão nos anos 50 sepultou a “sétima arte”. Agora, em pleno século XXI, o cinema prepara-se para adaptar-se às recentes transformações tecnológicas e por que não aos novos espectadores que estarão se formando?

Sobreviver dentro da era digital não será difícil para o cinema. As produções tendem a aumentar, além da rapidez e barateamento dentro da cinematografia. A linguagem desse novo período complementa o que já existe em relação ao cinema, só que agora o caminho a seguir é mais tecnológico, o que veremos a seguir com o que vem a ser o cinema digital.

2 Cinema Digital

O tempo e os recursos gastos para viabilizar uma produção cinematográfica no Brasil pelo caminho da Lei do Audiovisual, tornaram-se, nos últimos anos, um dos maiores obstáculos na vida dos profissionais do setor.

O excesso de burocracia de uma legislação feita por quem nunca pisou num set de filmagem tem tornado o cinema brasileiro um negócio cada vez mais voltado para outros setores e cada vez menos para produtores, diretores e cinegrafistas. Através de dados da Revista Tela Viva[23], entre comissões, auditorias e taxas de administração, um filme brasileiro acaba custando, em média, 20% a mais do que deveria devido à legislação audiovisual do País, dentro de um mercado em que as possibilidades de retorno são mínimas e onde a demanda por novos projetos não pára de crescer.

As novas tecnologias digitais que revolucionam o mercado do cinema internacional (Europa e Estados Unidos), começaram a ser utilizadas no Brasil como uma alternativa viável para que o cinema brasileiro possa seguir adiante, ou seja, o digital vem abrir um novo caminho, que aproxima-se de um jeito mais ágil e, porque não, até mesmo mais espontâneo de filmar. Isto pelo fato de algumas produções levarem muitos anos para captar um filme inteiro, já que dependem de recursos que nem sempre são disponibilizados da maneira menos burocrática.

O Cinema Digital não modifica somente a maneira de se fazer filmes, e sim a própria estrutura do mercado cinematográfico. Pode-se dizer que o avanço tecnológico concilia técnica e criação, simplificando os processos de produção a tal ponto que é possível pensar até em filmes que sejam realizados quase sem sair de casa. De certa forma, o digital torna-se um meio para que projetos dos mais diferentes tipos saiam com mais rapidez do papel.

No momento em que o digital chegar definitivamente às salas de projeção o cinema conhecerá um novo mercado, onde muitas pessoas terão acesso aos meios de produção. O que poderá garantir à produção independente seu espaço tão esperado.

1 Os formatos de captação digital

Existem diversos formatos de captação digital, que tanto servem para TV como para o cinema.

No mercado, encontram-se de câmeras amadoras, com preços que não ultrapassam os US$ 2 mil, as semiprofissionais (de até US$ 5 mil) até as câmeras profissionais que variam entre US$ 15 mil a US$ 100 mil. [24]

As câmeras Mini-DV amadoras, embora limitam a qualidade de imagem, foram utilizadas em algumas cenas de filmes como “Festa em Família”, do dinamarquês Thomas Vinteberg e “Buena Vista Social Club”, do alemão Wim Wenders.

Já as semiprofissionais têm qualidade bastante superior, pois trabalham com três CCDs (contra um CCD das amadoras). Equipamentos desse tipo foram utilizados em “Os Idiotas”, de Lars von Trier.

Na categoria de câmeras profissionais entram vários formatos DVCam, e DVCPro, Digital S, DVCPro 50 e Beta Digital, enquanto em outro patamar surgem as câmeras HD (High Definition ou Alta Definição), com custos elevados e reservadas, por enquanto a nada menos que George Lucas. No Brasil, as primeiras câmeras HD já chegaram, e por enquanto são disponibilizadas apenas para locação, com um custo de diária superior ao da melhor câmera 35 mm disponível no mercado...

Uma curiosidade é que são os europeus que estão na dianteira do Cinema Digital justamente por trabalhar no sistema PAL, que além de ter 100 linhas a mais de resolução vertical (625 linhas em relação ao sistema NTSC ou PAL-M), operam a 25 quadros por segundo, número mais próximo dos 24 quadros do cinema que os 30 quadros do NTSC utilizado no resto do mundo, considerada uma grande vantagem no momento de converter vídeo para película. Isto será visto com mais detalhes no item “Do vídeo para o cinema: um processo antigo”.

Porém, os processos de transferência de vídeo para película também evoluem em alta velocidade e, embora ainda sejam caros para os padrões brasileiros, devem baratear e, dependendo do tipo de produção, compensam pela economia feita nos custos de captação de imagem. A questão econômica é um fator importante na hora de se escolher qual o formato mais adequado para a filmagem.

Pompeu Aguiar, diretor do curta brasileiro “Improviso n.º 3”, diz que:

“É um pouco complicado achar que com o digital basta pegar uma câmera e sair fazendo. Se você busca uma linguagem mais próxima do cinema, o uso do vídeo demanda muita pesquisa.”[25]

O primeiro filme inteiramente realizado em vídeo foi 200 Motels, de Frank Zappa [26]. Em 1971, quando o filme foi realizado, utilizando uma técnica de transferência de fita magnética para película aperfeiçoada por uma filial da Technicolor Corporations, a tecnologia ainda “engatinhava” rumo à digitalização dos recursos.

Uma das primeiras experiências de um filme com telecâmeras[27] com a captação das imagens em vídeo, transferindo-as depois para cinema (Kinescopia) foi realizada pelo cineasta italiano Michelangelo Antonioni em “ O Mistério de Oberwald” (Il Mistero de Oberwald) de 1980. Sua obra não foi realizada com a câmera de cinema e sim com uma câmera de televisão, considerando-se um obra inteiramente eletrônica, porém não digital.

ARISTARCO (1985:25) explica que Antonioni sempre esteve atento ao uso funcional das cores, e quis experimentar o sistema eletrônico para conhecer um novo modo de se fazer cinema. Neste, a cor é utilizada para reproduzir a realidade como ela é, já que a película reproduz com fidelidade aquilo que se encontra diante de uma máquina de filmar. Enquanto que na televisão pode-se acrescentar ou retirar a cor, assim como intervir em sua qualidade e na relação entre vários tons. Isto porque o diretor tem pleno controle do que grava através de monitores profissionais de TV.

“Quando a SONY inventou as primeiras telecâmeras de alta definição de sinal, o mundo da captação de imagens mudou em poucos meses. Com essas telecâmeras obtém-se uma qualidade de imagem que é em tudo idêntica à do cinema; deixou de haver grão no monitor e rastros de cor; obtém-se um sinal nítido, tão perfeito como o que se pode obter na melhor câmera de cinema.”[28]

Percebe-se, então, que o uso do digital em um filme busca vencer as limitações do vídeo, trazendo com o avanço do setor novas possibilidades para que exista uma fotografia mais elaborada, especialmente na questão do contraste.

Talvez nem todos os diretores irão se preocupar com uma fotografia mais elaborada em suas produções. O movimento dinamarquês do Dogma 95, que trouxe às telas filmes como “Os Idiotas” e “Festa em Família”, por exemplo, recolocou o foco do cinema digital na dramaturgia e não na técnica, pois, segundo o próprio “movimento”, os filmes podem ter imagens que causam estranhamento (cortes rápidos, seqüências onde a câmera é instável), mas a garantia é de que seguram o seu espectador pela força do roteiro e das atuações dos atores.

Talvez a grande vantagem do cinema digital seja uma variedade de conceitos, estéticas e modos de produção que ele abriga, rompendo com um jeito único de se fazer cinema, predominante no Brasil (principalmente) nestes últimos anos. Para filmes de grande produção, os formatos digitais podem ser úteis quando se necessita de muitos efeitos especiais e trucagens, muito mais fáceis e baratos de serem feitos no formato digital do que opticamente. Em relação ao cinema de baixo orçamento, tais como documentários e filmes experimentais, o digital traça novos caminhos para se colocar os projetos “na lata” - ou melhor, “na fita”.

Esperamos que um modelo mais econômico de produção cinematográfica seja financeiramente viável no Brasil. Porém, isto não me deixa tranqüila ao pensar nos cuidados com a produção. Infelizmente, sempre existirá um “produtor” que ao possuir “uma câmera digital na mão e idéias na cabeça” (parodiando de uma maneira mais moderna Glauber Rocha) poderá fazer do mercado sua vitrine para o universo das artes. Podem acabar tornando o mercado cinematográfico um depositário de “lixos” e meras coisas, muitas vezes sem nexo e sem sentido, ocupando os espaços de quem produz um cinema sério e preocupado com qualidade de conteúdo? Os filmes “amadores” talvez não conquistem seu espaço em escala comercial e ganharemos muito com isto enquanto espectadores.

Assim, que o cinema renove-se e não morra por obra de poucos.

2 Do vídeo para o cinema: um processo antigo

A possibilidade técnica da transferência de vídeo para filme não é um processo recente. A Kinescopia, um processo de transferência em tempo real, é inclusive anterior ao nascimento da fita de vídeo.

No início da era da TV, como não existia o videotape, as grande redes norte-americanas usavam a película para armazenar alguns de seus programas. O grande problema é – e sempre foi – a incompatibilidade entre o número de fotogramas por segundo entre os dois formatos (sem discutir a questão da qualidade de imagem, que é um problema anterior à transferência propriamente dita).

O cinema, como ficou mundialmente padronizado, roda a 24 fotogramas por segundo. Já o vídeo roda a 30 quadros (ou frames) por segundo (no sistema NTSC, padrão nos Estados Unidos e na captação de imagens no Brasil) ou 25 quadros por segundo (no sistema PAL, padrão da maioria dos países europeus).

Essa diferença entre PAL e NTSC explica porque o cinema independente europeu está na vanguarda da realização em vídeo digital – resolvidos minimamente os problemas de qualidade da imagem, os europeus puderam “abraçar” o vídeo sem o medo do pull-down[29]. A ínfima diferença de um frame não é sensível na tela.

No caso dos primórdios da TV, alguns programas gerados ao vivo eram simultaneamente captados da pequena tela por câmeras de cinema com obturador variável, sincronizada eletronicamente para fazer o pull-down e eliminar os batimentos na imagem.

Esse processo de kinescopia evoluiu dos anos 50 até os dias atuais, é evidente. Mas hoje não é a única maneira de transferir vídeo para cinema, nem a de melhor qualidade – embora continue sendo a opção de mais baixo custo. O princípio chegou a ser utilizado na grande indústria, com filmagens de imagens com o andamento eletronicamente modificado a partir de uma tela de cristal líquido, com altíssima resolução – essa opção, obviamente, não se enquadra em filmes de baixo orçamento. Vale-se lembrar de que há uma variação do processo, batizada de triniscopia, realizada pelo laboratório Film Craft, em Detroit, nos Estados Unidos [30].

3 Lado a Lado: Cinema analógico e digital

No que diz respeito ao cinema, assim como a televisão, também pode existir em dois sistemas: um analógico e outro, digital.

No sistema analógico, o registro das imagens no cinema é feito em película, como na fotografia. O tamanho de um fotograma – também conhecido como bitola – é variado, mas o formato para cinema comercial costuma ter 35 mm de largura. Além do mais, grande parte desse equipamento é grande e incômodo e não permite a visualização do material gravado, fazendo-se necessária a revelação do negativo (em processo químico) para saber se a gravação é aproveitável ou não. No sistema digital, a Câmera capta as imagens, registra-as codificadas em dígitos, armazenando em discos rígidos ou discos semelhantes ao DVD. O tamanho dessa imagem é relativo à área que se pretende captar, e pode simular as diferentes bitolas da captação em filme. O equipamento é leve e de manuseio bastante prático, além de permitir a visualização das tomadas logo após sua gravação, o que possibilita ao diretor saber se o material é aproveitável ou não.

Dentro de um sistema analógico, a velocidade de captação da imagem pelas câmeras de 35 mm é de 24 quadros por segundo (q.p.s.). Há um projeto de câmera capaz de captar 48 q.p.s. - acompanhado da fabricação de um projetor correspondente -, diminuindo o desgaste da bitola e aumentando a qualidade da imagem, proposto para chegar ao mercado norte-americano entre o final de 2001 até a metade de 2002. Pelo sistema digital, quase todas DVCams captam 30 q.p.s. A incompatibilidade desse com o tempo do 35 mm (24 q.p.s.), causa problemas em adaptação cronológica no momento da kinescopagem, acarretando imperfeições em alguns detalhes e em movimentos das imagens. Atualmente, somente o modelo Panavision 24P Digital HD é capaz de captar 24 q.p.s. [31]

Por serem pouco sensíveis à luz, os filmes requerem freqüente auxílio artificial para alcançar o grau correto de luminosidade pretendido. Com exceção do preto, as cores registradas podem sofrer alterações durante o processo químico de revelação. Dessa forma, pelo processo analógico, a imagem da película é definida por pontos, o que a torna mais "suave", permitindo maior distinção da graduação entre luz e sombra (meios-tons), e pelo fato de ser bastante sensível à luz, torna a câmera capaz de registrar imagens. No processo das imagens digitais não há um processo químico para revelar as imagens, mas simplesmente uma decodificação digital. A imagem é convertida em linhas o que ressalta as cores e a definição de contornos, porém, na maioria dos modelos de câmera digital, enfraquece os meios-tons e a profundidade do negro.

Já o som, quando captado analogicamente apresenta ruído, pois seu freqüente manuseio acumula sujeira à fita magnética. A edição em ilha analógica fornece um grande leque de recursos, como melhor manipulação de brilho e profundidade sonoras , ainda que seja mais lenta. No registro das trilhas em película, a referência de perto, longe, alto e baixo de um som podem misturar-se, causando uma polifonia indecifrável. Já o som digital é favorecido por softwares que proporcionam um som mais limpo e estereofônico, assim como a utilização de seis até 12 canais digitais dão mais clareza à distância e ao volume real de cada som num filme digital, fazendo com que o público escute exatamente o que o diretor ouviu na filmagem (um processo vai desde o Dolby[32] SR, passando pelo THX, até chegar ao Dolby Digital e ao DTS). Além do que a edição de som em computador é mais rápida do que em uma ilha analógica.

A edição linear (analógica) não é mais usada para finalizações em cinema enquanto que a edição não-linear garante um controle maior das partes do filme a serem “cortadas”. Também torna mais prática - e de qualidade técnica superior - a edição de efeitos especiais. Como é feita em computador, as imagens que estão em película devem ser digitalizadas, mas aquelas já gravadas em material digital não precisam passar pelo processo.

Em relação às cópias, as de material analógico sempre perdem qualidade em relação ao original, enquanto a perda de qualidade de uma cópia no formato digital é desprezível.

Quanto à distribuição, o sistema analógico mobiliza a produção de cópias, transporte (aéreo ou terrestre) para os pontos de exibição e contrato de seguro contra perda. Enquanto no digital, em um futuro próximo, as cópias seriam somente necessárias em salas que necessitassem do DVD. Se não, o filme poderia ser enviado por computador ou via satélite, ou carregado em qualquer lugar do mundo por download.

Uma das vantagens do sistema analógico sobre o digital diz respeito à pirataria. Esta torna-se possível se houver acesso à película e ao equipamento necessário para reproduzi-lo, geralmente restrito às produtoras e grandes estúdios. Pelo sistema digital, a pirataria somente seria possível por meio de um computador bem equipado. Mas os filmes seriam criptografados e protegidos para que só vendedores e compradores tivessem acesso ao filme.

Sobre o armazenamento, os negativos e internegativos (película revelada) são condicionados em latas refrigeradas ou em emulsões especiais. Por ser um sistema analógico, o filme está sempre sujeito a deterioração por agentes ambientais ou químicos, assim como seu manuseio impróprio pode rasgá-lo. Já em formato digital, os filmes poderão ser armazenados em discos rígidos, protegidos contra vírus eletrônicos, ocupando espaço em memória mas não em volume.

Dentro de um sistema analógico, a exibição é realizada por um equipamento mecânico, que projeta, por meio de uma forte luz, a imagem sobre uma superfície branca. Esse método permite maior qualidade no brilho e contraste das imagens. Já o equipamento digital, decodifica e projeta em tela as imagens, por meio de raios de catódio. As tecnologias de Digital Light Processing (da Texas Instruments) e Image Light Amplifier (da JVC) têm permitido uma reprodução de imagem similar à da película, com boa qualidade de brilho e contraste.

E, por fim, a programação. Em um sistema analógico, a programação dos cinemas está sujeita a contratos prévios entre estúdios, distribuidores e exibidores. Através do formato digital, do ponto de vista dos exibidores e público, a programação poderá ser mais interativa e independente, pois carregar o filme pela Internet daria essa opção. A opção de diversificar o mercado de distribuição permitiria outras finalidades para o telão, tais como assistir a shows, concertos, e até participar de videoconferências.

4 Cinema e futuro

A consolidação do sistema digital para o cinema promoverá melhorias no que diz respeito à redução de custos com captação e edição de imagens, já que é possível baratear a produção. Além do mais, existe a possibilidade de uma nova forma de distribuição dos filmes, ou seja, serem estes distribuídos via satélite para as salas de cinema, assim como a facilidade de tudo ser feito diretamente do computador para um disco rígido, sem perda da qualidade. Para se ter um exemplo, só os Estados Unidos consomem cerca de US$ 3 bilhões por ano com a copiagem de películas e distribuição de filmes[33] e através do processo digital, esses valores teriam grandes chances de serem reduzidos.

E por que falar do cinema em uma pesquisa sobre TV Digital?

Através do histórico apresentado anteriormente, pode-se notar que desde a década de 80, as telecâmeras de HDTV serviu à produção cinematográfica. Um exemplo é do diretor Francis Ford Coppola, que utiliza-se da gravação eletrônica desde “Do fundo do coração” (1981).

Mas as similaridades entre a HDTV e o cinema podem estar muito mais além do entusiasmo de um grande cineasta pelo sistema. O fato é que, mesmo na indústria cinematográfica, as aplicações da HDTV não se restringem à produção propriamente dita e sim nos mecanismos de distribuição e exibição de filmes, mesmo os rodados em película e depois transcritos eletronicamente.

Para solucionar o problema da distribuição, os estudiosos acreditam que milhares de salas de exibição podem estar conectadas a um mesmo filme, rodado em HDTV e distribuído por satélite em banda de altíssima freqüência[34]. Todavia, para que isto aconteça, é necessário que a imagem eletrônica alcance a resolução de uma película fotográfica de 35mm, o que poderá ocorrer com a consolidação da alta definição.

Quando a qualidade de imagens tornar-se realmente compatível (imagem eletrônica próxima à qualidade da película), o sistema de transmissão via satélite transformaria com rapidez todo o mecanismo de distribuição cinematográfica das grandes cidades, implantados há muitos anos, permitindo a diversificação de salas em países de grande extensão e difícil locomoção, como é o caso do Brasil.

Cinema e TV serão próximos quando houver maior definição do vídeo e ampliação das proporções das telas. Isto porque mais pontos por linha no vídeo garantiriam uma imagem próxima à de um filme de 35 mm, assim como o aumento das proporções da tela de um receptor de TV, dariam a sensação de “cinema” para o espectador. Embora o tamanho da tela aproxime-se do cinema, devido à proporção da TV normal que é de 4:3, contra 16:9 da HDTV, cada meio possui características e linguagens próprias. Veremos que a alta definição em TV não significa apenas uma ampliação do número de linhas de varredura, e sim uma imagem mais larga, à maneira do cinema.

Os produtores de TV, possivelmente, irão utilizar-se de procedimentos do cinema, tais como técnicas de enquadramento e iluminação, devido às novas proporções de tela. Porém, a linguagem da televisão provavelmente sofrerá influência dos avanços da tecnologia, mas não chegará a ser uma linguagem cinematográfica.

Em relação ao investimento em equipamentos de alta definição, o custo é elevado, assim como os dos aparelhos receptores. Acredita-se que apenas uma pequena parcela da população – de alto poder aquisitivo – irá adquirir um televisor digital de alta definição logo nas primeiras fases de implementação do sistema em nosso país.

Até o momento, produções televisivas em alta definição estão restritas, no Brasil especificamente, à Rede Globo, que desde o final de 1999 testa a nova tecnologia na dramaturgia e em transmissões do carnaval (2000). Mas como realizar programas em alta definição se nem todos podem compartilhar desta nova tecnologia? Talvez essa questão esteja sendo estudada pelas emissoras, pensando em um modelo de negócio que priorize a alta definição nas transmissões e as condições de produção para as indústrias de aparelhos receptores.

Portanto, o processo do novo formato (HDTV) parece estar mais próximo do cinema do que da TV, o que não deixa, além da questão da distribuição, de ser uma alternativa para a indústria cinematográfica produzir em maior escala com maior qualidade técnica de imagens. Com isso, a TV poderá “reaprender” com o cinema nas questões de enquadramento, iluminação, cores e texturas de materiais para cenário e figurino, além de contar com o apoio de iluminadores e fotógrafos de cinema para manter o padrão estético.

É importante lembrar que neste capítulo não foram discutidos quais os benefícios da HDTV para a televisão, pois isto é assunto para a segunda parte dessa pesquisa, que envolve a TV Digital e suas características.

SEGUNDA PARTE

TELEVISÃO DIGITAL:

UMA QUEBRA DE PARADIGMAS

A CRONOLOGIA DA TV DIGITAL

1 Porque não confundir TV Digital com TV de Alta Definição (HDTV)

Embora recente, o tema TV Digital vem ganhando seu espaço dentro dos meios de comunicação. Jornais, revistas e programas de TV já citaram alguma vez sobre o assunto. Mas, ainda resta-me uma dúvida: você já saberia discorrer sobre uma breve definição a respeito do que vem a ser a TV Digital e o que é TV de Alta Definição?

Para este trabalho de pesquisa, pude consultar diversas fontes. Artigos de jornais brasileiros assim como do restante do mundo – Portugal, Espanha, Estados Unidos – além de publicações especiais, reportagens e breves notas a respeito dessa nova tecnologia que está prestes à adentrar nossos lares e quebrar paradigmas dentro do meio televisivo.

Por se tratar de uma tecnologia recente, impressionou-me a quantidade de informações a respeito do tema. Ou seja, são poucos os que têm conhecimento específico dentro da área, enquanto que muitos abordam o assunto de maneira superficial e, até mesmo, equivocada em certos aspectos, assim como algumas das definições tornam-se até mesmo confusas pelo simples fato daqueles que se propõem a falar a respeito de TV Digital não se aprofundarem um pouco mais no assunto. Em primeiro lugar, não podemos confundir TV Digital com o sistema de TV de alta definição (HDTV).

A importância desse tópico propõe esclarecer possíveis mal-entendidos que encontrei na imprensa em certos momentos de consulta durante a pesquisa. Isto até chegou a confundir-me em algumas vezes, principalmente antes de aprofundar o tema, já que os significados de TV Digital e TV de Alta Definição aparecem, muitas vezes, como sinônimos – o que não é verdade.

Em certos casos, notam-se, principalmente via Internet, que os autores mencionam em seus textos que televisão digital vem a ser a mesma coisa que o sistema de alta definição. Como exemplo, vejamos onde o autor inicia seu texto com a seguinte frase:

“A TV DIGITAL, ou sistema de TV de alta definição, HDTV, começou a ser desenvolvida no Japão e Europa, há quase uma década.”[35]

No trecho citado, o autor do texto define que TV Digital e TV de Alta Definição são, simplesmente, as mesmas coisas. Para não entrar em detalhes específicos neste momento, já que serão abordados no capítulo sobre o histórico da TV Digital, pode se dizer que, enquanto sistema de transmissão e recepção de sinais de televisão, a TV Digital possibilitará que o espectro de freqüências seja utilizado de maneira mais eficiente. Ou seja, podemos dizer que é o sinal sendo transmitido por dígitos – daí o termo digitalização. Além do mais, TV Digital é um termo bem mais amplo, permitindo que o telespectador receba a TV de Alta Definição.

É verídico que o Japão foi o primeiro país a pensar em uma nova tecnologia capaz de ampliar o padrão da imagem de televisão para mais de mil linhas. As pesquisas iniciaram-se no início dos anos setenta por diversas empresas japonesas, especialmente a Sony e a rede de televisão NHK [36] , porém não foram responsáveis na mesma época pela TV Digital. Inclusive, o sistema de HDTV do Japão era analógico (operando com 1.125 linhas de varredura horizontal e freqüência de 60 MHz), o que ocupava muito espaço dentro do espectro de freqüências daquele país.

Segundo HOINEFF [37], o sinal gerado em Alta Definição no Japão utilizava-se de uma faixa de freqüência de 27 MHz. Isto significava que a HDTV ocuparia no sistema a cabo um espaço muito maior que o atualmente reservado a cada estação dentro do espectro eletromagnético. A respeito do trafego de sinais via satélite, o problema poderia ser mais grave. Porém, a rede japonesa NHK desenvolveu em 1987 o sistema MUSE (Multiple Subnyquist Encoding), onde uma banda de 30 MHz seria comprimida para quatro bandas de 8 MHz, dividindo o sinal no momento de transmissão e, posteriormente, reagrupado sem perda de qualidade.

2 Uma Breve História

Se algum ponto da contínua história da evolução tecnológica pode ser demarcado como o início dos trabalhos em televisão digital, esse ponto remonta à década de 70, quando foram iniciadas as primeiras pesquisas em televisão de alta definição, no Japão. Porém, foi somente na segunda metade da década de 80, especialmente com a evolução dos circuitos integrados digitais, que tal discussão ganhou maior força.

Afinal, qual era a idéia da televisão de alta definição?

A TV de Alta Definição (também conhecida por HDTV), tratava-se, basicamente, de tentar reproduzir em um aparelho de televisão doméstico a mesma qualidade de imagem e som que se tem em uma sala de cinema. Isso significava ter-se uma melhor qualidade de imagem (maior nitidez, eliminação de ruídos como o chuvisco e contornos indefinidos nos objetos coloridos,) melhor som e uma tela mais larga ao invés do formato herdado da década de 40 [38].

Os testes realizados para a avaliação de imagens durante a década de 70 indicaram que tal qualidade poderia ser obtida facilmente duplicando a resolução dos televisores convencionais, ou seja, algo como 1000 a 1200 linhas em vez das 525 linhas de um televisor NTSC. Entretanto, ao dobrar o número de linhas, isto significava, no mínimo, quadruplicar o número de pixels (pontos de imagem), já que o número de colunas também teria que ser dobrado. Além disso, para se adotar uma tela maior, o número de colunas seria algo mais que o dobro. Porém, isto resolveria apenas um dos problemas – o da resolução. Além da questão da resolução da imagem, existiam outras questões de fundo técnico-econômico envolvidas no processo de uma nova TV: o meio de transmissão e a compatibilidade entre os sistemas [39].

Em relação ao meio de transmissão, vale-se recordar que os sistemas de televisão analógica utilizam um canal de 6 MHz[40] para transmitirem uma programação aos seus telespectadores. Em tese, parecia razoável esperar-se que os sinais da nova televisão pudessem ser transmitidos utilizando o mesmo recurso, isto é, a mesma largura de banda. Conforme dissemos anteriormente, na primeira parte, o sinal de uma televisão em preto-e-branco ocupa a totalidade do canal de 6 MHz.

“Quando foi introduzida a televisão em cores, o volume de informações do novo sistema passaria a ser praticamente o triplo do anterior, pois onde antes havia um único vetor (intensidade luminosa) passou a serem necessários três vetores (intensidade de vermelho, verde e azul ou qualquer combinação derivada desse conjunto) para se transmitir as informações relativas às cores.”[41]

Este era o grande temor da evolução do sistema preto e branco para a cores: onde haveria espaço?[42] Porém, conforme explica MEGRICH (1989:12) “o volume de informações de uma televisão colorida não chega a ser o triplo da televisão monocromática, pois para as informações de crominância utiliza-se um grau de resolução menor que no preto-e-branco. Isso é feito sem prejuízo da qualidade da imagem percebida, conforme indicam os estudos de anatomia da visão humana”.[43]

Através de uma combinação de técnicas (uso de subportadoras, modulação em quadratura, uso dos conhecimentos psico-visuais, etc.) foi possível alocar todas as informações necessárias para a televisão colorida no espaço espectral antes dedicado a uma televisão convencional[44]. Entretanto, até o final da década de 80, não havia tecnologia capaz de compactar, (no espaço de 6 MHz) o volume de informações necessário para se transmitir uma imagem de alta definição através de um meio de propagação tão sujeito a interferências e erros como é o caso da difusão dos sinais analógicos por ondas eletromagnéticas.

A segunda questão era a da compatibilidade entre os sistemas de cor, devido à TV transmitir em preto e branco. Neste sentido, o surgimento da televisão em cores correspondia a um avanço tecnológico revolucionário, pois um televisor colorido era capaz de reproduzir os sinais de um programa preto-e-branco e, mais do que isso, um televisor antigo seria capaz de reproduzir, em preto-e-branco, um programa que estivesse sendo transmitido a cores, devido à compatibilidade no número de linhas verticais. Essas questões – os aperfeiçoamentos desejados, o volume de informações que deveriam ser transmitidos, o espectro disponível, a compatibilidade com os sistemas existentes – eram um imenso desafio.

O primeiro sistema de televisão de alta definição a entrar em operação em escala comercial, o sistema japonês MUSE – Multiple Subnyquist Sampling Encoding – na década de 80, combinava técnicas de processamento digital com o uso de subportadoras[45] analógicas. Ele teve o mérito de derrubar a impressão de que seria impossível se obter a compactação de um sinal tão complexo como o da televisão, em um espaço tão reduzido do espectro. No MUSE, o sinal de alta definição, com mais de 1 Gbit/s de informação, é reduzido a 27 MHz, largura de faixa disponível para transmissão via satélite.

Na Europa, o projeto da Comunidade Européia denominado “Eureka”, iniciou, a partir de 1986, um trabalho similar ao dos japoneses conhecido como MAC – Multiplexed Analog Components. Este padrão partia da digitalização e compressão independente de cada componente de cor e, como no MUSE, utilizava algumas técnicas analógicas para a composição final do sinal. Para a alta definição, foi criada uma versão similar, apenas operando com um maior número de pixels chamada de HD-MAC., que operaria em 27 MHz, sendo, portanto adequado para uso via satélite como o MUSE. Ainda em 1986, a Inglaterra licenciara uma empresa a implantar um sistema baseado em HD-MAC via satélite, não concluído devido às dificuldades econômicas e disputas comerciais. Paralelamente ao MAC, e protegido pela Comissão Européia, outras experiências isoladas foram sendo desenvolvidas na Europa: o HD-Divine (países nórdicos), Spectre (Inglaterra) e HDTV-T (Alemanha). A experiência obtida com esses trabalhos seria fundamental para a etapa seguinte no desenvolvimento do sistema europeu.

As dificuldades na realização de um sistema de alta definição levaram tanto o Japão quanto a Europa a tentarem experiências visando obter um sistema melhor que o analógico, porém sem os custos da HDTV. Esses sistemas intermediários receberam diversos nomes, tais como ATV (Advanced Television), ETV (Enhanced Television) e, finalmente EDTV (Enhanced Definition Televison).

O Japão lançou um sistema de televisão avançada, tecnicamente chamado “EDTV-I” e comercialmente batizado de “Clearvision”. Era basicamente um sistema NTSC modificado, com tela 4:3 e varredura progressiva. Posteriormente foi lançada uma segunda geração, o “EDTV-II”, que apresentava tela em formato 16:9. Na Europa, experiências similares foram realizadas, sendo a mais famosa dando origem ao PALplus, um sistema analógico com tela em formato 16:9 e compatível com o PAL convencional.

Nos Estados Unidos, a história começa em 1987, quando 58 organizações televisivas fizeram uma petição à FCC [46] para que fossem iniciados estudos visando explorar novos conceitos no serviço de televisão, batizado como ATV – Advanced Television Service. Para tal finalidade, foi criado o ACATS – Advisory Committee on Advanced Television. Logo no início de seus trabalhos, o ACATS tomou uma decisão que viria a alterar radicalmente as pesquisas em desenvolvimento: ao contrário dos modelos híbridos do Japão e da Europa, ele propôs um sistema totalmente digital, batizado de DTV – Digital Television. Com isso, abandonava-se definitivamente a esperança de tentar criar um padrão compatível com os sistemas analógicos tradicionais. A fim de resolver o problema da transição (coexistência de receptores analógicos e digitais), durante essa fase o mesmo programa deveria ser transmitido simultaneamente pelo sistema analógico e pelo novo sistema digital, utilizando dois canais distintos – solução batizada de Simulcasting[47].

O passo seguinte deu-se com a criação do laboratório ATTC (Advanced Television Test Center), para testar as propostas de diferentes fabricantes e centros de pesquisa. Entre 1990 e 1992, foram testadas seis propostas, não se chegando a um resultado que satisfizesse a todos os envolvidos.

Em 1993, sete empresas e instituições participantes dos testes (AT&T, GI, MIT, Philips, Sarnoff, Thomson e Zenith) resolveram unir seus esforços na chamada “Grande Aliança”, visando desenvolver um padrão unificado que englobasse as principais vantagens dos “sistemas-candidatos”.

Neste intervalo de tempo, no início da década de 90, uma tecnologia em gestação viria a resolver o problema da compactação de grande volume de informações (especialmente de vídeo) num feixe de bits relativamente pequeno: o padrão MPEG[48], concebido por um pesquisador italiano e rapidamente disseminado entre os grupos de pesquisa.

No final de 1993, um grupo de fabricantes e emissoras européias , a partir da experiência adquirida com os projetos já citados e adotando a tecnologia MPEG como base, criou o consórcio DVB (Digital Video Broadcasting), que viria a produzir um padrão com o mesmo nome. A versão DVB para a radiodifusão terrestre (DVB-T) entrou em operação em 1998, inicialmente na Inglaterra.

Do lado americano, a Grande Aliança alcançou um resultado similar, também baseado no MPEG. No final de 1995, o ATSC – Advanced Television Systems Committee – recomenda à FCC adotar o sistema da Grande Aliança como o padrão para a DTV norte-americana. Em dezembro de 1996, através do “Fourth Report and Order” a FCC adota uma versão levemente modificada daquele como sendo o padrão para a DTV. O padrão norte-americano, batizado de ATSC, também entrou em operação em novembro de 1998.

Enquanto isso, o Japão, que fora o pioneiro em alta definição com um sistema analógico, parecia sofrer do “mal de pioneirismo”, ficando para trás com o seu sistema MUSE em operação comercial.

Foi apenas em 1997 que o Japão decidiu partir para um modelo totalmente digital, similar ao DVB europeu. Batizado de ISDB, Integrated Services Digital Broadcasting, o sistema japonês foi oferecido inicialmente via satélite (em substituição ao MUSE), a partir de dezembro de 2000. As transmissões terrestres são esperadas para 2003, em função das dificuldades que aquele país conta com seu espectro de freqüências.

3 Convergência e Modelos de Camadas

A recente evolução tecnológica provoca a revisão de uma série de conceitos aos quais nos habituamos, forçando, de certa forma, uma revisão na maneira pela qual víamos e entendíamos os serviços de telecomunicações. Por exemplo, no passado, a única forma de ouvirmos música ou notícias era através do rádio, enquanto que hoje é possível fazer isso por meio da Internet, mesmo que ainda de forma limitada. Por outro lado, já em tempos recentes, a única forma de se acessar a Internet era através de uma conexão telefônica (no caso dos usuários residenciais). Era! Hoje já é possível acessar o mesmo recurso através das redes de televisão por assinatura via satélite, além de telefones celulares.

Em um passado nem tão distante, os serviços de telecomunicações – incluindo o de televisão – caracterizavam-se por um conjunto definido de recursos, tanto os empregados (meio de transmissão, espectro e outras características técnicas) quanto os disponibilizados (formato da imagem, qualidade do som e facilidades auxiliares). A convergência, ao derrubar as fronteiras entre os diferentes serviços, provoca necessariamente a realização de uma revisão conceitual.

Para evitar que a cada nova tecnologia ou serviço criados fosse necessária uma revisão conceitual, o setor de telecomunicações tem optado pelo uso do modelo de camadas.

A idéia surgiu na década de 80, na área de redes locais de computadores, com o seu modelo OSI (Open System Interconnection), de sete camadas, para possibilitar a interligação de diferentes tipos de máquinas e ambientes de software. Dentro do modelo de camadas, cada uma desta possui um conjunto de funções mútuas, sendo independente das demais. Isto porque as entidades localizadas em uma camada utilizam recursos da camada que lhe é imediatamente inferior.

Na área de telecomunicações, o modelo de camadas foi introduzido com a RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados, também conhecida por ISDN). A arquitetura estruturada da RDSI permite que diferentes tipos de equipamentos, com diferentes funcionalidades, características e aplicações, possam ser interconectadas e atendidas através de uma única rede, ao contrário das redes então vigentes, que eram dedicadas exclusivamente ao tráfego de sinais telefônicos, ou dados ou vídeo.

A grande flexibilidade introduzida ao possibilitar o transporte de serviços com características bastante heterogêneas dentro de uma mesma rede, fez com que a filosofia do modelo de camadas fosse adotada em outras tecnologias de telecomunicações. Mais recentemente, o modelo de camadas possibilitou discernir os serviços de telecomunicações das suas plataformas de suporte, fornecendo uma visão mais clara dos sistemas de telecomunicações e com isso permitindo mais um passo rumo à convergência de serviços e tecnologias. Ou seja, com a substituição de um antigo paradigma do serviço de telecomunicações – utilizando-se apenas de sinais telefônicos, dados ou vídeo – permitiu-se a realização de um modelo mais aberto e integrado, caracterizado por funcionalidades e atributos deste serviço.

A figura 10 ilustra tal modelo conceitual.

|Figura 10 - Modelo de camadas em serviços e plataformas de telecomunicações |

|Fonte: Anatel/2001 |

Aplicando-se o modelo de camadas para o caso do serviço de televisão, é possível visualizar e planejar como as diferentes funcionalidades previstas ou imaginadas para esse serviço podem ser-lhe agregadas, ao mesmo tempo em que permite identificar quais são as necessidades que ele poderá demandar da camada que lhe suporta.

Inicialmente, faremos uma distinção entre o serviço de televisão propriamente dito e a plataforma de telecomunicações que lhe suporta. Para o caso da difusão dos sinais desse serviço por meio de ondas eletromagnéticas de propagação terrestre, a chamada radiodifusão, as plataformas possíveis são o ATSC, o DVB-T e o ISDB-T.

Na camada de serviço, a televisão utilizando a tecnologia digital pode ser confirmada em diferentes modelos de negócio, tendo diferentes atributos e suportando diferentes aplicações.

Finalmente, a camada de aplicação utiliza os substratos para prover as diversas facilidades, além da imagem e do som, disponibilizadas pelas novas tecnologias.

Embora as plataformas ATSC, DVB-T e ISDB-T tenham sido otimizadas para a transmissão de sinais de vídeo, o seu uso não é restrito a esse tipo de informação. Um exemplo disso é o da Suécia, onde a mesma plataforma utilizada para a transmissão de sinais de televisão é empregada para o acesso à Internet.

A convergência não se restringe à forma de transmissão dos sinais. Hoje, assiste-se à televisão ou acessa-se a Internet por meio de terminais distintos que possuem diferentes características técnicas, isto é, televisores e computadores, respectivamente. No futuro, um mesmo terminal poderá ser empregado para se utilizar esses diferentes serviços. Mas não acredito que os terminais passarão a ser discriminados então não pelo tipo de serviço ao qual é destinado, mas por atributos como “portátil” ou “fixo”, “de usufruto individual” ou “coletivo”, com grau de resolução tal ou memória qual.

O futuro está aqui, diante de nós. A televisão digital é a tecnologia que possibilitará essa quebra de paradigmas. E isto é que poderemos acompanhar durante os próximos capítulos dessa pesquisa.

EXPECTATIVA DOS USUÁRIOS

As novas tecnologias abrem um grande leque de opções para a evolução do modelo atual do negócio de televisão. Mesmo em um cenário mais conservador, com a televisão restrita apenas ao transporte de sinais de áudio e de vídeo, a introdução da tecnologia digital possibilitará melhorar a qualidade dos sinais recebidos, assim como permitirá que mais canais e programas sejam disponibilizados aos telespectadores.

Por outro lado, mais abrangente, o negócio de televisão seria enriquecido pelo acréscimo de novos recursos, pela execução de outros serviços de telecomunicações e de valor adicionado usando a mesma plataforma tecnológica de transmissão, com o telespectador sendo atendido através de terminais que, mais do que meros reprodutores de sons e imagens, fossem terminais integrados.

Entretanto, para que todos esses recursos possam ser aproveitados de uma forma otimizada e, sobretudo, atendendo às expectativas dos usuários, é necessário compreender a respeito do quê eles esperam e como a introdução da tecnologia digital poderia vir a satisfazer a tais anseios.

Neste capítulo, serão apresentados alguns resultados das pesquisas de mercado efetuadas junto a consumidores brasileiros. Os dados dessas pesquisas fazem parte do Relatório Integrador dos Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital, realizado através do Convênio Técnico da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

1 Expectativas dos usuários brasileiros para a televisão do futuro

Entre 1999 e o primeiro semestre de 2000, a Anatel promoveu três séries de pesquisas de opinião junto ao público, para descobrir os desejos e tentar formular o conceito do que seria a televisão do futuro de acordo com as expectativas do mesmo.

A primeira série foi uma pesquisa qualitativa, onde foram ouvidos consumidores, gerentes de indústrias de equipamentos e de emissoras de televisão. Nessa pesquisa, os consumidores ouvidos expuseram livremente o que esperavam de uma televisão do futuro. No segmento de consumidores, ela foi realizada com a técnica de grupos focais nas cidades de Porto Alegre (RS), Campinas (SP) e Recife (PE). Nestes estudos, tal pesquisa é referida como “Pesquisa Qualitativa”.

A segunda série foi uma pesquisa quantitativa, elaborada a partir da primeira, onde foram ouvidas três mil pessoas de 55 cidades distribuídas nas cinco macrorregiões geo-econômicas (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Tanto a escolha das cidades quanto a escolha das pessoas entrevistadas na íntegra foram feitas procurando reproduzir-se o perfil sócio-econômico do Brasil e das respectivas regiões. Tal pesquisa é referida como “Pesquisa Quantitativa-I”. (Ver DOC.04)

Finalmente, uma terceira série foi realizada junto ao público freqüentador de shopping centers, quando foram ouvidas 4.700 pessoas em sete grandes centros metropolitanos.(Ver DOC.05 e DOC.06)

Esta pesquisa teve por objetivo avaliar o público que, supostamente, seria o primeiro a adquirir um aparelho de televisão digital, quando o mesmo estivesse disponível. Para a realização desta pesquisa, foi feita uma demonstração com um televisor de alta definição, que não pudera ser feita nas pesquisas anteriores, apresentando uma partida de futebol. Essa pesquisa é referida como “Pesquisa Quantitativa-II” .

O resultado dessas pesquisas permitiu delinear o que o público espera da televisão do futuro. As tabelas a seguir apresentam a opinião do público consultado na segunda e na terceira série de pesquisas. Os valores apresentados referem-se à importância dada pelos entrevistados para o atributo, sendo que um valor mais alto corresponde a uma maior importância, numa escala de zero a dez.

|Atributos |Pontuação |

|1 |Ajuda para deficientes físicos |8,12 |

|2 |Gravação de Programas |7,48 |

|3 |Imagem em Alta Definição |6,94 |

|4 |Múltiplos Programas |5,91 |

|5 |Informativos |5,79 |

|6 |Programas Defasados |5,51 |

|7 |Interatividade |5,48 |

|8 |Vídeo Adicional |4,78 |

|9 |Áudio Adicional |4,37 |

|10 |Legenda Adicional |4,28 |

|11 |Hipermídia |4,10 |

|12 |Áudio Digital |3,33 |

|Tabela 2 - Importância dos atributos, segundo |

|pesquisa quantitativa - I |

| |

|Fonte: ANATEL/2001 |

|Atributos |Pontuação |

|1 |Imagem em Alta Definição |9,26 |

|2 |Múltiplos Programas |7,53 |

|3 |Gravação de Programas |7,47 |

|4 |Hipermídia |6,62 |

|5 |Programas Defasados |6,57 |

|6 |Interatividade |6,21 |

|7 |Ajuda para deficientes físicos |6,17 |

|8 |Vídeo Adicional |6,06 |

|9 |Áudio Adicional |5,76 |

|10 |Legenda Adicional |5,62 |

|11 |Áudio Digital |5,39 |

|12 |Informativos |5,38 |

|Tabela 3 - Importância dos atributos, segundo |

|pesquisa quantitativa – II |

|Fonte: ANATEL/2001 |

As pesquisas abordaram também questões mais imediatas, tal como o preço que a pessoa estaria disposta a pagar pelo aparelho receptor.

Para melhor compreensão, as características desta “televisão do futuro” foram agrupadas por atributos. Como poderá ser notado, alguns dos atributos referem-se ao sistema como um todo, enquanto outros dizem respeito apenas à implementação do aparelho receptor. Entretanto, visando fornecer um quadro completo, optei por apresentar todas as expectativas, mesmo aquelas que não dizem respeito diretamente à tecnologia da televisão.

1 Melhor Imagem, Melhor Som

O principal atributo da televisão do futuro é que ela deve ter uma melhor imagem e um melhor som. Na pesquisa qualitativa, a HDTV foi mencionada como um atributo importante pelos três entrevistados. Na pesquisa quantitativa I, a alta definição aparece em terceiro lugar, enquanto que na pesquisa quantitativa II (shoppings) foi o quesito mais solicitado.

Mas melhor imagem e melhor som não se restringem ao aspecto “alta definição”. Eles significam, de uma forma mais abrangente, uma imagem de boa qualidade, sem fantasmas, sem tremores, sem chuvisco, limpa e com uma boa definição de cores. A comprovação dessa tese, segundo o CPqD, deu-se pelas pesquisas quando algumas pessoas afirmaram que um dos fatores que as levam a darem preferência por determinado canal é a qualidade de sua imagem .

Quanto ao melhor som, as expectativas referem-se não apenas à qualidade (som de CD), mas também a outros atributos tais como os sons envolventes (surround), possibilidade de controle tonal (equalizador gráfico), visualização opcional de leds indicadores de nível (VU-METER), atributos que referem-se ao aparelho receptor. Entretanto, pelo menos um atributo sonoro é relacionado ao sistema: a possibilidade de se ouvir, por exemplo numa orquestra, instrumentos individuais (o que implica na transmissão simultânea de vários fluxos elementares de áudio).

Outra expectativa é relacionada não tanto com a qualidade do som, mas com o seu nível: os usuários esperam que haja uma certa padronização do nível de áudio, sendo que, no caso analógico, o desnível entre os canais percebido ao se mudar de canal é apontado como um grande incômodo. O mesmo desnível se verifica nos intervalos comerciais.

Assim sendo, é importante ressaltar que todos esses conteúdos somente poderão ser totalmente usufruídos em alta definição.

2 Ajuda aos Deficientes Físicos

A pesquisa quantitativa-I indica a importância da ajuda aos deficientes físicos. Tal importância é igualmente destacada em todas as macrorregiões geo-econômicas.

Essa ajuda vai desde uma legenda textual ou através da exibição de uma pessoa empregando a linguagem de surdos-mudos numa pequena janela PIP (picture in picture), e também através de uma descrição textual da cena, para pessoas com deficiências auditivas (closed caption).

As informações que compõem os mecanismos de ajuda são transmitidos através de fluxos complementares, e a sua exibição/ativação é controlada pelo usuário. No caso de legenda (texto), o usuário pode selecionar a cor, o tamanho das letras e a localização do texto na tela.

3 Gravação de Programas e Near-Video-on-Demand

A gravação de programas, outro atributo tido como importante na pesquisa qualitativa, aparece como o segundo atributo mais importante na pesquisa quantitativa-I e em terceiro na quantitativa-II.

Para o usuário, a gravação de programas tem três tipos de finalidade: as duas primeiras compreendem a possibilidade de gravar um programa para assisti-lo em um horário mais conveniente (tal como o papel exercido pelo videocassete) além da possibilidade de transmissão do mesmo programa em horários defasados. Conhecida como Near-Video-on-Demand, (e que aparece em sexto lugar na pesquisa quantitativa-I e em quinto na quantitativa-II), pode-se depreender que a possibilidade do usuário assistir a um programa sem ficar rigidamente amarrado ao horário de transmissão do mesmo é visto como um grande benefício.

O terceiro tipo de finalidade é o uso do armazenamento local como uma memória buffer de tempo limitado. Neste caso, o usuário teria a possibilidade de “apertar um botão” e rever uma cena que acabou de passar (enquanto o resto do programa é automaticamente gravado para desfrute em seguida).

Para efeitos comparativos, podemos dizer que o armazenamento local é como o que fazemos com arquivos de Internet em programas como Real Player. Ao escolher uma música on line, por exemplo, o programa “carrega” as informações (armazena) e depois executa. Isto difere do download de arquivos, já que neste existe a possibilidade de arquivamento em disco flexível ou rígido.

Apesar desses atributos serem mais pertinentes ao aparelho receptor, o uso de rótulos identificadores nos programas (program identifier) poderá vir a ajudar a satisfazer tais tipos de anseios, ao possibilitar com precisão o início e o término da gravação de programas ou segmentos, e também ao criar a possibilidade de que tais acionamentos possam ser feitos remotamente, seja pelo próprio usuário, seja pelo provedor do programa.

4 Vídeo Adicional

O vídeo adicional refere-se à transmissão simultânea de fluxos de vídeo complementares, por exemplo, possibilitando que uma mesma cena possa ser vista de diferentes ângulos.

Se pensarmos em um jogo de futebol, o mesmo poderia ser visto de cima (visão geral do campo) ou ser acompanhado através de uma câmera colocada próximo ao gol do time adversário. Além do futebol, poderíamos assistir aos diferentes finais de uma telenovela, por exemplo.

Segundo as pesquisas, alguns consumidores esperam que a televisão do futuro seja tridimensional. Outros disseram que gostariam de “poder rodar a imagem”, ou seja, de poder deslocar o ângulo de visão. Deve-se observar que, de um sistema que permita ao usuário escolher entre duas a quatro tomadas de cena distintas (o que será possível na TV digital) para um sistema interativo onde o usuário possa escolher, livre e linearmente, o ângulo de visão, ainda existe uma distância técnica considerável a ser percorrida, o que exigirá maior estrutura para captação de imagens. Como exemplo, pode-se citar o sistema de TV via satélite DirecTV, que tem transmitido eventos com câmeras diferentes em canais diferentes.

5 Zooming

Um atributo próximo à expectativa anterior é a possibilidade do usuário poder controlar o nível de “Zoom” sobre um detalhe da cena. Esta expectativa foi detectada na pesquisa qualitativa.

O Zooming pode ser realizado, dentro de certas limitações, pelo próprio aparelho receptor. É claro que qualquer efeito de Zooming a partir de um volume finito de dados acabaria por degradar a qualidade da imagem ampliada, gerando uma solução de compromisso entre a ampliação tecnicamente possível e a percepção do usuário (em função do tamanho e resolução do monitor e da percepção visual do usuário). A transmissão em alta definição favorece este atributo, ao enviar uma maior quantidade de informações da mesma imagem.

6 Múltiplos Programas e Vídeo sob Demanda

O atributo “múltiplos programas” aparece em quarto lugar na pesquisa quantitativa-I. Trata-se da oferta de diversos conteúdos distintos, ou seja, da transmissão simultânea de diversos programas SDTV (ou EDTV) através de um mesmo canal.

O motivo por tal interesse é que os consumidores desejam mais opções de programação (nesse sentido, a TV a Cabo é sempre tida como uma referência). Mas não se trata de um mero aumento quantitativo dos canais: a pesquisa indica que os consumidores gostariam de ter “alternativas” em relação aos programas padrão, ou seja, programas com diferentes temas e, provável segmentação da audiência. A pesquisa indica também o anseio por conteúdos mais informativos, com menos violência, menos agressão verbal e mais enquadrados a seus padrões morais. Aparentemente, de nada adiantará ter-se mais canais (programações), se os conteúdos ou as abordagens forem semelhantes.

Adicionalmente, há uma preocupação de que tais programas adicionais sejam de acesso gratuito ou, pelo menos, caso seja por assinatura, disponíveis por um preço razoável para a grande massa da população.

Aparentemente, dois fatores têm contribuído para isso. O primeiro é o custo da televisão por assinatura, não acessível ou não compensador para parte da população. O segundo é a própria programação – embora a TV por assinatura ofereça uma grande quantidade de canais, não raras vezes os usuários ficam sem poder desfrutar de determinado programa, principalmente devido ao problema de horário de transmissão. Dessa forma, a televisão digital poderá vir a equacionar esse problema de duas formas. Uma, pelo uso do mecanismo de armazenamento local, facilitado pelo uso de identificadores de programa, que lhe conferiria uma independência à vinculação temporal entre a transmissão e o desfrute do programa. E a outra forma, pela efetiva oferta de vídeo sob demanda utilizando-se dos recursos de interatividade, a transmissão utilizando banda remanescente disponível e acesso condicional.

7 Interatividade

Há uma certa confusão quanto ao significado do termo “interatividade”. As pessoas mais ligadas à tecnologia entendem como interatividade a interação do usuário com o programa, como ocorre por exemplo em um sistema hipermídia. Já outra parcela da população interpreta a interatividade como a possibilidade de influir na programação das emissoras, não apenas em programas do tipo “Você Decide”, mas na escolha efetiva, do que deve ou não, ser transmitido ao público. A interatividade, incluindo ambas as interpretações, foi o sétimo atributo mais votado na pesquisa quantitativa-I e sexto na pesquisa quantitativa-II.

Analisa-se a seguir cada uma dessas possibilidades.

• Interação com o Programa

O aspecto mais notável da convergência tecnológica é a possibilidade da TV digital vir a ser um sistema totalmente interativo. O usuário teria um teclado ou dispositivo apontador (mouse) remotos, e as imagens seriam compostas por objetos “clicáveis” com a finalidade de trazer informações complementares, possibilitar serviços como o home-shopping, a busca de outros programas correlatos ou a navegação hipermídia. Nas emissoras, segundo a pesquisa, os representantes entrevistados consideram que a introdução desses novos serviços ou facilidades é um atributo muito importante.

Por outro lado, a relativamente baixa receptividade obtida por uma tal tecnologia, na pesquisa de mercado realizada junto ao público consumidor, pode ser devida ao uso que as pessoas fazem atualmente da televisão. A maioria das pessoas assiste passivamente à TV. Outras utilizam a TV como uma companhia para amenizar a solidão, ou para ser um “som” enquanto se faz outras atividades (significando, via de regra, que sequer prestam atenção ao que é veiculado). Entretanto, há uma grande chance de que esse cenário venha a ser alterado com o tempo, pois as crianças crescidas na “era da Internet” tendem a utilizar os aparelhos de forma muito mais interativa. O reflexo dessa tendência é a aquisição, pelas classes mais abastadas, do “segundo microcomputador” para as crianças, como ocorrera com a “segunda TV” anos atrás.

Nessa nova cultura, quando as pessoas estiverem acostumadas a utilizar a televisão de forma ativa, a interatividade poderia ser não apenas local, mas possibilitar a participação dos telespectadores “ao vivo” nos programas, seja de forma restrita (votações), seja com o uso de web-cams ou recursos similares capazes de capturar a imagem e a voz das pessoas que passariam a participar efetivamente dos programas. Daí surgirá a preocupação em como manter o telespectador defronte ao seu aparelho receptor durante mais tempo.

• Home Shopping e Merchandising

A pesquisa qualitativa indicou um resultado que, embora seja um pouco contraditória, mostra o potencial do home-shopping. Basicamente, os usuários dizem não gostar dos canais totalmente dedicados a vendas, ao mesmo tempo em que há bastante tolerância ao merchandising implícito ou explícito dos programas, sendo inclusive preferido esse mecanismo mais que os intervalos comerciais (que os usuários geralmente ignoram mudando de canal).

O home-shoping proporcionado pela hipermídia é bastante próximo ao merchandising, explícito ou implícito. Na forma explícita, um apresentador faria a apresentação de um produto, seguido de um “clique aqui para adquirir já”. Na forma implícita, não haveria tal empurrão – o “objeto do desejo” estaria presente, em forma de um hiperlink , num dado cenário, à espera de interessados na sua aquisição.

O que ocorre hoje, é que em uma determinada novela ou minissérie, por exemplo, os objetos de uso das personagens encontram-se à venda através dos sites oficiais das mesmas. A Rede Globo iniciou esse tipo de comércio virtual durante a novela “Laços de Família” (2000). Porém, a finalização da compra do produto acontece dentro do site do canal de vendas (do Grupo de canais por assinatura Globosat). Isto nos dá a impressão de que a emissora já vem se preparando para quando, através do controle remoto, o próprio telespectador fará suas compras sem sair de casa – e pelo televisor.

• Influência na Programação

O desejo da população em influir na programação denota, pelos depoimentos colhidos e relatados nas pesquisas, um descontentamento em relação ao nível e enfoque dos programas veiculados. Nesse sentido, um sistema interativo viria a ajudar, de acordo com os entrevistados, pelo retorno imediato que as emissoras teriam quanto aos índices de audiência, dando um claro parâmetro sobre o que a população deseja e não deseja ver veiculado na televisão.

Embora a definição da programação seja uma prerrogativa das emissoras, a televisão digital poderá vir a auxiliar esse atributo indiretamente, se vier a ser implementado algum mecanismo de aferição remota e instantânea dos índices de audiência.

8 Internet

Além da possibilidade de se utilizar o aparelho de televisão como terminal de acesso à Internet, a pesquisa de mercado indica pelo menos um uso inusitado para a TV digital nessa área: o uso como interface de caixa-postal para deixar “recados”. Dessa forma, as pessoas que convivem na mesma casa poderiam deixar recados umas às outras. Os e-mails (também formas de recados), sejam eles locais ou enviados via Internet, poderão ser em forma apenas textual, ou uma gravação sonora, ou mesmo audiovisual, aproveitando-se dos recursos multimídia do televisor.

Nesse sentido, comparado com ao microcomputador, a televisão digital apresenta as seguintes vantagens:

a) é um aparelho, em tese, mais simples de operar, e mais abrangente (ou seja, mais pessoas o utilizam);

b) é suposto que a pessoa vai assistir a TV, enquanto que é menos garantido que ela vá ligar o micro – isto permitiria as pessoas lerem os recados assim que ligasse a TV;

c) acoplada a outras funcionalidades, como por exemplo o relógio, pode ser utilizada como despertador – a mensagem seria exibida assim que a TV se ligasse.

Visualiza-se também serviços de informação (por assinatura), onde provedores enviariam boletins com notícias sobre determinado assunto (cada mensagem poderia ser não só um texto, mas um videoclip ou seja, um arquivo multimídia contendo uma reportagem).

9 Áudio Adicional

O áudio adicional, nono lugar na pesquisa quantitativa-I, tem utilização prevista principalmente para transportar informações em diversos idiomas. Poderá ser também utilizado, por exemplo, para transmitir sinais de vários microfones (ou instrumentos) no caso de shows e concertos.

Além dessa utilização, o áudio adicional poderá colaborar para a transmissão de informação complementar para as pessoas com deficiência visual.

10 Legenda Adicional

Da mesma forma que o áudio adicional, a principal utilidade da legenda adicional será a possibilidade de se ter legendas em diferentes idiomas, à escolha do usuário.

Diferentemente dos sistemas atuais, a televisão digital deverá possibilitar ao usuário escolher o idioma, o tamanho e a cor da letra.

11 Outras Características

A pesquisa de mercado detectou outros atributos desejáveis para a TV do futuro. Embora não diretamente relacionados ao sistema, e sim ao aparelho receptor, optou-se por registrá-los aqui, pois completam o quadro das expectativas dos usuários.

• Periféricos

A pesquisa qualitativa detectou um grupo de pessoas com o desejo de poder conectar uma impressora ao receptor de televisão. A impressora teria a finalidade de imprimir o que estivesse sendo exibido na tela (por exemplo, o rosto de um artista favorito). Outra aplicação seria por exemplo para imprimir textos de receitas culinárias cuja elaboração estivesse sendo transmitida, ou imprimir textos que pessoas entrevistadas quisessem disponibilizar ao público de uma forma geral (informações, dicas, orações).

• Controle ativado pela voz

A televisão do futuro seria controlada vocalmente, e não mais por meio de um controle remoto com inúmeras teclas.

• Senha

A TV do futuro teria uma senha para a sua ativação. Inicialmente concebida para minimizar risco de roubo, poderia ser utilizada para controle de acesso a programas adultos.

• Programas Preferidos

A TV poderia ter um mecanismo tal que permitisse ao usuário definir os tipos de programas preferidos. O sistema automaticamente passaria a avisar o usuário sobre os horários dos programas que atendam ao perfil especificado.

• Mecanismos de Busca

Item complementar ao anterior, a televisão poderia ter um mecanismo de busca baseado em palavras-chave, para facilitar a localização de um programa (ou tipo de programa) dentro de uma grande gama de canais (como ocorre por exemplo na TV por assinatura).

• Tela fina e portátil

A tela da TV do futuro deverá ser fina, ou seja, de cristal líquido ou de plasma (ou até mesmo de outro material que venha a ser desenvolvido futuramente). Mais que isso, os usuários mais avançados esperam que ela possa ser afixada em qualquer lugar, tal qual um quadro. Tecnicamente, isso significa que a TV deveria ser desmembrável em duas unidades: uma unidade receptora-decodificadora (URD) contendo todos os circuitos de recepção e processamento dos sinais e uma outra unidade, que seria apenas a tela e os circuitos imediatamente necessários.

• No-Break

Outra expectativa dos usuários é a existência de um No-Break na TV. Pelos depoimentos, não há nada mais deprimente que acabar a eletricidade e ficar sem ter o que fazer (e pior, perdendo a programação da TV).

PLATAFORMAS PARA TV DIGITAL

1 Modelo de Referência ITU-T

A União Internacional de Telecomunicações – ITU – traz, em seu documento “A Guide to digital terrestrial television broadcasting in the VHF/UHF bands” (de 15 de Janeiro de 1996), o modelo de referência para a televisão digital, que é seguido pelos três padrões públicos – o ATSC, o DVB e o ISDB.

O modelo de referência, ilustrado na figura 11, divide as funcionalidades do sistema (transmissão) em três blocos principais:

• Codificação do sinal-fonte, responsável pela conversão e compressão dos sinais de áudio e vídeo em feixes digitais denominados de fluxos elementares de informação.

• Multiplexação, responsável pela multiplexação dos diferentes fluxos elementares (cada qual contendo informações de áudio, vídeo ou dados), formando um único feixe digital à sua saída.

• Codificação de canal e modulação, responsável por converter o feixe digital multiplexado em um sinal (ou grupo de sinais) passível de transmissão por um meio físico, no caso, o ar.

|Figura 11 – Modelo de Referência ITU-T para a Televisão Digital |

|Fonte: ANATEL/2001 |

Através dos trabalhos realizados pelos diversos países na primeira metade da década de 90 e que resultaram no modelo apresentado anteriormente , houve um forte consenso na utilização do padrão MPEG 1 (em particular, no atual estágio tecnológico, o MPEG-2) para as camadas de codificação do sinal-fonte (em particular, o de vídeo) e a de multiplexação. Já para a codificação de canal e modulação, cada uma das propostas (ATSC, DVB e ISDB) adota uma solução diferente, como será visto nas seções seguintes.

2 O Padrão MPEG

1 Por que a compressão?

Antes de falarmos em compressão de sinais, é importante ressaltar brevemente o processo de conversão de um sinal analógico em digital. Este processo supõe os seguintes passos, anteriores à compressão propriamente dita: a amostra do sinal analógico original e a codificação das amostras em bits.

A amostra do sinal analógico original permite a obtenção de certos valores, tais como aqueles que serão transmitidos. Dessa forma, a freqüência de amostra deve garantir a posterior reconstrução do sinal original.

O segundo passo, a codificação das amostras em bits, significa que o número de bits necessários para codificar uma amostra depende do tipo de sinal e a qualidade desejada. Se o sinal é digital, então tem-se uma quantidade de bits por segundo associada (a taxa binária) e a informação a ser transmitida é composta de áudio e vídeo, mais seus componentes técnicos. Por exemplo, se um sinal analógico tem uma largura de banda de 30 MHz, esse sinal convertido em digital ocupa 108 MHz, ou seja, exigiria-se muito mais de espaço dentro do espectro para sua condução. A partir disto, existe a necessidade de um novo passo, ou seja, a compressão dos sinais para redução da largura de banda.

O sinal digital pode comprimir-se sem que o usuário perceba grandes diferenças[49]. Ou seja, em SDTV (que é a definição mais próxima da que temos hoje em dia) é possível a transmissão de cinco canais onde hoje cabe apenas um canal de TV, enquanto que em Alta Definição (HDTV), há a possibilidade de transmitir-se até quatro canais[50]. Assim sendo, um canal analógico ocupa aproximadamente o mesmo que 6 canais digitais comprimidos com similar qualidade, ou o mesmo que de 4 canais em alta definição. Além disso, o sinal de áudio também é comprimido, eliminando-se as partes não perceptíveis ao ouvido humano.

Para comprimir o sinal emprega-se o padrão MPEG-2.

“Nos sistemas analógicos a capacidade de armazenamento depende única e exclusivamente da duração da fita, mas para a viabilização do vídeo digital a compressão é fundamental para que num pequeno espaço seja possível armazenar um grande volume de sinais.” [51]

O princípio da maioria dos sistemas de compressão de sinal de vídeo é a possibilidade de eliminação da porção repetitiva (redundante) da imagem devido a limitações de percepção do olho e do cérebro humano. Logo, é possível reduzir sensivelmente a quantidade de informações que chega ao espectador, de forma a convencê-lo de que o que ele vê é o que foi realmente captado.

A compressão[52] é necessária para diminuir o espaço requerido para o armazenamento ou a largura da banda de transmissão. Comprimir o sinal de vídeo é tornar possível muitas aplicações antes inviáveis por motivos técnicos ou econômicos. Sistemas de edição que processam vídeo sem compressão, por exemplo, têm alto custo e sua aplicação é restrita ao cinema e à pós-produção de alta performance. Para as demais aplicações, como o jornalismo na TV e vídeos comerciais, é necessário garantir um nível de fidelidade aceitável em relação à imagem original.

Em se tratando de alta definição, a taxa de transmissão digital de um sinal, em sua forma original, é de um bilhão de bits por segundo. Para um sinal de definição padrão esse valor cai para 200 milhões de bits por segundo. Um canal de televisão, para transmitir com segurança, tem espaço apenas para 20 milhões de bits por segundo.

Logo, a quantidade de dados em um sinal de HDTV deve ser reduzida à proporção de 50 para 1 para poder ser transmitida em uma largura de banda padrão.

Sendo assim, a compressão não é responsável por toda a redução, mas pela maior parte dela. Inicialmente, a quantidade de informação a ser comprimida deve ser reduzida e isso se dá pela diminuição de resolução a um nível imperceptível pelo espectador. A resolução de cor do olho humano é menor que a resolução da informação em preto e branco e são justamente as informações de cor que serão reduzidas, sem alterar a percepção da cena pelo espectador.

Em seguida, a informação restante é comprimida pela eliminação da redundância. Dessa forma, com a redução de 50 para 1, cinco canais de definição padrão podem ser transmitidos em um único canal, ou seja, em uma largura de banda de transmissão de 20 milhões de bits por segundo.

Em relação aos sistemas de compressão de vídeo, o mais conhecido é o MPEG, que refere-se ao conjunto de padrões internacionalmente aceitos para a codificação de informação audiovisual para compressão em formato digital. A área que se aplica especificamente à qualidade broadcast é o MPEG-2, também conhecido como ISO/IEC-13818.

Há um número de padrões MPEG destinado a várias aplicações. Para broadcast e produções em estúdio há o MPEG-2 4:2:2P@ML (também conhecido como MPEG 422) que é o nome utilizado para identificar qual subgrupo de padrões deve ser usado. Ele foi desenvolvido para operações em estúdio, onde a edição e o processamento da imagem devem ocorrer sem degradação perceptível [53].

Como resultado da compressão, é importante saber que nem todos as imagens ocupam a mesma largura de banda. Assim, um canal de notícias aonde aparece unicamente o apresentador ou em uma retransmissão de Fórmula 1, com câmaras fixas, não necessitará a mesma quantidade de informação que a transmissão de um filme ou programa de auditório, por exemplo.

A tabela abaixo mostra-nos a síntese dos demais sistemas de compressão de sinais de vídeo, além do próprio MPEG já citado anteriormente.

|Sistemas |Descrição |

|DCT |Discrete Cosine Transform. Usado nos formatos Digital S (JVC) e Digital Betacam (Sony). |

|JPEG |Joint Photographic Experts Group. Desenvolvido para a transmissão de quadros parados, como fotos. |

|M-JPEG |Uma variação do JPEG para movimento, usado em alguns sistemas de edição não-linear. |

|DV |Desenvolvido por um consórcio de quase 60 empresas, entre elas: Sony, Philips, Thomson, Matsushita, Hitachi, |

| |Toshiba, Sharp, Mitsubishi, Sanyo, JVC, etc. O sistema de compressão é o intra-frame, que hoje é o coração dos |

| |formatos DVCPro e DVCPro 50. É utilizado pela Sony no formato DVCAM. É possível trocar arquivos de áudio e vídeo|

| |entre equipamentos de vários fabricantes. |

|MPEG-1 |Inicialmente desenvolvido para permitir o armazenamento de vídeo clipes em CD-ROMs ou em aplicações similares |

| |com baixa quantidade de informações. Entretanto, em forma modificada (MPEG+ ou um número adicional de sinais +) |

| |foi utilizado para quantidades maiores de sinal de vídeo. |

|MPEG-2 |Recentemente adotado como padrão para transmissão digital pelo FCC Advisory Committee. |

| |

|Tabela 4: Padrões de Compressão |

|Fonte: Revista Tela Viva/ Junho-2000 |

Em suma, podemos enumerar as principais características do padrão MPEG-2:

• Faz parte de uma família de padrões (MPEG-1, MPEG-4, entre outros) de compressão de áudio, vídeo e multiplexação de sinais. O MPEG-2 por sua vez é composto por diversos padrões (ISO/IEC 13818-2 para televisão e multimídia, ISO/IEC 13818-3 para áudio com compatibilidade regressiva, etc.).

• É um algoritmo[54] assimétrico. Ou seja, o custo da codificação é muito maior que o da decodificação. Esta é uma característica interessante para a televisão, pois o alto custo do codificador é assimilado pelo radiodifusor, enquanto que o receptor do telespectador requer um decodificador de baixo custo.

• É um algoritmo flexível, possibilitando a codificação de imagens com diferentes níveis de resolução (qualidade).

• É um algoritmo escalonável. Ou seja, permite fazer a composição de diferentes arranjos de sinais de áudio e vídeo (um vídeo e dois áudios, um vídeo e cinco áudios, vários vídeos e cinco áudios, etc.). Além disso, permite que um decodificador de baixa capacidade extraia, de um fluxo de sinal de alta capacidade, as informações necessárias para poder reproduzir as informações com a definição adequada para o seu nível de operação.

MODELOS DE NEGÓCIO EM TELEVISÃO DIGITAL

Ao contrário da televisão analógica, que possui um modelo de negócio bem definido e pouco flexível, a televisão digital apresenta diversas alternativas possíveis para a conformação do modelo. Se, por um lado, tal diversidade de opções cria um cenário bastante atraente, pode, por outro, facilmente induzir a alternativas enganosas. Enquanto algumas opções são, infelizmente, mutuamente excludentes, outras podem coexistir, mas a um custo bastante elevado. E, finalmente, existem as opções que, mesmo tendo um custo aparentemente significativo, podem trazer um volume de ganhos que compensem os investimentos necessários. As dificuldades são de natureza técnica, econômica e algumas vezes legal.

Para efeitos destes estudos, entende-se como modelo de negócio em televisão digital “a forma como os recursos tecnológicos e suas características são utilizadas para prover um determinado conjunto de programas e facilidades para os telespectadores”[55]. As alternativas referem-se a:

• diferentes características de receptibilidade do sinal, com o conseqüente atendimento de diferentes segmentos de mercado;

• utilização da capacidade de transporte de bits e sua distribuição entre diferentes tipos de programas televisivos e outros serviços de telecomunicações;

• diferentes formas de se implementar os programas aplicativos que complementam os programas de televisão.

Dessa forma, a radiodifusão brasileira, de acirrada competição entre as emissoras e com um elevado número de redes, sugere a necessidade de uma flexibilidade que permita a cada uma delas enfrentar o desafio da introdução da nova tecnologia, com todos os investimentos que serão necessários. Obviamente, por atingirem parcelas diferentes de público, as soluções estratégicas de negócio não serão as mesmas para todas as emissoras. Assim, no início da implementação da TV digital, as emissoras trabalharão na sondagem dos anseios do público, mediante o oferecimento das alternativas possíveis, com posterior avaliação da resposta do público e, se for o caso, direcionamento da estratégia.

Não se pode esquecer que a TV digital vem substituir uma tecnologia estabelecida há 50 anos e que ela será utilizada, provavelmente, pelos próximos 30 anos. É a televisão do futuro.

O presente capítulo analisa as alternativas existentes de Características para Modelos de Negócios e o próprio Modelo de Negócio que poderá vir a ser adotado, além de suas possibilidades. Além da melhor qualidade de imagem e som, a tecnologia digital disponibilizará à televisão um conjunto de facilidades impensáveis no ambiente analógico, como interatividade, informação hipermídia e uma flexibilidade na adição e utilização de novas aplicações, tais como o comércio eletrônico, a troca de mensagens ou os jogos eletrônicos.

1 Características para modelos de negócios

1 Resolução, qualidade de imagem e formato de tela

Uma questão central para a definição do modelo de negócio é a escolha da resolução desejada para a imagem da televisão digital. A resolução e o modelo de negócio são parcialmente interdependentes – definido um deles, tem-se poucas opções de escolha para o segundo.

A resolução envolve dois importantes componentes. O primeiro é a resolução espacial, que é definida pelo número de pontos de imagem (pixels) ou, de forma equivalente, pelo número de linhas e colunas (pixels/linha). Quanto maior o número de linhas, melhor a resolução. Associado a isso, existe a questão do formato de tela, que pode ser no atual formato 4:3 (quatro unidades de medida de largura por três de altura, ou 1,33:1) ou no novo formato de tela larga 16:9 (dezesseis unidades de largura por nove de altura, ou 1,78:1).

O segundo componente é a resolução temporal. Pode-se ter (no caso brasileiro) 30 quadros por segundo em modo progressivo ou 60 campos em modo entrelaçado. No modo progressivo, o monitor “pinta” uma imagem completa a cada 1/30 avos de segundo, uma linha de cada vez. Isto significa que, em um sistema de 480 linhas em modo progressivo, cada linha da imagem é criada em 1/14.400 avos de segundo (30x480). Os monitores de microcomputadores utilizam esta técnica. Já no modo entrelaçado, utilizado nos atuais sistemas de televisão (analógica), cada quadro de imagem é uma composição de dois campos. Um dos campos contém as linhas ímpares e o outro as linhas pares. A cada 1/60 avos de segundo, o monitor cria um dos campos, de forma alternada. No exemplo de 480 linhas em modo alternado, em cada semi-ciclo são “pintadas” 240 linhas (pares ou ímpares). Com isso, leva-se os mesmos 1/14.400 avos de segundo (60x240) para se criar uma nova linha de imagem.

Entretanto, o efeito final dessas alternativas para o telespectador é diferente. Uma imagem de, por exemplo, 1000 linhas em modo entrelaçado, apresenta uma qualidade de imagem subjetivamente similar a uma imagem com 700 linhas em modo progressivo. Não obstante, para o telespectador, esses sistemas apresentam diferentes resultados. Em cenas mais estáticas, um sistema entrelaçado com um maior número de linhas (as 1000 entrelaçadas no exemplo acima) apresenta uma melhor qualidade de imagem, dado que possui maior resolução (espacial). Já em cenas com bastante movimento, um sistema progressivo (de 700 linhas, no exemplo) apresenta uma qualidade de imagem melhor, pois evita os artefatos que seriam causados em uma imagem entrelaçada.

Esses atributos – resolução e formato de tela – podem ser agrupados em quatro categorias, correspondendo a quatro diferentes níveis de qualidade de imagem (e som): alta definição (HDTV), definição estendida (EDTV), definição padrão (SDTV) e baixa definição (LDTV). Embora não haja um critério unanimemente aceito em nível mundial, há um certo consenso na adoção da categorização a seguir.

• HDTV – Alta Definição

O conceito de televisão de alta definição surgiu com a intenção de se ter, na casa do usuário, uma qualidade de imagem e som equivalentes às do cinema. Testes subjetivos realizados no início dos desenvolvimentos indicaram que seria necessário, para tal finalidade, o dobro da resolução espacial (em termos de linhas e colunas) da televisão comum. Além disso, a tela teria que ser mais larga. Com os desenvolvimentos e testes posteriores, os valores convergiram para uma resolução de 1080 linhas (com 1920 pixels/linha) em modo entrelaçado (como na televisão analógica) ou 720 linhas (com 1280 pixels/linha) com varredura progressiva (como nos microcomputadores), ambos com uma tela em formato 16:9[56]. Uma imagem melhor seria obtida com 1080 linhas em modo progressivo, porém os sistemas atuais de transmissão digital não comportam a taxa de bits que seria necessária nesse caso.

O áudio utilizado é o estéreo Surround 5/1, ou seja, com três alto-falantes frontais (direito, central e esquerdo), dois laterais (surround direito e esquerdo) e um para freqüências hiper-baixas. Este último gera vibrações de baixa freqüência que, embora fiquem abaixo do limiar de audição, são captados pelo corpo humano em forma de sensações, reproduzindo as cenas de maneira mais realista. Esse efeito realista pode ser comparado ao áudio dos home-theaters que existem atualmente.

• SDTV – Definição Padrão

A televisão de definição padrão (SDTV) tem uma resolução espacial de 480 linhas (com 640 pixels por linha) e uma resolução temporal de 60 quadros por segundo em modo entrelaçado.

Apesar do nome e dos valores serem semelhantes aos da televisão analógica (que utiliza 525 linhas no total – aproximadamente 480 na área visível – e 60 quadros por segundo, no caso do Brasil), a qualidade de imagem da SDTV é bem superior ao recebido em média através das emissoras abertas de televisão analógica. Ela é equivalente ao chamado “padrão estúdio”, que adota como valores típicos uma resolução de 600 pixels/linha e não apresenta problemas como o de cores cruzadas ou chuviscos típicos que ocorrem na recepção doméstica de sinais analógicos.

Em relação ao formato de tela, não há muita unanimidade. Atualmente, a maioria das transmissões é realizada no formato 4:3, embora haja uma tendência à migração para o formato 16:9 (widescreen). No futuro, espera-se que todas as transmissões sejam nesse último formato.

No caso da Europa, a SDTV utiliza áudio estéreo bicanal, ou seja, com alto-falantes direito e esquerdo.

• EDTV – Definição Estendida

O conceito de televisão de definição estendida surgiu como uma categoria intermediária que, embora não apresente os valores de resolução da HDTV, apresenta uma qualidade de imagem melhor do que a SDTV. Tipicamente, tem-se uma tela larga (16:9) e resolução de 480 linhas, 720 pixels/linha e varredura em modo progressivo.

O áudio é o estéreo surround (5/1), como na HDTV.

• LDTV – Baixa Definição

A LDTV refere-se a uma televisão com qualidade ou resolução inferior à SDTV. Um exemplo típico é o sistema com 240 linhas, 320 pixels por linha e varredura progressiva.

Grande número de softwares e placas de captura para microcomputadores, por exemplo, trabalham atualmente com imagens nessa ordem de resolução.

Outro exemplo típico é o videocassete doméstico, que apresenta resolução de 480 linhas entrelaçadas e cerca de 330 pixels/linha (além de uma sensível degradação na resolução cromática, coisa que não ocorreria na LDTV).

Como ilustra esse último exemplo, a resolução (ou seja, o número de pixels) em si não é garantia de qualidade de imagem. A qualidade propriamente dita depende de uma série de outros fatores, alguns objetivos (ausência de ruído, nitidez dos contornos dos objetos, estabilidade da imagem) e outros subjetivos (uniformidade das texturas, suavidade dos movimentos). Adicionalmente, devido à maior definição das imagens na televisão digital, as condições de gravação das cenas (iluminação, tremores, resposta temporal da câmera, maquiagem dos atores e acabamento do cenário) também influenciam de forma significativa na qualidade subjetiva percebida pelo telespectador.

|RESOLUÇÃO |

|Tipo |Espacial |Temporal* |Formato de Tela |

| |(pixels e pixels/linhas) | | |

|HDTV |1080x1920 |60 c/s, e | |

| | | |16:9 |

| |720x1280 |30 q/s, p | |

|EDTV |480x640 |30 q/s, p |16:9 |

|SDTV | | |16:9 |

| |480x640 |60 c/s, e | |

| | | |4:3 |

|LDTV |240x320 |30 q/s, p |4:3 |

|c/s = campos/seg; q/s = quadros/seg; e = varredura entrelaçada; p = varredura progressiva. |

| |

|Tabela 5 – Tipos de resolução da imagem |

|Fonte: ANATEL/2001 |

2 Conversão de formatos de tela

Os programas transmitidos em formato 16:9 devem poder ser usufruídos por telespectadores que disponham de monitores 4:3 e vice-versa.

A respeito das vantagens da tela mais larga, a coexistência de diferentes formatos durante a fase de transição pode causar desconforto aos usuários. As piores situações ocorrem quando:

• uma imagem de alta definição (HDTV) é exibida em um televisor analógico 4:3 em modo natural (Letterbox). Neste caso, uma imagem com 1080 linhas entrelaçadas é exibida ocupando 75% da altura - ou aproximadamente 364 linhas no PAL-M, com redução (ou seja, perda de informação) de 3:1.

• uma imagem 4:3 (material antigo) é exibida em um televisor de alta definição, 16:9, em modo corte horizontal (Zoomed). Neste caso, a parte exibida da imagem corresponde a 75% do original - 364 linhas. Se o monitor for de alta definição, essas 364 linhas serão exibidas em uma tela com resolução de 1080 linhas. Com isso, tem-se uma linha de informação original para cada 3 linhas exibidas no monitor, resultando em uma apreciável perda de qualidade. (Ver também DOC.01 – Formatos de Cinema e TV)

|Figura 12 - Conversão entre Formatos 16:9 e 4:3 |

|Fonte:Anatel/2001 |

Para a conversão de formatos, normalmente a URD (unidade receptora-decodificadora) possibilita ao usuário escolher o modo de conversão. Adicionalmente, a emissora pode enviar, junto ao programa, uma informação denominada Active Format Descriptor (AFD, que tem por finalidade informar à URD qual é o modo de conversão caso aquele material seja exibido em um monitor com relação de aspecto diferente do esperado.

3 Diversidade de Programação

Na televisão analógica, devido a questões de limitação tecnológica, não é possível ter-se dois canais de televisão adjacentes ocupados em uma mesma localidade, sob pena de ocorrerem mútuas interferências[57] . Esse é um problema que não ocorre na televisão digital, o que fará com que cada município possa contar com mais canais de televisão e, portanto, com mais opções de programação.

Todavia, na televisão digital, além do aumento do número de canais propriamente dito, cada canal poderá transportar mais de uma programação. Pode-se ter, por exemplo, dentro de um canal (espaço de 6 MHz), uma programação exclusivamente direcionada para crianças, outra exclusivamente de notícias, entre tantas outras. O número de programações transmitido depende apenas da capacidade de transporte do sistema e da taxa média de bits ocupada por cada programação. Esta, por sua vez, depende do nível de resolução estabelecido.

Não há restrições para a composição dos programas, mas deve-se observar que, por exemplo, não é possível ter-se um modelo de múltiplos programas em HDTV. Uma alternativa possível é a adoção de diferentes modelos em função do horário, como por exemplo a transmissão em HDTV no horário nobre (filmes) ou em eventos especiais (jogos, corrida de automóveis) e a transmissão de múltiplos programas em SDTV em horários em que há maior probabilidade de audiência segmentada (por exemplo, durante o dia).

A adoção de um modelo híbrido – em que uma emissora pode transmitir por exemplo um programa principal em HDTV e outro em SDTV para um público específico; ou transmitir HDTV em horário nobre e múltiplos programas em SDTV nos demais; ou ainda diferentes emissoras transmitirem, uma em HDTV e outra em SDTV – traz como vantagem uma grande flexibilidade para o atendimento de diferentes necessidades do público. Porém, traz também o risco de não motivar os consumidores a adquirirem caros terminais de alta definição, dado que haveriam menos opções de programas em HDTV, ao contrário do caso em que todas as emissoras optassem por esse modelo de negócio.

É importante lembrar-se que em primeira pesquisa já realizada, pelo CPqD, as emissoras e o público com potencial de compra de equipamentos e aparelhos em HDTV mostraram ser em menor número. Certamente, a produção em alta definição consumirá valores vultosos para a TV e, dessa maneira, o espaço pode ser de quem tem condições de investir mais: a indústria cinematográfica.

4 Otimização de cobertura

A flexibilidade com que algumas plataformas permitem ajustar os parâmetros de transmissão, possibilita à emissora ampliar a capacidade de transporte (em detrimento da robustez do sinal), ou dar uma maior robustez à transmissão (em detrimento da capacidade de transporte). Essa flexibilidade poderia ser empregada para se otimizar a cobertura, dado que existem no país regiões com condições geográficas bastante diversas, requerendo, em algumas delas, sinais mais robustos do que em outras. Cada emissora poderia ajustar os seus parâmetros de transmissão de modo a obter a máxima capacidade de transporte para a condição geográfica local.

Entretanto, pode-se pensar que tal diversidade de modos de operação trará como conseqüência um desequilíbrio na oferta das programações oferecidas aos públicos dessas diferentes regiões; ou seja, usuários residentes em locais planos contariam com mais opções de programação ou de serviços do que os residentes em áreas acidentadas. Todavia, penso que as evoluções tecnológicas e questões econômicas não permitirão que todos os serviços de programação estejam restritos apenas às regiões planas.

5 Transmissão hierárquica

A transmissão hierárquica consiste na transmissão de parte dos bits com um grau de robustez maior do que o dos demais. Com isso, criam-se dois tipos (ou camadas) de sinais: um, mais robusto, destinado a ser captado por todos os usuários, mesmo em situações bastante adversas; e o outro, menos robusto, destinado a ser captado pela maioria dos usuários que se utilizam de antenas externas ou que estejam em locais de recepção não hostil.

Tal partição poderia ser empregada por exemplo para se transmitir um programa de HDTV na camada menos robusta, destinada a ser captada pelos telespectadores da área urbana ou residentes em uma região mais central da área de cobertura. Um segundo programa, com o mesmo conteúdo que o anterior, seria transmitido em LDTV ou SDTV na camada mais robusta, para contemplar os usuários residentes em locais de difícil recepção, afastados da antena transmissora, em zonas de sombra, ou ainda utilizando receptores móveis.

Portanto, essas novas características deverão ser agregadas à programação convencional para tornar o serviço de televisão mais interativo, rico em informações e interessante para o telespectador. O desfrute desses novos recursos é feito utilizando-se o controle remoto como dispositivo de entrada de dados (ou seja, o controle remoto faz o papel que o mouse faz para o computador).

Para aplicações mais sofisticadas, o terminal (televisor ou URD) poderia contar com um teclado sem fio.

6 Multimídia e Hipermídia

Multimídia é a apresentação de informações utilizando-se das diversas formas possíveis de comunicação: sons, imagens, textos e sensação tátil[58]. A televisão analógica disponibiliza as duas primeiras e, de uma forma limitada, a terceira. A televisão digital, por possuir uma melhor resolução (especialmente no caso de EDTV e HDTV), possibilita uma utilização mais intensiva de textos com letras menores e gráficos com detalhes finos. E o áudio com freqüências hiper-baixas reproduz, em certa medida, as vibrações que são percebidas mais pelo tato que pelo ouvido. Desta forma, a televisão digital, ao aumentar o número de meios possíveis pelos quais uma informação pode ser transmitida para as pessoas, através de diferentes órgãos dos sentidos destas, contribui para melhorar a qualidade técnica da comunicação.

A multimídia é um recurso disponibilizado pela televisão digital, mas a sua completa fruição depende das características do aparelho receptor do usuário. Por exemplo, um televisor analógico não será capaz de exibir, com a qualidade necessária, textos em letras pequenas ou gráficos com detalhes finos. E para a reprodução do áudio com freqüências hiper-baixas, o usuário necessita de um sistema de som complementar ao da TV.

Já a hipermídia refere-se à possibilidade das pessoas “navegarem” pelas informações, ou seja, de obterem informações adicionais através de interações com um programa (de computador) que reage de acordo com os comandos recebidos.

A hipermídia é um recurso hoje comum em microcomputadores, porém ainda ausente na televisão analógica. Ela é baseada em uma interface (imagem) composta de objetos clicáveis, ou seja, objetos que podem ser de alguma forma selecionados e “clicados”, tal como fazemos hoje com os computadores. Ao serem “clicados”, esses objetos ativam comandos que podem ser, por exemplo, “exibir mais informações sobre um detalhe da imagem” ou “substituir a imagem atual pela de outro programa”. Uma imagem de televisão contendo objetos clicáveis forma, então, uma interface hipermídia, possibilitando ao usuário selecionar objetos e, a partir dessa seleção, obter informações adicionais relacionadas ao programa em curso, mudar para outros programas, efetuar compras eletrônicas, divertir-se com jogos eletrônicos, entre outras possibilidades.

Os recursos necessários para um telespectador usufruir-se da hipermídia localizam-se na URD. Desta forma, mesmo os usuários que utilizem-se de um televisor analógico acoplado a uma URD não estarão impedidos de usufruírem dos recursos hipermídia dos novos programas de televisão, porém, vale lembrar-se que ainda com qualidade de imagens do sistema analógico.

7 Interatividade e Canal de Retorno

A hipermídia disponibiliza à televisão digital um de seus principais atributos – a interatividade. Entretanto, para que esta seja completa, é necessário considerar-se a questão do canal de retorno. Sob esse aspecto, existem três graus possíveis: a interatividade local, a interatividade com retorno por um canal não-dedicado e a com retorno por um canal dedicado.

• Interatividade local

A interatividade local ocorre quando toda a informação necessária é inicialmente transmitida pela emissora e armazenada no receptor do usuário. A partir daí, o usuário passa a utilizar interativamente os recursos hipermídia, “navegando” pelas informações disponíveis localmente. Somente quando e se o usuário efetuar um comando que implique em mudança de programação, um novo fluxo de programa é selecionado pelo receptor e as informações anteriormente armazenadas são substituídas pelas do novo programa.

Esta forma de interatividade não requer canal de retorno. Como conseqüência, ela não possibilita as chamadas aplicações transacionais como, por exemplo, o comércio eletrônico, quando uma informação gerada pelo telespectador deve ser enviada para a emissora.

• Interatividade com canal de retorno não-dedicado

Neste caso, pode-se ter aplicações transacionais – aplicações em que há uma troca de mensagens entre o receptor do usuário e alguma máquina servidora localizada remotamente. Entre elas destacam-se o comércio eletrônico, o acesso à Internet e a troca de mensagens (e-mail). As mensagens originadas pelo receptor do usuário são transmitidas para o servidor por meio de uma rede não específica, como por exemplo, a rede telefônica fixa comutada. Nesse caso, o receptor contém a funcionalidade de modem telefônico, que efetua os procedimentos necessários. No caso de terminais portáteis e móveis, o retorno poderá ser efetuado com uso do serviço móvel celular.

A transmissão de mensagens do servidor para o usuário pode ocorrer pela mesma linha telefônica ou como um fluxo de dados incorporado ao programa televisivo.

O canal de retorno não-dedicado, embora tenha algumas inconveniências, principalmente o tempo de latência necessário para se efetuar a conexão e a possibilidade de não-conexão por indisponibilidade de enlace livre, tem a grande vantagem de permitir a realização de operações transacionais e ser uma tecnologia já disponível.

• Interatividade de retorno de canal dedicado

Este é um estágio posterior de desenvolvimento, em que o sistema de televisão teria um meio específico para a função de canal de retorno. Tal meio poderia ser, por exemplo, um canal de televisão (6 MHz) alocado para essa finalidade, e compartilhado entre as diversas emissoras. O usuário necessitaria ter em sua residência, além de uma antena receptora, uma antena transmissora que emitiria sinais na referida freqüência e que seria captada ou na estação principal da emissora ou mais provavelmente por meio de uma rede de antenas distribuída pela cidade. A segunda opção, embora mais cara, seria a mais provável devido à menor potência necessária no transmissor do usuário.

Alternativamente, poderá ser empregada uma rede de antenas coletoras pelo prestador do serviço, utilizando uma freqüência diferente às dos canais de televisão. Ou seja, a transmissão talvez seja possível via rádio, LP (linha privativa) ou até mesmo via ADSL.

O canal de retorno dedicado apresenta como vantagem a possibilidade de ser projetado com as características necessárias e adequadas a esse tipo de tráfego: baixa latência, tempos de retardo adequados às necessidades das aplicações e capacidade para suportar tráfego composto tanto por surtos com grande volume de bits como por fluxos contínuos.

Com isso, ele não amplia significativamente o leque de aplicações que o canal de retorno não-dedicado possibilita, mas melhora o desempenho das mesmas, particularmente em aplicações como jogos com participação simultânea de várias pessoas ou videoconferências associadas à discussão de algum tema que esteja sendo simultaneamente televisionado.

8 Datacasting

O Datacasting refere-se à transmissão de fluxos de dados que serão armazenados e processados pelo receptor. Tais dados podem estar vinculados a programas, com a finalidade de permitir a interatividade local; podem se referir a informações auxiliares, como por exemplo o guia eletrônico de programação (EPG); ou ainda podem se constituir em programas completos, como por exemplo, boletins meteorológicos.

Nesses casos, a transmissão dos dados é realizada de maneira cíclica, conhecida como date carousel, e também denominada “carrossel de dados”. A informação é dividida em segmentos que são retransmitidos de tempos em tempos. A URD, ao “sintonizar” este fluxo, começa a armazenar os segmentos, até tê-los todos em sua memória. A partir daí, o usuário pode efetuar a interação/navegação local, consultar o EPG, entre outros serviços. No caso de um programa interativo, o usuário pode requerer alguma informação que não esteja no conjunto armazenado localmente. Nesse caso, a URD acessa um outro fluxo onde aquela informação pode estar localizada, e “carrega” todos os segmentos do novo fluxo.

A técnica do carrossel de dados é interessante pois, como os segmentos da informação são repetidos ciclicamente, em qualquer instante em que o usuário ligue o televisor e tente acessar essas informações, os dados são carregados rapidamente na memória da URD.

Além disso, em aplicações como boletins meteorológicos e cotações financeiras, os segmentos podem ser continuamente atualizados, fazendo com que o usuário receba a informação mais recente. Outra vantagem do carrossel é superar a freqüente situação da limitada memória disponível no aparelho receptor, que pode não ser capaz de armazenar todos os segmentos necessários, fazendo com que, à medida em que o usuário navegue pelas informações, novos segmentos sejam capturados e armazenados, embora tal procedimento aumente os tempos de latência da aplicação.

Mesmo sem a implementação de aplicações interativas, o datacasting é importante para a atualização de informações quando o usuário muda de canal, pois o novo canal terá novas tabelas de programação.

9 API

A API (Application Programming Interface), é a interface entre o sistema operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais como jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros. Pode-se dizer que é o equivalente ao API dos sistemas operacionais de computadores, que fazem com que estes possam executar diferentes programas e aplicativos, como planilhas eletrônicas e processadores de textos que foram criados por terceiros a partir de padrões bem conhecidos e estabelecidos. Assim como a interface gráfica é uma interface entre o usuário e a máquina, a API é a interface entre a aplicação utilizada pelo usuário e o sistema operacional da máquina. Com o advento da televisão digital, o mercado está movimentando-se rapidamente da URD passiva, projetada apenas para exibir a imagem na TV, para verdadeiros microcomputadores em rede com várias possibilidades de interação, capazes de processamentos gráficos sofisticados. O sistema operacional e a API da unidade receptora são elementos críticos de um receptor de televisão digital, embora sejam apenas duas peças em um grande quebra-cabeças. Eles serão os responsáveis pela percepção que o usuário terá dos novos produtos e aplicações, distinguindo-os do antigo sistema analógico.

A API pode ser composta por um conjunto de comandos do próprio sistema operacional ou, de uma maneira melhor elaborada, formar uma camada à parte. Dessa forma, a API desempenha, então, a função de interface entre um programa aplicativo criado por uma empresa, e o hardware – sistema operacional criado por outra.

Com isso, diferentes empresas podem criar aplicativos para uma dada URD e diferentes fabricantes de URD podem ter aqueles aplicativos rodando em suas máquinas, permitindo a interoperabilidade de aplicativos e terminais. Assim a unidade receptora está pronta para executar uma aplicação, bastando que os fornecedores de conteúdo criem estas aplicações seguindo as especificações da API.

2 Modelos de negócios para televisão digital

1 Programas secundários de televisão

Programas secundários referem-se a conjuntos de informações que podem ou não estar vinculados aos programas de televisão. Alguns exemplos são:

• Guia eletrônico de programação (EPG)[59]

Na televisão digital, onde o usuário deve escolher um programa e não mais um canal (que é conhecido por um número fixo), fazem-se necessárias novas formas de busca. O EPG (Eletronic Programming Guide) é um menu que possibilita ao usuário efetuar tal busca. Tecnicamente, o EPG é um fluxo de dados que é transmitido junto com os demais fluxos de informação (áudio, vídeo), podendo existir um em cada canal ou um único agregando as informações de todos os canais.

• Compras eletrônicas e outras aplicações vinculadas a um programa.

Tratam-se de recursos que possibilitam a um telespectador, por exemplo, clicar em um ícone na tela e obter informações ou mesmo efetuar a compra de um produto que esteja sendo exibido naquele momento.

Isso é realizado com a inserção de hiperlinks na imagem e com a transmissão de fluxos de dados que possibilitam ao usuário obter as informações ou interações que deseja. Denomina-se de aplicações vinculadas ao programa pois tais fluxos de dados são mapeados junto ao programa que irá utilizá-los.

• Boletins informativos e aplicações não vinculadas a programas.

São programas independentes, porém que não exibem conteúdo de vídeo convencional baseado em cenas dinâmicas. São, por exemplo, boletins de tempo, cotações e outros informativos que são exibidos em forma de textos ou gráficos, acompanhados ou não de um fundo musical. Esses programas são compostos por fluxos elementares de dados e talvez áudio (mas não vídeo), o que significa que eles ocupam uma taxa de bits bastante pequena.

2 Diversidade de serviços e acesso à Internet

Ao mesmo tempo da transmissão de sinais de televisão sob a forma de radiodifusão, a plataforma poderá ser utilizada também para a transmissão de sinais de outros serviços de telecomunicações ou de valor adicionado.

Um exemplo típico é o serviço de televisão por assinatura, onde os programas são oferecidos apenas a seus assinantes. Um segundo exemplo é o de acesso à Internet, quando a capacidade de transporte da plataforma é utilizada para o grande tráfego de informações no sentido descendente e o retorno é realizado por meio da rede telefônica convencional. Esses serviços podem coexistir com os programas de televisão dentro de um canal, ou podem ser providos mediante o uso de canais específicos.

No futuro, com a convergência tecnológica, um mesmo terminal, fixo ou portátil, poderá ser utilizado para se assistir a programas televisivos, programas secundários, realizar acesso à Internet, ou ainda, de uma forma mais abrangente, acessar programas multimídia (compostos de sons, vídeo, texto e gráficos) e hipermídia (que possuem links para uma livre navegação do usuário pelas informações e seqüências de imagem e som). O sinal de retorno, nesse caso, poderia fluir tanto por meio da rede de telefonia celular (discada) como por meio de uma rede IP via rádio (dedicada).

3 Receptibilidade do sinal de televisão

A receptibilidade refere-se à possibilidade de tipos variados de terminais, localizados em pontos diversos e sujeitos a diferentes condições técnicas, receberem os sinais de televisão com o grau de qualidade adequado. Quando examinado pela ótica da emissora, refere-se à cobertura alcançada por esse sinal.

Nos sistemas de televisão analógica, uma vez estabelecida a localização da antena transmissora, a sua altura e a potência irradiada, as características de cobertura estão definidas. A partir daí, a recepção ou não do sinal depende apenas da localização do usuário e do tipo de antena por este utilizado.

No caso da televisão digital, outros parâmetros podem ser considerados. O emprego de diferentes parâmetros de transmissão ou o uso da transmissão hierárquica, quando a plataforma apresenta tais flexibilidades, permitem à emissora ampliar o universo da possível audiência, ou alternativamente, aumentar a capacidade de transporte e, consequentemente, as opções de programas, sacrificando talvez a recepção sob condições mais severas.

Para a cobertura de áreas de recepção mais crítica, ou zonas de sombra, poderão ser empregados reforçadores de sinais ou redes de antenas operando sincronamente à mesma freqüência (rede de freqüência única).

Do lado do usuário, este poderá desejar desfrutar os programas por meio de receptores fixos, utilizando antenas externas ou internas, por meio de receptores instalados em veículos (recepção móvel), ou ainda através de terminais portáteis.

3 Possíveis modelos de negócios

O modelo de negócio a ser adotado será o maior desafio para a televisão brasileira, pois o que interessa para as emissoras é “segurar” o espectador por mais tempo em frente à tela da TV. Dessa forma, a partir dos principais atributos da televisão digital apresentados nas seções anteriores, podem compor-se diferentes modelos de negócio.

Apresenta-se a seguir os principais modelos possíveis para a situação brasileira[60], porém não se pode esquecer que estes somente serão válidos a partir da escolha da plataforma (ou padrão) para a transmissão digital dos sinais de TV.

• Modelo 1: HDTV

Este modelo é caracterizado pela transmissão de um único programa televisivo, na melhor resolução possível (HDTV). Podem ser transmitidos, além disso, o guia eletrônico de programação (EPG) e dados vinculados ao programa, além de programas secundários como boletins informativos, até o limite em que os mesmos não prejudiquem a qualidade do vídeo/áudio do programa principal.

Fundamentado na oferta de uma excelente qualidade de imagem e som, o HDTV tem como vantagem o fato de ser um modelo simples. Como desvantagens, o custo dos equipamentos é maior (tanto para o telespectador quanto para as emissoras), tal como qualquer produto no início de uma nova tecnologia. Dessa forma, será inicialmente adquirido apenas por pessoas de alto poder aquisitivo, mas com o tempo é possível que existam novas alternativas e isso tornará a tecnologia mais acessível aos demais consumidores.

O que deveria acontecer era existir uma URD universal, dotada sempre de recepção que inclua HDTV, de modo que os indivíduos pudessem comprar este produto uma única vez e ir evoluindo nos complementos, na medida de suas possibilidades.

• Modelo 2: HDTV com replicação de conteúdo

Neste modelo, aplicável somente para plataformas que permitem transmissão hierárquica, é transmitido um programa em HDTV numa configuração de menor robustez, e o mesmo programa (conteúdo) é replicado em LDTV (ou eventualmente SDTV) em uma camada de maior robustez, para possibilitar que pessoas com terminais móveis, portáteis, ou sujeitos a condições hostis de recepção possam captar o programa.

As informações de EPG e de boletins, neste caso, seriam transmitidas na camada mais robusta.

Este modelo enfatiza a transmissão de imagem de alta definição, ao mesmo tempo em que se preocupa com o atendimento de todos os usuários (cobertura). Ele será necessário se a transmissão de sinais de HDTV com uma robustez padrão se mostrar insuficiente para atender a todos os usuários ou tipos de receptor (eventualmente incluindo os terminais móveis). Tem como vantagem a maior receptibilidade e, como desvantagem, o custo da replicação do mesmo conteúdo em dois programas digitais distintos.

• Modelo 3: HDTV e um segundo programa de L/SDTV

Neste modelo, é transmitido um programa principal em HDTV e um segundo programa, com conteúdo diferente, em LDTV ou SDTV, conforme a capacidade de transporte do sistema.

Este é um modelo diferente do anterior. Neste caso, há ainda uma certa ênfase na transmissão de um programa de elevada qualidade (HDTV), ao mesmo tempo em que procura atender a uma necessidade de informação de uma audiência segmentada. A emissora atenderia a um segmento de audiência principal (por exemplo, jogo de futebol ou filme) em HDTV e outro secundário (por exemplo, notícias) em SDTV.

Este modelo tem como vantagem a preservação da alta qualidade de imagem (pelo menos em um dos programas) aliada a uma certa diversificação de informações.

Para plataformas com robustez configurável, pode-se ter emissoras em diferentes locais no país transmitindo com diferentes graus de robustez, embora a transmissão em um modo mais robusto possa inviabilizar o segundo programa em SDTV.

• Modelo 4: HDTV e outros serviços de telecomunicações

Neste modelo, é transmitido um programa em HDTV. A capacidade remanescente de transporte é utilizada para a prestação de um outro serviço, tal como a televisão por assinatura ou o acesso à Internet.

Em relação a disponibilização de novos serviços para os usuários, este modelo tem a vantagem de propiciar à emissora uma fonte de receita adicional, que poderá ser crítica durante a fase de transição do analógico para o digital. Como desvantagem, essa capacidade remanescente é bastante limitada, não apresentando flexibilidade para crescimento se houver aumento de demanda.

Este modelo não contempla o atendimento sob condições severas de recepção.

Para plataformas com robustez configurável, pode-se ter emissoras em diferentes locais no país transmitindo com diferentes graus de robustez. Porém, a transmissão em modo mais robusto é feita sacrificando parte do sinal não-televisivo, ou seja, a televisão por assinatura seria em LDTV ou, no caso do acesso à Internet, a taxa de bits disponível seria menor.

• Modelo 5: Múltiplos programas em SDTV

Neste modelo, a capacidade do canal é utilizada para a oferta de múltiplos programas em SDTV (tipicamente quatro por canal). Cada programa teria os seus próprios dados vinculados. Além dos programas televisivos, haveriam os boletins e outras aplicações não-televisivas.

Do ponto de vista estratégico, este modelo é caracterizado pelo foco no aumento da oferta de programações. Apresenta como vantagens a diversificação de informações, o custo relativamente mais baixo para os equipamentos de estúdio e monitor do usuário , uma qualidade de imagem e som melhores que a recebida por meio analógico e, no caso do usuário estar utilizando uma URD combinada a um televisor analógico como monitor, não haver perda significativa de qualidade de imagem, exceto nas transmissões 16:9. Como desvantagem, não há o efeito de alta definição, para aqueles que contam com tal expectativa.

Como uma alternativa de uso desse modelo, a capacidade de transporte pode ser utilizada para a transmissão de vários fluxos de vídeo referentes a diferentes ângulos de visão de um mesmo programa.

Uma segunda alternativa refere-se à transmissão do mesmo conteúdo em horários defasados (ver Near Video on Demand). Tal alternativa somente faz sentido enquanto a maioria dos usuários não possuir uma URD com dispositivo de memória.

Em qualquer desses casos, com o emprego de plataformas com robustez configurável, pode ter-se emissoras em diferentes locais no país transmitindo com diferentes graus de robustez. É provável que a adoção de um grau de robustez maior implique em uma redução do número de programas disponibilizados ao público.

• Modelo 6: Múltiplos programas em EDTV

Tecnicamente, este modelo é similar ao anterior, exceto que, em vez de se ter programas com resolução (qualidade) SDTV, teria-se com resolução EDTV.

Este modelo privilegia uma melhor qualidade de imagem, procurando atender ao quesito de múltiplos programas. O aumento na qualidade da imagem sacrifica a quantidade de programas disponíveis, que seria de dois ou três por canal, no caso brasileiro. Um telespectador que utilizasse uma URD acoplada a um televisor analógico veria uma boa imagem, porém não tão boa quanto aquele que possuir um monitor EDTV. Mas a imagem ainda seria melhor do que aquela é vista nos receptores analógicos atuais.

Este modelo tem, em relação aos que empregam HDTV, um custo mais baixo tanto para os equipamentos da emissora quanto do usuário, e uma maior oferta de programação. Em relação à SDTV, apresenta a vantagem de uma melhor qualidade de imagem, com perda no número de programações possível.

• Modelo 7: Múltiplos programas SDTV com transmissão hierárquica

Neste modelo, aplicável somente para plataformas com capacidade de transmissão hierárquica, o programa principal (em SDTV) e o guia eletrônico de programação (EPG) são transmitidos na camada mais robusta. O restante dos programas é transmitido em modo menos robusto.

Este modelo privilegia o aspecto da cobertura. A sua vantagem é a de garantir que pelo menos o programa principal seja captável por todos os usuários da área de cobertura. Como desvantagem, é esperado que os equipamentos para transmissão e recepção hierárquica tenham um custo um pouco mais elevado que a transmissão não-hierárquica.

• Modelo 8: Múltiplos programas em EDTV com transmissão hierárquica

Este modelo é similar ao modelo 7, exceto que é composto por programas em EDTV. Apresenta como vantagens, em relação ao modelo 7, uma melhor qualidade de imagem e, em relação ao modelo 6, a ênfase na melhor cobertura. É esperado que o custo deste modelo seja mais elevado que o dos modelos 6 e 7.

• Modelo 9: SDTV com outros serviços de comunicação

Neste modelo, é transmitido um programa televisivo em SDTV e o restante da capacidade de transporte do canal é utilizado para a prestação de outros serviços, tais como o de televisão por assinatura ou o acesso à Internet.

Para o consumidor, ele apresenta a vantagem da disponibilidade de acesso a outros serviços de telecomunicações ou os de valor adicionado. Para a emissora, apresenta a vantagem de uma fonte adicional de receita, podendo contribuir para facilitar a migração do sistema analógico para o digital, por exemplo através do fornecimento, pela emissora, de uma URD com o custo já debitado no valor da assinatura. Uma desvantagem é que limita o acesso das camadas de menor poder aquisitivo a esses serviços.

• Modelo 10: EDTV com outros serviços de telecomunicações

Este é um modelo similar ao 9, exceto que o programa televisivo é transmitido em EDTV.

Tem como vantagem uma melhor qualidade de imagem e como desvantagem o menor número de opções de programas.

• Modelo 11: Alternância de modos em diferentes horários

Neste modelo, a emissora pode transmitir programas em HDTV, SDTV ou EDTV em diferentes horários.

Tem como vantagem a grande flexibilidade para atender a diferentes expectativas do público, alternando entre imagens de alta qualidade (em filmes, esportes ou shows) e oferta de conteúdo diversificado. Como desvantagens, para o telespectador, é reduzido o número de programas veiculados em alta definição, enquanto o custo do terminal é idêntico ao dos casos com HDTV.

• Modelo 12: Alternância de modos em diferentes horários, com transmissão hierárquica

Este modelo é similar ao anterior, exceto que inclui a facilidade de se realizar a transmissão hierárquica. Em determinados horários, seria transmitido um programa HDTV com replicação de conteúdo como no modelo 2. Nos demais horários, seriam transmitidos múltiplos programas em SDTV ou EDTV com robustez diferenciada, como nos modelos 7 e 8.

Comparado ao modelo 11, tem a vantagem de apresentar uma melhor cobertura do sinal. Como desvantagem, a transmissão hierárquica pode implicar em um custo mais elevado para os equipamentos de transmissão e recepção.

1 Observações acerca dos modelos de negócios

Os modelos de negócio apresentados na seção 8.3 são os mais ilustrativos. Outras configurações intermediárias são possíveis e, portanto, as seguintes considerações são feitas:

a) A análise dos modelos, particularmente de 1 a 10, considera que todas as emissoras do país adotarão o mesmo modelo. Caso isto não se verifique, deve-se considerar que o custo do receptor (em particular o monitor) será determinado pelo maior grau de resolução (p. ex., HDTV) adotado por uma das emissoras, mesmo que as demais transmitam apenas em SDTV. Além disso, a adoção de diferentes modelos de negócio pode elevar o custo da URD, devido ao fator de escala ou à complexidade do receptor.

b) Verifica-se atualmente uma certa polarização na definição do modelo de negócio, ou privilegiando a elevada qualidade da imagem (HDTV) ou diversificando ao máximo a programação (em SDTV). É necessário esclarecer que existem alternativas intermediárias e que, mesmo a SDTV, apresenta uma qualidade de imagem e som melhores do que a televisão analógica convencional.

c) Embora programas em HDTV sejam captáveis com o uso de URD e possam ser desfrutados mesmo em televisores analógicos, deve-se observar que isso suprime o seu principal atributo – a grande qualidade da imagem. Uma imagem HDTV reproduzida em um televisor convencional terá a qualidade da imagem limitada pela resolução e formato de tela do mesmo. No caso de televisores analógicos, mesmo os mais recentes, tal resolução é tipicamente de 400 linhas e 440 pixels/linha e formato 4:3. Televisores para aplicação home-theater, podem apresentar resolução de 720 ou 1080 linhas, embora ainda mantenham o formato 4:3.

d) A alternativa de se transmitir programas HDTV em horário reduzido e múltiplos programas nos demais horários, embora tenha a vantagem de se atender a um mercado segmentado durante os múltiplos programas, penaliza o consumidor que adquire um receptor HDTV e somente pode desfrutar de programas em alta definição em alguns horários[61].

e) Para os modelos de múltiplos programas, não é conveniente misturar programas em SDTV e em EDTV, pelos mesmos motivos do item anterior (d):eles penalizam o telespectador ao transmitir alguns programas com uma qualidade inferior à esperada. Particularmente, não é conveniente permitir uma proliferação simultânea de programas com formatos 4:3 e 16:9, devendo-se adotar uma das linhas e a outra ser utilizada somente como exceção,

f) A disponibilização dos serviços por assinatura pode ser uma fonte de receita adicional para as emissoras. Entretanto, isso requer a implantação de um sistema de acesso condicional, uma eventual negociação com outros provedores de serviços por assinatura para o uso integrado desse sistema e o gerenciamento dos custos operacionais associados. A televisão digital propicia, para as emissoras, formas alternativas de receita mesmo sem a adoção do serviço por assinatura, como o comércio eletrônico realizado por meio de hiperlinks.

g) A adoção de diferentes configurações de robustez por diferentes emissoras de uma mesma rede poderá causar uma não-uniformidade na programação transmitida, prejudicando os telespectadores situados naquelas áreas com veiculação de programação mais restrita. Por tal motivo, esta opção deve ser adotada somente onde alternativas como a maior potência ou o uso de reforçadores de sinal não possam ser adotadas ou sejam insuficientes.

4 Modelos de negócios adotados em alguns países

Alguns países já definiram suas plataformas e, portanto, adotaram modelos de negócio de acordo com o padrão. A seguir, apresentam-se os modelos de negócio adotados nos Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália.

1 Estados Unidos

Inicialmente, os Estados Unidos estabeleceram uma grande flexibilidade em termos de resolução da imagem, já que incluem os formatos de HDTV (1080p, 1080e e 720p), EDTV (480p 16:9) e SDTV (480e 16:9, 704x480, p/e, 4:3, e 640x480, p/e, 4:3).

Entretanto, a FCC voltou atrás e permitiu que as emissoras transmitam apenas um sinal de televisão aberta, no modo HDTV.

Essa reconsideração deveu-se a fatores de ordem econômica e política. A motivação econômica é que a FCC acredita que, se não houver um firme apoio das emissoras à HDTV (ou seja, a uma maciça transmissão de programas desse tipo), os consumidores não se sentirão atraídos a adquirir um receptor de HDTV que, por enquanto, apresentam preços bastante elevados. Por outro lado, a inexistência de uma grande massa de consumidores com terminais de alta definição poderia inibir a produção desses programas, devido ao seu alto custo.

O fator político é que existiram protestos de outros segmentos econômicos, com a argumentação de que as emissoras estariam pretendendo utilizar a faixa obtida gratuitamente (concedida para a transmissão simulcast[62]) para a prestação de outros serviços de telecomunicações – circunstância para a qual, normalmente, haveria um “leilão” de uso de freqüência.

Com isso, o modelo norte-americano pode ser resumido como sendo baseado na oferta de um único programa de televisão aberta de altíssima qualidade (HDTV).

2 Europa

O padrão DVB divide os receptores em quatro grupos: os destinados para uso com freqüências de 25/50Hz e os de freqüências 30/60Hz; e, dentro de cada tipo, os que operam apenas com nível SDTV e os que operam em nível HDTV.

Para o nível HDTV, tanto os sistemas de 25/50 Hz quanto os de 30/60Hz deverão trabalhar com a resolução de 1080 linhas e 1920 pixels/linha.

Para o nível SDTV, os sistemas de 25/50 Hz podem adotar vários níveis de resolução, mas sempre operando com 576 linhas ou 288 linhas (esta última seria uma LDTV). Os sistemas de 30/60 Hz igualmente podem adotar vários níveis de resolução, mas tendo como referência 480 linhas ou 240 linhas (LDTV). O DVB faz ainda uma distinção entre a SDTV e a EDTV baseado no sistema de áudio: a SDTV tem um som estéreo (2/0), utilizando MPEG-1/ camada2, enquanto que a EDTV teria áudio 5/1, portanto com MPEG-2/camada2. Opcionalmente, um sistema DVB pode utilizar áudio Dolby AC-3.

3 Japão

O Japão prevê utilizar quatro níveis de resolução. Porém, deve-se observar que no Japão existem sistemas de 50 e de 60 Hz (respectivamente, na metade norte e metade sul do país).

Embora o modelo de negócio no Japão ainda não esteja claramente estabelecido, a plataforma ISDB foi projetada para ser aplicável a diversas configurações de negócio, e não apenas para o transporte de um grande feixe de bits de televisão. Dessa forma, o ISDB tem as seguintes facilidades:

a) Um receptor de faixa estreita é capaz de receber e decodificar um segmento do sinal completo de faixa larga. Ou seja, um receptor não-televisivo (rádio ou notebook dotado de antena) pode receber e reproduzir as informações de faixa estreita do canal.

b) O feixe de bits pode ser “empacotado” em dois grupos de bits distintos, para programas ou aplicações distintas, com diferentes níveis de robustez. Esses grupos de bits podem assumir qualquer valor que seja uma fração duodecimal do feixe total.

Dadas as características da plataforma, é esperado que o modelo de negócio japonês tenda para um modelo bastante flexível, aglutinando ao serviço de televisão diversas outras aplicações, de modo a torná-lo algo mais parecido a um serviço de acesso a informações multimídia.

INVESTIMENTOS DE GERADORAS E RETRANSMISSORAS

No Brasil, existem retransmissoras:

• que recebem sinais terrestres, não só via microondas, mas também captados do ar de geradoras ou outras retransmissoras e recebidos de ‘’links’’ analógicos em UHF;

• que recebem sinais digitais, via satélite em banda C (4 GHz ) ou em banda Ku (12GHz), geralmente provindos de uma cabeça de rede geradora. Esses sinais correspondem à programação da geradora analógica;

• que recebem sinais analógicos, via satélite em banda C, das cabeças-de-rede nacionais.

A introdução da tecnologia digital traz a possibilidade, para as prestadoras do serviço de televisão, de concretizar “sonhos” de longa data: a transmissão de imagem e som com qualidade de cinema, os programas interativos e o terminal multifuncional do usuário.

Entretanto, a concretização dessa possibilidade requer investimentos em novos equipamentos e a produção de programas dentro de novos paradigmas.

Do ponto de vista tecnológico, a prestação do serviço de televisão apresenta três grandes etapas: produção, transmissão nas geradoras e retransmissão. Assim sendo, as principais etapas do processo de produção de programas de TV são: captação, que compreende a tomada de imagens e sons em estúdio ou externa; produção, que compreende a edição de programas pré-gravados ou o tratamento e transporte dos sinais em tempo real no caso de programas ao vivo; pós-produção, que compreende a adição de efeitos e sonorização nos programas pré gravados e ao vivo; transmissão e retransmissão, que compõem o processo de transporte do sinal até o telespectador final na cidade onde o programa foi gerado no caso da transmissão e para outras cidades do país no caso da retransmissão[63].

Esse capítulo aborda as questões referentes às três etapas com a finalidade de um melhor entendimento e conhecimento dos dados fornecidos.

1 A Produção

Independentemente da Transmissão e Retransmissão digital ainda não estarem implantadas no Brasil, as nossas principais emissoras de TV vêm, nos últimos 6 anos, digitalizando progressivamente os equipamentos e esquemas utilizados nas etapas de Captação, Produção e Pós-Produção as quais passaremos a chamar genericamente de Produção.

Todas as atividades da geração de conteúdo entre a gravação das cenas e a mesa de operação (cortes), se for transmissão ao vivo, ou armazenamento para posterior pós-produção, envolve a produção. Além disso, envolve também a transmissão de sinais entre estúdios e a sala de controle mestre e, no caso de reportagens externas, a interligação entre um veículo móvel e a respectiva base.

As atividades de gravação, armazenamento, edição e pós-produção são realizadas utilizando-se padrões que podem ser totalmente distintos daquele utilizado para levar o sinal até o telespectador final. No caso analógico, os equipamentos de estúdio empregados podem ser em padrão S-VHS ou componente (RGB, YUV) e, no momento de se efetuar a transmissão para os telespectadores, o material é transcodificado para PAL-M.

Com a TV digital, as diversas etapas do processo produtivo de conteúdo televisivo não devem ser alteradas na sua essência. Entretanto, cada etapa ganhará em sofisticação, em função da adição de conteúdo interativo.

As emissoras de pequeno e médio porte do Brasil que ainda não iniciaram a digitalização de seus equipamentos de produção utilizam equipamentos analógicos nos padrões NTSC, PAL-M ou Componente Analógico, convertendo, quando necessário, esses formatos para o PAL-M no momento da transmissão. Entre esses equipamentos, encontram-se câmeras, máquinas de vídeo tape, ilhas de edição, mesas de corte, monitores, entre outros. Os principais fornecedores já não mais oferecem esses equipamentos na versão PAL-M e vem reduzindo, ano após ano, a oferta nas versões NTSC e Componente Analógico, investindo quase que totalmente seus recursos no desenvolvimento da ampliação das versões digitais e de HDTV desses equipamentos.

Para as grandes redes e as maiores emissoras do Brasil que já produzem com equipamentos digitais (câmeras, VTs, mesas de corte, monitores, ilhas de edição, etc..) há uma grande variedade de famílias de equipamentos em uso, com faixas de preço distintos. Essas mesmas emissoras já vêm utilizando tal tecnologia há algum tempo em sua etapa de produção, utilizando “padrões de estúdio”. A gravação, armazenamento e edição são efetuados em forma digital e, de forma similar ao caso anterior, apenas no momento da transmissão para o usuário final é efetuada a conversão dos sinais para o analógico PAL-M. Alguns dos padrões digitais em uso nas emissoras de televisão são suportados por diversos fabricantes, enquanto outros são proprietários, tendo um fornecedor único.

Esses equipamentos apresentam uma extensa gama de preços. Por exemplo, câmeras portáteis da série DV (PAL-DV ou NTSC-DV), de uso profissional, podem custar entre US$ 4.000 e US$ 20.000, com a correspondente diferença na qualidade da imagem capturada sob condições mais críticas. Mas além das câmeras, os estúdios utilizam uma extensa gama de equipamentos e acessórios, tais como gravadores, ilhas de edição, roteadores, monitores, servidores diversos (efeitos sonoros, inserção de comerciais), além de transmissores e receptores.

De acordo com Nelson Faria Júnior, do Departamento de Engenharia da Rede Globo, em entrevista para a Revista Vídeo Zoom Magazine[64], a emissora já produz em tecnologia digital, desde a captação de externas, estúdio, pós-produção e efeitos especiais. Isto significa que não existe perda de qualidade entre a captação e o produto final. Além do mais, a Globo já se prepara há cerca de 5 anos, desde a inauguração do Projac, investindo em equipamentos que permitem à a emissora preparação necessária para a transição do sistema digital. (Ver também DOC.03).

Assim sendo, os investimentos nos sistemas de produção serão difíceis de estimar, pois dependem fortemente das estratégias que cada emissora irá adotar.

2 Transmissão

Para esse trabalho de pesquisa, considera-se Transmissão como sendo a geração de uma emissora para outra emissora, via sistemas de microondas ou satélite. Este sinal de TV não é aquele captado pelo público.

Dessa forma, pode-se dizer que várias são as etapas desde que um sinal é gerado pela cabeça-de-rede até o receptor final, ou seja:

• Transmissão: da cabeça-de-rede até a emissora afiliada.

• Retransmissão: que subdivide-se em dois tipos,

a) da emissora afiliada até o transmissor desta mesma emissora para outras localidades, isto é, neste local o sinal é inserido em um transmissor local destinado aos telespectadores da cidade; e

b) da emissora afiliada até o telespectador.

• Repetidora: a estação que serve apenas para interligar o sinal da geradora até o ponto de recepção, ou seja, são postos que recebem o sinal, amplificam e transmitem para outro ponto. Por exemplo: a TV Globo de São Paulo transmite para a TV Modelo (Bauru). Porém, o sinal passa por estações de repetição uma vez que não é possível a transmissão direta via repetidoras.

Dessa forma, as etapas para transmitir às cabeças-de-rede envolvem:

• a conversão (codificação) do sinal ou sinais do “padrão estúdio” (qualquer que seja ela, como S-VHS ou D-6) em feixes de transporte MPEG;

• a modulação desse sinal segundo um dos padrões de transmissão de televisão digital (ATSC, DVB ou ISDB); e

• a conversão para a radiofreqüência (RF) adequada, a amplificação de potência e sua irradiação.

3 Retransmissão

As programações originadas pelas geradoras são transmitidas para os telespectadores por meio de uma cadeia de estações que inclui, além das próprias geradoras, as suas retransmissoras. Estas podem estar localizadas próximas às geradoras, tendo por finalidade cobrir uma região de sombra ou estender a área de cobertura daquela; ou podem estar localizadas em pontos bastante distantes, com a finalidade de levar o sinal de televisão para municípios afastados.

Dessa maneira, o sinal recebido pela antena (seja de microondas, seja de satélite) passa pelo respectivo sintonizador. O sinal deve ser remodulado para o padrão de transmissão terrestre ao público, nos canais abertos, amplificados e finalmente transmitidos para a comunidade local.

Para o simulcasting em nível de retransmissora, existem duas alternativas. A primeira é a duplicação de todo o segmento de transmissão entre as estações; enquanto que a segunda alternativa, a transmissão via satélite, passaria a ser realizada em forma digital.

Os sintonizadores de satélite normalmente oferecem opção de saída PAL-M, ou seja, já contêm o decodificador MPEG e, com isso, o transport stream seria utilizado para a modulação digital e o sinal PAL-M, em banda-base, seria utilizado para a modulação analógica.

As implicações dessa alternativa são:

• Evita-se a necessidade de um segundo conjunto de canais de satélite para as redes de televisão, já que não há viabilidade econômica e nem disponibilidade suficiente de capacidade de segmento espacial no Brasil para que todas as geradoras possam transmitir seus sinais via satélite;

• A alternativa somente poderá ser implementada quando todas as retransmissoras contarem com um sintonizador de satélite digital (mesmo que ela não realize a retransmissão digital em um primeiro momento);

• Os usuários que atualmente se utilizam de sinais de satélite em Banda C também teriam que adquirir receptores digitais para satélite.

Estima-se que o custo do conjunto de equipamentos para a recepção e transmissão digitais para as retransmissoras fique entre US$130.000 e US$300.000 (inclusive torre), conforme a potência do transmissor (considerado de 250 W a 5 kW) e o tipo de receptor empregado para receber os sinais da geradora.

1 Custos

O custo total da parte de transmissão depende de uma série de fatores. Inicialmente, depende da possibilidade de compartilhamento da torre do sistema analógico, dado o alto custo do mesmo. Em segundo lugar, o custo do codificador MPEG depende fortemente do modelo de negócio, além da qualidade da codificação em si.

O modulador, que determina a freqüência de transmissão, depende tanto do modelo de negócio como do padrão de plataforma, assim como depende também da potência e, eventualmente, da freqüência de operação.

Portanto, estima-se que será muito alto o investimento nos sistemas de transmissão e retransmissão, que as emissoras brasileiras terão que efetuar nos próximos anos para viabilizar a transição para digital. Torna-se, portanto, imprescindível que o novo modelo de negócio da televisão digital viabilize receitas adicionais às atuais, provenientes única e exclusivamente do mercado publicitário[65].

RECEPTORES PARA TV DIGITAL

1 Introdução

A inclusão deste capítulo faz-se necessária nesta pesquisa, porque, após os estudos realizados, deduz-se que a definição do sistema digital para a TV brasileira vai influenciar e determinar novos processos para a produção em TV. Assim sendo, tanto os profissionais atuantes na área, quanto estudantes dos cursos de Rádio e TV, além de Cinema, Audiovisual, Programação Visual, Publicidade, Jornalismo, entre outros, sofrerão influência direta do futuro sistema a ser definido pela ANATEL.

A importância em relatar informações mais técnicas é relevante na medida em que as definições aqui a serem determinadas, virão a contribuir também para nossa forma de trabalhar no futuro, enquanto comunicadores sociais.

Portanto, a inclusão deste estudo sobre o mercado de TV deve-se ao fato que o meio está diretamente ligado à transição do sistema analógico para o digital.

2 A Indústria e o Mercado de Televisores no Brasil

Após a correta escolha do padrão, os receptores serão o fator mais decisivo para a implantação bem sucedida de TV Digital no Brasil. Todas as condições abaixo são absolutamente necessárias para que o Brasil não repita os insucessos da TV Digital de outros países do mundo:

• Disponibilidade de receptores que, pela sua funcionalidade, sejam atraentes e assim levem os consumidores a querer receber TV Digital;

• Funcionalidades, como compatibilidade com todos os formatos de transmissão SD e HD, imagem de definição e qualidade elevadas, áudio de alta qualidade com surround, facilidade de instalação, simplicidade de operação através de um único controle remoto, guia eletrônico de programação, datacasting, interatividade, mobilidade e portabilidade, além de multiplicidade de conteúdo;

• Preço inicial acessível a uma considerável camada da população, de forma que se assegure, desde logo, massa crítica para um crescimento rápido e sustentado do número de telespectadores. Este crescimento será auto realimentado, em função da sistemática redução de preços e do aumento das ofertas de programação em HD;

• Disponibilidades coordenadas de receptores e de transmissão digital.

Manaus é o local onde se fabrica a quase totalidade dos televisores vendidos no Brasil, em decorrência dos benefícios fiscais. A indústria teve, em 1999, uma produção de menos de 4 milhões de unidades, bastante abaixo do recorde de 8,5 milhões registrado em 96. Por outro lado, no ano de 2000 iniciou-se uma recuperação com a produção excedendo 5,2 milhões de aparelhos. O crescimento no primeiro quadrimestre de 2001 em relação a igual período de 2000 foi de 25,3%, segundo dados da Anatel, fornecidos pela Zona Franca de Manaus-AM) mas há notícias de que houve retração após o mês de maio, em decorrência da crise energética.

Há indicações de que os modelos de 14 a 20/21 polegadas são responsáveis por quase 90% da produção, em termos de quantidade de unidades. Estes televisores têm, no Brasil, preços similares aos praticados nos Estados Unidos.

Os televisores de "tela grande", tipicamente de 29, 32, 34 e 38 polegadas, constituem o complemento do mercado, ou seja, pouco mais de 10% das vendas, em quantidade. Por outro lado, esta participação vem crescendo rapidamente.

Os reprodutores de DVD vêm também tendo um crescimento de vendas acelerado: em 2000, foram vendidos quase 200 mil aparelhos, contra 23 mil em 1999. No primeiro quadrimestre de 2001 foram vendidas 126 mil unidades. O DVD é um impulsionador das vendas de aparelhos de TV de “tela grande”.

Os preços dos televisores de “tela grande” e dos DVDs, no Brasil, são, de forma geral, maiores que os praticados nos EUA, em média 25% mais altos. Esta diferença tem, entre outras, duas possíveis causas: a menor taxa de nacionalização destes produtos e os ainda baixos volumes de produção.

É importante salientar que existe uma diferença na maneira de especificar o tamanho das telas entre Estados Unidos e Brasil. Enquanto que nos EUA, é indicada a dimensão da diagonal útil da tela, isto é, fósforo visível, no Brasil, indica-se a dimensão total externa do vidro. Assim, o televisor brasileiro de 29" corresponde ao americano de 27", o 34" ao 32" e o 38"ao 36".

Assim como em todos os mercados onde está sendo introduzida a TV Digital, no Brasil os fabricantes têm grande preocupação de assegurar uma boa condução do lançamento da nova tecnologia. A confusão dos consumidores, causada pela eventual má condução mercadológica do processo, certamente teria um impacto negativo nas vendas de televisores analógicos da linha de “tela grande”, a de maior interesse daqueles consumidores que, tipicamente, serão os primeiros candidatos a produtos de HDTV.

A exportação de televisores ainda é feita em escala relativamente baixa pelo Brasil. Em 2000, o saldo de importação/exportação de televisores a cores foi positivo em 90 milhões de dólares (estes números referem-se apenas a produtos acabados e não consideram a importação de componentes).

Naturalmente, uma unificação de padrões digitais na América do Sul serviria de grande impulso para as exportações de aparelhos de TV Digital. A possibilidade de desenvolver modelos de aparelhos de TV Digital padronizados para toda a América do Sul propiciaria:

• Eliminação de duplicidade de investimentos na adaptação de produtos;

• Ganhos de escala de produção e, consequentemente, preços mais atraentes para o público e, portanto , uma penetração mais rápida.

Há que considerar que o padrão de vídeo de 50 quadros por segundo (q/s) é adotado para TV analógica (PAL-N) na Argentina, no Uruguai, no Paraguai e na Bolívia. Assim, mesmo sendo alcançado o padrão único de transmissão de TV Digital no nosso continente, muito provavelmente em 60 quadros/segundo, ainda haverá a necessidade dos produtos padrão "América do Sul" acomodarem 50 e 60 quadros/s e os diversos padrões de TV Analógica (PAL-M, PAL-N e NTSC).

Em suma, além das adaptações para a acomodação do padrão digital a ser adotado, as seguintes adaptações deverão ser feitas nos produtos para o nosso mercado:

• Decodificação analógica nos padrões analógicos PAL-M, PAL-N e NTSC;

• Varredura vertical em 50 e 60 Hz para os sinais analógicos atuais;

• Operação em 127 e 220 Volts, com amplas faixas de tolerância de tensão (100~240V), e em 50 e 60 Hz;

• Mensagens de texto na tela (On Screen Display - OSD), em Português, Espanhol e Inglês.

Na realidade, a adaptação de produtos mundiais às características acima enumeradas (exceto o padrão digital) é trivial e certamente dominada por pela nossa indústria, pois é um tipo de trabalho que vem sendo rotineiramente desenvolvido desde 1972, desde o surgimento da TV em cores no Brasil.

3 Produtos de TV Digital existentes no mundo

1 Estados Unidos com o ATSC

O mercado dos EUA tem uma demanda anual de 25 milhões de televisores novos. O comércio varejista americano de televisores mais sofisticado oferece diversos produtos para TV Digital, inclusive uma ampla linha de Televisores com capacidade de “display” em Alta Definição.

Nos EUA, é possível comprar televisores digitais integrados de HDTV. Este tipo de aparelho, contido em único gabinete, é composto, basicamente, de: um “display”, um receptor para as transmissões digitais em ATSC e um segundo receptor para as transmissões analógicas convencionais em NTSC.

No ano de 2000, a indústria americana vendeu 650 mil dispositivos de HDTV, incluindo monitores, receptores digitais integrados e set-top-box. Contudo, apenas cerca de 10% destas unidades incluía a capacidade de recepção e decodificação dos sinais ATSC “do ar” .

Um dos fatores que estão aumentando a venda de monitores HDTV é o considerável interesse dos consumidores no seu uso com reprodutores de DVD. Segundo o Relatório Integrador, pelo menos um fabricante americano (RCA) dá como brinde um Reprodutor DVD com saída progressiva aos compradores de Monitores HDTV.

O baixo volume de vendas de receptores de TV digital, muito inferior ao das expectativas iniciais, é freqüentemente associado aos graves problemas de recepção de sinal digital que ocorrem nos Estados Unidos e que vêm sendo divulgados na imprensa. Aliás, os resultados dos testes no Brasil apontaram que o padrão norte-americano não conta com uma boa transmissão terrestre. Outro ponto importante é a alta penetração da TV a Cabo nos EUA, fazendo com que a esmagadora maioria dos domicílios não tenha antena de TV para captação “do ar” .

Os receptores digitais americanos oferecem EPG (Guia de Programação Eletrônico).

2 A Europa com o DVB-T

O padrão DVB-T está em operação em alguns países europeus. No momento, a maior base instalada é a da Grã-Bretanha, onde são oferecidos serviços digitais terrestres de broadcast gratuito e de TV por assinatura.

A principal diferença do enfoque da Europa para o do Brasil é a total falta de interesse dos europeus em TV de Alta Definição. Eles vêem na TV Digital (DTV) terrestre um meio de fornecer uma melhor qualidade de TV na resolução convencional, a chamada “Standard Definition” ou SDTV, e a transmissão simultânea de diversos programas em cada canal.

Há produtos de consumo disponíveis para o público entre "Set–Top-Box " e Televisores Digitais Integrados.

Há, na Europa, ampla oferta de televisores 16:9, com varredura de 625 linhas e, em diversos casos, varredura vertical dobrada para 100Hz, de forma a evitar a cintilação característica da TV de 50 campos por segundo.

Na Inglaterra, os STBs são fortemente subsidiados pelo operador de TV por Assinatura, ficando o preço de venda para o consumidor em aproximadamente 150 dólares, desde que associado a uma assinatura.

Os receptores digitais oferecem EPG (Guia de Programação Eletrônico).

3 A Austrália com o DVB-T/7 MHz

A Austrália é, até o momento, o único país que adotou o sistema DVB-T com largura de faixa de canal de 7 MHz, diferente daquela para a qual ele foi desenvolvido originalmente (8 MHz).

O projeto de TV Digital australiano tem como foco a TV de alta definição (HDTV), ao contrário de todos os outros países DVB-T que operam exclusivamente em definição convencional (SDTV).

Adicionalmente, é também o primeiro projeto de “Broadcast” em HDTV com 50 campos/s. Outros países interessados em HDTV e com distribuição de energia em 50Hz, como a Argentina, decidiram que as transmissões de TV Digital seriam feitas em 60 campos/s, de forma a tirar proveito da escala de produção de “displays” e equipamentos de produção HD dos EUA e do Japão.

A Austrália resolveu também utilizar a codificação de áudio Dolby AC3, diferentemente de todos os outros países DVB-T, que usam simplesmente a codificação de áudio MPEG. A adoção opcional do AC3 exigiu a revisão da norma DVB-T.

O país tem uma população que não chega a 20 milhões de habitantes, mas caracterizada por alto poder econômico. Dos 6,9 milhões de domicílios, 60% têm 2 ou mais televisores.

Há apenas uma indústria montadora de televisores na Austrália, a Sharp, e a demanda atual de televisores novos é de apenas 1 milhão de aparelhos por ano.

O início das transmissões ocorreu em primeiro de janeiro de 2001. E embora o plano inicial fosse o HDTV, até o momento as transmissões estão limitadas apenas ao SDTV nos formatos 4:3 e 16:9, devido à falta de receptores que suportem HDTV.

Ainda não há oferta de aparelhos de HDTV ao mercado australiano, nem STBs, nem televisores integrados. O lançamento de um STB HD marca DGTEC estava programado para o mês de Agosto/2001. A especificação deste futuro STB HD prevê a compatibilidade com o áudio AC3 e saídas de vídeo em SDTV e HDTV.

Atualmente há apenas um modelo de STB disponível na Austrália. O aparelho decodifica apenas transmissões feitas em SDTV, tem áudio limitado ao MPEG (não decodifica AC3) e é fabricado pela Thomson. Este STB é vendido no varejo australiano a um preço equivalente a 368 dólares dos EUA. Um segundo STB, também limitado a SD, havia sido anunciado pela TEAC para lançamento em Março/2002 com igual preço. Há notícias de que, mesmo para disponibilizar este único modelo de STB SD, os “Broadcasters” australianos tiveram que investir 6 milhões de dólares e custear a produção do lote inicial, assumindo o risco do produto. Este fato também coloca em dúvida o grau de realismo do preço do STB no varejo.

O motivo de todos estes problemas parece estar ligado ao desinteresse dos fabricantes de TVs em produzir receptores de TV Digital específicos para um mercado de volume tão limitado.

Os fabricantes exerceram forte pressão junto ao Governo australiano, no sentido de poder importar os seus STBs da Europa, com as modificações limitadas somente à largura de faixa do canal para 7MHz.

Embora na Austrália não haja, até o momento, TVs Digitais Integrados, há oferta de monitores (Televisores Analógicos) com tela de formato largo 16:9 (widescreen), similares aos produtos europeus.

Os radiodifusores australianos têm elevado interesse em possibilitar a recepção móvel. Contudo, em decorrência das limitações do DVB-T na acomodação simultânea de recepção móvel e fixa no mesmo canal, com programação diferenciada, essa aplicação é ainda incerta.

No caso de a ANATEL cogitar na adoção do sistema DVB-T para o Brasil, é fundamental que tome todas providências e proceda a todas as negociações prévias necessárias, de modo a assegurar a disponibilidade de receptores digitais no Brasil. Isto para não correr o risco de ver configurar-se uma situação similar à que, lamentavelmente, observa-se hoje na Austrália.

4 O Japão com o ISDB-T

O mercado japonês tem uma demanda anual de 10 milhões de televisores novos. Destes, mais de 4 milhões são de “tela grande” (acima de 22”). Os televisores de tela 16:9 (widescreen) foram em 2000 mais de 1,3 milhões. Os dados acima estão nas estatísticas oficiais da Jeita (Associação da Indústria Eletrônica Japonesa).

O padrão japonês, embora utilize faixas de freqüências um pouco diferente das brasileiras, tem também canais de 6MHz de largura.

O foco japonês para a TV Digital está principalmente no HDTV, como o do radiodifusor brasileiro. Na realidade, o Japão vem oferecendo aos seus consumidores transmissões de HDTV em formato analógico, por satélite, já há alguns anos, embora com limitada programação e uma penetração de 800 mil receptores HDTV apenas.

O Japão iniciou os serviços de transmissão digital de HDTV no final do ano 2000, mas utilizando, inicialmente, a sua distribuição por satélite de radiodifusão diretamente ao telespectador ou através de sua posterior distribuição por cabo.

Devido ao enorme congestionamento do espectro eletromagnético no território Japonês, foram necessárias modificações em sua utilização para disponibilizar a faixa necessária para a transmissão terrestre de TV Digital (ISDB-T). Há, no momento, 11 estações experimentais de ISDB-T em funcionamento no Japão, mas o serviço comercial terrestre só se iniciará em 2003[66].

Diversos modelos de televisores digitais integrados, set-top-box e monitores HD digitais estão sendo vendidos com sucesso no Japão desde Setembro de 2000.

A meta da indústria pretendia vender 10 milhões de receptores nos mil primeiros dias. Segundo estatística da Jeita (Associação da Indústria Eletrônica Japonesa), no primeiro quadrimestre de 2001 foram vendidos:

• 52 mil Televisores Digitais Integrados para ISDB-T;

• 188 mil Set Top Boxes para ISDB-T.

Com isto a base instalada de receptores de TV Digital no Japão já totaliza:

• mais de 200 mil Televisores Digitais Integrados HD

• mais de 400 mil Set Top Boxes HD

Contudo, os “front-ends” (sintonizador e demodulador) dos TVs Digitais Integrados e STBs Japoneses são, até o momento, apenas adequados à recepção do sinal do satélite.

Espera-se a disponibilidade de receptores digitais de consumo com “front-ends” adequados à recepção do sinal terrestre em um espaço de tempo relativamente curto. Inclusive de modelos universais, que possibilitem a recepção de sinais terrestres, de satélite ou de cabo .

Na realidade, os monitores HD já são um produto maduro no Japão, contando com uma base instalada de 800 000 unidades até o final do ano 2000, recebendo as transmissões analógicas de HDTV por satélite. Estes, progressivamente, migrarão para o novo serviço digital através de STBs.

4 Definindo os produtos de TV Digital no Brasil

1 Arquiteturas do Sistema de Recepção

Podem-se definir os tipos de produtos de TV Digital que certamente serão oferecidos no Brasil nos dois primeiros anos de TV Digital. Estas definições permitirão uma melhor análise das possibilidades de usar produtos mundiais já existentes como projetos base para adaptação ao nosso mercado e produção no Brasil. A configuração possível é composta de dois aparelhos:

• "Set-top-box" ou STB - contém fundamentalmente um bloco Receptor Digital Terrestre .

• Monitor - contém o bloco “Display” e o bloco Receptor Analógico.

Com as considerações acima, pode-se agora definir mais precisamente os produtos básicos possíveis, para efeito de análise.

2 STB-HD/SD

O "Set Top Box" contém, basicamente, o bloco Receptor Digital. O STB recebe a transmissão de TV Digital em qualquer formato SD/HD de 60Hz (480i, 480p, 720p, 1080i) e, possivelmente SD de 50Hz (576i, 576p).

Opcionalmente, este tipo de STB poderá incorporar também: um receptor analógico PAL-M/NTSC/PAL-N, um receptor de DTH e entradas de sinais externos.

Estas funcionalidades adicionais simplificam os sistemas domésticos de recepção e tornam a operação fácil através de um único controle remoto, ficando transparente para o telespectador o meio pelo qual o programa chega à sua residência.

Independentemente do formato do sinal que está sendo recebido, o STB-HD/ SD, através de conversor interno e de interfaces adequadas, oferece tipicamente os seguintes formatos de saída :

SDTV - Em interfaces analógicas de diversos padrões físicos (RF/Antena, Vídeo, PAL-M/NTSC/PAL-N/ Áudio), componentes analógicas Y/R-Y/B-Y ou RGB e S-Video), de forma a exibir o programa em um televisor analógico convencional em SD ou em um Monitor-SD em 480i/60 ou 576i/50. O STB tem tipicamente capacidade de escalar a imagem de modo a produzir os diversos formatos de exibição, tal como o letterbox, por exemplo.

HDTV - Em componentes analógicas de banda larga Y/R- Y/B-Y e R/G/B que permitam a exibição do programa digital em um Monitor-HD, em 480p/60 ou 576p/50 ou 1080i/60 ou 1080i/50. As transmissões digitais recebidas em SDTV poderão ser processadas por um conversor dobrador de linhas e fornecidas nas interfaces HD em 480p/60Hz, 540p/60 ou 576p/50Hz, formatos normalmente denominados de EDTV.

No que se refere ao áudio, o STB poderá decodificar apenas o par estéreo básico ou oferecer saída para os 5.1 canais que serão provavelmente previstos no padrão brasileiro.

A saída dos 5.1 canais poderá ser analógica (6 plugs RCA de áudio) ou digital codificada (coaxial ou óptica), para decodificação externa em um home theater, por exemplo. Neste último caso, a codificação AAC adotada pelo ISDB, trará um complicativo adicional, pois os aparelhos de home theater atuais são compatíveis somente com AC3.

O STB deve oferecer uma API[67] que permita a execução de aplicativos de interatividade. O Guia Eletrônico de Programação deverá ser uma funcionalidade padrão de todo STB.

Um modem poderá equipar também o STB para prover um canal de transações que permita interatividade na sua forma mais ampla.

Outra funcionalidade que poderá se incorporada ao STB é um “slot” para cartões de Acesso Condicional, especialmente naqueles que também incorporarem Receptor para DTH.

Naturalmente, poderá haver STBs com diferentes graus de funcionalidade e preços, desde que sejam universais quanto à compatibilidade com todos os formatos de transmissão de vídeo (SD/HD) e de áudio, assegurando ao telespectador a recepção de toda a programação, qualquer que seja o seu formato de transmissão.

3 Monitor-SD

O Monitor-SD contém os blocos de "Display" e de Receptor Analógico.

Neste caso, o “Display” está limitado à exibição em “Standard Definition” (SDTV) de alta qualidade, com capacidade de exibir nos aspectos 16:9 e 4:3, podendo ter a tela nos formatos físicos 16:9 (imagem 4:3 com colunas laterais) ou 4:3 (imagem 16:9 em "letterbox").

Os sinais exibidos são os do Receptor Analógico interno e da Interface para receber sinais externos de um STB-HD/SD ou outros aparelhos como: VCR, DVD, STB de DTH e de TV a Cabo.

Basicamente, este produto é um televisor analógico convencional, podendo ter processamento digital de vídeo que permita escalar a imagem de forma a gerar os diversos formatos de exibição, embora o próprio STB, de modo geral, já ofereça estes recursos.

4 Monitor-HD

O Monitor-HD contém os blocos de "Display" e de Receptor Analógico. Neste caso, o “Display” de imagem tem capacidade de exibir em alta definição e nas relações de aspecto 16:9 e 4:3.

Os sinais exibidos são os do Receptor Analógico interno e da interface para receber sinais externos de um STB-HD/SD ou outros aparelhos como: VCR, DVD, STB de DTH e TV a Cabo.

Tipicamente, o Monitor-HD deve suportar varreduras 480p/60 ou 540p/60, 576p/50, 1080i/60 ou 720p/60. O Monitor-HD incorpora um dobrador digital de linhas para converter sinais analógicos recebidos em 480i/60 ou 576i/50 para 480p/60 ou 540p/60 e 576p/60, respectivamente. No caso dos DVDs com saída progressiva, a interconexão de vídeo poderá ser também 480p/60 ou 576p/50.

5 Televisor Integrado SD

O Televisor Integrado SD incorpora os três blocos: "Display", Receptor Analógico e Receptor Digital em um só aparelho, que tem funcionalidade equivalente ao conjunto formado por um STB-SD/HD e um Monitor-SD.

6 Televisor Integrado HD

O Televisor Integrado HD incorpora os três blocos: "Display", Receptor Analógico e Receptor Digital em um só aparelho, que tem funcionalidade equivalente ao conjunto formado por um STB-SD/HD e um Monitor-HD.

7 Outros Produtos de Consumo de TV Digital

Os produtos que foram caracterizados até agora são os convencionais que estarão presentes no nosso mercado a partir do início das transmissões digitais. Mas há dois outros grupos de produtos de TV Digital de grande interesse.

O primeiro grupo é o dos produtos que já existem, mas ainda não atingiram escala significativa devido ao seu atual custo elevado. Estes produtos sofrerão, provavelmente, uma constante redução de preços com o progresso da tecnologia e, num futuro não muito distante, se tornarão muito mais populares.

Entre estes estão os Projetores de HDTV e os “Displays” de Plasma.

É importante ressaltar que a TV de Alta Definição (HDTV) é fantástica numa tela de 32”, contudo a experiência de HDTV se revela muito mais dramaticamente em telas ainda maiores que só são possíveis com Projetores ou Displays de Plasma. Assim, é evidente que as super telas serão o sonho de consumo dos próximos anos para muitos telespectadores.

Outro exemplo deste primeiro grupo de produtos é o Gravador Digital Inteligente de TV. Esse produto, geralmente baseado na tecnologia de unidades de Discos Magnéticos Rígidos, pode ser uma unidade autônoma ou estar incorporado em um STB.

No segundo grupo, estão produtos que em fase de desenvolvimento no momento e também dependendo do estabelecimento de transmissões para suportá-los. E enquadram-se aqui os receptores veiculares de TV Digital, os Telefones Celulares compatíveis com a recepção de TV Digital, os Receptores de TV Digital em PDA (Palm top) e as Redes Integradas Domésticas.

Naturalmente, cada um dos produtos citados neste item merece um estudo detalhado, tão logo seja conhecido o Padrão e o cronograma de implantação da TV Digital no Brasil.

PERSPECTIVAS

Este capítulo procura oferecer uma visão geral do mercado brasileiro de televisão. São apresentados alguns números relativos ao atual mercado consumidor de televisores a cores, e esboçadas as características de um possível modelo de migração para a televisão digital.

1 Mercado Brasileiro de Televisores em Cores

1 Domicílios e Televisores

O Brasil possui cerca de 45 milhões de domicílios. Destes, aproximadamente 85% contam com pelo menos um televisor, perfazendo um universo de 38 milhões de lares com receptor de televisão. A distribuição de televisores não é uniforme, estando concentrada nos lares com maior poder aquisitivo. A maioria dos domicílios das classes sócio-econômicas A e B contam com mais de um receptor, conforme o indicado na tabela abaixo.

|Televisores por |Classe Sócio-Econômica |

|Domicílio | |

| |A |B |C |D |E |

|1 |2% |17% |52% |81% |55% |

|2 |20 % |45 % |40 % |12 % |2 % |

|3 ou 4 |62 % |36 % |7 % |1 % |0 % |

|5 ou mais |16 % |2 % |0 % |0 % |0 % |

|TOTAL |100% |100% |99% |94% |57% |

|Tabela 6 – Distribuição de Televisores por Classes Sociais |

|FONTE: IBOPE – Março/2001 |

Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), entre o início e meados da década de 90, os aparelhos de 14 e 20 polegadas respondiam por 95% das vendas mas, desde então, vem ocorrendo uma acentuada migração para as telas acima de 25 polegadas. A estimativa de alguns fabricantes do setor é que, por volta de 2002, esses produtos deverão responder por 25% das vendas.

2 Expectativa da queda de preços

Toda tecnologia, quando introduzida no mercado, apresenta preços elevados. Posteriormente, com a produção em grande escala, os preços caem até atingir um patamar de equilíbrio.

Quando a televisão a cores foi introduzida no Brasil, no começo da década de 70, seus preços eram elevados para a maioria da população. Hoje, a televisão é um bem de consumo durável com preços bastante acessíveis a todos. Verifica-se que a queda de preços dos televisores a cores de 20 polegadas, entre 1975 e 2001 está na proporção de 4:1, em dólares. Entretanto, isso não justifica o aparente custo proibitivo que a televisão a cores tinha quando de sua introdução.

2 Opções para a fase de transição analógico/digital

A televisão digital, por ter recepção incompatível com a televisão analógica, necessita ter o mesmo programa (conteúdo) transmitido simultaneamente por meio de um segundo canal, em um arranjo conhecido como simulcast. O canal digital poderá, além disso, transmitir outros programas e aplicações, explorando todos os recursos que a tecnologia vier a disponibilizar.

Durante a fase de transição, portanto, coexistirão canais analógicos e digitais. Ao fim desta, quando todos os usuários (ou pelo menos uma maioria significativa) tiverem migrado para o sistema digital, o sistema analógico será desativado e o respectivo canal liberado.

O modelo de transição proposto segue as linhas gerais adotadas em outros países, como por exemplo, os Estados Unidos. As transmissões digitais seriam iniciadas de forma gradativa, começando pelas grandes cidades. Isso ocorreria para que os investimentos necessários na atualização de equipamentos, particularmente das geradoras, pudessem ser adequadamente amortizados.

Do lado dos usuários, espera-se que o número de consumidores interessados das classes A/B possam formar um mercado inicial capaz de alavancar a produção em grande escala. De acordo com a pesquisa de mercado [68], o sucesso da televisão digital não depende apenas da tecnologia de transmissão, mas fundamentalmente da programação e dos novos recursos disponibilizados.

|Fase de transmissão | |Início das transmissões | | |

|voluntária | |obrigatórias | |Fim do período de transição |

| | | |

|Cidades de grande porte |

| | | |

|Cidades de médio porte |

| | | |

|Cidades de pequeno porte |

|Figura 13 – Modelo de Transição |

|Fonte: Anatel/2001 |

De acordo com a figura 13, as emissoras teriam um período de adaptação (fase de transmissão voluntária), durante o qual já poderiam realizar as transmissões no novo modelo. A duração dessa fase dependeria do porte da cidade, sendo menor para as capitais e municípios de grande porte.

Dessa forma, terminada a fase de transmissão voluntária, teria início a etapa de transmissão obrigatória, conforme indica a figura a seguir.

| | | | |

|Fase de transmissão|Fase inicial de |Fase de |Fase de transmissão |Término do Simulcast |

|voluntária |transmissões |crescimento |estabilizada | |

| |obrigatórias | | | |

| |

|Figura 14 – Fases do Simulcast |

|Fonte: Anatel/2001 |

Na etapa de transmissão obrigatória, haveria uma fase inicial, onde as emissoras transmitiriam pelo menos três horas de programação no grau de qualidade estabelecido (HDTV, EDTV ou SDTV). Nos demais horários, seria admitido que a emissora fizesse uma simples conversão do material analógico para o digital. Nessa fase, não seria obrigatória a cobertura de toda a área de prestação de serviço da emissora.

A seguir, viria uma fase de crescimento. Nessa fase, a emissora deve aumentar tanto o número de horas de programação com a qualidade definitiva, quanto a área de cobertura.

Ao final dessa fase, a emissora deverá ter 100% de sua programação na qualidade definitiva (exceto para o caso da transmissão de material antigo) e 100% da cobertura prevista no plano de alocação de canais.

A fase seguinte é a da transmissão estabilizada, em que há 100% de transmissão simultânea, enquanto se aguarda a migração dos consumidores.

O início da fase de transmissão estabilizada seria o marco para outro evento: as emissoras que porventura não tivessem iniciado as transmissões digitais até essa data perderiam direito ao uso do segundo canal, devendo realizar as transmissões digitais e analógicas em horários alternados utilizando o mesmo canal.

O término da transição poderia ocorrer simultaneamente em todo o país ou gradualmente naqueles municípios em que se verificassem as condições para a desativação do sistema analógico. Estes se beneficiariam com a introdução antecipada de novos serviços ou programações nos canais liberados.

SITUAÇÃO BRASILEIRA

O padrão de transmissão da TV digital a ser adotado no Brasil ainda não foi determinado, mas as emissoras de TV, produtoras independentes e fornecedores de serviços já estão começando, timidamente, a se aproximar do formato. Alguns projetos já estão sendo captados em câmeras HDTV e outros têm captação em película e finalização nos novos equipamentos de telecinagem e edição digitais de alta definição.

A TV Record e a Rede Globo foram as primeiras a demonstrarem a nova tecnologia da alta definição. Na fase de experiências, em 1998, a Rede Globo realizou seus primeiros testes durante a transmissão da Copa do Mundo de Futebol ocorrida na França.

Além desse evento captado em alta definição, os dois últimos episódios do seriado “Mulher”, foram realizados em estúdio com câmeras HDTV utilizando lentes fixas (tal como as de cinema) no final de 99. Já em 2000, a emissora fez a cobertura do Carnaval, assim como toda a parte de dramaturgia do seriado “A Invenção do Brasil”, exibido na semana do Descobrimento (Abril/2001), também foi captada no formato. A emissora ainda não estabeleceu um projeto de implantação do sistema com a realização dos testes, mas eles apontam uma linha a ser seguida.

As demais emissoras ainda não começaram a realizar testes propriamente ditos. O SBT já adquiriu três câmeras e pretende utilizá-las assim que forem definidos os rumos da dramaturgia na emissora. Segundo o departamento de engenharia do SBT, mesmo sem a definição do padrão de transmissão, as pesquisas de equipamentos serão suficientes para oferecer um sinal digital para a região da capital paulista, conforme já vem ocorrendo. No caso da captação, porém, a orientação é a de que, se o novo estúdio destinado à dramaturgia for realmente montado, toda a estrutura será compatível com HDTV.

Na TV Record as pesquisas de mercado também existem, mas a emissora não pretende realizar nenhum teste enquanto não estiver definido o formato de transmissão. A emissora chegou a receber algumas câmeras para teste, mas preferiu aguardar o desenvolvimento do sistema.

Fora das grandes redes de TV, as iniciativas ainda são poucas, mas a alta qualidade do resultado vem surpreendendo quem se aventura pela nova tecnologia. A primeira experiência de produção total em HDTV foi feita pelo jornalista Nelson Hoineff, que criou um documentário para a Mostra do Redescobrimento (2000). Nesse caso, o maior destaque esteve na exibição, que também foi feita, pela primeira vez, em HDTV[69].

1 Padrões: Qual a melhor escolha?

O mercado brasileiro desperta o interesse dos maiores investidores, tanto na área industrial quanto na de serviços, pois os 172 milhões de brasileiros poderão comprar até o equivalente a US$ 10 bilhões por ano, por volta de 2007, em equipamentos e serviços de multimídia e telecomunicações. Daí a guerra dos lobbies que tentam convencer a Anatel e o governo a adotar o seu padrão de TV digital, a ser escolhido entre os três existentes: o norte-americano, o europeu e o japonês.

Nunca se viu uma guerra tão acirrada de lobbies no Brasil quanto a que ocorre a respeito da escolha do padrão de TV Digital a ser adotado. A decisão depende, em grande parte, das negociações internacionais que a Anatel está promovendo com os governos norte-americano, japonês e europeu. E cada grupo possui fortes motivos para defender seu sistema.

Os argumentos mais fortes dos norte-americanos é a possível compatibilidade entre os países latino americanos virem a adotar o sistema ATSC, que já opera em mais de 200 canais de televisão dos EUA. Utilizando a mesma largura de faixa de freqüência prevista para o Brasil (6 Megahertz), o sistema abre a possibilidade do uso de apenas a metade dessa largura de banda para os canais de TV digital, ficando o restante para a prestação de outros serviços, como comunicação de dados de alta velocidade, Video On Demand (transmissão de filmes ou programas de TV a pedido do espectador), teleshopping ou e-commerce, jogos eletrônicos e outros. Um dos pontos criticados no sistema norte-americano é a impossibilidade de recepção com antena interna. Os defensores do sistema ATSC dizem que a recepção pode ser feita com antena externa, como nos EUA, e que os preços de uma antena externa não são elevados. Aliás, no Brasil, a grande maioria (85%) dos televisores que recebem sinal aberto utilizam antena externa. Outra solução seria aumentar a intensidade do sinal, embora encontre muita resistência em tempos de crise energética.

Já o sistema DVB, adotado na Europa, tem o maior número de usuários, certo amadurecimento tecnológico, porém utiliza-se de uma faixa de freqüência mais larga, com 7 ou 8 MHz. O sistema foi adotado na Austrália, com a opção da largura de faixa de freqüência em 7 MHz.

O diretor-executivo do Projeto Europeu, Peter MacAvock, e o engenheiro Salomão Wejnberg, representante do sistema DVB no Brasil, lembram que, com a largura de 7 MHz, o sistema permite até três canais de TV digital e ainda sobram freqüências para outros serviços.

O DVB é, na realidade, uma família de padrões, com variantes como: DVB-T, para transmissão terrestre; DVB-C, para televisão a cabo; DVB-S, para difusão via satélite; DVB-MC, para difusão via microondas até 10 GHz; e DVB-MS, para microondas acima de 10 GHz.

Para Ethevaldo Siqueira, o padrão europeu é acusado de “vender” a ilusão de que, com a digitalização, a televisão aberta resolverá todos os seus problemas de qualidade de imagem, dispensando o salto para a alta definição. Tudo indica que as pessoas querem chegar à alta definição (HDTV), com imagens ainda mais perfeitas do que a da TV digital. A vantagem será o maior número de linhas e de pixels (elementos de imagem) contidos na TV de alta definição. E as pesquisas realizadas pelo CPqD demonstram que o público brasileiro quer mesmo uma televisão com imagem de alta definição.

Ao que se diz respeito ao padrão japonês, o ISDB, (Integrated Services Digital Broadcasting), sabe-se que ainda não opera comercialmente. Os primeiros 100 mil domicílios japoneses recebem imagens de TV digital exclusivamente via satélite. Ou seja, as transmissões comerciais em sinal aberto terrestre só deverão começar em 2003 ou 2004.

Os japoneses argumentam que seu sistema é o mais sofisticado, pois permite, inclusive, recepção móvel em trens, ônibus ou automóveis. O número de outras facilidades e recursos é tão grande que o sistema foi apelidado carinhosamente de “canivete suíço da TV digital”[70].

O relatório de testes ABERT/SET aponta o padrão japonês como o mais adequado ao Brasil. Mas os outros padrões também entraram “em jogo” tentando convencer que deram certo em seus países e porque não dar certo no Brasil. Os testes realizados entre 1998 e 2000, foram realizados com os três padrões (ATSC, DVB e ISDB). E é nisso que a ANATEL pretende tomar como base para a escolha, mais uma vez adiada[71], que provavelmente ocorrerá no início de 2002.

2 E o que vai mudar no modo de se ver TV?

No início da televisão, os telespectadores não entendiam muito bem o que vinha a ser tal meio e nem estavam habituados às mudanças tecnológicas. Através de conversas informais com pessoas que presenciaram o advento desta mídia, na maioria delas constatei que referiam-se à TV como “um rádio com imagens”. Afinal de contas, esta fôra a maior expectativa durante o início dos anos 50.

Para efeitos comparativos, imagine que um televisor, tão comum hoje em dia, custava naquele período a metade do preço de um automóvel. Era o valor, literalmente, dado à nova tecnologia. Sem concorrência, as empresas que dominavam o mercado poderiam vender aos interessados os aparelhos televisores pelo preço que lhes interessasse. Tal como o rádio em seu início, o televisor representava status para aqueles que o possuíam.

E o tempo passou.

A TV saiu do preto e branco e ganhou cores. Deixou as válvulas e entrou na era do circuito integrado, permitindo a miniaturização dos componentes assim como o desenvolvimento de novas tecnologias. Hoje até existem televisores que mais parecem quadros já que são pendurados nas paredes das residências! Sem falar nas possibilidades que a televisão, enquanto meio de comunicação, irá proporcionar com a chegada da TV Digital.

Através deste trabalho de pesquisa, pude compreender que a tecnologia não só mexe com a estrutura do meio, mas sim com uma série de fatores que fazem parte da televisão. Além dos profissionais que colaboram tanto dentro de uma emissora, quanto aqueles que são independentes, existe a questão de produção de programas (materiais próprios e captação de imagens). Primeiramente, se pensarmos no caso do jornalismo, como exemplo, que já é real, este passa por uma reformulação na sua forma de realização. Com a miniaturização das câmeras e as possibilidades da edição não-linear, os profissionais estão buscando preparos adicionais dentro da área técnica, o que de certa forma, não é lá muito bom para o Radialista, já que o campo de trabalho deste profissional está sendo ocupado por outros e já não é dos maiores... O que está sendo comum – e se tornará ainda mais – é o próprio repórter ser responsável (além do próprio texto) pela captação e edição de imagens. Isto é fato na TV Globo, que possui equipamentos Mini-DV (formato digital) de fácil manuseio e que proporcionam as vídeo-reportagens. O repórter Luís Nachibin, em entrevista ao programa Vitrine, da TV Cultura, exibida em agosto/2001, disse que hoje atua como um freelancer para a TV Globo. A emissora fornece a câmera (Mini-DV) e o profissional realiza seu trabalho, já que o equipamento está cada vez mais automatizado e, portanto, mais fácil de operar. Isto proporcionou à emissora redução de despesas com viagens – principalmente as internacionais – e profissionais que tinham que se deslocar por vários dias.

Dessa forma, nota-se que a tendência é o surgimento de um profissional que aqui refiro-me como “multitarefa”. Embora as produções assumiram, nos últimos tempos, um grau de elaboração muito alto, ao mesmo tempo o número de profissionais necessários na produção diminuiu. A preocupação das emissoras é trabalhar-se muito, mas com um quadro efetivo menor. E isto não acontece somente no setor televisivo, mas em todos aqueles que passam por adaptações tecnológicas.

A interatividade na TV – proporcionada pela TV Digital – provavelmente exigirá a criação de outros perfis profissionais, com uma formação mais direcionada para a tecnologia digital. Inclusive, aproveito para destacar um termo que o repórter Mário Bonfiglio, da Revista Vídeo Zoom Magazine, cita em relação ao surgimento de novos profissionais: operador de sistemas digitais, que será o elo entre os diversos setores da produção[72]. Este profissional, provavelmente, será o responsável pelo tratamento e direcionamento dos diversos formatos de arquivos de dados e vídeo para todos os demais setores de uma produtora ou emissora de televisão. De certa forma, isto possibilitará a aplicação instantânea de imagens ao vivo na televisão, além de abastecer servidores de dados para o jornalismo e, também, para o arquivo.

O profissional encontrará além da necessidade de se aperfeiçoar dentro da área através de cursos de qualificação e/ou especialização, a necessidade de ter um diferencial perante todos ou demais: a criatividade. Isto é válido não apenas para quem trabalha com a produção e sim todos os profissionais envolvidos dentro de uma emissora.

A sensibilidade e a criatividade do profissional vão desde o câmera responsável por compor imagens até o diretor geral que estarão lidando com um novo paradigma, portanto, um novo modo de se fazer TV.

Portanto, o mercado tende ao crescimento pelo fato de que as emissoras darão preferências às produtoras independentes para produção de programas e conteúdos para acesso durante a programação. Provavelmente, as produtoras de vídeo passariam a produzir conteúdos para a TV além dos serviços de acesso, tal como o Video on Demand (vídeo por encomenda), assim como a realização de produções televisivas independentes, além de programas segmentados.

3 Daqui pra frente o que será diferente

Enfim, século XXI.

Todos que um dia assistiram ou ouviram falar de “2001 – Uma Odisséia no Espaço” ou do desenho “Os Jetsons”, imaginavam que este seria o século onde tudo já seria tão moderno que, ao menos, nossos eletroeletrônicos já fariam “contato” conosco. Ou ainda, que tudo fosse resolvido por um único botão e pronto: teríamos todas as facilidades da vida moderna.

Não vamos dizer que o futuro imaginado ainda na década de 60 – ou um pouco depois – não tenha se aproximado dos indivíduos. Surgiram as revoluções tecnológicas que nos proporcionaram evoluções no decorrer dos tempos.

O que nos interessa, para este trabalho de pesquisa, está na evolução dos meios cinema e televisão. O Cinema, nascido há mais de cem anos, foi o grande incentivador do surgimento da televisão. Primeiro, apenas retratava as atividades da vida cotidiana; não tinha som e muito menos cor. Graças aos trabalhos de pesquisa daqueles que insistiram em melhorar o meio, o cinema aderiu às novas tecnologias e não perdeu seu espaço. Quando, em 1927 o cinema mudo deu espaço ao sonoro, as personagens passaram a imortalizar frases e pensamentos, enquanto os diretores trabalhavam de um jeito novo, apropriado para a “tecnologia” da época. Assim sendo, a maleabilidade do meio permitiu que o cinema não estivesse com seus dias contados a partir do surgimento da televisão. Se hoje o cinema é digital, é pelo fato de que ele pode ser assim, devido aos avanços que a tecnologia nos permite a fim de proporcionar mais qualidade, principalmente no que se diz respeito à técnica.

De fato, as proporções do retângulo dos filmes de 35 mm são incompatíveis com a tela quase quadrada (4:3) da TV. Ou seja, mesmo com a alta definição, é fato que o nosso televisor não será nunca uma tela de cinema, seja devido às proporções de tela, ou pelas diferenças das imagens na tela (é preciso considerar que a tela do televisor tem luz emitida enquanto que o cinema tem luz projetada). Utilizo-me das palavras de Arlindo Machado[73] quando explica que uma TV de alta definição estaria a meio caminho entre cinema e televisão, ou seja, uma espécie de cinema eletrônico. Mesmo ainda não estando definitivamente na era da alta definição, a evolução dos meios para o digital oferecerá possibilidades de transferir itens do universo da produção cinematográfica para as mesmas tecnologias das produções em TV. O exemplo foi o seriado “Mulher”, que utilizando-se das câmeras em HDTV, foi necessário repensar enquadramentos, iluminação, cores e materiais para obter-se um resultado positivo.

Em relação à mudança para o padrão de alta definição para a TV, certamente, isto implicará uma melhora significativa na resolução de imagem. Mas o padrão estético do novo formato depende de uma adaptação, ou até de uma revolução completa dos técnicos e profissionais da área. Tudo começa pela proporção. Se o formato 4:3 da televisão transforma-se em 16:9 no HDTV, os enquadramentos acabam sendo totalmente diferentes. Não poderia deixar de citar HOINEFF[74] que, durante a realização de um curta em HDTV para a Mostra do Redescobrimento ocorrida durante o segundo semestre de 2000, teve a necessidade de pensar no novo enquadramento e no “impressionante” tamanho da tela.

Além do mais, Hoineff explica que as relações de contraste e brilho mudaram e certas cores ficam mais realçadas. Assim sendo, vale ressaltar que além do cuidado com os enquadramentos e cores de cenários e figurinos, será preciso atenção ao que se diz respeito à iluminação. Ou seja, dentro do quadro haverá mais espaço para detalhes até então não observados ou percebidos pelas atuais câmeras de TV. Se com as câmeras digitais já nota-se um certo cuidado com luz, imagine quanto maior não será a preocupação com a iluminação!

Até aqui pensamos em uma das possibilidades proporcionadas pela plataforma que virá a ser escolhida pela ANATEL, ou seja, a alta definição. Mas a abertura para a convergência de mídias é uma das preocupações das emissoras já que o sistema digital permite a transmissão não só de som e imagem como de dados e textos.

Depois da alta definição nos televisores, este como sendo o principal produto que divulgará a TV Digital após sua implementação, o segundo passo será a TV Interativa. Quem não irá compartilhar a idéia de poder assistir a um jogo de futebol ou um capítulo de novela por um ângulo opcional e distinto? Saber qual é a marca e a loja mais próxima que oferecem o produto visto na minissérie? São fatores que abrem portas para a chamada TV interativa. Até então, comportava-se como um veículo passivo, onde o telespectador ligava o aparelho e o máximo de interatividade que conseguia (o que não acho que seja interatividade) era zapear de canal em canal via controle remoto. A interatividade promove a opção: utilizar-se de ferramentas que possibilitam o telespectador de agir diante do monitor.

Mas a interatividade começou antes mesmo da TV de alta definição se considerarmos o exemplo a seguir. Para os assinantes do sistema de TV por satélite Sky, a partida entre Vasco e Bahia, válida pelas oitavas de final da Copa João Havelange, em novembro de 2000, houve a possibilidade de experimentar, na transmissão Pay-Per-View, os recursos da TV Interativa. A tela do aparelho foi dividida em seis pequenos monitores, que mostraram, simultaneamente, a partida sob vários ângulos: o ângulo tradicional de transmissão, dois ângulos atrás dos gols, replay com delay de 30 segundos, os melhores momentos e os gols de outras partidas. A interatividade também permitia que o usuário, por meio do controle remoto, maximizasse a tela desejada.

O sucesso da estréia fez com que a Sky exibisse outras sete partidas de futebol no formato interativo e estendesse a experiência para espetáculos como o Free Jazz Festival, a Copa Davis de Tênis 2001 e o Oscar 2001[75]. Na entrega do maior prêmio do cinema norte-americano, o assinante pôde acompanhar a cerimônia em seis canais. Além dessas transmissões, o serviço de TV por assinatura oferece outros recursos interativos, como a TV Inteligente, que permite reservar um programa e ser lembrado cinco minutos antes de começar e escolher filmes em Pay-Per-View.

|Figura 15 – Tela do Canal Telecine (Sky) durante a cerimônia de |

|premiação do Oscar/ 2001 |

Assim como a Sky, a DirecTV também realizou estas experiências com jogos de futebol, em canais variados, onde pelo acesso ao controle remoto, conseguia-se assistir às partidas por ângulos distintos, o que faz do espectador praticamente um “diretor de imagens”.

Outra experiência de TV digital no Brasil ocorre bem longe dos olhos curiosos do público da TV aberta. Está restrita a um grupo de 250 usuários do serviço NET, oferecido pela GloboCabo em Sorocaba, Estado de São Paulo.

Através dos estudos que realizei no decorrer dessa pesquisa a respeito, pode-se dizer que um sistema de televisão digital é composto por três camadas, isto é, plataforma de transmissão, modelos de negócios e aplicações (ou recursos). Por enquanto, aguarda-se uma definição destas três camadas. E somente a partir daí é que poderemos afirmar com maior precisão quais serão as tendências e o que ocorrerá com cada uma. Este projeto propôs, através de dados referentes às pesquisas já realizadas pela Anatel, dar um panorama geral do que vem a ser a TV Digital e suas funcionalidades. Além disso, buscou a evolução tecnológica dos meios (cinema e TV) a fim de estabelecer comparações e tentar respostas para uma grande questão: o cinema perderá espaço para a TV? Após esta pesquisa, creio que não. Cada meio conta com seu espaço e por mais que se aproximem, serão linhas paralelas que, de acordo com a geometria, não se cruzam.

Portanto, o cinema contribuiu com o avanço da TV. Mas ele também se transformou e chegou à digitalização, por exemplo. Disputando espaços nesta evolução tecnológica, pode-se dizer que foi a TV quem sempre quis se aproximar do cinema em relação à sua alta definição de imagens e sons e não o contrário. Assim sendo, os filmes continuarão sendo produzidos para o cinema e a TV é um meio para também distribuí-los.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se dizer que toda evolução tecnológica é um processo natural que os meios de comunicação atravessam para “sobreviver” e manter-se através dos tempos. O fato de existir uma renovação para que se modernizem, tanto com novas linguagens ou novas técnicas mostra que a tecnologia não é revolucionária e sim evolutiva.

Ao longo de sua história, a televisão vem sofrendo transformações, tanto em relação aos recursos de linguagem como aos de suporte tecnológico – este como sendo a principal abordagem desta pesquisa.

Assim sendo, ao utilizar-me do método hipotético-dedutivo para a concepção desta monografia precisei ter acesso, além das fontes bibliográficas, aos mais diversos documentos, dados e referências, a fim de confrontar informações, criando bases para melhor compreensão deste tema. Até então pouco explorado pela área da Comunicação, o assunto TV Digital tem relevante importância na medida em que o profissional desta área possa conhecer informações básicas, porém necessárias, para saber o que fazer quando essas idéias e conceitos tornarem-se parte da realidade.

Durante esta pesquisa procurei, de maneira um tanto que imparcial em certos momentos, apresentar a evolução tecnológica TV, o porquê da digitalização dos sinais, a relação cinema e alta definição (HDTV), assim como as características do sistema de televisão digital e suas possíveis (e prováveis) aplicações de acordo com a plataforma ser escolhida pela ANATEL.[76] Escolha que provavelmente ocorra no decorrer do primeiro semestre de 2002.

Portanto, a partir dessa pesquisa, posso dizer que o que será conhecido como TV Digital irá representar um novo conceito na tecnologia de transmissão e recepção de sinais de televisão. Ou seja, uma somatória de novas funções e de novos meios de gravação, geração e transmissão de sinais de áudio e vídeo, além da transmissão de dados.

Novas maneiras de relacionar-se com a televisão enquanto telespectadores. Novas formas de produzir televisão enquanto profissionais habilitados na área da Radiodifusão. Com a chegada da TV digital, todos nós experimentaremos novas maneiras de nos relacionarmos com a mídia chamada televisão. Ou seja, pode-se dizer que as mudanças na estética e na linguagem televisiva dentro do universo digital estão apenas em seu inicio.

Assim, enquanto produtores e futuros produtores, devemos nos preparar para ver, viver e aprender com a primeira evolução tecnológica desde Baird, que modificará desde o modo de assistir e de se fazer televisão. Isso faz parte de um processo evolutivo e não revolucionário, portanto, preparemo-nos, pois a transição já começou: televisão, digitalização. Enfim, TV Digital.

G L O S S Á R I O

GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS

ABERT – Associação Brasileira de Empresas de Rádio e TV, fundada em Brasília em 1962. É uma sociedade constituída por empresas privadas de radiodifusão autorizadas a funcionar no país.

AC-3 - Também conhecido como Dolby Digital. Este é o formato de som que se utiliza de 5 canais separados (frontal esquerdo, frontal direito, central, esquerdo e direito atrás do espectador) e um canal de subwoofer.

A/D – Símbolo para conversor de analógico para digital.

ADSL (Asymmetrical Digital Subscriber Line) – Sistema que possibilita transmissão de sinais em banda larga nos cabos telefônicos metálicos.. É a tecnologia que permite altas velocidades (acima de 8Mbps) no acesso à Internet pelo uso de linhas telefônicas convencionais. É a mais comum das tecnologias DSL, que são vistas como possíveis estágios intermediários na transição para redes totalmente ópticas.

Afiliadas – Estações de TV que transmitem a programação da emissora principal e fazem parte de uma rede.

Alta Definição – Sistema de TV cuja resolução está mais próxima à do filme de 35 mm, enquanto a Televisão comum é comparável ao filme de 16 mm (em termos de resolução)

Amplificador – Dispositivo eletrônico que aumenta a intensidade de um sinal.

Analógico – Sinal elétrico contínuo que transporta informação na forma da variação de grandezas físicas como amplitude ou freqüência.

Anamórfico - É um processo para filmagem e projeção de filmes com imagem alargada em salas de cinema. Uma câmera especial é usada para ajustar a imagem horizontalmente durante a etapa de fotografia e lentes auxiliares são usadas no projetor a fim de restaurar o comprimento da imagem durante a exibição. O processo anamórfico é usado em muitos filmes com relação entre largura e altura na proporção de 2:35:1, mais especificamente nos atuais Panavision, e nos antigos CinemaScope. Filmes anamórficos podem ser reproduzidos em telas de TV normal (4:3 ou Letterbox) ou em Formatos 16:9 (Widescreen).

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações. Órgão regulador do setor no Brasil.

Animação – Técnica que transforma quadros parados em cenas em movimento.

Antena parabólica – Antena utilizada quase sempre para comunicação com satélites. O formato parabólico garante, teoricamente, que todos os sinais paralelos que atingem a antena se concentrem sobre um único ponto, o foco.

API (Application Programming Interface) – Interface entre o sistema operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais como jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros. Assim como a interface gráfica é uma interface entre o usuário e a máquina, a API é a interface entre a aplicação utilizada pelo usuário e o sistema operacional da máquina.

Aplicação – Refere-se a softwares que, utilizando como infra-estrutura a plataforma e o serviço de televisão, disponibilizam recursos e funcionalidades aos usuários.

Armazenamento local de informações – Funcionalidade dos receptores de televisão, ou de módulos acoplados aos mesmos, que permite o armazenamento de informações (programas) em discos magnéticos ou outros dispositivos, com a finalidade de possibilitar um melhor processamento das informações pelo receptor, bem como para possibilitar facilidades como a navegação hipermídia ou o deslocamento temporal para o usuário.

Artefatos (Artifacts) – São irregularidades do sinal de vídeo quando ele está na forma digital, ou seja, pequenos “defeitos” na forma de mosaicos percebidos na imagem de TV quando há problemas na transmissão digital.

ATSC (Advanced Television Standards Committee) - Comitê norte-americano que definiu o padrão para a televisão digital, que entrou em funcionamento naquele país em 1998. O ATSC também é conhecido como o padrão americano de TV Digital.

Áudio - É a parte do sinal que carrega as informações de som.

Áudio adicional - Refere-se aos fluxos elementares de informação de áudio que são transmitidos junto a um programa, especialmente aqueles destinados a serem reproduzidos de forma alternativa, tais como dublagens em diferentes idiomas.

Áudio 5/1 –Processamento de som Surround (que envolve) com seis canais de som digital utilizando 5 canais de som mais um canal dedicado para subwoofer.

Banda – Termo que designa uma determinada faixa de freqüências do espectro eletromagnético.

Banda C - Faixa de freqüências de microondas situada entre 3,7 GHz e 4,2 GHz. É utilizada na comunicação por satélites e também em links terrenos.

Banda de guarda - Faixa estreita de freqüências deixada vazia entre duas faixas vizinhas e em uso. Destina-se a garantir proteção contra interferências entre as faixas vizinhas.

Banda Ku - Faixa de freqüências de microondas, de 10,95 GHz a 12,7 GHz, utilizada entre outras coisas para aplicações espaciais e nos serviços de DTH.

Banda larga - Faixa ampla de freqüências, usada para vídeo e serviços integrados em geral, com som, imagens e dados.

BER (Bit Error Rate) – Abreviatura de taxa de erro para processamento digital. Índice que mede a quantidade de erros (e portanto a qualidade) de um sinal digital.

Beta – Formato magnético e mecânico para VTs.

Betacam – Câmera ou VT no formato Beta. Pode ser analógica ou digital.

Bidirecional - Rede que permite o tráfego de sinais nos dois sentidos simultaneamente.

Bit (Binary Digit) – A menor unidade de um sinal, quando este se encontra na forma digital. Pode assumir o valor 0 ou 1.

bps - Bits por segundo. Medida de velocidade de transferência de dados.

Brilho – É um dos atributos da sensação visual. Os outros são matiz e saturação. É a capacidade que tem um objeto de sensibilizar um sistema de captação (olho humano, câmera de TV, entre outros).Diz respeito à potência luminosa emitida, ou refletida, pelo objeto.

Broadcast – Radiodifusão em canais abertos, de livre acesso ao público.

Broadcasting – Transmissão de uma informação (áudio, vídeo ou ambos) para uma comunidade, usando antenas. É sinônimo de Radiodifusão.

Byte – Conjunto de oito bits, formando uma unidade de informação. Usualmente cada byte corresponde a um caractere.

Cabeça de Rede – Principal emissora de uma rede com a mesma programação.

Cabeça de VT – Cabeça usada nos videoteipes. Podem ser de áudio, vídeo, control track, sincronismo ou , de um modo geral, cabeças gravadoras, reprodutoras e apagadoras.

Campo – É a metade de um quadro. Dois campos formam um quadro, que é a menor informação de TV. A TV brasileira em cores opera com 59,94 campos por segundo; a TV preto e branco operava com 60 campos por segundo, para acompanhar a freqüência das concessionárias de energia elétrica (60 ciclos).

Canal - Para a televisão, “canal” pode ser entendido como um meio de comunicação entre um ponto (de origem) e uma área (de recepção). Nesse caso, mais especificamente, o canal corresponde a um espaço do espectro de freqüências utilizável para a transmissão de um conjunto de informações (6MHz no caso brasileiro).

Canal aberto – Canal de livre acesso (recepção gratuita).

Canal adjacente – Dois canais são adjacentes quando não há intervalo de freqüência entre eles, ou seja, são próximos.

Canal de retorno – Meio físico utilizado para o escoamento de informações no sentido ascendente, ou seja, do telespectador para a emissora.

Canal de retorno não-dedicado - Canal de retorno não integrado ao sistema de transmissão, valendo-se de outras redes de telecomunicações por demanda, usualmente sendo utilizada a rede telefônica comutada.

Canal de retorno dedicado - Canal de retorno integrado ao sistema de transmissão, empregando a mesma tecnologia que a utilizada no sentido descendente, ou seja, da emissora para o espectador.

Canal de TV – Faixa do espectro eletromagnético alocada a uma emissora para irradiar seus programas. No Brasil, que é sistema PAL e padrão M, o canal ocupa a faixa de 6 MHz.

Cinemascope - Introduzido em 1953, o cinemascope oferecia uma tela de cinema maior do que os espectadores estavam acostumados. Utilizava-se o processo da anamorforse, que consiste comprimir a imagem na filmagem para descomprimir na projeção.

Cinescópio – Tubo de imagem que converte variações de sinal eletrônico em variações de brilho.

Codificação – Técnica para transformar uma informação de um sinal, alterando um dos seus parâmetros. Para recuperar a informação original precisa-se de um decodificador adequado.

Codificador - Dispositivo que faz a codificação.

COFDM (Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing) - Padrão europeu de codificador de TV digital.

Compressão digital - Técnica de compressão de sinais digitais em que se agrupam bits iguais ou redundantes, reduzindo-se assim a largura de banda necessária para a transmissão da informação. Quando se usa compressão digital, pode-se fazê-lo com ou sem perda da informação original. No primeiro caso, é necessário definir o quanto de perda o sistema permitirá, ou seja, qual a taxa de compressão a ser aplicada.

Comprimento de onda - Distância percorrida em um ciclo por uma onda eletromagnética, durante o seu período (ciclo).É calculada pela divisão da velocidade de propagação da onda por sua freqüência.

Conteúdo - Conjunto de informações contido em um programa ou em uma programação.

Convergência - Tendência tecnológica e de mercado de integração de diversos serviços, incluídos transporte de vídeo, dados e telefonia.

Conversor - Equipamento instalado na casa do assinante que converte os canais não-codificados recebidos pelo cabo em canais sintonizáveis pela TV.

Crominância - Componente com a informação de cor num sinal de vídeo, isto é, sinal que leva a informação de matiz e saturação da imagem.

D/A - Conversão de digital para analógico.

Dados – Qualquer informação ou grupo de bits que não se refira especificamente a vídeo ou áudio.

dB - Unidade logarítmica padrão utilizada, entre outras coisas, para quantificar ganhos e perdas de potência em dispositivos tanto de entrada quanto de saída.

Datacasting - Refere-se à transmissão de fluxos de dados que serão armazenados e processados pelo receptor.

Decoder – Equipamento destinado a recuperar uma informação, previamente processada por um encoder. Ver encoder.

Decodificação - Trazer os sinais anteriormente codificados a sua forma original.

Decodificador - Aparelho que permite a visualização de sinais anteriormente codificados.

Demultiplexação - Processo aplicado a um sinal composto formado por multiplexação, para recuperação dos sinais independentes originais ou grupos desses sinais.

Definição – Sinônimo de resolução. Capacidade que um sistema tem de reproduzir detalhes de uma imagem. Quanto maior a resolução, maior a capacidade do sistema em mostrar pequenos elementos de imagem. Quando a resolução se aplica à câmeras, é comum usar o termo definição.

Deslocamento temporal - É um atributo pelo qual o usuário pode, de uma forma limitada, controlar o tempo e o ritmo de exibição dos programas, interrompendo para continuar em outro momento (pausa), avançando o enredo mais rapidamente (avanço rápido, caso o programa já esteja gravado), rever alguma cena passada ou simplesmente para desfrutar o programa em outro horário mais conveniente. Isto poderá ser feito com o uso do armazenamento local de informações.

DTH (Direct to Home) - Sistema digital de transmissão e recepção de TV via satélite. Utiliza mini antena parabólica, com decodificador digital que recebe o sinal.

Digital – Sistema oposto ao analógico, utiliza-se da forma binária (que combina os números binários 1 e 0 alternadamente), de modo a manipular informações sem a perda de qualidade da mesma.

Digitalização - Transformação de uma informação analógica, seja imagem, som, vídeo ou qualquer outra em uma seqüência de códigos binários.

Display - Tela para mostrar alguma informação, seja ela telas de computadores, monitores, entre outros.

Distorção - Mudança não desejada na forma de onda que ocorre entre dois pontos de um sistema de transmissão.

Dolby – Também conhecido como sistema que processa o áudio reduzindo os ruídos, o Dolby foi desenvolvido em 1977 para gerar o efeito surround nos cinemas, e que depois ganhou sua versão doméstica. Trabalhava com quatro canais: esquerdo, direito, central e traseiro.

Download - Transferência de um arquivo de um computador remoto para um computador local.

DV - abreviatura de Digital Video, sistema de gravação digital de alta definição, desenvolvido pela união das empresas Hitachi, JVC, Mitsubishi, Panasonic, Sanyo, Sharp, Sony, Thomson, Toshiba e Philips, no final de 1993.

DVB (Digital Video Broadcasting) - Consórcio europeu formado para definir padrões para a TV digital.

DVB-T – Sistema digital de transmissão terrestre criado a partir do Consórcio Europeu.

DVCAM - sistema desenvolvido pela Sony que utiliza a tecnologia DV.

DVCPRO - sistema desenvolvido pela Panasonic que utiliza a tecnologia DV.

EDTV (Enhanced-definition Television) - Sistema proposto para uma evolução intermediária à ATV, com pequena melhoria de qualidade de áudio e vídeo em relação à TV convencional.

Efeito mosaico - efeito digital que fragmenta a imagem em pequenos quadrados.

Elemento de Imagem: Menor detalhe de uma cena que o sistema de TV consegue mostrar na tela. (Ver pixel)

Elemento de informação - Conjunto de bits que contém uma informação completa em si, como por exemplo um texto, uma figura animada, uma foto, um segmento de áudio ou de vídeo, etc. Elementos de informação podem ser compostos de outros elementos de informação.

ELETROS - Associação Nacional de Fabricantes de Eletroeletrônicos.

E-mail - Ferramenta da Internet que permite o envio de mensagens e arquivos entre usuários que possuam endereço eletrônico. É ainda o nome pelo qual são conhecidas as mensagens enviadas pela Internet.

EMBRATEL – Empresa Brasileira de Telecomunicações. Estatal que gerencia grande parte das comunicações nacionais e internacionais, criada em 1969.

Emissora - Organização capaz de irradiar programas de televisão para uma comunidade, de acordo com as leis vigentes.

Encoder - Transformador de sinal de vídeo original (red, green e blue) em sinais de luminância e crominância. Existem dois tipos de encoder: analógicos e digitais. Os analógicos são preferencialmente usados para processamento de sinais, destinados a transformar o sinal de um formato para outro, de maneira que possam ser integrados num sistema de comunicações. Por exemplo: o Encoder PAL-M recebe o sinal de RGB e o transforma em sinal de croma PAL-M, que pode ser irradiado para um transmissor. Os encoders digitais são usados para embaralhamento de sinais.

Entrelaçamento de imagens - Técnica utilizada na formação de imagem em que um quadro é constituído por dois campos, espacialmente diferentes, mas temporalmente quase iguais.

EPG (Eletronic Programming Guide) - Fluxo de dados transmitido junto com os demais fluxos de informação (áudio, vídeo), que pode existir um em cada canal ou um único agregando as informações de todos os canais. Na televisão digital, onde o usuário deve escolher um programa e não mais um canal, fazem-se necessárias novas formas de busca, e é o EPG (um menu) que possibilita ao usuário efetuar tal busca.

Espectro óptico - Faixa de comprimentos de onda da radiação óptica (infravermelho + radiação visível + ultravioleta).

Fantasma - Imagem dupla ou múltipla no televisor, provocada pelos sinais que surgem após reflexão por grandes objetos (e/ou obstáculos).

FCC (Federal Communications Commission) - Órgão governamental fiscalizador e regulador das normas de telecomunicação nos EUA.

Fibra óptica - Fibras de vidro concêntricas, de espessuras micrométricas, que transportam a luz gerada por um laser. Permite tráfego de grande quantidade de informações.

Fita Magnética – Dispositivo destinado a armazenar uma informação sob forma de parâmetros magnéticos.

Fluxo elementar de informação - Fluxo de bits, contínuo ou fragmentado em pacotes, correspondente a um elemento de informação.

FM (Frequency Modulation) - Freqüência modulada. Consiste em fazer a freqüência de uma portadora variar com a amplitude do sinal de informação que se quer transmitir ou processar. O som da TV brasileira é transmitido em FM.

Formato de Telas (Aspect Ratio) - Refere-se a proporção entre largura e altura de tela. Em uma TV comum, essa relação é de 4:3 (em cada 4 unidades de altura, temos 3 de largura). Nas telas Widescreen temos a relação 16:9.

Frame – Também conhecido por quadro, é a menor imagem da televisão, designa cada uma das imagens fixas gravadas em uma fita de cinema ou vídeo. Quando na velocidade 24 ou 30 quadros por segundo, as imagens ganham movimento. O quadro é constituído por dois campos (field). Nos sistemas PAL-M e NTSC um quadro é formado por 525 linhas a uma freqüência de 60 Hz.

Freqüência - Número de oscilações ou vibrações completas (ciclos) de uma onda eletromagnética ou acústica medido em Hertz, que acontecem igualmente em um determinado tempo. Em áudio, a faixa de freqüências capaz de ser percebida pelo ouvido humano se estende de 20Hz a 20KHz.

Ganho - Número dimensional que representa a relação entre a potência de saída e a potência de entrada de um sistema (expresso em dB).

Geradora - Prestadora de serviço de televisão que produz e transmite sinais de televisão.

GHz – Unidade de medida de freqüência. O símbolo G significa 109.

Grade de programação - Esquema com a seqüência de programação de um determinado canal durante um determinado período de tempo.

Gravação – Registro do som ou imagem em disco, filme ou fita, por meio de processos mecânicos, magnéticos ou ópticos.

HDTV (High-Definition Television) - TV de alta definição. Sistema de televisão com geração de imagens que possuem um número maior de linhas de definição e um quadro mais largo aos padrões 4:3. Os sistemas desenvolvidos possuem a relação de quadro 16:9. Dessa forma, gera imagens muito mais nítidas e definidas.

Helicoidal: Termo usado para designar o desenho que a fita de alguns VTs descreve, quando é enrolada no tambor (drum).O termo também é usado para caracterizar o tipo de VT.

Hertz (Hz) - Unidade de medida de ciclos, oscilações ou freqüências por segundo, descoberto pelo físico alemão Heinrich R. Hertz.

Hipermídia – Para esta pesquisa, o temo é utilizado com o significado de um programa interativo cuja interface de interação com o usuário é formado por um conjunto de objetos “clicáveis”.

Home Shopping – Serviço interativo que permite ao usuário fazer compras sem sair de casa, via cabo, telefone ou Internet.

IBOPE: Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Empresa que faz pesquisa de audiência e opinião, desde a década de 50.

Imagem - Informação estática ou dinâmica percebida, pelo ser humano, através da visão.

Informação - Inteligência ou conhecimento capaz de ser representado em formas adequadas para comunicação, armazenamento ou processamento. Mas para a melhor compreensão nesta pesquisa, trata-se de idéias, conhecimentos, pensamentos, sentimentos ou sensações que podem ser representados em formas passíveis de transmissão, armazenamento ou processamento através de meios de comunicação.

Infravermelho - Radiação eletromagnética, como comprimento de onda superior ao da radiação visível

Interatividade - Transferência de informações pelo mesmo meio, bidirecionalmente, em tempo real e on line. Possibilidade de o usuário interferir na informação transmitida.

Interconexão - Ligação física entre sistemas distintos para permitir o acesso dos assinantes de um sistema ao outro.

Interface - Forma pela qual dois sistemas interagem ou um sistema interage com o usuário. Dispositivo com finalidade de conexão entre dois equipamentos que não possuem as mesmas funções.

Internet - Rede mundial de computadores surgida nos anos 60 e popularizada nos últimos dez anos. Permite que usuários de vários tipos de computadores no mundo inteiro se comuniquem por meio de um protocolo comum.

ISDN (Integrated Services Digital Network) - Ver RDSI.

ISDB –T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial) – Sistema japonês de transmissão digital de sinais terrestres.

ISO (International Standard Organization) - Organização que estabelece padrões internacionais para produtos e serviços, inclusive telecomunicações.

JPEG (Joint Photographic Experts Group) - Grupo destinado a definir padrões de compressão de vídeo estático.

kbps - Kilobits por segundo. Medida de velocidade de transferência de dados. Eqüivale a mil bps.

Kelvin – Unidade de medida de temperatura, baseada no zero absoluto. É um conceito da termodinâmica, onde o zero Kelvin eqüivale a (-273o)C, além de ser também utilizado, entre outras coisas, na medição da temperatura de ruído de diversos equipamentos.

LDTV (Low Definition Television) - Refere-se a uma televisão com qualidade ou resolução inferior à SDTV, com sistema típico de 240 linhas, 320 pixels por linha e varredura progressiva.

Legenda adicional - Atributo da televisão digital, referente à possibilidade de se ter legendas alternativas em diferentes idiomas ou com descrições textuais das cenas. A exibição ou não destas legendas é controlada pelo usuário. Cada legenda adicional corresponde a um fluxo elementar de dados.

Letterbox - Tipo de gravação em que a largura da imagem é preservada como original do filme. Quando vista em um TV comum (4:3) uma tarja preta aparece acima e abaixo da tela.

Link - Usa-se, em geral, para designar uma ligação de sinal entre dois pontos.

Luminância – Componente com a informação de luminosidade num sinal de vídeo. Na TV em cores, é o sinal que leva a informações de brilho.

Matiz - o mesmo que cor.

Mbps - Megabits por segundo. Medida de velocidade de transferência de dados. Eqüivale a um milhão de bps.

MDS (Multipoint Distribution System) - Sistema de distribuição de apenas um canal de TV por microondas.

Mícron (µm) - Unidade de medida que eqüivale a um milionésimo de metro (10-6 m)

Microondas - Ondas que estão em faixas de freqüências muito altas, acima de 1 GHz.

Modem - Abreviação de modulador/demodulador. Dispositivo que converte informações enviados pelo computador em sinais elétricos, que são enviados pela linha telefônica. Estes são recebidos por um dispositivo equivalente que irá convertê-los de volta em dados.

Modulador - Aparelho que modula uma onda de radiofreqüência para sobrepor-lhe a informação.

MPEG – abreviatura de Moving Pictures Experts Group. Grupo que desenvolve normas para a compressão de vídeo digital e áudio digital.

MP3 - designação abreviada para MPEG-1 Layer 3, o MP3 é uma forma de compactação e armazenamento digital de som.

Multimídia - Ferramenta utilizada em comunicações e marketing. É caracterizada por combinar, dentro de um único ambiente de software, som, imagem, textos e gráficos.

Multiplex - Em sistemas de TV, é um equipamento que permite combinar mais de uma informação na entrada para um único canal de saída. Por exemplo, na TV em cores, o sinal de croma é multiplexado em freqüência junto com o sinal de luminância.

Multiplexação - Processo reversível para empacotamento de sinais provenientes de várias fontes distintas em um único sinal composto para transmissão por meio de um canal de transmissão.

NAB (National Association of Broadcasters) – Associação Norte Americana de Radiodifusoras. Produz padrões e normas para Rádio e TV.

Nano (n) - Unidade que eqüivale a um bilionésimo de metro, ou 10-9 m, usado para medir comprimentos de ondas de luz.

NHK - abreviatura de Nippon Hoso Kyuokai, rede de televisão japonesa sustentada pelo público e fundações.

NTSC (National Television Standard Committee) - Comitê de regulamentação dos padrões para televisão dos EUA. A sigla também define o padrão de cor americano, um sistema de TV em cores desenvolvido nos Estados Unidos e adotado em diversos países, possuindo definição de 525 linhas em freqüência de 60 hertz. Entrou em funcionamento nos EUA em 1953.

8-VSB - Padrão norte-americano de modulação para TV digital.

Objeto clicável - Trata-se de uma imagem exibida na tela que, ao ser “clicada”, dispara algum evento, tal como a exibição de uma informação adicional.

Ondas - Energia que se propaga através de um meio (ar, água, cabo, etc.). As ondas de rádio, ditas eletromagnéticas, se propagam no ar a uma velocidade de 300 mil km/s, aproximadamente.

Operadora - Simplificação empregada para “empresa operadora de serviços de telecomunicações”. É a entidade que presta, mediante termo de outorga, serviço de telecomunicações, incluindo o de televisão.

OSD (On Screen Display) – Tela onde pode-se ver instruções e mensagens em formato texto.

Padrão - Conjunto de parâmetros que formam um sistema de TV.

Pan and Scan - Processo de mudança de um filme ou programa, original de widescreen (16:9), para o formato convencional (4:3).

PAL (Phase Alternation Line) - Padrão alemão de codificação das cores em vídeo, baseado nos princípios do NTSC. Possui definição de 625 linhas a uma freqüência de 50 Hz. Dele variam os sistemas como: PAL-M, PAL-N, PAL-G. Entrou em funcionamento na Alemanha em 1967.

PAL-M - Padrão de codificação de cor adotado para as transmissões de TV no Brasil com definição de 525 linhas e freqüência de 60MHz.

PAL-Plus - Proposta para transmitir o sistema PAL no formato de tela larga (16:9), proposto na Europa. Usa técnicas digitais no encoder e nos receptores.

Pay-per-view – Serviço de TV por assinatura onde o usuário paga determinada taxa para ter acesso a um programa em dia e horário específicos.

Pay TV – ver TV por assinatura.

Película - Material fílmico sensível, usado em cinema para gravar imagens por um processo fotoquímico.

Persistência de Visão - Característica do olho humano que permite a visualização de cenas em movimento, mostradas com interrupção. É o efeito de memória que o olho humano tem para guardar uma imagem que já foi apagada.

PIP (Picture in Picture) - Sistema que permite a aparição de uma pequena tela, sobre a tela normal do TV, que mostra a imagem de outro canal.

Pixels (Picture Element) - A menor partícula de formação de uma imagem em vídeo. Quanto maior for a quantidade de pixels, melhor definição de imagem.

Plataforma - Ou plataforma tecnológica. Refere-se ao conjunto de recursos físicos (rede e equipamentos), softwares e outros itens tecnológicos (especialmente algoritmos e protocolos), que tem por objetivo efetuar o transporte de sinais de serviços de telecomunicações.

Plataforma de Televisão Digital - Conjunto de recursos tecnológicos de telecomunicações através do qual os programas de televisão são transmitidos, recuperados e armazenados em forma digital.

Polarização - Característica de propagação de ondas eletromagnéticas. Pode ser horizontal, vertical ou circular. Refere-se à posição do campo elétrico, quando associado a uma onda eletromagnética irradiada. Os sinais de transponders adjacentes vêm, por exemplo nas transmissões de TV via satélite, com polarização cruzada para evitar interferências mútuas.

Portadora – Radiofreqüência cuja modulação contém a informação de áudio, de vídeo ou de cores, transformando-a em seu respectivo sinal.

Programa de televisão - Conjunto de elementos de informação ou de fluxos elementares de informação que possuem uma relação funcional ou semântica entre si.

Programação - Refere-se a um fluxo composto por um conjunto de programas transmitidos seqüencial e continuamente.

Programação básica - É a programação comum entre as estações geradoras de uma mesma rede Recepção interna - Refere-se à possibilidade de recepção de sinais de televisão utilizando-se de antenas localizadas internamente a um imóvel, normalmente afixada sobre o próprio receptor ou junto à parede.

Progressive Scan – Método de formação de imagens utilizado nos monitores de computador e nos novos TVs e projetores digitais (DTV), onde cada quadro da imagem é traçado de uma só vez a cada 1/60 de segundo. Isso reduz a visibilidade das linhas horizontais que formam a imagem e aumenta a sua resolução.

Projetor de Vídeo - Aparelho que recebe sinal de vídeo e projeta a imagem em uma tela para projeção de 60” a 300”. Os mais comuns são os tipos CRT (3 tubos) e LCD (cristal líquido)

Quadro - ver frame.

Quadruplex – Primeiro formato de videoteipe desenvolvido para a TV, que utiliza fitas de duas polegadas de largura e quatro cabeças de vídeo.

4:2:2 – Termo usado par televisão digital. Os algarismos 4, 2 e 2 significam que os sinais de diferença de cor (R-Y) e (B-Y) são amostrados em uma freqüência cujo valor é a metade do valor da freqüência de amostragem do sinal Y (luminância).

Raios catódicos - Eletrodo negativo (cátodo) de onde partem feixes de elétrons que se dirigem aos íons positivos.

RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados) - Rede digital de telecomunicações. Serviço provido pelas operadoras de telecomunicações que permite, no mesmo terminal e no mesmo par, serviços de voz e dados a 32 ou 64 kbps.

Receptor – Aparelho que tem por finalidade receber, processar e exibir os sinais de televisão, reproduzindo a imagem e o som originais de uma transmissão. Popularmente conhecido como TV, pode ser analógico ou digital.

Receptor de televisão digital - Aparelho, de uso doméstico ou profissional, que tem por finalidade receber, processar e exibir os sinais de televisão em forma digital. Pode ser composto por um único aparelho (“receptor integrado”) ou por unidades separadas com funções de recepção-processamento (unidade receptora-decodificadora) e de exibição das imagens (monitor).

Recepção móvel - Refere-se à possibilidade de recepção de sinais de televisão em veículos em movimento.

Rede - Conjunto de emissoras que transmitem a mesma programação de uma emissora geradora.

Relação de aspecto – Conhecido como “formato de tela”, refere-se à relação entre a largura e a altura de uma tela, isto é, da imagem exibida na tela de um televisor. Na televisão convencional, essa relação é 4:3, ou seja, a imagem possui 4 unidades de medida de largura e 3 de altura.

Resolução da imagem - Chamado também de “definição da imagem”, refere-se ao número de linhas (horizontais) e colunas de elementos (pixels) que formam uma imagem. A resolução mais baixa (menos nitidez) é a das fitas de vídeo (240 linhas) e a mais alta é a da HDTV (1080 linhas)

Resolução horizontal – Refere-se ao número de colunas que compõe uma imagem ou, equivalentemente, ao número de pixels que compõe uma linha horizontal de imagem.

Resolução vertical – Refere-se ao número de linhas horizontais que compõe uma imagem, contado através de um eixo imaginário vertical.

Retransmissora – Emissora de televisão que apenas retransmite programas produzidos pelas emissoras geradoras. Estação retransmissora de televisão é o conjunto de receptores e transmissores, incluindo equipamentos acessórios, capaz de captar sinais de sons e imagens e retransmití-los, simultaneamente, para recepção pelo público em geral.

RF - Radiofreqüência. Sinal de áudio e vídeo utilizado nas transmissões de rádio e TV comuns. Também pode ser conectores de antena de TV e VCRs.

RGB – Abreviatura de red, green e blue (vermelho, verde e azul); designa as três cores fundamentais que geram todas demais cores visíveis.

Ruído – Interferências e/ou distúrbios não desejados registrados na gravação, transmissão ou reprodução do vídeo., que, quando introduzidos em um sinal prejudicam a qualidade do som e imagem. Em cinema, refere-se à granulação da película.

SAP (Second Audio Program) – Sistema de distribuição de áudio pelas TVs, que permite ao espectador ouvir o programa em dois idiomas distintos. É muito usado para ouvir o idioma original (evita o som dublado) dos filmes transmitidos pelas TV. É acessada por uma tecla no televisor.

Satélite – Equipamento eletrônico que se desloca em órbita espacial, recebendo sinais de uma fonte emissora e transmitindo-os a um ou mais receptores.

Saturação – Um dos parâmetros dos atributos visuais de qualquer imagem colorida. Ela mede a quantidade de branco que está diluída na respectiva cor. Uma cor 100% saturada não tem o branco diluído.

SDTV (Digital Standard Definition Television) - Padrão de TV broadcast digital que transmite múltiplos canais digitais com definição padrão no mesmo espaço necessário a um único canal digital de alta definição HDTV.

SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire) - Padrão francês de codificação das cores em vídeo. Diferenciado do NTSC e PAL, possui 625 linhas de definição a uma freqüência de 50 Hz.

Sentido de fluxo - Refere-se ao sentido da transmissão física das informações, podendo ser ascendente ou descendente.

Sentido de fluxo ascendente - É o sentido de fluxo de sinais, do usuário para a emissora ou algum provedor de serviços.

Sentido de fluxo descendente - É o sentido do fluxo de sinais em sistemas convencionais de televisão, da emissora ou outro provedor de serviços para o usuário final.

Serviço - Conjunto de atividades e funções que podem trazer valor, utilidade ou proveito para um usuário.

Serviço de telecomunicações - É o conjunto de atividades que possibilita a oferta de telecomunicação. Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza.

Serviço de televisão - Modalidade de serviço de telecomunicações destinado à transmissão de sons e imagens (radiodifusão de sons e imagens, radiotelevisão ou radiodifusão de televisão), por ondas radioelétricas, para serem direta e livremente recebidos pelo público em geral.

SET - Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, que congrega os profissionais de engenharia de televisão no Brasil.

Setor de radiodifusão - Segmento econômico da sociedade composto pelas geradoras, retransmissoras, produtoras de conteúdo, fabricantes e todos os agentes econômicos que participam diretamente viabilizando a produção, difusão e recepção dos programas televisivos pelo usuário.

SHF (Super High Frequency) - Faixa de freqüências entre 3 e 30 GHz.

Simulcast - Transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos radiofusores de canais tanto analógicos quanto digitais.

Sinal - Corrente elétrica que transporta as informações de vídeo e de áudio.

Sintonia - Ajuste do receptor ou do televisor para a captação de uma freqüência ou um canal.

Sistema - É um conjunto de recursos tecnológicos que tem por objetivo executar determinado conjunto de funcionalidades. “sistema” ou “sistema de televisão” refere-se ao conjunto formado pela plataforma tecnológica, pelo modelo de negócio e eventualmente pela aplicação.

SMPTE - Society of Motion Picture and Television Engineers (EUA). Sociedade com sede nos Estados Unidos que congrega profissionais de cinema e televisão.

Som - Informação percebida, pelo ser humano, através da audição.

STB ou Set Top Box - Termo genérico que denomina o dispositivo de interface entre a rede e o televisor do assinante.

Subportadora - Uma onda portadora que, por sua vez, modula a portadora principal num sistema de comunicação. As subportadoras são usadas para as informações de cor, áudio e dados.

Super VHS - Formato de vídeo semi-profissional, presente em VCRs e Filmadoras. Trabalha com luminância e crominância em separados.

Super-Video - Conector de sinal de vídeo com separação entre os componentes de luminância (branco-e-preto) e crominância (color). Em nível de qualidade de imagem, está entre o vídeo composto e o component video.

Surround - Sistema de som que cria um ambiente sonoro envolvendo o espectador.

Tela - Nome genérico dado às superfícies para projeção de imagens.

Televisão - Palavra que significa ver a distância (tele: longe, distante; visão: ver). Aparelho eletrônico capaz de captar programas (áudio e vídeo), transmitidos por ondas de rádio ou cabo.

Televisão analógica - Sistema de televisão convencional, com transmissão analógica. Possui uma relação de aspecto 4:3 e o Brasil utiliza, para as informações de cromaticidade, o padrão de modulação PAL-M, composto por 525 linhas horizontais.

Televisão digital - Sistema de televisão com transmissão, recepção e processamento digitais, podendo, na ponta do usuário final, os programas serem exibidos por meio de equipamentos totalmente digitais ou através de aparelhos analógicos acoplados a unidades conversoras (URD).

Televisão de alta definição (HDTV) - É uma variante da televisão (não necessariamente digital) que disponibiliza ao usuário vídeo com formato de tela larga (16:9) ou similar e uma qualidade de imagem comparável à de cinema. Ver HDTV.

Televisão de baixa definição (LDTV) - Refere-se a formas televisivas que apresentam uma qualidade ou resolução inferior à da SDTV. Ver LDTV.

Televisão de definição Estendida (EDTV) - É uma variante da televisão que apresenta uma qualidade de imagem intermediária entre a SDTV e a HDTV, com formato de tela larga (16:9). Ver EDTV

Televisão com definição padrão (SDTV) - É uma variante da televisão que disponibiliza ao usuário imagens com resolução similar à televisão analógica. Usualmente, possui formato de tela 4:3, embora possa ser também 16:9. Ver SDTV

Transcodificador – Equipamento que converte o sinal de vídeo de um padrão de cor para outro. Ex.: transformar de NTSC em PAL-M.

Transmissor - Gera o sinal na potência necessária para transmiti-lo via ar. É equipado com modulador.

Tubo de raios catódicos – Instrumento com superfície fotossensível podendo ser varrida por feixe de elétrons que vem de um canhão eletrônico, sendo assim o princípio da produção e reprodução de imagem eletrônica.

TV a Cabo - Sistema de transmissão de TV que substitui o tradicional sistema de antenas. Utiliza cabos semelhantes aos telefônicos para levar o sinal às residências, a partir de uma central operadora. Sua maior vantagem é eliminar interferências naturais na transmissão pelo ar.

TV Interativa - Serviço de TV que permite a interatividade e a interferência instantânea .

TV por Assinatura – Tipo de transmissão , por cabo ou satélite, em que o espectador paga uma taxa para receber a programação.

UHF (Ultra High Frequency) - Faixa de freqüências entre 300 MHz e 3 GHz. Entre 470 MHz e 890 MHz , esta faixa designa os canais de televisão do 14 ao 83.

U-MATIC - Sistema de VT que emprega fitas de ¾ polegadas, de uso profissional. (Hoje está fora de uso).

URD ou Unidade receptora decodificadora - Aparelho, de uso doméstico ou profissional, que tem por finalidade receber e processar (demodular e decodificar) os sinais de televisão digital, para exibição através de um monitor ou um televisor convencional. A unidade receptora também é conhecida pelos termos Set-Top-Box e IRD (Integrated Receiver Decoder).

Varredura – Produção e distribuição de imagem eletrônica através de feixes de elétrons. Pode ser sincronizada ou aleatória, mas também existe a varredura progressiva, que é uma mistura das duas formas.

Velocidade de propagação - Velocidade na qual uma onda eletromagnética viaja.

VHF (Very High Frequency) Faixa de freqüências entre 30 Mhz a 300 MHz. A sigla também é usada para designar os canais de TV 2 a 13, que estão nessa faixa.

VHS - abreviatura de Video Home System, sistema de videocassete que utiliza fitas de meia polegada.

Vídeo – Sinal eletrônico proporcional à imagem, que forma junto com o áudio e a crominância o sinal de televisão. Este sinal leva apenas a informação de brilho.

Video adicional - Também chamado de vídeo complementar, refere-se a um ou mais fluxos elementares de vídeo, que podem conter informação adicional ou constituírem-se em fluxo de vídeo alternativo do mesmo programa, como por exemplo cenas tomadas de diferentes ângulos de um mesmo espetáculo (ex.: partida de futebol) ou diferentes enredos para um mesmo programa.

Video-on-demand - Serviço interativo em que o assinante escolhe o filme que deseja assistir e a que hora. O sinal vem em compressão digital e permite ao assinante pausar, voltar ou correr o filme como quiser. Também chamado de "locadora virtual".

VLF (Very Low Frequency) - Freqüência Muito Baixa. Faixa compreendida entre 3 KHz e 30 KHz.

Widescreen - Formato de telas que exibe imagens no formato de cinema, também conhecido como 16:9. Oferece a vantagem de difundir os filmes no seu formato original (cinema).

Y – Letra usada para representar o sinal de luminância quando a transmissão é colorida.

Y, R-Y, B-Y – Representam os sinais de luminância e componentes antes da codificação.

YUV – Simbologia do sistema PAL para representar os sinais de luminância (Y) e diferenças de cor já modulados dentro da subportadora de cor. U corresponde ao (B-Y) e V ao (R-Y).

B I B L I O G R A F I A

BIBLIOGRAFIA

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Sites Relacionados:

ABERT - .br

Alpha Video - .br

ANATEL - .br

Aula via Internet: O Espectro de Freqüência e a Comunicação Social - willians.pro.br/frequencia

ATSC –

Cinedie (Portugal) -

Cinema na Sala -

Digital 71 (Portugal) -

DVB – Digital Video Broadcasting System -

E-Virt (Enciclopédia Virtual)- .br/multimidia

Federal Communications Commission (FCC) -

FICTUS – Cinema e Vídeo -



HDTV e suas novidades - facom.ufba.br/com022/hdtv.html

MPEG –

MPEG TV –

Microfone – O Site dos Radialistas - microfone.jor.br

Ministério das Comunicações - .br

Revista Broadcasting & Cable -

Revista Época On Line -

Revista Galileu –

Revista Home Theater - .br

Revista Tela Viva - .br

Revista Pay-TV - .br

Revista Vídeo Zoom Magazine - .br

SET - .br

TV Digital e Set Top Box: terravista.pt/ancora/5831/glossario.htm

TV K8 – ..br

Tudo sobre TV - .br

UFBA/ Faculdade de Comunicação: facom.ufba.br

Você Sabia? (história TV) - .br

A N E X O S

ANEXOS

DOC.01 – Formatos de Cinema na TV

DOC.02 – Porquê 16:9?

DOC.03 – Entrevista Revista Tela Viva – “ A Experiência da Globo”

DOC.04 – Apêndice contendo o questionário estruturado para a pesquisa quantitativa por região

DOC.05 – Questionário estruturado para a Pesquisa TV Digital em Shoppings

DOC.06 – Cartões para questionários de pesquisa

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[1] O elemento químico Selênio é brilhante e luminoso quando submetido a um campo elétrico; porém Berzelius não encontrou aplicação prática para sua descoberta.

[2] Hoje, o sistema PAL conta com varredura horizontal de 625 linhas.

[3] Não podemos confundir as cores primárias da luz (vermelho, verde e azul) com as cores primárias para tinta (vermelho, amarelo e azul).

[4] A imagem na TV é formada por um quadro de 525 linhas, dividido em dois campos, um que apresenta as linhas ímpares e outro campo que apresenta as linhas pares, entrelaçadas.

[5] Utiliza-se o termo broadcast para definir equipamento profissional para a TV e o termo industrial para o equipamento de qualidade técnica intermediária entre o amador e o profissional.

[6] Referente à biografia de Akio Morita, fundador da Sony.

[7] GILDER, 1996:32.

[8] As ondas descobertas em 1887 foram chamadas de “ondas hertzianas”, em homenagem a seu descobridor, o estudante alemão Henrich Rudolf Hertz.

(TAVARES, 1999:19)

[9] NEGROPONTE, 1995:27.

[10] Estas atribuições são internacionais.

[11] BALAN, Willians C. “O Espectro de Freqüência e a Comunicação Social” In: As Freqüências e a Comunicação Social – Curso à distância via Internet, referente aos estudos de Educação à Distância. Veja mais em (willians.pro.br/frequencia)

[12] No caso do Brasil, já que na Europa a largura de banda para um canal de TV é de 8 MHz.

[13] Revista Superinteressante, Ano 10. n.º 08, Agosto, 1996, p. 70-71.

[14] O transistor foi inventado na empresa Bell Laboratories, em Murray Hill, no estado de Nova Jersey.

[15] CASTELLS, 1999:58

[16] Idem, p.58

[17] MALVINO, 1995:194

[18] Gilder, 1996:151

[19] A palavra cinema decorre da expressão Kinema, cujo significado é Movimento.

[20] O cinema adota a projeção de 24 quadros por segundo para que o olho humano não perceba os quadros parados.

[21] MARCHAND, 2001:02

[22] Idem, p.05

[23] BOCATTO, Paulo. “Cinema Digital, Cinema Novo”. In Revista Tela Viva, Out/01.

[24] Idem - Revista Tela Viva/ Outubro-2001

[25] Revista Tela Viva/ OUT-2001

[26] MACHADO, 1988:196

[27] A expressão é utilizada pelo próprio Antonioni em “Até Parece uma Brincadeira”, in ARISTARCO, 1985:167

[28] Declaração de COPPOLA, Francis Ford – in ARISTARCO,1985:31.

[29] Pull Down é a conversão da velocidade de vídeo para o cinema.

[30] Dado da Revista Tela Viva – Janeiro/01

[31] Informação do jornal on line O Estado de São Paulo, 13/12/00.

[32] O Dolby, enquanto sistema que processa o áudio reduzindo os ruídos, foi desenvolvido inicialmente para gerar o efeito surround nos cinemas com quatro canais: esquerdo, direito, central e traseiro, e que depois ganhou sua versão doméstica.

[33] TORELLI, Eduardo. “Cinema em Casa”. In: Revista Video Zoom Magazine, ano 02, n.o 15, p .56.

[34] HOINEFF, 1991:117

[35] “HDTV E SUA NOVIDADES”. facom.ufba.br/com022/hdtv.html

Texto realizado como trabalho de pesquisa de alunos sob a responsabilidade do Professor André Lemos, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

[36] Na cronologia da Alta Definição, a vantagem japonesa é indiscutível, pois antes mesmo do final da década de 70, a HDTV já estava no papel e em 1981, a Sony desenvolvia o primeiro gravador de imagens em Alta Definição. As primeiras transmissões foram feitas em 85.

[37] HOINEFF, 1991:121

[38] Até o início da década de 50, também o cinema adotava o formato “Matchbox” no aspecto 4:3. Foi somente a partir de então que o cinema passou a adotar formatos mais largos, como o “Panorama” (1,85:1), “CinemaScope” (2,35:1) e o “Cinerama” (3:1).

[39] Qualquer semelhança com o que pode acontecer com a escolha do padrão de TV Digital para o Brasil é mera coincidência...

[40] Ou 7 ou 8 MHz no caso de países da Oceania e Europeus, respectivamente.

[41] In “Relatório Integrador dos Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital” – Março/2001, elaborado pelo CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações).

[42] Relativo à saturação dos espaços disponíveis no espectro de freqüências.

[43] MEGRICH, 1989:12

[44]Relatório Integrador - p.13

[45] As subportadoras são usadas para as informações de cor, áudio e dados. (Ver Glossário)

[46] A FCC (Federal Communications Commission) é o órgão governamental fiscalizador e regulador das normas de telecomunicações dos Estados Unidos, assim como a ANATEL no Brasil.

[47] Não confundir com a transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos radiodifusores de canais tanto analógicos quanto digitais, isto é, o simulcast.

[48] O Moving Pictures Experts Group (MPEG) é um grupo de trabalho, constituído em Janeiro de 1988, responsável pelo desenvolvimento de padrões internacionais de compressão, descompressão, processamento e representação codificada de imagens animadas, áudio e a combinação de ambos.

Veja mais no item 7.2.1 “Por que a Compressão?”

[49] O grande problema que pode vir a ocorrer com a compressão é que quanto mais se comprime um sinal, mais perde-se na qualidade do mesmo.

[50] No capítulo referente ao espectro de freqüência, vale-se lembrar a respeito da abordagem da questão referente ao espaço ocupado por um canal de televisão no espectro de freqüência , ou seja, 6MHz de largura de banda são necessários para a transmissão de um canal de TV ou 960 telefones analógicos funcionando simultaneamente.

[51] CALVENTE, Emerson. “Técnicas e Padrão de Compressão” In: Revista Tela Viva, n.o 73 – Setembro/2000

[52] Compressão é um termo computacional que representa a variedade de fórmulas matemáticas usadas para otimizar o tamanho das imagens.

Ver mais em

[53] COSTA, Beto. Transmissão em Bits. In Revista Tela Viva, Junho-2000 (versão on line)

[54] Segundo o dicionário Aurélio, algoritmo significa o “conjunto de regras e operações bem definidas e ordenadas, destinadas à solução de um problema ou classe de problemas em número finito de etapas.”

[55] In: Relatório Integrador – P.59

[56] O formato 16:9 é muitas vezes apresentado como o “formato do cinema”, o que não passa de certo marketing a ser utilizado para vender os produtos. O formato 16:9 é apenas mais um formato da TV, enquanto que o cinema não tem um único formato, conforme DOC 02 – Por quê 16:9?

[57] Canais “adjacentes” referem-se à posição ocupada no espectro de freqüências. Por exemplo, os canais 2 e 3 são adjacentes. Conforme já foi visto na tabela “Espectro de Freqüência e alguns dos serviços atribuídos”, no item “O Espectro de Freqüências”, nota-se que a distribuição dos canais ao longo do espectro não é contínua, havendo janelas de freqüência entre os canais 4 e 5, 6 e 7, 13 e 14, 36 e 38. Essas janelas são utilizadas para outros serviços de telecomunicações. (fonte: Relatório Integrador, p.60)

[58] In: Relatório Integrador, p.74.

[59] O EPG é, para a televisão digital, o equivalente aos guias de horários de televisão publicados nos jornais.

[60] As análises aqui realizadas baseiam-se no pressuposto de que todas as emissoras adotarão o mesmo modelo de negócio. Caso isso não ocorra, deve ser observada a ressalva “a” discorrida na seção 8.3.1.

[61] Em um monitor de HDTV, (devido a sua alta resolução), defeitos na imagem que não apareceriam em outras modalidades acabam se tornando visíveis. Além disso, as imagens de DTV, para serem exibidas em um monitor HDTV, têm cada uma de suas linhas duplicadas, o que gera uma imagem mais pobre que a HDTV “autêntica”.

[62] Simulcast significa a transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos radiofusores de canais tanto analógicos quanto digitais. Essa definição não deve ser confundida com o outro significado de transmissão simultânea que se refere à situação das radiodifusões de qualquer conteúdo que estejam sendo transmitidas nos canais tanto analógicos quanto digitais durante um período de transição de vários anos.

(Fonte: Anatel/2001).

[63] A definição do padrão de TV Digital afeta apenas as etapas de transmissão e retransmissão.

[64] MIRANDA, Angela. “PROJAC: A Cidade das Ilusões”, In Revista Vídeo Zoom Magazine, número 15, ano 02, Janeiro/2001, Crazy Turkey Editora, São Paulo, p.44-49

[65] In “Comentários à Consulta Pública 291/2001 – Televisão Digital/ Junho-2001” – Grupo ABERT/SET de TV Digital.

[66] Dados referentes ao primeiro semestre de 2001.

[67] Interface entre o sistema operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais como jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros.

[68] CPqD: “Apêndices contendo as pesquisas mercadológicas qualitativas” – Volume II. janeiro de 2000.

[69] ALMEIDA, Lizandra. “Um pé na alta resolução” , In Revista Tela Viva, Edição Especial Setembro /2000 < >

[70] SIQUEIRA, Ethevaldo. “Prepare-se: vem aí a revolução da TV Digital” In: O Estado de S.Paulo, Economia, 03/06/2001.

()

[71] Na verdade, a escolha dos padrões era para ter ocorrido em Novembro/2001.

[72]BONFIGLIO, Mário Luís. “Especial 50 anos de TV”, In: Revista Vídeo Zoom Magazine, Ano 02, numero 13, Crazy Turkey Editora, São Paulo.

[73] MACHADO, Arlindo. A Arte do Vídeo. 3.a Ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p.52.

[74] ALMEIDA, Lizandra. “Um pé na alta resolução” , In Revista Tela Viva, Edição Especial Setembro /2000 < >

[75] ZYS, Neide. “TV digital - Melhor sob qualquer ângulo” In: Especial TV Digital. Terra On Line - Seção Informática.

Veja em:.br/informatica/especialtvdigital.htm

[76] Vale-se lembrar que as informações técnicas presentes neste estudo sobre TV Digital tem como base os dados de pesquisas realizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), Grupo Abert/SET, além dos relatórios da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

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