As Relações entre Angola e África do Sul



As Relações entre Angola e África do Sul

Entre Angola e a África do Sul é atribuído um pendente que se solidificou no tempo. Uma frieza entre ambos. Porém, Para se ter uma ideia sobre o que ventila por trás das cortinas defronte a estas duas «potências», impõem-se um posicionamento em frente ao retrovisor do tempo. Isto é, recorrermos a factos que terão formatado a historia entre os dois povos, que estiveram ligados por uma causa comum.

Numa conferência em Brazaville, em Janeiro de 1968, o Presidente do MPLA, Dr. António Agostinho Neto, denuncia que o governo sul africano se prepara para uma intervenção directa em Angola sob o pretexto de que a presença de Portugal na então colónia lusa contribuiria para impedir a subversão, que contaminaria o sul de África.

Entretanto, as denúncias de Neto, são comprovadas, a partir de Março de 1974. A invasão se alastra. O sul de Angola está nas mãos das forças sul africanas. A Região do Cunene está mesmo ocupada pelo exército do regime do Apartheid. Através do Jornal Senegalês “Lês Soleil” o Presidente da UNITA, Jonas Savimbi confirma, em Outubro do ano a seguir, que parte meridional desta ocupação (No Cunene) é exercida pelo seu Secretário para os problemas internacionais, António Vakulukuta.

Devido aos danos matérias resultantes da invasão, Angola no seu quarto mês de Estado Soberano, exige as competentes indemnizações numa reunião da ONU. As destruíções de Pontes, frotas de camionagem, caminhos de ferro, estabelecimento publico e extermínio de milhares de Cabeça de Gado, deixam a economia angolana altamente afectada.

Um alegado silencio por parte da África do Sul, leva com que o então Ministro das Relações Exterior de Angola José Eduardo Dos Santos, evoque sobre o assunto, no dia em que Angola é oficialmente admitida na ONU. Naquela Assembleia o Chefe da Diplomacia angolana reitera a exigência quanto a devida reparação que segundo os seus pronunciamentos: “Os prejuízos estão calculados num mínimo de 6.700 milhões de dólares”.

Por outro lado, as relações entre os dois movimentos africanos, ANC e o MPLA, são fortificadas face as recomendações do primeiro congresso dos “Camaradas”. As ligações entre os dois movimentos, já eram evidenciadas através de uma entrevista do Presidente Neto a Rádio Colónia da Alemanha em 1971. Porém, uma “procuração” que lhe fora dada a pronunciar-se em nome dos movimentos africanos na 8ª conferência em Dar Es Salam clarificava tudo.

Em Luanda o ANC tem a sua instalação. Na sua conferência de 10 de Setembro de 1981 na capital angolana, o seu líder Oliver Reginald Thambo, apela a necessidade de se fazer mais pelo heroísmo do povo angolano na causa da liberdade do seu país, tendo admitido que: “sentimos um senso de responsabilidade pelos crimes que a Angola sofre desta invasão”.

Não era um favor que Angola fazia aos sul africanos, mas um compromisso que assumia consigo própria, na sua política externa, em estender a sua mão a outros povos que se encontravam ainda sobre opressão. Para além das indemnizações que Angola esperava da África do Sul, aquele povo, através do seu representante legitimo ANC, contraia uma divida moral para com a pátria angolana.

Entretanto, é na sua conferência consultiva ocorrida em Junho de 1985 na Zâmbia, que o ANC reflecte sobre incidentes menos correctos ocorridos no seio dos seus militantes em Luanda, cujas conclusões seriam mesmo deselegantes mas contudo coincidindo com os descontentamentos que levaram o seu então responsável pela informação Thabo Mbeki a convocar um conferência de imprensa na Zâmbia, para falar do que presenciara, um ano antes em solo angolano. Mais tarde antes de chegar a Presidência do ANC, Mbeki, segundo Paul Trewhela, terá sido decisivo para que a comissão de verdade e reconciliação na África do Sul se desfizesse deste dossier.

Nelson Mandela vai a Luanda. discursando na Assembleia Nacional garante que o seu pais ira controlar melhor o seu espaço aereo para nao facilitar aqueles que no seu enteder destabilizam a paz que o governo de angola procura encontrar.

Prossegue-se então o acelerar do processo de entendimento pacifico na África do Sul. O Presidente JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS propõe a ONU uma plataforma global para a solução do conflito na África Austral. A retirada de tropas cubanas em Angola e a Independência da Namíbia figuram nos acordos. pronunciamentos feito em Outubro de 1989 em Londres por Thabo Mbeki, na altura responsável pelo departamento de relações internacionais do ANC, denunciam que o regime da África do Sul procura subverter a situação em relação a Namíbia.

Sob pressão Internacional, Nelson Mandela é solto. No terceiro mês da sua liberdade pisa o solo angolano. A viagem é entendida como um gesto de agradecimento ao Estado Angolano pelo apoio prestado ao ANC e ao povo sul africano. Em meados deste mesmo ano ao discursar no Congresso em Washington, Mandela reporta que consequências do regime do Apartheid ainda são sentidas em Angola.

Terminada a guerra de agressão da África do Sul contra Angola, conclui-se que a mesma absorvia cerca de 40 por cento dos recursos nacionais e que US$ 20 bilhões de dólares era o valor estimado dos prejuízos causados até 1988. Muitas das estruturas destruídas ou danificadas tiveram de ser reposta pelo Governo para assegurar o funcionamento do Estado e da economia. A manutenção da política económica do plano nacional era um desafio, dizia a nação, o Chefe de Estado Angolano em Julho de 1991.

Na sequência das primeiras eleições realizadas em Angola, viria a se criar um mau estar envolvendo directamente o ministro dos negócios estrangeiros da África do Sul Pik Bhota. Evidencias indicavam que aviões hércules C-130 sobrevoavam entre Kuito e a Jamba transportando logística para a UNITA. Esta situação terá contribuído para a subsequente desaproximação entre os dois governos.

Entretanto, um ano antes das primeiras eleições multirracial na África do Sul, o ANC chora pelo desaparecimento físico do seu líder Oliver Tambo, vitima de assassinato. Ao irem repousar os seus restos mortais no segundo dia de Maio em Joanesburgo é também citado em voz alta o nome de ANTÓNIO AGOSTINHO NETO, ao lado de outros gigantes como John F. Kennedy, Luther King, Nkruma e outros líderes carismáticos que se bateram por causas internacionais.

O ANC sai vitorioso no sufrágio eleitoral. Contudo, um pequeno gesto da parte Sul Africana, desilude alguns angolanos. Na tomada de posse do Presidente Nelson Mandela, os esforços e a dedicação do Estado Angolano para com aquele povo oprimido são parcialmente desencontrados nas palavras do primeiro chefe de Estado negro.

Por outro lado, dirigindo-se na secção parlamentar de 24 de Maio daquele mesmo ano na cidade do Cabo, o Presidente Nelson Mandela fazia saber que o seu Governo estava envolvido em discussões que determinariam a contribuição da África do Sul no processo de Paz de Angola e do Ruanda. Em meados deste mesmo ano, Mandela apresenta, na 49ª secção da ONU, uma lista que inclui Angola na frente de países cujo processo de paz e estabilidade estaria a ser analisado pela OUA.

Ao contrário do que se contava com a subida do ANC ao poder, não tardava muito tempo que Angola viria desiludir-se com o novo Governo sul africano devido as insufiencia em evitar que redes a partir daquele país, apoiavam a UNITA, mesmo depois de alertas feitas por Luanda. Estamos em Janeiro de 1996. Jonas Savimbi é cordealmente recebido por Pretória. O que Luanda mais esperava do Governo do ANC é contrariado na acção prática.

Diferentes posições sobre a resolução do conflito no ex-Zaire, oporia os dois países. Angola avança com a intervenção militar contrariando a decisão de Mandela em mediar o conflito.

Nelson Mandela cumpre visita de Estado a Angola, acompanhado de varios Ministros seus. discursando na Assembleia Nacional garante que o seu pais ira controlar melhor o seu espaço aereo para não facilitar aqueles que no seu entender destabilizam a paz que o governo de Angola procura encontrar.

Mandela deixa o poder a favor de Mbeki. Este último, na inauguração do “Instituto Africano para renascença” em Outubro de 1999 reitera a sua apreciação aos governos de Angola e Moçambique afirmando que o seu povo “já mais esquecera a extraordinária solidariedade desses dois povos”. As relações entre os dois países ainda carecem mais “inputs” para serem consideradas excelentes.

Depois da passagem de Manuel Augusto e A. Rodrigues “Kito”, antigo chefe da delegação angolana nos acordos tripartidario, Luanda indica o engenheiro Isaac Maria dos Anjos para conduzir a sua representação diplomática em Pretória. Ele é claro: “Voltei a ser convidado para exercer uma função para ajudar a resolver divergências com a África do Sul. Elegemos uma via: a via empresarial”, justifica o novo embaixador em entrevista ao Angolense, um ano apôs a Paz efectiva em Angola.

As palavras do novo diplomata, denotam haver ainda ressentimento nas relações entre os dois Estados. Instando sobre a reacção dos sul africanos a sua declaração de exigência do pagamento da indemnização pelos danos causados pela invasão do exército do Apartheid, o novo embaixador entende ser: “um assunto que não é pacifico mas é conveniente que seja tratado ao nível bilateral, com o tempo” disse adiantando que “Como se trata de matéria reconhecida pelas Nações Unidas, não acredito que tenhamos problemas”.

Entretanto alguns sectores Sul Africanos “não oficiais” são peremptórios em dizer, que o seu governo nada tem haver com este assunto que no seu ver , trata-se de um problema do passado com o outro Governo do Apartheid.

Com o alcance da paz total em Angola, as duas partes vão dando indícios de restaurar a velha amizade existente entre os partidos que os arrastaram ao poder. O líder histórico do ANC Nelson Mandela vai a Luanda a convite do chefe de Estado Angolano, José Eduardo dos Santos e almoçam juntos no palácio Presidencial. A oportunidade foi aproveitada para a abordagem de pontos de natureza política, nomeadamente as relacionadas com a África Austral, anunciava os serviços de apoio ao Presidente da República.

A ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiro Nkosazana Dlamini Zuma escala Luanda informando que para breve o país recebe uma delegação multisectorial chefiada pelo vice-presidente do seu país, Jacob Zuma, de que farão parte vários investidores.

Zuma chega a Luanda e declara não haver qualquer “gelo para quebrar” nas “boas relações” entre o seu país e Angola. Em reciprocidade o Primeiro-ministro angolano Fernando da Piedade “Nandó” visita Tuynhuys, Cidade do Cabo em Fevereiro de 2005, chefiando uma delegação de alto nivel integrada por varios Ministros. O PM angolano é recebido por Mbeki. Quatro protocolos no quadro da cooperação, são assinados. Não obstante, Jacob Zuma passa em revista a amizade existente entre o ANC e o MPLA, considerando que só foi possível devido a forte amizade entre Oliver Tambo antigo Presidente do ANC e AGOSTINHO NETO, de quem considerou um grande líder.

As relações entre os dois países vão se “reforçando” embora tenham, sido apenas a nível de Minitros. Ainda nesta cenda de aproximação, a África do Sul atribuiu a título póstumo com a ordem “Oliver Tambo” ao Primeiro Presidente Angolano António Agostinho Neto.

Os dois países também se encontram num espaço mais alargado. Na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), com a entrada da África do Sul em 1994 em vertude das recomendações da cimeira de Whindoek de 1992. Segundo a Ministra Zuma, Angola ocupa o primeiro lugar no volume dos negócios realizados pelo seu país na sub-região SADC.

Nas eleições para o secretário executivo da SADC em 2001, a África do sul expressa novamente um sentido diferente a Angola. A candidata angolana Albina Assis perderia a favor do candidato maurício Prega Ramsamy que goza do apoio de Pretória.

Seguindo uma nova etapa, Luanda indica Miguel Neto seu antigo representante na Etiopia e OUA para conduzir a Embaixada na Africa do Sul. Por seu turno a Pretoria “brinda” Luanda com o seu antigo Embaixador na China.

José Gama, Secretário geral do Clube dos angolanos no exterior (Club-K)

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