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1 – IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

TÍTULO: PROMOÇÃO HUMANA IV

TEMA: CARONA SOLIDÁRIA

AUTORES: 4o PERÍODO NOTURNO 2010 - 2O SEMESTRE

2 – DELIMITAÇÃO DO TEMA

O projeto será realizado na Universidade Tuiuti do Paraná, sito na cidade de Curitiba, durante o segundo semestre letivo do ano de 2010. O trabalho proposto terá sua atuação no Curso de Psicologia, no período noturno, podendo ser ampliado para o período da manhã e outros cursos. A conclusão do projeto tem sua previsão no final do semestre letivo.

O público-alvo será alunos do período noturno do Curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná, tendo incluso os dez períodos que compreendem o curso, que queiram participar do projeto, independente do meio de transporte que já utiliza. Por ser um projeto onde os participantes irão aderir de forma voluntária, não há um número exato de colaboradores, como também não há um limite estabelecido para o mesmo.

O projeto terá como base os princípios da Promoção Humana, utilizando-se da informação e conscientização como ferramentas de intervenção no público-alvo. O planejamento, controle e avaliação do projeto serão através de Gestão Participativa, visto que, por se tratar de um projeto focado na Promoção Humana, existe a pretensão de expandi-lo ao máximo de colaboradores. A Liderança do projeto será definida de acordo com o desenvolvimento do mesmo.

3 – JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento deste projeto, primeiramente, tem como finalidade a aprovação na disciplina de Promoção Humana IV, para o curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná.

O progresso humano tem sido atualmente sinônimo de avanço tecnológico e oportunidades de se obter conhecimento através de fontes impensáveis até poucos anos atrás. No entanto, se faz necessário desenvolver nas pessoas a conscientização de suas origens e limitações humanas, estimulando a utilização destas evoluções de modo benéfico e eficiente, advertindo que para a continuação do desenvolvimento humano é necessário valorizar seu ambiente e todos que nele vivem. A Promoção Humana surge como um método para estas necessidades, produzindo e transmitindo conhecimentos nas mais variadas áreas.

O Projeto Carona Solidária, utilizando-se dos princípios da Promoção Humana, surge como uma forma de estimular em nosso público-alvo o despertar das necessidades humanas de se viver em grupo de forma saudável e harmoniosa, como também respeitar nosso planeta, visto que, compartilhando a necessidade diária de transporte através de um sistema solidário e voluntário, podemos contribuir com a preservação do nosso meio-ambiente, incitar o compartilhamento de vivências entre os participantes e ainda trazer soluções prototípicas para os atuais problemas relacionados aos sistemas de transporte, que já estão próximos ao caos.

4 – OBJETIVOS

4.1 – OBJETIVO GERAL

Incitar um comportamento solidário na comunidade acadêmica do curso de psicologia, turno noturno, no sentido de compartilhar seus veículos particulares com os demais colegas que utilizam o mesmo itinerário com destino à faculdade, aderindo aos ideais da Carona Solidária, finalizando-se como meio de alcançar uma Promoção Humana de forma sustentável e permanente.

4.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Reduzir o fluxo de veículos nas ruas, desafogando o trânsito da cidade;

• Aumentar o número de vagas no estacionamento da faculdade;

• Melhorar o convívio social entre os alunos;

• Diminuir os custos de transporte.

5 – REFERENCIAL TEÓRICO

Ruas congestionadas, motoristas estressados, buzinas, alguns acidentes e várias multas aos que tentam “dar um jeitinho” para passar mais rápido pelos congestionamentos: em seis anos, a frota de carros na capital paranaense subiu 40% e o resultado disso é percebido no caos em que se transforma o trânsito de Curitiba nos horários de maior movimento (7h30; 10h30 e 18h30).

O trânsito é causador de muitos prejuízos no dia a dia de várias pessoas da cidade de Curitiba – Paraná –, envolvendo e prejudicando tanto motoristas como pedestres e usuários do transporte público e privado, piorando a situação nos horários de pico, deixando todos ainda mais angustiados. Além disso, os usuários do transporte coletivo que já se encontram dentro de uma superlotação nestes horários, somando com o cansaço natural de fim de tarde ou com a preguiça matutina, eles ainda têm que enfrentar a superlotação no trânsito (NASCIMENTO, 2007).

A estimativa do uso de carros na cidade é calculada na média de um carro para cada 1,8 habitantes. O que designa um dos maiores índices do Brasil. Ademais Curitiba e Região Metropolitana agregam 26 municípios e com uma taxa anual de crescimento de 3,02%, uma porcentagem bem significativa. A população de Curitiba, em 2007, é maior que 1,7 milhões de habitantes (NASCIMENTO, 2007).

Com tantos veículos entrando todos os dias no trânsito de Curitiba, não há planejamento que resista. Por isso, a contribuição da população torna-se necessária. Uma carona para outra pessoa que também tem carro e vai para o mesmo lugar pode fazer diferença no tráfego. Existem muitos carros na cidade e muitos são ocupados por apenas uma pessoa, a carona solidária como é chamada, pode ser feita por qualquer motorista, é considerada uma medida simples e de boa eficácia, desde que muitas pessoas passem a adotá-la.

Além dos fatores “humanos”, relacionados a estresse e perigos físicos propriamente ditos, existem também as condições precárias de nosso meio ambiente. As constantes e aceleradas transformações pelas quais passa o planeta Terra têm afetado significativamente o meio em seus aspectos físico, biológico, político e social, trazendo comprometimentos à qualidade de vida e ambiental. Tal fato exige, cada vez mais, o desenvolvimento de ações efetivas e articuladas sobre a origem dos problemas. Entre essas transformações está a poluição do ar que é causada entre outras coisas pelo excesso de veículos automotores que circulam diariamente pelas rodovias e estradas das cidades (OLIVEIRA; PELICIONE, 2009).

A poluição do ar é definida pela CETESB (1995), como qualquer tipo de alteração do meio natural capaz de causar prejuízos à saúde humana, à fauna, à flora e aos recursos naturais em geral. Os efeitos da poluição dependem basicamente dos tipos e da quantidade de poluentes presentes no meio ambiente e do tempo em que aí permanecem.

A poluição do ar acompanha o ser humano desde os mais remotos tempos, quando seus antepassados descobriram o fogo. O descobrimento do uso controlado do fogo talvez tenha sido a primeira grande intervenção ambiental, pois, ao prover calor para seu conforto e proteção, gerava nos abrigos uma atmosfera tóxica.

Esse problema de degradação permaneceu ao longo do tempo e da história piorando cada vez mais. Há referências à poluição atmosférica e ao controle do uso de carvão, por exemplo, em vários períodos ao longo da história. Mas foi no período após a Revolução Industrial, em meados do século XVIII, com a introdução da máquina a vapor pelo inglês James Watt que teve início o reconhecimento público de episódios agudos de poluição do ar, tendo se tornado mais intenso o uso de combustíveis, quando passou da biomassa para o carvão mineral. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as emissões antrópicas (provocadas pelo ser humano) de poluentes atmosféricos incluem resíduos gasosos da queima de combustíveis fósseis, incineração, inseticidas, efluentes gasosos de processos industriais, bem como erupções de vulcões que podem alterar significativamente o clima da terra (OLIVEIRA; PELICIONE, 2009).

O problema da poluição atmosférica, no entanto, começou a ser sentido de forma mais acentuada quando as pessoas começaram a viver em assentamentos urbanos de grande densidade demográfica, com o crescimento acelerado da população mundial indo de 1,5 bilhões de pessoas, no início do século XX, para seis bilhões de pessoas no fim desse mesmo século. Com relação às inovações tecnológicas, ocorridas principalmente nesse último período, merecem destaque como agentes poluidores os processos industriais, a metalúrgica e o automóvel.

Os efeitos da poluição do ar se caracterizam tanto pela alteração de condições consideradas normais como pelo aumento de problemas já existentes. Eles ocorrem em nível local, regional e global. Podem manifestar-se na saúde e no bem-estar da população, na vegetação e na fauna, sobre os materiais, nas propriedades da atmosfera, passando pela redução da visibilidade; alteração da acidez da água da chuva, efeito estufa; modificação da intensidade da radiação solar, aumento da incidência de radiação ultravioleta sobre a Terra, pela redução da camada de ozônio, entre outros. Existem também as enfermidades humanas, como doenças pulmonares, cardiovasculares, perturbação da visão, diminuição dos reflexos, alguns tipos de câncer, abortos e até mesmo a síndrome de morte súbita infantil como associadas a estes poluentes. Em episódios agudos de poluição do ar, tem se constatado efeitos nocivos à saúde, sobretudo de parcela da população portadora ou suscetível a determinadas doenças do aparelho respiratório e cardiovascular, principalmente em crianças e idosos.

Atualmente, a poluição do ar tornou-se um problema mundial, com grande concentração de poluentes na atmosfera, que ultrapassam o limite da capacidade de autodepuração desse ecossistema. Constitui-se em uma grave ameaça à saúde pública e um dos fatores que mais tem causado problemas é a grande emissão de monóxido de carbono CO2, que prejudica a respiração, provoca dores de cabeça, desconforto, cansaço e palpitações, além de vertigens, asfixia e náuseas, segundo informativo da CETESB (1995). Porém, o Brasil, o Paraná e a cidade de Curitiba têm contribuído com esses problemas, que infelizmente vem afetando todo o planeta.

Os veículos automotores, como consequência do modo como são projetados e construídos, dependendo do combustível que utilizam, e até da maneira como são mantidos e dirigidos ou, ainda, em virtude de sua quantidade, tornaram-se e continuam sendo a maior fonte de poluição do ar. De fato, diariamente, uma frota enorme, de aproximadamente três milhões de veículos, já desde 1995 lançava na atmosfera toneladas de gases, vapores e material particulado, poluentes que comprometem seriamente a qualidade do ar que respiramos (CETESB, 1995).

O automóvel tem sido um meio de transporte muito utilizado para o deslocamento de pessoas, principalmente devido às facilidades de acesso para sua aquisição. Desse modo, observa-se uma elevação do número de veículos trafegando pelas estradas, avenidas e rodovias com o mínimo de aproveitamento do espaço disponível, já que a maioria deles é conduzida pelo motorista que vai só, repetindo diariamente o mesmo trajeto para o trabalho, para as escolas, para a Universidade, entre outros. Os veículos têm contribuído com cerca de 98% da emissão de monóxido de carbono, 97% dos hidrocarbonetos e 96% dos óxidos de nitrogênio e são os principais responsáveis pela emissão de dióxido de enxofre e material particulado inalável (OLIVEIRA; PELICIONE, 2009).

Nessas circunstâncias, um dos principais e mais poderosos instrumentos de intervenção de que se dispõe para obtenção de resultados a médio e longo prazos é a educação da população. Ela poderá contribuir para o encaminhamento de soluções contando com o apoio da ciência e da tecnologia, mas tal educação deve ser baseada na ética, na igualdade, na justiça e na solidariedade. A educação ambiental deve ser um processo contínuo de construção da cidadania, possibilitando aos indivíduos e à coletividade consciente atuar na busca de soluções para problemas que afetam a todos. Para que isso ocorra, a capacitação técnica por meio da construção de conhecimentos, da formação de atitudes e de habilidades, objetivos da educação ambiental, deve estar voltada para o desenvolvimento de ações que garantam a sustentabilidade.

Uma das possibilidades de diminuir a poluição do ar em grandes cidades é o uso compartilhado de automóveis, feito de forma constante e sistematizado. Isso gerou a idéia do uso do transporte solidário. Carona Solidária em língua inglesa: (Carpool ou Carpooling) é o uso compartilhado em alternância de um automóvel particular por duas ou mais pessoas, para viajar juntos durante o rush, ou na ida ao trabalho ou à escola, economizando em despesas de viagem, contribuindo para a redução de congestionamentos e diminuindo a poluição do ar e a emissão de gases do efeito estufa.

Este programa de Carona Solidária já é utilizado há muitos anos em outros países tais como: França, Alemanha, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos, com bastante sucesso. A adesão dos participantes nesses países foi bem mais rápida e intensa tendo em vista que a insegurança diária das pessoas lá é menor. Na França, por exemplo, existe um site chamado Covoiturage que traduzido para o português quer dizer compartilhamento de veículos. Atualmente, conta com 200 mil pessoas inscritas, que participam deste programa de carona. Disseram perceber que as vantagens são inúmeras, tais como: economia nos gastos com pedágio e com gasolina, têm sentido o prazer de conhecer outras pessoas e fazer novos amigos. (OLIVEIRA; PELICIONE, 2009).

Em um programa exibido pela Globo News em 05/2009, (Cidades e Soluções) pelo jornalista André Trigueiro houve depoimentos de pessoas que disseram que com três anos de uso do programa foi feita uma economia de 9.000 mil euros e até conseguiram quitar parcelas da compra de seu carro. Outros descrevem que em determinadas épocas do ano onde a maioria das pessoas tende a viajar muito, a carona é mais uma opção, já que muitas vezes não se consegue encontrar passagem de ônibus/trem para seus destinos.

Segundo Oliveira e Pelicione (2009), as propostas de educação ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas, “conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo próximo e importante nas suas vidas; verificar ainda, que cada uma tem um importante papel a cumprir na preservação e transformação do ambiente em que vive”. Levá-las a compreender que o futuro, como construção coletiva, depende de decisões políticas e econômicas que sejam definidas hoje.

Quando falamos de solidariedade sempre temos como pano de fundo as palavras latinas solidum (totalidade, soma total, segurança) e solidus (sólido, maciço, inteiro). A definição sociológica de solidariedade do Dicionário Michaelis parece caminhar nesta direção: "Condição grupal resultante da comunhão de atitudes e sentimentos, de modo a constituir o grupo unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face da oposição vinda de fora". Este tipo de "corporativismo social" é diferente da solidariedade cosmológica, tribal ou cultural. A diferença é que passa pela crítica do sujeito e não anula o indivíduo. Há uma espécie de interdependência. O Dicionário Aurélio falará de "vínculo recíproco", que nos parece uma expressão muito feliz para um ensaio de definição.

Para o senso comum a solidariedade está fortemente ligada ao campo das emoções:

Seria uma sensibilidade para com os menos favorecidos que leva a uma atitude de caridade. A fragilidade desta concepção está em sua unilateralidade. Os ricos deveriam ser solidários com os pobres. Mas é possível solidariedade sem reciprocidade? (ALMEIDA, 2007).

Parece-nos que o equívoco está em colocar o significado da solidariedade imediatamente no campo do agir, da ética, dos resultados. Sabemos que o agir segue o ser. Portanto, somente podemos tomar atitudes solidárias porque existe uma solidariedade essencial em nossa identidade humana.

Antes de ser uma atitude desejável em uma sociedade civilizada, a solidariedade é o parâmetro mais profundo que define a individualidade humana como o resultado criativo da relação com outras individualidades. A realização desta identidade é estimulada pela prática da solidariedade. Ou seja, o humano solidário tende a se realizar como pessoa.

Para alcançar tal objetivo, devem-se estabelecer métodos práticos e sistemas funcionais para planejamento e manutenção deste ato de solidariedade e participação, no qual compreende a Carona Solidária. Como se trata de um projeto de adesão, acreditamos que a melhor iniciativa possível tem por princípio a Gestão Participativa. Este tipo de administração é um modelo de gestão atual e contemporâneo que enfatiza as pessoas, que fazem parte da organização. Segundo Maranaldo, a Administração Participativa

[...] é o conjunto harmônico de sistemas, condições organizacionais e comportamentos gerenciais que provocam e incentivam a participação de todos no processo de administrar. Visando através dessa participação, o comprometimento com os resultados (eficiência, eficácia e qualidade) não deixando a organização apresentar desqualificação. (Maranaldo, 1989).

Com base nisto, analisa-se que a administração participativa compreende a organização como um verdadeiro sistema: pode-se afirmar que se baseia em premissas da teoria universal dos sistemas, pois se correlaciona com o conceito de sistema, sendo este segundo Oliveira (2006): "Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função".

A ênfase nos sistemas para representar a Gestão Participativa, indica para Santos (2001) que duas vertentes sustentam a gestão participativa, sendo estas a participação de todos e o comprometimento total com os resultados.

A Participação de todos significa que, a princípio, nenhuma pessoa, em qualquer nível hierárquico, deve ser excluída do processo participativo. Porém, a participação deve ser entendida como um processo na organização e não apenas como uma estratégia que gera assembléias de negociação ou de decisão. A partir disto, faz-se necessária a segunda ênfase. (Santos, 2001)

O comprometimento total com os resultados garante a sustentabilidade e efetividade do Modelo de Gestão baseado na Verdadeira Gestão Participativa. Tal ênfase implica que cada pessoa está consciente da sua responsabilidade individual com os resultados a serem perseguidos pela equipe, pelo projeto, por todos os envolvidos. Este comprometimento é a característica mais importante da administração participativa, pois disciplina a atuação individual de cada pessoa, impossibilitando da gestão participativa ser conduzida para uma estratégia de assembleia ou apenas de conter reclamações dos colaboradores.

Ressalta-se que para a efetiva aplicação da Gestão Participativa, é necessária uma Liderança efetiva e bem estruturada. O líder executa um papel importante no que tange os colaboradores, principalmente, em questões acerca de motivação, recompensas, cargos, etc.

Sendo assim, a Gestão participativa aborda as pessoas que compõem a organização como o fator principal para o sucesso dos objetivos organizacionais. Alinham-se os objetivos pessoais, juntos aos objetivos organizacionais, e gera uma maior produção e satisfação pela responsabilidade individual sobre a produção e seu serviço. A Gestão por competências é muito aceita ao se abordar o modelo de Gestão Participativa, por conter princípios inerentes à complexidade do ser humano e suas capacidades, podendo melhor estabelecer os cargos e a aceitação das competências necessárias para aplicabilidade da Gestão Participativa.

Apontando a Gestão Participa para o projeto da Carona Solidária, percebemos a importância da Universidade na implementação e sustentação do mesmo, visto que as responsabilidades vão muito mais além das possíveis de serem estabelecidas em curto prazo.

Capra (1996) afirma que “o reconhecimento de que é necessária uma profunda mudança de percepção e de pensamento para garantir a nossa sobrevivência ainda não atingiu a maioria dos líderes das nossas corporações, nem os administradores e os professores das nossas grandes universidades”.

É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une. É preciso substituir um pensamento disjuntivo e redutor por um pensamento do complexo, no sentido originário do termo complexus: o que é tecido junto. [...] é complexo o que não pode se resumir numa palavra-chave, o que não pode ser reduzido a uma lei nem a uma ideia simples. (MORIN, 2006).

Ainda segundo Morin (2003), a supremacia do conhecimento fragmentado de acordo com as disciplinas impede frequentemente de operar o vínculo entre as partes e a totalidade, e deve ser substituída por um modo de conhecimento capaz de apreender os objetos em seu contexto, sua complexidade, seu conjunto.

Dias (2002) enfatiza a grande afinidade da Educação Ambiental com esse modo de pensar. É à luz da complexidade que a Educação Ambiental se “propõe a romper barreiras preestabelecidas pelo conhecimento acadêmico”. A prontidão necessária à ação está no incentivo à transdisciplinaridade e no despertar do pensamento complexo, que transformará meros alunos universitários em seres humanos diligentes, engajados e propulsores do conhecimento ambiental adquirido. Partindo-se da premissa de que só se protege aquilo que se ama e só se ama aquilo que se conhece, vem a universidade retomar o seu papel fundamental na transmissão do conhecimento, na sensibilização, no envolvimento e no despertar dos novos agentes em prol de um meio ambiente saudável, de maneira ética e responsável.

Resta-nos projetar, nas Universidades, a aplicabilidade da Educação Ambiental propriamente dita, aquela que transforma e cria novos caminhos. Como catalisadoras do metabolismo intelectual, imersas em suas preocupações acadêmicas, focadas na produção científica para fins autopromocionais, as universidades ainda reagem de forma tímida, como se nada tivesse mudado (DIAS, 2006). A maioria de suas práticas ainda revela uma visão autocentrada, fragmentada e desconectada dos reais desafios socioambientais da sociedade.

No Brasil, a maior parte das iniciativas para uma “universidade sustentável” tem incidido, sobretudo, na ambientalização dos currículos e no incremento da investigação ambiental, com pouco respaldo dos principais decisores, e, na quase ausência de políticas públicas integradoras de educação e sustentabilidade.

Logo, a ambientalização da universidade

[...] não se restringe ao âmbito de um processo de mudanças nos professores e nos currículos das disciplinas, requerendo um redimensionar das questões ambientais para além desses dois universos; ela abrange um novo foco de atenção à universidade como um todo: seus professores, gestores, alunos, funcionários, departamentos, cursos, currículos, disciplinas, estágios, projetos de pesquisa e de extensão, a comunidade local e regional onde a universidade está inserida. (SILVA; MARCOMIN, 2009).

Porém, de nada adianta incutir ideias novas ou renovadas, revolucionárias ou não, se o pensamento ainda permanece estacionado e os métodos de ensino não acompanham o dinamismo com que ocorrem as mudanças do mundo. Neste momento de encruzilhada, a esperança está na universidade. É necessário que ela se transforme e reinvente a si própria, para servir a um projeto alternativo de civilização. Quase oito séculos e meio se passaram desde a criação da universidade e, hoje, ela se encontra bem no meio da encruzilhada civilizatória que irá definir os rumos do futuro (BUARQUE, 2003).

Dentro desse cenário, vislumbra-se a iniciativa em se elaborar o projeto da Carona Solidária, visando, mesmo que em passos pequenos e a longo prazo, mudanças da mentalidade humana tão necessárias já para nossa geração quanto para as gerações seguintes.

6 – ESTRATÉGIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO DO PROJETO

Para a concretização dos objetivos propostos pelo projeto CARONA SOLIDÁRIA, é apresentado o seguinte método:

1o) DIVISÃO EM SUBGRUPOS E RESPONSABILIZAÇÃO POR TURMAS: os executantes do projeto serão divididos em subgrupos (de 5 pessoas, mais ou menos). Cada subgrupo será responsável por uma turma de Psicologia do período noturno. Existem 10 períodos no turno da noite. Deverão existir 10 grupos. Esta divisão pode ser realizada por acordo coletivo ou por votação.

2o) COLETA DE DADOS: Dentro do período estabelecido pelo cronograma, cada subgrupo deverá fazer a explicação do Projeto CARONA SOLIDÁRIA na turma que estiver sob sua responsabilidade, bem como coletar os dados das pessoas que oferecem carona. Dentre os dados, deverá conter:

- Nome completo;

- Período e turno;

- Disponibilidade de horário para oferecer carona (ida e/ou volta);

- Pontos de referência, bairro;

- Telefone para contato.

3o) DIVULGAÇÃO DO PROJETO: Após a coleta de dados, os grupos deverão se reunir, dentro do período estabelecido pelo cronograma, e elaborar uma lista de todas as pessoas que oferecem carona, nos moldes em que preferirem (cartaz, e-mail, blog, etc), e fazer a divulgação da lista completa em todas turmas. Cada grupo fica responsável pela divulgação na turma que estiver sob sua responsabilidade (como descrito no primeiro item).

Para facilitar o contato com as turmas, é aconselhável aos grupos pedirem o auxílio dos representantes de turma. Importante ressaltar também que o projeto é passível de modificações no decorrer de sua aplicação, conforme se apresentam as necessidades dos grupos, disponibilidade, utilizações de recursos, etc.

7 – CRONOGRAMA

|20 A 27 DE SETEMBRO: DIVISÃO DOS SUBGRUPOS |

|28 DE SETEMBRO A 11 DE OUTUBRO: COLETA DE DADOS NAS TURMAS |

|12 DE OUTUBRO A 01 DE NOVEMBRO: DIVULGAÇÃO DO PROJETO |

8 – REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. C. Antropologia da solidariedade. Notandum 14. Univ do Porto, 2007. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2010.

BUARQUE, C. A universidade numa encruzilhada. In: UNESCO Brasil. Brasília: Ministério da Educação UNESCO, 2003. Disponível em: . Acesso em: 07 set. 2010.

CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996.

DIAS, G. F. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Gaia, 2002.

______. Educação e gestão ambiental. São Paulo: Gaia, 2006.

GLOBO NEWS, Reportagem: Viajar de Carona se torna cada vez mais comum. Exibida no Programa Cidades e Soluções, 05/2009.

INFORMATIVO CETESB, São Paulo, 1995.

MARANALDO, D. Estratégia para a competitividade. São Paulo: Produtivismo, 1989.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

______. A cabeça bem-feita. 8. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

______. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2006.

NASCIMENTO, S. Curitiba diante do esgotamento do trânsito. Jornal Comunicação. Publicado em 07/04/07. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2010.

OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas, Organizações e Métodos: uma abordagem gerencial. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2006.

OLIVEIRA, S. C.; PELICIONE, M. C. F. Educação Ambiental com vistas a um Trânsito Saudável. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2010.

 

SANTOS, A. R. Gestão do conhecimento: uma experiência para o sucesso empresarial. Curitiba: Champagnat, 2001

SILVA, A. D. V.; MARCOMIN, F. E. A universidade sustentável: alguns elementos para a ambientalização do ensino superior a partir da realidade brasileira. Revista Contrapontos, Itajaí, v. 9, n. 2, p. 104-117 - mai/ago 2009. Disponível em: . Acesso em: 16 set. 2010.

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