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Sequência didática 2Componente curricular: Língua PortuguesaAno: 6?Bimestre: 4?Título: Leitura, interpreta??o e atualiza??o do conto “Uma aposta”, de Artur AzevedoObjetivos de aprendizagemLer, interpretar e analisar um conto de um autor brasileiro, considerando o contexto em que foi escrito.Objeto de conhecimento:Reconstru??o das condi??es de produ??o, circula??o e recep??o.Habilidade trabalhada: (EF69LP44) Inferir a presen?a de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes vis?es de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produ??o.Fomentar a leitura de contos e outros textos literários e estudar as principais características do gênero petênciasCompetências gerais:3 – Valorizar e fruir as diversas manifesta??es artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produ??o artístico-cultural.4 – Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informa??es, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento múpetências específicas de Linguagens:1 – Compreender as linguagens como constru??o humana, histórica, social e cultural, de natureza din?mica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significa??o da realidade e express?o de subjetividades e identidades sociais e culturais.2 – Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participa??o na vida social e colaborar para a constru??o de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.3 – Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar informa??es, experiências, ideias e sentimentos que levem ao diálogo, à resolu??o de conflitos e à coopera??petências específicas de Língua Portuguesa:1 – Compreender a língua como fen?meno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de constru??o de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem.2 – Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de intera??o nos diferentes campos de atua??o da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social.3 – Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atua??o e mídias, com compreens?o, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informa??es, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.Objetos de conhecimento:Estratégias de leitura; aprecia??o e réplica.Habilidade trabalhada: (EF67LP28) Ler, de forma aut?noma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, cr?nicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), videopoemas, poemas visuais, entre outros, expressando avalia??o sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.Atualizar o conto para a realidade social e cultural dos dias de hoje, considerando, sobretudo, a utiliza??o da linguagem e as varia??es nas formas de rela??es humanas.Objetos de conhecimento:Constru??o da textualidade; rela??o entre textos.Habilidade trabalhada: (EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, como contos populares, contos de suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma, cr?nicas, histórias em quadrinhos, entre outros, que utilizem cenários e personagens realistas ou de fantasia, observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, como enredo, personagens, tempo, espa?o e narrador, utilizando tempos verbais adequados à narra??o de fatos passados, empregando conhecimentos sobre diferentes modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos direto e indireto.Tempo previsto: 7 aulasMateriais necessáriosFolhas para imprimir textos, folhas de papel sulfite A4, caderno e lápis.Desenvolvimento da sequência didáticaEtapa 1 (2 aulas)O objetivo desta atividade é motivar os alunos a pensarem sobre algumas quest?es que s?o relevantes para a interpreta??o do conto e, também, para o exercício de produ??o escrita que será proposto adiante. Com antecedência, providencie cópias do conto “Uma aposta”, escrito por Artur Azevedo (1855-1908) e transcrito a seguir. Esse texto também está disponível no site Domínio Público. Distribua as cópias aos alunos e informe que Artur Azevedo escreveu em 1907 o conto que v?o ler, portanto, a linguagem é bem diferente da utilizada nos dias de hoje.Uma apostaSe o Simplício Gomes n?o fosse um rapaz do nosso tempo, se n?o usasse cal?as brancas, paletó de alpaca, chapéu de palha e guarda-chuva, daria ideia de um desses quebra-lan?as que só se encontram nos romances de cavalaria. De outro qualquer diríamos:"Ele gostava de Dudu"; tratando-se, porém, do Simplício Gomes, empregaremos esta express?o menos familiar: "Ele amava Edviges".O seu amor tinha, realmente, alguma coisa de puro e de ideal, que n?o se compadecia com os costumes de e?ava por ser discreto; Dudu adivinhou, ou antes, percebeu que era amada, mas ele nunca lho disse, nunca se atreveu a dizer-lhe, n?o por timidez ou respeito, mas simplesmente porque n?o tinha confian?a no seu merecimento.Estava bem empregado, poderia casar-se e viver modestamente em família ― mas era t?o feio, t?o pequenino, t?o insignificante e ela t?o linda e t?o esbelta, que o casamento lhe parecia desproporcionado.Ele n?o se sentia digno dela, n?o acreditava que a pudesse fazer feliz, e isso o desgostava profundamente. Ela, por seu lado, n?o concorria para que a situa??o se modificasse: fingia ignorar que ele a amava, e atribuía toda aquela solicitude a um afeto desinteressado.Dudu vivia com a m?e, uma pobre viúva sem outro recurso que n?o fosse o do meio soldo e o montepio deixados pelo marido, brioso oficial do Exército que viveu sempre desprotegido, porque n?o sabia lisonjear nem pedir; mas o Simplício Gomes, sem fuma?as de protetor, e dando a esmola com ares de quem a recebia, achava meios e modos de fazer com que naquela casa faltasse apenas o supéo era parente, embora afastado, das duas senhoras, estas consideravam os seus favores simples aten??es de família.O caso é que o Simplício Gomes parecia adivinhar os menores desejos de Dudu e nessas ocasi?es recorria ao ardil de uma aposta:― Aposto que hoje chove!― Que ideia! O dia está bonito!― Pois sim, mas o calor é excessivo: temos água com toda a certeza!― N?o temos!― Fa?amos uma aposta!― Valeu! Se chover eu perco uma caixa de charutos.― E eu aquela blusa que você viu na vitrina da Notre-Dame e cobi?ou tanto.― Quem lhe disse que cobicei?― Ora, esses olhos n?o me enganam.No dia seguinte Dudu recebia a blusa.A velha costumava dizer com muita ingenuidade:― Você faz mal em apostas, Simplício! Muito caipora, perde sempre, e ent?o, em se tratando de mudan?a de tempo, é uma lástima!Conquanto n?o se atrevesse a falar em casamento, o pobre rapaz sofria, oprimido pela ideia de que, quando menos se pensasse, Dudu teria um namorado... um noivo... um marido. E, efetivamente, n?o se passou muito tempo que os seus receios n?o se realizassem.Dudu impressionou-se por um cavalheiro muito bem trajado, que come?ou a rondar-lhe a porta quase todos os dias, cumprimentando-a, depois sorrindo-lhe, e finalmente escrevendo-lhe, gra?as à cumplicidade de um molecote da casa.Depois de receber três cartas, Dudu contestou, convenceu-se de que as inten??es do namorado eram as melhores e mostrou a correspondência à m?e, que imediatamente consultou o Simplício Gomes sem saber o desgosto que lhe causava. Este, que já havia notado as idas e vindas do transeunte suspeito, disfar?ou o mais que p?de os seus sentimentos, limitando-se a dizer que Dudu n?o deveria casar-se com aquele homem sem ter primeiramente certeza de que ele a amava deveras.A velha, com toda a sua simplicidade, pediu-lhe que se informasse da idoneidade do pretendente, e o mísero logo se transformou de quebra-lan?as em quebra-esquinas.Foram desanimadoras (para ele) as informa??es que obteve: o rival chamava-se Bandeira, era de boa família, de bons costumes, funcionário público de certa categoria, estimado, e tinha alguma coisa. O seu único defeito era ser um pouco genioso.O Simplício, que n?o tinha o altruísmo heroico de Cyrano de Bergerac, n?o avolumou as qualidades do outro, mas foi leal: n?o as diminuiu. Em suma: o Bandeira pediu a m?o de Dudu, e come?ou a frequentar a casa.O coitado n?o articulou uma queixa, mas come?ou desde logo a emagrecer a olhos vistos; perdeu o apetite, ficou macambúzio, fúnebre... Dudu, que tudo compreendeu, teve muita pena, teve quase remorsos, mas a velha nem mesmo assim desconfiou que a filha fosse adorada pelo infeliz parente.Entretanto, o Simplício Gomes come?ou a ser assíduo em casa de Dudu; o seu desejo oculto era n?o deixá-la sozinha com o tal Bandeira enquanto n?o se casassem.O noivo tinha, efetivamente, boas qualidades, mas era n?o só genioso, mas de uma arrog?ncia, de uma empáfia, de um autoritarismo que come?aram a inquietar Dudu.Uma bela tarde em que se achavam ambos sentados no canapé, e o Simplício Gomes afastado, num canto da sala, folheava um álbum de retratos, o Bandeira levantou-se dizendo:― Vou-me embora; tenho ainda que dar umas voltas antes da noite.― Ora, ainda é cedo; fique mais um instantinho ― replicou Dudu, sem se levantar do canapé.― Já lhe disse que tenho o que fazer! Pe?o-lhe que vá desde já se habituando a n?o contrariar as minhas vontades! Olhe que, depois de casado, hei de sair quantas vezes quiser sem dar satisfa??es a ninguém.― Bom; n?o precisa zangar-se.― N?o me zango, mas contrario-me! N?o me escravizei; quero casar-me com a senhora, mas n?o perder a liberdade!― Faz bem. Adeus. Até quando?― Até amanh? ou depois.O Bandeira apertou a m?o de Dudu, despediu-se com um gesto do Simplício Gomes e saiu batendo passos enérgicos, de dono de casa.Dudu ficou sentada no canapé, olhando para o ch?o.O Simplício Gomes aproximou-se de mansinho, e sentou-se ao seu lado.Ficaram dez minutos sem dizer nada um ao outro.Afinal Dudu rompeu o silêncio. Olhou para o céu iluminado por um crepúsculo esplêndido, e murmurou:― Vamos ter chuva.― N?o diga isso, Dudu: o tempo está seguro!― Apostemos!― Pois apostemos! Eu perco... perco uma coisa bonita para o seu enxoval de noiva. E você?― Eu... perco-me a mim mesma, porque quero ser tua mulher!E Dudu caiu, chorando, nos bra?os de Simplício Gomes.AZEVEDO, Arthur. Histórias brejeiras. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. (Col. Prestígio).Pe?a aos alunos que formem grupos com quatro ou cinco integrantes. Em seguida, pe?a que fa?am uma leitura silenciosa do conto. Oriente-os a prestar aten??o na história e assinalar as palavras e express?es cujo significado seja desconhecido. Depois de terminada a leitura, oriente-os a conversarem, em grupo, sobre as palavras que tiveram dúvidas, pois é possível que alguns saibam o significado de uma ou outra palavra. Dê liberdade para que fa?am inferências a respeito. Deixe pelo menos um dicionário disponível para que os alunos pesquisem o vocabulário desconhecido. Oriente-os para essa pesquisa. Por fim, pe?a aos grupos que explicitem suas dúvidas em rela??o ao vocabulário para a turma toda. Dessa forma, um grupo poderá auxiliar o outro. Também é bem possível que todos os grupos tenham dúvidas em comum. Esclare?a as dúvidas dos alunos e instrua-os a realizar uma segunda leitura. Após as duas leituras, informe aos alunos que você escreverá na lousa algumas quest?es que possibilitem a eles a reflex?o e a discuss?o a respeito do conto. Sugest?es de perguntas:– No primeiro parágrafo, o narrador descreve as roupas de Simplício. Na opini?o de vocês, qual é a fun??o dessa descri??o?Espera-se que os alunos percebam que a descri??o das roupas de Simplício tem a fun??o de mostrar que ele era um rapaz afinado com a época (“rapaz do nosso tempo”) e trajava-se de acordo com o estilo de ent?o, porém seus sentimentos em rela??o a Dudu ― como s?o revelados em seguida ― eram semelhantes aos dos personagens dos romances de cavalaria: ele era um sujeito com ideais rom?nticos. – Vocês conseguiram imaginar o vestuário descrito pelo narrador? Comparem as roupas da época com as atuais.Espera-se que os alunos descrevam a roupa que imaginaram e comparem esse traje com o que os jovens usam atualmente. Exemplos: no lugar das cal?as brancas est?o os jeans; no lugar do paletó, a jaqueta; no lugar do chapéu, o boné.– O que chamou sua aten??o em rela??o à linguagem utilizada pelo narrador e pelos personagens do conto? Por quê?As respostas s?o pessoais, mas espera-se que os alunos identifiquem, no texto do narrador e na fala dos personagens, palavras, express?es ou constru??es gramaticais que já n?o s?o comuns nos dias de hoje; alguns exemplos podem ser: “nunca lho disse, nunca se atreveu a dizer-lhe”; “meio soldo e montepio deixados pelo marido, brioso oficial”.– O narrador acrescenta outros detalhes à descri??o de Simplício com rela??o à aparência e personalidade. Que opini?o vocês formaram sobre esse personagem ao ler o conto?De acordo com o narrador, Simplício “estava bem empregado, poderia casar-se e viver modestamente em família – mas era t?o feio, t?o pequenino, t?o insignificante”. Espera-se que os alunos concluam que Simplício era um homem trabalhador, tinha uma situa??o estável, mas n?o confiava em si mesmo, era inseguro, devido à sua aparência.– O que diz o narrador sobre Dudu? Na opini?o de vocês, Simplício tinha motivos para n?o se sentir “digno” dela? O que vocês pensam a respeito disso?O narrador diz que Dudu era “t?o?linda?e t?o esbelta”, e que fingia ignorar o amor de Simplício. Espera-se que os alunos reflitam sobre a postura dos personagens e pensem, por exemplo, acerca de conceitos como a autoestima e a autoconfian?a; pode-se, nesse momento, problematizar com os alunos a ideia de que uma pessoa possa n?o se sentir “digna” de outra.– De que forma Bandeira come?ou a comunicar-se com Dudu e como essa comunica??o foi se desenvolvendo? Algo chamou sua aten??o nessa parte da história? Por quê?Espera-se que os alunos descrevam que Bandeira come?ou a rondar a casa de Dudu, depois cumprimentou-a, depois sorriu para ela e, por fim, escreveu cartas. O que pode chamar a aten??o dos alunos nesse trecho da história é a mudan?a dos hábitos e meios de comunica??o em diversos contextos, como o da amizade ou do namoro, por exemplo.– Com base na descri??o que o narrador faz de Bandeira, ele era “de boa família, de bons costumes” e tinha “alguma coisa”. O que essa descri??o indica? Qual é sua opini?o a respeito disso? Essa descri??o indica que Bandeira era um bom partido para um casamento: vinha de uma boa família, era educado e tinha bens. Espera-se que os alunos questionem a import?ncia que se dá, em alguns casos, às posses materiais ou à procedência familiar de uma pessoa ao fazer uma descri??o dela. ? importante considerar que, na época em que o conto foi escrito, essas características tinham uma relev?ncia diferente da que têm hoje em dia em nossa cultura.– Que compara??o é possível estabelecer entre os sentimentos e atitudes de Simplício e os de Bandeira em rela??o a Dudu? Espera-se que os alunos fa?am um paralelo entre o comportamento de Simplício e o de Bandeira para com Dudu. Simplício é um homem discreto, nutre um amor puro, porém velado, por Dudu, percebe seus desejos e atende a eles sem que ela note, protege sua família, está sempre presente. Bandeira apresenta-se como um cavalheiro, mas, com o passar do tempo, revela ser genioso, arrogante e autoritário, o que desagrada base nesse ponto de vista, dê continuidade à discuss?o. Esse pode ser o ponto de partida para ampliar a troca de ideias entre os alunos, trazendo-o aos dias de hoje e estabelecendo compara??es entre o modo de vida das primeiras décadas do século XX e o da atualidade. Estimule-os a fazer essa compara??o, perguntando, por exemplo: Observem a posi??o social da mulher descrita no conto (escrito no início do século XX) e a posi??o social da mulher nos dias de hoje. Na opini?o de vocês, o que há de igual e o que há de diferente? Acrescente à discuss?o outras quest?es que julgar relevantes e ajude os alunos no que for necessário durante o trabalho em grupo. Instrua-os a anotar os principais pontos da discuss?o, as conclus?es a que chegarem juntos e as opini?es divergentes que possam surgir. Explique que essas anota??es ser?o úteis para o exercício da etapa seguinte. Oriente-os a trazê-las nas próximas aulas, junto com o conto. Pe?a-lhes que, em casa, releiam o texto e reflitam novamente sobre ele e sobre os assuntos discutidos com os colegas.Etapa 2 (2 aulas)Nesta etapa da sequência didática, pretende-se dar ênfase à posi??o da mulher na sociedade da época e, a partir daí, abordar outros assuntos, como: a import?ncia do casamento para a mulher naquela época, a submiss?o e dependência financeira da mulher em rela??o ao marido (inclusive no caso da viúva). Inicie a aula retomando aspectos do conto que foram trabalhados na etapa anterior. Desenvolva com os alunos uma conversa breve para que recordem o que foi discutido e, se achar necessário, oriente-os a reler o texto e suas anota??es novamente.Oriente-os a se organizarem em círculo, ajeitando as carteiras e formando um grande grupo. Proponha a realiza??o de uma nova conversa. Para iniciar, conduzir e estimular a discuss?o entre os alunos, seguem algumas perguntas que você pode fazer a eles ao longo da atividade:– O que mais chamou a aten??o de vocês ao lerem o conto “Uma aposta”? Por quê?As respostas dos alunos podem ser muito variadas. Algumas possibilidades: a forma como os personagens se vestem, se comunicam e se comportam; a timidez ou a falta de autoconfian?a de Simplício; o modo como Bandeira trata Dudu no final do conto; o desfecho da história.– Vocês acham que um conto como esse que vocês leram é importante para quê? Para divertir? Para fazer pensar sobre a vida? Espera-se que os alunos percebam que a literatura, assim como outras formas de arte, pode afetar o público de diversas maneiras, e que n?o se trata de agradar o leitor, mas de fazê-lo refletir, de enriquecê-lo social e culturalmente, de proporcionar-lhe oportunidades de aprecia??o artística, de sensibilizá-lo.– Pensem neste trecho do conto, que descreve a m?e de Dudu: “uma pobre viúva sem outro recurso que n?o fosse o do meio soldo e montepio deixados pelo marido”. Levando em conta o contexto social da época, por que ela seria considerada uma “pobre viúva”? As mulheres costumavam casar-se novamente? E trabalhar fora de casa era algo comum para as mulheres? Por que era assim?Ela era considerada uma “pobre viúva” porque, na época, a mulher ocupava uma posi??o de dependência do marido, tanto financeira quanto social, e via-se em uma situa??o difícil ao perdê-lo; n?o era comum que se casasse novamente ou trabalhasse fora de casa, o que contribuía para essa situa??o de submiss?o, que perdurou por séculos e ainda persiste em alguns contextos. Isso se deve a diversas raz?es; entre elas, as tradi??es, as especificidades de cada época e cultura, a desigualdade de gêneros e o machismo. – O que vocês acham que mudou em rela??o a isso desde ent?o?Espera-se que os alunos concluam que a situa??o da mulher na sociedade mudou muito desde ent?o, gra?as às lutas por direitos iguais e às mudan?as de pensamento como um todo. No entanto, muitos problemas ainda existem; entre eles, a discrimina??o e a violência contra a mulher, a desigualdade de salários, a ausência de mulheres em cargos importantes e o desequilíbrio na divis?o de tarefas domésticas.– Pensem agora sobre Dudu. Por que, na opini?o de vocês, ela “fingia ignorar que [Simplício] a amava”? E o que acham que ela deve ter pensado ao aceitar o pedido de namoro de Bandeira? Espera-se que os alunos levantem algumas hipóteses com base na leitura do conto; podem imaginar, por exemplo, que Dudu concordasse com Simplício e n?o o achasse “digno” dela, ou que esperasse um pretendente de melhor posi??o social e financeira, ou ainda que correspondesse aos sentimentos de Simplício, mas n?o tivesse coragem de dizer.– Como Dudu se sustentava economicamente? Tinha um emprego?A história dá a entender que Dudu também vivia da pens?o deixada pelo pai, além de aceitar os favores de Simplício. ? importante problematizar essa quest?o e analisar a postura de Dudu de acordo com o contexto da época.– Por que um homem como Bandeira sentia-se no direito de agir com “autoritarismo” em rela??o à mulher? Que trecho do conto demonstra essa postura? Qual foi a rea??o de Dudu? Vocês acham que, nos dias de hoje, esse tipo de situa??o poderia ocorrer?Talvez apenas por acreditar que era direito do homem agir dessa maneira, ou ainda por ser um cidad?o “de certa categoria” (rico). Essas duas falas de Bandeira demonstram seu autoritarismo: “Já lhe disse que tenho o que fazer! Pe?o-lhe que vá desde já se habituando a n?o contrariar as minhas vontades! Olhe que depois de casado, hei de sair quantas vezes quiser sem dar satisfa??es a ninguém!”; “N?o me zango, mas contrario-me! N?o me escravizei; quero casar-me com a senhora, mas n?o perder a liberdade!”. Dudu reage com submiss?o e conformidade. Respostas pessoais.– Para a mulher, naquela época, era importante casar-se? O que costumava acontecer no que diz respeito ao sustento financeiro da casa? Quais eram os papéis do homem e da mulher? Espera-se que os alunos compreendam que, na época, o casamento era importante para a maioria das mulheres, pois o sustento delas dependia disso. Cabia ao homem o papel de provedor financeiro da casa, e à mulher cabia a tarefa de cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos.– Vocês acreditam que esses papéis mudaram ao longo dos anos? Falem a respeito.Espera-se que os alunos avaliem as mudan?as que ocorreram ou n?o; podem mencionar, por exemplo, o fato de que hoje em dia muitas mulheres trabalham fora de casa e muitos homens cuidam dos servi?os domésticos e dos filhos, e que, além disso, o conceito de família atualmente é muito mais amplo.– Será que os costumes mudam com o passar dos anos? Em que exemplos vocês conseguem pensar? ? importante que isso aconte?a? Por quê? Espera-se que os alunos pensem em exemplos de costumes que mudaram com o tempo, como o de o indivíduo se casar e ter filhos mais tarde que antigamente, ou de nem sequer ter esses planos. ? importante que se discutam, ao longo deste trabalho, quest?es relativas aos direitos iguais e ao respeito mútuo. Conduza a discuss?o de modo a estimular os alunos a refletirem sobre a postura dos personagens, levando em conta o contexto em que vivem. A partir dessa reflex?o, é possível abordar, com o devido cuidado, quest?es como o machismo e a conquista de direitos das mulheres. Alguns dos assuntos que podem ser abordados nesse momento s?o: a diferen?a salarial entre homens e mulheres; a carga de trabalho da mulher, que, muitas vezes, acumula o emprego, o cuidado dos filhos e as tarefas domésticas; o preconceito e a desvaloriza??o do trabalho e da opini?o da mulher; a atribui??o de determinadas profiss?es a habilidades supostamente masculinas ou femininas; entre outras quest?es que você julgue apropriadas. Considere a idade dos alunos, bem como sua realidade social e econ?mica, ao introduzir tais assuntos na discuss?o. Conforme o desenvolvimento da conversa, motive-os a pensarem no contexto atual e em como determinados comportamentos mudaram ou evoluíram, bem como em problemas que ainda existem e suas possíveis raz?es.Se julgar conveniente, oriente os alunos a fazerem uma pesquisa breve sobre esses temas antes da discuss?o. Conduza-os à sala de informática da escola, se possível, e oriente-os durante a pesquisa para que acessem sites de conteúdo adequado. Sugerimos a página sobre “Igualdade de gênero” no site das Na??es Unidas no Brasil, bem como o site da ONU Mulheres Brasil, e a página sobre “Como educar para a igualdade de gêneros?” no site do canal Futura.Outra possibilidade é levar à aula alguns artigos pertinentes a esse propósito e ler alguns trechos com os alunos. Uma sugest?o é a matéria “Dia internacional da mulher”, do jornal Joca, voltado ao público infantil e adolescente. Seguem sugest?es de livros para os alunos:Frida Kahlo: para meninas e meninos, de Nádia Fink. Florianópolis: Sur Livro, 2015. Malala: a menina que queria ir para a escola, de Adriana Carranca. S?o Paulo: Companhia das Letrinhas, 2015. Histórias de ninar para garotas rebeldes: 100 fábulas sobre mulheres extraordinárias, de Elena Favilli e Francesca Cavallo. S?o Paulo: Vergara & Riba, 2017. Mulheres: um século de transforma??es, de Schuma Schumaher. Rio de Janeiro: Lacre, 2018.Mulheres incríveis: artistas e atletas, piratas e punks, militantes e outras revolucionárias que moldaram a história do mundo, de Kate Schatz. Bauru: Astral Cultural, 2017.Além dessas sugest?es, você pode apresentar aos alunos outros textos e materiais que achar interessantes e apropriados, lembrando que o propósito da discuss?o é analisar o papel da mulher em contextos sociais e épocas diferentes, bem como as possibilidades de mudan?a desse papel. Vale ressaltar que, embora a temática do machismo fa?a parte da discuss?o, é importante abordá-la com cuidado, tendo em vista a cultura, os costumes e a realidade social de cada momento histórico estudado, e levando em conta a faixa etária e o conhecimento de mundo dos alunos.Ao final, retome com os alunos os principais pontos levantados durante a discuss?o e explique que o trabalho com o conto de Artur Azevedo será retomado na aula seguinte.Etapa 3 (3 aulas)Solicite aos alunos que releiam o conto “Uma aposta” pensando no que discutiram com os colegas nas aulas anteriores. Se julgar conveniente, escreva na lousa um esquema contendo as principais características do gênero conto: narrativa breve, geralmente construída em torno de um fato principal; descri??o breve dos personagens, do espa?o e do tempo; a apresenta??o das a??es pelo narrador n?o se alonga; as informa??es limitam-se ao que é importante para narrar o acontecimento. Converse com os alunos a respeito delas.Se houver tempo disponível, apresente à turma outros textos do gênero. Você pode acessar o site Domínio Público para pesquisar contos de diversos autores. Sugerimos, também, o livro Contos para ler na escola, de Miguel Sanches Neto (Org.). Rio de Janeiro: Record, 2007. Recomendamos que você selecione contos apropriados à faixa etária dos alunos. O objetivo desta atividade é fazer com que os alunos identifiquem as características principais do gênero em outros contos.Em seguida, proponha a eles uma nova atividade: – Considerando os temas analisados e discutidos e as características do gênero textual, reescrevam o conto de Artur Azevedo, “atualizando-o” para o contexto em que vivemos.Instrua os alunos a escrever a primeira vers?o do texto em uma folha avulsa. Oriente-os para que se guiem pelos aspectos da realidade atual, imaginando como se desenrolaria, hoje em dia, a história de Simplício, Bandeira, Dudu e sua m?e. Solicite aos alunos que elaborem o texto individualmente e em silêncio, dando a eles o tempo que considerar adequado para a realiza??o da tarefa. Espera-se que os conhecimentos prévios dos alunos e as reflex?es e discuss?es das aulas anteriores, bem como o estudo do gênero e as pesquisas feitas em sala de aula, sirvam como ferramentas para a execu??o da atividade proposta.Uma vez concluída a reda??o da primeira vers?o do conto, os alunos devem trocar os textos entre eles. Solicite que leiam o conto do colega, fa?am corre??es ortográficas e sugiram as altera??es que acharem necessárias ou interessantes. Com base nessas sugest?es, eles devem reescrever o conto em uma folha avulsa do caderno ou em uma folha de papel sulfite.Sugerimos que você também leia os contos dos alunos, a fim de propor os ajustes que julgar pertinentes, tanto em rela??o aos aspectos linguísticos como em rela??o ao tema, à proposta da atividade e aos conceitos e valores expressos no texto. ? importante orientar os alunos nessa etapa da sequência e cuidar para que n?o se reproduzam ideias relacionadas a estereótipos e preconceitos, e para que se desenvolvam no??es de igualdade e respeito aliadas à leitura e à postura críticas que se esperam dos estudantes.Em seguida, organize com os alunos uma roda de leitura das vers?es finais dos contos. A ordem pode ser definida por sorteio, até que todos tenham lido seus textos. Caso n?o haja tempo para a leitura de todos, você pode sortear alguns deles ou solicitar voluntários. Finalmente, pode-se propor um exercício de conclus?o da atividade: a compara??o de alguns elementos e características dos contos lidos e uma discuss?o breve acerca dos caminhos escolhidos por cada autor, levando em conta a proposta de atualiza??o da história.As quest?es a seguir foram elaboradas para retomar e concluir a reflex?o e a discuss?o promovidas ao longo desta sequência didática. Elas podem ser discutidas em grupos ou com toda a turma.1. Vocês acham que certas manifesta??es artísticas contribuem, por vezes, para dar voz aos excluídos? Por quê?? desejável que os alunos percebam que o contato com textos literários escritos ou ambientados em outras épocas e outros lugares é importante para o desenvolvimento da cultura, da postura crítica e da vis?o de mundo do leitor. A leitura de contos como esse pode contribuir para a forma??o cidad? e estimular a aprecia??o da literatura e de outras formas de arte.2. Na opini?o de vocês, por que é importante estudar história e comparar outras épocas com a atual? ? possível fazer isso por meio da literatura?Espera-se que os alunos constatem que aprender história desde uma perspectiva que dialoga com a realidade de hoje é fundamental para compreender como foram construídos conceitos e sociedades. E, para estudar história, convém buscar n?o apenas o conteúdo produzido por historiadores, mas também documentos, obras de arte e outros registros de épocas passadas, entre os quais podemos incluir os textos literários, que retratam costumes e valores em determinado contexto de tempo e espa?o.3. Ao analisar as atitudes e a postura dos personagens do conto “Uma aposta” com os olhos de hoje em dia, a que conclus?es vocês chegaram? Como acham que os leitores da época reagiram ao conto?O objetivo dessa quest?o é fazer com que os alunos percebam que a análise do contexto de produ??o é fundamental em qualquer leitura, e a compara??o com outros contextos contribui para o desenvolvimento da empatia pelo outro, em uma tentativa de entender por que as coisas eram ou s?o de uma maneira ou de outra.Avalia??oA avalia??o deverá ser contínua e levar em considera??o os seguintes aspectos:participa??o do aluno nas discuss?es e no levantamento de sugest?es, assuntos e conteúdos estudados anteriormente;coopera??o, intera??o e participa??o do aluno nos trabalhos em grupo;desempenho do aluno nas pesquisas e na sele??o de conteúdos relevantes para a finalidade proposta;aten??o e interesse do aluno na leitura e na interpreta??o do conto;participa??o do aluno nas discuss?es e adequa??o das opini?es expressadas;realiza??o da produ??o escrita com organiza??o, cuidado e aten??o ao que foi solicitado.A produ??o escrita dos contos também deverá ser avaliada de acordo com o seguinte questionário:AVALIA??O DOS CONTOS REESCRITOS NO CONTEXTO ATUALSIMN?OO novo conto manteve os personagens (suas características físicas e psicológicas) e os elementos básicos da história original?A história foi reescrita de uma maneira que fa?a sentido no contexto de hoje?O conflito e o desfecho condizem com a mudan?a de costumes e valores que ocorreu com o passar dos anos?A reda??o foi feita com cuidado e com a inten??o de despertar o interesse do leitor?O texto possui estas características do gênero conto?– Narrativa breve– Descri??o breve dos personagens, espa?o e tempo– Apresenta??o breve das a??es– Informa??es que se limitam ao essencialApós o trabalho com a sequência didática, proponha aos alunos a autoavalia??o a seguir. Se preferir, reproduza as quest?es na lousa e pe?a aos alunos que as copiem e respondam.AUTOAVALIA??OSIMN?OEu realizei as pesquisas e leituras solicitadas com empenho e aten??o?Ao ler o conto, consegui inferir o significado de algumas palavras com o apoio de outros elementos do texto?Demonstrei interesse e coerência na interpreta??o do conto?Prestei aten??o nos comentários dos colegas e respeitei as opini?es que divergiam da minha?Ao reescrever o conto, demonstrei criatividade e aten??o ao que foi proposto? ................
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