AS PROPORÇÕES HARMÔNICAS NA TERAPÊUTICA …



A GEOMETRIA SAGRADA E A NATUROLOGIA NA RECONEXÃO DO SAGRADO - UM ESTUDO TRANSDISCIPLINAR

Mathias Pereira de Godoy[1]

Resumo: Neste estudo propôs-se investigar as formas geométricas harmônicas, no auxilio à reconciliação do Ser humano com o Sagrado, verificando via revisão bibliográfica sua relação com o Universo Naturológico; útil à harmonia, atenção e cuidado integral do Ser Humano. É um estudo transdisciplinar, pois se objetivou manter a integralidade da abordagem durante sua produção. Através deste estudo verificou-se que a utilização destas geometrias tem uma função integradora significativa que nos conecta com matrizes essenciais universais. A experiência com os símbolos, formas e geometrias Sagradas tende ordenadamente a atuar como um instrumento enriquecedor à relação terapêutica, por evocar a Unidade, à Totalidade e ao Sagrado.

Palavras-chave: Geometria. Harmonia. Naturologia. Símbolo. Sagrado.

1 INTRODUÇÃO

Primeiramente, é necessário situar o Ser humano no contexto do Sagrado, realizando um histórico do surgimento da temática. Ao longo dos tempos o ser humano se distanciou de sua condição de Unidade, conforme elabora Johnson (1989, p.54):

O Caminho para consciência começa quando aprendemos a quebrar a unidade primordial. (...) Como Adão, no Jardim do Éden, aprendemos a nos ver como unidade distinta dos demais e do mundo. Aprendemos a dividir o mundo em categorias, a classificar. Começamos por separar em opostos não só os fenômenos externos a nós, mas inclusive, nossas próprias personalidades e características: o que parece ‘bom’ e o que parece ‘mau’, as coisas que nos apavoram e as que nos confortam, aquelas que nos dão segurança e as que nos ameaçam e diminuem.

Em comparação a este aspecto, Steiner (2000ª) relaciona que em cada indivíduo existe uma busca pela superação destas contraposições:

Esse muro divisório entre o eu e o mundo surge tão logo a consciência desperta. Mas sempre permanece o sentimento de que o homem pertence ao mundo, de que existe um nexo que une o eu e o mundo e de que não somos um ente fora, mas sim integrados ao Universo. (STEINER, 2000ª, p.24)

Wilber (1979), explica que a adoção de limites pôde gerar um enorme avanço tecnológico e político, mas também alienação, fragmentação e conflito, pois o limite tende a estabelecer um controle sobre algo e acaba criando a separatividade entre o que se está sendo tentado criar e quem está criando. Isto foi, de certa forma, reformulado na Grécia Antiga, quando o homem, pôde contar, medir e descrever limites mais sutis e abstratos; e o estudo dos números revelou um caráter Divino (Sagrado) fundamental e transcendente à compreensão do cosmo. Através dos números irracionais o homem conseguiu libertar sua mente das coisas concretas.

Jung ao estudar os aspectos mitológicos[2] das culturas orientais, observou que muitos símbolos Sagrados destas mitologias, como Deuses, Deusas, totens e outras imagens apareciam regularmente nos sonhos e em contos de culturas locais européias que não haviam sido expostas a estes conteúdos, Jung a partir destes dados formulou que esses aspectos pertenciam a uma herança comum a todas as pessoas, a qual denominou inconsciente coletivo. Essas formas simbólicas universais são essencialmente idênticas e estão condensadas em nosso ser, impulsionando de modo criativo as nossas vidas. Essa realidade transpessoal encontra-se nas profundezas de cada ser, e a ignorância dessa mitologia transcendente pode trazer conseqüências lamentáveis. (WILBER, 1979)

Desligado do espiritual e do Sagrado, que conferem significado ao mundo, o ser humano sente-se vazio e, ao ver-se num mundo sem significado, elege como objetivo de vida a segurança por meio da conquista de poder, status e bens materiais. A finalidade e o principal sentido da vida moldada por esse tipo de sociedade passam a ser a busca de segurança, não importa a que preço. Mas, quando o homem se aliena do significado espiritual mais profundo da vida, essa busca é em vão. (CAVALCANTI, 2000, p.32)

Eliade (1998), relata que a abordagem referente ao Sagrado é uma temática complexa e sua exploração exige uma ampla abordagem:

É quando se trata de delimitar a esfera de noção de “Sagrado” que as dificuldades começam. Dificuldades de ordem teórica, mas também de ordem prática. Pois antes de se tentar uma definição do fenômeno (...) convém saber de que lado será necessário procurar os fatos.(...) Ainda que sumária a escolha é sempre uma operação delicada. De fato, se quisermos delimitar e definir o Sagrado ser-nos-á necessário dispor de uma quantidade conveniente de “sacralidades”, isto é, de fatos Sagrados. Esta heterogeneidade dos “fatos Sagrados”(...) se trata de ritos, de mitos, de formas divinas, de objetos sagrados e venerados, de símbolos. (ELIADE, 1998, p.7,8)

O terreno do Sagrado é explorado em experiências clínicas com a Psicologia Sagrada, segundo Cavalcanti (2000), é um novo ramo de estudo e prática psicológica na qual se considera que o conflito essencial do ser humano é sentir-se distinto do mundo, o que acarreta em uma alienação da realidade e estabelecimento de dualidades e conflitos que podem somatizar diversas reações de relação biopsíquica, a Psicologia Sagrada busca a integração desses aspectos por práticas que utilizam ritos, elementos mitológicos e simbólicos como forma a reconstruir um significado espiritual da vida, nesta prática a experiência com o Sagrado destacou-se por possuir ou proporcionar as seguintes características:

1. Indescritibilidade, pois a experiência – que se distingue totalmente do cotidiano e do ordinário – não pode ser verbalmente descrita com facilidade; 2. Introvisão – aumento instantâneo da compreensão sobre um determinado assunto...; 3. Alteração da percepção do espaço e do tempo; 4. Sentimento de totalidade: percepção da unidade, interligação e sentido de todas as coisas. 5. Sentimento de amor por si mesmo, pelo outro, pela vida; 6. Sentimento interior de paz e harmonia. (CAVALCANTI, 2000, p.197)

Segundo cita Eliade (2002), dentro desta “cosmovisão”, os Símbolos Divinos e suas formas, possibilitam a construção de uma ponte entre o ser Humano e o Sagrado. Ou entre a Terra e o Céu, conforme uma máxima da Alquimia: “Acima como Abaixo”.

A utilidade dos Símbolos Sagrados foi revisada atualmente nas pesquisas com a terapêutica da Psicologia Sagrada, que verificaram o potencial de ação transformador dos símbolos no retorno do contato do homem com a vida espiritual, de sua integridade e harmonia. Remetendo a uma realidade maior e transcendente[3] da vida, em união com o imanente[4] e finalizando desta forma o paradigma da separação, a dualidade da consciência. (CAVALCANTI, 2000)

Considerando a Geometria[5] no contexto do Sagrado, expressa em culturas antigas como a hindu, egípicia, grega e celta, essa, significava o restabelecimento dos princípios da ordem e da lei cósmica sobre a terra. Dessa forma a prática da Geometria Sagrada possibilitava uma aproximação da forma como o universo evolui se sustenta e ordena, manifestando na terra os níveis abstratos, cósmicos e celestes. (PIRES, SAEZ, 2007)

O estudo[6] da ordem espacial e temporal através da medição das relações entre as formas, e a contemplação de seus estados geométricos revela características únicas; o que pode retornar a se consolidar como uma disciplina para o desenvolvimento do intelecto, da intuição e do espírito humano.

Os níveis de ordem na construção de todo tipo de vida e matéria são regidos pelas leis invisíveis da forma. As energias sutis que determinam a forma existem como padrões geométricos e formatos repetidos que influenciam a expressão de sistemas que vão desde o menor dos átomos até a maior das galáxias. (GERBER, 2007, p.288)

A harmonia inerente à geometria Sagrada é a expressão de um plano divino que subjaz ao mundo material, um padrão metafísico que determina o padrão físico. Toda forma geométrica está investida de um significado físico, psicológico e simbólico; sendo um veículo para as idéias e concepções corporificadas à sua geometria. (BURGER, 2007)

A Naturologia Aplicada[7] aborda as práticas naturais em saúde no atendimento ao Ser Humano, utilizando elementos para realizar estímulos vibratórios, como o som, as cores, a água, as argilas, o sol e o ar. Esses elementos têm um poder de ação energética, delineada pelo aspecto vibratório neles existentes; ao passo que a Geometria Sagrada gera e expressa aspectos harmônicos vibratórios na Natureza e no Ser Humano.

Gerber (2007), explica que nos elementos das terapias vibracionais (que são utilizadas pelo Naturólogo), estão condensadas essências de vibrações universais, que ressoam com o biocampo[8] humano, estimulando a harmonia, a Ordem e o Equilíbrio.

A Naturologia é uma abordagem transdisciplinar[9] que se destina à atenção e cuidado do ser humano, através da utilização de práticas e avaliações que permitem uma visão integral no atendimento ao indivíduo. Nestas práticas vê-se uma relação ativa direta entre o Naturólogo (atendente) e Interagente (pessoa atendida), chamada relação de interagência[10]. uma interação dinâmica e única, no sentido de fusão entre as participações individuais, e ainda na unicidade da experiência.

Povo (2002) considera que as formas geométricas são um aspecto arquetípico[11] cósmico que revelam o Todo, uma ponte que pode proporcionar harmonia entre as polaridades, e na matéria se configurar em padrões de organização e harmonia.

E conforme sugere Jung, difundindo o Símbolo como uma expressão da atual atmosfera espiritual:

O Símbolo vivo formula uma essencial grandeza inconsciente e quanto mais difundida ela estiver, tanto mais generalizados serão seus efeitos, pois fará vibrar em cada um a corda afim. Sendo o símbolo, a melhor expressão possível, insuperável, numa dada época, do que é ainda desconhecido, compreende-se que surja no mais diferenciado e complicado da atmosfera espiritual de nosso tempo. (JUNG, 1987, p.548)

Atualmente, conforme confere Cavalcanti (2000), o homem se relaciona com a vida de forma concreta e pragmática em detrimento ao espiritual e simbólico. Essa separação ocorreu também entre o mundo natural e o espiritual, e levou o homem à dessacralização da natureza, determinando sua relação predatória com o meio ambiente, com o outro e consigo mesmo. O que atualmente: “acarreta em um mundo e uma sociedade doentios e um ser humano infeliz e enfermo” (op. cit, p.33. Nesse sentido, Capra (1987, p.39) considera: “(...) essa evolução unilateral atingiu agora um estágio tão alarmante, uma situação tão paradoxal que beira a insanidade”.

Nesta conjuntura a Naturologia Aplicada relacionada à Geometria Sagrada pode auxiliar a propiciar ao Ser humano uma forma de devolver a experiência de Unidade, de ligação com a natureza e com o Todo; e reavivar um significado mais profundo e espiritual da vida, a reconexão com o Sagrado.

Temos de encontrar o caminho de volta a ela. Uma reflexão simples nos poderá indicar o caminho: nós nos desligamos da natureza, mas devemos ter levado alguma coisa para o interior do nosso próprio ser. Precisamos procurar esse vestígio da natureza em nós e então encontraremos de novo o nexo entre o eu e o mundo. O dualismo se omite neste ponto. (...) Somente podemos achar a natureza externa, conhecendo-a em nós mesmos. O que é igual a ela em nosso interior nos guiará. (STEINER, 2000ª, p.29)

Pretende-se no presente estudo explorar a temática do Sagrado em uma abordagem transdisciplinar, verificando o possível estabelecimento da Geometria Sagrada, como um instrumento terapêutico aliado à compreensão, atenção e cuidado do ser humano através das práticas Naturológicas; possibilitando também auxiliar a reconexão do Ser Humano com aspectos essenciais que formam a vida e podem devolver um significado espiritual, em retorno ao Sagrado.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo adotou como metodologia a pesquisa bibliográfica de cunho interpretativo, que, segundo Gressler (2004), desponta com a interpretação de um determinado fenômeno dentro de um contexto. Nesse sentido, o contexto da pesquisa é a Geometria Sagrada, e o fenômeno, a reconexão com o Sagrado.

Quanto aos meios, adotou-se a pesquisa qualitativa, que, de acordo com Gressler (2004), explicita-se pelo fato de que o foco e o delineamento de um estudo qualitativo evitam-se instituir ‘a priori’, estes surgem junto à observação do contexto e das diferentes realidades que se inter-relacionam.

Quanto aos fins essa pesquisa pode ser definida como exploratória. Gil (2002), descreve que essas pesquisas visam tornar um determinado problema mais explícito, criar maior familiaridade com a problemática ou constituir hipóteses: ”Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado”. (op. cit, p. 41)

O processo de pesquisa exploratório (objetivo, método, dados) emerge da totalidade estudada e ao invés de ser pré-fixado, o pesquisador parte de questões amplas, deixando que as categorias surjam, progressivamente, durante os processos. (GRESSLER, 2004).

Com o auxílio do referencial teórico da Medicina Vibracional, da Física Quântica; e de aspectos ancestrais, simbólicos e histórucos do Ocidente e Oriente; foi formatizada a parábola relacional desta temática (permeada entre as escolas tradicionais e as avançadas do conhecimento humano). Para conseguir alcançar esta complexidade de integração teórica fez-se jus o uso da abordagem transdisciplinar dos conhecimentos e disciplinas interligados direta e indiretamente a Naturologia.

Nicolescu (2001), afirma que, os níveis de compreensão estão atrelados a um acordo entre o Sujeito Transdisciplinar e o Objeto Transdisciplinar, o que resulta em uma integração harmoniosa de conhecimentos nos diferentes níveis de realidade e percepção. Pois os níveis de realidade estão ligados entre si por um Todo aberto, que inclui sujeito e objeto, podendo assim abranger a integralidade da temática, e ainda assim abrir-se ao eterno, à Unidade e ao Sagrado, desaparecendo a dicotomia clássica entre o real e o imaginário, e transparecendo a verdade, a visão e a criação dos fenômenos ou objetos em estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As formas geométricas primárias perfeitas e expressões simbólicas associadas, como o retângulo áureo, o pentágono, o triângulo de Pitágoras, o Círculo, expressam relações (proporções) harmônicas intrínsecas, essas proporções encontram-se na natureza, subjacentes aos processos de crescimento. Estas e outras proporções harmônicas existentes estão presentes na distância dos planetas de nosso sistema ao sol, na disposição das sementes de girassol em torno do núcleo, nas proporções entre os ossos, em certas ondulações de luz e som, na arquitetura, na arte e na religião de diversos povos tradicionais. (BURGER, 2007)

A Geometria Sagrada foi aplicada nos templos pagãos do sol, nos relicários de Ísis, nos tabernáculos de Jeová, nos Santuários de Marduck, nos santuários erigidos em honra dos santos cristãos, nas mesquitas islâmicas, nos mausoléus reais e Sagrados. Em todos os casos, uma cadeia de princípios imutáveis conecta essas estruturas Sagradas. (PENNICK 2002, p.8)

A Significação Simbólica tende a facilitar a compreensão de um fenômeno, conforme Cirlot (2007, p.27) explica: “Porque liga o instrumental ao espiritual, o humano ao cósmico, o casual ao causal, o desordenado ao ordenado, (...) que sem essa integração superior careceria de sentido, desmembrado em pluralismo caótico, porque lembra em tudo o transcendente”.

Dentre as formas geométricas primárias, seu simbolismo e a presença das proporções harmônicas em suas formas, expõem-se a seguir:

Pellegrini (1995) explica que o círculo é um símbolo universal, arquetípico da Totalidade e da Eternidade. Representa a perfeição Divina e a perpetuidade de Deus. A roda (aspecto também circular) é uma representação do sol ou energia criadora, mantenedora. Simboliza também o dinamismo psíquico, o mundo manifestado, a unidade interna da matéria, tudo o que é preciso e regular; a harmonia universal. Em O Homem e seus Símbolos (1977), Jung cita que o círculo é o símbolo da totalidade da psique[12] e ainda remete a Platão que descreveu a psique como uma esfera (círculo em 3 dimensões). Pires e Saez (1997), explicam que a razão entre a medida do diâmetro e da extensão da circunferência de um círculo resultam na proporção harmônica Sagrada conhecida como PI (3,141592 6.....), um número irracional, ou seja, que tende ao infinito, o que indica para a perfeição, a espiritualidade pura e uma visão de transcendência.

O Círculo é a representação do espírito, da divindade suprema, perfeita, tanto interna quanto externamente ao ser humano. Todos os pontos são eqüidistantes do centro, não há quinas, não há nada que se destaque e, no entanto é a Mãe de todas as formas. (PIRES, SAEZ, 2007, p.16).

Os Remédios Florais do Dr. Bach, (contemplado no escopo Naturológico) em analogia ao círculo, são preparados de acordo com uma geometria morfológica perfeita, que tende a aproximar-se de estruturas circulares, conforme explica Monari (1997, p.17):

Cada flor tem uma perfeição geométrica em sua estrutura. É difícil enontrar uma flor com sete ou nove pétalas porque, geometricamente, não podem formar um círculo tendo por base um triângulo isósceles. O número de pétalas é sempre 3,4,5,6, ou 18, porque podem fomar um círculo perfeito. A natureza contém a perfeição, a simplicidade e tem chaves para todos as nossas perguntas.

O Triângulo é uma forma geométrica que representa o aspecto ternário da manifestação em sua Totalidade, chamado de Trindade, por exemplo, o Trimuti no panteão Hindu: Brahma, Vishnu e Shiva; e a Santíssima Trindade na cultura Cristã: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, essas três características são harmônicas, análogas e fusas em uma só apesar de suas funções individuais específicas. O Triângulo expressa a existência e potencialidade de tudo quanto existe, isto pela dinamicidade que cria na interação entre a Dualidade e a Unidade gerando um equilíbrio dinâmico; o triângulo eqüilátero expressa o perfeito equilíbrio entre os três aspectos da Divindade; o triângulo isóscele demonstra um anseio do espírito em se libertar da matéria, um princípio espiritual que penetra e vivifica a matéria. (Cirlot, 2007; Pellegrini, 1998)

O quadrado (ou retângulo), corresponde simbolicamente ao número 4 e à quaternidade, representa o mundo físico, a estabilidade, a Divindade em seu aspecto concreto, a união entre espaço – tempo. Segundo Arrien (1997), na Cultura Xamânica, a vida acontece na comunhão entre os quatro elementos da matéria (terra - o corpo, fogo – o espírito, água – o sangue, e ar – o sopro da vida), as quatro direções do espaço (norte, sul, leste, oeste), e as quatro estações temporais do ano (primavera, verão, outono, inverno). “Leste: primavera, ar, infâncias, amanhecer, lua crescente; Sul: verão, fogo, juventude, meio-dia, lua cheia; Oeste: outono, água, maturidade, entardecer, lua minguante; Norte: inverno, terra, velhice, noite, lua nova”. (CIRLOT, J, 2007, p.484-485)

Cirlot (2007), relaciona ainda os quatro elementos aos quatro temperamentos associados em sua estrutura e função elementar. No século V a.C., Hipócrates (460-377 a.C.), pai da Medicina, fez uma das mais antigas classificações dos tipos de temperamentos que se conhece: melancólico, fleumático, sanguíneo e colérico - associando-os à terra, água, ar e fogo, respectivamente. Esta classificação foi também utilizada por Steiner (2000): - Terra / tipo melancólico; - Água / tipo fleumático; - Ar / tipo sanguíneo; - Fogo / tipo colérico. O temperamento representa uma forma de comportamento primitiva de um ser humano diante aos acontecimentos da própria vida, é uma predisposição básica de reação conforme explica Jung (1987), integrando também as funções psíquicas (ou tipo psicológicos) aos quatro elementos: Terra / sensações; Água / sentimentos; Ar / pensamento; Fogo / intuição.

Hollanda (1986), descreve que a palavra temperamento deriva do latim "temperamentum" e significa uma mistura em proporções; ou um conjunto de características psicofisiológicas que regem as reações e estados emocionais e humorais.

No quadrado, ou quadrilátero observa-se o surgimento de outras proporções geométricas Sagradas: Raiz de 2 e Raiz de 5, expressas igualmente por números irracionais, que simbolizam no plano físico a dinâmica entre o tempo e o espaço, e entre o Sagrado e o profano. (PIRES, SAEZ, 2007)

A Vesica Piscis ou barriga de peixe é descrita por Pires e Saez (2007), como um Símbolo, ou estrutura geometrica harmônica que sustenta a união entre as polaridades, representada também pelo número 2, é formada pela união de dois círculos, onde a circunferência de um, encontra o centro do outro. A vesica apresenta em sua composição a proporção harmônica Raiz de 3, transmitindo a possibilidade de abertura, entrada, acolhimento e nascimento da vida, fazendo no âmbito da criação a intermediação entre o homem e a Divindade suprema. (vide apêndice)

A Vesica é uma imagem do caráter dual da manifestação, da complementariedade, do amor e do ato de criação dentro de um espaço Sagrado, está associada à grande Mãe: Pacha Mama na cultura Xamânica, a Virgem Maria na cultura Cristã, a Grande Deusa da cultura Celta, Géia e Deméter na Grécia, Ísis no Egito, Kali-Durga na Índia, e Ishtar na Babilônia entre outras, como um símbolo da benevolência, da passividade,da feminilidade, da Terra fecundada e da objetiva verdade da natureza. Este símbolo remete ao órgão reprodutor feminino e ao ventre incosecutivelmente. (CIRLOT, 2007; PIRES, SAEZ, 2007)

O Pentágono é a forma humana da Divindade, assim como representada pelo homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci, dentro do Pentágono inscreve-se uma estrela de 5 pontas chamada Pentagrama. A maioria dos processos orgânicos está ligada à formas pentagonais, esta característica exemplifica o caráter Divino do Homem, ligando a Terra ao céu. No Pentágono podemos encontrar a Divina Proporção, ou Seção Áurea, já descrita desde tempos antigos da humanidade por ícones do conhecimento humano, como Hérmes Trimegisto, Platão, Pitágoras, Paracelso entre outros. (CIRLOT, 2007; DOCZI, 1990)

A Seção Áurea (vide apêndice) é expressa matematicamente pela sequência de Fibonacci[13] [nesta progressão a divisão de um número qualquer pelo anterior resulta 0,618... (PHI), e de um número qualquer  pelo posterior 1,618... (PHI + 1)]. Esta relação pode ser encontrada em certos retângulos, triângulos, círculos, espirais e até mesmo em uma linha reta. A Proporção Aúrea é a maneira em que a Unidade encerra a multiplicidade, sendo encontrada na maioria dos seres vivos, nos átomos e estruturas naturais do cosmos. (DOCZI, 1990)

A partir destas cinco formas geométricas se constituem todas as outras figuras planas e sólidas do universo manifestado; os números exalam uma vertente das proporções harmônicas, suas formas representam e realizam o Sagrado.

A Geometria Sagrada é uma arte da representação e observação das individualidades do cosmo, ela pode ser utilizada por essa característica, para a compreensão das estruturas universais. Um exemplo deste aspecto são os polinésios que podiam viajar pelo oceano sem a utilização dos instrumentos de navegação:

Eles eram capazes de viajar regularmente através de grandes extensões do oceano, e chegar a seus objetivos. Assim como qualquer outro objeto marítimo, uma rocha, por exemplo, exercerá um efeito sobre o padrão das ondulações, também a presença de uma ilha em escala muito maior, causará padrões de difração nas ondas à muitas milhas de distância. (PENNICK, 2002, p.12)

Essa capacidade de percepção quase extra-sensorial é uma faculdade psíquica que foi muito desenvolvida entre as civilizações antigas, a Geobiologia[14] a denomina como detecção bio-sensível, e é aplicada na percepção do tempo, do espaço e da energia. Os Antigos Zahoris[15] utilizavam essa capacidade para localizarem água sob a terra, precaver catástrofes naturais eminentes, determinar ambientes que estavam sob a influência de radiações benéficas ou maléficas, além de verificar as ondulações de energia no corpo sutil[16], inclusive à distância. (PIRES, 2002).

Sheldrake (1991), propõe o conceito denominado campos morfogênicos, para denominar as forças etéricas vibratórias comuns a todos organismos vivos que direcionam e moldam os padrões de experiência e são responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento das formas orgânicas.

Os padrões vibratórios são, também em seu aspecto microcósmico diagramas geométricos (vide apêndice), que exprimem o caráter não-local da manifestação da matéria e da energia. Sendo um reflexo do macrocosmo no microcosmo e vice-versa, esses padrões tecem conexões sutis que aparentemente não são percebidas e permanecem ocultas à nossa percepção sensorial, porém da mesma forma manifestam uma atividade universal contínua e atemporal. (CAPRA, 1987)

Em exemplo ao caráter não local da manifestação da matéria e energia, Rosen e Nicholson (1998) explicam que na cultura e tradição dos Índios Norte Americanos, a cerimônia (ritual) é um espaço-tempo Sagrado em inter-relação entre os elementos da natureza e cita A Cabana do Povo de Pedra, ou tenda de suor, como um local de realização de cerimônias de purificação e auto-transformação , antes de adentrar na tenda os participantes dizem: mitakuye oyasin, que significa por todas as relações; uma prece para que a purificação ali alcançada se estenda além dos limites individuais em benefício à todos os seres.

Entrar na escuridão da Cabana do povo de Pedra, engatinhando através da porta baixa para dentro das entradas da tenda para ser purificado pelos quaro elementos (a terra, a água, o ar e o fogo), renova a experiência de ligação. Um curandeiro me disse: ‘Nós entramos naquela cabana para nos purificar, Entramos lá só pra ver quem realmente somos e, na escuridão, para ver como nós desenvolveremos essa Terra. Nós nos fazemos bem humildes, como a menor das criaturas, e rezamos ao Espírito para sermos curados, para que todos sejam curados. Percebemos que não somos separados de nada. Nós todos estamos nisso juntos. E nós sempre dizemos: todas as minhas relações. (ROSEN, NICHOLSON, 1998, p.39)

O sentimento de união com o Todo exposto acima no relato do nativo pode demonstrar analogamente a consciência de uma realidade não-local e não-dual, onde todos os acontecimentos estão simultaneamente interligados ao Todo. Essa característica é também promovida pelo círculo que simboliza a Unidade em todos os seus aspectos, a tenda de suor é feita em formato circular e seu interior representa o ventre da mãe Terra.

O Trabalho simbólico com os elementos do Xamanismo é área onde o Naturólogo pode atuar tranquilamente, em relação à prática dos ritos xamânicos, já que estes vão claramente além das possibilidades e habilidades e realidades específicas ao arcabouço Naturológico. Cita-se essa situação apenas em comparação simbólica, pois foi mensurado geometricamente o petyngua (cachimbo tradicional guarany utilizado na cura xamânica) e este apresentou a Seção Áurea na relação entre suas medidas, este fato curioso também despertou interesse na pesquisa, pois este objeto sagrado, é utilizado em suas cerimônias para cura e rezos. A produção deste documento foi desta forma também impulsionada pelas evidências antropológicas que apontam para a intrínseca relação dos povos tradicionais com a Geometria Sagrada e os sistemas de cura. (vide apêndice)

Eliade (2002), relata que os ritos são uma forma de recriar o simbólico e estabelecer o contato com o Sagrado, dentro das diversas tradições Xamânicas o rito sempre é um elo entre o homem e o Sagrado e justamente essa desconexão poderia gerar desequilíbrios e enfermidades tanto no sistema microcósmico como macrocósmico, ou individualmente, em sua família, sociedade, planeta.

Ken Wilber (1979, p.46,47) explana a não-dualidade, exposta na terminologia evangelista, como a descoberta dos céus na terra, ele utiliza um trecho do Evangelho de São Tomé para explicar este aspecto: “Quando fizerdes de dois, um, e quando fizerdes do interior o exterior, e do exterior o interior, e do acima o abaixo, e quando tornardes o macho e fêmea um só, então entrareis no Reino” E ainda cita o Bhagavad Gita:

Satisfeito com a obtenção daquilo que surge por si mesmo. Passando além dos pares, livre da inveja. Desprendido do sucesso ou do fracasso, mesmo atuando, ele não está preso. Ele deve ser reconhecido como eternamente livre. Aquele que não detesta nem suplica; Pois aquele que é livre dos pares, é facilmente livre do conflito.

O estado de estar livre dos pares conforme citado é a percepção e vivência do Todo sem oposições, ou dualidades de acordo com Wilber (1979), e abre a para a realidade transcendente. A necessidade de uma vivência espiritual pode abrir a uma concepção da vida mais imaginativa e transcendente.

Ainda na exposição da Unidade e Totalidade relacionam-se cientistas do séc. XVIII e XIX, que observaram esses atributos na natureza inclusive humana. Rudolf Steiner (1861-1925) filósofo espiritualista publicou os artigos científicos de Goethe, chamando a atenção do mundo moderno pela exposição da importância desta epistemologia cientifica.

Steiner (2000ª) reconheceu em Goethe uma fenomenologia em que o pensamento se molda fiel à real percepção da natureza, remetendo sempre à Unidade. Johann Wolfgang Goethe (1748-1832) estudioso da natureza, poeta e arquiteto, via a natureza como um ‘Todo’ em evolução constante, com formas infinitas em manifestação, e considerava Deus como uma presença eterna na natureza. Kaminsk e Katz (2003) relatam que Goethe como testemunho do materialismo científico, deu início a um reconhecimento anímico da natureza contanto fidelizando-se à objetividade do método cientifico. Advindo da Alquimia, Goethe observou que as correspondências macrocósmicas da Natureza se davam a nível microcósmico nas experiências humanas, e que através da união com o Todo o homem pode compreender as leis espirituais das formas e processos da Natureza.

Goethe relatou a Unidade subjacente existente na diversidade dos fenômenos naturais: “a fluidez das formas dos seres vivos como expressão de padrões etéricos e leis cósmicas subjacentes”. (KAMINSK, KATZ, 2003, p.35)

Forma é a ação da região etérea sobre a região dos elementos. Desse modo, a natureza prepara a matéria, para isso incluindo nela a forma, como o esperma na matriz; esta última produz em conseqüência, como um embrião, as diferentes espécies de coisas. A matéria pode parir. (VON FRANZ, 1992, p.45)

Os elementos da natureza, suas proporções, formas e geometrias expressam, “forças etéreas (ou etéricas) plasmadoras”, conforme relata Steiner (1998), que podem por si criar, dar forma, germinar, renovar. E paralelamente conforme Jung cita em comparação aos símbolos:

Chega mesmo a se converter num conteúdo novo que predomina em toda disposição, que anula a dissensão e impõe um rumo comum à energia dos contrários. A paralisação vital é suprimida, e assim a vida pode fluir de novo, com uma força e uma vitalidade renovadas. (JUNG, 1987, p.550).

Exploremos então a utilização de elementos da Geometria Sagrada, em suma como a possibilidade de restabelecer conexão com o Sagrado, auxiliar na compreensão do Ser Humano e através destes elementos colaborar com a potencialização das Práticas Naturais. As principais técnicas relacionadas diretamente à utilização da Geometria Sagrada pelo Naturólogo citam-se a seguir:

Na Arteterapia, terapêutica que utiliza a arte como forma de expressão e vivência de conteúdos internos, a Geometria Sagrada pode surge muitas vezes por elementos simbólicos, que o interagente pode relatar na forma de sonhos, em manifestações artísticas e/ou associações arquetípicas.

Sobre trabalho em Arteterapia explica Wendekin (2007, p.1), “Permite acesso a conteúdos internos, fornece tomada de consciência e permite transformação de aspectos muitas vezes estagnados ou conflitantes na vida psíquica do indivíduo”. Este processo é revelador, pois os dados emergem sincronicamente ao processo vivenciado pelo interagente nos trabalhos com a Arteterapia.

Em casos específicos se pode atuar também com a produção e contemplação de determinados Símbolos Sagrados tradicionais, que possuem no geral uma função integradora do inconsciente, gerando auto-regulação, equilíbrio, organização; nesse caso de determinados conflitos, dualidades e fragmentações do indivíduo.

Quando a consciência fica paralisada, inativa, o inconsciente entra em atividade, sendo nele que todas as funções diferenciadas têm suas raízes arcaicas comuns e onde subsiste o amálgama de conteúdos de que a mente primitiva ainda revela abundantes vestígios. A atividade do inconsciente faz emergir um conteúdo em que se patenteia, em idêntica medida, o influxo da tese e da antítese, e que, em relação a ambas, conduz-se com efeitos compensatórios. Desde o momento em que esse conteúdo mostra suas relações tanto com a tese como com a antítese, constitui uma base intermediária em que os contrastes podem se conjugar. (JUNG, 1987, p.549)

O trabalho simbólico pode envolver diversos elementos, fenômenos, associações com sonhos, lembranças ou mesmo visualizações. A utilização dos símbolos pode nos preencher de uma significação necessária e transcendente que nos integra, remetendo à Unidade, ao vosso Sagrado essencial. “A parte que nos cabe se formos honestos, é viver na dualidade e no paradoxo. O diálogo destes elementos paradoxais é o estofo da vida. Surpreendentemente, é também o caminho mais seguro para a unidade”. (JOHNSON, 1989, p.56)

Existem diversos autores que contemplam a temática dos símbolos na Arte na dimensão do Sagrado, como Joseph Campbell, Carl Gustav Jung, Raissa Cavalcanti, Robert A. Johnson, Rudolf Steiner, Mircea Eliade, Gaston Bachelard, Eliphas Levi, Gilbert Durand.

A Geometria Sagrada ainda pode ser desenvolvida pelo Naturólogo, utilizando seus elementos e proporções seguindo o referencial teórico da Geobiologia e da Radiestesia. Associando o seu trabalho em equipes multidisciplinares, na elaboração de projetos e terapêuticas que possam contemplar as objetivações e pertinências em cada situação para a obtenção/restauração da harmonia e da realização no campo do Sagrado. De acordo com Rodrigues (2000), as formas geométricas podem atuar também como catalisador e potencializador energético de outras práticas naturais local ou não-localmente, pela utilização de gráficos radiestésicos, símbolos Sagrados e aparelhos radiônicos[17], pode-se potencializar os efeitos do tratamento que a pessoa esteja fazendo. Isto sempre em respeito e concordância aos objetivos estimados e à integridade do Ser.

Outra prática Naturológica que remete seus aspectos à geometria Sagrada é a Musicoterapia, isso por sua estrutura e função. Conforme cita Berendt (2007), o som foi o primeiro constituinte do Cosmo no ato da criação, este aspecto observa-se na mitologia, cultura e religião de diversos povos, sendo assim ele é uma das formas mais eficientes de comunicação com o Sagrado; percebe-se essa característica, pois a maioria dos rituais Sacros são cantados, musicados. Ashley-Ferrand (1999), comenta que em exemplo dos sons Sagrados cita-se principalmente os ‘mantras’, originários dos textos (Vedas) da Índia antiga, esses textos foram escritos na forma de cantos métricos estruturados em partes denominadas mandalas[18]. Os mantras se constituem de palavras, versos, cujas letras e sílabas estão em articulação harmoniosa, o que resulta em uma espécie de ascensão ao espiritual, eles atuam no corpo etéreo, harmonizando as funções dos chackras e o sistema neuro-cerebral de forma a integrar seus hemisférios funcionalmente.

Não se constroem mantras, estes não despertariam efeitos espirituais na alma humana. Na verdade, são as próprias palavras que se consagram em mantras. As palavras e linguagem de um povo, também lhe criam um timbre característico cristalizado, por esta razão, é que os mantras de um povo para outro se revelam em formas diferentes. (BLOFELD, 1995)

Mesmo se manifestando em diferentes variações, assim como as formas da geometria Sagrada, os mantras atuam também com uma função integradora biopsíquica, nos conectando ao Uno, e ao Sagrado.

O Naturólogo pode também trabalhar com os mantras diante suas potencialidades terapêuticas, conforme Goldman (1992) explora: por exemplo, na harmonização de chackras, em dinâmicas de grupo, direcionando a utilização desses sons sagrados, ativa ou passivamente, às necessidades estimadas. Goldman desenvolveu um trabalho de produção e pesquisa com sons Sagrados na terapêutica.

As razões nas escalas musicais são arquétipos das formas, demonstram a harmonia e o equilíbrio cósmico. Pitágoras pode notar essa qualidade em uma experiência utilizando um monocórdio (instrumento de uma corda só), ele observou que as razões obtidas nas escalas harmônicas eram exatamente as mesmas da seção áurea. Os teoremas geométricos e as proporções musicais eram difundidos na escola Pitagórica também como instrumentos de cura, indispensável durante o processo de ‘iniciação’ de seus discípulos. (GOLDMAN, 1992).

Vale-se lembrar também que sob o aspecto microcósmico, os elementos das terapêuticas Naturológicas, por exemplo, das moléculas de água, de cristais, e das ondas de luz e som apresentam formas geométricas harmônicas. “As energias vitais, conhecidas como forças etéricas formativas, têm suas próprias e distintas qualidades e características, e mesmo sua própria geometria”. (KAMISNK, KATZ, 2003, p.13)

Pelas analises e explorações de Emoto (2004), e Gerber (2007), percebe-se que os padrões vibratórios geométricos ressoam com nossa estrutura energética, podendo transferir mudanças nas estruras vibratórias. Este assunto atualmente é de extremo interesse e suas comprovações científicas vem sendo confirmadas por pesquisas.

Emoto (2004), descreve que os cristais observados nas fotos retiradas em sua pesquisa com a água congelada (vide apêndice) demonstraram uma tendência a apresentar aspectos geométricos em sua estrutura. Ele cita que no Japão acredita-se que a alma mora no espírito, que está presente nas palavras, e demonstra através de um experimento com orações em um lago, que o cristal da água fotografado após estas orações, revelou uma forma geométrica perfeita, distinta da fotografia realizada anteriormente com cristalizações desarmônicas em suas formas. Sons e formas podem atuar na água, criando vibrações harmônicas que se cristalizam em seu padrão atômico – molecular. Dr. Emoto, pode constatar inclusive a capacidade de transcrição de padrões vibratórios pela água e desenvolveu uma tecnologia para este fim, transcrevendo e fotografando estas formas. As partículas ao redor de um núcleo atômico orbitam em alta velocidade, emitindo ondas vibratórias, que ele denominada Hado ou Chi, estas ondas ao se movimentarem formam padrões geométricos. Ele postula que a partícula elementar no nível nuclear dos átomos não tem regularidade, ela pode se modificar de acordo com uma série de variáveis conforme verificou em suas pesquisas. (op.cit)

Através desta característica nota-se a qualidade existente na água de “marcar” características vibratórias, o que é a base ao entendimento das terapias vibracionais preparadas com essências líquidas como os sistemas florais ou elixires de cristais. “As diversas freqüências energéticas deslocam-se em padrões geométricos. Quando estes são alterados, o modo pelo qual eles se manifestam também se altera. Os cristais são aquelas substâncias que alteram os padrões geométricos das freqüências”. (GERBER, 2007, p.298)

Segundo Gerber (2007), palavras, formas, sons podem criar na água cristalizações geométricas que reverberam em contato com nosso campo vibratório por padrões de ressonância vibratórios, implicando aos padrões harmônicos relativos à sua ordenação e organização. O que serve de base ao princípio da ressonância[19] dentro da medicina Vibracional.

As figuras geométricas os números e os sons são expressões intercambiáveis de estruturas energéticas. As relações matemáticas inerentes a eles resultam de realidades cósmicas. Um Universo vem a manifestação por intermédio de padrões estruturais: a fonte Única gera os arquétipos e estes irradiam os padrões que, ao se aproximarem do níveis de formas, criam as figuras geométricas, passíveis de ser codificadas por números e sons. Fórmulas matemáticas podem se traduzir em figuras geométricas ou como mantras. (TRIGUEIRINHO, 1994, p.336)

Esses aspectos se configuram em um instrumento enriquecedor à terapêutica, o que é de grande utilidade ao Naturólogo que sinta interesse em trabalhar e pesquisar vibrações de energias sutis essenciais, que facilitam a vivência do Sagrado, ou, a realização do espírito na matéria através da harmonia com o Cosmo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Neste estudo bibliográfico foi explorada a geometria Sagrada. Suas expressões conforme foi conferido, nos conectam as essências universais através dos símbolos, formas, e geometrias; atuando no ser Humano com uma função integradora biopsíquicamente, evocando a Unidade, à Totalidade e ao Sagrado; estados essenciais da natureza que reavivam um significado mais profundo e espiritual da vida, a reconexão com o Sagrado.

Como esta área do conhecimento humano possui um espectro de ação abrangente cabe ao Naturólogo que há de utilizá-la conferir e responsabilizar-se por seu uso e estudo de acordo com a bioética, e em respeito à harmonia integral de todos os seres. O estudo da Geometria Sagrada revela seu potencial esplendoroso, visto assim é necessário que o Naturólogo esteja consciente, para poder trabalhar neste campo com segurança, atendendo as necessidades de cada situação e favorecendo o bem comum. Para tanto, busca-se empreender também a prática e o compromisso em disponibilizar-se sempre a aprender, abrindo a mente, o coração e os caminhos.

REFERÊNCIAS

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ASHLEY-FERRAND, T. Mantras que curam. São Paulo: Pensamento, 1999.

BERENDT, J-E. Nada brahma: A música e o universo da consciência. São Paulo: Cultrix, 2007.

BLOFELD, J. Mantras: palavras sagradas de poder. São Paulo: Cultrix, 1995.

BURGER, B. Anatomia esotérica: o corpo como consciência. São Paulo: Madras, 2007.

CAPRA, F. O Ponto de mutação. São Paulo: Círculo do livro, 1987.

CAMPBELL, J. O poder do mito. São Paulo: Cultrix, 1986.

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EMOTO, M. As mensagens da água. São Paulo: Mandala, 2000.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

GERBER, R. Medicina vibracional. São Paulo: Pensamento, 2007.

GLESSER, L. A. O Método de pesquisa. São Paulo: Loyola, 2004.

GOLDMAN, J. Os sons que curam. São Paulo: Siciliano, 1992.

HOLLANDA, A.B. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1986.

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JUNG, G.C. et.al. O homem e seus símbolos. Rio de janeiro: Nova Fronteia, 1977.

__________ Tipos psicológicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.

KAMINSKI, P.; KATZ, R. Repertório das essências florais: um guia abrangente das essências florais norte-americanas e inglesas, para o bem-estar emocional e espiritual. São Paulo: Triom, 2003.

LANGDON, M.J.E.Xamanismo no Brasil: novas perspectivas. Florianópolis, 1996.

MONARI, C.L.R. Participando da vida com os florais de bach: uma visão mitológica e prática. São Paulo: Roka, 1997.

NICOLESCU, B. O manifesto da transdisciplinariedade. São Paulo: Triom, 1999.

PELLEGRINI, L. Dicionário de símbolos esotéricos. São Paulo: Três. Suplemento especial da revista planeta, edição 270, Março de 1995.

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___________ A filosofia liberdade. São Paulo: Antroposófica, 2000ª.

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TRIGUEIRINHO. Glossário esotérico. São Paulo: Pensamento, 1994.

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WENDEKIN, L. Reflexões sobre os significados dos quatro elementos na arteterapia. 2007. Disponível em: . Acesso em: 20 de Abril de 2009.

WILBER, K. A consciência sem fronteira: pontos de vista do oriente e do oriente sobre o crescimento pessoal. São Paulo: Cultrix, 1979.

APÊNDICE

Seção Áurea e suas manifestações, dispostas a seguir no sentido horário: Pentagrama, retângulo áureo e triângulo de Pitágoras[20], o homem vitruviano de Leonardo Da Vinci[21], o Parthenon grego[22], proporção áurea em segmento do corpo humano[23], padrões de onda na arte dos índios kaxinawa[24] e outras etnias indígenas brasileiras[25].

No sentido horário: Petyngua guarany[26], cristal de gelo[27], fractais produzidos digitalmente a partir da sequência de Fibonacci[28], espiral em flor de girassol[29] e na forma de uma galáxia[30], e o símbolo da vésica no templo de Glastonbury[31].

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[1] Acadêmico da 9a Fase do curso Naturologia Aplicada da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Rua prefeito Alves, 25, CEP 88130-000, Palhoça – SC, e-mail: chefroots@. Orientador: Prof. Jackson Diogo.

[2]Mito: Metáfora de significação simbólica ligada à um povo e sua história, normalmente está relacionada a sabedoria de como lidar com os mistérios, é uma espécie de conjunto de sinais dispostos adequadamente a revelar uma significação profunda e transformadora da vida, conduzindo desta forma à um tipo de consciência espiritual. (CAMPBELL, 1986)

[3] Subilme, elevado, metafísico, que vai além do sujeito; dos limites; ideias e conhecimentos ordinários. (HOLLANDA, 1986)

[4] Termo filosófico que expressa o objeto e o Todo operando de forma inseparável, estabelecendo uma fusão entre o espaço o tempo; se disponibilizando dessa maneira ao Eterno. (DUROZOI, ROUSSEL, 1996.)

[5] Disciplina matemática que trata do estudo rigoroso do espaço e das formas nele concebidas. (HOLLANDA, 1986)

[6] “(...) Aplicação do espírito para aprender”. (HOLLANDA, 1986, p.731)

[7] A Naturologia Aplicada é um curso de graduação de nível superior da área da saúde que aborda as práticas naturais visando a harmonia o bem-estar e a saúde do ser humano integralmente, fundamenta seu conhecimento em tradições milenares com a Medicina Tradicional Chinesa, Ayurvédica e Xamânica, contemplando também as terapias ocidentais vibracionais avançadas.

[8] “O campo de energia, que envolve e permeia o corpo físico. O biocampo é constituido por campos energéticos e por energias magnéticas e eletromagnéticas geradas por células vivas”. (GERBER, 2007, p.438)

[9] “(...) termo inventado para traduzir a necessidade de uma jubilosa transgressão das fronteiras entre as disciplinas, sobretudo no campo de ensino e ir além da pluri e da interdisciplinaridade”. (NICOLESCU, 1999, p.9)

[10] Processo dinâmico mútuo vivenciado entre a pessoa atendida (interagente) e o Naturólogo.

[11] Referente a arquétipo: são imagens psíquicas comuns a toda humanidade. Aspectos universais que se cristalizaram no inconsciente de cada pessoa e pertencem a um campo relativo e não local, o inconsciente coletivo. (JUNG, 1977)

[12] “[do g=rego psyché] A Alma, o espírito, a mente”. (HOLLANDA, 1986, p.1413)

[13] É produzido através de uma progressão numérica que se inicia com o número 1 e segue: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144... Ela é obtida à partir da soma dos dois números anteriores aos posteriores à seqüência: 1+1=2, 1+2=3, 2+3=5, 3+5=8.. (DOCZI, 1990).

[14] Disciplina que estuda a presença e a influência de energias sutis nos seres e ambientes. (PIRES, 2002)

[15] No Oriente Antigo eram os iniciados nos princípios herméticos da Geometria Sagrada, estes homens eram considerados médicos, videntes, hábeis construtores, artistas, ou “Terapeutas da Alexandria”. (PIRES, 2002; CAVALCANTI, 2000)

[16] Corpo sutil, etéreo, designa as frequências fora do espaço-tempo comum, acima do nível físico. (GERBER, 2007)

[17] Estes aparelhos baseiam-se no princípio da ressonância (citado nas páginas seguintes), e utiliza um “testemunho” para focar as vibrações pontualmente com as quais o operador do aparelho irá sintonizar-se. (GERBER, 1999)

[18] A mandala é um símbolo da integração psíquica, que representa o Self, ou Totalidade dos aspectos do Ser. Simbolicamente expressa a Unidade e geralmente apresenta forma circular em sua composição, está representada na arte e cultura de diversos povos tradicionais do oriente e ocidente, é considerada um conteúdo arquetípico que converge ao Sagrado. (JUNG, 1977)

[19] Transferência de energia nos níveis subtâmicos de um sistema oscilante para outro, quando a frequência do primeiro coincide com uma das frequências do segundo, ocorre a ressonância, que altera os níveis vibratórios dos elétrons nos orbitais. (GERBER, 2007)

[20]Pentagrama, retângulo áureo e triângulo de Pitágoras produzidos a partir do círculo, demonstrando a seção áurea. (Doczi, 1990, p.6)

[21]O Homem Vitruviano e a proporção áurea no corpo humano. (Pires, 2007, p.20)

[22]O Parthenon grego e a seção áurea (Pires, 2007, p.19)

[23]A seção áurea na mão humana. (Pires, 2007, p.21)

[24]Arte do povo Kashinawa, que representa a continuidade além dos limites, a complementaridade e Unidade; expressas em padrões ondulatórios. (Langdon, 1996, p.217)

[25]Padrões de onda harmônicos na arte de tribos amazônicas. (Doczi, 1990, p.32)

[26]Foto do cachimbo guarany, realizada pelo autor, apresentando em um segmento a proporção áurea.

[27]Formação geométrica em cristal de água congelada. (Pires, 2007, p.10 apud Emoto, 2000)

[28]Imagem de geometria fractal (micro no macro) em espiral, produzida digitalmente a partir da sequência de Fibonnaci. (Disponível em: . Acesso em: 05 de Maio de 2009).

[29]Disposição espiral aúrea de sementes em torno do núcleo, observam-se duas espirais uma de cada lado, que resultam em uma progressão áurea. (Pires, 2007, p.16)

[30]Padrão celeste espiral na galáxia M51. (Pires, 2007, p.11)

[31] Símbolo Sagrado em templo Celta. (Pires, 2007, p.18)

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3,7 / 5,9 = 0,627...

aprox. Ø (phi), 0,618...

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