Empreendedorismo: o caminho para o sucesso no século XXI



Empreendedorismo: o caminho para o sucesso no século XXI

A emergência do empreendedorismo como um novo modelo de gestão ocorre no período de transição para um novo estágio da nossa civilização

Hélio Eduardo da Silva

Um dos mais importantes marcos da história do pensamento da administração está relacionado com a emergência de uma área temática, cujo objeto de estudo transcende a abordagem das habilidades relacionadas à capacitação e ao aperfeiçoamento nas áreas funcionais da organização - marketing, finanças, produção, recursos humanos etc.

Esta nova área temática tem como referência básica o estudo e a pesquisa aplicadas às características que conformam o perfil e o comportamento daquele que é o agente de transformação no âmbito das organizações, procurando, desse modo, desenvolver novas tecnologias gerenciais de forma a instrumentalizá-las para o eficaz desempenho de um papel de liderança na formulação e implementação de processos de mudança planejada.

A primeira referência que se faz necessária para a contextualização desta nova área temática vincula-se à sua própria denominação na língua portuguesa, na medida em que os termos entrepreneur e entrepreneurship, com os quais é nominado internacionalmente, ainda não estão plenamente consensados quanto à sua tradução.

Autores, como Carlos José Malferrari, da USP, propõem que a tradução destes termos seja empreendedor para entrepreneur e empreendimento para entrepreneurship, fundamentado no seguinte arrazoado:

empreendedor evidencia-se como a melhor alternativa de tradução para o termo entrepreneur, de origem francesa; a opção pelo termo empresário deixaria a desejar, pois nem todo empresário é um empreendedor (entrepreneur) e um empreendedor não é, necessariamente, um empresário;

empreendimento foi o termo escolhido para a tradução de entrepreneurship, de origem inglesa, em face de sua aceitação, no meio técnico, superar a opção espírito empreendedor; empreendimento há de ser compreendido como a prática de empreender, bem como o resultado desta prática.

Em meio a essas alternativas de tradução, adotamos como referência as proposições adotadas pela Associação Brasileira para Desenvolvimento do Empreendedorismo (ABREM), cujo propósito é o de congregar os especialistas de todo o país para o estudo e pesquisa desta temática, que recomenda o termo empreendedor para aquele que é o seu objeto de estudo, assim como o termo empreendedorismo como o mais adequado para a nominação desta área de estudo da administração.

As origens do empreendedorismo - fundamentação econômica e gerencial

A emergência do empreendedorismo como um novo modelo de gestão aplicável às organizações ocorre no período de transição para um novo estágio da nossa civilização, ensejando mudanças estruturais em todos os seus setores relevantes (economia, política, cultura, educação etc.).

Recorrendo-se ao conceito de ondas do futuro proposto por Toffler (1980), os anos 70 delimitam a transição da Segunda Onda (ou a era da Revolução Industrial) para a Terceira Onda (a era da Revolução da Informação), significando uma mudança estrutural de paradigmas relacionados com as relações sociais em seus diversos aspectos (econômico, tecnológico, político, educacional, cultural etc.).

A transição que vem ocorrendo no atual estágio de nossa civilização há de ser conceitualizada na perspectiva de um processo de mudança que entroniza a ciência e a tecnologia como uma força produtiva direta e determinante de um novo padrão de acumulação na economia capitalista.

Santos (1993) propõe o conceito de Revolução Científico-Técnica (RCT) com o propósito de delimitar uma versão estrutural desse processo de mudança à luz da dinâmica de crescimento da economia capitalista, cujas características básicas são:

• automação baseada na informatização, na gestão sistêmica do processo produtivo global e a introdução dos robôs na produção - a passagem do fordismo para o toyotismo;

• surgimento dos complexos produtivos de caráter internacional/transnacional associados ao sistema de redes que articulam flexivelmente um conjunto de empresas interligadas entre si, sem um sistema hierárquico estabelecido;

• sistemas produtivos baseados na pesquisa e desenvolvimento, na invenção e na difusão, que possibilitam uma maior velocidade no processo de acumulação do capital;

• valorização da ciência pura ou básica como instrumento privilegiado no processo de acumulação, com o conseqüente aumento de inversão em laboratórios, instrumentos de precisão, telecomunicações, informática etc.;

• o processo produtivo com base no predomínio da ciência e da tecnologia propiciando o aparecimento de novos setores na economia: informática à base de microcomputação e sua aplicação na robótica e na telemática, biotecnologia e a engenharia genética;

• mudanças estruturais no mercado de trabalho, dando origem a uma sociedade de serviços, associada à questão da crescente valorização do capital e à depreciação do fator trabalho - a questão da empregabilidade.

• a valorização da individualidade em oposição à sociedade de massas, gerada pela revolução industrial; e

• o progressivo deslocamento das indústrias poluidoras e de indústrias que exigem mão-de-obra barata, localizadas nos países desenvolvidos para os países de desenvolvimento médio (em especial os "New Industrialized Countries", ou NIC), que potencializam o agravamento da desigualdade entre estas categorias de países.

Este amplo e inesgotável processo de mudança que estamos vivenciando desde os anos 70 enseja o surgimento de duas novas categorias de análise na economia e na gestão empresarial: economia empreendedora e a organização empreendedora.

Por economia empreendedora entende-se todo um processo de reordenamento das relações até então prevalecentes entre os agentes econômicos típicos da sociedade industrial - a hegemonia da grande empresa; a valorização e a busca do emprego estável em uma grande corporação; a ênfase na ação coletiva em oposição à ação individual etc.

Drucker (1986) cunha o termo entrepreneurship para designar este novo padrão de comportamento dos agentes econômicos em face de uma economia e sociedade em processo de mudança, caracterizando a "economia empreendedora" com base nos seguintes aspectos:

• o surgimento de novos setores ou ramos de negócios baseados no desenvolvimento tecnológico da era da Terceira Onda;

• a busca dos pequenos empreendimentos como forma de realização pessoal;

• a valorização da individualidade e da qualidade de vida, conferindo status e dimensão econômica a setores que até então não eram considerados na perspectiva empresarial; e

• a inovação sistemática como prática permanente para o aproveitamento de novas oportunidades para satisfazer às carências e necessidades das pessoas na era da Terceira Onda.

Uma nova configuração da economia, quanto aos seus padrões de funcionamento e das relações sociais entre os seus agentes, requer um novo formato de organização, cujo modelo de gestão possibilite a consecução de objetivos e metas neste novo cenário.

Dentre os requisitos exigidos para este novo formato de organização, no que concerne à sua inserção na economia empreendedora, Drucker (1986) destaca como relevantes as seguintes diretrizes e práticas, típicas de uma gestão empreendedora:

• a organização deve ser receptiva à inovação e predisposta a ver a mudança como oportunidade e não como ameaça;

• a mensuração sistemática, ou pelo menos uma apreciação, do desempenho de uma empresa como empreendedora e inovadora na perspectiva do aprendizado contínuo; e

• práticas específicas pertinentes à estrutura organizacional e ao relacionamento com o seu quadro de pessoal.

Uma breve caracterização da evolução do

empreendedorismo - autores e contribuições

relevantes

Conceitualizado o empreendedorismo quanto aos seus aspectos de fundamentação econômica (a emergência da economia empreendedora) e organizacional (a delimitação de um modelo de gestão empreendedora), torna-se oportuno proceder à abordagem da produção intelectual relacionada a esse novo modelo de gestão.

A primeira referência que, obrigatoriamente, há de ser feita ao empreendedorismo, remonta, por mais paradoxal que pareça, ao industrial e economista clássico francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), autor da célebre lei dos mercados ou Lei de Say - segundo a qual a produção criaria a sua própria demanda, impossibilitando uma crise geral da superprodução, cujo conceito de equilíbrio econômico constitui-se na base da teoria econômica neoclássica.

Professor do Collège de France, Say elaborou uma teoria das funções do empresário, cunhando o termo entrepreneur (ou empreendedor), atribuindo-lhe um papel de especial importância na dinâmica de crescimento da economia.

Drucker (1986) retrata de forma bastante precisa o conceito de empreendedor elaborado por Say, ao atribuir-lhe o papel de transferir recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixo para um setor de produtividade mais elevado e de maior rendimento, possibilitando, desse modo, uma maior eficiência e eficácia à economia.

Já no século passado, o economista austríaco Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) - ministro das Finanças em seu país após a I Grande Guerra, radicado nos Estados Unidos desde 1932, onde lecionou na Universidade de Harvard - elaborou uma importante contribuição teórica, hoje incorporada à corrente de pensamento do empreendedorismo, estabelecendo os conceitos de destruição criadora e empresário empreendedor.

Um dos mais brilhantes economistas do século passado, Schumpeter foi um dos precursores da teoria do desenvolvimento capitalista, destacando-se, em especial, no estudo dos ciclos econômicos, elaborando, nesse sentido, uma importante categorização quanto à dinâmica de crescimento do capitalismo, enfocando-o sob um prisma de processo evolutivo em oposição à concepção da economia clássica e dos seus conceitos de concorrência perfeita e de equilíbrio estático.

Esta categorização denominada de destruição criadora fundamenta-se no princípio que reside no desenvolvimento de novos métodos de produção, novos bens de consumo, novos mercados, novos setores de transporte, novas formas de organização, dentre outras alternativas que perturbam e rompem com o equilíbrio preexistente, como destaca Schumpeter (1961):

"Abertura de novos mercados estrangeiros e domésticos, e a organização da produção, da oficina do artesão a firmas, como a U. S. Steel, servem de exemplo do mesmo processo de mutação industrial - se é que podemos usar esse termo biológico - que revolucionou incessantemente o antigo e criou elementos novos. Este processo de destruição criadora é básico para entender o capitalismo."

O agente básico desse processo de destruição criadora reside na figura que Schumpeter denominou empresário empreendedor que desafia o status quo reinante no mercado, e, no limite, possibilita a ruptura de paradigmas até então predominantes, cujo comportamento típico é ressaltado por Drucker (1986):

"O empreendedor vê a mudança como norma e como sendo sadia. Geralmente, ele não provoca a mudança por si mesmo. Mas, isto define o empreendedor e o empreendimento: o empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade."

Outra importante contribuição para a nucleação do empreendedorismo foi dada por David McClelland, psicólogo da Universidade de Harvard que desenvolveu a concepção de um paradigma comportamental do perfil do empreendedor, estabelecendo, nesse sentido, uma segmentação da sociedade em dois grandes grupos quanto à percepção e ao enfrentamento de desafios e oportunidades.

O primeiro grupo corresponde a uma parcela mínima da população que se sente disposta a enfrentar desafios e, conseqüentemente, empreender um novo negócio; já a imensa maioria da população não se dispõe a enfrentar riscos desta natureza.

Há de ressaltar que o modelo desenvolvido por McClelland (1961) constitui-se na base teórica de um programa de treinamento para empreendedores, já aplicado em cerca de 40 países (no Brasil, a sua versão é o Programa Empretec), fundamentado nos seguintes níveis de motivação:

• necessidade de realização: é a necessidade do sucesso competitivo, medido em relação a um padrão pessoal de excelência e cada pessoa tem seu critério próprio de sucesso (motivo financeiro, realização profissional, reconhecimento, entre outros);

• necessidade de afiliação: é a busca de relacionamentos afetivos com outras pessoas, seja de caráter cordial, compadecido, caloroso ou outros;

• necessidade de poder: visa a controlar ou influenciar outras pessoas.

A caracterização do empreendedorismo como um novo modelo de gestão consentâneo com os paradigmas (econômicos, políticos, sociais, tecnológicos, culturais etc.) prevalecentes neste início de um novo século, é evidenciada pela crescente produção literária sobre os seus fundamentos e metodologia, notadamente a partir da segunda metade dos anos 80.

Pereira (l995) configura o empreendedorismo como um dos modelos de gestão que se destacam neste período de transição e da emergência de novos paradigmas, caracterizando-o quanto aos seus fundamentos teóricos e suas principais metodologias de gerenciamento, com seus respectivos autores mais proeminentes.

Empreendedorismo social: o foco da cidadania na

criação de empreendimentos

O empreendedorismo tem estado fortemente associado a uma vertente relacionada à área de negócios empresariais, na medida em que os fundamentos técnicos sejam provenientes de escolas de pensamento lideradas por autores vinculados às áreas da economia e da administração (Pereira, 1995).

Ocorre que, ao longo das últimas décadas, as denominadas organizações sem fins lucrativos recorrentemente têm se utilizado das ferramentas gerenciais associadas à escola do empreendedorismo, o que possibilitou a emergência de uma nova conceituação nesta área de conhecimento: o empreendedorismo social.

Ao passo que o empreendedorismo social está associado às organizações sem fins lucrativos, também denominadas organizações do Terceiro Setor, há de ser mencionada a relevância dessas organizações no contexto da economia e da sociedade contemporânea.

Para se ter uma idéia da relevância das organizações do Terceiro Setor, pode ser citada uma pesquisa realizada pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, que constata um crescimento mundial do terceiro setor de 44,38%, entre 1991 e 1995. O estudo, publicado recentemente no Brasil pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER), detectou 29 milhões de pessoas trabalhando em organizações deste tipo em todo o mundo. Em nosso país, o levantamento do ISER encontrou 1,45 milhão de pessoas atuando nesta área.

Procurando delimitar uma conceituação específica e ao mesmo tempo evidenciar a sua diferenciação do empreendedorismo mais associado à área empresarial, Dees (1998) estabelece as seguintes características próprias do empreendedorismo social:

• a adoção de uma orientação (ou missão) voltada para a criação e manutenção do valor social (diferentemente do valor econômico);

• a identificação e o firme diligenciamento na procura de novas oportunidades de empreendimentos que viabilizem a consecução da missão da organização;

• o engajamento no processo de inovação, adaptação e aprendizado contínuo;

• a ação corajosa em face da limitação de recursos com que se defrontam, geralmente, as organizações do Terceiro Setor;

• a demonstração de um elevado senso de responsabilidade cívica para com os segmentos de público com os quais a organização está envolvida e a conseqüente sustentabilidade dos resultados obtidos.

A procura de uma definição de empreendedorismo social também enseja a delimitação das características típicas do empreendedor social.

De acordo com William Drayton, fundador de uma das principais organizações engajadas com o empreendedorismo social - a Ashoka - o perfil do empreendedor social abrange as seguintes características:

• Idéia inovadora; Criatividade; Qualidade empreendedora; Projeto com impacto social; Fibra ética (personalidade confiável)

Exemplo característico da relevância que o empreendedorismo social ocupa hoje no contexto da literatura gerencial, pode ser observado pelo recente lançamento do livro "Empreendedores Sociais em Ação - iniciativas inovadoras em tecnologias de cidadania e desenvolvimento integrado ao meio ambiente", organizado por Mônica de Roure e Suzana Padua, editado pela Ashoka Empreendedores Sociais em parceria com o IPE - Instituto de Pesquisas Ecológicas - e a Cultura Editores. Este importante lançamento editorial enfoca um conjunto selecionado de organizações e líderes empreendedores com atuação nas áreas de cidadania e meio ambiente, confirmando que o Brasil já ocupa um papel de destaque no contexto do empreendedorismo social, haja vista experiências como a da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens - RENCTAS. Esta típica organização do Terceiro Setor tem como missão o combate ao tráfico da vida selvagem, uma atividade ilícita que movimenta recursos anuais na ordem de US$2 bilhões, além do imenso prejuízo que tem causado ao equilíbrio ecológico. A Renctas já constituiu uma rede de organizações parceiras com cerca de 380 participantes nos âmbitos nacional e internacional, cujo modelo de gestão está assentado nos fundamentos do empreendedorismo social de acordo com análise realizada na referida obra.

Na medida em que as organizações vinculadas ao Terceiro Setor têm uma importância significativa na sociedade e economia contemporânea, o empreendedorismo social, necessariamente, tende a ocupar uma posição de enorme destaque no contexto da gestão organizacional, a exemplo do destaque que o empreendedorismo mais relacionado com o enfoque empresarial teve ao longo das décadas de 80 e 90.

Obstáculos ao desenvolvimento do empreendedorismo

Em que pese o fato de o empreendedorismo já ter uma posição de destaque no âmbito das escolas de pensamento da administração, torna-se importante salientar os obstáculos existentes no pleno desenvolvimento desta metodologia gerencial.

Em primeiro lugar, há de ser mencionado os aspectos culturais de resistência à mudança ainda prevalecente no contexto da nossa sociedade e economia, levando-se em consideração que o empreendedorismo está umbilicalmente vinculado à inovação. Sendo assim, a prática do empreendedorismo exige um significativo grau de tolerância com o insucesso, pois a formulação e implantação de novas idéias pressupõe riscos. Pesquisa citada por Degen (1989) informa que nos EUA somente duas de cada dez idéias inovadoras implantadas alcançam o êxito planejado. Vale dizer: é preciso aprender a lição oito vezes (fracasso) para colher o sucesso pretendido. Registre-se ainda que em nosso país ainda não desenvolvemos uma cultura de valorização do insucesso enquanto um processo pedagógico de aprendizagem. Vide, por exemplo, que na ambiência empresarial, predominantemente, são valorizados os casos e os executivos de sucesso, sendo que os exemplos de insucesso são, literalmente, varridos para debaixo do tapete.

Outro obstáculo ao pleno desenvolvimento do empreendedorismo está relacionado com o tratamento a ser dado aos intrapreneurs (intra-empreendedores ou os funcionários com uma prática empreendedora no âmbito de suas organizações). Em países como o Brasil, predominam as empresas familiares - controle e gestão nas mãos dos acionistas/cotistas majoritários - com estruturas organizacionais bastante verticalizadas, com alto grau de centralização do processo decisório, apresentando portanto resistência à mudança e, por extensão, aos funcionários com espírito de independência e de inovação. Pereira (1995) enfatiza que estes intrapreneurs - sejam indivíduos ou equipes - tendem a se contraporem às estruturas organizacionais rígidas e verticalizadas, na medida em que, na perspectiva das direções desta tipologia organizacional, representam riscos e ameaças. É preciso, pois, que todos aqueles que estão envolvidos com a prática do empreendedorismo em suas organizações tenham consciência destes aspectos culturais, procurando estabelecer uma ambiência propícia ao desenvolvimento da cultura empreendedora mediante inovações em suas respectivas estruturas organizacionais e nas suas práticas gerenciais.

Por último, há de ser ressalvado o fato de que precisamos criar em nosso país uma ambiência favorável ao desenvolvimento do empreendedorismo, abrangendo, dentre outros, os aspectos relacionados com a educação e as políticas públicas nas esferas nacional, estadual e municipal.

No campo da educação é essencial que seja superada uma cultura fortemente associada às práticas conservadoras, pouco receptivas à inovação, mediante uma ampla reformulação dos projetos pedagógicos dos cursos regulares - do 1º ao 4º grau - possibilitando aos professores e alunos um conhecimento e vivência do empreendedorismo. Neste aspecto, há de ser mencionado iniciativas como as incubadoras de empresas nas universidades, bem como a parceria do Sebrae com as escolas técnicas federais com o intuito de difundir o empreendedorismo em nossa sociedade.

No que concerne às políticas públicas - e seus respectivos contextos econômico, financeiro, de infra-estrutura etc. - há de ser mencionado o aspecto de acesso ao crédito e financiamento, tão importante para as empresas de pequeno porte e às organizações do Terceiro Setor. Vinicius Lummentz, diretor-técnico do Sebrae Nacional, informa no primeiro número da Revista Sebrae os dados da pesquisa realizada no Brasil pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) - parceria do Babson College (EUA), London Business School (Inglaterra) e apoio do Kauffman Center for Entrepreneurial Leadership (EUA) - que nos aponta como o país líder na prática do empreendedorismo - número de pessoas que têm seu próprio negócio em relação ao total de habitantes - mas que, em contrapartida, também nos classifica em primeiro lugar quanto ao quesito de número de empresas fechadas, face aos óbices da nossa macroambiência - educação, apoio financeiro, burocracia ineficiente etc. Experiências como a do microcrédito - especialmente na versão dos "bancos populares ou bancos do povo" - têm de merecer um amplo apoio das autoridades governamentais, bem como é preciso que o nosso sistema financeiro - bancos e agências governamentais de fomento - empreendam linhas de crédito e financiamento adequadas às empresas de pequeno porte e às organizações do Terceiro Setor.

A despeito de todos estes obstáculos, o empreendedorismo representa um dos mais significativos avanços no campo do pensamento da administração, constituindo-se em uma metodologia absolutamente essencial para que organizações e indivíduos possam ter sucesso nesta era marcada pela mudança e quebra de paradigmas em todos os campos do conhecimento e da atividade humana.

Vale registrar, a título de encorajamento nesta linha de pensamento, a máxima de Peter Drucker, um dos principais cientistas sociais contemporâneos e um dos pioneiros do empreendedorismo:

"Qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser um empreendedor e comportar-se empreendedorialmente. O empreendimento é um comportamento e não um traço de personalidade. Suas bases são o conceito e a teoria, e não a intuição."

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