Bom dia, todas as MADALENA ELEK ILUSTRAÇÕES cores! - Moderna

Material de apoio ao professor

Contextualiza??o da obra

BOM DIA, TODAS AS CORES!

ILUSTRA??ES

MADALENA ELEK

Bom dia, todas as cores!

AR. ? MB?M GU?M...

Ruth Rocha

Ilustra??es de Madalena Elek

Organiza??o pedag?gica Maria Jos? N?brega

4/27/18 11:58 AM

De leitores e asas

Maria Jos? N?brega

"Andorinha no coqueiro, Sabi? na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor n?o quer voltar."

Numa primeira dimens?o, ler pode ser entendido como decifrar o escrito, isto ?, compreender o que letras e outros sinais gr?ficos representam. Sem d?vida, boa parte das atividades que s?o realizadas com as crian?as nas s?ries iniciais do Ensino Fundamental tem como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a crian?a tenha flu?ncia para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam l?, no texto, bastando colh?-los.

Por essa concep??o, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar est?o a andorinha e o sabi?; qual dos dois p?ssaros vai e volta e quem n?o quer voltar. Mas ser? que a resposta a essas quest?es bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamente n?o. A compreens?o vai depender, tamb?m, e muito, do que o leitor j? souber sobre p?ssaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas opera??es cognitivas para produzir infer?ncias. Lemos o que est? nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que n?o est? escrito. ? como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos ? trova acima, descobriremos um "eu" que associa p?ssaros ? pessoa amada. Ele sabe o lugar em que est?o a andorinha e o sabi?; observa que as andorinhas migram, "v?o e voltam", mas, diferentemente destas, seu amor foi e n?o voltou.

Apesar de n?o estar expl?cita, percebemos a compara??o entre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de tamb?m n?o estar expl?cita, percebemos a oposi??o entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa amada "n?o quer voltar". Se todos esses elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem expl?citos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha est? no coqueiro, e que o sabi? est? na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta, mas n?o sei onde est? meu amor, que partiu e n?o quer voltar.

O assunto da trova ? o relacionamento amoroso, a dor de cotovelo pelo abandono e, dependendo da experi?ncia pr?via que tivermos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou "vivida" por meio da fic??o, diferentes emo??es podem ser ativadas: al?vio por estarmos pr?ximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilus?o por n?o acreditarmos mais no amor, esperan?a de encontrar algu?m diferente...

Quem produz ou l? um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde est?o seus p?s e do que veem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem l? podem estar mais ou menos pr?ximos, assim como os horizontes de um leitor e os de outro. As leituras produzem interpreta??es que produzem avalia??es que revelam posi??es: pode-se ou n?o concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do ?ltimo verso "meu amor n?o quer voltar", podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma esperan?a de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela n?o "quer" voltar? Repare que n?o ? "n?o pode" que est? escrito, ? "n?o quer", isto quer dizer que poderia, mas n?o quer voltar. O que teria provocado a separa??o? O amor acabou? Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira etc.? O "eu" ? muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabi??

Quem ? esse que se diz "eu"? Se imaginarmos um "eu" masculino, por exemplo, poder?amos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com r?dea curta, porque sen?o voa; num tom feminista, poder?amos dizer que a mulher fez muito bem em abandonar algu?m t?o controlador. Est? instalada a pol?mica das muitas vozes que circulam nas pr?ticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimens?o que descrevemos ? uma aprendizagem que n?o se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

* "Cada um l? com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os p?s pisam." A ?guia e a galinha: uma met?fora da condi??o humana. 37? ed. Petr?polis: Vozes, 2001.

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? IARA VENANZI

Um pouco sobre Ruth Rocha, a autora de Bom dia, todas as cores!

Ruth Rocha nasceu em S?o Paulo, capital, onde sempre viveu. ? graduada em Sociologia e Pol?tica pela Universidade de S?o Paulo e p?s-graduada em Orienta??o Educacional pela Pontif?cia Universidade Cat?lica de S?o Paulo.

Antes de ter revelado seu incompar?vel talento como escritora de livros infantis, nesses quase 50 anos de literatura, foi orientadora educacional e editora.

? uma das mais premiadas autoras da literatura infantil brasileira. Tem hoje mais de cem livros publicados no Brasil e vinte no exterior, em dezenove diferentes idiomas.

A obra

Coment?rios sobre a obra

Um camale?o muito simp?tico vivia mudando de opini?o, isto ?, de cor. Se encontrava o sabi?-laranjeira, logo ele ficava dourado. Se encontrava o louva-a-deus, ficava verde tamb?m. Mudava de cor como quem troca de roupa. Parecia um arco-?ris ambulante. E fazia isso para agradar aos outros. Mas os outros eram muito diferentes, e ele n?o conseguia agradar a todo mundo, porque, como ele matutou sozinho em casa:

-- Por mais que a gente se esforce, N?o pode agradar a todos. Alguns gostam de farofa. Outros preferem farelo... Uns querem comer ma??. Outros preferem marmelo... Tem quem goste de sapato. Tem quem goste de chinelo... E se n?o fossem os gostos, Que seria do amarelo? Foi a? que o camale?o tomou uma decis?o e resolveu seguir com seus pr?prios gostos e decis?es, pois "Quem n?o agrada a si mesmo, n?o pode agradar a ningu?m".

O livro Bom dia, todas as cores! foi originalmente um conto que Ruth Rocha publicou na Revista Recreio, no final da d?cada de 1960. Esse foi um momento em que um grupo de escritores e ilustradores revolucionou a literatura para crian?as no Brasil. Como outras hist?rias publicadas na ?poca, Bom dia, todas as cores! ? uma mensagem de liberdade, um refor?o ? capacidade individual de decis?o, ao mesmo tempo em que estimula o respeito pelas diferen?as e pela vontade do outro.

Quadro-s?ntese

G?nero: Conto. Componentes curriculares: L?ngua Portuguesa, Arte, Ci?ncias. Tema contempor?neo: Vida familiar e social. P?blico-alvo: Pr?-escola (4 e 5 anos).

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