A MÃO DO TEMPO



A MÃO DO TEMPO Tião Carreiro e Pardinho

C G7

Na solidão do meu peito o meu coração reclama

Por amar quem está distante e viver com quem não ama

Eu sei que você também da mesma sina se queixa

Querendo viver comigo, mas o destino não deixa.

C G7

Que bom se a gente pudesse arrancar do pensamento

E sepultar a saudade na noite do esquecimento

Mas a sombra da lembrança é igual a sombra da gente

Pelos caminhos da vida, ela está sempre presente.

C G7

Vai lembrança e não me faça querer um amor impossível

Se o lembrar nos faz sofrer, esquecer é preferível

Do que adianta querer bem alguém que já foi embora,

É como amar uma estrela que foge ao romper da aurora.

C G7

Arranque da nossa mente, horas distantes vividas

Longas estradas que um dia foram por nós percorridas

Apague com a mão do tempo os nossos rastros deixados

Como flores que secaram no chão do nosso passado.

AMARGURADO Tião Carreiro)

E

Do que é feito daqueles beijos que eu te dei.

Daquele amor cheio de ilusão. Que foi a razão do nosso querer.

Pra onde foram tantas promessas que me fizeste.

Não se importando que o nosso amor viesse a morrer.

Talvez com outro estejas vivendo bem mais feliz.

Dizendo ainda que nunca houve amor entre nós.

Pois tu sonhavas com a riqueza que eu nunca tive.

E se ao meu lado muito sofreste. O meu desejo é que vivas melhor.

Vai com Deus. Sejas feliz com o seu amado.

Tens aqui um peito magoado. Que muito sofre por te amar.

Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos.

Mas se tiveres algum fracasso. Creias que ainda lhe posso ajudar.

A VACA FOI PRO BREJO

Tom: C Intro: (F C G7 C) G7 C

Mundo velho está perdido Já não endereita mais

s filhos de hoje em dia já não obedece os pais

É o começo do fim Já estou vendo sinais

Metade da mocidade estão virando marginais

É um bando de serpente

Os mocinhos vão na frente, as mocinhas vão atrás...

Pobre pai e pobre mãe Morrendo de trabalhar

Deixa o coro no serviço pra fazer filho estudar

Compra carro a prestação Para o filho passear

Os filhos vivem rodando fazendo pneu cantar

Ouvi um filho dizer

O meu pai tem que gemer, não mandei ninguém casar...

O filho parece rei Filha parece rainha

Eles que mandam na casa e ninguém tira farinha

Manda a mãe calar a boca Coitada fica quietinha

O pai é um zero à esquerda, é um trem fora da linha

Cantando agora eu falo

Terrero que não tem galo quem canta é frango e franguinha...

Pra ver a filha formada Um grande amigo meu

O pão que o diabo amassou o pobre homem comeu

Quando a filha se formou Foi só desgosto que deu

Ela disse assim pro pai: "quem vai embora sou eu"

Pobre pai banhado em pranto

O seu desgosto foi tanto que o pobre velho morreu...

Meu mestre é Deus nas alturas O mundo é meu colégio

Eu sei criticar cantando: Deus me deu o privilégio

Mato a cobra e mostro o pau Eu mato e não apedrejo

Dragão de sete cabeças também mato e não alejo

Estamos no fim do respeito

Mundo velho não tem jeito, a vaca já foi pro brejo...

CHAMADA A COBRAR Tom: D Intro: D, G, D, A, D

D A G A

Hoje o meu telefone tocou bem cedinho ao me despertar

Notei que era interurbano pois a ligação chamava a cobrar

Assim quando completou essa ligação notei sem demora

A voz de um ex amor que há muito tempo tinha ido embora

A G D

Ela me falou chorando ó meu grande amor por Deus me ajude

Nos braços de um canalha eu perdi a paz e a minha saúde

Meu coração magoado todo o meu passado me fez recordar

Quando a gente ama a distância encurta e a saudade expande

No primeiro vôo para Campo Grande eu juro que vou te busca

BOI SOBERANO

Me alembro e tenho saudade do tempo que vai ficando

Do tempo de boiadeiro que eu vivia viajando

Eu nunca tinha tristeza vivia sempre cantando

Mês e mês cortando estrada no meu cavalo ruano

Sempre lidando com gado, desde a idade de quinze anos

Não me esqueço de um transporte, seiscentos bois cuiabanos

No meio tinha um boi preto por nome de Soberano

Na hora da despedida o fazendeiro foi falando

Cuidado com esse boi que nas guampas é leviano

Esse boi é criminoso já me fez diversos danos

Toquemos pela estrada naquilo sempre pensando

Na cidade de Barretos, na hora que eu fui chegando

A boiada estourou ai, só via gente gritando

Foi mesmo uma tirania, na frente ia o Soberano

O comércio da cidade as portas foram fechando

Na rua tinha um menino de certo estava brincando

Quando ele viu que morria de susto foi desmaiando

Coitadinho debruçou na frente do Soberano

O Soberano parou ai, em cima ficou bufando

Rebatendo com o chifre, os bois que vinham passando

Naquilo o pai da criança de longe vinha gritando

Se esse boi matar meu filho eu mato quem vai tocando

Quando viu o filho vivo e o boi por ele velando

Caiu de joelho por terra e para Deus foi implorando

Salvai meu anjo da guarda desse momento tirano

Quando passou a boiada, o boi foi se arretirando

Veio o pai dessa criança e me comprou o Soberano

Esse boi salvou meu filho ninguém mata o Soberano

ESTRELA DE OURO Tom: E Intro: E, B7

E B7 E

Meu Deus onde está agora a mulher que amo

Será que está sozinha ou acompanhada

Só sei que aqui distante eu estou morrendo

Morrendo de saudade dela num mundo de lágrimas

E B7 E

Meu Deus mande que o vento encontre com ela

Pra dar minhas tristes notícias com seu açoite

Dizer que por não estar abraçado por ela

Eu choro meu pranto escondido no colo da noite

B7 E

Meu Deus eu morro por ela

E a ausência dela provoca meu choro

Ela é a luz que me ilumina

Deusa da minha sina minha estrela de ouro

PAI JOÃO Tião Carreiro E Pardinho

A D E A

caminheiro quem passar naquela estrada

ve uma cruz abandonada como quem vai pro sertão

ha muitos anos neste chão foi sepultado

um preto veio e herdado por nome de pai joão (SOLO)

A D E A D E A

pai João na fazenda dos coqueiros

Foi destemido carreiro querido do seu patrão

Sua boiada ausilante e rubrioso

no morro mais perigoso arrastava o carretão (SOLO)

A D E A D E A

Numa tarde pai joão não esperava

Que a morte lhe rondava la na curva do areião

e de uma queda em baixo do carro caiu

do mundo se dispidiu, preto veio pai joão (SOLO)

A D E A D E A

caminheiro aquela cruz no caminho

Já contei tudo certinho a historia de pai joão,

Resta saudade daquele tempo que foi

o velho carro de boi no fundo do mangueirão

O MUNDO VELHO NÃO TEM JEITO Tião Carreiro e Pardinho

Onde é que nós estamos óh meu Deus tem dó da gente

Mundo velho já deu flor carunchou toda semente

Virou um rolo de cobra serpente engole serpente

E vive lesando a pátria dando pulo de contente

Òh pobre trabalhador

É o escravo na corrente

Estão matando e roubando é conflito permanente

Um bandido entrou num banco armado até os dentes

Chorou no colo da mãe a criancinha inocente

Mas ele achou que a criança perturbava o ambiente

Assassinou a mãe e filha,

foi um quadro comovente

Tem família num bagaço fingindo viver contente

Alegria é só por fora mas por dentro é diferente

É filha desmiolada que casou com delinqüente

É um genro pé de cana que não gosta do batente

Onde tem ovelha negra

Desmorona um lar decente

O mundo virou um vulcão e cada vez fica mais quente

Não há nada que esfrie quero ver quem me desmente

Um grande estoque de bomba crescendo diariamente

Quando estourar todas bombas ninguém fica pra semente

Mundo velho não tem jeito

Vira cinza levemente

O mundo já esta encardido e não adianta detergente

A sujeira desafia até soda e água quente

Num lugar morre de sede no outro morre de enchente

Óh mestre lá nas alturas meu senhor onipotente

Seu poder é infinito

Protegei a nossa gente

OI PAIXÃO Tião Carreiro e Pardinho

Não suportando a saudade Meu bem vim lhe visitar

Trazendo flores bonitas Para o nosso amor enfeitar

Distante dos teus carinhos Eu sofro tanto e reclamo

Te juro minha querida Vou terminar minha vida

Nos braços de quem eu amo. Oi , oi paixão

Nos braços de quem eu amo

Nosso amor não tem limites Não sei onde vai parar

Quanto mais você me ama Mais eu quero te amar

Uma dor de cotovelo Machuca eu e você

Somos dois apaixonados Vive alguém ao nosso lado

Fazendo a gente sofrer Oi , oi paixão

Fazendo a gente sofre

O nosso caso de amor Está correndo perigo

Mas quem não tem anjo de guarda Não cai nas mãos do inimigo

Somente as forças ocultas Poderão nos castigar

Mas amar não é pecado Deus está do nosso lado

Ninguém vai nos separar Oi, oi paixão

Ninguém vai nos separar

RAÍZES DO AMOR Tião Carreiro e Pardinho

As raízes do amor brotam mais depressa

Plantada num coração cheio de bondade

Adubada com abraços e muitos carinhos

E regada com os beijos de felicidade

Plantei minha esperança no chão do seu peito

Mas o sol do seu desprezo do cruel verão

Não deixou que a semente criassem raízes

Que secaram na estiagem do seu coração Refrão

Amor que não tem raízes Dura pouco quase nada

Nasce na boca da noite pra morrer de madrugada

Raízes de amor sincero não terminam nunca

Dá e o tronco elas ficam numa longa espera

E a chuva de ternura sobre elas cheguem

Para se vestir de novo numa primavera

O amor que eu perdi me deixou raízes

Hoje apenas num aceno que ele me fez

Num longo abraço apertado nos reconciliamos

E no peito sinto a aurora brilhar outra vez

A COISA TÁ FEIA (Tião Carreiro e Pardinho)

Burro que fugiu do laço tá de baixo da roseta

Quem fugiu de canivete foi topar com baioneta

Já está no cabo da enxada quem pegava na caneta

Quem tinha mãozinha fina foi parar na picareta

Já tem doutor na pedreira, dando duro na marreta

A coisa tá feia, a coisa tá preta

Quem não for filho de Deus tá na unha do capeta

Criança na mamadeira já tá fazendo careta

Até o leite das crianças virou droga na chupeta

Já esta pagando parto até filho de proveta

Mundo velho é uma bomba girando neste planeta

Qualquer dia a bomba estora, é só relar na espoleta

A coisa tá feia, a coisa tá preta

Quem não for filho de Deus tá na unha do capeta

Quem dava caixinha alta já está cortando a gorjeta

Já não ganha mais esmola nem quem anda de muleta

Faz mudança na carroça quem fazia na carreta

Colírio de dedo duro é pimenta malagueta

Sopa de caco de vidro é banquete de cagueta

A coisa tá feia, a coisa tá preta

Quem não for filho de Deus tá na unha do capeta

Quem foi o rei do baralho virou trouxa na roleta

Gavião que pegava cobra já foge de borboleta

Se o picaço fosse vivo ia pintar tabuleta

Bezerrada de gravata que se cuide e não se meta

Quem mamava no governo agora secou a teta

A coisa tá feia, a coisa tá preta

Quem não for filho de Deus tá na unha do capeta

FALOU E DISSE (Tião Carreiro e Pardinho)

Gavião da minha foice não pega pinto

Também a mão de pilão não joga peteca

O cabo de minha enxada não tem divisa

As meninas dos meus olhos não tem boneca

A bala do meu revolver não tem açúcar

No cano da carabina não vai torneira

A porca do parafuso nunca deu cria

Na casa do joão de barro não tem goteira

O cravo da ferradura não vai no doçe

A serra da mantiqueira nunca serrou

A parta do meu cavalo não bota ovo

Eu não vou comer o pão que o diabo amassou

Os quatro reis do baralho não tem castelo

Também o quatro de paus não é de madeira

Por onde o navio passa não tem asfalto

Caminho que vai na lua não tem poeira

Cachaça não dá rasteira derruba a gente

A língua da fechadura não faz fofoca

Pra fazer este pagode não foi brinquedo

Eu me virei no avesso e não sou pipoca

JOGADOR DE BARALHO (Tião Carreiro e Pardinho)

Conheci um moço pobre, honrado e trabalhador

Foi nascido e foi criado numa vila do interior

Veio para capital estudar pra ser doutor

Levado por maus amigos deu um grande jogador

Deixou o estudo e o trabalho com as cartas do baralho

Ganhou riqueza e valor

Casou com uma moça rica redobrou sua alegria

Na sua rica mansão tinha tudo que queria

Dominado pela vício toda noite ele saia

No cassino onde jogava só ganhava e não perdia

Enquanto o tempo passava sua riqueza aumentava

Do jogo não desistia

Mas tudo que vem ao mundo traz sua sina marcada

Numa noite ele jogou sua ultima parada

Se perdia uma partida a outra era dobrada

Foi jogando e foi perdendo chegou a ficar sem nada

Numa última defesa, pois a aliança na mesa

Jogou a mulher amada

Sua esposa quando soube o que tinha acontecido

Pra não se entregar a outro que não era seu marido

Foi embora pelo mundo com o coração ferido

Quem ganhou não leva ela mas o lar foi destruido

O jogador em desespero sem mulher e sem dinheiro

Transformou-se num perdido

Aquela rica mansão era igual um céu aberto

Hoje está tão solitária só tem tristeza por perto

O jogo dá também tira é um ditado muito certo

Aos amigos do baralho nesses versos eu alerto

Quem se julgar invencível por mais que seja incrível

Encontra um mais esperto.

PAGODE EM BRASILIA (Tião Carreiro e Pardinho)

Quem tem mulher que namora quem tem burro empacador

Quem tem a roça no mato me chame que um jeito eu dou

Eu tiro a roça do mato, sua lavoura melhora

E o burro empacador eu corto ele na espora

E a mulher namoradeira eu faço coro e mando embora.

Tem prisioneiro inocente no fundo de uma prisão

Tem muita sogra increnqueira e tem violeiro embrulhão

Pros prisioneiros inocente eu arranjo advogado

E na sogra encrenqueira eu dou de laço dobrado

E os Violeiros embrulhão com meus versos está quebrados.

Bahia deu Rui Barbosa, Rio Grande deu Getúlio

Em minas deu Jucelino de São Paulo eu me orgulho

Bahiano não nasce burro, gaucho é o rei das cochilhas

Paulista ninguém contesta, é o Brasileiro que brilha

Quero ver cabra de peito pra fazer outra Brasilia.

No estado de Goiás meu pagode está mandando

O bazar do Valdomiro em Brasília o soberano

No repique da viola balançei o chão Goiano

Vou fazer a retirada e despedir dos paulistanos

Adeus que já vou embora que Goiás está me chamando.

PRETINHO ALEIJADO (Tião Carreiro e Pardinho)

Com mil e quinhentos bois, eu sai de Rancharias

Na praça de três lagoas, cheguei ao morrer do dia

O sino de uma igrejinha numa estranha melodia

Anunciava tristemente a hora do Ave Maria

Eu entrei igreja a dentro pra fazer minha oração

Assisti um quadro triste, que cortou meu coração

Um pretinho aleijado, somente com uma das mãos

Puxava a corda do sino, cantando triste canção Ai.....ai

Aquela alma feliz, era o espelho a muita gente

Que tendo tudo no mundo da vida vive descrente

O meu negro coração, transformou-se de repente

Ao terminar minhas preces, era um homem diferente

Outro dia com a boiada sai de madrugadinha

Muitas léguas de distância, esta noticia me vinha

Um malvado desordeiro, assaltou a igrejinha

E matou o aleijadinho, pra roubar tudo que tinha Ai.....ai

O sino de três lagoas, vivia silenciado

E eu com meu carabelo andava atrás do malvado

Voltando nesta cidade vi um povo assustado

Diz que o sino a meia-noite sozinho tinha tocado

Quando entrei na igrejinha, uma voz pra mim falou

Jogue logo esta arma, não se torne um pecador

Tirar a vida de um cristão, compete a nosso senhor

Conheci a voz do pretinho, o meu ódio se acabou Ai.....

AS TRÊS CUIABANAS Tião Carreiro e Pardinho

Eu nasci numa data feliz, bem depois do dia dezesseis

Por eu ser um menino sem pai, fui criado com tio Juarês

Esse Titio era Cuiabano, nessa lida também me criei

Ele era criador de gado, no regime eu me acostumei

Tinha um laço couro de mateiro, não escapava uma rês no mangueiro

Eu deixava correr trinta dias por mês

Fiz viagem pra Mato Grosso, na comitiva de um calabrês

Titio me deu um burro pampa, que atendia por nome Truques

Foi tirado da tropa Rio Grande, outra escolha melhor não achei

Eu deixei pra mostrar minha ciência, quando lá em Mato Grosso cheguei

Eu bambeei a rédea do pampa, e o laço pegou pelas guampas

Berrava na chincha o zebu jaguanês

Tinha três mocinhas na janela, Jubiliana, Clarice e Inês

Uma delas tava me gavando, paulistinha ainda surra vocês

Cuiabanos quiseram achar ruim o meu trinta na cinta eu bambeei

Pra mostrar minha ciência melhor, por capricho o mestiço eu soltei

Ele tinha as guampas revessa, e laço escapou da cabeça

Pelas duas mãos eu lacei outra vez

O patrão me chamou lá pra dentro, eu entrei com meu jeito Cortez

Eu cheguei no salão de visitas, lá fiquei arrodeado da três

Perguntou qual é a mais bonita, veja só que apuro eu passei

Respondi todas as três são iguais, foi do jeito que eu desapurei

A mais velha é uma flor do campo, a do meio é um cravo vermelho

A mais nova é uma rosa quando está de vez

Na hora da despedida, foi preciso eu falar português

O meu coração ficou roxo, foi da cor de um alho chinês

Eu deixei pra dar meus três suspiros, quando o porto pra cá travesei

As meninas me escreveram cartas, brevemente a resposta eu mandei

Vou toma a linha sorocabana, quero ver as três cuiabanas

Vou ver Juliana, Clarice e Inês

RIO DE LÁGRIMAS

O Rio de Piracicaba vai jogar água pra fora

Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Lá no bairro que eu moro só existe uma nascente

A nascente dos meus olhos já formou água corrente

Pertinho da minha casa já formou uma lagoa

Com lágrima dos meus olhos por causa de uma pessoa

Eu quero apanhar uma rosa minha mão já não alcança

Eu choro desesperado igualzinho uma criança

Duvido alguém que não chore pela dor de uma saudade

Quero ver quem que não chora quando ama de verdade

ENCANTOS DA NATUREZA Tião Carreiro e Pardinho

Tu que não tiveste a felicidade Deixa a cidade vem conhecer

Meu sertão querido meu reino encantado Meu berço adorado que me viu nascer

Venha o mais depressa não fique pensando Estou te esperando para te mostrar

Vou mostrar os lindos rios de águas clara E as belezas raras do nosso luar

Quando a lua nasce por de trás da mata Fica cor de prata a imensidão

Então fico horas e horas olhando A lua banhando lá no ribeirão

Muitos não importam com este luar Nem lembram de olhar o luar na serra

Mas estes não vivem são seres humanos Que estão vegetando em cima terra

Quando a lua esconde logo rompe a aurora Vou dizer agora do amanhecer

Raios vermelhados riscam o horizonte O sol lá no monte começa a nascer

Lá na mata canta toda a passarada E lá na palhada pia o xororó

O rei do terreiro abre a garganta Bate a asa e canta em cima do paiol

Quando o sol esquenta cantam as cigarras Em grande algazarra na beira da estrada

Lindas borboletas de variadas cores Vem beijar as flores já desabrochada

Este pedacinho de chão encantado Foi abençoado por nosso senhor

Que nunca nos deixa faltar no serão Saúde união a paz e o amor

TRAVESSIA DO ARAGUAIA

Naquele estradão deserto uma boiada descia

Pras bandas do Araguaia pra fazer a travessia

O capataz era um velho de muita sabedoria

As ordens eram severas e a peonada obedecia

O ponteiro moço novo muito desembaraçado

Mas era a primeira viagem que fazia nesses lados

Não conhecia os tormentos do Araguaia afamado

Não sabia que as piranhas era um perigo danado

Ao chegarem na barranca disse o velho boiadeiro

Derrubamos um boi n’água deu a ordem ao ponteiro

Enquanto as piranhas comem temos que passar ligeiro

Toque logo este boi velho que vale pouco dinheiro

Era um boi de aspa grande já roído pelos anos

O coitado não sabia do seu destino tirano

Sangrando por ferroadas no Araguaia foi entrando

As piranhas vieram loucas e o boi foram devorando

Enquanto o pobre boi velho ia sendo devorado

A boiada foi nadando e saiu do outro lado

Naquelas verdes pastagens tudo estava sossegado

Disse o velho ao ponteiro pode ficar descansado

O ponteiro revoltado disse que barbaridade

Sacrificar um boi velho pra que esta crueldade

Respondeu o boiadeiro aprenda esta verdade

Que Jesus também morreu pra salvar a humanidade

REI DO GADO Tião Carreiro e Pardinho

Num bar de Ribeirão Preto eu vi com meus olhos esta passagem

Quando o champanha corria a rodo no alto meio da grã-finagem

Nisto chegou um peão trazendo na testa o pó da viagem

Pro garçom ele pediu uma pinga que era pra rebater a friagem

Levantou um almofadinha e falou pro dono eu tenho uma fé

Quando um caboclo que não se enxerga num lugar deste vem por os pé

Senhor que é o proprietário deve barrar a entrada de qualquer

E principalmente nesta ocasião que está presente o rei do café

Foi uma salva de palma gritaram viva pro fazendeiro

Que tem bilhões de pés de cafés por este rico chão brasileiro

Sua safra é uma potência em nosso mercado e no estrangeiro

Portanto vejam que este ambiente não é pra qualquer tipo rampeiro

Com um modo bem cortês responde o peão pra rapaziada

Essa riqueza não me assusta topo e aposta qualquer parada

Cada pé desse café eu amarro um boi da minha invernada

E pra encerrar o assunto eu garanto que ainda me sobra uma boiada

Foi um silêncio profundo o peão deixou o povo mais pasmado

Pagando a pinga com mil cruzeiro disse ao garçom pra guardar o trocado

Quem quiser meu endereço que não se faça de arrogado

E só chegar lá em Andradina e pergunta pelo rei do gado

REI DO CAFÉ

Para o senhor rei do gado aqui vai minha resposta

O que eu penso a seu respeito eu não digo pelas costa

O senhor saiu do bar ai sem ouvir minha proposta

Saiba que este seu criado não tem medo de aposta

E quem já escorregou na vida em quarque gaio se incosta ai

O que disse armofadinha por mim não foi indoçado

Se eu quisesse lhe ofender não ia lhe mandar recado

Quem meche com marimbondo deve espera o resurtado

Creio que o senhor se esquece meu amigo rei do gado

Que um rei para ser rei, precisa ser muito educado

É coisa que eu acho feio um rico faze cartaiz

Não me acanho em dize que já fui pião em Goiais

Já pulei em burro chucro inté de cara pa traiz

Se eu tirar minha camisa no peito mostro os sinais

De guampa de bois cuiabano foi na zona dos pantanais ai

Quando eu vejo um cafezal e o poeirão de uma boiada

Orgulho de ser imigrante desta terra abençoada

Também já tomei cachaça tirando boi de arribada

Se a balança do Brasil com o café for ameaçada

Eu corto meus cafezais transformo tudo em invernada ai

Deixe de apostar amigo não queira dar um passo errado

Vamos lutar ombro a ombro por este solo abençoado

Apesar de eu ser estrangeiro nele eu quero ser enterrado

Onde brota o ouro verde nosso café afamado

Que dá glorias pro Brasil foi na fronteira do outro lado.

EMPREITADA PERIGOSA Tião Carreiro

Já derrubamos o mato terminou a derrubada

Agora preste atenção meus amigo e camarada

Não posso levar vocês na minha nova empreitada

Vou pagar tudo que devo e sair de madrugada

A minha nova empreitada não tem mato e nem espinho

Ferramentas não preciso guarde tudo num cantinho

Preciso de um cavalo bem ligeiro e bem mansinho

Preciso de muitas balas e um coldre cavalinho

Eu nada tenho nada a perder pra minha vida eu não ligo

Mesmo assim eu peço a Deus que me livre do inimigo

A empreitada é perigosa sei que vou correr perigo

É por isso que não quero nem um de vocês comigo

Eu vou roubar uma moça de um ninho de serpente

Ela quer casar comigo a família não consente

Já me mandaram um recado estão armado até os dente

Vai chover balas no mundo se nóis topar frente a frente

Adeus, adeus Preto Velho Zé Maria e Serafim

Adeus, adeus Paraíba Mineirinho e seu Joaquim

Se eu não voltar amanhã pode até rezar pra mim

Mas se tudo der certinho a menina tem que vim

RANCHO DOS IPÊS Tião Carreiro e Pardinho

Lá no rancho dos ipê um dia fui “cunvidado”

“Prá passá” um fim-de-semana no interior do meu estado

Quatro dias, quatro “noite” que até hoje são “lembrado”

Eu parecia um rei do jeito que eu fui tratado

Eu passei horas contete só havia ali presente

Gente boa do meu lado.

Lá no rancho dos ipê onde fiquei hospedado

É o recanto de beleza é um jardim encantado

Os ipês quando “floresce” tudo ali fica dourado

Parece o céu na terra que por Deus foi preparado

Neste céu o que mais brilha são garrotes e “novilha”

Pelos “campo” esparramado.

A bonita Echaporã fica logo ali pegado

É a terra dos Gonçalves que caiu no meu agrado

O Joãozinho e o Zézinho dois negociante de gado

“seu” Luiz é o pai dos moço um senhor considerado

A família tem talento tem milhões em movimento

Fora os “capital” parado

Para o rancho dos ipê um dia quero “voltá”

Rever muita gente boa a saudade eu “vô matá”

A minha esperança é verde eu não deixo “madurá”

Mais tarde ou mais cedo de novo vou “visitá”

Amigo Gerardo Prado vai meu abraço apertado

Bem antes “deu i” por lá

REI SEM COROA Tião Carreiro e Sebastião Victor

Nos “lugar” que tem “violero” e bons catireiro eu me sinto bem

Gosto de cateretê canto com prazer cururús também

Gosto da moda campeira xote e rancheira como ninguém

“Pra” completar coleção veja o batidão que o pagode tem

“vamo mostrá” para o povo este estilo novo especializado

Cantar com prazer nós “pode” porque o pagode já está afamado

É bonito a gente “vê” dois pinho “gemê” bem arrepicado

Misturado no dueto do nosso peito bem afinado

Não se aprende nas “escola” o tocar da viola e os desembaraço

Veja só quanta beleza é por natureza o cantar dos pássaro

Você diz que é cantador teve professor “mais” tú é um fracasso

Já tenho visto peão com fama de “bão” mais é ruim no laço

Quem canta seus “mal” espanta a tristeza vai e a alegria vem

Não seja assim tão gavola pegue na viola e cante também

Violeiro meia-pataca da sua marca tem mais de cem

Amigo cante direito e note os “defeito” que você tem

No nosso Brasil glorioso tem o famoso rei do café

Com a fama do rei do gado nem é preciso dizer quem é

Nós “semo” rei do pagode quanto na bola o rei é Pelé

Você canta e não entoa rei sem coroa, firme seu pé.

NASCIMENTO DE JESUS Nhô Tide e Sebastião Victor

4004 da era mozaica na terra Judaica que Deus escolheu

No lar de Maria e seu companheiro

José Carpinteiro Velhinho Plebeu

Enquanto em coro os Anjos cantavam

As glórias louvavam ao filho de Deus

No mês de Dezembro no clarear o dia

No lar de Maria o anjo desceu.

Dia de Natal a mando do Céu

O anjo Gabriel contente anuncia

Que vinha ao mundo Jesus querido

Deus tinha escolhido aquela moradia

O casal feliz do joelho no chão,

Com dedicação o anjo dizia

Foi Deus quem mandou eu vim lhes dizer

Jesus vai nascer, nessa estrebaria

E a meia noite o galo cantou

No céu apontou um grande clarão

Os sinos tocando, ao mundo anuncia

A estrela da guia, da imensidão.

Para noticiar aos santos pastores

Que o criador da geração,

Lá em Belém já tinha nascido

O eterno e querido Jesus da salvação.

SAUDADE Tião Carreiro e Zé Matão

Saudade palavra rica que martiriza e fica dentro de um coração

De felicidade morta que a saudade conforta trazida de uma paixão

Saudade tenho de alguém uma saudade que vem de uma distância sem fim

Será que ela também na falta de outro alguém sente saudade de mim

Eu vivo sempre pensando meus olhos vivem chorando não tenho felicidade

Estou morrendo aos poucos o que me deixa mais louco é a maldita saudade

VINGANÇA DO CHICO MINEIRO (Tonico e Tinoco)

Na viola eu pegava pra vê se consolava disso que aconteceu

A viola só gemia, parece que ela dizia chico mineiro morreu

Quando eu via uma boiada levantar poeira na estrada e o grito dos boiadeiros

De tristeza até chorava pra mim me representava grito de chico mineiro

Acabrunhado eu vivia de noite já nem dormia sempre triste a soluçar

Da grande dor que eu sentia por dentro me remoia resolvi me vingar

Peguei o trinta embalado na sinta o punhal fiado e sai com o destino

De encontrar com o valentão que matou o meu irmão no sertão de ouro fino

Topei com esse malvado, um cabra mal encarado na hora desafiei

Ele veio pro meu lado eu com o punhal afiado em seu peito lhe cravei

Deixei o carta estendido, no derradeiro gemido pra Deus eu perdi perdão

Que eu fiz isto por vingança chorando a triste lembrança da morte do meu irmão

CUITELINHO Pena Branca & Chavantinho

G

Cheguei na beira do porto Onde as ondas se espáia

As garça dá meia volta E senta na beira da praia

E o cuitelinho não gosta

Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai

G

Aí quando eu vim de minha terra Despedi da parentaia

Eu entrei no Mato GrossoDei em terras paraguaia

Lá tinha revolução

Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai

G

A tua saudade corta Como aço de navaia

O coração fica aflito Bate uma, a outra faia

Os óio se enche d`água

Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai

PRATO DO DIA (Liu e Leu)

Tom – A

Sobre as margens de uma estrada Uma simples pensão existia

A comida era tipo caseira E o frango caipira era o prato do dia

Proprietário, um homem de respeito E ali trabalhava com sua família

Cozinheira era sua esposa E a garçonete era uma das filhas

Foi chegando naquela pensão Um viajante já fora de hora

E dizendo para a garçonete Me traga um frango vou jantar agora

Eu estou bastante atrasado Terminando eu já vou embora

Ela então respondeu num sorriso Mamãe está de pé, pode crer não demoras

Quando ela foi servir a mesa Delicada e com muito bom jeito

Me desculpe mas trouxe uma franga Talvez não esteja cozida direito

O viajante foi lhe respondendo Pra mim franga crua também eu aceito

Sendo uma igual a você Seja a qualquer hora também não injeito

Foi saindo de cabeça baixa Pra queixar ao seu pai a moçinha

Minha filha mate outra franga Pode temperar mas só não cozinha

Vou levar esta franga na mesa Se bem que comigo conversa é curtinha

É a coisa que mais detesto Ver homem barbado fazendo gracinha

Foi chegando o velho e dizendo Vim servir o pedido que fez

Quando o cara tentou recusar Já se viu na mira de um shimit inglês

O negócio foi limpar o prato Quando o proprietário lhe disse cortez

Nós estamos de portas abertas Pa servir a moda que pede o freguês

CHEGA Peão Carreiro e Zé Paulo

Chega, chega de viver sonhando

Fazendo de conta que você me ama

Chega, chega de fazer de mim

Um bobo feliz com você na cama

***Chega, chega de tantos amassos

Beijos e abraços que não são reais

Chega, chega, nem que eu morra apaixonado

O amor só de um lado eu quero mais

Chega vou parar por aqui

Não vou mais prosseguir Nossa estrada acabou

Chega de enganar meus ouvidos

Aos falsos gemidos de quem nunca me amou***

SACO DE OURO Jad e Jeferson

No saco de estôpa Co imbirra amarrado

Eu tenho guardado A minha paixão

Uma bota velha Chapéu de cor de ouro

Bainha de couro e um velho facão

Tenho um par de esporas, um arreio e um laço

Um punhal de aço e rabo de tatu

Tenho uma guaíaca ainda perfeita

Caprichada e feita só de couro crú

Do lampião quebrado só resta o fio

Pra lembrar o frio eu também guardei

Um pelego branco que perdeu o pêlo

Apesar do sebo com que eu cuidei

Também um cachimbo de cano colongo

Quantos pernilongos com ele espantei

Um estribo esquerdo que eu guardei com jeito

Por teu direito na cerca eu quebrei

A nota fiscal já toda amarela

Da 1ª cela Que eu mesmo comprei

Lá em Soledade na casa da cinta

230 na hora eu paguei

Também o recibo já todo amassado

1º ordenado que eu faturei

E a minha traia num saco amarrado

num canto encostado Que eu sempre guardei

Pra mim representa um belo passado

A lida de gado que eu sempre gostei

Assim enfrentando um trabalho duro

Eu fiz o futuro sem violar a lei

O saco é relíquia com seus apetrechos

Não vendo e não deixo ninguém pôr a mão

Nos trancos e barrancos da vida agüentei o taco

E o ouro do saco é a recordação

O IPÊ E O PRISIONEIRO (IPÊ FLORIDO)

Quando Há Muitos Anos Fui Aprisionado Nesta Cela Fria,

Do Segundo Andar Na Penitenciária, Lá Na Rua Eu Via,

Quando Um Jardineiro Plantava Um Ipê E Ao Correr Dos Dias

Ele Foi Crescendo E Ganhando Vida, Enquanto Eu Sofria.

//: Meu Ipê Florido Junto À Minha Cela

Hoje Tem A Altura De Minha Janela

Só Uma Diferença Há Entre Nós Agora

Aqui Dentro As Noites Não Tem Mais Aurora

Quanta Claridade Tem Você Lá Fora ://

Vejo Em Seu Tronco Cipó Parasita Te Abraçando Forte

Enquanto Te Abraça Suga Sua Seiva Te Levando À Morte

Assim Foi Comigo Ela Me Abraçava Depois Me Traia

Porisso A Matei E Agora Só Tenho Sua Companhia.

PAIXÃO CAIPIRA

Intro: C F G7 C C7 F G7 C

Vou pela estrada da minha saudade

E só por ela eu posso voltar

Pelas paisagens do meu pensamento,

Sou canção ao vento, viola ao luar

O tempo passa mas não modifica,

Meu coração sabe aonde é o meu lugar

Do peito brota essa paixão caipira,

cachoeira vira lágrimas no olhar

Do peito brota essa paixão caipira,

cachoeira vira lágrimas no olhar

Meus tempos de menino, nadar e jogar bola

Primeira namorada, o primeiro beijo na porta da escola

Meu pai me ensinando, o meu primeiro acorde

E uma canção antiga que até guardo na minha memória

E onde estão meus estimados companheiros

Se foram tantos janeiros desde que eu deixei meus pais

Adeus lagoa, poço verde da esperança

Meu tempinho de criança que não volta nunca mais

Meu filho até parece que foi ontem

Vi cada passo que você andou...

Milhões de sonhos brilhando em seus olhos,

Feito pirilampo, nunca se apagou

O tempo passa mas não modifica,

A fé não cansa, então vamos cantar

Do peito brota esta paixão caipira,

Cachoeira vira lágrimas no olhar

Do peito brota esta paixão caipira,

Cachoeira vira lágrimas no olhar

Introdução - Repete de Meu filho.....até lágrimas no olhar

SAUDADES DA MINHA TERRA

C G7

De que me adianta, viver na cidade, se a felicidade não me acompanhar

Adeus paulistinha, do meu coração, lá pro meu sertão eu quero voltar

Ver na madrugada, quando a passarada, fazendo alvorada, começa a cantar

Com satisfação, arreio o burrão, cortando o estradão, saio a galopar

E vou escutando, o gado berrando, o sabiá cantando no jequitibá

Por Nossa Senhora, meu sertão querido, vivo arrependido por ter te deixado

Esta nova vida, aqui na cidade, de tanta saudade eu tenho chorado

Aqui tem alguém, diz que me quer bem, mas não me convém, eu tenho pensado

Eu fico com pena, mas esta morena, não sabe o sistema em que fui criado

Tô aqui cantando, de longe escutando, alguém está chorando com o rádio ligado

Que saudade imensa, do campo e do mato, do manso regato que corta as campinas

Aos domingos ia, passear de canoa, na linda lagoa de águas cristalinas

Que doce lembrança, daquelas festanças, onde tinha danças e lindas meninas

Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, o mundo judia mas também ensina

Estou contrariado, mas não derrotado, eu sou bem guiado pelas mãos divinas

Pra minha mãezinha, já telegrafei, que já me cansei de tanto sofrer

Nesta madrugada estarei de partida, pra terra querida que me viu nascer

Já ouço sonhando, o galo cantando, o inhambu piando no escurecer

A lua prateada, clareando as estradas, a relva molhada desde o anoitecer

Eu preciso ir, pra ver tudo alí, foi lá que nascí, lá quero morrer

AVENIDA BOIADEIRA José Fortuna

“ O poeta é eterno, essa homenagem é para o nosso amigo José Fortuna”

Como em quase todas as cidades

Há uma avenida onde passa o gado

Em minha terra também existia

Uma avenida sobre o meu passado

E foram tantas tardes de sol claro

Tantas e tantas nuvens de poeira

Que essa avenida hoje traz meu nome

Depois de ser estrada boiadeira

:/Velha avenida onde deixei

Rastros da infância que virou saudades

E hoje existe em cada esquina

Meu nome escrito para a eternidade:/

Foi a boiada longa do meu tempo

A passo lento em silêncio andando

Meu coração velho boiadeiro

Sabe que chega mas não sabe quando

Talvez quando as paineiras tenham

Aberto as suas flores perfumadas

Igual a um dia a paineira velha

Suas folhas serviram prá descansar a boiada.

:/ refrão:/

Se a dor se escreve em lápide de pedra

Hoje encontrei em placas reluzentes

Meu nome escrito brilhar porque

Essa homenagem recebi contente

Foram quarenta anos de trabalho

Que felizmente são reconhecidos

Quando os meus versos para o céu rumarem

Em minha terra alguém os tenha lido.

CABELO LOIRO Tião Carreiro

Cabelo loiro vai lá em casa passear

Vai, Vai cabelo loiro Vai acabar de me matar

Quem diz que bala mata

Bala não mata ninguém

A bala que mais mata

É o desprezo do meu bem

Cabelo loiro vai lá em casa passear

Vai, Vai cabelo loiro Vai acabar de me matar

Casa de pobre é ranchinho

Casa de rico é de telha

Se Ter amor fosse crime

Minha casa era cadeia

Cabelo loiro vai lá em casa passear

Vai, Vai cabelo loiro Vai acabar de me matar

Passarinho perde as penas

O peixe perde a escama

Eu já tô perdendo tempo

De amar quem não me ama.

NOSSO ROMANCE TIÃO CARREIRO E PARDINHO

(e) B7 E

chora viola apaixonada

que o seu dono tem paixão e também chora REFRÃO BIS

quanta gente por amor está sofrendo

igual a eu suspirando toda hora

pra onde foi a mulher que mais eu amo

pode estar perto também pode estar distante

meu deus do céu não existe dor maior

do que a distância que separa dois amantes

onde andara a paixão da minha vida

será que canta ou será que está chorando

se nesta hora ela estiver me ouvindo

perdão querida se lhe maltrato cantando (voltar para o refrão)

tenho certeza que ela nunca esquece

nunca esquece daquelas horas tão belas

o nosso mundo pequenino foi tão lindo

quatro paredes uma porta e uma janela

fomos felizes num pedacinho de mundo

só o silêncio estava de setinela

aquele beijo que durou quinze minutos

depois meu braço foi o travisseiro dela (voltar ao refrão)

DEVER DE UM MÉDICO (Tião Carreiro e Pardinho)

Tom – B

F#7 B F#7 B

Minha casa é de caboclo, mas mora a felicidade

Encontrei a preferida, rainha da minha vida

Com ela sou tão feliz, assim o destino quis

No jardim do nosso amor, nasceu um linda flor

Com cinco anos somente, menina ficou doente

Sofrendo uma grande dor.

Em altas horas da noite, mandei chamar o doutor

F#7 B F#7 B

Eu mandei meu camarada, lá em sua residência

De volta o rapaz dizia, que atender-me não podia

Eu fiquei desesperado, mandei de volta o empregado

Virou nos pés o cavalo, dava trovões e estalos

Mas trouxe o doutor consigo, livrando a do perigo

Convidei para pernoitar

Me falou que tinha pressa, necessitava voltar

F#7 B F#7 B

Vendo minha filha salva, fui com ele a sua casa

E tanta gente só vendo, dia estava amanhecendo

Eu disse a ele contente senhor tem muitos clientes

Não é verdade doutor, vi nele profunda dor

Suas lagrimas brotou, sem resposta me deixou

Fiquei suspenso no ar

Pois as mãos nas minhas costas, me convidou pra chegar

F#7 B F#7 B

Quando entrei em sua casa, que passei a compreender

Triste surpresa eu tive, quando vi não me contive

Em quanto o doutor sofria, tinha perdido uma filha

Quantos pêsames lhe dei, franqueza também chorei

O doutor me agradeceu, e depois me respondeu

O que que vamos fazer

Eu fui salvar sua filha, para comprir meu dever

FURACÃO (Tião Carreiro e Pardinho)

B7 E E7

Já cansei de ser tapete, já cansei de ser capacho

Cansei de andar apanhando, já cansei de andar por baixo

Cansei de ser bananeira, que morre pra dar o cacho

Cansei de ser passarinho vou virar, gavião penacho

B7 E E7

Nasci no grito do escravo, no estalo do chicote

Já cansei de ser madeira e agora virei serrote

Cansei de ser boi de carro, leva canga no cangote

Agora já virei cobra e não vou, errar o bote

B7 E E7

O osso que eu roía já virou filé minhão

Já fui tropa de rodeio agora virei peão

Fui boiada muito tempo agora virei ferrão

Já cansei de ser carneiro agora, virei leão

B7 E E7

Carneiro vive cem anos todo mundo tendo dó

Eu prefiro ser leão e viver um ano só

Quero ser um galo índio que briga e rola no pó

Galo índio briga e manda pra panela, o carijó

B7 E E7

Meu cavalo é um pé de vento quando corre é um furacão

Meu arreio cutiano fiz do couro de um dragão

O cabresto e o par de rédeas são três cobras do sertão

Meu chicote é um cascavel e o veneno, está na mão

GOLPE DE MESTRE (Tião Carreiro e Pardinho)

B7 E

Zezinho não tinha nem pai e nem mãe, rolando pro mundo vivia judiado

Mariazinha menina rica, e o pobre zezinho era seu empregado

Mas o destino preparou pros dois, porque um do outro ficou enamorado

Maria dizia Zezinho eu te amo, serei sempre tua meu anjo adorado

Aos pés de Maria dizia o Zezinho , sou muito pouquinho pra ser seu amado

B7 E

O pai de Maria um sujeito malvado, cismou de dar fim no amor das crianças

Pegou um chicote de tala bem larga, falou pro Zezinho no couro tú dança

A minha filha é menina rica, está nas alturas você não alcança

Moleque atrevido, cachorro sem dono, pegue seus trapos e faça mudança

Zezinho recebe um golpe profundo, e foge pro mundo cheio de esperança

B7 E

Antes da partida Zezinho escondido, procurou Maria e falou deste jeito

Existe um bom Deus que está nas alturas, ele é bom demais faz tudo direito

Sou um caboclinho de sangue nas veias, enfrento lança e quebro no peito

Querida Maria você vai ser minha, de agora em diante meu plane está feito

Se um dia obrigarem você se casar, no altar estarei pra ser tudo desfeito

B7 E

Passaram 10 anos correram depressa, Maria solteira, Zezinho solteiro

O pai de Maria um sujeito ambicioso, arrumou pra filha por ser interesseiro

Um velho careca feio e barrigudo, mas dono do mundo com muito dinheiro

Pobre Maria detestava o velho, queria o Zezinho seu amor primeiro

Mas o casamento já estava marcado, pra ser realizado no mês de janeiro

B7 E

Chegou o grande dia do casamento, Maria de branco estava divina

Bastante capangas e guardas armados cercavam a igreja aguardava a menina

Zezinho amoitado esperava no altar, fugiu com Maria e sumiu na sortina

O Zezinho deu um golpe de mestre, somente eu contando ninguém imagina

Lá na igreja ninguém desconfiava, que o Zezinho estava dentro da batina

LEITO DE HOSPITAL (Tião Carreiro e Pardinho)

D E7 A

Eu vivo num quarto triste num leito frio de um hospital

Pra mim só a dor existe é muito sério este meu mal

Estou condenado a morte eu já não posso me levantar

Eu sou um pobre doente que breve o mundo irá deixar

A D E7 A

Tem gente que tem saúde tem braços fortes pra trabalhar

Porém vive reclamando falando que Deus não quer lhe ajudar

Queria eu ter pernas firmes se andar na vida eu pudesse

Queria onde existe a fome enxugar as lágrimas de quem padece

A D E7 A

Tem dia que eu não suporto a dor que sinto neste corpo meu

Mesmo assim elevo o pensamento com humildade agradeço a Deus

Por ter me dado esses olhos para enxergar a realidade

Uma mente pura e positiva para intender a luz da verdade

A D E7 A

No quarto onde me encontro mandei colocar na parede uma cruz

E nela de braços aberto existe um homem chamado Jesus

A dor que este homem sentiu ao morrer com as mãos pregadas

Meu sofrimento comparado ao dele para mim não representa nada

Obrigado senhor obrigado mesmo eu estando enfermo assim

Só te peço para reservar perto de você um lugar para mim

POEIRA DA ESTRADA

Levantei a tampa, voltei ao passado

Meu mundo guardado dentro de um baú

Encontrei no fundo todo empoeirado

O meu velho laço bom de couro cru

Vivi no arreio do meu alazão

Berrante na mão no meio da boiada

Abracei meu laço, velho companheiro

Sentindo o cheiro da poeira da estrada.

/: Estrada que era vermelha de terra

Que o progresso trouxe e o asfalto encobriu

Estrada que hoje chama rodovia

Estrada onde um dia meu sonho seguiu

Estrada que antes era boiadeira

Estrada de poeira, de sol, chuva e friu

Estrada ainda resta um pequeno pedaço

Da poeira do laço que ainda não saiu :/

Poeira da estrada só resta a saudade

Poeira na cidade é a poluição

Não se vê vaqueiro tocando boiada

Trocaram o cavalo pelo caminhão.

E quando me bate saudades do campo

Pego a viola e canto a minha solidão

Não me resta muito aqui na cidade

E quando a tristeza pega de verdade

Eu mato a saudade nas festas de peão.

CRIMINOSO

O tar de Querino Basto, foi pior que lampião

Matava por passa tempo, na mais cruel judiação

Quantas moça que mrrero nas garra do valentão

Quanto sangue derramado, quanto luto no sertão.

No seu cavalo assassino, por nome de satanai

Querino Basto chegou, lá na vendinha do Brai

Provocando a rapaziada, custume que sempre faiz,

Tô aqui porque cheguei, sem beber ninguém não sai.

Tinha um menino na venda, foi saindo ali do meio,

Pinga a força eu não bebo, falô memo sem receio

Querino deu uma risada, vai bebê menino feio

Home de barba na cara tenho cortado de reio.

Barba na cara eu num tenho, o meu fato eu determino

Eu não tenho pai nem mãe, nem sei quar é o meu destino

Mais eu tenho educação, apesar de ser menino,

Venha de reio cortado, se tu foe home Querino.

Pela guascada do reio, uma bala ele encontrou,

Querino puxou o revolver, mas sua força acabou

Querino deu quatro vorta, caiu no chão e falou:

Me perdoe rapaziada, que o menino me matou.

TRISTEZA DO JECA

E

Nestes versos tão singelos

Minha bela, meu amor

Prá você quero contar

O meu sofrer e a minha dor

Eu sou como o sabiá

Quando canta é só tristeza

Desde o galho onde está

B7 E

Nesta viola eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

Eu nasci naquela serra

Num ranchinho a beira chão

Tudo cheio de buraco

Onde a lua faz clarão

Quando chega a madrugada

Lá no mato a passarada

Principia o barulhão

B7 E

Nesta viola, eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

E

Vou guardar minha viola

Já não posso mais cantar

Pois o Jeca quando canta

Dá vontade de chorar

O choro que vai caindo

Devagar vai se sumindo

Como as àguas vão pro mar

B7 E

Nesta viola, eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

CHICO MULATO

Na vorta daquela estrada, Bem em frente duma incruziada

Tudo ano a gente via, Lá no meio do terreiro,

a imagem do padroeiro São João da freguesia.

Do lado tinha fogueira E derredor a noite inteira

Tinha caboclo e violeiro E uma tar de terezinha,

Cabocra bem bunitinha Dançava nesse terreiro.

Era noite de São João Dava tudo no serão

Dava Romão cantador Quando foi de madrugada

Saiu com Tereza prá estrada Tarvez cumfessá seu amor.

Chico Mulato era festeiro Caboclo bom, violeiro

Sentiu frio seu coração Tirou da cinta um punhar

E foi os dois encontar Era o rivar, seu irmão.

Hoje na vorta da estrada Em frente daquela encruzilhada

Ficou tão triste o sertão Por Causa de Terezinha

Essa tar de cabocrinha Nunca mais teve São João.

Tapera de beira de estrada, que vive assim descuberta

Por dentro não tem mais nada por isso ficou deserta

Morava Chico Mulato, o maior dos cantador

Mas quando Chico foi embora na vila ninguém mais sambou

Morava Chico Mulato, o maior dos cantador.

A causa desta tristeza sabida em todo lugar

Foi a cabocla Tereza com outro ela foi morar

E o Chico acabrunhado largou então de cantar

Emagrecendo o coitado foi indo até se acabar

Chorando tanta saudade de quem não quis mais voltar.

E todo mundo chorava a morte do cantador

Não tem batuque e nem samba sertão inteiro chorou

E todo mundo chorava a morte do cantador.

MEU VELHO PAI Leo Canhoto e Robertinho

Meu velho pai, preste atenção no que lhe digo

Meu pobre papai querido enxugue as lágrimas do rosto

Porque papai que você chora tão sozinho

Não vou lhe deixar sozinho o que lhe causa desgosto

Estou notando que você está cansado

Meu pobre velho adorado é seu filho que está falando

Quero saber qual é a tristeza que existe

Não quero ver você triste porque é que está chorando.

Quando lhe vejo tão tristonho deste jeito

Sinto estremecer meu peito ao pulsar meu coração

Meu pobre pai você sofreu prá me criar

Agora eu vou lhe cuidar esta é a minha obrigação

Não tenhas medo meu velhinho adorado

Estarei sempre ao seu lado não lhe deixarei jamais

Eu sou o sangue do seu sangue papaizinho

Não vou lhe deixar sozinho não tenha medo meu pai.

Você sofreu quando eu era ainda criança

A sua grande esperança era me ver homem formado

Eu fiquei grande estou seguindo o meu caminho

E você ficou velhinho mas estou sempre ao seu lado

Meu pobre pai seus passos longos silenciaram

Seus cabelos branquearam seu olhar se escureceu

A sua voz quase que não se houve mais

Não tenha medo meu pai quem cuida de você sou eu

Meu papaizinho não precisa mais chorar

Saiba que não vou deixar você sozinho abandonado

Eu sou seu guia, sou seu tempo sou seus passos

Sou sua luz e sou seus braços, sou seu filho idolatrado.

CRISES DE CIÚME Peão Carreiro e Zé Paulo

A gente fazia um casal feliz

Até que um dia as coisas mudaram

Seu comportamento mudou bruscamente

Línguas perigosas lhe envenenaram

Crises de ciúmes guerras de palavras

Não posso entender me parece incrível

Que uma convivência de fazer inveja

Em pouco tempo tornou-se impossível

As nossas intrigas igual cão e gato

Você agredindo eu me defendendo

Se lhe dou carinho não me corresponde

Que a vida é essa que estamos vivendo

Se chego mais tarde você faz perguntas

Num tom agressivo cheio de ciúme

Com desconfiança cheira minha roupa

Diz que está sentindo um outro perfume

Es estamos na cama virás par o canto

Igual a uma pedra sem nada sentir

Acendo um cigarro pensando na vida

Tão perto do amor e sem amor por mim .

As nossas intrigas igual cão e gato

Você agredindo eu me defendendo

Se lhe dou carinho não me corresponde

Que a vida é essa que estamos vivendo

PAIXÃO PROIBIDA Teodoro e Sampaio

Querida nós nos enganamos com nossos sentimentos

Nem eu nem você conseguiu cumprir o juramento

Num gesto apressado você com alguém se casou

Eu pra vingar também fiz um falso casamento

Agora amar em segredo é uma traição

Não deixe seu homem saber da nossa paixão

E quando ele for te abraçar na hora do amor

Finja que está feliz não deixa ele perceber

Que ao invés de prazer você sente pavor

E quando no rádio tocar nossa canção

“Você foi o caso mais antigo

O amor mais amigo que me aconteceu”

Se ele tiver por perto e você sentir medo

Esconda no quarto e chore seu pranto sentido

Depois disfarçando abrace o seu marido

Não deixe que os olhos contém o seu segredo

Amor a vida é desse jeito teremos que ocultar no peito

A nossa paixão proibida

Amor estamos condenados a amar escondidos o resto da vida

E quando no rádio tocar nossa canção

“Você foi o nosso caso mais antigo

O amor mais amigo que me aconteceu”

VESTIDO DE SEDA Teodoro e Sampaio

Meu bem eu queria que você voltasse ao menos pra buscar

Alguns objetos que na despedida você não levou

O batom usado caido no canto da penteadeira

Um vestido velho cheio de poeira

jogado no quarto com marcas de amor

Vestido de seda o seu manequim também me deixou

Ai no cantinho não tem mais valor

Se não tem aquela que tanto te usou

Eu também não passo de um trapo humano sem minha querida

Usado e jogado no canto da vida

não sei o que faço sem meu grande amor

Eu já nem acendo a luz do meu quarto quanto eu vou deitar

Porque no escuro não vejo no espelho meu olhos chorando

Não vou na cozinha par não ver dois copos vazios na mesa

Fazendo lembrar com tanta tristeza a última noite que nós nos amamos

Vestido de seda o seu manequim também me deixou

Ai no cantinho não tem mais valor

Se não tem aquela que tanto te usou

Eu também não passo de um trapo humano sem minha querida

Usado e jogado no canto da vida não sei o que faço sem meu grande amor

CASACO VERDE Teodoro e Sampaio

Nas roupas de cama do nosso aposento

Ainda existe um pouco de acalento

Pois sinto ainda o perfume seu

E no calendário marcado com x

O dia e o mês que muito me diz

Pois marca a hora do seu triste adeus

E no guarda-roupa se abro meu peito

O casaco verde que ela deixou

Soberbo parece conversar comigo

Querendo provar que é meu amigo

Pois somente ele não me abandonou

(casaco verde, verde esperança

fiel companheiro da minha agonia

você é apenas, pedaços de pano

porém a saudade, cruel desengano

pois me lembra o corpo que você cobria.)

Nas noites quentes ou noites frias

Para mim é sempre, noites de agonia

Como um sonâmbulo passo acordado

Já virou rotina, não é mais surpresa

Os vizinhos verem as luzes acesas

Pois sabem que estou quase alucinado

E nas madrugadas já é meu costume

Ir ao guarda-roupa, perto da janela

E voltar prá cama, beijando o casaco

Para adormecer com ele nos braços

Sonhando estar dormindo com ela

PORTA FECHADA Teodoro e Sampaio

Eu sei que a porta está fechada E a campainha não funciona

É feio se eu sair de carro E hoje voltei de carona

Eu sei que eu até deveria Entrar de joelhos no chão

Palavras não resolvem nada Seria humilde chegada

De alguém que implora perdão

Começo notando aqui fora A falta que eu fiz nesta casa

A própria consciência me acusa Meu rosto queima como brasa

É triste ouvir aqui fora Lá dentro meu filho chorar

Talvez na ausência do pai A mãe já não sabe o que faz

E foram dormir sem jantar

A nossa casinha tão bela Hoje é uma tapera tão triste

Parece trincheira de guerra Onde uma família resiste

Eu sei que ao bater na porta Meu bem vai pedir quem é

Não sei se a voz vai sair Porém quando a porta se abrir

Eu vou me atirar ao seus pés

CRISES DE CIÚME Peão Carreiro e Zé Paulo

A gente fazia um casal feliz

Até que um dia as coisas mudaram

Seu comportamento mudou bruscamente

Línguas perigosas lhe envenenaram

Crises de ciúmes guerras de palavras

Não posso entender me parece incrível

Que uma convivência de fazer inveja

Em pouco tempo tornou-se impossível

As nossas intrigas igual cão e gato

Você agredindo eu me defendendo

Se lhe dou carinho não me corresponde

Que a vida é essa que estamos vivendo

Se chego mais tarde você faz perguntas

Num tom agressivo cheio de ciúme

Com desconfiança cheira minha roupa

Diz que está sentindo um outro perfume

Es estamos na cama virás par o canto

Igual a uma pedra sem nada sentir

Acendo um cigarro pensando na vida

Tão perto do amor e sem amor por mim .

As nossas intrigas igual cão e gato

Você agredindo eu me defendendo

Se lhe dou carinho não me corresponde

Que a vida é essa que estamos vivendo

POMBINHA BRANCA Milionário e José Rico

Ritmo: Valsa

C

Seu pudesse voar igual uma pombinha

eu voaria em busca do meu bem

eu pediria as nuvens eu pediria aos anjos

que me ajudassem a encontrar o meu grande amor.

G C

Voa pombinha branca, voa

diz ao meu bem para voltar

diz que eu estou triste chorando

prá nunca mais me abandonar.

C

Fomos felizes juntos sem separamos

Foi testemunha e céu o sol e o mar

Hoje só restam lembranças

porque tú vives distante

ecos de um dim dom, os sinos do amor.

SE EU NÃO PUDER TE ESQUECER

C

Se eu não puder te esquecer

Mando dizer numa flor

Mando uma estrela avisar

Que o velho amor acordou

C

Se não puder me esquecer

Basta dizer por aí

Quando você sussurrar

Meu coração vai ouvir

F G7 C |

Esquecer, difícil demais |

Ninguém é capaz

Se amou um pouquinho |

Esquecer, você nem pensar |

E quando eu tentar |

Que eu morra sozinho |

ESTRADA DA VIDA ( José Rico )

C

Nesta longa estrada da vida,

vou correndo não posso parar.

Na esperança de ser campeão,

alcançando o primeiro lugar.

Na esperança de ser campeão

Alcançando o primeiro lugar.

G

Mas o tempo secou minha estrada

e o cansaço me dominou,

minhas vistas se escureceram

e o final da corrida chegou.

Este é o exemplo da vida,

para quem não quer compreender:

Nós devemos ser o que somos,

ter aquilo que bem merecer.

Nós devemos ser o que somos

Ter aquilo que bem merecer.

BONECA COBIÇADA

Tom: G

G

Quando eu te conheci, do amor desiludida,

Fiz tudo e consegui, dar vida a tua vida

Dois meses de aventura, o nosso amor viveu

Dois meses de ternura, beijei os lábios teus

G

Porém eu já sabia, que perto estava o fim

Pois tu não conseguias, viver só para mim

Eu poderei morrer, mas os meus versos não

Minha voz hás de ouvir, ferindo o coração

|G D

|Boneca cobiçada

|Das noites de sereno

|Teu corpo não tem dono

|Teus lábios tem veneno

| C D

|Se queres que eu sofra

|É grande o teu engano

|Pois olha nos meus olhos

|Vê que não estou chorando

AINDA ONTEM CHOREI DE SAUDADE

Am Dm

Você me pede na carta que eu desapareça

Que eu nunca mais te procure, prá sempre te esqueça

Posso fazer sua vontade, atender seu pedido

Mas te esquecer é bobagem, é tempo perdido

C G7 |

Ainda ontem chorei de saudade |

Relendo a carta, sentindo o perfume |

Mas que fazer com essa dor que me invade |

Mato esse amor ou me mata, o ciúme |

C Am Dm

O dia inteiro te odeio te busco e te caço

Mas em meu sonho de noite eu te beijo e te abraço

Porque os sonho são meus ninguém rouba e nem tira

Melhor sonhar na verdade, que amar na mentira

Milionário & José Rico

NO COLO DA NOITE

Tom: G

G C D G

Cansado de tanto esperar a felicidade

Saí a sua procura no mundo sem fim

Tão depressa então me deparei com a realidade

Vi que ela existe para todos menos para mim

G C D G

Os amores que tive na vida, todos me deixaram

Juramentos e mais juramentos fizeram em vão

Somente as tristes lembranças comigo ficaram

E dos beijos fingidos agora, só recordação

D G

Caminhos e rumos incertos sozinho eu sigo

Não tenho esperança de nada pra levar comigo

O dia é meu companheiro clareia o caminho

No colo da noite adormeço chorando sozinho

BOATE AZUL

Dm C

Doente de amor procurei remédio na vida noturna.

Como a flor da noite em uma boate aqui na zona sul.

Gm Dm

A dor do amor é com outro amor que a gente cura.

A7 Dm D7

Vim curar a dor deste mal de amor na boate azul.

Gm Dm

E quando a noite vai se agonizando no clarão da aurora.

A Dm D7

Os integrantes da vida noturna se foram dormir.

Gm Dm

E a dama da noite que estava comigo também foi embora.

Gm A7 D

Fecharam-se as portas sozinho de novo tive que sair.

A G D

Sair de que jeito, se nem sei o rumo para onde vou.

Muito vagamente me lembro que estou. Em uma boate aqui na zona sul

Eu bebi demais e não consigo me lembrar se quer.

Qual é o nome daquela mulher, a flor da noite da boate

NOSSOS DEVANEIOS Tom: A Intro: E

A E

Esse amor bonito queimando em meu peito

Mostra meu direito de poder te amar

Sinto me tomado por seus devaneios

De mistérios cheios pra eu desvendar

Tua formosura tanto me fascina

Que me alucina entre os teus ais

Vejo me envolvido nesses teus anseios

Atingindo em cheio os meus ideais

Neste universo de sonho e magia que vivemos nós

E

Sinto o teu corpo ouço a tua voz

Dizendo baixinho meu amor é teu

E na claridade destes olhos lindos foi que me tornei

Teu dono amante santo e teu rei

Ninguém neste mundo é mais feliz que eu

MUNDO VELHO

Deus fez o mundo tão lindo só belezas que rodeia

Colocando lá no espaço lua nova e lua cheia

Fez o sol e a luz divina que o mundo inteiro clareia

No céu estrelas paradas a lua e o sol passeia

Deus fez o mar azulado é o castelo da sereia

Fez peixe grande e pequeno e também fez a baleia

Fez a terra onde formei meu cafezal de ameia

Baixadão cheio de água onde meu arroz cacheia

Deus fez cachoeiras lindas lá na serra serpenteia

Fez papagaio que fala passarada que gorjeia

Angara canta de bando a natureza ponteia

Pros catireiros de penas que no galho sapateia

Mundo velho mudou tanto que já está entrando areia

Grande pisa nos pequenos coitadinho desnorteia

Quem trabalha não tem nada enriquece quem tapeia

Pobre não ganha demanda rico não vai pra cadeia

Na moral do velho mundo quem não presta pisoteia

Os mandamentos de Deus tem gente que até odeia

Igrejas estão vazias antigamente eram cheias

O que é ruim está aumentando e o que é bom ninguém semeia

O meu Deus venha na terra porque a coisa aqui está feia

Mas que venha prevenido traga chicote e correia

Tem até mulher pelada no lugar da Santa Ceia

Só Deus pode dar um fim no que o diabo desnorteia

VIM DIZER ADEUS Tom: E Intro: E, B7, E, A, E

E B7

Eu vim dizer adeus amor

E

Sei que me dói demais o adeus

B7

Mas levarei por onde for

A

As marcas deste amor

E

Amor que não morreu

B7

Amor que vive em mim

E

Amor que não é meu

A E

Eu não tenho mais o teu calor

B7

Teus longos beijos de amor

E

Pra outro eu perdi

A E

Não , não adianta esperar

B7

Se já tem outro em meu lugar

E

Nada mais me prende aqui

FILHINHO DE PAPAI (Tião Carreiro e Pardinho)

Tom - E Cururu

B7 E

Gasta mocidade gasta dinheiro que não é seu

Prá ganhar esse dinheiro o seu pai foi quem gemeu

Trabalhando dia e noite da própria vida esqueceu

A luta não foi brinquedo mais o velho não correu

Pro filho comer a carne o seu pai osso roeu

O que o pai ganhou lutando brincando o filho perdeu

B7 E

O conforto do moçinho foi o pai quem conquistou

Carmanguia cor de vinho foi o velho que pagou

O filho está esbanjando dinheiro que o pai ganhou

O dinheiro é de quem gasta e não é de quem ganhou

O prato é pra quem come e não de quem preparou

Pro filho ter vida mansa o seu pai não descançou

B7 E

Tem anel de formatura no dedo de algum doutor

Com a marca registrada de um pai trabalhador

Cada pedra desse anel é uma gota de suor

Existe filho ingrato que pro pai não dá valor

Deixa o velho esquecido com cansaço e muita dor

Tem filhinho de papai que nos pais não tem amor

B7 E

Quando o pai vai dar conselho escuta o filho dizer

O senhor me pois no mundo eu não pedi para nascer

Só quero gozar a vida não vim no mundo sofrer

Quando o filho num palácio joga o pai num quarto fora

Tem filho sem coração só esperando a hora

De arrumar um asilo prá mandar o velho embora

CANDEEIRO DA FAZENDA (Tião Carreiro e Paraiso)

Tom - A

E7 A

Chibante valente, bordado e coração

Marmelo marcante carreiro Pai João

Na frente o candeeiro seguindo de pé no chão

Ele era apaixonado pela filha do patrão

Ai meu Deus o menino era eu

Ai meu Deus o menino era eu

A paixão virou ferrão como fere o peito meu

E7 A

A menina se formou, tem um diploma na mão

Eu na escola do mundo não aprende a lição

Hoje ela está casada está morando na cidade

Está nos braços de outro eu nos braços da saudade

Ai meu Deus o menino era eu

Ai meu Deus o menino era eu

A paixão virou ferrão como fere o peito meu

E7 A

Pai João já foi para o céu, sua boiada morreu

O velho carro de boi nem sei o que aconteceu

Eu não bati na boiada mas o mundo me bateu

A saudade virou ferrão e o boi de carro sou eu

E7 A

Ai meu Deus o menino era eu

Ai meu Deus o menino era eu

A paixão virou ferrão como fere o peito meu

EU, A VIOLA E ELA (Tião Carreiro e Praiano)

Tom - A

E7 A

Por causa de você viola, quem diz que me adora quer me abandonar

Por ciúme vive a me dizer pra eu escolher com quem vou ficar

Gosto dela e vou sofrer muito, mas este absurdo jamais eu aceito

E prefiro chorar o adeus de quem me conheceu com a viola no peito

E7 A

Viola eu me lembro ainda ela estava tão linda naquela janela

E você com seu ponteado tão apaixonado foi quem me deu ela

Por isso não vou abrir mão deste meu coração que ela quer lhe roubar

Mas se ela for mesmo embora é com você viola que eu vou ficar

E7 A

Viola estou muito triste mas a dor que existe você me consola

Em seu braço eu faço queixume do amor que o ciúme vai levar embora

E prevejo a qualquer momento este amor ciumento nos deixar para sempre

Mas que deus lá do céu lhe acompanhe e deixe que eu ame a viola somente

FINAL DOS TEMPOS (Tião CArreiro e Paraiso)

Tom - D Pagode

A7

Já está na beira do abismo nosso mundo sem escora

Já foi tudo pro vinagre não tem sinal de melhora

A sogra foge com o genro e o sogro foge com a nora

Velório já virou festa no enterro ninguém chora

A7

O que é ruim está aumentando e o que é bom de mundo some

Honestidade e trabalho não trás vitória pro homem

Se ficar o bicho pega se correr o bicho come

O escravo do trabalho ganha o salário da fome

A7

O homem vive explorando a lua, a terra e o mar

Quantas crianças na rua sem escola e sem um lar

Gastaram tanto dinheiro fazendo armas de guerra

Daria pra fazer casa para todo os pobres da terra

A7

Falência e concordata filhas da maracutaia

Duas bruxas sem vassoura estão levantando a saia

Velho chicote arrebenta no lombo do nosso povo

Descamisados ganhando no natal chicote novo

A7

Quanta miséria na terra fortuna explode no espaço

É este o final dos tempos o mundo virou um bagaço

Nosso pai que está no céu deu a vida pelo povo

Se voltar aqui na terra vai morrer na cruz de novo

PAÍS MARAVILHA (Tião Carreiro e Praiano)

Tom - E Pagode

B7

O Brasil que tanto amo não existe outro igual

Aqui a chuva do bem apagou o pó do mal

Na rua não tem mendigo, trombadinha e marginal

E ninguém teve dinheiro preso no banco central

No quartel o soldado come na mesa com o general

B7

Não tem viciado em droga, traficante e assassino

Não existe contrabando, nem garimpo clandestino

Não existe lar desfeito, ninguém vive em desatino

Não existe falcidade nem baixo nível de ensino

Filho de pobre é criado, igual filho de granfino

B7

Não existe desemprego, nem greve nem inflação

Nunca existiu seqüestro, suborno e corrupção

Não tem jogo de azar, não tem pobre na prisão

Cada lavrador é dono do seu pedaço de chão

E jamais teve renuncia de um chefe de nação

B7

É uma fonte de saúde o ar que a gente respira

O Brasil não deve nada o mundo inteiro admira

Quem tem o poder nas mãos muito faz e nada tira

Tudo que o governo faz o povo aplaude e delira

Só depois que acordei, vi que tudo era mentira

A MAJESTADE "O PAGODE"

Com meu primeiro pagode uma bomba que explodiu

Foi o pagode em Brasília que até hoje não caiu

Nasceu no som da viola está no som do pandeiro

Lá na casa do ibope fala o pagode primeiro

Nasceu em Três Corações aquele que é o rei da bola

Rei do pagode nasceu no braço desta viola

Meu pagode é um rochedo é pedreira que não rola

Quem diz que o pagode cai tá doente da cachola

Querendo tirar a pinta que tem na pena da angola

O pagode verdadeiro tem que ter som de viola

Nasceu em Três Corações aquele que é o rei da bola

Rei do pagode nasceu no braço desta viola

Meu pagode está tinindo no salão e no terreiro

Tá na boca do caboclo tá no pé do batuqueiro

Eu já to desconfiado que até Deus é pagodeiro

Carnaval é quatro dias meu pagode é o ano inteiro

Nasceu em Três Corações aquele que é o rei da bola

Rei do pagode nasceu no braço desta viola

A Meu Deus um Canto Novo(Elomar)

Bem de longe na grande viagem

Sobrecarregado paro a descansar,

emergi de paragens ciganas

pelas mãos de Elmana, santas como a luz

e em silêncio contemplo, então

mais nada a revelar

fadigado e farto de clamar às pedras

de ensinar justiça ao mundo pecador

oh lua nova quem me dera

eu me encontrar com ela

no pispei de tudo

na quadra perdida

na manhã da estrada

e começar tudo de nôvo

topei in certa altura da jornada

com um qui nem tinha pernas para andar

comoveu-me em grande compaixão

voltano o olhar para os céus

recomendou-me ao Deus

Senhor de todos nós rogando

nada me faltar

resfriando o amor a fé e a caridade

vejo o semelhante entrar em confusão

oh lua nova quem me dera

eu me encontrar com ela

no pispei de tudo

na quadra perdida

na manhã da estrada

e começar tudo de nôvo

bôas novas de plena alegria

passaram dois dias da ressurreição

refulgida uma beleza estranha

que emergiu da entranha

das plagas azuis

num esplendor de glória

avistaram u'a grande luz

fadigado e farto de clamar às pedras

de propor justiça ao mundo pecador

vô prossiguino istrada a fora

rumo à istrêla canora

e ao Senhor das Searas a Jesus eu lôvo

levam os quatro ventos

ao meu Deus um canto nôvo

A VIOLA E O VIOLEIRO

Tem gente que não gosta da classe de violeiro

No braço desta viola defendo meus companheiro

Prá destruir nossa classe tem que matar primeiro

Mesmo assim depois de morto ainda eu atrapaio

Morre um homem, fica a fama, e minha fama dá trabaio

Todos que nasce no mundo tem seu destino traçado

Uns nasce prá ser engenheiro, outros prá ser advogado

Eu nasci prá ser violeiro, me sinto bastante honrado

De tanto pontear viola meus dedo estão calejado

Sou um violeiro que canta para vinte e dois estado

Viva o povo mineiro, cantador de recortado

Também viva os gaúcho que no xote é respeitado

Viva os violeiro do Norte que só canta improvisado

Goiano e Paranaense cantam tudo bem cantado

Viva o chão de Mato Grosso que é o berço do rasqueado

Representando São Paulo este pagode é o recado

As música dos estrangeiro quer invadir nosso mercado

Vamos fazer uma guerra, cada violeiro é um soldado

Nossa viola é a carabina e nosso peito é um trem blindado

A viola e o violeiro é que não pode ser derrotado

Ai d'eu sodade - Domínio Popular

E A B B7

- Marido se alevanta / e vai armá um mundé / pra pegá uma paca gorda / pra nóis fazê um sarapaté

- Aruera é pau pesado / num é minha véia / cai e machuca o meu pé / e ai d'eu sodade

- Intonce marido se alevanta / e vai na casa da sua vó / buscá a ispingarda dela / pro cê caçá um mocó

- Só que no lajedo tem cobra braba / num é minha véia / me me morde e fica pió / e ai d'eu sodade

- Marido se alevanta / e vai caçá uma siriema / nóis come a carne dela / e faiz u'a bassora das pena

- Quem me dera tá agora / num é minha véia / nos braço d'uma roxa morena / e ai d'eu sodade

- Sujeito, se alevanta / e vai na casa do venderão / comprá u'a carne gorda / pra nóis comê um pirão

- É que eu num tenho mais dinheiro / num é minha véia / fiado eu num compro não / e ai d'eu sodade

- Marido se alevanta / e vai na venda do venderim / compra déis metro de chita / pra fazê rôpa pros nossos fiin

- Aí dent'o tem um cochão véi / num 'e minha véia / dismancha e faiz u'as carça pra mim / e ai d'eu sodade

- Disgramado te alevanta / dexa di cê priguiçoso / o home que num trabaia / num pode comê gostoso

- É que trabaiá é muito bom / num é minha véia / mais é um poco arriscoso / e ai d'eu sodade

- Marido se alevanta / e vem tomá um mingau / qui é pra mó de criá sustança / pra nóis fazê um calamengau

- Brincadeira de manhã cedo / num é minha véia / arrisca quebrá o pau / e ai d'eu sodade

- Marido seu disgraçado / tu ai de morrê / cachorro ai di ti lati / e urubú ai di ti cumê

- Se eu soubesse disso tudo / num é minha véia / eu num casava cum ocê / e ai d'eu sodade .

Ai que Saudade de Ocê - Vital Farias

(F/A C)

Não se admire se um dia / um beija-flor invadir

a porta da tua casa / te der um beijo e partir

A Dm

fui eu que mandei o beijo / que é pra matar meu desejo

G/B F/A C

faz tempo que eu não te vejo / ai que saudade de ocê

(F/A C)

Se um dia ocê se lembrar / escreva uma carta pra mim

bote logo no correio / com frases dizendo assim

A Dm

faz tempo que eu não te vejo / quero matar meu desejo

G/B F/A C

te mando um monte de beijo / ai que saudade de ocê

(F/A C)

E se quiser recordar / daquele nosso namoro

quando eu ia viajar / você caía no choro

A Dm

eu chorando pela estrada / mas o que eu posso fazer

G/B F/A C

trabalhar é minha sina / eu gosto mesmo é de ocê

(F/A C) (D# D C) 2X

Amanheceu, Peguei a Viola - Renato Teixeira

(D G)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar

D D/F# G

Sou cantador e tudo nesse mundo / vale pra que eu cante e possa praticar

E E7 G D

A minha arte sapateia as cordas / e esse povo gosta de me ouvir cantar

(D G)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar

D D/F# G

Ao meio dia eu tava em Mato Grosso / do Sul ou do Norte não sei explicar

E E7 G D

Só sei dizer que foi de tardezinha / e eu tava cantando em Belém do Pará

(D G)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar

D D/F# G

Em Porto Alegre um tal de Coronel / pediu que eu musicasse uns versos que ele fez

E E7 G D

para uma china que pela poesia / nem lá em Pequim se vê tanta altivez

(D G)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar

D D/F# G

Parei em Minas pra trocar as cordas / e seguir direto para o Ceará

E E7 G D

E no caminho fui pensando é linda / essa grande aventura de poder cantar

(D G)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar

(E A)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar

E E/G# A

Chegou a noite e me pegou cantando / num bailão lá no norte do Paraná

F#m F#m7 A E

Daí pra frente ninguém mais se espanta / e resto da jornada eu não posso contar

(E A)

Anoiteceu e eu voltei pra casa / que o dia foi longo e o sol quer descansar

(E A)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar

(E A)

Amanheceu, peguei a viola / botei na sacola e fui viajar...

ANA ROSA

Ana Rosa casou com Chicuta, um caipira bastante atrasado

Levava a vida de carreiro fazendo transporte era seu ordenado

Tinha um ciúme doentio pela moça que dava pena do coitado

Batia na pobre mulher com a vara de ferrão de bater no gado

Resolveu abandonar o marido, porque a vida já não resistia

Quando chegou em Botucatu aquela cidade toda dormia

Só encontrou uma porta aberta, mas ali não entrava família

Resolveu contar sua história e se abrigar até no outro dia

O Chicuta quando chegou em casa, Ana Rosa não encontrou

Ele arriou sua besta e como uma fera a galope tocou

Na chegada de Botucatu prum caboclo ele perguntou

Seu moço essa mulher lá na fortunata vi quando ela entrou

Num barzinho ali da saída sem destino resolveu chegar

Encontrou com um tal Menegirdo e com o Costinha pegou conversar

Vocês querem pegar uma empreitada, só se for pra não trabalhar

Pra matar a minha mulher, minha proposta vai agradar

O Costinha montou a cavalo e tocou lá pra fortunata

Conversando com Ana Rosa diz que era um tropeiro da zona da mata

Meu patrão lhe mandou uma proposta, diz que leva e nunca te maltrata

Seu marido anda a sua procura jurou que encontrando ele te mata

Ana Rosa montou na garupa e o cavalo saiu galopando

Quando chegou num lava-pé aonde os bandidos já estavam esperando

Quando ela avistou seu marido para todo Santo foi chamando

Vou perder minha vida inocente partirei com Deus desse mundo tirano

Derrubaram ela da garupa já fazendo cruel judiação

Foi cortando ela aos pedaços uma Preta assistindo a cruel judiação

Foi corre da parte as autoridades já fizeram a imediata prisão

Hoje lá construíram uma igreja tem feito milagre pra muitos cristãos

Arreio de Prata - Alceu Valença

Am Em

O meu cavalo de arreio prateado

C B Em

a namorada muito amada agarrada na garupa

Am Em

me protegendo dos malefícios da vida

C B Em

e agarrada, muito amada, na garupa do cavalo

Am Em C B Em

iê, iê, arreio de prata / uô, uô, eu todo prateado

Am Em

Muita boiada, muita cerca colocada

C B Em

As meninas proibidas de fazer amor mais cedo

Am Em

O meu cavalo e sua égua malhada

C B Em

fazendo amor no terreiro da morada das meninas

Am Em C B Em (Am Em C B Em)

iê, iê, arreio de prata / uô, uô, eu todo prateado

Am Em

E relinchavam pois gozavam liberdade

C B Em

e as meninas não podiam nem gozar da vaidade

Am Em

e as meninas até sonhavam com a cidade

C B Em

e com os rapazes que porventura encontrassem

Am Em C B Em

iê, iê, arreio de prata / uô, uô, eu todo prateado

Am Em

E olhavam tanto , tanto para o meu cavalo

C B Em

se imaginavam éguas e eu todo prateado

Am Em

E olhavam tanto , tanto para o meu cavalo

C B

Em se imaginavam éguas e eu todo prateado

Am Em C B Em

iê, iê, arreio de prata / uô, uô, eu todo prateado 2X.

AZULÃO DO REINO ENCANTADO

Eu já consertei relógio a meia noite no fundo d’água

Sem levantar o tapete com muita classe tirei o taco

Eu já ganhei uma guerra sem dar um tiro e não é mentira

Já fui no fundo da terra e voltei de lá sem fazer buraco

Aprendi fazer colar só de pingo d’água e ficou bonito

Eu fiz um laço de areia pra laçar bicho que não é fraco

Amarrei onça no mato com reza brava e ficou segura

Carreguei ferro em brasa tição de fogo dentro de um saco

Topei uma curriola só de bandidos com pau e faca

Foi uma nuvem de poeira fiz a madeira virar cavaco

Eu transformei o meu braço em uma espada que só tinia

Arrebentei tantas facas veio a policia varrer os cacos

Caminhei por baixo d’água igual um peixe e não sei nadar

Caminho que ninguém passa passo correndo e não empaco

Já fiz a barba do leão sem usar sabão e sem a navalha

Com a jamanta correndo troco pneu sem usar macaco

O meu protetor é forte é o Azulão do Reino Encantado

Um salão todo azulado que tem no céu ele foi morar

E com sete Santas Virgens neste salão o Azulão esta

E duas vezes por dia este salão Deus vai visitar

BI-CAMPEÃO MUNDIAL

A seleção canarinho brilhou lá no estrangeiro

Mostrou a classe e o valor do futebol brasileiro

Conquistou o Bi-Campeão nem um tempo eles perderam

Trouxeram a taça de volta pra terra que eles nasceram

Brasil com os mexicanos primeiro a ser disputado

Perderam de 2 a 0 choraram se derrotado

Brasil e Checoslováquia o jogo ficou empatado

Os dois quadros perderam um ponto pra cada lado.

Brasil jogou com a Espanha que o primeiro gol marcaram

A nossa turma reagiu até o fim triunfaram

Brasil jogou com a Inglaterra que o futebol inventaram

A taça campeã mundial os ingleses nunca levaram

Chilenos entraram no campo todos gritaram olé

Ontem nos tomamos vodca hoje nos toma café

Vamos vencer o Brasil com Pelé ou sem Pelé

Desta vez dançaram o samba na cadência do mane

Brasil e Checoslováquia para a disputa final

Contavam que eles venciam a seleção nacional

Aplicaram o tal ferrolho e saíram muito mal

Brasil conquistou invicto o Bi-Campeão Mundial

Viva Aimoré Moreira viva Vicente Feola

Viva os craques brasileiros e o Marechal da Vitória

Viva Amarildo e Garrincha e o Pelé que é o rei da bola

Brasil é campeão do mundo nós somos campeão da viola

Bicho De Sete Cabeças - Geraldo Azevedo/Zé Ramalho

Não dá pé não tem pé nem cabeça

Não tem ninguém que mereça

Não tem coração que esqueça

Não tem jeito mesmo

Não tem dor no peito não tem nem talvez

Ter feito o que você me fez desapareça

Cresça e desapareça

Não tem dor no peito não tem jeito

Não tem ninguém que mereça

Não tem coração que esqueça

Não tem pé não tem cabeça

Não dá pé não é direito não foi nada

Eu não fiz nada disso e você fez um

Bicho de sete cabeças

BOIADEIRO DE PALAVRA

Boiadeiro de palavra que nasceu lá no sertão

Não pensava em casamento por gostar da profissão

Mas ele caiu no laço de uma rosa em botão

Morena cor de canela cabelos cor de carvão

Estes cabelos compridos quase esbarravam no chão

E para encurtar a história era filha do patrão

Boiadeiro deu um pulo de pobre foi a nobreza

Além da moça ser rica dona de grande beleza

Ele disse assim pra ela com classe e delicadeza

Esses cabelos compridos são minha maior riqueza

Se um dia você cortar nós separa na certeza

Além de te abandonar vai haver muita surpresa

Um mês depois de casado, o cabelo ela cortou

Boiadeiro de palavra nesta hora confirmou

No salão que a esposa foi com ela ele voltou

Mandou sentar na cadeira e desse jeito falou

Passe a navalha no resto do cabelo que sobrou

O barbeiro não queria a lei do trinta mandou

Com o dedo no gatilho pronto pra fazer fumaça

Ele virou um leão querendo pular na caça

Quem mexeu neste cabelo vai cortar o resto de graça

A navalha fez limpeza na cabeça da ricaça

Boiadeiro caprichoso caprichou mais na pirraça

Fez morena careca dar uma volta na praça

E lá na casa do sogro ele falou sem receio

Vim devolver sua filha pois não achei outro meio

A minha maior riqueza eu olho e vejo no espelho

É um rosto com vergonha que atoa fica vermelho

Sou igual um puro sangue que não deita com arreio

Prefiro morrer de pé do que viver de joelho

BOIADEIRO DE PALAVRA

Boiadeiro de palavra que nasceu lá no sertão

Não pensava em casamento por gostar da profissão

Mas ele caiu no laço de uma rosa em botão

Morena cor de canela cabelos cor de carvão

Estes cabelos compridos quase esbarravam no chão

E para encurtar a história era filha do patrão

Boiadeiro deu um pulo de pobre foi a nobreza

Além da moça ser rica dona de grande beleza

Ele disse assim pra ela com classe e delicadeza

Esses cabelos compridos são minha maior riqueza

Se um dia você cortar nós separa na certeza

Além de te abandonar vai haver muita surpresa

Um mês depois de casado, o cabelo ela cortou

Boiadeiro de palavra nesta hora confirmou

No salão que a esposa foi com ela ele voltou

Mandou sentar na cadeira e desse jeito falou

Passe a navalha no resto do cabelo que sobrou

O barbeiro não queria a lei do trinta mandou

Com o dedo no gatilho pronto pra fazer fumaça

Ele virou um leão querendo pular na caça

Quem mexeu neste cabelo vai cortar o resto de graça

A navalha fez limpeza na cabeça da ricaça

Boiadeiro caprichoso caprichou mais na pirraça

Fez morena careca dar uma volta na praça

E lá na casa do sogro ele falou sem receio

Vim devolver sua filha pois não achei outro meio

A minha maior riqueza eu olho e vejo no espelho

É um rosto com vergonha que atoa fica vermelho

Sou igual um puro sangue que não deita com arreio

Prefiro morrer de pé do que viver de joelho

BOIADEIRO PUNHO DE AÇO

Me criei em Araçatuba laçando potro e dando repasso

Meu velho pai pra lidar com boi desde de pequeno guiou meus passos

Meu filho, o mundo é uma estrada cheia de atalho e tanto embaraço

Mas se você for bom no cipó na vida nunca terás fracasso

Com vinte anos parti fui na comitiva de um tal Inácio

Senti o nó me aperta a garganta quando o meu pai me deu um abraço

Meu filho, Deus lhe acompanhe são esses os votos que eu lhe faço

E como prêmio do teu talento lhe presenteio com este meu laço

Por este Brasil afora fiz como faz as nuvens no espaço

Vaguei ao léu conhecendo terras sempre ganhando dinheiro aos maços

Meu cipó em três rudia cobria anca do meu picasso

Foi o que me garantiu o nome de boiadeiro punho de aço

De volta pra minha terra viajava a noite com um mormaço

Naquilo eu topei com uma boiada beirando o rio vinha passo a passo

Um grito de boiadeiro pedindo ajuda cortou espaço

Eu vi o peão que ia rodando saltei no rio com o meu picasso

A correnteza era forte tirei o cipó da chincha do macho

E pelo escuro ainda consegui laçar o peão por um dos seus braços

Ao trazer ele na praia meu coração se fez em pedaço

Por um milagre que Deus mandou salvei meu pai com seu próprio laço

Canção matinada - Ney Couteiro

Olha o menino correndo debaixo do sol,

Levando no corpo suado o cheiro do chão

Trazendo as estrelas na palma da mão

Florescendo a terra, banhado em grotão

Olha o tempo varrendo as encostas das serras

Singrando as pedras, os seixos, o corpo de sal

A rosa dos ventos perdeu-se num caos

Conduzindo à sorte o fruto imortal

Corre , moleque, pastor de sereias

Solto ao léu, moinhos de vento

Abrindo os portais das igrejas

Não deixe o tempo te levar

Te esconde nos muros do mar

Vai, cantador das estrelas,

Vai, cantador de estirão

Vai, cantador das estrelas

Vai, cantador de estirão

contribuição de Gustavo Palma

Cantiga de Amigo(Elomar)

Lá na casa dos Carneiros

Onde os violeiros vão cantar louvando você

Em cantiga de amigo

Cantando comigo somente porque você é

Minha amiga, mulher

Lua nova do céu que já não me quer

Dezessete é minha conta

Vem amiga e conta uma coisa linda pra mim

Conta os fios dos teus cabelos

Sonhos e anelos

Conta-me se o amor não tem fim

Madre amiga é ruim

Me mentiu jurando amor que não tem fim

Lá na casa dos Carneiros

Sete candeeiros iluminam a sala de amor

Sete violas em clamores, sete cantadores

São sete tiranas de amor para a amiga

Em flor

Que partiu e até hoje não voltou

Dezessete é minha conta

Vem amiga e conta

Uma coisa linda pra mim

Pois na casa dos Carneiros

Violas e violeiros

Só vivem clamando assim

Madre amiga é ruim

Me mentiu jurando amor que não tem fim

Cantiga do Boi Incantado - Elomar

A

Ê Ê Ê Ê Ê Ê ... boi incantado e aruá

B

Ê boi quem havera de pegá

B A B

Na mia vida de vaquêro vagabundo

E A B

já nem dô conta dos pirigo qui infrentei

E A B

apois aqui das nação de gado qui ai no mundo

E A B

num tem um só boi qui num peguei

Ê Ê Ê Ê Ê Ê ... boi incantado e aruá...

B A `B

Eu vim de longe, bem pra lá daquela serra

E A B

qui fica adonde as vista num pode alcançar

A

ricumendado dos vaquêro de mia terra

E A B

pra nessas banda eles nóis representar

A

alas qui viemo in dois eu e mais Ventania

E A B

o mais famado dos cavalo do lugá

(estrofes abaixo, iguais à 2a)

Meu sabaruno rei do largo e do grotão

vê si num isquece da premessa qui nóis feiz

naquela quadra de terra, laço e moirão

na luz da tarde os olhos dela e meu cantá

a mais bunita de brumado ao pancadão

juremo a ela viu ti pegá boi aruá

Ê Ê Ê Ê ... boi incantado e aruá...

De indubrasil nerol' xuite guadimá

moura junquêro pintado nuve e alvação

junquêro giz pé duro landrêis malabá

pintado laranjo rajado lubião

boi de gabarro banana môcho armado

de curralêro ao levantado barbatão

De todos boi qui ai no mundo já peguei

afóra lá ele qui tem parte cum cão

o tal boi bufa cum este nunca labutei

e o incantado qui distinemo a pegá

Pra nóis levá pras terra daquela donzela

juremo a ela viu te levá boi aruá (bis)

Ê Ê Ê Ê Ê Ê ... boi incantado e aruá...

Cantiga do Estradar

(Elomar)

Tá fechando sete tempo qui miã vida é camiá

Pulas istrada do mundo dia e noite sem pará

Já visitei os sete rêno adonde eu tiã qui cantá

Sete didal di veneno traguei sem pestanejá

Mais duras penas só eu vêno ôtro cristão pra suportá

Só irirmão do sufrimento de pauta véa c'a dô

Ajuntei no isquicimento o qui o baldono guardô

Meus meste na istrada e o vento quem na visa mi insinô

Vô me alembrano va viage das pinura qui passei

Daquelas duras passage nos lugari adonde andei

Só de pensá me dá friage nos sucesso que assentei

Na miã lembrança ligião de condenados nos grilhão acorrentados

Nas trevas da inguinorânça sem a luz do grande Rei

Tudo isso eu vi nas miã andança nos tempo que eu bascuiava o trecho alei

Tô de volta já faiz tempo qui dexei o meu lugá

Isso si deu cuano moço qui eu sai a percurá

Nas inlusão que hai no mundo nas bramura qui hai pru lá

Saltei pur prefundos poço qui o tinhoso tem pru lá

Jesus livrô derna d'eu môço do raivoso me panhá

Já passei pur tantas prova inda tem prova a infrentá

Vô cantano miã trovas qui ajuntei no caminhá

Lá no céu vejo a luã nova cumpaniã do istradá

Ele insinô qui nóis vivesse a vida aqui só pru passá

Nóis intonce invitasse o mau disejo e o coração

Nóis prufiasse pra sê branco inda mais puro

Qui o capucho do algodão

Qui num juntasse dividisse nem negasse a quem pidisse

Nosso amô o nosso bem nosso terém nosso perdão

Só assim nóis vê a face ogusta do qui habita os altos céus

O piedoso o manso o justo o fiel e cumpassivo

Siõ de mortos e vivos nosso pai e nosso deus

Disse qui haverá de voltá cuano essa terra pecadora

Marguiada im transgressão tivesse chêa de violença

De rapina de mintira e de ladrão

Cantiga(Juraildes da Cruz)

Nasceu uma fulô

No canteiro do peito meu

Que doeu quando muchô

Quando secô

Nasceu uma estrela bem me viu

Clariando meu quintal

Que doeu quando caiu

Quando caiu

Todo dia na boca

Da noite na serra

Acauã do calundú meu

Diz que doeu

E na sombra da estrada nas noites de luar

Prá ela que de mim se escondeu

Cantiga diz que doeu

Cantiga diz que doeu

"Menina morena fulô

Candeia que alumiô

Morena minha fulô

Cantero que secô"

Cantilena De Lua Cheia - Vital Farias

D G D G

Deus esteja nessa casa / em formato e coração

Em F#m Bm D Bm A

coração feito um menino / nordestino o destino

D G D G

Na janela um pé de rosa / beija flor beija o quintal,

Em F#m Bm D Bm A

bem te vi, te vi, te vejo / que o desejo é natural

(D4 Dm) C Dm

Companheiro, camarada / Nessa estrada da canção

(D4 Dm) C Dm (D4 Dm) C Dm ( A )

cantilenas, dissabores / e os amores vãos ---> 2ª vez - fim

D G D G

Violeiro quando toca / as cordas do coração

Em F#m Bm D Bm A

ficam presas entre abraços / nos acordes na canção

D G D G

Vem que a lua já é cheia / tece a veia inspiração

Em F#m Bm D Bm A ( A7 )

passa a lenta a passarada / passará não passarão

C D G D

Cantilena de lua cheia

C D G D

Cantilena de lua cheia

C G D A D

Cantilena de lua, de luar, de lua cheia.

C G D A D ( A )

Cantilena de lua, de luar, de lua cheia.

Cavalo Bravo - Renato Teixeira

Am C

OLHANDO UM CAVALO BRAVO

Am E

NO SEU LIVRE CAVALGAR

F Dm

PASSOU-ME PELA CABEÇA

C G C

UMA VONTADE LOUCA

(Am G)

DE TAMBÉM IR

(G)

PARA UM CAVALGAR

C Am

CORAÇÃO ATREVIDO

Dm F

PERNAS DE CURIOSO

Am C

OLHOS DE BEM-TE-VI

G C

E OUVIDOS DE BOI MANHOSO

Am G

E LÁ VOU EU MUNDO AFORA

F C

MONTADO EM MEU PRÓPRIO DORSO

MINEIRADA BOA

Pra falar mal de mineiro tem que me matar primeiro

Tem que me matar primeiro pra falar mal de mineiro

Eu sou paulista sou da terra da garoa

Eu falo bem dos mineiros, êta mineirada boa

As mineiras são sinceras e os mineiros são valentes

Foi no estado de Minas que nasceu o Tiradentes

O herói da Independência em Minas deixou semente

O mineiro é corajoso e além disso é competente

Foi no estado de Minas que nasceu mais presidente

Deu um balanço na história, nossa história não mente

Pra defender os mineiros eu me enrolo com a serpente

Se vem bala pros mineiros, minha vida vai na frente

Vou fazer a despedida vou deixar minha patente

Vou usar frases de ouro vou falar o que o povo sente

Quando se fala em Brasília vem logo na nossa mente

A lembrança de um mineiro, que dá saudade na gente

MORENINHA CÔR DE JAMBO

Moreninha côr de jambo da cintura fina fases cor de rosa

Encosta seu rosto no meu quero um beijo do seu não seja vergonhosa

Venha matar meu desejo meu bem só um beijo não faz mal nenhum

Todos que são namorados já foram beijados isso é coisa comum

Já tive muitas garotas mais pra mim foi bocas que eu senti paixão

Mas hoje tu pode crer que somente você manda em meu coração

O teu pai é valentão eu sou de opinião comigo ele não pode

Hoje vou no seu portão quero ver o velhão retorcer o bigode

Se você me quiser bem eu te quero também por que sou amoroso

No dia que eu não te vejo por que não te beijo então fico nervoso

Você nasceu para mim mas a felicidade foi para nóis dois

Quando nóis tiver casado nóis fica enjoado de beijar depois

NOVE E NOVE

Para frente e para o alto eu nunca posso parar

Comigo é no nove nove nove nove eu vou contar

Meus versos tem nove nove nem um nove vai faltar

Eu vou dar o resultado que os nove nove dá

Eu nasci no dia nove nove horas fui pagão

Nove padre nove igreja nove vezes fui cristão

Eu entrei em nove escola e aprendi nove lição

Eu ganhei nove medalha quebrei nove campeão

Nove baiano valente junta nove valentia

Nove susto nove choro correndo nove família

Nove baiano pulando contra nove ferro fria

Nove facão tá tinindo nove bainha vazia

Entrei em nove pagode topei nove valentão

Nove tapa e nove tombo nove caboclo no chão

Nove processo correndo e trabalha nove escrivão

Nove ordem de surtura nove advogado bão

Tive nove namorada nove vezes fui casado

Nove sogra e nove sogro nove lar abandonado

Quando foi no dia nove topei nove cabra armado

Nove tiro eu dei pra cima fiz correr nove cunhado

PAGODE DO ALA

As flores quando é de manhã cedo o seu perfume no ar exala

A madeira quando está bem seca deixando no sol bem quente estala

Dois baiano brigando de facão sai fogo quando o aço resvala

Os namoros de antigamente espiava por um buraco na sala

As pessoas que são muda e surda e por meio de sinal que fala

Os granfinos de antigamente quase que todos usava bengala

A mochila de peão é um saco a coberta do peão é o pala

Os casamento de roça tem festa ocasião que pobre se arregala

Preste atenção que o reio dói mais e aonde ele pega a tala

Divisa de terra antigamente não usava cerca era vala

Naturalmente um bom jogador todo jogo ele está na escala

Uma flor é diferente da outra pro cuitelo seu valor iguala

Caipira pode estar bem vestido ele não entra em baile de gala

Pra carregar o fuzil tem pente garrucha e o revolve tem bala

Um valentão ta arrastando a asa mas quando vê a polícia cala

Despista e sai devagarinho quando quebra a esquina abre ala

Pra fazer viagem a bagagem geralmente o que se usa é mala

A baiana pra fazer cocada primeiramente o coco se rala

No papel o turco faz rabisco e diz que escreveu Abdala

As pessoas que morrem na estrada o respeito uma cruz assinala

PAGODE NA PRAÇA

Fazer moda é meu vício viola é minha cachaça

No batido do pagode meus dedos não embaraça

Quando eu passo a mão na viola faço levantar fumaça

O pagode no momento ta sendo dono da taça

Porque o povo está gostando eu também to caprichando

De vez em quando soltando um pagode bom na praça

A sina de um cantador é somente Deus quem traça

Pra ser um bom violeiro não pode faze ruaça

Precisa deixar o nome no lugar aonde passa

Só cantando modas boas pra agradar a grande massa

Da sorte nós não reclama eu zelo por nossa fama

Aonde o povo me chama tem pagode bom na praça

Quem quiser cantar pagode mostre sangue mostre raça

Se não for pra ser bem feito peço a vocês que não faça

O batido do pagode eu ensino até de graça

Quem canta pagode certo pode crer que não fracassa

Meu pagode é brasileiro da nome pra violeiro

Quem quiser ganhar dinheiro põe pagode bom na praça

É preciso ter amor na profissão que abraça

Tenho um capricho comigo levo ele por pirraça

Moda roubada eu não gravo nós não pega e nem não laça

Vou lutar com meus colegas luta limpa sem trapaça

Minha viola nunca falha ganhei flores e medalhas

E o troféu Chapéu de Palha com pagode bom na praça

PRETO INOCENTE

Quando eu soube desse fato pelo radio anunciado

Que um tal preto fugido morreu por haver roubado

As façanhas que ele fez me deixou muito amolado

Por alembrar que os pretos sempre são os mais visados

Mas diante da verdade eu vi que estava enganado

Vou contar o causo direito do modo que se passou

Porque o pai de Suzana num criminoso virou

Na hora que deu o tiro foi que a Suzana gritou

Oh papai porque fez isso o senhor nem me consultou

Se eu ainda estou com vida é o preto que me salvou

No mato eu tava lenhando logo pegou escurecer

O caminho que eu voltava eu não podia mais ver

Naquilo avistei o preto de susto peguei tremer

Mocinha não tenha medo escutei ele dizer

Eu sou preto só na cor mal nenhum vou lhe fazer

Eu tava muito cansada o meu corpo não agüentou

Fui sentar debaixo dum toco uma cobra me picou

O preto rancou da faca o meu pé ele sangrou

O veneno da serpente com a boca ele tirou

Pra salvar a minha vida com a morte ele brincou

E aqui nessa cabana ele trouxe eu carregando

E que nem um sentinela na porta ficou vigiando

Lá fora na mata escura as feras tava uivando

Abatido pelo sono coitado foi cochilando

Veio o senhor de surpresa e a vida foi lhe tirando

Com as palavras de Suzana o seu pai pegou chorar

Fosse coisa que eu pudesse de novo a vida eu lhe dar

Com o sangue desse inocente minha honra eu fui manchar

Este chão que ele pisava eu não mereço pisar

Sei que vou ser condenado só Deus pode me livrar

REI DO PAGODE

Afirme o pé companheiro, bambeia o nó da gravata

Nos vamos cantar um pagode, que chegou na hora exata

Por ai tem um caboclo, quando canta me maltrata

Eu vou da minha resposta, que não é muito pacata

Vou tratar meus inimigos do jeito que eles me trata

Tenho dó desse coitado, eu deixo que ele se bata

Com sua língua nos dentes, com modas que desacata

Na escada do sucesso, ele subiu dando rata

A queda dele foi dura, no tombo quase se mata

Não acerta mais um passo, esta jogado pras baratas

A verdade é cristalina, é igual água de cascata

Essas modas de abate, é uma coisa muito chata

Não falar mal dos colegas, é uma coisa mais sensata

Esses violeiros invejosos, reclama da sorte ingrata

Pros escravos da inveja, meu pagode é uma chibata

No lugar aonde eu canto, o povo todo me acata

Sou querido das morenas, das loirinhas e das mulatas

Ganhei medalhas de ouro, não contando as de prata

O Brasil inteiro fala, dos violeiros eu sou a nata

Onde eu canto meu pagode, meu sucesso é na batata

Sou um leão africano, quando dá um grito na mata

Os bicho pequeno corre, igualzinho um vira-lata

No lugar que pisa o leão, cachorro não põe a pata

Nossa coroa de rei, quero ver quem arrebata

Nossos laços de amizade, é um nó que não desata

VENCENDO SEMPRE

Companheiro afirme o peito

Vamos cantar bem direito

Não vamos mostrar defeito

No estilo nordestino

Eu sou filho de baiano

Neto de paraibano

Mas sou piracicabano

Que canto desde menino

Apesar de ser paulista

Mas no estilo nortista

Qualquer cabra eu ensino

No estado de Alagoas

Eu venci muitas pessoas

Eu ganhei de gente boa

No sertão alagoano

Quando cheguei na Bahia

Eu cantei com voz macia

A baianada dizia

Viva o piracicaban

Eu cantei dentro da linha

Dentro da profissão minha

Balancei o chão baiano

Eu cantei de sul ao norte

Eu venci violeiro forte

Nunca precisei de sorte

Para mim sair vencendo

Até o presente momento

Não é por convencimento

Eu tenho o pressentimento

Que nunca saio perdendo

Meus versos são caprichados

Alem de ser bem cantados

Como vocês tão vendo

Eu entro na cantoria

Da noite eu faço dia

E no campo da poesia

Com nada me atrapalho

Já topei violeiro macho

Derrubei o seu penacho

Joguei o caboclo embaixo

Eu dou tombo mas não caio

Se um dia Deus me chama

Eu morro mas deixo a fama

E minha fama dá trabalho

VERSOS AOS PÉS DO HOMEM

Deixei distante a família pra vir à Brasília senhor presidente

Conduzido por um tema de um sério problema que acaba com a gente

Minha bagagem é o fracasso mas trago um abraço dos amigos meus

Deixei toda santaiada e fiz a jornada pra falar com Deus.

Por não marcar audiência com sua excelência se eu for barrado

Alguns dos seus constituintes que são meus ouvintes transmitam o recado

Não peço terra de graça mas que algo faça pra isso é que eu venho

Por uma ajuda de custo não sei se é justo perder o que eu tenho

Quando eu colhi meu café eu pensei até em ser bom começo

Mas quando foi tabelado eu fui obrigado a vender no seu preço

Somente as terras que haviam dei por garantia num financiamento

Foi quando veio a geada na área plantada colhi dez por cento

O banco quer minhas terras já tombei na guerra da luta roceira

Para salvar meu futuro que o senhor procuro por minha trincheira

Mesmo o gerente do banco mostrava ser franco e meu grande amigo

Com essa guerra maldita agora ele evita de falar comigo

Minha herança da roça é esta mão grossa que trago por prova

Creio senhor presidente ser eficiente a república nova

Pensava em ser tão feliz de tudo eu fiz pra não perder o nome

Mas minha fé me alicerça com essa conversa aos pés do homem

VIOLA DIVINA

Viola minha viola, cavalete do pau preto

Morro com você nos braços, de joelho lhe prometo

Viola minha viola de jacarandá e canela

Na alegria ou na tristeza vivo abraçado nela

Minha viola divina, eu ganho a vida com ela

O quadro da Santa ceia, doze apóstolos tem

Minha viola não é Santa, tem doze cordas também

Doze meses tem o ano, doze horas tem o dia

Doze horas tem a noite, esta noite é de alegria

Esta viola divina, já me deu o que eu queria

Não aprendi fazer guerra na escola de cantoria

Fazer guerra é muito fácil, quero ver fazer poesia

Com esta viola divina, um pedido vou fazer

Para Deus matar a morte, pro cantador não morrer

Enquanto existir viola, cantador tem que viver

Até no ano dois mil se uma viola só existir

Garanto vai ser a minha que não paro de tinir

O cantador sem viola, na carreira nada tem

Minha viola é divina, das mãos de Deus é que vem

Quem não gosta de viola não gosta de Deus também

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