Alfabetizarvirtualtextos.files.wordpress.com



Novo Acordo Ortográfico: ensinado, brincando e aprendendo

Gabriela IKEDA

gabriela.ikeda@usp.br

Gabrielle T. NUNES

gabrielle.lopes@usp.br

RESUMO

O depoimento narra uma aula aplicada a jovens cursando o último ano do ensino médio, na qual se utilizou jogos e brincadeiras para ensinar o novo acordo ortográfico, sendo esta uma proposta da disciplina Metodologia e fundamentos da alfabetização em países de língua oficial portuguesa: uma introdução, aplicada pela Prof.ª Dra. Nilce da Silva da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Essa aula foi realizada com ex-alunos da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima e que hoje estão no último ano do ensino médio, onde procuramos mostrar as mudanças ortográficas usando jogos de computador para melhor fixação da matéria.

Palavras-chave : aprendizagem, lúdico e novo acordo ortográfico

Depoimento

A idéia de ministrar essa aula surgiu de uma conversa em grupo durante a aula da disciplina Metodologia e fundamentos da alfabetização em países de língua oficial portuguesa: uma introdução, ministrada pela profa. Dra. Nilce da Silva, onde surgiu a ideia de trabalharmos a Reforma Ortográfica com alunos que tivessem sido alfabetizados com as regras ortográficas anteriores. Dessa forma, elaboramos um plano de aula onde o objetivo era permitir aos alunos o desenvolvimento de suas habilidades de escrita, além de apresentar uma exposição da história e a cultura dos países envolvidos nesse Acordo.

Visto que vivemos na era informação, onde estamos cada vez mais conectados ao mundo todo pelo uso de internet e que os jovens mergulham nesse mundo constantemente e cada vez mais cedo, não poderíamos ignorar essa realidade e simplesmente passar um conteúdo sem levar em consideração o contexto histórico e cultural ao quais esses jovens estão inseridos. Segundo Makarenko, “não se pode fazer uma obra educativa sem se propor um fim... um fim claro, bem definido...um conhecimento do tipo de homem que se deseja formar”[1](1974 apud Almeida, 2003). Além disso, sabemos a importância do lúdico na aprendizagem. Platão, na Grécia Antiga, já aplicava e incentivava o ensino de matemática de uma maneira lúdica, unindo a teoria com o que existe de concreto, com intuito de que os jovens atingissem níveis maiores de abstração e não ficassem apenas no prático[2] (Platão, IV a.C. apud Almeida, 2003).

Esse processo não foi tão simples como pensado inicialmente. Conversamos com responsáveis pela Escola Desembargador Amorim Lima que se mostraram dispostos a abrir o espaço para nossa aula. Um obstáculo atravessado, agora precisávamos confirmar com os alunos a disponibilidade de cada um e esta deveria bater com o horário das professoras e da escola. Ficamos semanas nessa discussão, pois muitos alunos trabalham e estão se dedicando aos vestibulares, o que dificultou a possibilidade de ministrar essa aula. Em muitos momentos conversamos sobre aplicar essa aula virtualmente, por vídeo conferencia e buscamos na literatura respaldo para isso, em outros momentos pensamos em desistir. Mas algo maior dizia que deveríamos aplicar a aula e, depois de muita discussão e acordos, conseguimos.

Aplicamos a aula na casa de uma das professoras e contamos com a presença de seis estudantes. A proposta foi que se dividissem em duplas e cada um ficasse com um aparelho que possibilitava o acesso a internet. O interessante é que tínhamos apenas dois notebooks, mas uma das alunas tinha um celular que cumpria completamente esse papel.

Pedimos que entrassem no site de buscas google e digitassem “nova ortografia da língua portuguesa” e clicassem na página do UOL-Michaelis in ( ortografia). Decidimos em conjunto quais regras eram mais importantes e interessantes de serem estudadas por eles e chegamos a conclusão que estudaríamos as mudanças das regras de acentuação e o uso do hífen com compostos.

Cada um desses itens era dividido em seis subitens. Dessa forma, cada dupla ficou com dois itens de cada conjunto de regras e tinham alguns minutos para lê-las e compreendê-las o suficiente para poder explicá-las para todos.

Uma observação importante é que, com toda a dificuldade para ministrar a aula, não estávamos totalmente seguras sobre como seria, o que nos colocou na mesma situação que aqueles alunos enquanto as regras estavam sendo compartilhadas com todos. Dessa forma, também tínhamos questões e dúvidas que durante o processo foram sanadas. Este clima de aprendizagem mutua tornou o ambiente bastante informal e facilitou que todos perguntassem e ajudassem nas explicações, com exemplos e curiosidades.

Ao final, depois que as regras nas quais havíamos nos proposto a investigar já estavam apreendidas por todos, nos reunimos em torno de um dos notebooks e entramos no site do Game da Reforma Ortográfica. O jogo consistia em um tabuleiro com 25 casas e cinquenta possíveis perguntas. Ao selecionar uma pergunta, tínhamos dez segundos para entrar em um consenso e selecionar uma das três respostas.

Esse momento foi muito divertido e muito valioso para a fixação do aprendizado de todos nós. Erramos apenas duas questões, mas, a conquista principal foi o fato de todos estarmos cientes do por que dos acertos ou dos erros e, em nenhum momento termos “chutado” qualquer resposta.

Saímos bastante satisfeitos da aula – tanto as professoras quanto os alunos. Fechamos esse depoimento com um relato escrito recebido de uma das alunas:

“A aula sobre Reforma na Língua Portuguesa foi muito significativa, porque em apenas uma aula podemos aprender bastante o que mudou na nossa Língua, e o método que as professoras usaram foi muito interessante, pois, nós mesmos fomos professores por um dia, e isso é bom porque precisamos primeiro entender direito o que nós vamos apresentar para o resto das pessoas, e assim aprendemos mais, pois ensinando você aprende duas vezes. E depois que cada um explicou um pouco da Reforma jogamos um jogo muito interessante, porque através desse jogo podemos avaliar o que entendemos do que nós havíamos aprendido a instantes atrás, resumindo gostei muito da aula : )”.

Bibliografia

ALMEIDA, P. N.. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyolas, Ed.11, 2003.

MORAN, J. M.. Novos caminhos no ensino à distância. CEAD – Centro de Educação à Distância. SENAI. Rio de Janeiro, Ano 1, n. 5, out/nov/dez

1994, p.1-3.

Documento eletrônico:

Site Game da Reforma Ortográfica in:

(). Acessado em 05/11/2011.

Site Uol-Michaelis in:

(). Acessado em 05/11/2011

Autoras:

Gabriela Ikeda

Gabrielle Tavares Nunes

Graduandas em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

-----------------------

[1] Snyders cita Makarenko, Pedagogia Progressiva, Livraria Almedina, Coimbra, 1974, p.169

[2] Veja A República, cap VII

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download