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Notícia Nacional

Fonte: Jornal de Negócios, segunda-feira, 2 Março 2009

Suplemento: Investidor Privado

MELHOR QUE OS DEPOSITOS NO LONGO PRAZO – SIMULAÇÃO PARA 5000€

Os certificados de aforro deverão voltar a ganhar alguma atractividade junto dos investidores. As alterações introduzidas pelo Governo na fórmula de cálculo do juro e nos prémios de permanência vêm aumentar a rendibilidade deste produto de poupança. O Negócios comparou a nova Serie C com outras aplicações de longo prazo e baixo risco. Os seguros de capitalização apresentam ganhos líquidos mais elevados a cinco anos, para um montante de 5000, para um montante de 5000€, com uma taxa líquida de impostos de 2,17% ao ano. Já o retorno do depósito a prazo da Caixa Geral de Depósitos, um dos poucos depósitos de longo prazo comercializados pelos principais bancos a operar em Portugal, proporciona um rendimento inferior aos certificados. Para os investidores que possam arriscar a perda de capital, as obrigações são a solução mais vantajosa, se acertar nos melhores fundos.

Um ano depois da introdução dos novos certificados de aforro, o Governo alterou este popular produto de poupança. Após a vaga de resgates dos últimos meses, os juros e prémios de permanência mais elevados voltam a fazer dos certificados um solução atractiva no longo prazo.

PAULO MOUTINHO e PATRÍCIA SILVA DIAS

A Actualização efectuada em Janeiro de 2008 ao regime dos certificados de aforro, que deu origem à Serie C, provocou uma fuga de capital deste produto de poupança. Milhão de euros que o Governo tenta agora recuperar com uma nova intervenção, apresentando uma fórmula de cálculo menos penalizadora e prémios de permanência mais atractivos. Mas será esta uma boa opção para o seu dinheiro?

Para quem procura rendibilizar as poupanças e evitar riscos, os certificados de aforro são uma boa opção, especialmente agora que o aforrador deixa de sofrer uma penalização na taxa, logo à partida. A principal alteração anunciada na sexta-feira, está no facto de os 0,25 pontos percentuais que antes eram retirados à taxa base de 85% da Euribor a três meses, serem agora adicionados. Isto traduz-se num aumento de 50 pontos base da remuneração.

Ao mesmo tempo, os prémios permanência foram aumentados em 25 pontos base entre o segundo e o oitavo anos. Mantém-se, no entanto, o máximo de 2,5%, no décimo e último ano da maturidade deste investimento.

Comparando com as anteriores condições dos novos certificados, com a actualização que entrou já ontem em vigor, numa aplicação a dez anos verifica-se um aumento da rendibilidade dos certificados de aforro de 8%. Um investimento de 5000 euro gera, agora, um retorno líquido de impostos de 1237 euros, o que compara com os 1146 euros anteriores. Ou seja, são aos 91 euros.

Mas terão as alterações sido suficientes para tornar os certificados num bom investimento face às alternativas de baixo risco? No curto prazo, não. É que, apesar da revisão positiva, são um investimento dependente da evolução das Euribor, taxas que, desde Outubro, têm vindo a recuar consecutivamente, reflectindo os cortes de juro do Banco Central Europeu. A taxa de juro líquida para as novas subscrições em Março será de 1,499%, acima da inflação, mas abaixa das melhores taxas praticadas nos depósitos a prazo até um ano, que chegam a ser superar os 3%.

Na verdade, a lógica de investimentos nos certificados de aforro é de longo prazo. E o novo cálculo do juro restitui-lhes competitividade. A simulação a cinco anos efectuada pelo Negócios, o “CaixaAforro”, revela a primazia do produto do Estado.

O mesmo já não acontece quando a comparação é feita com outros produtos de investimento de baixo risco. Os seguros de capitalização, produtos de poupança a médio e longo prazo com grande garantia de capital, apresentam uma rendibilidade bem mais atractiva. Neste caso, o Negócios considerou a evolução passada do seguro de capitalização com melhor desempenho, o “Montepio Remuneração Anual”, o que não é garante de ganhos futuros.

Há fundos de obrigações a apresentar também retornos mais aliciantes do que os novos certificados de aforro, mas com risco de perda de capital. O retorno do melhor fundo desta classe nos últimos cinco anos proporcionaria a melhor rendibilidade de todos os produtos analisados.

O porquê da escolha da notícia:

No dia 2 de Março, o Jornal de Negócios, noticiava um artigo, no suplemento “Investidor Privado”, intitulado “CERTIFICADO DE AFORRO, Novo juro devolve atractividade”.

Assim, cientes da importância do investimento e da poupança na conjuntura actual, tal como, da escolha da melhor opção, decidimos abordá-la.

A noticia está bem encaminhada e muito esclarecedora, mostrando ao leitor as alterações realizadas na “Série C” e as suas implicações.

De facto, esta compara o certificado de aforro, com outros instrumentos de poupança, no prazo de 5 anos (Longo Prazo), tendo por base uma aplicação de 5000 euros, o que nos permite ter uma percepção da sua atractividade. Por outro lado, apresenta como calcular a remuneração de uma aplicação na “Série C” com os novos padrões impostos pelo Estado, na data da notícia.

Por fim, o artigo vai de encontro com a matéria leccionada, nomeadamente, mercados financeiros, taxas de juro e valor financeiro do tempo.

O parecer crítico do grupo em relação a esta notícia:

Os certificados de Aforro são títulos da Dívida Pública, emitidos pelo Estado Português a pessoas singulares, que podem ser subscritos no IGCP (Instituto de Gestão do Crédito Público), no serviço Aforro Net e nos CTT.

Estes eram, até à introdução da Série C, em Janeiro do ano transacto, “os instrumentos de poupança de excelência dos portugueses”.

De facto, a introdução da Série C no mercado dos aforros “não foi bem recebida pelos investidores”, que demonstraram o seu desagrado, “resgatando as suas poupanças”, o que implicaria “uma fuga de capital” no valor de 997 milhões de euros.

O Governo vem agora actualizá-la, numa tentativa de fortalecer esta via de financiamento e, de certo modo, captar poupança Nacional.

A nova “fórmula de cálculo menos penalizadora e prémios de permanência mais atractivos”, imposta a 1 de Março de 2009, volta a dar competitividade a “este popular produto de poupança”, no longo prazo, como vemos através da comparação entre o certificado de aforro e outros produtos de poupança, realizada pelo Jornal de Negócios.

No seu estudo, o Negócios simula uma aplicação de 5000 euros, num período de 5 anos, para quatro tipos de instrumentos financeiros, precisamente, certificados de aforro, depósitos a prazo, seguros de capitalização e fundo de obrigações:

Na nossa análise, decidimos proceder aos cálculos dos retornos esperados de cada um dos investimentos, para melhor perceber a notícia, tal como, desenvolver os conhecimentos da disciplina em casos práticos do nosso dia-a-dia.

O artigo fornecia-nos a taxa de juro média de cada uma das aplicações, pelo que, os juros já não serão agregados ao capital. Assim, o sistema a utilizar é o regime de juros simples (RJS):

Juros = Capital x Taxa de Juro x Actual

Simulação:

✓ Capital=5000 €

✓ Actual=5 anos

✓ Taxa de Juro (r) depende de investimento para investimento

1) Certificados de Aforro

TAEG=2,17%

Juros = 5000 x 2,17% x 5 = 542,5 €

Capital ao fim de 5 anos = 5000 + 542,5 = 5543 €

2) Depósitos a prazo (“Caixa Aforro”)

TAEG=1,41%

Juros = 5000 x 1,41% x 5 = 353 €

Capital ao fim de 5 anos = 5000 + 353 = 5353 €

3) Seguros de Capitalização (“Montepio Remuneração Anual”)

TAEG=2,56%

Juro = 5000 x 2,56% x 5 = 640 €

Capital ao fim de 5 anos = 5000 + 640 = 5640 €

4) Fundos de Obrigações (“Templeton Global Bond A Acc €”)

TAEG=4,88%

Juro = 5000 x 4,88% = 1220 €

Capital ao fim de 5 anos = 5000 + 1220 = 6220 €

Assim, concluímos que o certificado de Aforro, numa perspectiva de longo prazo, apesar de não ser tão rentável como o seguro de capitalização “Montepio Remuneração Anual” e o Fundo de Obrigações “Templeton Global Bond A Acc €”, é atractivo comparado com a “Caixa Aforro” da CGD.

É de referir, também, que o facto de o instrumento de poupança em estudo não ter risco, torna-o ainda mais competitivo, pois existem “fundos de obrigações a apresentar (…) retornos mais aliciantes (…), mas com risco de perda de capital”.

Já no curto prazo, o recurso aos certificados, não são um bom investimento, pois este “dependente da evolução das Euribor” e, como verificamos na análise da notícia internacional (“Euribor caí à 100 dias e bate mínimos Históricos”, Jornal de Negócios, 4 de Março de 2009), desde Outubro que esta tem vindo a recuar consecutivamente. Pelo que, as taxas de juro liquidas de impostos dos certificados de aforro (em Março equivale a 1,499%) ficam à quem das oferecidas por alguns depósitos a prazo até um ano, “que chegam a superar os 3%”.

Para além da análise dos certificados de aforro em relação a outros investimentos, o artigo, também estabelece um paralelo entre o antes e o depois da Série C, e mostra-nos, deste modo, como calcular a remuneração obtida numa aplicação deste tipo.

Assim, em primeiro lugar teremos “de seguir de perto a evolução da Euribor a três meses (…) [pois o] IGCP tem por base a média deste indexante (…), nos dez dias úteis anteriores ao antepenúltimo dia de cada mês.” Após o cálculo da média da Taxa Euribor, teremos de multiplicá-la por 0,85 e, nesta nova conjuntura, adicionar ao valor resultante 0,25. Deste cálculo resulta a Taxa de Juro base a ser aplicada aos investimentos realizados durante o mês seguinte. De lembrar que “anualmente, terá ainda de adicionar à taxa o prémio de permanência”.

Para a taxa de juro do mês de Março, teríamos de ter em atenção a Euribor dos 10 dias úteis anteriores ao dia 26, pois Fevereiro tem 28 dias.

Para exemplificar procedemos ao cálculo de uma aplicação, a ser iniciada durante o mês de Março, antes e depois das alterações efectuadas (nos nossos cálculos a taxa de juros não é liquida de impostos):

|Prémios de Permanência |

| |Antes |Depois |

|2º ano |0,25% | 0,5% |

|3º ano |0,50% |0,75% |

|4º a 7º |0,75% |1% |

|8º ano |1% |1,25% |

|9º ano |1,5% |1,5% |

|10º ano |2,5% |2,5% |

Condições:

Aplicação – 5000 €

Duração – 10 anos

Taxa média da Euribor = 1,91%

ANTES

Calcular juros

Taxa de Juro base = Taxa Média Euribor x 0.85 - 0.25

Taxa de Juro base = 1,91 x 0,85 - 0,25 = 1,37%

Taxa de Juro 1ºano = 1,37%

Juros 1º ano = 5000x 1,37%= 68,5 €

Capital Fim 1º ano = 5000 + 68,5 = 5068,5 €

Taxa de Juro 2ºano = 1,37% + 0,25% (prémio de permanência) = 1,62%

Juros 2ºano = 5068,5x 1,62% = 82,1097 €

Capital Fim 2º ano = 5068,5 + 82,1097 =5150, 6097€

Taxa de juro 3º ano = 1,37% + 0,5 % = 1,87 %

Juros 3º ano = 5150,6097 x 1,87% = 96,3164

Capital Fim 3º ano = 5150,6097 + 96,3164 = 5246,9261 €

Taxa juro 4º a 7º ano = 1,37% + 0,75% = 2,12%

Capital Fim 7º ano = 5246,9261 x (1 + 2,12%)^4 = 5706,2155 €

Pode-se utilizar o regime de juro Composto pois a taxa é constante nestes anos. Elevado a 4 pois são 4 anos que se calcula.

Taxa de juro 8ºano = 1,37% + 1% = 2,37%

Juros 8º ano = 5706,2155x 2,37% = 135,2373

Capital Fim 8º ano = 5706,2155 + 135,2373= 5841,4528 €

Taxa de Juro 9º ano = 1,37 % + 1,5 % = 2,87%

Juros 9º ano = 5841,4528 x 2,87% = 167,6497

Capital Fim 9º ano = 5841,4528 + 167,6497 = 6009,1025 €

Taxa de Juro 10º ano = 1,37% + 2,5 = 3,78 %

Juros 10º ano = 6009,1025 x 3,78% = 227,1441

Capital FINAL = 6009,1025 + 227,1441 = 6236,24 €

DEPOIS

Calcular juros

Taxa de Juro base = Euribor x 0.85 + 0,25

Taxa de Juro base = 1,91 x 0,85 + 0,25 = 1,874 % (como verificada pelo IGCP para o mês de Março)

Como a forma de calcular é a mesma do que no “Antes” apenas apresentaremos os resultados e os cálculos mais importantes.

Taxa de juro 1º ano = 1,874 % Tx Juro 2º ano = 2,374%

Juros 1º ano = 93,7 Juros 2º ano = 120,9244

Capital 1º ano = 5093,7 € Capital 2º ano = 5214,6244 €

Tx Juro 3º ano = 2,624 % tx Juro 4º ao 7º ano = 2,874 %

Juros 3º ano = 136,8317 Capital 7º ano = 5351,4561 x (1+2,874%)^4

Capital 3º ano = 5351,4561 € = 5993,6927 €

Tx Juro 8º ano = 3,125 % tx juro 9º ano = 3,374%

Juros 8º ano = 187,3966 Juros 9º ano = 208,55

Capital 8º ano = 6181,0893 € Capital 9º ano = 6389,6393 €

Tx Juro 10º ano = 4,374 %

Juros 10º ano =279,4829

Capita FINAL =6669,12 €

Através dos cálculos podemos confirmar que, de facto, a Série C tornou-se mais rentável com a nova actualização, verificando-se o “aumento da rendibilidade dos Certificados de Aforro de 8%” notificados pelo Jornal de Negócios.

Concluindo, o certificado de aforro voltou a ser uma boa fonte de investimento no longo prazo, pois a nova fórmula para calcular os juros, para além de não penalizar, ainda aumentou os prémios de permanência, o que permite um aumento significativo da rentabilidade, comparativamente com igual período do ano passado.

Contudo, também é de referir que, o facto de este instrumento de poupança estar intrinsecamente dependente da Euribor a 3meses, vem abrandar as vantagens competitivas do mesmo, face a outros instrumentos financeiros, principalmente, no curto prazo. Isto devido à galopante queda da taxa Euribor desde Outubro de 2008.

Deste modo é importante o investidor analisar todas as propostas para assim rentabilizar da melhor maneira o seu investimento.

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