COMEÇO, MEIO, SEM FIM



COMEÇO, MEIO, SEM FIM

No começo achei que tudo seria muito difícil. Que não ia conseguir terminar o projeto até a data estabelecida para apresentação. Quatro meses - dos seis que eu teria para fazer o trabalho - eu passei achando que seria suficiente ler alguns livros e visitar alguns sites que a minha querida professora orientadora Sonia Aguiar tinha indicado.

Até que, no dia 08 de dezembro de 2000, tive que pautar uma entrevista que faria com o Arthur Dapieve. Naquele momento eu me dei conta de que o meu projeto precisava ter objetivos estabelecidos e uma proposta de conteúdo. Depois de conversar bastante com o Arthur no telefone fiquei mais tranquila e pensei:

- "Já tenho pelo menos um depoimento. Meu trabalho já começou".

Aí me empolguei e comecei a escrever como uma novata jornalista em uma redação de jornal. Preocupada com deadline, com o foco da matéria e ansiosa por saber qual seria a "opinião pública"- neste caso, o crivo da minha exigente professora Sonia.

No mesmo dia terminei o capítulo 1 do meu trabalho. Que alívio! Mas eu não podia parar, tinha que continuar lendo livros, fazendo entrevistas e escrevendo com o mesmo entusiasmo que escrevi a primeira linha. Recebi a "crítica da opinião pública" que me decepcionou e desafiou. Muitos cortes, parágrafos a serem reescritos e muito, muito mais coisa para pesquisar.

Continuei meu trabalho de pesquisa, dormindo pouco, lendo muito, escrevendo como se fosse um passatempo e aí o trabalho fluiu bem mais leve e agradável. Até que o clima de natal me pegou pelo pé. Pessoas saindo às ruas em busca de presentes, organizando festas, viagens, clima de férias e eu ali escrevendo a minha maldita monografia de final de curso.

E o clima de estresse ia aumentando com o ano novo, domingos sem praia, dias sem fazer ginástica e horas e horas dedicadas à um só propósito. Rock in Rio??? Nem pensar. Fica calma que daqui há quatro anos tem outro....

Dia 22 de janeiro - deadline de entrega do trabalho para a professora orientadora e para os professores da banca. Tudo pronto e um frio na espinha de saber que a partir daquele momento eu estava a um passo de me tornar uma jornalista. Na verdade acho que toda a minha insegurança era com relação a esse fato e não propriamente com o meu projeto...

Dia 29 de janeiro - data de apresentação do projeto. Nervosismo em alta - tanto quanto a temperatura de 45 graus do dia. Na hora H só pensei em uma coisa: "tudo o que pude, eu fiz e colherei os frutos neste momento." Quase dez horas da noite no Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF, depois de terminada a apresentação e a avaliação da banca recebi o resultado. Algumas críticas vêementes como por exemplo a teimosia de Sylvia Moretszhon em não aceitar que o público na Internet tem poder de construir esta nova mídia. Apesar de tudo: elogios, muitos elogios, Nota 9,0. Parabéns. Você já é uma jornalista!

Um mix de medo e felicidade invadiu meu coração neste momento - isto sempre acontece quando me deparo com situações novas na minha vida. No dia seguinte o que senti foi muito estranho: um vazio completo, uma "falta de preocupação" boa e ruim ao mesmo tempo e logo pensei:

- "Agora é que meu trabalho começou. A partir de hoje vou me dedicar para colocar este projeto na Internet. Sem querer ser pretenciosa acho que será útil como pesquisa para muitos estudantes. Por ser um projeto que trata de um ambiente midiático que está em constante transformação, todo o meu trabalho corria o risco de tornar-se desatualizado e sem sentido se ficasse só no papel. Esta idéia do site é fantástica pois além de conter o projeto na íntegra, pode ser atualizado constantemente, acrescentando informações valiosas... Este é só o meio do meu trabalho...

Sinto que ele não terá fim, e estou feliz por isso. Gosto de saber que preciso estar "antenada" com todas as modificações que estão ocorrendo neste novo ambiente midiático. Agora não me sinto mais como uma novata jornalista em seu primeiro dia em uma redação, mas sim como uma profissional de uma mídia extremamente desafiadora que tende a provocar inúmeras transformações no processo de comunicação...

Este sempre foi o objetivo do meu projeto: caracterizar e analisar o princípio de um novo ambiente midiático que surge para ficar. Asssim como o rádio, a televisão, o impresso... O jornalismo na Internet está apenas no começo de sua história que, certamente terá um meio recheado de coisas novas mas nunca terá fim...

APRESENTAÇÃO

Jornal, rádio, TV, Internet: a evolução dos meios de comunicação está intrinsecamente relacionada com a aceleração do ritmo de vida das pessoas nas sociedades urbanas e com o projeto de evolução do capitalismo. Nesse ambiente competitivo, o jornalismo encarrega-se de veicular a informação da maneira mais rápida e mais verídica possível, embora nem sempre mais completa.

O desafio é uma constante nesta atividade, pois cada novo veículo de comunicação que surge provoca mudanças no modo de produção, estruturação e apresentação das notícias; é preciso que se crie uma uma nova linguagem, para uma publicação ou forma de veiculação diferente, direcionada a um público-alvo com outras exigências. O profissional deve estar sempre "antenado" com essas tendências e preparado para exercer a atividade pautado nos princípios da profissão e no desafio de participar dessa evolução.

Atualmente os jornalistas vivem um marco na história da comunicação, no qual a Internet parece consolidar a evolução de todos os meios em um só, capaz de oferecer conteúdo multimídia, leituras complementares sem limitação de espaço físico e transmissão de informação a uma velocidade que supera todos os demais veículos.

Foi o surgimento desta "nova mídia" e as possibilidades de veiculação de informação jornalística que ela oferece que me motivaram a produzir este projeto de conclusão do Curso de Comunicação. Certamente, daqui a algum tempo (e este é muito efêmero, pode ser até amanhã) as discussões deste projeto estarão ultrapassadas e a análise das mais importantes publicações do Brasil e do mundo na Internet parecerão um pouco sem sentido. Contudo, tenho certeza que o trabalho será valorizado por pessoas que o utilizarão para pesquisa como a análise de um marco da comunicação.

* Na verdade já estou sentindo essa passagem de tempo. Como está especificado no topo da página o projeto foi apresentado em 29 de janeiro de 2001 e a conclusão deste site, em junho do mesmo ano já necessitava de algumas alterações. Pessoas mudaram de ocupação, alguns sites mudaram seus layouts e até conteúdo. Por isso, me preocupei em não somente transcrever o meu projeto de pesquisa para este site mas, sim, atualizá-lo e e completá-lo para agregar valor ao trabalho.

Apresentarei uma breve discussão sobre o surgimento dessa "nova mídia" e mostrarei como conceituadas publicações nacionais e internacionais do meio impresso estão se estruturando no ciberespaço e produzindo conteúdos para a Internet. Analisarei também publicações essencialmente eletrônicas, que surgiram nesse novo ambiente tecnológico e de comunicação, destacando de que maneira elas se diferenciam de outras que foram adaptadas.

AS PERGUNTAS

Que princípios devem nortear esta emergente forma de se fazer jornalismo para que a qualidade não fique prejudicada em detrimento da velocidade?

Como é a linguagem utilizada no jornalismo para a Internet?

Como deve ser a relação com os leitores, agora usuários da informação?

Que atributos deve ter um bom site noticioso?

Que tipo de profissional irá pensar o que e como deve ser veiculado nesta nova mídia?

Estas são algumas questões que orientaram a produção deste projeto, sem perder de vista que esta nova mídia está repleta de desafios e não de modelos a serem seguidos.

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A NOVA MÍDIA

Com a velocidade de transmissão da notícia no rádio, o poder de entretenimento da televisão e o charme dos recursos visuais que misturam design, fotografia, vídeo e animação, a Internet consolida-se como uma nova mídia. Emissor e receptor vivenciam o mesmo momento da comunicação. Potencialmente, a interatividade é plena e o texto não tem limites. Isto facilita o detalhamento e a análise dos assuntos, como em um jornal ou uma revista, com a vantagem do hipertexto, que abre novas possibilidades de leitura. Segundo Pierre Lévy,

"(...) a digitalização permite associar na mesma mídia e mixar finamente os sons, as imagens animadas e os textos. (...) o hipertexto digital seria, portanto, definido como uma coleção de informações multimodais dispostas em rede para a navegação rápida e intuitiva"

Esta potencialização da informação desafia o modo de fazer jornalismo. O que ainda se observa, porém, é uma transposição do conteúdo impresso para o online e o não aproveitamento das possibilidades que a nova mídia oferece.

A história da comunicação ensina que, numa primeira fase, os novos meios tendem a copiar os velhos. Os antepassados do jornal inspiram-se no livro, o rádio, na imprensa, o cinema no teatro, a televisão no rádio e no cinema... Não surpreende que o ciberjornalismo se apóie nos modelos preexistentes do jornalismo escrito, radiofônico e de agência. Mas as possibilidades revolucionárias que oferece dizem respeito à possibilidade da documentação imediata que poderá ajudar a resolver o eterno problema da contextualização em jornalismo.

O jornalismo na Internet apresenta possibilidades de contextualização e enriquecimento do conteúdo como nunca existiu em qualquer outra mídia. A limitação do papel sempre foi um obstáculo enfrentado pelo jornal impresso, assim como a atualização de notícias e a impossibilidade de mostrar imagens e sons do fato reportado.

O certo é que se o fraco consumo de jornais se deve substancialmente à concorrência da televisão - que complementa as notícias com as imagens e sons sobre o que passou ou está a passar no local da notícia - é o jornal que continua a ser o melhor meio para quem quer aprofundar as notícias (...) Uma publicação online pode ser uma forma de fundir as vantagens de um e outro meio, complementado os textos com vídeo, áudio, sem desvalorizar o seu conteúdo e até o alargando a todo o tipo de informação que um jornal tradicional, por limitações de espaço, não pode oferecer a seus leitores.

O principal desafio para o jornalismo é lidar, proveitosamente, com a subversão do espaço e do tempo. No primeiro caso está a não limitação do espaço do papel (e sua ocupação não-linear) como referencial para a veiculação de conteúdos textuais e, no segundo, a velocidade e mudança na noção de temporalidade.

Os dispositivos hipertextuais nas redes digitais desterritorializaram o texto. Fizeram emergir um texto sem fronteiras nítidas, sem interioridade definível. (...) O texto é posto em movimento , envolvido em um fluxo,vetorizado, metamórfico. Assim está mais próximo do próprio movimento do pensamento , ou da imagem que hoje temos deste. Perdendo sua afinidade com as idéias imutáveis que supostamente dominariam o mundo sensível, o texto torna-se análogo aos universos de processo ao qual se mistura.

Tempo e espaço nas publicações eletrônicas

Para iniciarmos a discussão sobre a compressão espaço-temporal que estamos vivendo podemos tomar como exemplo o chavão da campanha publicitária da IBM - uma das mais importantes empresas de informática do mundo - "soluções para um mundo pequeno". Esse "encolhimento" progressivo, resultante da superação de barreiras espaciais em graus cada vez maiores, significaria a própria "supressão" do espaço, em conseqüência do processo que torna possível a transmissão de informações em "tempo real".

Castells argumenta que várias temporalidades subsistem, embora uma esteja emergindo como determinante: a que ele chama de tempo intemporal, próprio da estrutura de rede, onde passado e futuro se fundem num eterno presente. Essa noção de atemporalidade que situa os fatos na Internet está ligada também à noção de um espaço virtual onde as coisas acontecem e são atualizadas, informações são divulgadas, pessoas se comunicam, e tudo acontece sob um conceito de simultaneidade. Segundo Pierre Lévy,

"A noção de tempo real, inventada pelos informatas, resume bem a característica principal, o espírito da informática: a condensação no presente, na operação em andamento. O conhecimento de tipo operacional oferecido pela informática está em tempo real."

O jornalismo acompanha este processo de subversão da temporalidade, seguindo o caminho que já havia sido percorrido pela televisão quando introduziu o culto ao "ao vivo".

"Se a televisão assim se impôs, foi não só porque ela apresenta um espetáculo, mas também porque ela se tornou um meio de informação mais rápido que os outros, tecnologicamente apta, desde o fim dos anos 80, pelo sinal de satélites, a transmitir imagens instantaneamente, à velocidade da luz."

Além da possibilidade de disponibilizar informações a todo segundo, os sites noticiosos de publicações impressas procuram aproveitar os recursos multimídia de áudio e vídeo para enriquecer o conteúdo e reiterar o conceito de tempo real - o que a televisão e o rádio sempre conseguiram desempenhar melhor do que os impressos. "Pela primeira vez os jornais vão poder competir em igualdade com o rádio e a TV."

O impulso desta nova mídia é a velocidade. As informações digitalizadas ocupam "pouco espaço" e assim podem ser difundidas mais rapidamente. Segundo a jornalista e professora de comunicação da UFF Sylvia Moretzhon, em sua dissertação de mestrado A velocidade como fetiche, a base sobre a qual se desenvolve a percepção de "aceleração do tempo" repousa sobre a própria lógica do capital. Ela explica como o desenvolvimento dos meios de produção visa à aceleração e ao posterior lucro dos produtores. Neste ambiente também podemos incluir a produção de notícias e a evolução tecnológica das máquinas que "formatam" o jornalismo.

Considerando-se que, "se o dinheiro não tem um sentido independente do tempo e do espaço, sempre é possível buscar o lucro (...) alterando os modos de uso e definição do tempo e do espaço", Harvey baseia-se no padrão de circulação de capital para argumentar :

"Há um incentivo onipresente para a aceleração, por parte de capitalistas individuais, do seu tempo de giro com relação à média social, e para fazê-lo de modo a promover uma tendência social na direção de tempos médios de giros mais rápidos. (...) O efeito geral é, portanto, colocar no centro da modernidade capitalista a aceleração do ritmo dos processos econômicos e, em conseqüência, da vida social. (...)"

A aceleração na vida social propõe mudanças na aceleração da produção de notícias, que devem traduzir os acontecimentos do cotidiano. Foi assim com os jornais impressos, com o rádio, com a televisão e atualmente com a Internet. O desenvolvimento de novas tecnologias implica não somente uma transformação do formato da notícia mas também sua periodicidade.

Assim, no jornalismo de Internet, não se pode falar exatamente em periodicidade - fornecimento de informações em intervalos regulares. A atualização das publicações eletrônicas é feita de forma aleatória, de acordo com o ritmo dos acontecimentos - e quão veloz é esse ritmo em que vivemos... Este tipo de publicação propõe-se a veicular "notícias" a todo segundo, o que nos remete a uma prática antiga da concorrência entre empresas de comunicação: o esforço em mostrar os fatos em "primeira mão".

É em torno dessa idéia de dinamismo que a imagem da atividade jornalística se constrói. (...) Notícias de última hora: tudo é urgência. É a ideologia da velocidade e do progresso, no dizer de François Brune:

"Toda mobilidade é positiva: o mal maior é ser "ultrapassado". A maioria das competições é à base da velocidade, mas é em todos os domínios que é preciso andar depressa, pensar rápido, viver rápido (...)"

Diante destes fatores pode-se dizer que a lógica de pensar uma publicação eletrônica é completamente diferente de uma publicação impressa diária, semanal ou mensal. Há um comprometimento muito maior com a velocidade na transmissão da informação. Tais publicações apresentam, portanto, alguma semelhança com agências de notícias, no sentido da periodicidade da transmissão da informação.

Credibilidade das informações na Internet

A excessiva preocupação com a "obrigação" de veicular uma notícia a cada segundo na Internet opõe-se ao bom e velho conceito do jornalismo de investigação, apuração e veracidade das informações.

A informação dita online (isto é, diretamente acessível) encontra-se geralmente dividida em pequenos módulos padronizados. (...) o texto dos jornais acessíveis através do Minitel [sistema francês de comunicação] parece mais com notas de agências do que com análises profundas de uma situação.

Não é de se espantar o fato de a nova mídia estar repleta de sítios que se dizem noticiosos, veiculando informações nem sempre confiáveis e, mais do que isso, lixos imediatistas. Como Harvey definiu a produção em larga escala de notícias sensacionalistas:

É a volatilidade da era do descartável, que, "mais do que jogar fora bens produzidos (criando um monumental problema sobre o que fazer com o lixo)", significa "ser capaz de atirar fora valores, estilos de vida, relacionamentos estáveis"(...)

Felizmente alguns jornalistas ainda valorizam a qualidade das informações em detrimento da competição com relação à divulgação das notícias em primeira mão.

Sempre haverá espaço para as pessoas que falam: não estamos preocupadas em dar a notícia em primeira mão, mas sim em dar corretamente. Os consumidores de notícias estão mais interessados na qualidade da informação não importa se está no New York Times, no Wall Street Journal, Los Angeles Times ou Washington Post - tem que manter a qualidade enquanto está sendo mais rápido e melhor do que o outro jornal. Mas se sucumbir à pressão da competitividade e sacrificar a qualidade, a empresa de comunicação estará traindo seus leitores.

Podemos citar um exemplo interessante sobre esta questão da credibilidade das informações veiculadas na Internet com a propaganda que o Globo on line apresenta atualmente. A mensagem é: não basta publicar uma notícia na Internet, deve-se manter a ética profissional de investigação e apuração do fato assim como se faz para qualquer mídia.

Segundo a opinião da editora-chefe do Globo online, Joyce Jane, divulgada no fórum de discussão sobre a luta entre a velocidade e a qualidade da informação no site , "os jornalistas online não podem simplesmente correr a notícia pela notícia só para ser o primeiro. No longo prazo, a velocidade acaba prejudicando a credibilidade do veículo e ele acaba não conseguindo se manter no mercado.

Uma questão interessante que podemos observar na propaganda do Globo on line é o aproveitamento da credibilidade do veículo impresso para o eletrônico no slogan: "Jornal O Globo: 30 anos impresso, 4 anos online."

Esta tendência de "aproveitamento de credibilidade" foi reiterada por Arthur Dapieve em entrevista concedida a mim no dia 8 de dezembro de 2000. Enquanto discutíamos sobre a aceitação de uma publicação criada exclusivamente para a Internet - no caso, o NO., do qual é colunista diário - Arthur declarou ser um pouco mais demorado o processo de fidelização dos usuários às novas publicações, uma vez que estão acostumados a procurar na web veículos de credibilidade em outras áreas de comunicação. Com isso, as publicações impressas atraem leitores na Internet porque já têm a credibilidade do impresso e os leitores buscam isso.

A Internet cria a sua linguagem

Assim como aconteceu na era do rádio ou nos primeiros tempos da televisão, o aprendizado da linguagem a ser utilizada na Internet ainda é o maior desafio dos profissionais da comunicação. Sempre que uma nova tecnologia comunicacional entra em uso, nos tornamos novamente analfabetos. Todos concordam que essa mídia exige uma nova linguagem que ainda está sendo esboçada, tateada, testada, na própria prática da Internet.

Arthur Dapieve, colunista semanal do jornal impresso O Globo e diário da publicação online NO., diz que os jornalistas vêm tendo que adquirir, de um tempo para cá, um "know how jornalístico tecnológico".

"Quando iniciei o trabalho no NO. não sabia dos recursos que poderia utilizar para produzir a coluna. À medida que fui me familiarizando com certas ferramentas, acho que o meu trabalho ficou muito mais interessante e sei até onde posso explorar esta nova mídia", conta Dapieve.

A qualificação dos profissionais de comunicação e a possibilidade de integrar recursos tecnológicos para produzir conteúdo jornalístico têm sido a grande discussão sobre a Internet como meio de comunicação. Na guerra pela soberania, o que se vê é uma corrida das grandes empresas - impressas, televisivas ou radiofônicas - para conquistar seu espaço neste novo ambiente. O desafio é criar um outro tipo de publicação, com outra linguagem, inédita e interessante. Neste sentido, a primeira providência que as empresas de comunicação deveriam tomar seria a criação de uma equipe independente, responsável por produzir um outro tipo de conteúdo, com uma forma diferenciada de tratar os acontecimentos.

Daniel Deivisson, atual CEO do Guia Local, presenciou este processo de "implantação" da equipe de Internet no JB online, do qual foi subeditor. Em 1997, quando entrevistado por Sonia Aguiar para a revista virtual Conex@o, Daniel disse que a Internet, além de ser uma poderosa ferramenta de pesquisa para os meios de comunicação tradicionais, também estaria desenvolvendo uma nova maneira de se "fazer jornalismo" - que ele denominava jornalismo digital. Três anos depois, contudo, sua avaliação é de que ainda há muito por fazer:

"Nos primeiros anos os jornais brasileiros ainda estavam muito presos ao impresso e não exploravam as possibilidades da rede. Atualmente acho que os sites de jornais impressos já conseguiram se estabelecer na rede mas ainda não estão 100% web. Certamente o que impulsionou essa "evolução" dos sites dos jornais foi a participação do leitor, que critica e testa a capacidade da publicação a todo momento.", afirmou Daniel, em entrevista concedida a mim por e-mail.

A Internet, em sua constante evolução, apresenta cada vez mais recursos tecnológicos para a criação de publicações criativas, interativas e multimídia.

A evolução do design é excelente referência para quem está envolvido com o conteúdo. Enquanto os designers trataram a rede como jornal ou TV os sites tinham sua comunicação com o usuário completamente unilateral. Na época, o flash foi uma verdadeira revolução, com muitos sites tentando reproduzir os movimentos e dinâmicas da TV. Hoje, se observarmos o trabalho dos designers, veremos que os sites estão mais enxutos, objetivos e fáceis de navegar. O motivo é que os profissionais perceberam que a eficiência estava, não nos efeitos e nas cores, mas em criar um ambiente amigável e interativo.

Alguns recursos multimídia ainda estão começando a ser utilizados nas publicações brasileiras, apesar de um obstáculo: a qualidade da conexão à rede. Atualmente, a média da conexão dos internautas brasileiros é de 33.600 bps, segundo a editora do Tcinet, Yami Trequesser, e isto impede que os sites explorem a utilização de recursos tecnológicos que requerem uma boa conexão, como, por exemplo, o áudio e o vídeo. Contudo, com a expansão da banda larga de provedores com acesso via cabo e fibra ótica, a tendência é que, em pouco tempo as pessoas tenham uma conexão de 128Kbps. Nos EUA, a utilização do vídeo ainda não foi completamente incorporada à estrutura dos jornais de sites noticiosos mas está sendo muito discutido:

Calmamente, sem muito estrondo, os sites noticiosos estão começando a utilizar uma revolucinária ferramenta da informação: o vídeo. Segundo Jim Kennedy, diretor de serviços multimídia da Associated Press, a beleza da Internet é que ela nos permite cobrir um fato através do impresso, fotos, gráficos, som e vídeo.

Tom Philips, que coordena a informação da cadeia ABC e da Disney na Internet, refere que o ciberespaço nunca substituirá, por exemplo, a qualidade de um New York Times, acrescentando: "Não podemos ter vídeo com qualidade da TV, nem som com a qualidade da rádio, nem imagens como as das revistas." Mas a luta pelo jornalismo digital - argumenta - consiste na habilidade de integrar vários media, contendo motores de pesquisa que poupam o tempo de procurar nos jornais ou esperar na TV ou rádio o que nos interessa."

O grande desafio dos sites noticiosos é produzir um conteúdo que possa ser enriquecido com links para outros sites, documentos que dêem suporte ao que foi dito, mapas interativos, áudio, vídeo, fóruns, chats... A linguagem a ser utilizada na Internet deve levar em consideração que ela é mais do que um meio de comunicação, é um meio de informação e entretenimento.

Os Profissionais da Nova Mídia

As publicações eletrônicas perceberam, ainda em seu início, a necessidade de pessoas especializadas para lidar com conteúdo essencialmente Web, que pensasse e executasse um jornalismo com a lógica da Internet. As primeiras equipes de sites foram formadas por jornalistas da imprensa tradicional, designers de produtos impressos e programadores de informática. Aos poucos, porém, começou-se a exigir dos jornalistas que adquirissem um "know how jornalístico tecnológico", como qualificou Dapieve. Surgiram então os webdesigners, os editores de conteúdo, os webwriters e outras "variações" de jornalistas. Eles pensam a lógica dos sites, preocupam-se em como o usuário terá acesso às informações e isso envolve muito mais do que apurar, redigir e editar uma matéria.

Mais do que se adaptar à nova linguagem, os jornalistas da nova mídia devem saber que recursos podem ser utilizados para disponibilizar o conteúdo de forma interessante, criativa e interativa para seus usuários. Os jornalistas tradicionais que foram para a nova mídia tiveram que se ambientar neste espaço e aprender o que os recursos da informática podem oferecer para o conteúdo. Não é de se estranhar que passaram a ter que conhecer programas como Real Audio, Shockwave, Flash, Photoshop e outras ferramentas que fazem parte do cotidiano de uma publicação eletrônica.

Atualmente, com a utilização mais freqüente de recursos audiovisuais, a Internet tem absorvido muitos profissionais de rádio e televisão para produzir o conteúdo multimídia dos sites. A tendência da proliferação de rádios na Internet irá absorver a mão-de-obra das rádios tradicionais. "O ano 2001 talvez seja um bom momento para trazer profissionais de rádio experientes para as equipes das organizações noticiosas cuja mídia preferencial é o papel. A experiência deles será muito necessária nesse período de transição."

"É evidente que as organizações noticiosas do novo milênio terão seu material distribuído em múltiplas mídias - impressa, Web, e-mail, organizadores pessoais, telefones celulares, leitores de livros eletrônicos, pagers, rádio via Internet (...). O ponto é que uma empresa de notícias no começo do ano de 2001 não vai poder esperar sentada e se concentrar em apenas uma plataforma tradicional (...) Deve começar a treinar seus editores e repórteres para que produzam conteúdo para outros formatos de mídia. Os editores precisam aprender como criar pacotes de conteúdo apropriados para a edição em papel e para a edição voltada para os PalmPilots. (Não basta reaproveitar o mesmo conteúdo). Os repórteres precisam aprender como escrever uma matéria em formato sucinto para os assinantes de serviços de notícias via telefone celular, além da versão escrita para a edição em papel e de uma reportagem adicional para a web incluindo outros materiais e recursos."

Credibilidade das informações na Internet

A excessiva preocupação com a "obrigação" de veicular uma notícia a cada segundo na Internet opõe-se ao bom e velho conceito do jornalismo de investigação, apuração e veracidade das informações.

A informação dita online (isto é, diretamente acessível) encontra-se geralmente dividida em pequenos módulos padronizados. (...) o texto dos jornais acessíveis através do Minitel [sistema francês de comunicação] parece mais com notas de agências do que com análises profundas de uma situação.

Não é de se espantar o fato de a nova mídia estar repleta de sítios que se dizem noticiosos, veiculando informações nem sempre confiáveis e, mais do que isso, lixos imediatistas. Como Harvey definiu a produção em larga escala de notícias sensacionalistas:

É a volatilidade da era do descartável, que, "mais do que jogar fora bens produzidos (criando um monumental problema sobre o que fazer com o lixo)", significa "ser capaz de atirar fora valores, estilos de vida, relacionamentos estáveis"(...)

Felizmente alguns jornalistas ainda valorizam a qualidade das informações em detrimento da competição com relação à divulgação das notícias em primeira mão.

Sempre haverá espaço para as pessoas que falam: não estamos preocupadas em dar a notícia em primeira mão, mas sim em dar corretamente. Os consumidores de notícias estão mais interessados na qualidade da informação não importa se está no New York Times, no Wall Street Journal, Los Angeles Times ou Washington Post - tem que manter a qualidade enquanto está sendo mais rápido e melhor do que o outro jornal. Mas se sucumbir à pressão da competitividade e sacrificar a qualidade, a empresa de comunicação estará traindo seus leitores.

Podemos citar um exemplo interessante sobre esta questão da credibilidade das informações veiculadas na Internet com a propaganda que o Globo on line apresenta atualmente. A mensagem é: não basta publicar uma notícia na Internet, deve-se manter a ética profissional de investigação e apuração do fato assim como se faz para qualquer mídia.

Segundo a opinião da editora-chefe do Globo online, Joyce Jane, divulgada no fórum de discussão sobre a luta entre a velocidade e a qualidade da informação no site , "os jornalistas online não podem simplesmente correr a notícia pela notícia só para ser o primeiro. No longo prazo, a velocidade acaba prejudicando a credibilidade do veículo e ele acaba não conseguindo se manter no mercado.

Uma questão interessante que podemos observar na propaganda do Globo on line é o aproveitamento da credibilidade do veículo impresso para o eletrônico no slogan: "Jornal O Globo: 30 anos impresso, 4 anos online."

Esta tendência de "aproveitamento de credibilidade" foi reiterada por Arthur Dapieve em entrevista concedida a mim no dia 8 de dezembro de 2000. Enquanto discutíamos sobre a aceitação de uma publicação criada exclusivamente para a Internet - no caso, o NO., do qual é colunista diário - Arthur declarou ser um pouco mais demorado o processo de fidelização dos usuários às novas publicações, uma vez que estão acostumados a procurar na web veículos de credibilidade em outras áreas de comunicação. Com isso, as publicações impressas atraem leitores na Internet porque já têm a credibilidade do impresso e os leitores buscam isso.

O público-alvo das publicações eletrônicas

Quando falamos de jornalismo na Internet devemos ter em mente que as diretrizes que nortearam antigas publicações noticiosas não se aplicam a esta nova mídia. Mudam-se os conceitos de notícia, jornalistas, redação, dead line e leitor. Este último merece uma atenção especial pois será peça fundamental na estruturação do conteúdo.

O jornalismo online altera profundamente o papel do repórter e do editor. Primeiro, porque o jornalismo online coloca o poder nas mãos do consumidor/leitor, que substitui a publicação nas suas funções de gatekeeper da informação. É o leitor que seleciona e filtra as notícias, participa, interage, discute e propõe assuntos a serem abordados. Ele não é um agente passivo da comunicação, muito pelo contrário, torna-se ativo e espera ser retribuído pela sua participação. Dessa forma, podemos dizer que o conteúdo de uma publicação eletrônica não pode ser produzido em série e nem ser unilateral. Ele precisa provocar reações e o responsável pelo conteúdo - no caso,o jornalista - não pode se isentar deste resultado.

Segundo Marcos Palácios, pesquisador da UFBA - pioneira na investigação sobre o impacto cultural no chamado "ciberespaço" - "...as notícias, neste novo formato, não são "circuladas" mas sim "disponibilizadas". Isso implica que tem que haver um "movimento ativo" do consumidor potencial em acessar aquela informação. Some-se a isso a característica da personalização (o consumidor pode "formatar" seu jornal de acordo com seus interesses e preferências e teremos um perfil básico do que é o jornalismo digital).

Enquanto a Internet ainda está em fase de experimentação, muito pode ser feito para descobrir novas maneiras de se ganhar e manter leitores fiéis a uma publicação. Vários sites já oferecem a opção de o usuário cadastrar-se e escolher quais são os assuntos de seu interesse. Com isso, sites noticiosos transformam-se em páginas personalizadas com informações sobre os assuntos que o usuário determinou serem de seu interesse.

Uma outra forma de manter a fidelidade dos usuários é produzir freqüentes newsletters (via e-mail) que os informam quais são as novidades no site. Esta é uma maneira eficaz de mostrar ao usuário que o site se preocupa em produzir informações de seu interesse.

Quando se pensa no usuário como peça integrante na produção de um site, este tende a ser bem estruturado e a disponibilizar informações fáceis de ser encontradas.

Fóruns de discussão possibilitam um excelente caminho para obter um feedback dos leitores e responder às suas dúvidas de maneira eficiente. Eles percebem que tem alguém que está prestando atenção ao que eles tem a dizer. Esta também é uma maneira eficiente dos colunistas receberem novas idéias.

A "GRANDE IMPRENSA" BRASILEIRA NA INTERNET

As primeiras versões eletrônicas dos principais jornais brasileiros começaram a surgir com a difusão da Internet no Brasil, a partir de 1995. Hoje, as versões on-line dos principais jornais e revistas do país oferecem dados e informações complementares que ficaram de fora da edição em papel, além de matérias exclusivas para a rede. Contudo, ainda não pensam a Internet como nova mídia, em que um outro tipo de conteúdo deve ser veiculado com uma linguagem diferenciada.

Segundo Caio Túlio Costa, diretor de conteúdo do maior portal brasileiro na Internet, o UOL, os jornais brasileiros ainda estão muito presos ao seu conteúdo impresso em suas publicações eletrônicas e não exploram os recursos audiovisuais que a nova mídia permite.

"Convivemos ainda com a transposição preguiçosa de conteúdos impressos para a mídia online - vide a versão online da maioria dos jornais e revistas que exploram pouco os recursos desta nova midia - principalmente a interação"

De acordo com Arthur Dapieve, colunista semanal do jornal O Globo e diário da publicação eletrônica NO., "os jornais brasileiros na Internet ainda são muito novos e estão em constante reedição, engatinhando no que seja o fazer jornalismo para a Web. A tendência é que se crie um ambiente informativo voltado para o usuário e que o conteúdo seja disponibilizado de todas as maneiras possíveis: áudio, vídeo, gráficos,..."

A estruturação do conteúdo dos jornais nacionais na Internet tem uma tendência marcante de agrupamento de diversos veículos de uma mesma empresa dentro de um portal geral de conteúdo. Estes portais são estruturados de forma que exista um intercâmbio de informações entre as publicações. O usuário que vai em busca da versão online de um jornal impresso, por exemplo, sente-se perdido em um ambiente tão complexo.

Um exemplo claro disso é o portal .br, que engloba: O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Rádio Eldorado, Agência Estado e Listas Oesp. O Zero Hora, de Porto Alegre, também está integrado a um portal: o clicRBS - que engloba 17 emissoras de televisão, dez de rádio e cinco jornais. A Folha de São Paulo criou o Folhaonline, no qual disponibiliza conteúdo intimamente ligado ao UOL. O Globo online é o site que menos aparenta congregar informações de outros veículos - mesmo porque ele já é um subproduto do portal . O JB online também não apresenta esta tendência, agregando apenas a rádio JB FM e a rádio Cidade, que não são tipicamente noticiosas.

A título de exemplo, serão analisadas a seguir as versões para Internet dos quatro jornais mais tradicionais do eixo Rio-São Paulo - JB, O Globo, Folha e Estadão - e de dois importantes veículos da imprensa regional: Zero Hora e Correio Brasiliense.

PUBLICAÇÕES ELETRÔNICAS

Depois de fazer uma análise sobre como os jornais impressos estão utilizando o seu espaço na Web devemos discutir como as publicações que surgiram na Internet pensam e estruturam o conteúdo para a nova mídia. Assim como o projeto de qualquer outra publicação, é preciso que haja uma estruturação de como a informação será veiculada (projeto gráfico-editorial), qual a periodicidade, a equipe que realizará o trabalho e o que vai dar suporte financeiro à publicação, ou seja, a publicidade e/ou o patrocínio.

As publicações criadas para a nova mídia devem ter um conteúdo diferenciado e um outro tratamento da informação. É preciso estabelecer os princípios que determinarão um novo produto, que falará com um outro público-alvo e estará em outro ambiente tecnológico - ainda em constante evolução. Segundo o colunista diário da publicação NO., Arthur Dapieve, o grande desafio das publicações que surgem na Internet é a construção da credibilidade junto aos seus leitores.

"O público ainda procura na Internet os sites dos principais veículos de comunicação tradicionais - jornais, revistas e canais de TV - em busca de informação. Eles confiam na credibilidade do veículo em sua mídia e acreditam que esta também estará presente em sua publicação Web. Conquistar o usuário e a sua confiança é o grande desafio das publicações eletrônicas. Acredito que o usuário está se tornando cada vez mais exigente com relação ao conteúdo na Internet e saberá identificar em que publicação pode confiar."

Newton Fleury, coordenador de novas iniciativas do portal , acredita que a principal preocupação das publicações que surgem na Internet não deveria ser somente com o conteúdo, mas sim em disponibilizar algo que seja do interesse e da necessidade do usuário.

"As publicações brasileiras, mesmo as genuinamente de Internet como NO. e Último Segundo, ainda operam como as empresas de mídia tradicional, pois não entenderam que o conteúdo não é o mais importante. O exemplo de empresa de mídia para o próximo milênio chama-se Yahoo! que inventou e continua inventando a forma da Internet. O segredo é a integração conteúdo/serviços, chamados de sticky applications, pois fazem o usuário retornar ao site sempre. Neste tipo de publicação observa-se: calendário, e-mail, chat e outras ferramentas de interatividade como mapas com informações geo-referenciadas, games, etc."

De acordo com Newton Fleury, uma publicação eletrônica não precisa produzir conteúdo, mas agregar, organizar, integrar com serviços de alto grau de interatividade e personalização e fidelizar os internautas. "A palavra-chave é integração. Um site nada mais é do que um banco de dados bem estruturado."

Este capítulo apresentará uma análise de duas das principais publicações eletrônicas brasileiras e uma publicação do EUA, que abrange 16 países.

CONCLUSÃO

Depois de toda a pesquisa e análise de sites noticiosos aqui apresentada, percebi o quanto a Internet ainda tem a oferecer. Apesar de já estar sendo bem explorada por inúmeros veículos de comunicação tradicionais e publicações novatas que nunca existiram em papel, a Internet apresenta indícios de que pode evoluir bastante. Isto ficou muito claro para mim quando conversei sobre as perspectivas dessa nova mídia com profissionais da área. Os envolvidos com o conteúdo são bastante otimistas com relação à qualidade e "riqueza" do conteúdo que ainda pode ser veiculado na Web, e os envolvidos com negócios apontam uma tendência de que este ambiente, mais do que oferecer conteúdo jornalístico multimídia, poderá integrar serviços e entretenimento.

Devo confessar que me senti satisfeita quando analisei sites como CNET ou washingtonpost. Achei que estes talvez fossem os exemplos a serem seguidos e o máximo que a Internet poderia oferecer. Contudo, a integração será certamente uma etapa importante para a consolidação da Internet como a mídia que não vai estar presente somente através dos PCs mas também de palms, celulares, relógios...

Nesse contexto, o desafio do jornalismo é como acompanhar essas transformações sem perder as suas funções de informação e formação de opinião... As publicações noticiosas que existem atualmente parecem seguir o caminho de produzir conteúdo independente, pensado para esta mídia. Exemplos disso são o Clarin, da Argentina, que possui um conteúdo exclusivo para a Web; o WashingtonPost, dos EUA, que faz uso de recursos tecnológicos avançados - como áudio e vídeo de qualidade - para a apresentação de conteúdo jornalístico; o Le Figaro, da França, que domina a linguagem do hipertexto, e a Folha de São Paulo, no Brasil, que, mesmo restringindo seu conteúdo a assinantes, apresenta informações bem-estruturadas, exclusivas para a Internet.

Esta restrição de acesso de conteúdos somente para assinantes do jornal impresso ou do provedor é uma tendência mundial de que se pague pela informação exclusiva da Web - talvez esta seja a escapatória de muitas "dotcoms" que estão caindo vertiginosamente na Nasdaq.

De acordo com a opinião de profissionais entrevistados, percebe-se uma tendência de que os usuários procurem na Internet sites de publicações que já têm credibilidade no impresso. Aliás, esta é a maior dificuldade encontrada pelas publicações essencialmente Web - ter que conquistar o usuário. Para isso faz-se de tudo: conteúdo renovado a cada dia, novas páginas, seções, promoções serviços... Os sites são cada vez mais equipados para oferecer ao usuário o que supõe que ele quer ver, que precisa saber e sobre o que deseja ser informado.

A tendência dos sites é oferecer conteúdo, serviço e entretenimento personalizado para um usuário cada vez mais exigente em termos de informação e com ritmo de vida cada vez mais acelerado. A tendência do profissional do jornalismo será a de tornar-se multidisciplinar (e multitarefa) para que tenha sucesso na integração de todos os elementos que constituirão a nova mídia do futuro.

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