'Ó ÁFRICA SURGE ET AMBULA' Poema de RUI de NORONHA



SURGE ET AMBULA: PROFETA JESUS, APÓSTOLO JOÃO, E POETAS ANTERO DE QUENTAL E RUI DE NORONHA: SAI POESIA!

NOTA PRÉVIA:

"Ó ÁFRICA, SURGE ET AMBULA" Poema de RUI de NORONHA

Enviado por Maria do Mar em 30/10/2008 17:18

para o texto: Ó ÁFRICA PÁTRIA DO MUNDO © (T1256279) de João Craveirinha: Não resisti em deixar aqui este belo poema do grande Rui De Noronha, que ao ler o seu poema me surgiu, assim de vontade”...

(Diria eu aqui do recanto que “surgiu” na Maria do Mar, UMA ESPÉCIE DE SAUDADE do anteontem, sugerido pelo meu poema em):

Excerto: Ó África Pátria do Mundo – Enquanto te espreguiças – Numa letargia sem fim – O Mundo lá fora implacável – Prossegue – Na senda auto-destrutiva – Do Planeta e de Ti

……………………………….

Ó África Pátria do Mundo – Teus filhos no poder – O que fazem então?! – Aconchegados nos sofás dos Mercedes – Com whisky e televisão!? – Importados, longe do sertão – (Made in Germany, UK e Japão) – Enquanto seus súbditos minguam – Sem um tostão… (João Craveirinha)…

Ver COMPLETO em

SUGESTIONADO PELA “MARIA DO MAR” DO RECANTO DAS LETRAS FUI AO MEU ARQUIVO E COMPILEI ESTE TEXTO A PARTIR DE MAIS ELEMENTOS:

(Introduções a partir de conhecimento pessoal da obra e de dados inéditos do autor; primeira versão do poema “sugerido”; tradução em inglês e acesso a fontes credíveis)

INTRODUÇÃO

... Surge… et… ambula (Levanta-te e anda) – Foi com estas palavras que Jesus Cristo curou o paralítico.



Vulgate (Latin): John Chapter 5 (S.João, capítulo 5)

8 Dicit ei Jesus: Surge, tolle grabatum tuum et ambula. ... (segundo):



Nos Açores (Portugal) o Poeta português, ANTERO DE QUENTAL (Ponta Delgada, 18 de Abril de 1842 — 11 de Setembro de 1891) escreveu um poema inspirado nessa frase bíblica...SURGE (tolle grabatum tuum) ET AMBULA…intitulando: A UM POETA’ Surge et ambula! (em anexo)

Em Moçambique décadas mais tarde a mesma frase, inspira o poeta Rui de Noronha (1909 -1943).

Lá sabia o que dizia Lavoisier: …”que na natureza nada se cria …tudo se transforma”… Antoine Laurent Lavoisier nasceu em Paris a 26 de Agosto de 1743 tendo morrido a 8 de Maio de 1794. É considerado o fundador da Química moderna. ...

(primeira versão (!?) do poema, tradução em inglês e acesso a fontes)

(Revisto por JC)

Poema de:

RUI de NORONHA

"África – Surge et Ambula"

"Dormes! e o mundo marcha, ó pátria do mistério.

Dormes! e o mundo rola, o mundo vai seguindo...

O progresso caminha ao alto de um hemisfério

E tu dormes no outro o sono teu infinito...

A selva faz de ti sinistro eremitério

Onde sozinha à noite, a fera anda rugindo...

Lança-te o Tempo ao rosto estranho vitupério

E tu, ao Tempo alheia, ó África, dormindo...

Desperta! Já no alto adejam negros corvos

Ansiosos de cair e de beber aos sorvos

Teu sangue ainda quente em carne de sonâmbula.

Desperta! O teu dormir já foi mais que terreno

Ouve a voz do Progresso, este outro nazareno

Que a mão te estende e diz:

África, surge et ambula!"

RUI de NORONHA (década de 1930 – 1940)

(precursor da poesia da pré-negritude em Moçambique na esteira dos irmãos Albasine)

António RUI DE NORONHA, poeta moçambicano, nascido a 28 de Outubro de 1909, em Lourenço Marques (hoje, Maputo), e falecido a 24 / 25 de Dezembro de 1943. Era filho de um cidadão goês (Goa - Índia) e a mãe uma princesa zulo de Durban, Natal. (dados adicionados por JC que entrevistou para o Jornal de João Reis, a mãe do poeta, com 99 anos, na antiga Lourenço Marques na terra caMpfumo).

(versão inglesa)

RUI DE NORONHA Africa, Surge et Ambula (Get up and walk)

Sleep! and the world marches, o mysterious land.

Sleep! and the world spins, the world goes on...

The progress is moving on the top of a hemisphere

And you sleep in another your infinite sleep...

The jungle makes of you a sinister hermitage,

where alone, at night, the beast roars...

Time throws  to your face a strange insult

And you, ignore time, o Africa, continue to sleep...

Awake. In the sky crows already soar

Anxious to land  and drink slowly

Your blood still hot, of somnambular flesh...

Awake. Your sleep has been longer than the fields...

Hear the Voice of your Progress, this other Nazarene

Which the hand to you extends and tells you: - Africa, surge et ambula!

As the Poet 'shakes' this world and shouts

for you to wake up it is because still:

...in the sky crows already soar

Anxious to land  and drink slowly

Your blood still hot, of somnambular flesh...



Notes

To read the original version in Portuguese click here





ANTERO QUENTAL (Poeta português – açoriano, geração de 1870: Antero de Quental, José Fontana, Eça de Queirós e Oliveira Martins. Ramalho Ortigão, Teófilo Braga, Gomes Leal, Guerra Junqueiro, Jaime Batalha Reis, Guilherme de Azevedo, Aberto Sampaio, Adolfo Coelho, Augusto Soromenho)

A UM POETA’ Surge et ambula!

Tu que dormes, espírito sereno,

Posto à sombra dos cedros seculares,

Como um levita à sombra dos altares,

Longe da luta e do fragor terreno,

 

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,

Afugentou as larvas tumulares...

Para surgir do seio desses mares,

Um mundo novo espera só um aceno...

 

Escuta! é a grande voz das multidões!

São teus irmãos, que se erguem! são canções...

Mas de guerra... e são vozes de rebate!

 

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,

E dos raios de luz do sonho puro,

Sonhador, faze espada de combate!

ANTERO DE QUENTAL



Outra Sitografia

Associação Rui de Noronha



“África surge et ambula!”: Dra Rosely Zenker Barbosa Lopes, USP.

Mestranda em Estudos Comparados de Língua Portuguesa, FFLCH-USP. Pesquisa: Poéticas da violência em situação de colonização: Leitura crítica de António Jacinto e José Craveirinha.



Geração intelectual portuguesa de 1870



A UM POETA (surge et ambula)





................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download