Apontamentos d’Os Lusíadas



Apontamentos d’Os Lusíadas

Renascimento

Séculos XV e XVI

Época de mudança ao nível da Europa

Nasce na Itália do séc. XV, com a riqueza proveniente do comércio

Investimento em arte como mostra de riqueza

Os artistas e intelectuais criaram uma rede através de viagens e troca de correspondência

Humanismo; antropocentrismo (o Homem mentaliza-se das suas capacidades), contrariando o teocentrismo medieval

Valorização da razão e da experiência para certificação da verdade

Descobrimentos; repensar da relação do Homem com o mundo; valorização da Natureza

Abalo das crenças: aparecimento do Protestantismo e teoria heliocêntrica de Copérnico

Invenção da imprensa e maior facilidade de divulgação dos livros

Valorização da antiguidade clássica greco-romana. Representam equilíbrio, proporção e regularidade

Imitar os clássicos, imitar a Natureza

Luís de Camões

Nasce por volta de 1525

Sem documentação da educação (presumivelmente em Coimbra)

1549-1551: expedição ao Norte de África, onde perde o olho direito

Na sequência de uma briga é preso. Pede perdão ao Rei, é libertado e enviado para serviço militar na Índia

Preso na Índia por dívidas

Teve um naufrágio, salvando-se a nado com o manuscrito d’Os Lusíadas

Vasta obra lírica: canções, sonetos e redondilhas. Três comédias

Morre a 10 junho 1580. No terceiro centenário é-lhe erguida estátua em Lisboa

Características da epopeia

Remonta à Antiguidade grega e latina

Tem como expoentes máximos a Ilíada e Odisseia (Homero) e Eneida (Virgílio)

Normas:

o Grandeza e solenidade, expressão do heroísmo

o Protagonista: alta estirpe social e grande valor moral

o Início da narração in medias res

o Unidade de ação, com recurso a episódios retrospetivos e proféticos (analepse e prolepse)

o Os episódios dão extensão e riqueza à ação, sem lhe quebrar a unidade

o Maravilhoso: Os deuses devem intervir na ação

o Modo narrativo: o poeta narra em seu nome ou assumindo personalidades diversas

o Intervenção do poeta: reduzidas reflexões em seu nome

o Estilo solene e grandioso, com verso decassilábico

Estrutura d’Os Lusíadas

Externa:

o Verso decassilábico, maioritariamente heroico (acentuação nas 6.ª e 10.ª sílabas) ou sáfico (acentos nas 4.ª, 8.ª e 10.ª sílabas)

o Estrofes de oito versos com esquema abababcc (oitava heroica)

o 10 Cantos.

Interna:

o Proposição: o poeta anuncia o que vai cantar (I, 1-3)

o Invocação: pedido às divindades inspiradoras (I, 4-5; III, 1-2; VII, 78-82; X, 8)

o Dedicatória: oferecimento a personalidade importante (facultativa)

o Narração: ações do protagonista

Planos:

o Narração Histórica:

» Viagem de Vasco da Gama (plano fulcral)

» História de Portugal (plano encaixado)

o Narração mitológica

» Plano mitológico: Intervenção dos deuses (plano paralelo)

o Intervenções do Poeta

Alternância Mar/Terra

o Mar: I, II (Índico) V, VI (Lisboa-Calecut)

o Terra: III, IV (Melinde) VII, VIII (Calecut)

o IX, X: Mar e Terra (viagem de regresso e ilha dos amores)

Tempo

o Discurso: Viagem, de África à Índia e regresso

o História: Desde Viriato até ao tempo de Camões

o As ligações são feitas por analepses e prolepses/profecias

Resumo

Canto I

Proposição (1-3) – anúncio do assunto

Invocação (4-5) – às Ninfas do Tejo

o Poder para descrever condignamente os feitos dos portugueses

Dedicatória (4-18) – a D. Sebastião

o Segue a estrutura do sermão (exórdio, exposição, confirmação, peroração [recapitulação e epílogo])

o Incita D. Sebastião a feitos dignos de figurar na obra

Início da Narração (Moçambique a Mombaça)

o Ciladas preparadas em Moçambique: falso piloto para os conduzir a Quíloa. Vénus intervém e repõe o percurso normal

Consílio dos deuses (20-41)

o Simultaneidade com a navegação

o Decisão sobre chegada dos portugueses à Índia; oposição de Baco, Vénus e Marte a favor

o Luz, sinónimo de riqueza e conhecimento

Reflexão sobre a insegurança da vida (após traição de Baco)

o Depois de passar Moçambique, Quíloa e Mombaça

o Paralelismo entre perigos do mar e da terra

o Questão da fragilidade (pequenez) do Homem

Canto II

Viagem de Mombaça a Melinde (1-113)

A pedido de Baco, o Rei de Mombaça convida os portugueses para os destruir

Vénus impede a Armada de cair na cilada

Fuga dos emissários do Rei e do falso piloto

Vasco da Gama apercebe-se do perigo e dirige uma prece a Deus (apesar da mitologia pagã, o protagonista dirige-se sempre a Deus)

Vénus pede a Júpiter que proteja os portugueses, profetizando-lhes futuras glórias

Na sequência disto, Mercúrio (em sonho) indica a Vasco da Gama o caminho até Melinde

Festejos na receção em Melinde

Rei de Melinde pede a Vasco da Gama que lhe conte a História de Portugal (109-113)

Canto III

Invocação a Calíope (1-2)

História de Portugal – 1.ª Dinastia

Vasco da Gama como narrador e Rei de Melinde como Narratário

o Dificuldade em louvar o próprio

Desde Luso a Viriato

Formação da Nacionalidade

As conquistas dos reis da 1.ª Dinastia

Batalha de Ourique (42-54) – episódio épico

o Desproporção entre número de portugueses e Mouros (acentuando o valor do inimigo, mais se acentua o valor da vitória)

o Intervenção de Cristo – lenda portuguesa

o Contraste Touro (força moura) e cão (inteligência dos portugueses), apesar da diferença numérica

o Descrição da bandeira

Morte de D. Afonso Henriques (83-84)

o Personificação da Natureza e sua tristeza

Formosíssima Maria (102-106) – episódio lírico

Episódio de Inês de Castro (118-135) – episódio lírico

o Caracterização de D. Inês e D. Pedro

o Texto com didascálias e diálogo (teatro)

o O Rei é desculpado por Camões, culpando o povo e ministros, a quem D. Afonso IV cedeu para sobrepor a vontade do povo à sua

o Personificação da Natureza para lamentar a morte de Inês (subjetividade)

Canto IV

História de Portugal – 2.ª Dinastia

Revolução 1383-85 (1-15)

Discurso de D. Nuno Álvares Pereira (15-19)

Batalha de Aljubarrota (28-44)

o Nobres portugueses contra os próprios irmãos, aliados de Castela

o Ao valorizar D. Nuno (chefe), valoriza todo o povo, visto que na época se associava o valor do chefe ao valor dos seus súbditos (“um fraco rei faz fraca a forte gente”)

Sonho de D. Manuel (67-75)

o Rios Ganges e Indo aparecem-lhe como velhos, que lhe indicam que os portugueses terão sucesso na Índia

o Vasco da Gama é chamado para se lançar na viagem para a Índia

o Plano da História (com ligação à viagem)

Despedida em Belém (84-93) – episódio lírico

o Desmembramento das famílias

o Vasco da Gama evita grandes despedidas, pois só traria maiores angústias

Velho do Restelo (94-104)

o Representa o bom senso e prudência dos que defendiam a expansão para o Norte de África

o Representa a ligação à terra-mãe

o Camões mostra que a opção não é consensual e que, apesar de descrever os ideais épicos, existem outras ideologias

o Motivações erradas (glória de mandar, cobiça, fama e prestígio)

o Alerta para os perigos do mar, para a inquietação e adultério dos que ficam e para o despovoamento do território nacional

o Excesso de ambição é prejudicial (Ícaro)

o Lamentação da estranha condição humana

Canto V

Canto central d’Os Lusíadas (perigosas cousas do mar)

Viagem de Lisboa a Melinde

Fogo de Santelmo e tromba marítima (16-22)

o Episódio Naturalista

o Defesa da conquista do saber pela experiência (Humanismo) em detrimento do saber livresco

o Elementos do quotidiano para facilitar a perceção do Rei de Melinde

o Crítica aos que acreditam por terem lido sem nunca terem visto

o Crítica ao saber livresco

Episódio de Fernão Veloso (30-36)

Episódio do Gigante Adamastor (37-60)

o Terror do desconhecido; capacidade para ultrapassar obstáculos (naturais) – enaltecimento do herói

o Profecias sobre naufrágios

o O Adamastor, interpelado por Vasco da Gama, explica-lhe por que é um penedo, com uma história de amor e traição com uma deusa (Tétis)

o Contraste da beleza feminina com a fealdade masculina

o Transformação do gigante em pedra

Escorbuto (81-83)

Reflexão sobre a dignidade das Artes e das Letras (92-100)

o Episódio Humanista

o Os antigos gostavam que os seus feitos guerreiros fossem cantados

o Os chefes eram também conhecedores da arte e das letras

o Os chefes da antiguidade eram guerreiros (épicos) mas também cultos

o Portugal não preza as artes (é ignorante)

o Mantendo-se a situação, ninguém exaltará os feitos dos portugueses

o Apesar de saber que os portugueses não valorizam as artes e as letras, Camões vai continuar a sua obra, mesmo que por ela não venha a ser reconhecido

Canto VI

Viagem de Melinde a Calecut

Consílio dos deuses marinhos (6-36) – Presidido por Neptuno, que com Baco apoiam que os portugueses sejam afundados

Episódio dos Doze de Inglaterra (43-69)

Tempestade (70-85)

o Vasco da Gama dirige uma prece a Deus

o Intervenção de Vénus

Chegada à Índia (92-94)

Reflexão do poeta sobre o valor da Fama e da Glória (95-99)

o A nobreza não se herda

o São necessários feitos dignos do título

o Oposição da definição “tradicional” de Nobreza à agora apresentada por Camões

o Apelo à coragem

o A nobreza e heroicidade conquistam-se vencendo e ultrapassando obstáculos

o Os heróis serão reconhecidos, independentemente de o quererem

Canto VII

Armada em Calecut

Elogio do poeta ao espírito de cruzada. Censura às nações que não seguem o exemplo português

o Crítica ao Luteranismo e guerras dos alemães

o Crítica à oposição dos ingleses ao Papa

o Crítica à aliança da França aos Turcos (por pura ambição)

o Crítica à corrupção italiana

o Crítica à expansão sem motivo religiosos

o Elogio aos portugueses, que apostam na expansão para propagar a fé Cristã, enquanto os outros querem apenas conquistar território

Desembarque de Vasco da Gama (42)

Visita do Catual à armada. Paulo da Gama explica o significado das bandeiras

Invocação às ninfas do Tejo e Mondego. Crítica aos opressores e exploradores do povo (78-87)

o As etapas da vida de Camões (destacando-se a variedade). Balanço negativo da sua vida

o Camões não se sente reconhecido pela sua obra

o Tal como ele, também os escritores vindouros se sentirão desmotivados

o Camões não louvará quem procura a fama para proveito próprio

o Crítica aos que chegam junto do Rei com o propósito de explorar o povo

o Camões sente-se cansado pela forma como é tratado pelos compatriotas

Canto VIII

Armada em Calecut

Paulo da Gama explica ao Catual o significado das bandeiras (1-43)

Ciladas de Baco, que intercede junto dos indianos contra os portugueses(43-96)

Reflexão sobre o vil poder do ouro

o A sede de dinheiro provoca ações pouco nobres de ricos e de pobres

o O ouro corrompe mas não deixa de ser um metal nobre

Canto IX

Em Calecut

Regresso a Portugal – Ilha dos Amores

Vénus recompensa os Portugueses mostrando-lhes a ilha dos amores

Exortação do poeta aos que desejarem alcançar a Fama (92-95)

Canto X

Tétis e as ninfas oferecem um banquete aos portugueses. Profecias sobre o futuro dos Lusitanos no Oriente (1-73)

Invocação a Calíope (8-9)

Tétis mostra a Máquina do Mundo a Vasco da Gama, indicando-lhe a dimensão do Império Português (77-142)

Chegada a Portugal (144)

Lamentação do poeta e exortação de D. Sebastião (145-156)

o Caracterização do passado, presente e futuro

o Elogio aos portugueses que partem expostos ao perigo (nobres). Alerta aos homens do presente, focados no ouro, cobiça e ambição

o O Rei deverá favorecer aqueles que possuem os valores que Camões diz serem ideais

o Simetria: novas proposição e dedicatória (visão aristotélica da epopeia)

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