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O ABADE COLUMBA MARMION, OSB

Apresentação do Abade Vicente Bataille, osb

Abadia de Marmion, Aurora, Illinois, EEUU

Sou o Abade Vicente Bataille, emérito da Abadia de Marmion nos Estados Unidos e atualmente Abade Presidente da Congregação Beneditina Suiço-americana, além de ser vice-postulador da causa de canonização do Beato Columba Marmion, osb.

Venho para conversar com vocês acerca da canonização do patrono da Abadia de Marmion, o Beato Columba Marmion[1]

Alguma ou algum de vocês já participou no processo de beatificação ou canonização na Igreja universal? Se não, eu gostaria de descrever o processo para vocês.

A pessoa encarregada do processo com a tarefa de movimentar a causa em Roma chama-se “Postulador”. Os que o assistem em diferentes funções chamam-se Vice-Postuladores. Depende dessas pessoas gerar interesse pela causa da pessoa que estão promovendo. Isto o fazem, por meio da publicação de biografias, estampas com uma imagem e/ou oração, artigos e qualquer outra coisa que possa dar a conhecer o Servo ou a Serva de Deus na Igreja.

Eu sou o Vice-Postulador da causa do Beato Abade Columba Marmion para os EEUU e Canadá. Há outro Vice-Postulador para Bélgica e o mundo de língua francesa e outro para Irlanda e as Ilhas Britânicas.O Postulador para a causa, mora em Roma e procura que não se esqueçam do Beato Marmion na Congregação par as Causas dos Santos. Recentemente o povo fiel nas Filipinas se interessou muito pelo Beato Marmion; porém, tenho a impressão de que há pouco ou nenhum interesse no mundo de língua espanhola e português. Neste Encontro, quisera despertar o interesse entre vocês, por este bom homem, o Abade Columba Marmion, osb.

Por que interessar-nos por ele?

Em primeiro lugar porque é o Beneditino mais recente entre os declarados “Beato”. Poderíamos dizer que ele representa a vida beneditina, vivida em forma muito acertada e frutuosa, no século XX. É também um testemunho das graças que o monaquismo beneditino traz à vida da Igreja. Foi um sacerdote diocesano na Irlanda, que depois se fez beneditino. Devido a seus laços com o clero diocesano, ele tem interesse para os sacerdotes diocesanos, sobretudo, na Irlanda.

Em segundo lugar, ele foi responsável de vários livros que influenciaram na vida espiritual de milhares de seminaristas, sacerdotes, irmãs e irmãos em todo o mundo. Em geral, seus livros são transcrições de retiros, em diferentes partes da Europa e das Ilhas Britânicas. As mestras e os mestres de noviços, assim como equipes de formação nos seminários diocesanos utilizaram sua teologia na formação de várias gerações de mulheres e homens consagrados a Deus.

Dom Columba Marmion foi declarado beato pelo Beato João Paulo II, a 3 de setembro de 2000. Na mesma cerimônia o Papa João Paulo também nomeou “Beatos o Papa João XXIII, o Papa Pio IX e o Padre Chaminade e um bispo de Gênova, Itália. Receberam esta honra depois de anos de trabalho para verificar um milagre. Falta identificar mais um milagre, para poder solicitar que canonizem o Beato Marmion como um santo na Igreja universal. Atualmente há um caso possível pendente no Canadá; porém é preciso trabalhar mais para verificá-lo e apresentá-lo a Roma.

Permitam-me contar-lhes algo sobre sua vida.

O Beato Columba Marmion nasceu a 1º. de abril, 1858 e morreu a 30 de janeiro, 1923. Foi um monge nascido e criado na Irlanda e o terceiro abade da Abadia de Maredsous, na Bélgica[2].

Marmion nasceu em Dublín, Irlanda em uma família grande e muito religiosa. Entrou no seminário aos dezesseis anos e terminou seus estudos no Colégio Pontifício Irlandês, em 1881. Durante seu tempo de estudo em Roma, regressaria à Irlanda, nas férias. Nessas viagens, passaria pela Bélgica. Isto lhe daria a oportunidade de visitar a Abadia de Maredsous. Naquela época, era uma comunidade jovem e dinâmica, fundada em 1872 pelos monges beneditinos da Abadia de Beuron, na Alemanha. O jovem José Marmion teria muito desejo de entrar na comunidade, porém, seu bispo de Irlanda recusou dar-lhe a permissão.

Depois de sua ordenação foi nomeado vigário em Dundrum, uma paróquia ao sul de Dublín. Depois de um ano, foi nomeado Professor de Metafísica na universidade da Santa Cruz, em Concliffe, o seminário diocesano em Dublím, onde Marmion mesmo tinha estudado. Os quatro ano seguintes (1882-1886) envolveu-se na educação e na direção espiritual dos alunos. Durante este tempo também foi capelão em um convento de irmãs que viviam perto do seminário.

Desde tenra idade, parece que “um fogo interior ou entusiasmo consumia Marmion pelas coisas de Deus”. Motivava-o o pensamento de que “o amor de uma pessoa para Deus se mede por seu amor ao próximo”. Seu trabalho paroquial colocou-o em contato cotidiano com amplos setores da humanidade” e lhe pediam que desse “conselhos, ensinamentos, consolo e todo tipo de ajuda espiritual e material”. “Possuía a arte de fazê-los sentir-se imediatamente à vontade”. Durante este período, começou a aprender “a arte delicada da direção espiritual” e nela chegaria a sobressair.

Seus quatro anos como professor em Clonliffe, Irlanda, ‘ajudaram-no a completar sua formação intelectual e espiritual. Imerso no ambiente universitário, logo se encontrou como peixe na água. Marmion entrou na comunidade monástica de Maredsous em 1886, tendo recebido a aprovação de seu arcebispo. No princípio lhe custou muito trabalho, o que lhe resultou “traumático”. Tinha 27 anos e já era um sacerdote e respeitável professor. Em Maredsous era noviço e tinha que falar em francês, o idioma da comunidade belga. A disciplina monástica lhe era estranha.

Depois de sua Profissão Solene, em 10 de fevereiro de 1891, nomearam Columa assistente do Mestre de Noviços, uma pessoa com quem não se dava muito bem. Allém disto, pregava nas paróquias próximas da Abadia. Foi um pouco dramático seu ingresso no trabalho pastoral. Um pároco vizinho tinha convidado um pregador especial para dar a homilia em uma festa importante. A última hora não chegou o convidado e o pároco falou na Abadia, pedindo ajuda nesta situação difícil. O superior disse que lamentava muito, mas só podia oferecer-lhe um monge irlandês jovem que não falava nada bem o francês. “De qualquer modo o aceito, disse o pároco, e levou D. Columba a sua paróquia. Três dias depois o levou de regresso à Abadia dizendo: “Jamais tivemos um pregador como ele em nossa paróquia”. Em pouco tempo, outros párocos da região estavam copetindo entre si, para conseguir os serviços do “padre irlandês”.

Durante a década de 1891 a 1899, a vida espiritual de Marmion chegou à maturidade plena, enquanto atendia a várias responsabilidades da vida monástica. Para ele, a Liturgia das Horas e a rotina monástica tinham uma importância particular. Sua vida espiritual centrava-se cada vez mais em Cristo, seu Salvador, a quem chegou a conhecer cada vez mais na Liturgia.

Dom Columba ajudou fundar a Abadia de Monte César em Louvain, Bélgica e foi seu primeiro prior. Teve responsabilidades pesadas: diretor de estudos par os jovens monges; professor de Teologia; diretor espiritual das monjas carmelitas, tudo isto, além de ser o Prior. Dava retiros espirituais na Bélgica e no Reino Unido e chegou a ser o confessor do futuro Cardeal Mercier.

O dom extraordinário que Marmion tinha para o ensino chegou a seu cume neste período. Suas conferências se distinguiam por extrema clareza, humor e desenvoltura com que aplicava a doutrina à vida interior. Em vez de apresentar “as verdades reveladas como se fossem teoremas de geometria, sem nenhuma relação com a vida interior”, Marmion quis inspirar a seus alunos e alunas para que vivessem nos e pelos mistérios que lhes propunha”.

Os anos frutíferos em Monte Cesar capacitaram-no para conseguir o domínio, sem igual, de seus temas.Outros o superaram na documentação detalhada de seus estudos, porém, quando Dom Columba conversava sobre uma das teses principais, nas quais o dogma se aproxima dos mistérios divinos mais elevados... tornava-se evidente a clareza de seu ensinamento.

Em 1909, com a idade de 51 anos, Dom Marmion foi eleito o terceiro abade de Maredsous. A comunidade tinha cem monges, incluía dois colégios e várias publicações.

Marmion adotou como seu lema Magis prodesse quam praesse,”Mais servir que ser servido”, uma máxima tomada da regra de são Bento. O mosteiro gozava de grande influência espiritual e intelectual, sob sua liderança. Abundaram as vocações. Instalou a luz elétrica e a calefação central na Abadia, instalações pouco comuns nos mosteiros e sua época.

D. Marmion estava muito bem preparado, por sua experiência pessoal, para ensinar a seus monges, a plenitude da vida monástica e cristã. Em 1909 o governo da Bélgica pediu a Maredsous que considerasse a possibilidade de fundar um mosteiro beneditino na Katanga, que naquele tempo se chamava o Congo Belga[3]. Naquele momento a comunidade da Abadia de Maredsous não estava preparada para uma fundação assim; todavia, Marmion prestou ajuda eficaz a essa missão, que foi assumida pela abadia de Santo André em Brujas. Poucos anos depois, Marmion ajudou e apoiou a conversão ao catolicismo das comunidades anglicanas em Gales (Caldey e Milford Haven).

Quando começou a guerra em 1914, Dom Marmion, temendo que seus jovens noviços fossem convocados para a guerra, enviou-os à Irlanda. Para isso, ele teve que disfarçar-se como boiadeiro, para passa pela zona de Guerra entre Bélgica e Inglaterra, sem passaporte e sem documentos de nenhum tipo. Durante os anos da guerra, Marmion continuou suas atividades como pregador e diretor espiritual. Em 1915, escreveu a um jovem, que se preparava para a ordenação, “a maior das preparações para o sacerdócio é viver cada dia com amor, até onde a obediência e a Providência o impelem.

Depois da guerra, surgiu a necessidade de mandar substitutos para os monges alemães da Congregação de Beuron que tinham sido expulsos do mosteiro beneditino da Dormição, no Monte Sião, em Jerusalém. Esta situação fez com que Marmion sonhasse em fazer uma fundação de Maredsous na Terra Santa. Apesar de seus esforços e do apoio recebido, este sonho não se realizou, e os monges alemães retornaram à Abadia da Dormição.

Em 1895, Marmion deu um retiro a um pequeno grupo de monjas. Suas apostilas para essas práticas continham, em germe, uma ideia que ele desenvolveria durante os vinte anos seguintes, meditando na oração e aperfeiçoando-a nas múltiplas práticas que deu como diretor muito solicitado para dar retiros.Em sua forma final, converteram-se em JESUS CRISTO, VIDA DA ALMA (1917), um livro foi publicado, primeiro em forma privada, porém, logo, rápida e surpreendentemente, tornou-se uma obra de enorme êxito no mundo católico.

Quando se publicou JESUS CRISTO, VIDA DA ALMA, a literatura católica era, em geral, simplesmente “pensamentos piedosos, fervorosos”, repassados de uma “ênfase sentimental” e uma tendência para o “refinamento estéril da análise subjetiva”. Punha-se muito “pouca atenção na Bíblia, nos Padres da Igreja, e nos grandes mestreas e mestras da vida espiritual”.

Nesse ambiente, a obra de Marmion parecia uma novidade, algo “revolucionário”. Seus livros iniciaram uma profunda renovação espiritual com uma influência que permeava todo o mundo católico. Mas não havia “nada novo” na obra de Marmion. Sua “revolução”, a conseguira por meio de um “retorno ao fundamental”, especificamente, sua restauração de “Cristo como o centro de todo pensamento espiritual”. Isto se nota nos títulos de suas obras principais:

• Jesus Cristo, Vida da alma,

• Jesus Cristo em seus Mistérios,

• Jesus Cristo, ideal do Monge,

• Jesus Cristo, ideal do Sacerdote.

Um segundo tema de grande importância em sua obra é a doutrina da adoção divina em Cristo. Uma vez mais, não se trata de um tema original em Marmion, mas , que está claramente exposto no Novo Testamento, sobretudo, nos escritos de São Paulo. Todavia, ainda que muitos autores, antes dele, tenham tratado o tema, “seria difícil encontrar outro que desse tanta proeminência ao mistério, fazendo-o como ele faz, o princípio e o fim da vida espiritual. E com Dom Marmion, não é tanto uma teoria ou um sistema, como uma verdade que atua diretamente na alma”. Algumas pessoas creem que a Igreja Católica chegará a reconhecer em Marmion um Doutor da Adoção Divina.

Como um escritor do século XX, Marmion é notável, quase único, pelas aprovações formais e informais que recebeu dos papas do século XX. Junto com o Cardeal Mercier da Bélgica, seu amigo e confidente, Marmion foi uma figura espiritualmente dominante na Bélgica e no mundo. A publicação de seus livros se encontrou com “êxito imediato e amplo” e estava-se traduzindo em outras línguas, inclusive coreana e japonesa. Sua influência estava em seu apogeu, apesar de sua fadiga e saúde precária.

Em setembro de 1922, tomou o lugar do Bispo de Namur, como líder da peregrinação diocesana a Lourdes. Em outubro do mesmo ano, presidiu na celebração do 50º. aniversário da fundação da Abadia de Maredsous.

Em uma epidemia de ‘influenza’, Marmion faleceu, a 30 de janeiro de 1923.

Logo começaram a atribuir-lhe favores e milagres, justificando a transferência de seus restos do cemitério dos monges para a igreja abacial, em 1963. Uma mulher de St. Coud, Minnesota, foi curada do câncer, depois de visitar sua tumba, em 1966. A cura foi investigada pela Igreja e reconhecida como milagre, em 2000, levando a sua beatificação pelo Papa João Paulo II, a 3 de setembro de 2000. Na cerimônia de beatificação o Papa declarou:

“Ele legou um Tesouro autêntico de ensinamento para a Igreja de nosso tempo. Em seus escritos, nos ensina um caminho de santidade simples e, ao mesmo tempo exigente, para todos os fiéis a quem Deus, por seu amor, destinou para serem seus filhos e filhas adotivas em Jesus Cristo.... Que uma ampla descoberta dos escritos espirituais do Beato Columba Marmion ajude todos os fiéis a crescerem na união com Cristo e a darem um testemunho fiel dele, por meio do amor fervoroso a Deus e do serviço generoso a seus irmãos e irmãs. Que o Beato Columba Marmion nos ajude a viver cada vez mais intensamente, a compreender mais profundamente nossa pertença à Igreja, Corpo Místico de Cristo”.

Depois da beatificação de Dom Marmion, abriu-se e está muito ativa sua causa de canonização. Recentemente, em 2009, na Arquidiocese de Vancouver, Canadá, iniciou-se a investigação de uma cura de um senhor atormentado por fascitis necrotizante (NT: uma infecção do tecido subcutâneo e da face, que costuma implicar considerável toxidade sistêmica; entre 2000 e 3000 pacientes morrem ao ano por causa da fascitis necrotizante, conhecida pelo nome de “Bactéria come carne”). Pensavam que fosse morrer em questão de horas; mas continua vivo e em suas atividades.

Se alguém deseja saber algo acerca do Beato Columba Marmion, algum irmão na vida monástica, terei muito gosto em atender. Sobretudo, se alguém tem interesse em ajudar a promover sua causa no mundo de língua espanhola e português, seria um prazer para mim, ajudá-lo a ser nomeado (a) vice-postulador (a) para sua causa de canonização. Tenho algumas estampas e informação impressas em espanhol e português. Usem-nas com toda confiança.

Ele escreveu principalmente em francês, porém, seus livros foram traduzidos em muitas línguas. Suas obras principais são as seguintes: algumas delas publicadas a partir das conferências de seus retiros durante sua vida, outras, depois da sua morte.

Le Christ, vie de l’âme (1917)

Le Christ dans ses Mystères (1919)

Le Christ, idéal du moine (1922)

Le Christ, idéal du prêtre (1951).

Estas e outras obras foram traduzidas para o espanhol, como por exemplo:

JESUCRISTO, VIDA DEL ALMA, Dom Columba Marmion, (1858-1923) Fundación Gratis Date, Pamplona / 1994.

JESUCRISTO EN SUS MISTERIOS, Conferencias espirituais, ao menos em quatro edições: Barcelona, 1959; São Paulo, Buenos Aires, 2007,

JESUCRISTO, IDEAL DEL MONJE. Dom Columba Marmion, Sponsa Verbi, Barcelona, 1960; 1964), e Editorial Difusión, Buenos Aires [1951]

JESUCRISTO, IDEAL DEL SACERDOTE. Dom Columba Marmion, Colección Kempis Nº.67, Editorial Difusión, Bueno Aires, 1954.

LA TRINITAD EM NUESTRA VIDA ESPIRITUAL, Dom Columba Marmion, Colección Spiritus, Desclée de Brouwer, 1954.

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