O GÊNERO CHARGE NOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA …



LIVRO DIDÁTICO E LEITURA: ALGUMAS REFLEXÕES

Juliana Wosch Pires (ICV – UNICENTRO)

Cristiane Malinoski Pianaro Angelo (Orientadora Dep. de Letras/UNICENTRO)

Palavras-chave: leitura, interação, livro didático, ensino fundamental.

Resumo

O presente trabalho se propõe a analisar as atividades de leitura de uma unidade do livro didático “Português: idéias e linguagens” – 5º série, de autoria de Dileta Delmanto e Maria da Conceição Castro, o qual será utilizado em algumas escolas públicas de Guarapuava-PR, em 2008. Busca-se verificar qual a concepção de ler que embasa as atividades e se essas impulsionam o leitor para uma leitura crítica.

Introdução

Quando se trata de ensino da leitura na disciplina de Língua Portuguesa, logo se sabe que o processo tem como base condutora o livro didático (Menegassi, 2001). Por isso, torna-se indispensável que se tenha clareza quanto a sua eficácia como auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. O presente trabalho se propõe a analisar as atividades de leitura presentes na unidade quatro, denominada “Ensinamento”, do livro didático “Português: idéias e linguagens” – 5º série, de autoria de Dileta Delmanto e Maria da Conceição Castro, publicado pela editora Saraiva, em 2007. O manual analisado foi selecionado porque será utilizado pelos estudantes e professores da rede pública de Guarapuava-PR, no ano letivo de 2008. A análise terá como foco especial as atividades de pré-leitura e pós-leitura, denominadas no livro como: “Primeiras palavras” e “Construindo e reconstruindo os sentidos do texto”, respectivamente. Busca-se verificar qual a concepção de ler que embasa as atividades e se essas impulsionam o sujeito leitor para uma abordagem crítica do texto.

Material e método

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Serão consultados os seguintes autores: Menegassi (2001); Silva (1997); Conceição (2005); Marcuschi (2001) entre outros.

Inicialmente, recuperam-se algumas concepções de leitura, as quais ajudam o professor a compreender melhor a forma de se pensar a leitura e exercem influências no modo de se conduzir as atividades em sala de aula. Posteriormente, parte-se para a análise, a qual tem como ponto principal o exame da concepção que orienta a elaboração das atividades de leitura e a eficácia das atividades para a formação de um leitor crítico.

Discussão e resultados

A unidade de número quatro do livro “Português: idéias e linguagens” tem como título “Ensinamento” e privilegia o trabalho com o gênero fábula. Ao analisar as atividades da seção “Primeiras palavras”, constata-se a existência de atividades de pré-leitura, nas quais se busca fazer uma articulação entre os conhecimentos que o aluno já tem e o assunto ou o gênero a ser trabalhado. Entretanto, não há um objetivo para a leitura da fábula, isto é, não se leva o aluno a refletir acerca do porquê ler o texto. Para Solé (1998), os objetivos de leitura são importantes porque determinam a forma como o leitor se situa frente a ela e controla a consecução do seu objetivo, isto é, a compreensão do texto.

Quanto às atividades do item “Construindo e reconstruindo os sentidos do texto”, constata-se que, na maioria das questões propostas, a compreensão é atrelada à decodificação, resumindo a atividade de construção e reconstrução do texto a uma simples cópia. Os enunciados impõem uma postura conivente em que o leitor tem que aceitar o conteúdo do texto, ou seja, as questões não proporcionam uma abertura para o aluno leitor injetar as suas inferências e formar uma opinião. Em nenhum momento, a fábula é observada no plano da realidade, mesmo que a unidade seja denominada “ensinamento”, uma questão social importante, mas que não é reposta para a realidade do aluno. Assim, tudo fica muito restrito à esfera do texto, não ocorre uma quebra de limites. Na atividade de número sete, por exemplo, requisita-se que o aluno escreva a moral da história com suas palavras. A pergunta poderia ser adequada se a resposta não estivesse no final do texto e muito bem demarcada, com letras em itálico. O fato verdadeiro é que as atividades da seção “Construindo e reconstruindo os sentidos do texto” poucas vezes conduzem o aluno para uma reflexão crítica sobre o texto, limitando-o a copiar e a não expandir seus conhecimentos.

Conclusão

A partir das reflexões realizadas é possível perceber que muito se fala sobre a formação de um leitor crítico, sobre como trabalhar o texto em sala de aula, mas o veículo condutor da leitura seguido por muitas escolas apresenta uma carência quanto ao assunto. É necessário que o professor seja autônomo e esteja constantemente fazendo questionamento a respeito do seu instrumento de trabalho.

Referências

CONCEIÇÃO, R. A leitura no livro didático: uma dicotomia entre o discurso e a prática. In: Linguagem e ensino. Pelotas, n.1, p.51-72, jan./jun., 2005.

DELMANTO, D.; CASTRO, C.M. Português: idéias e linguagens. São Paulo, Editora Saraiva, 2007.

MARCUSCHI, L. A. Compreensão de texto: algumas reflexões. In: DIONISIO, A.P.; BEZERRA, M.A. O livro didático de português: múltiplos olhares. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.

MENEGASSI, R. J. Leitura e construção dos sentidos no livro didático. Anais de V Semana de Letras da Fafijan, 2001.

SILVA, K. R. O. O espaço para a formação do leitor crítico. Revista Unimar, 1997.

SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Trad. Claudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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