GEOMORFOLOGIA DO ESTADO DE GOIÁS - Centro de Recursos ...

Publicado originalmente em: Boletim Goiano de Geografia. Goi?nia: UFG, V.12, n.1. Jan./Dez. 1991.

GEOMORFOLOGIA DO ESTADO DE GOI?S

Maria Am?lia Leite S. Nascimento*

RESUMO

O trabalho em quest?o ? uma an?lise sucinta da Geomorfologia do Estado de Goi?s, com base sobretudo nos trabalhos do Projeto RADAMBRASIL.

Efetuou-se a compartimenta??o topogr?fica do Estado em cinco unidades e onze subunidades geomorfol?gicas, baseada na similitude das formas de relevo, na altimetria relativa e nas caracter?sticas gen?ticas. Sugeriu-se uma evolu??o paleogeogr?fica para a ?rea, e fez-se uma an?lise descritiva de cada subunidade. A interfer?ncia de movimenta??o tect?nica recente sobre a drenagem e as superf?cies aplanadas ? sucintamente analisada.

No final ? apresentado um mapa com o esbo?o do relevo do Estado de Goi?s.

UNITERMOS: Geomorfologia do Estado de Goi?s/Compartimenta??o/Geomorfol?gica

1. INTRODU??O

O presente trabalho tem por objetivo a ordena??o e sistematiza??o das unidades geomorfol?gicas que caracterizam o Estado de Goi?s, visando fornecer uma vis?o geral de sua distribui??o no espa?o geogr?fico.

Assim, constam do trabalho em apre?o, a descri??o das unidades geomorfol?gicas e suas representa??es atrav?s de um esbo?o esquem?tico para a ?rea.

As informa??es relativas aos aspectos gerais e ? evolu??o paleogeogr?ficas s?o provenientes da "S?ntese Anal?tica das Bases F?sicas do Estado de Goi?s", de Valter Cassetti (1979). A parte referente ? compartimenta??o morfol?gica ? extra?da, com algumas modifica??es, dos mapas e relat?rios da s?rie "Levantamento de Recursos Naturais" efetuados pelo Projeto RADAMBRASIL.

Baseado na similitude das formas de relevo, na altimetria relativa e nas caracter?sticas gen?ticas, s?o definidas no Estado de Goi?s cinco unidades e onze subunidades geomorfol?gicas, onde se reconhece a atua??o de v?rias fases erosivas, que resultaram na elabora??o dos Pediplanos Terci?rios, Pliopleistoc?nicos e Neopleistoc?nicos. A interfer?ncia de movimenta??o tect?nica recente sobre a drenagem e as superf?cies aplanadas ? sucintamente analisada.

2. ASPECTOS GERAIS

O Estado de Goi?s, com uma ?rea de 340.165,9 km?, se localiza na regi?o CentroOeste do Brasil e se estende entre os paralelos 13?00' e 19?00'S e os meridianos 46?00' e 53?00'W.

Do ponto de vista hidrogr?fico, caracteriza-se como um divisor de ?guas, por corresponder a uma ?rea de dispers?o dos cursos d'?gua que v?o compor as grandes bacias hidrogr?ficas brasileiras (a drenagem do norte vincula-se ? Bacia Amaz?nica e a do sul ? Bacia do Paran?-Uruguai).

Existe uma estreita rela??o da disposi??o dos cursos principais com a estrutura geol?gica. As orienta??es e controles direcionais se relacionam com a imposi??o orogr?fica do Maci?o Goiano (remobilizado no Proteroz?ico Superior) e ?s faixas tect?nicas Brasilianas (rios das Mortes e Araguaia; vinculados aos dobramentos Paraguai-Araguaia, e os formadores do rio Tocantins, pelos dobramentos Brasilianos).

Ainda como fruto da orog?nese Brasiliana constatam-se orienta??es definidas por falhamentos normais de grandes propor??es, como as evidenciadas atrav?s dos rios Palmeiras e Alto Canabrava, bem como do coletor principal, o rio Tocantins.

A densidade hidrogr?fica encontra-se vinculada aos dom?nios litol?gicos. Nas ?reas constitu?das pelas rochas pr?-cambrianas do Complexo Basal Goiano (granitos, gnaisses) e do Grupo Arax? (micaxistos, quatzitos), evidencia-se uma densidade hidrogr?fica elevada, o que reflete a maior coes?o miner?lica, respons?vel pelo maior escoamento superficial. Nas ?reas de rochas sedimentares paleomesoz?icas da Bacia Sedimentar do Paran?, a porosidade permite maior percola??o das ?guas, e conseq?entemente, redu??o da densidade hidrogr?fica. A plan?cie do Bananal, constitu?da essencialmente de dep?sitos aluvionares e coluvionares arenoargilosos, inconsolidados, datados como Quatern?rios, apresentam um padr?o de drenagem anastomosado.

Deve-se considerar ainda, a a??o morfogen?tica dos rios, que sempre tiveram uma participa??o fundamental na modelagem do relevo. Evid?ncias disso s?o as superf?cies de aplanamento, caracterizadas como divisores de ?gua, o que demonstra a a??o gliptogen?tica em fun??o dos movimentos epirog?nicos pr?-cret?cicos. O entalhamento dos talvegues por epigenia favoreceu a evolu??o das vertentes, ficando restos de paleoplanos, testificando aplanamentos terci?rios. Como conseq??ncia desses fen?menos, originam-se grandes divisores hidrogr?ficos regionais, constitu?dos pelo maci?o goiano (serras do Paran? e dos Pirineus) e planaltos sedimentares da Bacia do Paran? (serra do Caiap?), respons?veis pela separa??o da drenagem em dire??o ?s bacias do Tocantins e Platina.

Outro divisor aparece, como a Serra Geral de Goi?s, que divide as ?guas da bacia do S?o Francisco das do Tocantins. Outros ainda, constitu?dos por relevos residuais elevados, aparecem, recebendo denomina??es locais.

Os solos do Estado encontram-se quase sempre relacionados ?s rochas subjacentes. Assim, aos complexos b?sicos e ultrab?sicos (Niquel?ndia, Barro Alto), associam-se solos f?rteis como os Bruniz?m avermelhados, Terra Roxa Estruturada e Latossolos Roxos distr?ficos. Os Latossolos Vermelho-Amarelos distr?ficos aparecem em diversas ?reas, em forma de manchas. Na Bacia Sedimentar do Paran? desenvolvem-se solos do tipo Latossolo Vermelho-Escuro e Latossolos Vermelho-Amarelos. Nas ?reas correspondentes ?s depress?es do Araguaia e do Tocantins desenvolvem se Latossolos Vermelho-Amarelos distr?ficos e grandes extens?es com cobertura detr?lico-later?ticas.

Quanto ? cobertura vegetal, o Estado de Goi?s encontra-se destitu?do da vegeta??o original em grande parte de seu territ?rio. A monocultura e a pecu?ria ocupam o lugar da Savana (cerrado) em grandes extens?es. A vegeta??o de Floresta Estacional Semidecidual aparece localmente, em pequenas ?reas descont?nuas ao longo do vale do Araguaia. ?reas de tens?o ecol?gica (contato Savana-Floresta Estacional) s?o comuns no Estado de Goi?s.

O clima, em grande parte do Estado pode ser classificado como quente e sub?mido com quatro a cinco meses secos, segundo Nimer (1972). Com caracter?sticas mon??nicas marcantes, 80% das chuvas caem de novembro a mar?o, enquanto que de maio a setembro, a umidade relativa do ar permanece abaixo de 70%. A sudoeste e a noroeste do Estado, verificam-se algumas peculiaridades. A noroeste ocorre estreita faixa onde o clima pode ser classificado como quente e ?mido, e a sudoeste como subquente ?mido.

3. EVOLU??O PALEOGEOGR?FICA

O Estado apresenta, em geral, modestas amplitudes altim?tricas. Das proximidades da plan?cie do Bananal ao grande dispersor de ?guas das bacias Platina e Amaz?nica, as altitudes variam genericamente de 200 a 1200m.

Nesse quadro, abrange uma variedade muito grande de aspectos morfol?gicos. Essa variedade decorre de fatores que contribu?ram, direta ou indiretamente, na elabora??o do relevo, em tempos pret?ritos e atuais, refletindo grande intera??o dos processos endogen?ticos e exogen?ticos.

A evolu??o paleogeogr?fica, apesar de complexa, pode ser esquematizada sinteticamente nas seguintes estapas:

1. Ocorr?ncia de dobramentos e rejuvenescimento do maci?o no ciclo Brasiliano, processando um complexo estrutural profundamente metamorfizado, dobrado, falhado e penetrado por intrusivas pr?-cambrianas. No eopaleoz?ico, ocorreram deposi??es de f?ceis marinhas na borda leste, correspondente ? Bacia do Bambu?;

2. Evid?ncias de tect?nica epirog?nica a partir do Paleoz?ico, respons?vel pelas deforma??es ou ondula??es de grande raio de curvatura, al?m do preenchimento sin?clise do Paran?.

3. Ocorr?ncia de extensos derrames bas?lticos e intrusivas no Jur?ssico-Cret?ceo (reativa??o Wealdeniana) com posterior fen?meno de subsid?ncia, fornecendo ampla cobertura cret?cea, al?m de evid?ncias epirog?nicas positivas p?s-cret?ceas, respons?veis pelos processos de epigenia e desnuda??o das vertentes, associadas aos soerguimentos dos paleoplanos modelados no Terci?rio. Como reflexo da orogenia andina, evidenciou-se o abatimento da Depress?o do Araguaia e da Plan?cie do Bananal, entulhada por sedimentos cenoz?icos.

Como resultante dessa evolu??o, s?o individualizados tr?s grandes quadros morfoestruturais:

- Maci?os antigos, modelados por processos denudacionais pret?ritos, aplainados e reafei?oados no Cenoz?ico, e topograficamente configurados por planaltos, serras e depress?es inter-montanas.

- Bacia de sedimenta??o caracterizada por planaltos escarpados, mesas e chapad?es. - Depress?es pediplanadas (do Araguaia e do Tocantins), caracterizadas por grandes extens?es de relevos planos e ?reas de dessec??o incipiente.

4. COMPARTIMENTA??O MORFOL?GICA

Com base nos relat?rios e mapas do Projeto RADAMBRASIL (Folha Goi?s ? SD.22, 1981; Folha Goi?nia ? SE.22, 1983 e Folha Bras?lia ? SD.23,1982), procura-se no presente trabalho, apresentar uma compartimenta??o morfol?gica do Estado de Goi?s, considerando os processos morfodin?micos pret?ritos, pr?-atuais e atuais, respons?veis pela estrutura??o da paisagem.

Assim, efetuou-se uma s?ntese das informa??es obtidas nos trabalhos citados, e fez-se uma redu??o dos mapas geomorfol?gicos do Projeto RADAMBRASIL (escala 1:1.000.000) para a escala 1:5.000.000 (Fig. 1). As denomina??es de algumas unidades geomorfol?gicas foram adaptadas ? topon?mia regional e ? escala de mapeamento.

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