Igreja Batista de Viradouro, Semeando, Pastor Jose Antonio ...



IGREJA EVANGÉLICA BATISTA DE VIRADOURO

Pr. José Antônio Corrêa

MORDOMIA CRISTÃ

Nota ao Professor: Para um melhor aproveitamento

estude uma lição a cada duas aulas

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

LIÇÃO 1 - O QUE É A MORDOMIA CRISTÃ, LC 12.42-48



INTRODUÇÃO: Neste trimestre, estudaremos a Mordomia Cristã. Ela prioriza os bens espirituais e materiais que o Criador nos delegou. Nesta lição, denominamos “bens espirituais” os recursos e os meios confiados por Deus à Igreja. Quanto aos “bens materiais”, são estes os recursos naturais e sociais que desfrutamos no mundo. Assim, veremos que o Pai levantou a Igreja para cuidar dos seus interesses na Terra.

I. CONCEITOS DE MORDOMIA

 

1. Mordomo. A palavra vem do latim, major domu, e significa “o criado maior da casa”, “administrador dos bens de uma casa”, “ecônomo” (Dicionário Aurélio).

Na Bíblia, a função aparece diversas vezes como “encarregado administrativo dos bens de um grande proprietário de terras”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento essa função corresponde à de um administrador. Portanto, nós somos mordomos de Deus e, à luz do Novo Testamento, os líderes espirituais têm maior responsabilidade perante o Senhor da Igreja (Lc 12.48).

2. Mordomia. A palavra significa “cargo ou ofício do mordomo; mordomado”. Sua origem está no termo grego oikonomia e, por isso, a encontramos em alguns textos do Novo Testamento, como na “Parábola do mordomo infiel” (Lc 16.2-4). Na Bíblia, mordomia diz respeito a todo serviço que o crente realiza para Deus e o seu comportamento diante do Pai e dos homens. É a administração dos bens espirituais e materiais, tanto no aspecto individual quanto no coletivo do ser humano. Assim, nossas faculdades espirituais, emocionais e físicas são o objeto da Mordomia Cristã. Por isso, esta mordomia está ligada ao ensino da Palavra de Deus.

II. A MORDOMIA ESPIRITUAL DO CRISTÃO

 

1. A mordomia do amor cristão. A mordomia cristã deve dar grande valor à prática do amor. Certa vez, um fariseu resolveu testar Jesus quanto à sua visão sobre os mandamentos da Lei de Moisés. Ele conhecia bem os dez mandamentos. Abordando Jesus, indagou-lhe: “Mestre, qual é o grande mandamento da lei?” (Mt 22.36). E Jesus respondeu-lhe de maneira sábia, serena e consistente:

1.1. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração” (22.37). Nosso Senhor não aceita dominar apenas uma parte do nosso coração; Ele o requer por completo. Quanto a isso, Ele nunca fez concessões: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). O mandamento revela o objeto da nossa mordomia de amor: fazer o bem ao próximo de forma concreta, com obras que revelam a nossa fé (Tg 2.14-17).

1.2. “De toda a tua alma e de todo o teu pensamento” (v.37). Aqui, o Senhor Jesus enfatizou que, além de todo o coração, o primeiro mandamento exige toda a alma e todo o pensamento de uma pessoa. Essa é a base bíblico-doutrinária para dizer que a Mordomia Cristã valoriza a interioridade do crente. Logo, absolutamente tudo no interior do cristão — coração, alma e pensamento — deve estar voltado para Deus, que é o centro de todas as coisas.

1.3. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (22.58). O segundo mandamento enfatiza que, na medida em que amamos a Deus de todo coração, alma e pensamento, devemos amar o próximo como a nós mesmos. Tal mandamento é relevante para a nossa mordomia, pois no mundo atual, sem qualquer ranço pessimista, pode-se ver que o desamor é a tônica entre pessoas, famílias, países e, até mesmo, entre alguns que se dizem cristãos.

1.4. Quem é o próximo? Esta foi a grande pergunta feita por Jesus após contar a parábola do Bom Samaritano ao doutor da lei (Lc 10.30-37). O nosso próximo é um familiar: esposo, esposa, pai e filho, irmão, primo, sobrinho, etc. É o nosso irmão em Cristo, o nosso vizinho, o professor, o colega de trabalho, o carente ou o socialmente excluído. Assim, o mandamento revela o objeto da nossa mordomia de amor: fazer o bem ao próximo de forma concreta, com obras que revelam a nossa fé (Tg 2.14-17).

2. A mordomia da fé cristã. A palavra fé (gr. pistis; lat. fides) traz a ideia de confiança que depositamos em todas as providências de Deus. Mas a melhor definição de fé foi enunciada pelo autor da Epístola aos Hebreus, ao descrevê-la com profunda inspiração divina: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). Aqui, há três características essenciais à fé:

(1) Ela é o fundamento ou base para a confiança em Deus;

(2) Ela envolve a esperança ou expectativa segura do que se espera da parte de Deus;

(3) Ela é “a prova das coisas que não se veem”, mas são esperadas por uma convicção antecipada.

3. A fé como patrimônio espiritual. A fé cristã é o depósito espiritual acumulado durante toda vida do crente. É o nosso patrimônio espiritual, de valor e virtudes inestimáveis. Essa fé que o crente foi estimulado a guardar para não perder a “coroa” (Ap 3.11). Ao escrever ao jovem discípulo, Timóteo, e já próximo da morte, o apóstolo Paulo disse: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2Tm 4.7,8). Querido irmão, prezada irmã, guarde sua fé!

III. A MORDOMIA DOS BENS MATERIAIS

 

1. O cristão e as finanças. Na mordomia dos bens materiais, o cristão deve trabalhar honestamente para garantir sua sobrevivência financeira. Desde o Gênesis, após a Queda, o homem emprega esforços, com “o suor” de seu rosto (Gn 3.19), para obter os bens de que necessita. Isso é feito de maneira constante (1Ts 4.11). Nesse aspecto, a preguiça é um pecado intolerável diante de Deus. Assim, Ele exorta ao preguiçoso que aprenda com as formigas, pois estas trabalham no verão para garantir o mantimento no inverno (Pv 6.6,9; 10.26).

2. O cristão e as riquezas. Deus não demoniza a riqueza nem diviniza a pobreza. Mas o cristão não deve recorrer aos meios ou práticas ilícitas de ganhar dinheiro, como o bingo, a rifa, as loterias e outras formas “fáceis“ de buscar riquezas (Pv 28.20).

A Bíblia mostra que a avareza é a idolatria ao dinheiro, ou seja, uma compulsão para enriquecer a qualquer custo. É uma escravidão ao vil metal. Sobre isso as Escrituras também asseveram: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6.10).

E Jesus ensinou: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). E também ratificou: “Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam” (Mt 6.20).

3. O cristão e a contribuição para a igreja. Na igreja local há várias maneiras pelas quais o cristão pode e deve contribuir para a expansão e manutenção da Obra do Senhor. Essa contribuição deve ser feita através dos dízimos e das ofertas voluntárias (cf. Ml 3.8-12). Jesus reiterou a necessidade da contribuição com os dízimos, repreendendo a hipocrisia dos fariseus (Mt 23.23), pois há inúmeras necessidades da igreja que requerem as contribuições dos fiéis.

CONCLUSÃO: Somos mordomos dos bens espirituais e materiais concedidos por Deus à sua Igreja. Se realizarmos nossa mordomia para a glória de Deus, com gratidão pelos bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor. Usemos os recursos que Deus nos concedeu como verdadeiros mordomos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo o que temos vem do Senhor!

LIÇÃO 2 - A MORDOMIA DO CORPO, 1CO 6.13-20

INTRODUÇÃO: Nesta lição, estudaremos a mordomia do corpo. Nela, destacaremos o valor espiritual e a grandeza da obra criadora de Deus. A Bíblia mostra que o Criador fez o homem do pó da terra, dando-lhe vida e tornando-o sua imagem e semelhança. Quando compreendemos essa verdade bíblica, tornamo-nos responsáveis pelo zelo do nosso corpo perante o Criador, pois, segundo sua Palavra, o corpo do cristão é “templo do Espírito Santo” (1Co 6.19).

 

I. A DIMENSÃO MATERIAL DO CORPO

 

1. A formação maravilhosa do corpo. A Bíblia relata a criação do corpo do ser humano (Gn 1.26-28; 2.18-25). Foi uma obra maravilhosa, poeticamente expressa nas palavras do rei Davi: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem” (Sl 139.14). No mesmo salmo, o autor sagrado traz à memória a contemplação divina do corpo humano ainda informe (Sl 139.15). Louve a Deus por sua maravilhosa Criação!

2. A estrutura do corpo humano. Quando estudamos a estrutura do corpo humano, percebemos quão maravilhosa foi a obra do Criador. Por exemplo, o organismo humano se constitui de 216 tecidos organizados no esqueleto. Este possui 206 ossos. O cérebro tem um trilhão de células nervosas e seus sinais trafegam ao longo dos nervos até um máximo de 360 km/h. O corpo se constitui de setenta por cento de água; tem 96.500 km de veias e artérias; 10 bilhões de vasos capilares; 100 trilhões de células. A estrutura humana revela uma complexidade que a teoria da evolução jamais explicará. Só uma mente onisciente, e um ser infinitamente supremo, pode dar respostas lógicas à origem da vida e do homem: “No princípio, criou Deus os céus e a terra […] E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.1,27).

II. A DIMENSÃO ESPIRITUAL DO CORPO

 

1. O corpo segundo as Escrituras. A Bíblia usa várias metáforas para designar espiritualmente o corpo:

1.1. “Corpo do pecado”. Note este versículo: “que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado” (Rm 6.6). Nele, a expressão “corpo do pecado” refere-se ao “velho homem” que, antes de nascer de novo, usava o corpo como “instrumento de iniquidade” (Rm 6.12-14). Esse corpo também é chamado na Bíblia de “homem exterior”, um corpo que se corrompe, adoece e envelhece.

1.2. “Casa terrestre” (2Co 5.1). Essa expressão refere-se à “temporalidade do corpo”, isto é, sua constituição física, a “fôrma” do espírito. Esse corpo é a casa temporária, a morada passageira, visto que nesta Terra somos “peregrinos e forasteiros” (1Pe 2.11).

1.3. “Templo do Espírito Santo”. Essa expressão aparece numa pergunta retórica de Paulo em 1 Coríntios: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (6.19). É um alerta do apóstolo aos crentes de Corinto para não darem lugar ao pecado, ou seja, não deixarem que o corpo fosse contaminado pela prostituição.

2. Pecados contra o corpo. A Bíblia adverte acerca dos pecados contra o corpo:

2.1. Prostituição, adultério, fornicação. Usar o corpo como mercadoria a ser vendida para fins sexuais é prostituição. A Palavra de Deus diz aos crentes com muita clareza: “Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1Co 6.13b; cf. 1Ts 4.3). A Bíblia também tem graves admoestações contra quem comete o pecado de adultério — relacionamento sexual extraconjugal — (1Co 6.10; Hb 13.4) e o de fornicação — relacionamento sexual entre solteiros — (Ef 5.5; 1Tm 1.10; Ap 21.8).

2.2. Homossexualidade. O Antigo Testamento condena explicitamente a união homossexual, considerando-a “abominação” a Deus (Lv 20.13; 18.20). O Novo Testamento confirma essa condenação, reprovando a homossexualidade de modo não menos incisivo: “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus” (1Co 6.10; cf. Rm 1.18-32).

2.3. Transexualidade. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a transexualidade é um “transtorno de identidade de gênero” ou “disforia de gênero”. Nesse transtorno, um homem “se sente mulher” e, por isso, não aceita o próprio corpo; uma mulher “se sente homem” e, igualmente, não aceita o próprio corpo, desejando assim “mudar de sexo”. A tragédia maior é quando se tenta normalizar isso na cabeça de crianças e de adolescentes, trazendo confusão entre eles. Isso é uma estratégia de origem satânica para destruir o plano original de Deus da criação da família como célula mater da sociedade. Trata-se, pois, de um terrível afronta à sacralidade do corpo criado por Deus com uma identidade binária: “macho e fêmea os criou” (Gn 1.27).

3. A santificação do corpo. É o ponto fundamental na mordomia do corpo. Diz a Bíblia: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). A Bíblia mostra os meios de santificação que levam em conta a ação de Deus e a contribuição do crente:

3.1. Os meios da santificação que vêm da parte de Deus. É Deus que age diretamente na santificação integral do crente: “espírito, e alma, e corpo” (1Ts 5.23). O Altíssimo também o santifica através de Cristo (Ef 5.25,26; Hb 9.14; 13.12; 1Jo 1.7), do Espírito Santo (1Co 6.11; 2Ts 2.13; Rm 15.16) e da Palavra de Deus (Jo 17.17).

3.2. A responsabilidade humana na santificação. Deus não entrega ao homem “um pacote” de salvação pronto e acabado. Ele faz a sua parte no lado divino, mas o homem tem de ser um participante ativo desse processo. Na santificação, o homem precisa dar lugar à vontade de Deus: “[…] quem é santo seja santificado ainda” (Ap 22.11). Logo, o crente pode participar do processo de santificação mediante os seguintes elementos: a fé em Cristo (Rm 1.17); dedicação a Deus (Rm 12.1,2); andando em espírito (Gl 5.16,17); renunciando ao pecado (Mt 16.24; Rm 6.18,19).

III. O CULTO RACIONAL E A MORDOMIA DO CORPO

 

De acordo com as Escrituras, devemos nos apresentar em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Nesse sentido, o nosso culto a Ele, segundo Romanos 12.1,2, deve considerar o seguinte tripé:

1. “Um sacrifício vivo”. A imagem do sacrifício, em Romanos, remonta ao Antigo Testamento. Mas, no Novo Testamento, o cristão deve apresentar-se a Deus como um sacrifício vivo e agradável — sacrifício de louvor (Hb 13.15) —, pois todos os que cremos fomos crucificados com Cristo (Gl 2.19).

2. “Um sacrifício santo”. Essa perspectiva leva o crente à santificação. E uma vez que ele se coloca como sacrifício vivo, demonstra pertencer a Deus, consagrando-se inteiramente ao Pai, para viver uma vida santa e pura no corpo, na alma e no espírito (1Ts 5.23). Uma vida santa é um culto ao Senhor.

3. “Um sacrifício agradável”. Oferecendo-se em sacrifício vivo, o salvo é visto pelo Senhor como oferta de grande valor (Sl 51.17). Uma das coisas mais belas da vida cristã é quando a nossa vontade está alinhada à vontade de Deus. Esse é o verdadeiro estágio de total entrega ao Pai.

A imagem de sacrifício mostrada didaticamente em Romanos 12 ensina como deve ser a nossa mordomia no campo espiritual e material. Ela passa por uma mente renovada, não conformada com o “espírito” deste mundo, em que o cristão é instado a viver em “sacrifícios” cotidianamente. Assim, o nosso culto racional.

CONCLUSÃO: O nosso corpo tem uma dimensão material e outra espiritual. Nesse aspecto, a Palavra de Deus tem orientações diretas sobre o perigo do pecado contra o nosso corpo e a necessidade de vivermos em santidade diante de Deus. Assim, para glorificá-lo, precisamos prestar um culto racional a Deus, apresentando-nos em sacrifício vivo, santo e agradável ao Eterno. Que Ele nos faça mordomos fiéis de seus bens tão preciosos em todo o nosso espírito, alma e corpo!

LIÇÃO 3 - A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO, GL 5.16-22,25

INTRODUÇÃO: Para ser mordomo da alma e do espírito, o homem necessita, antes de tudo, da fé em Deus, da entrega incondicional a Cristo Jesus e da ação poderosa do Espírito Santo na sua mente, pensamento e maneira de viver diante do Criador. Para isso é preciso ser “nova criatura” (1Co 5.17)! Assim, além de conservar o corpo, precisamos conservar a alma e o espírito. É o que veremos nesta lição.

I. CONCEITUANDO ALMA E ESPÍRITO

 

1. O significado de alma. No Antigo Testamento, a palavra “alma” é nephesh. No Novo, o termo usado é psiquê, que tem o sentido de “alma” e de “vida”, e encontra-se ligado a palavra psíquicos, que significa “pertencente a esta vida”. Ela é “a base das experiências conscientes”, equivalendo, portanto, a própria vida, a personalidade ou a pessoa mesmo (cf. 2Co 1.23).

Assim, o texto bíblico de Levítico 17.10-15 revela uma diversidade de sentidos para a palavra “alma”: A pessoa física (v.10), a vida de um animal (v.11), a vida de uma pessoa (v.11). Do ponto de vista teológico, a alma é a sede das emoções e dos sentimentos, conforme Jesus expressou num contexto de angústia: “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14.34).

2. A origem da alma. A alma está unida ao espírito, e, por isso, é humanamente impossível separá-los. Só a Palavra de Deus pode fazê-lo (Hb 4.12). Assim, tanto a alma quanto o espírito constituem a parte imaterial do ser humano. Em relação à origem da alma, há pelo menos três teorias que tentam explicá-la: a teoria da preexistência, do criacionismo e da participação.

2.1. Teoria da preexistência. Segundo essa teoria, as almas existem nas diversas esferas do mundo espiritual e entram no corpo gerado, num processo denominado “reencarnação”. O objetivo desse processo é levar a pessoa a sofrer pelos “pecados cometidos em pretensas existências anteriores”. Esse é um dos pontos fundamentais do Espiritismo. Entretanto, não há fundamento bíblico para essa teoria. A Bíblia revela que o “pecado original” passou a todos os homens (Rm 5.12) e que vigora até os dias atuais, pois “não há homem que não peque” (Ec 7.20). Porém, o sangue de Cristo purifica o pecador (1Jo 1.7), quando este se arrepende, confessa o seu pecado e o deixa (Pv 28.13).

2.2. Criacionismo. Segundo esta teoria, baseada no pensamento filosófico grego, Deus dedica-se a criação de almas diariamente, para que habitem nos corpos que forem sendo concebidos. É um ponto de vista que carece de fundamentos bíblicos.

2.3. Teoria participativa. A teoria expressa que Deus dá a vida a toda pessoa gerada de acordo com as leis da reprodução biológica geradas por Ele. Assim, homem e mulher geram um novo ser com a cooperação divina (At 17.28; Hb 1.3). É uma visão que tem base na Bíblia e que está harmonizada com a Palavra de Deus: “Fala o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele” (Zc 12.1b).

Todavia, como Deus age na criação de cada alma e espírito dentro do ser humano é um dos muitos mistérios da fé pela qual devemos curvar-nos humildemente diante de sua magnitude.

3. Conceituação de espírito. Segundo o Novo Testamento, a palavra que se refere a “espírito” é pneuma. O termo pode se referir a parte imaterial da personalidade humana (cf. 1Co 7.1,34), o próprio ser da pessoa (1Co 16.18; 2Tm 4.22) e, mais especificamente, a fonte do discernimento (Mc 2.8), das emoções (Jo 11.33) e da vontade (At 19.11) de uma pessoa. Assim, o espírito humano regenerado, submetido a Cristo, torna-se sensível ao Espírito Santo e é capaz de manifestar o fruto do Espírito, as virtudes do Reino de Deus (Gl 6.1; cf. Mt 5-7).

Nesse sentido, em termos espirituais, só há dois tipos de crentes: os espirituais e os carnais (Rm 8.1). Os crentes espirituais caracterizam-se pelo seu “espírito” dominado pelo Espírito Santo (Gl 5.16-18,22-25). Os carnais vivem de acordo com a natureza carnal que não foi submetida nem transformada por Cristo (Gl 5.19-21).

II. A MORDOMIA DA ALMA: “O HOMEM INTERIOR”

 

1. A tricotomia do homem. Afirmamos que o ser humano é um ser tricotômico. Ou seja, Deus o constitui de três partes conforme revela-nos a sua Palavra: “e todo vosso espírito, e alma, e corpo” (1Ts 5.23). O corpo, a parte material, refere-se ao “homem exterior” (2Co 4.16). Já o conjunto imaterial formado pela alma e pelo espírito, que é envolvido pelo corpo, a Bíblia denomina-o de “o homem interior”, conforme as palavras do apóstolo Paulo: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7.22; cf. 2Co 4.16).

2. A mordomia da alma. A Bíblia declara que a alma do homem, assim como o espírito e o corpo, deve ser conservada irrepreensível para a vinda do Senhor Jesus Cristo. Essa é a essência da mordomia da alma. Cada crente deve mantê-la íntegra e irrepreensível. Alguns aspectos, porém, devem ser considerados na mordomia da alma.

2.1. A necessidade da alma. Essa necessidade inclui a emoção e pode ser satisfeita no relacionamento com Deus. A alma precisa de refrigério espiritual e da presença divina (Sl 23.1-3). No salmo 42, o salmista expressa sinceramente a necessidade de sua alma: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (vv.1,2). Quanta necessidade a alma tem por Deus?! A Bíblia revela que o Espírito Santo preenche essa necessidade e produz em nós o “fruto do Espírito” (Gl 5.22-24).

2.2. A santificação da alma. É uma necessidade da alma o “viver santo”, sem o qual ninguém verá a Deus (Hb 12.14). O ser humano é salvo pela “graça de Deus”, e isso é dom divino (Ef 2.8,9).

Mas ele precisa também arrepender-se de seus pecados, confessar a Cristo como Senhor e santificar-se integralmente em Deus, conforme o apóstolo Paulo ensina: “Abstende-vos de toda aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.22,23).

2.3. A santificação dos pensamentos. Vimos que a alma é “a sede das emoções, dos sentimentos e dos pensamentos”, logo, sua mordomia deve zelar por tudo o que preenche o pensamento do crente, conforme ensina o apóstolo Paulo (Fp 4.8).

Nesse contexto, devemos atentar para a advertência de Jesus em relação ao coração do homem (isto é, sua interioridade): “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt 15.19). Portanto, não podemos pensar só no que “não fazer”, mas também no que “não pensar”. Toda ação ou reação humana precede o pensamento, o sentimento e a emoção.

III. A MORDOMIA DO ESPÍRITO

 

1. Andando em Espírito. Na mordomia do espírito, o crente deve procurar andar em Espírito, ou seja, na submissão ao Espírito Santo. Diz o texto bíblico: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 4.16). Andar em Espírito é viver em obediência a direção do Espírito Santo em todas as áreas da vida. Há uma luta interior entre a carne e o Espírito (Gl 4.17), mas uma vez guiados pelo Espírito Santo não estamos sob a escravidão da carne (Gl 4.18). Portanto, “se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.25).

2. Frutificando no Espírito. Quando o crente produz frutos dignos da vida cristã, ele glorifica a Deus. Nosso Senhor chamou-nos a dar “fruto” e escolheu-nos para permanecer dando fruto (Jo 15.9,16). Frutificar no Reino de Deus é testemunhar Cristo com sua vida, por meio de boas obras de amor que mostram o caráter de Deus em você (Jo 15.16; Mt 5.16; Gl 5.22).

 

CONCLUSÃO: A mordomia da alma e do espírito, juntamente com a do corpo, completa a conservação integral do crente (1Ts 5.23). Zelar pela nossa interioridade e exterioridade diante de Deus é reconhecer que o Pai quer dominar tudo em nós e não somente partes de nossa vida. Por isso, sinta-se encorajado a expressar Cristo como seu Salvador. Esteja nele! Seja santo! Para isso Deus nos chamou.

LIÇÃO 4 - A MORDOMIA DA FAMÍLIA, JS 24.14,15; EF 5.22-25,28

INTRODUÇÃO: Na presente lição, veremos que a família é a base de nossa vivência. Nela, nascemos, criamo-nos e dela dependemos por toda a vida. Veremos que todo esse processo é o plano de Deus revelado desde o Gênesis. Nas Escrituras, a família é tão importante que o apóstolo Paulo classifica de “pior que o infiel” quem dela não cuida (1Tm 5.8). Assim, o propósito desta lição é mostrar que o amor de Deus pela humanidade faz com que todas as famílias da terra sejam o alvo de sua bênção (Gn 12.3).

I. A FAMÍLIA NO PLANO DE DEUS

 

1. A instituição do casamento. Antes de estabelecer a família. Deus instituiu o casamento. O Senhor Jesus confirmou essa instituição original e legal, conforme a Lei de Deus: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne?” (Mt 19.4,5; cf. Gn 2.24). Aqui está, de maneira clara, a origem do casamento como instituição divinamente estabelecida.

2. Origem da família. O livro de Gênesis relata que a partir do homem e da mulher, Deus estabeleceu a família: “E Deus os abençoou e Deus Lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.28). Essa instituição é tão importante diante de Deus, que Ele a criou antes do Estado e, até mesmo, da Igreja. E foi a partir de uma família que o Altíssimo prometeu abençoar todas as demais: “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

II. A MORDOMIA DA FAMÍLIA

 

1. Os princípios que regem o casamento cristão. Há um manual de união matrimonial: a Bíblia Sagrada. Nela, encontramos princípios universais e atemporais para o casamento.

1.1. O princípio da monogamia. No plano original de Deus para o casamento, o princípio da monogamia está declarado assim: “Portanto, deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Gn 2.24). Mas, infelizmente, após a Queda, o homem desviou-se do plano divino, e distorceu as diretrizes básicas de Deus para o matrimônio. Por exemplo, a Bíblia narra a história de Lameque, filho de Metusael, que deu início à prática da bigamia (Gn 4.19). Assim, com o passar do tempo, a poligamia também foi temporariamente aceita na comunidade hebreia.

Quando o ser humano se rebela contra a vontade monogâmica de Deus quanto ao casamento, um abismo passa a chamar outros abismos: incesto, homossexualismo, pedofilia, zoofilia, necrofilia e outras abominações semelhantes.

Diante de um quadro tão grotesco e estarrecedor, a Palavra de Deus impõe-nos o padrão monogâmico, heterossexual e indissolúvel como a vontade original do Criador para o matrimônio (1Co 7.1,2).

1.2. O princípio da heterossexualidade. Nas Escrituras, Deus definiu para o casamento o princípio da união heterossexual: um homem e uma mulher unidos para sempre sob as bênçãos divinas.

Quando Gênesis 2.24 estabelece o princípio monogâmico e heterossexual, o texto identifica o homem que deixa a casa do pai e da mãe, para unir-se à sua mulher, tornando-se “ambos uma só carne”. Ao lado da monogamia, a heterossexualidade é o princípio inegociável em qualquer tempo ou lugar. Entretanto, cabe aqui uma advertência bíblica e séria: esses dois princípios só sustentam o casamento se forem vividos sob a égide do verdadeiro e sacrifical amor de ambos os cônjuges (Mt 22.37-40; cf. Ef 5.22-25). Por isso, lute por seu amor; ame o seu cônjuge; renove os votos matrimoniais periodicamente.

2. A prioridade da família. A igreja local deve incentivar a mordomia da família de forma constante e efetiva. O cristão precisa ter as prioridades corretas da vida. Normalmente, há muitos crentes e, até mesmo pastores, que priorizam a seguinte ordem: a) Deus; b) igreja; c) esposa; e d) filhos. Qual o equívoco dessa ordem de prioridades?

Biblicamente, o crente deve priorizar (1) Deus; (2) sua própria vida; (3) seu cônjuge; (4) seus filhos; (5) e a igreja local. Ora, alguém poderá indagar: Mas a Bíblia não diz que devemos priorizar o Reino de Deus? (Mt 6.33). Sim, é verdade. Entretanto, dentro da economia divina, há uma hierarquia muita clara para que a mordomia com a família seja plenamente atendida.

A Palavra de Deus diz que se alguém não cuida de sua família não se encontra preparado para liderar a Igreja de Cristo (1Tm 3.4,5). É muito triste quando o obreiro encontra-se empenhado em ganhar outras famílias para Cristo, mas perde sua própria casa por falta de atenção, zelo e amor (1Tm 5.8).

3. O relacionamento entre pais e filhos. Na mordomia da família, alguns cuidados devem ser tomados a fim de que os filhos sejam criados na “doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Eles são herança e galardão de Deus (Sl 127.3). Como sacerdotes do lar, os pais devem realizar o culto doméstico. É muito importante priorizar esse momento para instruir os filhos na Palavra de Deus. Além de zelo espiritual, os pais devem ser exemplos de amor conjugal, paternal e maternal.

III. A FAMÍLIA CRISTÃ SOB ATAQUE

 

1. O ataque do Estado materialista. De um modo geral, os países são governados por homens materialistas e indiferentes ao bem comum. Muitos governantes tornam-se agentes do Diabo, visando a destruição da família e da Igreja de Cristo.

Por essa razão, temos de usar estratégias poderosas para vencer os ataques do Maligno: a valorização da Palavra de Deus no lar, o culto doméstico, a leitura de boa e comprovada literatura cristã e a constante vigilância e prática da oração. Que a Palavra de Deus norteie o nosso lar (Dt 11.18-21)!

2. O ataque da famigerada Ideologia de Gênero. Engenheiros sociais modernos trabalham pela desconstrução da família criada por Deus. Karl Marx, um dos teóricos fundadores da doutrina comunista, disse que a família deveria ser abolida.

Dessa forma, o Diabo usa a “famigerada ideologia de gênero” para abolir os princípios que Deus estabeleceu para a família. Segundo essa diabólica ideologia, ninguém nasce com sexo determinado. A criança não nasce macho nem fêmea, pois ela “se torna homem ou mulher” por meio da construção social. Assim, quem constrói o sexo masculino e feminino é a sociedade. Esse é o maior ataque aos princípios de Deus para a família e para a identidade natural da pessoa (Gn 1.27,28).

3. Um ataque a Deus e à ciência. Ao ensinar que ninguém nasce “homem” ou “mulher”, os engenheiros sociais procuram destruir a identidade natural e biológica do ser humano. E também ignoram por completo que Deus criou o “homem” e a “mulher” (Gn 1.26,27).

Essa teoria, além de ser um ataque frontal a Deus, também é uma violência à Ciência. A Biologia define uma pessoa masculina por causa de seu aparelho reprodutor masculino. Ou seja, há hormônios masculinos, marcadores biológicos e cromossomos igualmente masculinos. Assim também se dá em relação à mulher, pois ela é definida por causa de seu aparelho reprodutor feminino. Logo, ela tem hormônios femininos, sua genética possui os cromossomos XX que marcam a identidade feminina. Tais conhecimentos são elementares e estão ao alcance de todos, facultando à família cristã rebater seguramente esse pensamento.

CONCLUSÃO: Só há uma maneira de preservar a família da destruição espiritual e moral dos tempos atuais: criando-a de acordo com a Lei de Deus. Noé salvou sua família da destruição porque a criou segundo a Palavra de Deus (Gn 7.1). Josué também tomou posição ao lado de Deus com a sua família. Diante dos desvios do povo, sua declaração é solene e exemplar: “escolhei hoje a quem sirvais: […], porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15).

LIÇÃO 4 - A MORDOMIA DA FAMÍLIA, JS 24.14,15; EF 5.22-25,28

INTRODUÇÃO: Na presente lição, veremos que a família é a base de nossa vivência. Nela, nascemos, criamo-nos e dela dependemos por toda a vida. Veremos que todo esse processo é o plano de Deus revelado desde o Gênesis. Nas Escrituras, a família é tão importante que o apóstolo Paulo classifica de “pior que o infiel” quem dela não cuida (1Tm 5.8). Assim, o propósito desta lição é mostrar que o amor de Deus pela humanidade faz com que todas as famílias da terra sejam o alvo de sua bênção (Gn 12.3).

I. A FAMÍLIA NO PLANO DE DEUS

 

1. A instituição do casamento. Antes de estabelecer a família. Deus instituiu o casamento. O Senhor Jesus confirmou essa instituição original e legal, conforme a Lei de Deus: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne?” (Mt 19.4,5; cf. Gn 2.24). Aqui está, de maneira clara, a origem do casamento como instituição divinamente estabelecida.

2. Origem da família. O livro de Gênesis relata que a partir do homem e da mulher, Deus estabeleceu a família: “E Deus os abençoou e Deus Lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.28). Essa instituição é tão importante diante de Deus, que Ele a criou antes do Estado e, até mesmo, da Igreja. E foi a partir de uma família que o Altíssimo prometeu abençoar todas as demais: “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

II. A MORDOMIA DA FAMÍLIA

 

1. Os princípios que regem o casamento cristão. Há um manual de união matrimonial: a Bíblia Sagrada. Nela, encontramos princípios universais e atemporais para o casamento.

1.1. O princípio da monogamia. No plano original de Deus para o casamento, o princípio da monogamia está declarado assim: “Portanto, deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Gn 2.24). Mas, infelizmente, após a Queda, o homem desviou-se do plano divino, e distorceu as diretrizes básicas de Deus para o matrimônio. Por exemplo, a Bíblia narra a história de Lameque, filho de Metusael, que deu início à prática da bigamia (Gn 4.19). Assim, com o passar do tempo, a poligamia também foi temporariamente aceita na comunidade hebreia.

Quando o ser humano se rebela contra a vontade monogâmica de Deus quanto ao casamento, um abismo passa a chamar outros abismos: incesto, homossexualismo, pedofilia, zoofilia, necrofilia e outras abominações semelhantes.

Diante de um quadro tão grotesco e estarrecedor, a Palavra de Deus impõe-nos o padrão monogâmico, heterossexual e indissolúvel como a vontade original do Criador para o matrimônio (1Co 7.1,2).

1.2. O princípio da heterossexualidade. Nas Escrituras, Deus definiu para o casamento o princípio da união heterossexual: um homem e uma mulher unidos para sempre sob as bênçãos divinas.

Quando Gênesis 2.24 estabelece o princípio monogâmico e heterossexual, o texto identifica o homem que deixa a casa do pai e da mãe, para unir-se à sua mulher, tornando-se “ambos uma só carne”. Ao lado da monogamia, a heterossexualidade é o princípio inegociável em qualquer tempo ou lugar. Entretanto, cabe aqui uma advertência bíblica e séria: esses dois princípios só sustentam o casamento se forem vividos sob a égide do verdadeiro e sacrifical amor de ambos os cônjuges (Mt 22.37-40; cf. Ef 5.22-25). Por isso, lute por seu amor; ame o seu cônjuge; renove os votos matrimoniais periodicamente.

2. A prioridade da família. A igreja local deve incentivar a mordomia da família de forma constante e efetiva. O cristão precisa ter as prioridades corretas da vida. Normalmente, há muitos crentes e, até mesmo pastores, que priorizam a seguinte ordem: a) Deus; b) igreja; c) esposa; e d) filhos. Qual o equívoco dessa ordem de prioridades?

Biblicamente, o crente deve priorizar (1) Deus; (2) sua própria vida; (3) seu cônjuge; (4) seus filhos; (5) e a igreja local. Ora, alguém poderá indagar: Mas a Bíblia não diz que devemos priorizar o Reino de Deus? (Mt 6.33). Sim, é verdade. Entretanto, dentro da economia divina, há uma hierarquia muita clara para que a mordomia com a família seja plenamente atendida.

A Palavra de Deus diz que se alguém não cuida de sua família não se encontra preparado para liderar a Igreja de Cristo (1Tm 3.4,5). É muito triste quando o obreiro encontra-se empenhado em ganhar outras famílias para Cristo, mas perde sua própria casa por falta de atenção, zelo e amor (1Tm 5.8).

3. O relacionamento entre pais e filhos. Na mordomia da família, alguns cuidados devem ser tomados a fim de que os filhos sejam criados na “doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Eles são herança e galardão de Deus (Sl 127.3). Como sacerdotes do lar, os pais devem realizar o culto doméstico. É muito importante priorizar esse momento para instruir os filhos na Palavra de Deus. Além de zelo espiritual, os pais devem ser exemplos de amor conjugal, paternal e maternal.

III. A FAMÍLIA CRISTÃ SOB ATAQUE

 

1. O ataque do Estado materialista. De um modo geral, os países são governados por homens materialistas e indiferentes ao bem comum. Muitos governantes tornam-se agentes do Diabo, visando a destruição da família e da Igreja de Cristo.

Por essa razão, temos de usar estratégias poderosas para vencer os ataques do Maligno: a valorização da Palavra de Deus no lar, o culto doméstico, a leitura de boa e comprovada literatura cristã e a constante vigilância e prática da oração. Que a Palavra de Deus norteie o nosso lar (Dt 11.18-21)!

2. O ataque da famigerada Ideologia de Gênero. Engenheiros sociais modernos trabalham pela desconstrução da família criada por Deus. Karl Marx, um dos teóricos fundadores da doutrina comunista, disse que a família deveria ser abolida.

Dessa forma, o Diabo usa a “famigerada ideologia de gênero” para abolir os princípios que Deus estabeleceu para a família. Segundo essa diabólica ideologia, ninguém nasce com sexo determinado. A criança não nasce macho nem fêmea, pois ela “se torna homem ou mulher” por meio da construção social. Assim, quem constrói o sexo masculino e feminino é a sociedade. Esse é o maior ataque aos princípios de Deus para a família e para a identidade natural da pessoa (Gn 1.27,28).

3. Um ataque a Deus e à ciência. Ao ensinar que ninguém nasce “homem” ou “mulher”, os engenheiros sociais procuram destruir a identidade natural e biológica do ser humano. E também ignoram por completo que Deus criou o “homem” e a “mulher” (Gn 1.26,27).

Essa teoria, além de ser um ataque frontal a Deus, também é uma violência à Ciência. A Biologia define uma pessoa masculina por causa de seu aparelho reprodutor masculino. Ou seja, há hormônios masculinos, marcadores biológicos e cromossomos igualmente masculinos. Assim também se dá em relação à mulher, pois ela é definida por causa de seu aparelho reprodutor feminino. Logo, ela tem hormônios femininos, sua genética possui os cromossomos XX que marcam a identidade feminina. Tais conhecimentos são elementares e estão ao alcance de todos, facultando à família cristã rebater seguramente esse pensamento.

CONCLUSÃO: Só há uma maneira de preservar a família da destruição espiritual e moral dos tempos atuais: criando-a de acordo com a Lei de Deus. Noé salvou sua família da destruição porque a criou segundo a Palavra de Deus (Gn 7.1). Josué também tomou posição ao lado de Deus com a sua família. Diante dos desvios do povo, sua declaração é solene e exemplar: “escolhei hoje a quem sirvais: […], porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15).

LIÇÃO 6 - A MORDOMIA DA ADORAÇÃO, JO 4.19-26

INTRODUÇÃO: No Antigo Testamento só se podia oferecer culto no Tabernáculo ou no Templo. No Novo, e do ponto de vista espiritual, Jesus Cristo aprofundou o sentido de adoração, conforme a narrativa do evangelista declara: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23). Nesta lição, veremos que, diferente do Antigo Testamento, a mordomia da adoração no Novo se realiza “em espírito e em verdade”. Assim, a adoração não está mais centrada no ritualismo ou no simbolismo da Antiga Aliança, mas em Cristo.

 

I. O QUE É ADORAÇÃO

 

Adoração vem do latim Adorationem. No sentido etimológico significa “culto ou veneração que se presta a uma divindade”. Para o cristão, adoração é a veneração elevada que se presta ao Deus Único, que subsiste em três pessoas distintas na Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

1. No Antigo Testamento. No Antigo Testamento, a palavra hebraica shaha ocorre mais de 100 vezes, e significa “curvar-se diante” ou “prostrar-se diante” de Deus. Há ainda a palavra abad, que traz os sentidos de “adorar”, “trabalhar” ou “servir” a Deus (cf. 2Rs 10.18-23). Essa é a perspectiva de adoração da Antiga Aliança. O livro do Êxodo revela que Deus mandou Moisés, Arão, Nadabe e Abiú, e os setenta anciãos, subirem ao monte e inclinarem-se de longe como sinal de reverência e adoração ao Eterno (24.1).

2. No Novo Testamento. O Novo Testamento registra o verbo grego proskuneo 59 vezes. Ela significa “prostrar-se” ou “adorar” ou “prestar homenagem a alguém” ou “venerar” ou “ser reverente” ou “beijar a mão”. Há também o verbo (prosekúnesa), que passou a significar “prostrar-se como sinal de reverência”, “prestar homenagem”. Nesse sentido, a narrativa da adoração dos magos a Jesus fundamenta a perspectiva de adoração da Nova Aliança (Mt 2.2,11).

3. Outras palavras relativas à adoração. No Novo Testamento, a palavra grega latreia emprega o sentido de “serviço” de adoração no culto (Êx 12.25,26; Hb 8.5; 9.9; 13.10). Dessa palavra vem o termo idolatria, ou adoração a ídolos, prática condenada por Deus. Há também a palavra leitourgia, ou liturgia, que significava serviço prestado em favor do povo.

Atualmente, a palavra liturgia refere-se à forma de organização do culto e seu desenvolvimento. Cada denominação cristã tem uma “liturgia” em que a adoração a Deus se destaca como a essência do culto.

II. COMO ADORAR A DEUS

 

1. “Em espírito e em verdade”. Após ouvir de modo atencioso e reverente a palavra de Jesus, a mulher samaritana ficou impressionada e o reconheceu como profeta (Jo 4.19). Nosso Senhor declarou duas coisas importantes sobre a verdadeira adoração. Primeiro, onde se deve adorar a Deus; em segundo lugar, como se deve adorá-lo.

1.1. Onde adorar a Deus? Para a mulher samaritana o lugar correto de adoração era o monte de Samaria. Mas para os judeus, era Jerusalém. Entretanto, nosso Senhor revelou claramente que chegaria um tempo em que o essencial da adoração não seria o lugar geográfico, pois “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24).

1.2. A atitude do adorador. Além de adorar “em espírito”, o cristão deve adorar “em verdade” (Jo 4.24). Nem todo hino ou cântico ou apresentação musical é adoração a Deus. Atualmente, a partir da influência do chamado “movimento gospel”, as músicas têm sido usadas de forma a exaltar “artistas” ou “levitas”. Isso é uma visão deturpada da adoração. Multidões se ajuntam em templos, estádios ou praças, para assistirem “shows gospel”, onde a humildade e a contrição estão longe do propósito original da adoração. Ora, a verdadeira adoração é “em espírito e em verdade”, e para a glória de Deus. Somente Ele é o centro da adoração!

2. Com o “culto racional”. Paulo escreveu aos cristãos de Roma acerca de apresentarmo-nos a Deus em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm 12.1). O culto racional significa cultuar a Deus “com razão de ser”, motivados espiritualmente, portadores de uma sinceridade profunda: “glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co 6.20).

O objetivo do culto racional é este: “para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

III. GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS

 

1. Ajoelhar-se e prostrar-se. São gestos de profunda reverência diante de Deus. Salomão, na inauguração do Templo, em Jerusalém, diante de todo o povo, se pôs de joelhos, adorando a Deus: “Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do Senhor” (1Rs 8.54). Jesus prostrou-se diante do Pai em súplica (Mt 26.39).

2. Louvar e cantar. Davi introduziu o uso de instrumentos musicais, do cântico coral e congregacional no culto a Deus. Ele mandou selecionar e preparar 4.000 cantores oficiais, que se revezavam em turnos (1Cr 23.5,6), acompanhados com instrumentos musicais e dirigidos por 288 maestros (1Cr 25.7). Na Igreja de Cristo, a adoração a Deus também se expressa com cânticos e hinos de caráter espiritual. O apóstolo Paulo nos exorta a praticar a verdadeira adoração de forma consciente e profunda: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.16).

3. Glorificar a Deus. Ao longo das Escrituras Sagradas, aprendemos que devemos glorificar a Deus com a inteireza do nosso ser (1Ts 5.23). Ora, se nós somos templo do Espírito Santo, significa que Ele habita em nós, logo. Deus não aceita nada menos que o todo do nosso ser, isto é, “vosso corpo” e “vosso espírito” (1Co 6.19,20).

O salmista lembra-nos de que a nossa adoração deve ser expressa da seguinte maneira: “Oferece a Deus sacrifício de louvor e paga ao Altíssimo os teus votos” (Sl 50.14). A Palavra de Deus nos ensina que quem oferece sacrifício de louvor a Deus, o glorifica (Sl 50.23). É um privilégio glorificar a Deus e apresentar-nos diante dele.

CONCLUSÃO: Na mordomia da adoração, precisamos saber que Deus não vê apenas o gesto exterior como expressão de louvor, mas também a motivação do coração (1Sm 16.7). Oremos como Davi orou: “Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento” (Sl 139.1,2).

LIÇÃO 7 - A MORDOMIA DOS DÍZIMOS E OFERTAS, ML 3.7-12

INTRODUÇÃO: Nesta lição, estudaremos sobre os dízimos e ofertas na obra de Deus. Veremos que, de um lado, os dízimos e as ofertas pertencem a Deus e devem ser-lhe entregues com amor, alegria e fidelidade. Por outro, a liderança eclesiástica deve aplicar os recursos de forma correta, fiel e transparente. Assim, a mordomia desses recursos deve ser executada com base nos princípios da Bíblia Sagrada.

 

I. AS FONTES DE RECURSOS DA IGREJA LOCAL

 

1. Dízimos e ofertas. A igreja local tem como fonte legítima de recursos os dízimos e as ofertas. Sem eles, muitos trabalhos ficariam inviabilizados. O fundamento para essa legitimidade está no Antigo Testamento (Lv 27.30-33, Ml 3.10), no Novo (Mt 23.23; 2Co 8.8-15) e ao longo da História da Igreja. Não se trata, portanto, de uma prática que começou por imposição de uma pessoa ou de grupo ou de denominação, mas pela necessidade natural da Obra do Senhor.

2. O cuidado com recursos externos. Com base na Bíblia, os recursos financeiros da igreja evangélica jamais devem ser provenientes de governos ou de órgãos públicos, ou de organismos financeiros. Nossa missão é divina! Que Deus guarde a igreja local de envolvimento com práticas ilícitas e abomináveis aos olhos de Deus.

3. Outras fontes de recursos. Se a igreja local tiver um centro social de amparo às pessoas vulneráveis, não há impedimento para que o poder público envie recursos para tal ação social. Entretanto, é necessário cumprir as prescrições legais para que não haja a possibilidade de qualquer “aparência do mal”. Igualmente, a igreja jamais deve lançar mão de bingos, rifas e outros jogos de azar para aumentar suas receitas. Isso é pecado; desagrada a Deus.

 

II. A BASE BÍBLICA PARA OS DÍZIMOS E AS OFERTAS

 

1. Os dízimos no Antigo Testamento. Muitos acusam de legalismo os que observam a disciplina do dízimo e das ofertas. Entretanto, veremos que a origem do dízimo é anterior a Lei, e que o que o legitima é o sentimento de gratidão do fiel ao seu Criador.

1.1. Origem do dízimo. De acordo com a Bíblia, a entrega do dízimo (Hb. ma’ aser — décima parte) teve origem no sentimento sincero do patriarca Abraão. Como gratidão ao favor de Deus, ele deu o dízimo de tudo ao sacerdote Melquisedeque (Gn 14.14-20). Assim, é patente que, para além do valor material do dízimo, o gesto de generosidade é significativo. Quando o dízimo tornou-se lei, a gratidão, que é subjetiva, estava no “espírito” da lei. O povo de Israel devia ser grato ao Criador.

1.2. O dízimo é do Senhor (Lv 27.30). Nesse sentido, quando entregamos o dízimo não restituímos nada a Deus nem fazemos barganha com Ele, pois, como percebeu o Rei Davi, “tudo vem de ti, e da tua mão to damos” (1Cr 29.14). O dízimo é do Senhor!

1.3. O objetivo do dízimo no Antigo Testamento. Deus instituiu o dízimo como Lei para a manutenção da sua Casa, sustento da classe sacerdotal e o cuidado com os órfãos e as viúvas (Ml 3.5; Dt 26.12; Jr 22.3). Nesse sentido, há promessas de bênçãos aos dizimistas fiéis (Ml 3.8-10).

2. O dízimo no Novo Testamento. A Bíblia mostra que os fariseus eram rigorosos quanto à entrega dos dízimos. Esse entendimento está presente nas palavras de Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho”. Entretanto, ao mesmo tempo Ele declarou: “desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas” (Mt 23.23). Aqui, o que o Senhor denuncia é o legalismo e a hipocrisia dos fariseus, e não a entrega do dízimo mesmo. Vejamos dois propósitos do dízimo hoje:

O dízimo é necessário para manter o ministério em tempo integral. No Antigo Testamento, o dízimo servia para a manutenção dos sacerdotes e levitas (Ne 10.37; 18.21). O princípio do sustento do ministério integral permanece no Novo Testamento (1Tm 5.17,18). Assim, aos ministros do Evangelho, que se dedicam exclusivamente a obra de Deus, que “vivam do Evangelho” (1Co 9.14).

3. As ofertas nas Escrituras. A igreja no Novo Testamento se expandiu e se multiplicou (At 9.31; 16.5; 1Co 16.19). Para ajudar os irmãos necessitados, bem como expandir a obra missionária, a igreja apostólica usou o expediente das ofertas (2Co 9.10-15; Fp 4.14-17). A Bíblia mostra que o trabalho dos apóstolos era financiado pelos irmãos de diversas igrejas. Hoje, juntamente com os dízimos, as ofertas tem importância e são dirigidas a muitos fins: construção, necessidade humanitária, missões. Enfim, é um privilégio ofertar na obra do Senhor.

 

III. A MORDOMIA DOS DÍZIMOS E DAS OFERTAS NA IGREJA LOCAL

 

1. Como deve ser a entrega dos dízimos e das ofertas na igreja local?

1.1. Com gratidão a Deus. Deus é o dono de tudo: da Terra e de seus habitantes (Sl 24.1). Somos propriedade dele (1Co 6.20). Só temos saúde porque Ele permite. Só trabalhamos porque Ele nos concede forças. Estamos de pé porque Ele cuida de nós. A gratidão a Deus é a virtude primeira na entrega dos dízimos e das ofertas.

1.2. O dízimo deve ser calculado a partir da renda bruta. É comum irmãos terem dúvidas quanto ao cálculo para separar o dízimo: “Devo separá-lo da renda líquida ou bruta?”. O princípio bíblico que norteava a entrega do dízimo no Antigo Testamento é o das “primícias” (Pv 3.9,10). Por isso, nossa orientação é que o dízimo deve ser retirado da renda bruta. Antes de preocupar-se em pagar as prestações, a água, a luz, o gás ou qualquer outra despesa, honre ao Senhor com suas primícias.

1.3. Os dízimos e as ofertas devem ser levados “a casa do tesouro”. O dízimo e as ofertas tem de ser levados ao tesouro da igreja local. No templo, em Jerusalém, havia um lugar chamado de “a casa do tesouro” para receber os dízimos do povo (Ne 10.37-39). Assim, hoje, cabe ao cristão levar o dízimo e as ofertas a tesouraria da igreja local; e cabe a liderança da igreja a correta e transparente administração dos dízimos.

2. O dízimo dos empresários. Geralmente não poucos profissionais liberais e empresários tem dificuldade de calcular o dízimo. Como eles não tem uma renda fixa há muitas dúvidas quanto a essa entrega. Para isso, damos a seguinte orientação:

2.1. O dízimo deve ser calculado com base na renda. O faturamento empresarial não é renda, pois inclui os custos da empresa e o lucro. O faturamento pertence à empresa, e não ao empresário. Assim, o lucro é o excedente sobre o custo. Desse lucro, além do valor que lhe permite reinvestir nos negócios, o crente empresário deve tirar a sua renda, ou o tecnicamente denominado Pró-Labore. Ou seja, dessa renda ele deve tirar o sustento direto de sua família. Logo, o dízimo tem de ser calculado a partir dessa renda familiar.

2.2. O controle da renda. Para calcular a sua renda, o empresário cristão deve anotar numa planilha, no computador ou mesmo num caderno, o quanto e a regularidade com que ele retira da empresa o valor para a sua manutenção: se diário, se semanal, se quinzenal, se mensal etc. Do valor retirado, simultaneamente, pode-se separar o dízimo. É melhor fazer assim do que deixar para tirar tudo de uma vez. Outro ponto importante é que o empresário deve retirar também o dízimo de sua renda bruta.

 

CONCLUSÃO: Entregar o dízimo e ofertar não é “obrigação”, mas privilégio. Ora, Deus nos concedeu a vida, a salvação, a saúde, a família, a segurança, a paz, os irmãos na fé, os amigos, as oportunidades e as vitórias nas lutas. Reconhecer todas essas bênçãos é cultivar um coração grato. Assim, todo cristão sincero entrega o dízimo e a oferta com satisfação, gratidão e alegria, para então, contribuir para o crescimento e o fortalecimento do Reino de Deus e sua obra.

LIÇÃO 8 - A MORDOMIA DO TEMPO, EC 3.1-8

INTRODUÇÃO: Segundo a Bíblia, a origem do tempo está na intervenção de Deus ao criar o planeta Terra e o ser humano. No plano original, o ser humano foi criado para viver infinitamente. Mas, após a Queda, ele perdeu o direito à imortalidade e passou a experimentar um relacionamento finito com o tempo, onde passado, presente e futuro trazem a dimensão temporal da vida terrena. Assim, o ser humano percebe que sua existência é efêmera. Portanto, nesta lição estudaremos o conceito de tempo, sua mordomia e proveito.

 

I. CONCEITOS IMPORTANTES

 

1. A palavra tempo. Tempo significa “série ininterrupta e eterna de instantes”, “medida arbitrária da duração das coisas”, “época determinada”. Ele “é a duração dos fatos, é o que determina os momentos, os períodos, as épocas, as horas, os dias, as semanas, os séculos etc.”. Nesse sentido, a palavra tempo pode ter significados variados, dependendo do contexto em que é empregada. O tempo também é sinônimo de época, período, prazo, tempo musical, tempo verbal etc.

2. O tempo na Bíblia e na Teologia. Deus criou o tempo. Ele o formou com o objetivo de estabelecer ciclos para suas obras criadas (Gn 1.14). Nesse aspecto, o homem também buscaria o seu Criador no tempo (At 17.26,27). Assim, sem a dimensão do tempo, o homem não compreenderia sua origem, começo, nem muito menos, o conceito de “eternidade”.

A Bíblia emprega significados variados, sentidos reais e metafóricos, do tempo. Vejamos:

2.1. No princípio - a eternidade. No Gênesis, o livro das origens de todas as coisas, o primeiro capítulo inicia dizendo: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). No hebraico, a expressão “no princípio” é bereshit, “princípio de tudo”. A maioria dos estudiosos da Bíblia concorda que esse “princípio” é indefinido, pois é o “tempo de Deus”, ou o seu kairós. Jo 1.1,2 expressa esse mesmo princípio.

2.2. Yom. A palavra hebraica que corresponde ao dia natural de 24 horas. Ou seja, cada dia da semana, do mês, do ano. É o dia a dia no qual Deus nos concede viver. A mordomia do tempo insere-se nesse tempo de Yom, o dia natural.

2.3. Chronos. É o termo grego para “tempo”, que pode ser medido, contado e definido. Na teologia é considerado o “tempo do homem”, isto é, o tempo cronológico. Além de incluir o “dia” de 24 horas, também se refere a semanas, meses, anos, décadas etc. É o tempo que pode ser medido, dividido, analisado ou estudado. Nesse sentido, o salmista escreveu: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12,14).

2.4. Kairós. É “o tempo de Deus”, que só pode ser definido por ele mesmo. O apóstolo Pedro revelou que, para Deus, o tempo não pode ser avaliado com as mesmas categorias humanas de medição: “Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2Pe 3.8). Jesus também ensinou que não se pode definir o tempo de Deus (Kairós). “E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (At 1.7).

II. A MORDOMIA DO TEMPO

 

1. Remindo o tempo. O tempo é o único bem que não podemos recuperar. Por isso, a Palavra de Deus exorta-nos: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5.15,16). Segundo o relatório “2018 Global Digital”, o Brasil está entre os três países do mundo em que a população passa, em média, mais de nove horas do dia navegando na Internet. É um dos dois únicos países onde o tempo médio diário, gasto nas redes sociais, supera as três horas e meia, portanto, bem acima da média mundial. Remir o tempo significa não desperdiçá-lo.

2. Contar o tempo. O salmista escreveu: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). Será possível contar os dias? Entender que são limitados, finitos e terrenos é conscientizar-se do nosso limite humano. Não somos, pois, seres infinitos. Nosso Senhor declarou assim: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). Aprendamos, pois, contar o tempo que Deus nos deu!

3. A prestação de contas. Um dia nos apresentaremos diante de Deus, a fim de prestar contas dos bens espirituais e materiais que Ele nos concedeu. Tudo o que administramos com relação ao nosso corpo — as faculdades físicas e emocionais —, daremos conta a Deus. Sim, o Criador nos cobrará acerca do que fizemos com o nosso tempo.

 

III. COMO APROVEITAR BEM O TEMPO

 

1. Use o tempo para Deus. O crente e, especialmente, os obreiros, precisam reservar tempo para Deus. São momentos da vida devocional diária, oração e estudo Palavra, que não podem faltar em nossa vida piedosa.

1.1. Na oração. Na Bíblia, os homens de Deus que se destacaram na vida devocional sempre deram valor à oração, (a) Davi e Daniel oravam três vezes ao dia (Sl 55.16,17; Dn 6.10,11); (b) Jesus orava diariamente (Mt 26.41-44). Ou seja, o ensino acerca de uma vida vigorosa de oração permeia as Escrituras.

1.2. Na leitura da Palavra. A Bíblia declara que Davi tinha prazer em ler a Palavra de Deus (Sl 119.97) e escondê-la em seu coração (Sl 119.11). Todo crente que ama a Deus tem prazer em meditar na palavra divina. O obreiro do Senhor precisa ler e estudar a Bíblia diariamente para a edificação pessoal, bem como o preparo na doutrina, ensino, exortação, orientação e advertências a Igreja de Cristo.

2. Use o tempo para você mesmo. O apóstolo Paulo exortou a Timóteo a cuidar de si mesmo em primeiro lugar (1Tm 4.16). O apóstolo João desejou ao destinatário de sua terceira carta que tudo fosse bem em toda as coisas (3Jo v.2). Assim, além de cuidar da vida espiritual, a Palavra de Deus mostra que é importante cuidar da parte emocional, buscando o equilíbrio interior, que tanto beneficia a mente e o corpo.

3. Use tempo para sua família. Há líderes que têm tempo para a igreja, para viagens, seminários, conferências e convenções, mas deixam sua família em segundo ou terceiro plano. Há casos de casamentos destruídos por falta de valorização do cônjuge para com a sua família. Ora, não podemos deixar de priorizá-la.

Um dos recursos necessários para a edificação de sua família é o culto doméstico (Dt 6.7; 11.19). Pense nisso! Que o conselho de Paulo possa calar fundo em nossa alma: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1Tm 5.8).

CONCLUSÃO: Após a Queda, o homem passou a experimentar as agruras e os pesares da ação do tempo. Veio a envelhecer, enfermar-se e, finalmente, morrer. Mas, agora, em Cristo, somos exortados a remir o tempo, aproveitando-o de modo a glorificar a Deus e a honrá-lo enquanto estivermos na Terra, com os nossos olhos voltados para “Sião”. Ali, junto ao Pai Celeste e ao Cordeiro, desfrutaremos plenamente da vida eterna. A morte não terá poder sobre nós.

LIÇÃO 9 - A MORDOMIA DO TRABALHO, 2TS 3.6-13

INTRODUÇÃO: O assunto desta semana nos mostrará que Deus não fez o homem para viver na ociosidade, mas para “lavrar e guardar” o jardim do Éden (Gn 2.15). Assim, veremos como a Bíblia apresenta o conceito de trabalho, sua mordomia e os princípios cristãos para o trabalho.

I. O TRABALHO DE DEUS NA BÍBLIA

 

1. O trabalho de Deus na criação do Universo. A Bíblia nos revela que Deus criou o Universo e os seres vivos em seis dias (Êx 20.11; Ne 9.6). Ou seja, ela inicia a história da salvação revelando o trabalho de Deus na criação do Universo. Infelizmente, uma teoria falsa admite que o Universo surgiu de uma explosão (Big-Bang), e, por acaso, tudo se organizou no Cosmos. Mas a Palavra de Deus mostra que “por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus” (Sl 10.4; cf. 14.1; 53.1).

2. O trabalho de Deus na criação do homem. As Escrituras dizem que Deus Pai formou o homem do pó da terra, e soprou-lhe o fôlego da vida em suas narinas, tornando-o, assim, alma vivente (Gn 2.7). A Palavra mostra também que o Filho é o centro de todas as coisas criadas no céu e na terra, pois “tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16). O Espírito Santo também atuou na formação do ser humano na grande obra da Criação (Jó 33.4). Logo, o Pai, o Filho e o Espírito Santo trabalharam na criação do ser humano.

3. Deus continua a trabalhar. Ao ser acusado de desrespeitar o sábado, nosso Senhor respondeu assim: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). O Deus revelado nas Escrituras, o Criador dos céus e da terra, trabalha em prol de sua criação (Sl 24.1; 65.9,10; 104.30; Is 64.4).

II. A BÍBLIA E A MORDOMIA DO TRABALHO

 

1. O homem foi criado para o trabalho. Quando Deus criou o homem, Ele estabeleceu que a atividade laboral fizesse parte de sua vida (Gn 2.5). No plano divino, o homem foi feito para trabalhar: “E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.8,15).

2. O trabalho antes da Queda. As duas primeiras atividades laborais do homem foram “lavrar” e “guardar” a terra. Ao lado de Adão, Eva foi a primeira trabalhadora. Nesse sentido, podemos deduzir que antes da Queda, o trabalho era agradável, sem desgaste físico e mental, nem doença e, principalmente, sem o perigo de morrer. Portanto, podemos afirmar que o trabalho estava no plano original da Criação, ou seja, ele não foi um acidente pós-queda.

3. O trabalho depois da Queda. Infelizmente, após a ocorrência do pecado, tudo foi distorcido na vida do ser humano:

3.1. O medo e a maldição. O ser humano passou a conhecer o medo (doenças nervosas, emocionais); perdeu a autoridade sobre os demais seres; e conheceu a maldição da terra.

3.2. A ecologia foi mudada. As condições ambientais foram transtornadas (Rm 8.20) e, em consequência, o homem viu-se a trabalhar penosa e arduamente: “maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn 3.17). O que era leve, suave e agradável, por causa do pecado, tornou-se pesado, brutal e desagradável.

3.3. O trabalho tornou-se desgastante. Este versículo é o símbolo do desgaste do trabalho na Bíblia: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra” (Gn 3.19). A expressão “no suor do teu rosto” pode remeter a ideia de trabalho mental e esforço físico. Quantas pessoas não se encontram mentalmente esgotadas e cansadas por causa de suas atividades profissionais?! Os consultórios médicos estão lotados de pessoas com estafa e estresse. Há textos na Bíblia que nos lembram de tal realidade: “Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os afligirem” (Ec 3.10). Jó também declarou: “Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho. Mas o homem nasce para o trabalho, como as faíscas das brasas se levantam para voar” (Jó 5.6,7).

III. PRINCÍPIOS CRISTÃOS PARA O TRABALHO

 

1. O homem deve trabalhar “com o suor de seu rosto”. É a ideia do próprio esforço. Não há trabalho sem esforço. Embora tenha se tornado mais pesado com a presença do pecado, o esforço e o comprometimento no trabalho são uma característica de disciplina e método diante da vida. O princípio bíblico é este: o homem comerá a partir do seu esforço (Gn 3.19).

2. O trabalho deve ser diuturno. A Palavra de Deus revela que o tempo do trabalho vai até à tarde (Sl 104.23), ou noite e dia (2Ts 3.9). Eis a perspectiva bíblica central do trabalho: “Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem” (Sl 128.2).

3. Não ser pesado a ninguém. Outro princípio é o exposto por Paulo aos Tessalonicenses: “nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós” (2Ts 3.8). Não sejamos aproveitadores da bondade alheia.

4. O preguiçoso não deveria comer. Parece um discurso duro, mas há pessoas que não gostam de trabalhar, e querem ter um padrão de vida como se estivessem trabalhando. A Bíblia é muito clara a esse respeito: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2Ts 3.10). Nada é fácil. Há um custo para o nosso sustento. Ora, a Bíblia condena expressamente a preguiça (Pv 6.6,9; 13.4; 19.24).

5. A relação de empregados e empregadores. Nas relações de trabalho, os cristãos devem manifestar os valores da Palavra de Deus.

5.1. Os Patrões cristãos. Há orientação e mandamento de Deus para os patrões: “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de pessoas” (Ef 6.9). Os patrões cristãos têm o dever de zelar pelos direitos trabalhistas de seus empregados, sob pena de serem condenados por Deus (Tg 5.4-6).

5.2. Empregados cristãos. Há também orientação e mandamento para os empregados: “Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor e não como aos homens, sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre” (Ef 6.5-8). Os empregados cristãos não devem fugir ao seu compromisso de trabalho; antes, devem executá-lo como se fosse ao Senhor.

5.3. Não se submeta ao trabalho vil. O trabalho escravo, a exploração laboral infantil, bem como “ofícios” oriundos do vício, do crime e da prostituição são abominações aos olhos do Criador de todas as coisas. Não podemos contrariar as leis divinas e humanas que zelam pela dignidade do trabalho. Trabalhemos honestamente, para que o nome do Senhor seja exaltado.

 

CONCLUSÃO: Nos seis primeiros dias da criação, o Criador executou sua obra com poder sobrenatural, a partir de sua palavra. Ao expressar a sua vontade, tudo passou a existir. Assim, Ele criou o homem pelo seu poder. E o criou para “lavrar e guardar” a Terra. É dessa perspectiva que devemos exercer a nossa mordomia no trabalho, glorificando a Deus e abençoando o próximo.

LIÇÃO 10 - A MORDOMIA DAS FINANÇAS, EC 5.10,11; 1TM 6.6-10

INTRODUÇÃO: Os cristãos devem ser referência na administração das finanças que Deus, bondosamente, lhes concedeu. Nesta aula, refletiremos acerca de alguns aspectos da mordomia financeira com base na Bíblia Sagrada — como nossa única regra de fé e prática. Veremos que o dinheiro pode ser bênção ou maldição, e que tudo depende do uso que fazemos dele.

 

I. TUDO O QUE TEMOS VEM DE DEUS

 

1. Deus é dono de tudo. Tudo o que há no planeta pertence a Deus, tanto o mundo quanto seus habitantes (Sl 24.1). Há os que são filhos de Deus por criação e há os que são seus filhos por adoção através da fé em Jesus (Jo 1.12). Assim, podemos afirmar que os não crentes recebem dádivas por permissão de Deus; nós, seus filhos por adoção em Jesus Cristo, temos convicção de que tudo o que temos vem diretamente de dele, conforme Davi expressou: “Porque tudo vem de ti, e da tua mão to damos” (1Cr 29.14).

2. O trato com o dinheiro. Se tudo o que temos vem de Deus, precisamos lidar com o dinheiro de modo especial. Isso é necessário, pois muitos se tornaram materialmente ricos, mas espiritualmente miseráveis, como Jesus revelou a situação dos crentes de Laodicéia (Ap 3.17). Em Apocalipse, nosso Senhor deixou claro que o crente pode pensar estar rico aos próprios olhos, mas invariavelmente desgraçado, miserável, pobre, cego e nu diante dos olhos do Senhor. A história do mundo mostra que a busca por dinheiro e riquezas materiais levou muitas pessoas a cometerem perversidades, violências e crimes inomináveis.

3. Cuidado com a falsa prosperidade. Precisamos ter cuidado para não sermos enganados pelas armadilhas da já conhecida “Teologia da Prosperidade”. Esta ensina que todo crente deve ser rico, porque, diz essa teologia, “somos filhos do Rei”. Isso não passa de propaganda enganosa e distorção da graça de Deus. Ora, as Escrituras mostram que Jó foi um servo fiel a Deus (Jó 1.1), mas, embora muito rico, veio certa vez a experimentar a pobreza. Mas nem por isso abandonou a Deus, apesar de todo o sofrimento que experimentou.

II. COMO O CRISTÃO DEVE GANHAR DINHEIRO

 

1. Trabalhando honestamente. Desde o Gênesis, após a Queda, o homem emprega esforço para obter os bens de que necessita. O Criador disse: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão” (Gn 3.19a). O apóstolo Paulo recomendou: “E procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado” (1Ts 4.11). Assim, por trabalho honesto entendemos todo o tipo de atividade que sustenta e dignifica o ser humano. Entretanto, há trabalhos que o degradam e humilham. Por isso, ao cristão sincero não convém atividades correlacionadas com a bebida alcoólica, drogas, prostituição, aborto etc.

2. Fugindo das práticas ilícitas. O cristão não deve recorrer a meios ou práticas ilícitas para ganhar dinheiro, tais como jogo do bicho, do bingo, rifa, loterias, e outras formas “fáceis” de se angariar riquezas. Em Provérbios, lemos: “O homem fiel abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem castigo” (Pv 28.20).

3. Fugindo da avareza. Avareza é o amor ao dinheiro. É uma escravidão ao vil metal. Diz a Bíblia: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6.9,10). Deus não condena a riqueza em si, mas a ambição, a cobiça e a avareza que ela desperta. Abraão e Jó eram homens ricos, porém, fiéis a Deus. O que Deus condena é a ganância, a ambição desenfreada por riquezas (Pv 28.20).

III. COMO O CRISTÃO DEVE UTILIZAR O DINHEIRO

 

1. Na Igreja do Senhor. Na igreja há várias maneiras pelas quais o cristão pode e deve contribuir, de modo positivo e abençoado, para a manutenção da Obra do Senhor.

1.1. Contribuindo com os dízimos. Entregar os dízimos para a manutenção material da Obra do Senhor é uma das maiores expressões de gratidão a Deus e amor por sua causa na Terra (Ml 3.8-12). Como já vimos, no Novo Testamento, o dízimo não foi abolido, pois Jesus trouxe a maneira correta de sua entrega (Mt 23.23). O Novo Testamento também revela que o cuidado dos órfãos e das viúvas é “a verdadeira religião” (Tg 1.27). Assim, a mordomia do dízimo é de fundamental importância à vida da igreja.

1.2. Contribuindo com ofertas alçadas. O crente fiel deve contribuir com ofertas alçadas (levantadas), de modo voluntário, como prova de sua gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas. Com esses recursos (dízimos e ofertas), a igreja mantém a evangelização, as missões, o sustento de obreiros, o socorro aos necessitados (viúvas, órfãos, carentes etc.), bem como o patrimônio físico da obra do Senhor e outras necessidades.

2. Na sociedade civil.

2.1. Evitando dívidas fora do seu alcance. Muitos têm ficado em situação difícil por causa do uso irracional do cartão de crédito. As dívidas podem provocar muitos males, tais como falta de tranquilidade (causando doenças); desavenças no lar; perda de autoridade e independência. Devemos lembrar que “o rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7). Outro problema é o mau testemunho perante os ímpios quando o crente compra e não paga.

2.2. Evitando os extremos. De um lado, há os avarentos que se apegam demasiadamente à poupança, em detrimento do bem-estar dos familiares. Estes não se importam em ver os filhos passarem necessidade, pois o seu desejo de “poupar” e de entesourar para o futuro é irrefreável. De outro, há os que gastam além de suas possibilidades, contraindo dívidas que perturbam a harmonia do lar.

2.3. Tendo controle da renda. É importante que se faça um orçamento familiar, observando o quanto a pessoa ganha, gasta e, se possível, reserva para imprevistos. Em nosso país, grande parte das pessoas recebe apenas o denominado “salário mínimo”, uma renda que não garante nem o mínimo previsto em lei. Entretanto, o crente em Jesus deve conter-se dentro dos limites de sua renda, seja ela grande ou pequena, para não ser vítima de um mal maior.

2.4. Não fique por fiador. Outro cuidado importante é não ficar por fiador. A Bíblia desaconselha isso (cf. Pv 11.15; 17.18; 20.16; 22.26; 27.13). Muito menos forneça cheque para alguém usá-lo em seu nome. Previna-se!

2.5. Fugindo do agiota. É verdadeira maldição quem cai na mão dessas pessoas, pois elas cobram “usura” ou lucros extorsivos. Esse tipo de atividade é ilícito. Um cristão não deve praticar a agiotagem, que é o empréstimo de dinheiro de modo clandestino. Além de ser ilegal, a Bíblia condena essa prática (cf. Êx 22.25; Lv 25.36).

2.6. Pagar os impostos. “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13.7). O cristão não deve ser sonegador, pois isso não glorifica a Deus. Ainda que muitos aleguem que os governos não aplicam bem o dinheiro arrecadado, desviando-o para outras finalidades, o cristão precisa comportar-se como cidadão dos céus no trato com o dinheiro. É mandamento bíblico que paguemos os impostos (Mt 22.17-21).

 

CONCLUSÃO: O dinheiro pode ser uma bênção ou uma maldição. Isso depende muito do uso que fazemos dele. Se o fizermos para a glória de Deus, com gratidão pelos bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor. Que usemos os recursos financeiros de modo honesto, como verdadeiros mordomos de nosso Senhor Jesus Cristo! Que o Senhor nos ensine a usar os recursos como bênção!

LIÇÃO 11 - A MORDOMIA DAS OBRAS DE MISERICÓRDIA, AT 4.32-35; LC 10.30,36,37

INTRODUÇÃO: Nesta lição, veremos que Deus requer de seus filhos obras de misericórdias como o fruto do amor cristão. Os servos de Deus, portanto, devem expressar a virtude da misericórdia divina. Esse sentimento é o que deve dominar o coração dos cristãos: “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade” (Sl 103.8).

I. SIGNIFICADO DE MISERICÓRDIA

 

1. Definição. A palavra “misericórdia” vem do latim (misericórdia) e significa “compaixão suscitada pela miséria alheia”; “indulgência, graça, perdão”. No Antigo Testamento, o termo está presente em textos como: “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor por longos dias” (Sl 23.6).

2. Misericordioso. A palavra “misericordioso”, no grego, tem o sentido de “entranhas de misericórdia ou de bondade”. A expressão indica o sentimento que vem do íntimo, “das entranhas”, do “coração”. Ela mostra que servimos a um Deus de misericórdia, longanimidade e benignidade (Sl 103.8). Essas são qualidades morais de Deus. Quem se identifica com Ele, por meio do Espírito Santo, deve manifestar tais qualidades morais (Gl 5.22).

 

II. A MORDOMIA DA MISERICÓRDIA CRISTÃ

 

A misericórdia é como o amor, pois ela só tem valor se for praticada. As obras de misericórdia estão inseridas no contexto das “boas obras” inerentes à vida de todos os salvos em Cristo Jesus.

1. Obras de misericórdia na prática. Na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-37), Jesus respondeu a um “um doutor da lei” acerca da vida eterna. Ele diz que, diante de um homem assaltado, caído à beira do caminho, três personagens se destacam: primeiro, um sacerdote, que, vendo o homem caído, “passou de largo” (Lc 10.31); depois, um levita, que ignorou o enfermo; por fim, um samaritano, que cuidou do homem, e o levou a uma hospedaria.

Veja a pergunta de Jesus ao doutor da Lei: “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”. O doutor da lei respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira” (Lc 10.36,37). Nosso Senhor mostrou que a misericórdia não deve ser apenas um “sentimento”, mas uma ação diretiva: “Vai e faze da mesma maneira”.

2. Somos criados para as boas obras. O apóstolo Paulo ensinou aos crentes de Éfeso que a salvação não vem pelas obras, “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. […] Porque somos […] criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.8,10). Assim, devemos praticar as boas obras porque somos salvos, e fomos alcançados pela graça de Deus: “[…] os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens” (Tt 3.8). Dentre as boas obras, podemos listar algumas obras de misericórdia:

2.1. Na área das necessidades humanas. Quem faz obras de misericórdia em prol dos carentes, necessitados e vulneráveis sociais está fazendo ao próprio Cristo (Mt 25.35,36), pois assim as Escrituras afirmam: “E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40).

2.2. Na área das necessidades espirituais. As necessidades espirituais do homem são tão urgentes, que Deus enviou o seu Filho para salvá-lo de sua miséria (Jo 3.16). Esse ato nos lembra de quando o profeta Jonas entristeceu-se por causa da compaixão de Deus pelo povo de Nínive. Eis, porém, o que o Senhor lhe respondeu: “[…] e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens, que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?” (Jn 4.11). Isso prova, conforme as palavras de Tiago, que “a misericórdia triunfa no juízo” (Tg 2.13).

2.3. Na área da evangelização e das missões. As Escrituras Sagradas mostram que a obra de evangelização e missões é central no Evangelho: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (Jo 4.35; cf. Mc 6.34). É muito clara a necessidade espiritual do mundo. Infelizmente, o investimento na obra missionária ainda é muito pequeno. De um modo geral, gastamos mais com outros empreendimentos e objetos pessoais do que investimos em missões e na evangelização das almas perdidas.

2.4. A falta de misericórdia pelos pecadores. Há uma negligência flagrante, por parte de muitas igrejas, na pregação do Evangelho. Isso é falta de misericórdia. A Bíblia mostra que Deus “amou o mundo”, e não um grupo seleto e privilegiado. Ele quer salvar a todos em Jesus Cristo. O nosso Deus é amor, longânimo e misericordioso. Ele não tem “prazer na morte do ímpio” (Ez 33.11). A ordem do Senhor Jesus é muito clara: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15; cf. Pv 24.11).

III. CUIDADOS NA PRÁTICA DAS BOAS OBRAS

 

1. As boas obras devem glorificar a Deus. No Sermão do Monte, Jesus disse: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16). Por isso, as obras de misericórdia devem ser feitas com humildade e sem buscar a glória para quem as pratica. Assim, o Senhor ensinou como devemos ajudar o necessitado: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (Mt 6.2).

2. As obras de misericórdia são obras de amor. Elas são parte da prática do amor cristão, que, segundo Jesus, deve ser estendido até mesmo ao inimigo (Mt 5.44). Nesse sentido, o apóstolo expressa esse ensino: “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça” (Rm 12.20). Somente com a graça de Deus, e na força do Espírito Santo, o cristão pode cumprir o mandamento de amar o inimigo.

3. Obras de quem é salvo. Tiago diz que as obras dos salvos devem ser a expressão da fé, a qual, sem elas, de nada aproveita. Ele exemplifica esse ensino referindo-se ao caso de um irmão ou irmã, carentes, sendo despedidos de mãos vazias. Neste caso, nenhum proveito se materializa. E conclui: “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17; cf. 2.14-20; Mt 5.16). Segundo Tiago, as boas obras é o testemunho da fé perante os homens.

 

CONCLUSÃO: Não somos salvos pelas boas obras, mas as praticamos porque somos salvos (Mt 5.16). Precisamos testemunhar nossa fé ao mundo por meio das boas obras. Logo, devemos realizar as obras de misericórdias no âmbito material e espiritual. O nosso Deus amou o ser humano por inteiro. Este tem necessidade no corpo e na alma. As obras de misericórdias são o testemunho bíblico da nossa fé.

 

LIÇÃO 12 - A MORDOMIA DO CUIDADO COM A TERRA, GN 1.26-30

INTRODUÇÃO: Nesta lição, estudaremos a vocação do ser humano para ser o mordomo de Deus na Terra. Veremos que Deus entregou este planeta aos nossos cuidados. Por isso, faremos uma reflexão bíblica sobre a responsabilidade humana com o ambiente natural. Concluindo, perceberemos que há promessas bíblicas para a restauração da Terra. Nosso Senhor há de restaurá-la plenamente.

 

I. O HOMEM FOI CRIADO PARA SER MORDOMO DE DEUS

 

1. O mordomo da Terra. Deus chamou o homem para ser o mordomo (gr. oikonomos) da Criação. Pela fé, entendemos que ela é obra de Deus, e não o resultado de um processo evolutivo “planejado” pelo acaso. Não há lógica em dizer que um sistema tão complexo como o da Criação tenha sido fruto de algo aleatório. A Bíblia afirma que Deus criou o Universo, fazendo-o surgir a partir de sua palavra (Hb 11.3). Por isso, o Criador é digno de receber toda a glória, toda a honra e todo o poder pela obra de suas mãos (Ap 4.11).

2. A terra habitável. Deus fez a Terra para que os seres humanos a habitassem. O homem foi autorizado por Deus a desfrutar da plenitude da Terra, e para desta sustentar-se, conforme diz a Bíblia: “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor, e não há outro” (Is 45.18).

 

II. DEUS CONCEDEU A TERRA AOS HOMENS

 

1. A Terra é do Senhor (Sl 24.1). As Escrituras declaram que a Terra é de Deus, e que Ele a confiou aos homens (Sl 115.16; cf. Dt 10.14). O que o Criador espera de nós é o zelo, o cuidado e a sabedoria para exercer a nossa mordomia sobre a Terra. Nesse sentido, espera-se que os crentes, em Jesus, sejam o exemplo na relação com o meio ambiente. Não podemos contaminar os recursos naturais; precisamos evitar os desperdícios e o uso irracional da água.

2. A natureza — uma dádiva da graça de Deus. A natureza é um presente de Deus ao ser humano, pois é Ele “quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25). Por meio dela, Deus nos garante o ar, a água, o sol, a chuva, a germinação das plantas, o fruto e os alimentos necessários à nossa subsistência.

Sem a natureza, não haveria vida. Tudo isso são dádivas naturais, fruto da graça de Deus, conforme nos revela o Evangelho: “porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45). Por isso, quando fizermos alguma refeição, agradeçamos a bondade de Deus, e reconheçamos a sua provisão (Sl 65.8-13).

3. A missão de governar a Terra. Deus governa o cosmos. Assim como todos os planetas, estrelas e outros corpos celestes, a Terra pertence a Deus. Primeiramente, por direito de criação. Diz o Gênesis: “No princípio criou Deus o céu e a terra” (Gn 1.1). Em segundo lugar, por direito de preservação. Deus preserva todos os aspectos da natureza: “Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra” (Sl 104.30; 65.9-13). Portanto, cuidemos com zelo do ambiente natural (Gn 1.26).

 

III. O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM A TERRA

 

1. A Terra antes do homem. O livro de Gênesis assim descreve a situação do reino vegetal, no Éden, antes da criação do homem: “Toda planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra e regava toda a face da terra” (Gn 2.5,6). O ser humano, por conseguinte, era, e continua a ser, indispensável ao cultivo, à guarda e à preservação do planeta. Essa é a nossa missão.

2. A Terra depois da criação do homem. O segundo capítulo de Gênesis narra a formação do homem e a sua vocação para ser o mordomo do jardim (Gn 2.7,8). Nesse tempo, a ecologia era perfeita. Deus plantou um jardim para colocar o homem nele. Isso só ocorreu depois que o ambiente natural já estava pronto para ser habitado.

Muitas foram as árvores que brotaram, inclusive “a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal” (Gn 2.9). Após a disposição dos ecossistemas, o Criador entregou ao homem a sua grande missão: “E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.15).

3. A Terra depois da Queda. O homem desobedeceu a ordem divina, e comeu do fruto proibido. Por causa dessa desobediência, Deus exerceu severo juízo sobre ele e sobre a natureza. Diz o Gênesis: “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn 3.17).

Dessa forma, toda a ecologia do planeta foi prejudicada pela ação pecaminosa do homem (Rm 8.20,21). Por causa dele, o ambiente natural tornou-se hostil à sobrevivência humana.

 

IV. A MORDOMIA DO MEIO AMBIENTE

 

1. A falha do homem na mordomia da Terra. Você já ouviu falar em “desenvolvimento sustentável”? É a missão de prover o desenvolvimento econômico e tecnológico sem esgotar os recursos naturais do planeta. Essa não é uma tarefa fácil, pois o interesse pelas riquezas naturais tem levado o homem a não se preocupar com a conservação do meio ambiente (1Tm 6.10).

O objetivo do chamado desenvolvimento sustentável, além de garantir a preservação ambiental, é assegurar uma condição digna de vida às gerações futuras. Na maioria dos países, a exemplo do Brasil, as cidades em geral são ambientes poluidores, dominados por estruturas corruptas, imoralidade e violência sem controle. Nesse sentido, as palavras de Jó são reveladoras: “Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos exclama, e, contudo Deus lho não imputa como loucura” (Jó 24.12).

Em resumo, os processos de urbanização e industrialização se tornaram símbolos de poluição e degradação do meio-ambiente.

2. A degradação da Terra. O adversário de nossa alma, Satanás, tem atuado contra o ser humano na Terra (Jó 2.1,2). Ele provoca tragédias espirituais, morais e físicas contra o homem. Assim, movido por sentimento de ganância e avidez, ou por não procurar fazer o uso correto dos recursos naturais, o homem deteriorou o meio ambiente e causou grandes desastres ambientais. Quantos rios que, outrora limpos e cheios de peixes, são agora poluídos e impróprios à saúde?

3. A restauração da Terra. A Palavra de Deus declara que “a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.20,21). Agora, a criação encontra-se sujeita à degradação, aguardando o dia da sua redenção. O Senhor nosso Deus prometeu, um dia, restaurar plenamente o nosso planeta (Is 55).

 

CONCLUSÃO: Antes da Queda, o ambiente natural era perfeito, sem alterações climáticas, sem catástrofes ou fenômenos que ameaçassem a vida humana. No entanto, depois da desobediência do homem à voz de Deus, tudo mudou. Houve um prejuízo imenso tanto para o homem quanto para a Terra. O pecado transtornou a natureza. Mas há promessa de Deus para a restauração da Terra. Isso ocorrerá quando o Senhor Jesus implantar pessoalmente o Reino Milenial neste mundo.

LIÇÃO 13 - SEJA UM MORDOMO FIEL, LC 12.36-38,42-46

INTRODUÇÃO: Cada crente foi chamado a ser um servo fiel. Não é preciso ter cargo ministerial para isso. Nesta última lição, veremos que o nosso Deus espera encontrar-nos servindo-o prudente e amorosamente, multiplicando os talentos que Ele nos concedeu. Que, em Cristo, nos achemos fiéis na presença do Pai Celeste. Jesus em breve virá.

 

I. O QUE DEUS ESPERA DE SEUS MORDOMOS

 

1. Que sejam prudentes na espera do Senhor (Lc 12.37). Na parábola do servo vigilante, o destaque está sobre os servos que esperam pelo seu Senhor de maneira atenta. Semelhantemente, a parábola das Dez Virgens conta que havia dois grupos delas: o primeiro era caracterizado pelas virgens “prudentes” que aguardavam o noivo a qualquer momento para as bodas; o segundo, pelas que não tinham azeite suficiente para a chegada do noivo. De modo semelhante, a Igreja de Cristo anseia pelo seu Senhor. Mas, no dia em que Ele arrebatar a Igreja, dois grupos serão destacados: os que vão subir, e os que ficarão para a Grande Tribulação. A igreja fiel espera o Senhor a qualquer momento.

2. Que esperem o Senhor com prontidão (Lc 12.38). Na parábola do servo vigilante, o senhor esperava achar os seus servos de prontidão, para que, quando ele batesse à porta, imediatamente eles a abrissem. Assim, também, a parábola das virgens prudentes mostra que elas estavam prontas, sabendo que, a qualquer momento, o “esposo” chegaria. Esse é o ânimo que o nosso Senhor deseja encontrar quando de sua vinda. Os servos de Cristo precisam estar preparados, como mordomos fiéis, chamados a militar legitimamente (2Tm 2.5). Não sejamos negligentes como as “virgens loucas” (Mt 25.3). Sejamos prudentes, vigilantes e amorosos. Jesus em breve voltará.

3. Esperem a recompensa do Senhor. A Palavra de Deus declara: “Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-se, os servirá” (Lc 12.37). Que honra será quando, nas Bodas do Cordeiro, formos servidos por Cristo no Céu! Os servos verdadeiramente fiéis honram o nome de Cristo no lar, no trabalho e nas mais diferentes esferas da sociedade. Sim, o Rei nos recompensará (Hb 6.10).

 

II. AS CARACTERÍSTICAS DO MORDOMO INFIEL (Lc 12.45-47).

 

A parábola denuncia o comportamento do mordomo infiel ante a iminente vinda do seu senhor.

1. Ele não espera que o Senhor em breve venha. O mordomo infiel simplesmente conjectura em seu coração: “O meu senhor tarda em vir”. Essa imagem tipifica o crente que não se preocupa com a vinda iminente de Jesus. Nosso Senhor alertou quanto ao tempo de sua volta: “Por isso, estai vós apercebidos também, porque o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24.44). Sua vinda pegará muita gente desprevenida.

2. Ele “espanca” outros servos. A parábola também revela que o mau servo abusa de sua missão, passando a maltratar os outros servos de seu senhor. Ele passa a tratá-los com rigor tirânico e autoritarismo, espancando-os com palavras e atitudes brutais. Quantas pessoas já não deixaram o nosso meio por causa de tal comportamento? Uma das qualidades do mordomo fiel é o amor e o acolhimento.

3. Age de modo irresponsável. O mau servo, abusando de sua posição, envolve-se com atitudes ilícitas e impróprias para quem é comissionado pelo seu senhor, entregando-se aos vícios e à embriaguez. Acerca disso, a Bíblia nos admoesta: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio” (Pv 20.1).

A prudência cristã nos leva a abster das bebidas alcoólicas de qualquer espécie. A experiência demonstra que os riscos de um descaminho é grande para quem faz uso do álcool.

 

III. AS QUALIDADES DO MORDOMO FIEL

 

1. Fidelidade. Uma das virtudes do mordomo fiel da parábola é, justamente, a sua fidelidade, que pode ser definida como a qualidade, ou caráter de quem é fiel, lealdade, firmeza e constância. No Apocalipse, Jesus disse: “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10).

Diante das dificuldades e das perseguições, Deus chama o cristão para ser-lhe fiel em todas as coisas. Não desista; seja perseverante.

2. Prudência. Outra qualidade apresentada na parábola é a prudência: a virtude de quem age com moderação e comedimento, evitando erros e danos tanto para si quanto para o seu semelhante. Quantos ministérios não têm sido destruídos por falta de prudência? Principalmente, no falar. Tiago aconselha-nos: “Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). Nas palavras do sábio Salomão, “quanto mais excelente, adquirir a prudência do que a prata” (Pv 16.16b).

3. Constituído pelo seu Senhor. Quem constitui posições e ministérios na Obra de Deus é o próprio Deus. É o que revela a parábola do Divino Mestre. Nosso Senhor não comissiona interesseiros, ambiciosos e prepotentes. Ele comissiona santos para o santo ministério; homens que, como Paulo, se entregam de corpo e alma ao Salvador Amado (Gl 1.1). É preciso estar no centro da vontade de Deus. Por isso, estejamos firmados na Bíblia Sagrada, para termos um ministério cristocêntrico, no qual Cristo seja o centro de tudo.

 

CONCLUSÃO: A parábola contada pelo Senhor Jesus diz respeito a todos nós. A Palavra de Deus nos alerta: “virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis. E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites” (Lc 12.46,47). A vinda do Filho do Homem é certa. Que Ele nos encontre fiéis, prudentes e vigilantes para o Arrebatamento! Ora vem, Senhor Jesus.

 

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download