ANDERSON MACHADO OLIVEIRA - UFRGS



II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho

Florianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004

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GT História da Mídia Sonora

Coordenação: Prof. Ana Baum (UFF)

Nas ondas da PRJ-2

Fragmentos da história dos 64 anos da Rádio Clube Ponta-Grossense

pelas vozes da emissora

Karina Janz Woitowicz

Anderson Machado Oliveira

Fábio Antônio Burnat

Thiago Bauer[1]

Resumo:

Os anos 1940 experimentaram o surgimento e o desenvolvimento de emissoras de rádio nas principais cidades brasileiras, impulsionando a descoberta de um ‘gosto popular’ através de músicas, personagens e programas que marcaram a história da mídia sonora. A Rádio Clube Ponta-Grossense – PRJ-2, primeira emissora fundada no interior do Paraná, preserva na memória dos seus locutores, funcionários e ouvintes alguns traços deste momento em que o rádio se firmava como o mais importante meio de informação e entretenimento. A partir de relatos e textos de jornais da época, o presente trabalho busca recuperar a trajetória da emissora na cidade de Ponta Grossa e contribuir para o reconhecimento de um veículo praticamente ignorado em sua importância histórica, considerando-o testemunho do tempo na medida em que vivenciou a consolidação, os anos dourados e a decadência do rádio no Brasil.

Palavras-chave: história da rádio, evolução da comunicação, mídia ponta-grossense, programas de variedades.

21 de janeiro de 1940. Entrava no ar a mais antiga emissora do interior do Paraná, lembrada ainda hoje na cidade de Ponta Grossa pelos famosos programas de auditório e personagens carismáticos: a Rádio Clube Ponta-Grossense – PRJ-2. As lembranças deste tempo permanecem vidas, com evidente saudosismo, na memória daqueles que faziam – e, em alguns casos, ainda fazem – a rádio, assim como dos fiéis ouvintes que a emissora conquistou ao longo dos anos, inserindo-se no imaginário da população.

Diante da necessidade de resgatar a importância histórica da Rádio Clube em Ponta Grossa, o presente trabalho tem como objetivo contar a história da emissora a partir de relatos e lembranças. Busca-se fazer uma leitura do passado através dos depoimentos para identificar no contexto da época a influência e o valor histórico, cultural e social das emissoras de rádio, estabelecendo relações com a realidade vivenciada no restante do País.

Considerar a cultura não apenas como um repositório de tradições, mas um processo diário pelo qual se constroem significações, atualizadas e refeitas pelas ações interativas através de valores, hábitos e rotinas de uma sociedade, pode situar a presença do rádio como um fator a estimular as relações existentes entre estruturas sociais, contexto histórico e a ação dos meios de comunicação. Do mesmo modo, vale destacar a importância da emissora não apenas como um meio de transmissão de cultura, mas como um espaço de interação e construção cotidiana das relações sociais.

O leitor não irá encontrar nas páginas que seguem uma projeção cronológica e documental do desenvolvimento da Rádio Clube Ponta-Grossense, mas indícios e heranças de um tempo em que a emissora ocupava um representativo destaque na vida das pessoas. Conforme sugere Paul Veyne (1971: 102), a história é um conhecimento lacunar, formado por ditos e não-ditos; assim, através lembranças, vivências e estórias de personagens ligados ao rádio, torna-se possível encontrar fragmentos de uma história praticamente esquecida ou ignorada.

Por serem os depoimentos as vozes principais desta tentativa de recuperação histórica, partiu-se do conceito de ‘memória coletiva’ proposto por Maurice Halbwachs (1990), que leva em conta as lembranças compartilhadas entre determinados grupos e indivíduos. A partir do momento em que essas pessoas contam a história do rádio, abre-se espaço para o uso da fonte oral como instrumento de resgate, pesquisa e preservação histórica. Esse posicionamento é adotado pela nova história - movimento que, diferentemente da história conceituada como tradicional ou documental, não valoriza apenas a prevalência do texto escrito, das grandes narrativas e da documentação oficial como instrumento de pesquisa, mas propõe a revalorização do sujeito na elaboração da pesquisa e na construção da história.

Paul Thompson (1998, p.335) diz que ao unir memória e história “descobrimos no passado um conjunto de diferentes heróis: a gente comum, tanto quanto líderes mulheres tanto quanto homens, negros tanto quanto brancos” e com isso valoriza-se os registros do cotidiano e hábitos de pequenos grupos. Desse modo, este trabalho se propõe a contribuir para preservar e (re)construir a história da Rádio Clube através de relatos que compõem uma história viva, presente nas lembranças e nos resquícios do tempo imortalizados nas ondas do rádio.

Breve Passeio pela História do Rádio

Inicialmente convivendo com o amadorismo das primeiras emissoras - mantidas principalmente pela colaboração de membros de rádio-sociedades -, e diante da pouca remuneração financeira dos profissionais e da ausência de publicidade, o rádio se consolida nos anos 20 com marcas da concepção educativa de seu idealizador, Roquette Pinto. Surgimento e fechamento de emissoras são comuns nesta época, em que o veículo ainda ficava restrito a uma elite e tateava formatos e possibilidades de programação.

Nas palavras de Sônia Virgínia Moreira,

“Durante praticamente toda a década de 20, o rádio brasileiro caracterizou-se pela produção de programas simples – informativos e musicais – que eram resultado da falta de investimento no setor. Os anos 30, entretanto, trazem uma mudança súbita e fundamental na programação radiofônica, mais especificamente a partir de 1932, quando vai ao ar aquele que pode ser considerado o primeiro jingle do rádio.” (1991:22)

Pode-se dizer que os anos 30 figuram como um momento em que o rádio passa por um período de transição, contando com a veiculação de anúncios e a descoberta de uma linguagem mais própria do veículo, que iria se consolidar na década seguinte, com a descoberta do gênero ‘radionovela’ e com a produção de programas musicais e de entretenimento, assumindo a função de ‘divertir’ mais do que informar. Ao mesmo tempo, com o uso do rádio para propaganda política, percebe-se suas possibilidades de persuasão junto ao público.

Já nos anos 40, em uma época em que o rádio deixa de lado o caráter elitista, marcado pelo tipo de programação até então vigente e pelo alto custo dos aparelhos, vários estados do País passam a contar com emissoras próprias, responsáveis pela criação de novos gostos, hábitos e comportamentos na sociedade[2]. Conforme lembra Lia Calabre,

“Ao pensarmos nos programas transmitidos pelo rádio brasileiro da década de 1920 até o início de 1960, o que se destaca são as radionovelas, os programas de auditório, as cantoras eleitas “rainhas do rádio”, os programas humorísticos e de variedades – estilos que não são mais produzidos pelas emissoras brasileiras. O rádio criou modas, inovou estilos, inventou práticas cotidianas, estimulou novos tipos de sociabilidade. Ícone da modernidade até a década de 1950, ele cumpriu um destacado papel social tanto na vida privada como na vida pública, promovendo um processo de integração que suplantava os limites físicos e os altos índices de analfabetismo do País.” (2002:07)

Nos anos 50 o rádio se torna acessível para a maioria da população – neste período, 70% da classe média possuía um aparelho - ao mesmo tempo em que a televisão se mostra como símbolo da modernidade, embora distante das possibilidades de consumo do povo brasileiro. E, como o novo meio ‘rouba’ do rádio personalidades e formatos, verificam-se as primeiras rupturas com o tipo de produção dos chamados ‘anos dourados’, momento este marcado por uma crise no setor.

Segundo Moreira,

“Dadas as novas circunstâncias, o rádio brasileiro passou a carecer de readaptações e formulações, a partir da metade da década de 1950. Como já não podia contar com um público cativo (agora, fascinado pela possibilidade de – além de ouvir – ver as estrelas que identificava apenas pela voz), o veículo de sucesso dos anos anteriores passou a procurar outras formas de identidade com o ouvinte. Ali começava a ser delineada a presente função do rádio: a de ‘companheiro’ de qualquer cidadão.” (1991:36)

Obviamente, as rádios experimentam em ritmos diferentes o processo de desenvolvimento e reconhecimento junto ao público. No entanto, mesmo considerando particularidades do contexto de cada emissora, pode-se dizer que a trajetória do rádio no Brasil obedece a movimentos mais ou menos comuns no que diz respeito às fases de implantação, consolidação, declínio e reformulação, até se chegar à forma como o rádio participa hoje da vida social. Assim, guardados os limites que qualquer comparação é capaz de esbarrar, as considerações a respeito da Rádio Clube Ponta-Grossense que seguem estão situadas em determinados momentos pontuais da história da mídia, experimentados pela maioria das emissoras brasileiras.

Rádio Clube em Palavras e Lembranças

“A Rádio Clube Ponta-grossense PRJ-2 foi a primeira emissora fundada no interior do estado do Paraná ... em 21 de janeiro de 1940. [A Rádio] tem uma tradição enorme, é a emissora que trouxe dezenas de artistas famosos... O nosso palco-auditório já recebeu Ângela Maria, Carlos Galhardo, Orlando Silva, enfim a fase áurea do rádio, aqueles grandes artistas da época da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Todos eles desfilaram também aqui pelos microfones da Rádio Clube Ponta-grossense.

Hoje a Rádio Clube procurou se modernizar,aumentou a sua potência, está afiliada a Rede Bandeirantes de Rádio, e procuramos fazer uma rádio comunitária... no sentido de o ouvinte tenha uma participação direta com a emissora.”

As palavras do locutor Rogério Serman mostram o processo de consolidação da Rádio Clube Ponta-Grossense na cidade, com destaque para os ‘anos dourados’, marcados pela passagem de artistas famosos em um auditório que ainda hoje recebe músicos locais para apresentações.

Muito da história documental e mesmo do acervo de músicas e gravações se perdeu nas constantes mudanças de proprietários, impedindo assim a possibilidade de uma maior precisão em relação aos marcos principais da história da emissora. Por isso, os relatos e as experiências das pessoas que tiveram contato com a rádio formam as bases da pesquisa, envolvendo todo o quadro de funcionários e ouvintes dos mais variados programas de sucesso.

A criação da Rádio Clube Ponta-grossense PRJ-2 foi inusitada e inovadora. Foi a 2ª rádio do Paraná e a 1ª do interior do Estado. A primeira do Estado foi a PRB-2, de Curitiba. O estúdio da PRJ-2 ficava localizado na Avenida Ernesto Vilela, bairro da Nova Rússia, juntamente com suas torres de transmissão.

Os primeiros diretores da rádio foram Abílio Holzmann e Manoel Machuca, sendo este o primeiro a usar o microfone da PRJ-2. O primeiro locutor contratado foi Valentim Coelho, que logo fez sua mudança para a Capital. Visivelmente houve um avanço, uma transformação na vida da população. Os formadores de opinião, através de notícias, comentários, editoriais, estavam todos os dias conversando com os ouvintes. A cidade parava para escutar a rádio. Ela era o principal centro de informações da região, por isso a Rádio Clube exercia um papel de liderança. O Jornal Falado era o grande programa de notícias da cidade e o mais ouvido entre aqueles que possuíam o aparelho.

Além do Jornal Falado, de grande audiência, pois trabalhava com a notícia local, outros programas de destaque foram o da Comadre Daisy, Gentilezas, as Radionovelas, teatros[3], a programação esportiva, programas de auditório, como o “Baú de Surpresas”[4], apresentado por Luiz Frederico Daitschmann, programas da Rádio Nacional, apresentação de artistas de renome nacional, como Orlando Silva e Ângela Maria, programas sertanejos, etc. A programação incluía, portanto, um ‘menu’ variado de informação e principalmente entretenimento, garantindo espaço junto a diferentes segmentos de público.

Segundo relatos, a Rádio Clube Ponta-grossense foi inaugurada pelo Maneco Facão, como era conhecido Manoel Ribas, o governador do Paraná. Arnaldo Holzmann, 63 anos, primo do fundador, Abílio Holzmann, trabalhou no departamento administrativo da rádio entre os anos de 1950 e 1985. Formado em Contabilidade, ele conta que sua carreira na emissora não se restringiu apenas ao escritório, já que por várias vezes acompanhou os jornalistas nas reportagens e nas transmissões esportivas.

Naquela época, as transmissões dos jogos de futebol eram feitas de modo rústico, pelo telefone, com o locutor narrando cada lance da partida, na expectativa de que nada acontecesse de maneira inesperada e prejudicasse a transmissão das informações pelos longos cabos que ligavam o repórter aos equipamentos de emissão radiofônica.

A PRJ-2 possuía um corpo de aproximadamente 40 funcionários, distribuídos entre artistas e locutores, operadores de equipamentos e técnicos, rádio-telegrafistas, equipes de esporte e de jornalismo, departamento comercial (também encarregado de fazer as propagandas), e departamento administrativo. Também contava com colaboradores; advogados, médicos e pessoas da comunidade que se dispunham a apresentar determinados programas.

A Rádio Clube procurava cativar seus ouvintes pela credibilidade de suas informações. Informações duvidosas não eram vinculadas em seus noticiosos. O contabilista relembra que na sua época, de padrões rígidos, a preocupação quanto à apuração da notícia, sua veracidade e a divulgação no momento apropriado, eram fatores que definiam o modo de fazer radiojornalismo. “Jamais perder a confiança do povo”, uma frase tomada como lema.

O jornal era preparado através dos rádio-telegrafistas, que precisavam de grande agilidade nos dedos para traduzir o código telegráfico em notícias. O primeiro passo na coleta da informação confundia o jornalista com “a testemunha ocular” do acontecimento (uma apologia ao estilo do memorável ‘Repórter Esso’). Os repórteres prezavam pela responsabilidade em comprovar a veracidade do fato, valorizando para isso a sua presença no local. Segundo Arnaldo, se alguma dúvida permeasse a história, a notícia não era veiculada pela emissora[5].

Depois de comprovada a legitimidade da informação e de escrito o texto, passava-se para o telégrafo, de onde a mensagem era retransmitida para as outras rádios. Os fatos ocorridos durante o dia eram noticiados a noite, e os ocorridos à noite eram noticiados durante o dia. Notícias internacionais podiam ter um atraso de até doze horas na transmissão.

Agentes eram distribuídos pela cidade para colher oferecimentos das músicas para o programa Gentileza ou para informar sobre fatos ocorridos nas diversas localidades do município.

Pela manhã havia o noticioso Alvorada Informativa, irradiado por locutores como Brasil Borba, Luís Carlos e Roberto Welke. O programa também divulgava notas de falecimento e lembrava os aniversariantes da cidade que nos anos de 1950 contava com 53 mil habitantes. Ao meio dia o Grande Jornal Falado HM, hoje Clube, trazia crônicas de Guaracy Paraná Vieira, num bloco, Perfis da Cidade, em que se discutia um acontecimento ou se recordava um fato. As crônicas eram lidas de modo intercalado entre Paraná Vieira e Barros Júnior.

A emissora também contava com radionovelas. Atores de rádio como João Mussolon e Aracy Paranaviana se tornaram conhecidos pelas diversas histórias narradas pela Clube.

Outro programa com grande audiência era o da Comadre Daisy, ouvido pelo público potencial das donas de casa, que tinha o objetivo de desempenhar serviços na comunidade. As pessoas procuravam a rádio para pedir ervas para remédios caseiros, procuravam conselhos, eram feitas campanhas beneficentes e até realizados casamentos. O programa ajudava na busca de crianças perdidas ou de pessoas que não possuíam dinheiro para voltar para casa. Todos os pedidos eram apenas divulgados pela emissora; nenhum encontro ou ajuda envolvia os estúdios da rádio.

Pela manhã, a Comadre Daisy chamava as crianças e perguntava para elas: “você molhou o ratinho hoje? Será que o ratinho amanheceu molhado?” Elas levavam a sério e muitas paravam de fazer xixi na cama, relembra a funcionária do museu dos Campos Gerais, Maria Deolinda da Silva, de 58 anos, ouvinte do programa.

Como existiam poucos aparelhos de rádio, “as vizinhas escutavam juntas o programa da Comadre”, como a mãe de Deolinda dizia. Arnaldo Holzmann conta que as mães pediam para a Comadre, Daisy Durski, falar com as crianças e aconselhá-las.

Outra recordação de Deolinda se confunde com a vinda de seu pai no serviço, pelas cinco e meia da manhã, no horário em que o programa Coisas do Sertão ia ao ar. O barulho do cincerro, a expressão “olha, vamos acordar” e o palavreado caipira faziam parte do programa. Ficou no ar durante 35 anos e era apresentado por Nhô Fidêncio (Luiz Frederico). Foi pelas mãos dele que proliferou o estilo caipira no rádio[6].

Luiz Frederico foi um dos grandes responsáveis pela história da Rádio Clube. Ele estudou rádio em São Paulo e trouxe seus conhecimentos aos locutores de Ponta Grossa. A rádio serviu de escola para muitos locutores; diversos nomes podem ser citados, entre eles o da Tia Rosa, que apresentava o primeiro programa infantil do rádio, com grande aceitação. Luiz Frederico ensinou à Ney Costa, Nilson de Oliveira, Osires Nadal, que têm grande destaque no rádio ponta-grossense e até paranaense, entre outros locutores. Estes radialistas devem muito ao Luiz Frederico, pois o “Nhô Fidêncio” era perfeccionista, exigente, considerado até uma pessoa brava, mas foi responsável pelo grande sucesso de locutores e, assim, das rádios de Ponta Grossa, já que ele realizou programas em quase todas as rádios da cidade.

As emissoras das Rádios Clube Ponta-grossense e Central, ainda que concorrentes, pertenciam ao mesmo grupo Manoel Machuca e Abílio Holzmann, e formavam uma rede com as rádios de Paranaguá, Curitiba, Rio Negro, Canoinhas, Lapa, Irati e Londrina.

Sessenta por cento da programação da rádio era preenchida com música nacional, grade fiscalizada pelo DENTEL, órgão do governo que também controlava o uso de expressões ou mesmo de ruídos nas transmissões. Os locutores jamais poderiam tossir nos microfones, antes disso faziam um sinal ao técnico, que colocava uma música no ar.

Os locutores da Rádio Clube sempre primaram pela credibilidade, transmitida pela tradição e honestidade na forma de desempenhar os programas. A emissora possuía uma boa equipe esportiva, composta por Barros Júnior, Edemar Luís Costa, Osíris Nadal, Nelson Alusiata, João Gualberto, Altair Bail, os “speakers” dos jogos de futebol.

Barros Junior foi o primeiro locutor esportivo e o que deu início à boa programação que teve destaque na história da rádio. Ele tinha um grande contato com o esporte, já que ele chegou a Ponta Grossa como atleta de basquete, convidado pelo professor Borell du Vernay. Outro locutor esportivo de destaque foi Armando Ferreira Rosas, que veio do Rio de Janeiro. Barros Junior ainda se destacou em outros ramos na rádio, sendo chamado de “o locutor das multidões”, na época em que apresentava programas de auditório.[7]

No período, o esporte dividia a cidade entre o “Zé Graxeiro” e o “Pó de Arroz”, referências aos dois times profissionais da cidade, respectivamente o Operário Ferroviário e o Guarany Esporte Clube. Os dois personagens foram criados para debater o andamento das partidas, num clima sadio de rivalidade. Essa inovação tentava arrancar pontos de audiência de sua grande concorrente, a Rádio Difusora, como lembra o senhor Domingos Silva Souza, de 62 anos, proprietário da Foto Elite.

No auditório da rádio Clube cantaram Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Francisco Alvez, intercalados com espetáculos de artistas da região, como citou Domingos Silva Souza. Uma das atrizes mais prestigiadas no período áureo do rádio ponta-grossense foi a cantora Viviane Durski[8], filha da Comadre Daisy.

Teve uma ocasião em que Juscelino Kubitschek de Oliveira, em sua corrida eleitoral, fez um discurso no auditório da rádio, “convido vocês para a minha posse... e o danado ganhou mesmo”, conta Arnaldo Holzmann lembrando o momento.

O período da ditadura militar foi expresso por ele da seguinte maneira: “tivemos que dançar conforme a música”. Mesmo a implacável vigilância em torno do que se transmitia, não abalou a credibilidade depositada na rádio por parte de seus ouvintes. A emissora, também assumindo o projeto nacionalista da época, ajudou na Campanha do Ouro para o Brasil. Pessoas doavam objetos, alianças, ouro, tudo sob o argumento de ‘ajudar a nação’.

A rádio possuía um padrão de confiabilidade, e isso impulsionava a venda de anúncios, restringidos a até trinta por cento do total da programação da rádio. Todo o seu custo operacional era abatido pelos comerciais. Como tentativa de se promover, a rádio lançou nos primeiros anos de criação, em 1942, um álbum, com o objetivo de divulgar os serviços e as modernas estruturas da rádio[9].

Sua situação financeira foi razoavelmente estável em toda sua trajetória, o que lhe permitiu manter e fortalecer uma qualidade de programação que se revertia em reconhecimento junto ao público.

Como havia poucos aparelhos de rádio na cidade, empresas ficavam encarregadas de instalar caixas de som na extensão da avenida Vicente Machado e da rua XV de Novembro, assim como nas praças Barão de Guaraúna e Barão do Rio Branco, além de possuir alto-falantes no prédio da rádio Clube. As pessoas se aglomeravam nas irradiações de jogos de futebol ou para ouvir o jornal na hora do almoço.

A emissora poderia ser considerada como um ponto turístico de Ponta Grossa, devido ao grande número de pessoas que passavam por lá, buscando conhecer a novidade e também conhecer os locutores, animadores e artistas que se apresentavam na rádio, que eram vistos na época como celebridades. Fato interessante ocorria quando pessoas que utilizavam a linha ferroviária São Paulo – Uruguai paravam em Ponta Grossa. Elas eram levadas à rádio para dar entrevistas, conseguindo um certo nível de status perante a população que ouvia... eram as pessoas consideradas ‘importantes’ que se apresentavam no auditório.

O Grupo Machuca era proprietário da Rádio Clube, da Auto-Nacional, da Policon, entre outras empresas. E o Grupo Holzmann tornou-se proprietário da Rádio Central. A Rádio Clube Ponta-grossense PRJ-2 foi vendida em 1982 para um grupo político, e parte de seus funcionários permaneceram num período de transição até que os novos proprietários pudessem conduzir a emissora por si só.

Nova geração da Rádio Clube Ponta-Grossense PRJ-2

FERNANDO CÉSAR RIBEIRO. Idade: 47 anos. Trabalha como radialista desde 1975, na Rádio Clube durante os períodos de 1981-91 e de 2001 até agora. Nela já trabalhou em todos os horários, fazendo desde noticiários até gravações de comerciais. Foi o 1º locutor da Rádio Mundial (quando esta transmitia dos estúdios da Clube) e passou também pelas rádios Lagoa Dourada e Tropical.

Considera-se integrante dos mais antigos locutores da nova safra. "Eu sou um dos locutores que mantêm a saudade sempre acesa", afirma. Há anos apresenta a Parada Passada com arquivos musicais, sempre recordando sucessos da Jovem Guarda, acredita ser importante lembrar grandes momentos. Já atuou em todos os segmentos de sua profissão (locução, radio-jornalismo, etc), exceto a parte técnica.

A Parada Passada (13:00 às 14:00 de segunda a sábado) atualmente é um misto de músicas do passado e do presente, música nacional e internacional, bate-papo. Um programa bastante interativo com os ouvintes participando pelo telefone, enfoque sobre assuntos relacionados à segurança pública e outras áreas de interesse da comunidade. Busca auxiliar as pessoas em suas necessidades mais prementes.

"Todo o dia para nós é uma novidade. O momento mais importante na vida do profissional é quando você consegue ajudar uma pessoa", declara com entusiasmo. Sente-se realizado quando consegue mobilizar a comunidade em defesa dos interesses comunitários.

Para ele a Clube se diferencia das outras rádios pelo grupo de profissionais que a integra. Existe uma grande afinidade de pensamentos com a meta de produzir uma programação diferente voltada para os interesses da comunidade, sendo fundamental para isto, nas palavras do locutor, ser imparcial e abrir mão da vaidade.

Julga as rádios atuais carentes de profissionais, existindo diferenças entre as AMs e as FMs. O trabalho das AMs é feito com mais garra, mais amor, mais entusiasmo e a FM é mais light segundo ele.

NEI SOUZA COSTA. Idade: 58 anos. Trabalhou pela primeira vez na Rádio Clube em 1963. Em 64 na Rádio Central, em 65 na Rádio Independência de Curitiba, em 67 na Rádio Clube Paranaense. Em 69 foi o primeiro locutor paranaense a transmitir da Europa pela Rádio PRB2 de Curitiba. Em 70 na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, em 72 na Rádio Sociedade da Bahia (foi o primeiro locutor da Bahia na Rússia e na África, percorrendo 38 países). Em 74 transmitiu a Copa da Alemanha, em 75 trabalhou na Rádio Bandeirantes de São Paulo e em seguida transmitiu as Copas da Argentina, da Espanha e do México. Em 91 voltou para o Paraná, fez o programa As Mais Mais na TV com Sandra Bréa e Débora Duarte. Neste ano apresentou o Troféu Mais Mais onde revelou vários artistas brasileiros.

Fala inglês, francês, espanhol, italiano e afirma ter aprendido muito em suas viagens, destacando México, Itália e África.

Atualmente apresenta o programa As Mais Mais na Rádio Clube, que vai ao ar de segunda a sábado das 14:00 às 15:00. Nele o radialista faz uso de seu vasto repertório cultural para levar aos ouvintes um conteúdo bem eclético com leitura de reflexões, traduções musicais, manchetes de jornais e principalmente muita música.

EDSON DIAS. Idade: 48 anos. Função: responsável por toda a parte técnica desde gravações até instalações. Trabalha em rádio desde 1969 e na Rádio Clube desde 1997.

Mostra-se entusiasmado com as grandes mudanças introduzidas nas rádios pelo advento do computador. A substituição de pesados discos de acetato e fitas por mini-discs, o “aposentamento” do toca-disco de 48 rotações e a troca da mesa valvulada pela transistorizada reduziram significativamente o esforço de sua profissão.

Edson Dias considera a Clube sinônimo de rádio em Ponta Grossa uma vez que diversos locutores de outras rádios passaram primeiro por ela.

Programação da Rádio Clube Ponta-grossense PRJ-2

A programação da PRJ-2 sofreu alterações com o passar do tempo:

Grade de programação em 1940

|9,00 – Início Das Irradiações |12,40 – Variado |18,30 – Cívico Informativo (DEIP) |

|9,05 – Instantâneos Mundiais |13,00 – Horário De Trens |18,45 – Melodias Famosas 19,15 – Boletim |

|9,10 – Música Variada |13,05 – Obras Imortais De Compositores |Informativo |

|10,30 – Desfile De Cantores |Célebres |19,30 – Comentário de PRJ-2 |

|10,45 – Variado |13,30 – “Gentilezas” |19,40 – Variado |

|11,00 – Um Rítmo Por Dia | |20,00 – Hora Do Brasil |

|11,15 – Variado |17,00 – Música Selecionada |21,00 – Estúdio |

|11,30 – Horário De Trens |17,30 – Popular Variado |22,00 – Boletim Informativo |

|12,00 – Boletim Informativo |18,00 – Ave, Maria! |22,15 – Música Variada |

|12,20 – Movimento Social |18,05 – Momento Católico |22,30 – Encerramento |

|12,30 – Cortina Sonora |18,10 – Espostes Pelo Rádio | |

Grade de programação em 1950

|8:00 Início |12:20 Notícias Locais |18:30 Nos domínios do turfe |

|8:05 Movimento Social |12:30 Movimento Social |18:45 Jornal Falado |

|8:10 Informações Úteis |12:40 Variado |19:05 Notícias Locais |

|8:15 Nossa Música |13:00 Horário dos trens |19:15 Kaleidoscópio musical |

|8:30 Informativo J-2 |13:10 Variado |19:30 Agência Nacional |

|8:45 Matinadas de melodias inesquecíveis |13:30 Gentilezas |20:00 Solistas |

|9:05 Ré-fá-si (tangos) |16:05 Ritmos do Tio Sam |20:30 Rádio Atrações J-2 |

|9:45 Virtuoses do teclado |16:20 Jóias Musicais |21:00 BBC de Londres |

|10:05 Coisas do Sertão |16:30 Seu destino em nossas mãos |21:15 Um ritmo por dia |

|10:30 Ritmos da América |16:45 Vozes Intenacionais |21:30 Variado |

|10:45Orquestras em desfile |17:05 Melodias dos trópicos |21:45 Serenata |

|11:05 Do México ao Brasil |17:20 Onda alegre |22:00 Nos bastidores do mundo |

|11:20 Variedades Sonoras |17:45 Página de grandes mestres |22:05 Músicas de sua predileção |

|11:30 Horários dos trens |18:00 Ave Maria |22:30 Encerramento |

|11:35 Variado |18:15 Esportes pelo Rádio | |

|12:00 Jornal Falado | | |

De hora em hora, até as 17 horas, Correspondente GMC.

Grade de programação em 1995

|Segunda à Sexta |Domingo |Aos Sábados existiam duas alterações na |

|05:00 Clube Rural |06:00 Via Brasil |programação semanal: |

|06:30 Alvorada Informativa |07:45 Hora Luterana |Das 13:00 às 15:00 – Rádio Clubinho |

|09:00 Show da Cidade |08:00 Musical |Das 20:00 às 22:00 – Bons Momentos J-2 |

|11:00 Parada Esportiva |08:30 Gota de Luz | |

|12:00 Grande Jornal Falado Clube |08:45 Musical Variado |De hora em hora durante a semana, a partir |

|12:45 Hora da Bênção |10:00 Direitos Humanos |das 9:00 até às 18:00, eram transmitidos 3 |

|13:00 Show da Tarde |11:00 Chopp Dominical Alemão |minutos de noticiários. |

|16:00 Parada Passada |13:00 Jornada Esportiva |Encerramento da emissora às 00:00 diariamente|

|18:00 Ave Maria |19:30 Mobral | |

|18:10 Parada Esportiva |20:15 Sertanejo Classe A | |

|19:00 Hora do Brasil |23:00 Humor na Clube | |

|20:00 Show da Estrada | | |

|22:00 Musical / Clube | | |

Grade de programação em 2003

Segunda a Sábado

|Programa |Horário |Apresentador |Conteúdo |

|A Hora do Frete |4:00 |Roberval Bastos |Dirigido aos caminhoneiros, música, informações sobre |

| | | |agricultura, estrada e tempo. |

|Revelações no Ar |6:00 |Altair Ramalho |Informações sobre política, destaques da área empresarial, notas|

| | | |de falecimento, |

| | | |polícia |

|Jornal 1ª Hora |7:00 | |Jornalismo da Rádio Bandeirantes |

|Programa do |7:30 |Rogério Serman |Política, notas de falecimento, prestação de serviços, |

|Rogério Serman | | |informação, participação do ouvinte e de anunciantes ao vivo. |

|Clube do Esporte |11:00 |Tim Carvalho & |Notícias esportivas |

| | |Prof. Júlio | |

|Grande Jornal |11:45 |Fernando Ribeiro & |Jornalismo, entrevistas, câmara de |

|Falado | |Roberval Bastos |vereadores |

|Parada Passada |13:00 |Fernando Ribeiro |Música popular dos anos 60 e atuais, |

| | | |variadas informações |

|As Mais Mais |14:00 |Nei Costa |As 10 melhores da semana, informações, notas esportivas, |

| | | |traduções. |

|Boa Tarde Campos Gerais |15:00 |Roberval Bastos |Entrevistas, variedades, informações, |

| | | |músicas, venda, esporte, polícia |

|Embalo Total |17:00 |Noemi |Entrevistas, músicas, participação dos ouvintes, sorteios, |

| | | |brincadeiras de adivinhação. |

|Ave Maria |18:00 |Padre Miguel |Oração |

|Embalo Total | |(Continua após a Ave | |

| | |Maria) | |

|Voz do Brasil |19:00 | | |

|Show da Estrada |20:00 |Leocádio Santos & |Música sertaneja e gaúcha, comerciais |

| | |Anuan Camargo | |

|Rádio Bandeirantes |22:00 | |Transmissão da Rádio Bandeirantes (SP) |

Domingo

|Programa do Pacheco |6:00 |Pacheco |Músicas sertanejas muito antigas |

|Revelações |7:30 |Altair Ramalho |Histórias de cantores, entrevistas, músicas gospel |

|Som Brasil |9:30 |Milton Xavier |Músicas |

|Musical |12:00 |Sem apresentador |Musical |

|Rádio Bandeirantes |13:00 | |Transmissão da Rádio Bandeirantes (SP) |

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÁLBUM RÁDIO CLUBE PONTA-GROSSENSE (Casa da Memória, Museu dos Campos Gerais)

CALABRE, Lia. A Era do Rádio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

CZERVINSKI, Ana Cláudia; WEBER, Cláudia Adriane. PRJ-2: MEIO SÉCULO DE HISTÓRIA. Monografia orientada por Roberto Edgar Lamb. Ponta Grossa, 1995. Laboratório de História – Universidade Estadual de Ponta Grossa.

FAOUR, Rodrigo. Revista do Rádio – Cultura, fuxicos e moral nos anos dourados. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Prefeitura do Rio de Janeiro, 2002.

HALBWACHS, Maurice. Memória coletiva. São Paulo: Vértice, Editora Revista dos Tribunais, 1990.

LE GOFF, Jaques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

Revista Nuntiare. Curso de Comunicação Social – Jornalismo. Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ano I – nº 1 – julho de 1998.

MOREIRA, Sônia Virgínia. O rádio no Brasil. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1991.

ORTRIWANO, Gisela S. A informação no rádio – os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus, 1985.

VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Lisboa – Portugal: Edições 70, 1971.

VIEIRA, Guaracy Paraná. Perfis da Cidade: Crônicas de Vieira Filho. Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, 1993. Seleção, organização e revisão: Márcia Zan Vieira

ARQUIVO FOTOGRÁFICO

Casa da Memória

Foto Elite

Museu dos Campos Gerais

JORNAL DIÁRIO DOS CAMPOS (Arquivo do Museu dos Campos Gerais)

10 de outubro de 1950

11 de outubro de 1950

14 de outubro de 1950

ENTREVISTAS

Arnaldo Holzmann, realizada em 13 de novembro de 2003.

Domingos Silva Souza, realizada em 14 de novembro de 2003.

Edson Dias, realizada em 12 de novembro de 2003.

Fernando César Ribeiro, realizada em 12 de novembro de 2003.

Joselfredo de Oliveira, realizada em 17 de novembro de 2003.

Maria Augusta Pereira Jorge, realizada em 17 de novembro de 2003.

Maria Deolinda da Silva, realizada em 7 de novembro de 2003.

Nei Souza Costa, realizada em 12 de novembro de 2003.

Rogério Serman, realizada em 14 de novembro de 2003.

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- [1] Karina Janz Woitowicz (jornalista, professora Ms. do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR).

- Anderson Machado Oliveira (acadêmico do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa).

- Fábio Antônio Burnat (acadêmico do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa).

- Thiago Bauer (acadêmico do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa).

[2] Ilustrativa desta presença do rádio na sociedade é a criação de publicações especializadas no meio, como a Revista do Rádio, criada no final dos anos 40, que se pautava em fã-clubes, disputas entre astros e estrelas do rádio e fofocas de celebridades. Um formato, vale lembrar, muito próximo do que se verifica hoje em publicações que tematizam a televisão.

[3] A Rádio Clube Pontagrossense vem apresentando, todas as terças-feiras, com grande sucesso (...) o seu vitorioso TEATRINHO DE SONHO. São peças de meia hora, de caráter romântico, em que tomam parte diversos elementos do cast J-2. (Diário dos Campos - Terça feira, 10 de outubro de 1950)

[4] BAÚ DE SURPRESAS ADRIÁTICAS - O maior programa de auditório do Rádio Sul-Brasileiro (...) mais uma vez se apresentou, na noite de ontem, com extraordinário sucesso. Constou, como sempre, de interessantes provas de que participou todo o auditório, como prova da dansa, a prova da bexiga, a prova do pum, concurso de anedotas, humorismo, brincadeiras diversas e prêmios em profusão. O auditório de PRJ-2 foi tomado, literalmente, por gigantesca multidão que mais uma vez se dirigiu àquele local (...). (Diário dos Campos - Sábado, 14 de outubro de 1950)

[5] OS BOLETINS INFORMATIVOS DE PRJ-2

A Rádio Clube Pontagrossense S/A. Sempre se esmerou na transmissão de seus boletins informativos, e para tanto mantém um departamento rádio-telegráfico devidamente organizado. O noticiário do país é fornecido pela Agência Nacional, e do exterior pela United Press. As captações são feitas diretamente do Rio de Janeiro de modo a ser possível um serviço permanente de informações, as mais recentes. Além dos horários acima mencionados, PRJ-2 transmite em caráter extraordinário, a qualquer momento, as notícias sensacionais que forem captadas. Os Jornais Falados de PRJ-2 gozam de grande prestígio em todo o interior do estado do Paraná, onde contam com a preferência geral dos ouvintes. (Álbum Rádio Clube Ponta-grossense PRJ-2)

[6] COISAS DO SERTÃO – O programa criado por Luiz Frederico, que vem se impondo na preferência dos ouvintes e que é patrocinado pelas conceituadas firmas Casas Reunidas, Bar Caçula, Eletroberg Ltda, Indústria Reunidas Justus, Fábrica Regine, Feira dos Alumínios e Laboratório Prado. O maior programa caipira da Capitânea, liderado por Nhô Juvêncio, Nhô Fidêncio e Nhô Gumercindo, voltará hoje ao ar, no horário habitual, isto é: às 10 horas e 5 minutos em ponto. (Diário dos Campos – Quarta Feira, 11 de outubro de 1950)

[7] RÁDIO-ATRAÇÕES J-2. Uma verdadeira seqüência de atrações, comandadas por Barros Junior, o locutor das multidões, cuja atuação como animador é realmente excepcional, volta hoje ao ar, sob o patrocínio do Café Americano, apresentando um atraente desfile de variedades e, como sempre, Pinheirinho, o mulato do samba; Edeny Ferro e Nidinha Muniz, as garoas do ritmo cem por cento nacional, com acompanhamento do Regional J-2. (Diário dos Campos – Quarta Feira, 11 de outubro de 1950)

[8] UMA HISTÓRIA DE AMOR PELO RÁDIO

Viviane Durski, 80 anos.Uma das mais importantes atrizes do rádio em Ponta Grossa, fala com orgulho da sua vida ao lado do veículo ao qual dedicou 36 anos de trabalho entre rádio-teatro, rádio-novela, produção e locução de programas.

“Tudo começou quando eu tinha 16 anos. Fiz um teste de locução, passei e logo fui trabalhar no rádio-teatro. Era tudo muito difícil pela falta de estrutura, mas nós trabalhávamos por idealismo, por gostar mesmo”, desabafa Viviane.

A atriz, que atuou na lendária novela O Direito de Nascer, conta com invejável bom humor as gafes, equívocos e falhas que ocorriam nos bastidores do rádio. Uma das dificuldades encontradas para se produzir um programa estava relacionada à sonoplastia. “Uma vez precisávamos do som de um gato miando, então uma das atrizes levou ao estúdio um bichano que emitia tal som, bastando, para isto, um leve apertão. Na hora H, o gato recusou-se a cooperar e a própria atriz teve de fazer o ‘miau’. Foi um desastre”, relembra Durski.

Os programas de rádio em sua fase inicial eram praticamente artesanais. Transmitidos ao vivo, exigiam dos atores muita disciplina e talento. Mas o esforço era compensado pela audiência, que atingia quase 100%.

Com relação ao rádio de hoje, Viviane demonstra profunda decepção. Segundo ela, os programas estão muito despreocupados, limitados aos diálogos com o ouvinte. “Antes o rádio era mais criativo. Havia preocupação de se fazer programas diferentes para o público. Até as músicas tinham letras mais expressivas e bonitas”, finaliza a atriz.

(Ana Paula de Souza, Silmara Juliana de Oliveira - Revista Nuntiare – ano I, nº 1 – junho de 1998 – página 25)

[9] A RAZÃO DÊSTE ALBUM...

A RÁDIO CLUBE PONTAGROSSENSE S.A., COMO VEÍCULO DE PROPAGANDA, TEM DESPERTADO A ATENÇÃO DE GRANDES E PEQUENOS ANUNCIANTES DO PAÍS INTEIRO. SEGUIDAMENTE RECEBIA PEDIDOS DE INFORMAÇÕES E UMA INFINIDADE DE QUESITOS ERAM FORMULADOS PELOS INTERESSADOS PARA MELHOR PODEREM AJUIZAR DA EFICIÊNCIA DA PUBLICIDADE NA REGIÃO.

DAÍ NASCEU A IDÉIA DE SER ORGANIZADO ÊSTE ALBUM. É O PRIMEIRO TRABALHO PORMENORIZADO QUE SE FAZ NO BRASIL COM RELAÇÃO À UMA EMISSORA E, COM ÊLE, A RÁDIO CLUBE PONTAGROSSENSE S.A. JULGA ATINGIR SUAS FINALIDADES, DANDO UMA DEMONSTRAÇÃO EXATA DO QUE É A PRJ-2, BEM COMO DA ZONA A QUE ELA SERVE.

RÁDIO CLUBE PONTAGROSSENSE S.A.

Manoel Machuca

Abílio Holzmann

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