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|[pic] |UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP |

| |HOMEM E SOCIEDADE |

| |Profa. Marilne T. M. Fernandes |

Ap._5

A cultura na sociedade atual I: - nacionalidade, cultura popular e erudita; meios de comunicação.

No século XIX a corrente artística chamada de Romantismo criou a ideia de tradição popular ou de “espírito de um povo”, cuja manifestação constituía o folclore. Assim, surgiram as ideias de arte e cultura popular como manifestações das tradições ou espírito de um povo, isto é, como folclore.

Por que o Romantismo trouxe tais ideias? Porque essa corrente artística coincide com uma situação histórica. Surge à idéia política de nação e, com ela, o fenômeno do nacionalismo. Intelectuais e artistas europeus consideravam que a nacionalidade constituída o espírito de um povo, o qual se exprima na língua, nos costumes, na religião, nas artes e nas tradições nacionais.

As nações eram sociedades capitalistas e, como tais, divididas em classes sociais: a burguesia capitalista, a pequena burguesia deformada por pequenos proprietários, funcionários públicos e intelectuais, e o proletariado ou os trabalhadores industriais e rurais no plano cultural, essa divisão econômica social trouxe três conseqüências, que permanecem até os dias de hoje:

1. A cultura e as artes foram distintas em dois tipos principais: a erudita (ou de elite), própria dos intelectuais e artistas da classe dominante da sociedade, e a popular (ou ingênua), própria aos trabalhadores urbanos e rurais;

2. Quando pensadas como produções ou criações coletivas vindas do passado nacional, formando a tradição nacional, a cultura e arte populares receberam o nome de folclore constituído por mitos, lendas e ritos populares, artesanato, danças e músicas regionais, etc.;

3. A arte erudita ou de elite passou a ser o conjunto das belas-artes com as obras produzidas ou criadas no presente por artistas individuais, que se dirigiam a um público burguês, isto é, escolarizado e endinheirado, consumidor das obras de arte.

A distinção entre arte popular e erudita, embora tenha sido realmente uma conseqüência da divisão econômico-social das classes, não foi vista dessa maneira e sim como causada por diferenças na maneira de realizá-las. As principais diferenças eram apontadas:

1. Na complexidade da elaboração: a arte popular é mais simples e menos complexa do que a erudita, que é mais sofisticada, mais exigente e mais elaborada quanto à forma e ao conteúdo;

2. Na relação com o novo e com o tempo: a popular tende a ser tradicionalista e repetitiva, enquanto a erudita tende a ser de vanguarda e voltada para o futuro;

3. Na relação com o público: na popular, como criações costumam ser coletivas, artistas e público tendem a não se distinguir; na erudita, é clara a distinção entre o artista (que é sempre um indivíduo criador) e o público (que é um coletivo de consumidores);

4. No modo de compreensão da realidade: na arte popular, a obra é imanente ao seu mundo ou ao mundo dado, exprimindo-o diretamente tal como ele é; na arte erudita, a obra busca transcender o mundo, distanciar-se dele para melhor compreendê-lo, recriá-lo, dar-lhe novos sentidos. Em outras palavras, na arte popular o artista exprime diretamente o que se passa em seu ambiente, o qual é o mesmo para seu público e por isso é imediatamente compreendido por todos. Na erudita, o artista busca novos meios de expressão para criar novas significações, simbolizar pessoas, acontecimentos, emoções, lugares, etc., de maneira que sua obra não é imediatamente compreendida por todos e sim para os entendidos no assunto que, por isso, a interpretam para o restante do público (ou seja, a arte erudita dá origem à figura do crítico de arte, que explica, interpreta e avalia as obras para o público).

Com o desenvolvimento da sociedade industrial e das grandes metrópoles, os trabalhadores deslocaram-se cada vez mais das zonas rurais ou do campo passando a residir nas periferias das grandes cidades, atravessando-as todas as manhãs ao se dirigirem ao trabalho nas fábricas e todas as tardes ao regressarem às suas casas. Tendo sido forçados a deixar o campo, a maioria desses trabalhadores também deixava para traz sua cultura e sua arte (que os intelectuais haviam denominado de folclore). Nas cidades, dois fenômenos aconteceram: por um lado, em seus bairros e locais de trabalho, os operários e suas famílias foram criando uma cultura e uma arte próprias, chamadas de populares; por outro, passaram a fazer parte da grande massa de consumidores dos produtos industriais para os quais começaram a ser reproduzidas, em larga escala, versões simplificadas e inferiores dos produtos e das criações da cultura e da arte de elite. Essa reprodução simplificada das obras eruditas deu origem ao que viria a ser conhecido com o nome de cultura e arte de massa.

Dessa maneira, hoje em dia, as artes costumam ser distinguidas em: folclore (as tradições coletivas nacionais populares), popular (as criações dos artistas que pertencem à classe trabalhadora), erudita ou de elite (as criações complexas e de vanguarda de artistas individuais que se dirigem a um público restrito), e de massa (financiada por empresas que fazem tanto as reproduções simplificadas das obras da arte erudita como também compram para produção em escala industrial as obras de artistas individuais e as destinam ao mercado de consumo em larga escala).

Assim, por exemplo, o bumba-meu-boi ou a congada são folclore; o samba de morro e o rap (quando não são apropriados pelas empresas de cultura de massa) são populares; um quadro de Tarsila do Amaral ou uma escultura de Rodin, são eruditas; a música disco, a música dos DJs, a maioria dos filmes, as novelas de televisão, etc. são de massa.

Os Meios de Comunicação

Mídia é a designação genérica dos Meios de comunicação: internet, televisão, jornais rádio, revistas, livros e etc., que são usados para comunicação de massa. A expressão comunicação de massa foi criada para referir-se aos objetos tecnológicos capazes de transmitir a mesma informação para um público muito amplo, isto é, para a massa.

Em latim, meio se diz médium, e o plural é media. Os estudiosos de língua inglesa, diziam mass media, isto é, meios de massa. A pronúncia, em inglês, do latim media é “mídia”. Então, por apropriação da terminologia desses estudiosos no Brasil, a palavra mídia passou a ser empregada como se fosse uma palavra feminina no singular – “MÍDIA”.

O estudioso dos meios de comunicação Marshall McLuhan diz que estamos vendo o fim da era Gutenberg (ou seja, do livro impresso), com a chegada do rádio, do disco, da TV e do computador às escolas.

O filósofo Water Benjamim falava em “reprodutibilidade da obra de arte”; McLhuan fala em “mecanização da expressão humana”.

O que os meios de comunicação veiculam? O que transmitem? Sob forma de romances, novelas, notícias, musicas, debates, jogos, eles transmitem informações. É exatamente essa invasão cultural com pacotes de informações, ideias e diversões que não deve causar entusiasmo e sim reflexão, ponderação e crítica. É preciso sempre perguntar: quem as produz?, quem as empacota?, quem as distribui?, para quem são distribuídas?, com que finalidade?

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Para alguns, os primeiros meios de comunicação de massa foram os livros (principalmente didáticos), que existem há muito tempo. Mas, normalmente, a difusão da mídia se deu no século passado. Em tal período não havia a ideia de que a difusão da informação da parte da mídia deveria ocorrer em tempo real, mas que deveria haver um intervalo de tempo limitado entre a emissão da mensagem e a sua recepção.

No Brasil, só em 1808, por decreto de D. João VI, instalam-se as oficinas da Impressão Régia (tipografia) no país. Seu objetivo era imprimir a Gazeta do Rio de Janeiro; que circulou até 1821, quando apareceu o Diário do Governo.

No curso do século XX, o desenvolvimento e a expansão dos meios de comunicação de massa seguiram o progresso científico e tecnológico. De fato, os meios, além de serem meios para veicular as informações, são também os objetos tecnológicos com os quais o usuário interage.

O avanço da tecnologia permitiu a reprodução em grande quantidade de materiais informativos a baixo custo. As tecnologias de reprodução física, como a imprensa, a gravação de discos de música e a reprodução de filmes seguiram a reprodução de livros, jornais e filmes a baixo preço para um amplo público. Pela primeira vez, a televisão e o rádio permitiram a reprodução eletrônica de informações.

Os meios eram (pelo menos na origem) baseados na economia de reprodução linear: neste modelo, uma obra procura render em modo proporcional ao número de cópias vendidas, enquanto, ao crescer o volume de produção os custos unitários decrescem, aumentando a margem de lucro. Grandes fortunas são devidas à indústria da mídia.

Se, inicialmente, o termo "meios de comunicação de massa" se referia basicamente a jornais, revistas, rádio e televisões, no final do século XX a internet também entrou fortemente no setor. Para alguns, também os telefones celulares já podem ser considerados uma mídia.

INFORMAÇÃO E PODER

Saber e fazer estão intimamente ligados. Estar informado é poder tomar decisões. Quando ocorre um acontecimento político importante, no dia seguinte aprendemos que um fato pode ter várias versões e níveis de importância diferentes para os diversos tipos de mídias.

Estampar a notícia na primeira página, abrir o informativo da TV com a manchete sobre o fato, ou colocá-la nas páginas interiores ou nas informações secundárias determina maior ou menor relevância, influencia muito ou pouco os leitores/ouvintes/telespectadores.

A maneira como as notícias são veiculadas estimula os comportamentos e influencia a opinião pública.

A Propaganda

Segundo Chauí (2003), com o surgimento das artes gráficas, da fotografia e do rádio criou-se a propaganda comercial. Ela é uma difusão e uma divulgação de ideias, valores, opiniões, informações para o maior número de pessoas. Seus produtos são destinados à venda e dirigidos a consumidores. Também podendo ser chamada de publicidade porque é feita publicamente ou se destinada ao público. Essa propaganda opera por meio de:

➢ Explicações simplificadas e elogios exagerados sobre os produtos;

➢ Slogans curtos que possam ser facilmente gravados;

➢ Aparente informação e prestação de serviço ao consumidor;

➢ Garantir que o consumidor será igual a todo mundo e não um deslocado.

Para ser eficaz, a propaganda deve realizar duas operações simultâneas: afirmar que o produto possui valores estabelecidos pela sociedade em que se encontra o consumidor e despertar desejos que o consumidor não possuía, precisa sobretudo assegurar a satisfação desses desejos (dai o slogan “sua satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”).

Sabe-se que uma exposição de 30 segundos a comerciais de TV é capaz de influenciar a escolha por um determinado produto. Por esse motivo, a maioria dos anúncios publicitários tem essa duração. Propagandas com duração de 15 segundos são, normalmente, direcionadas a crianças, que preferem imagens rápidas e, quanto mais repetitivo for o anúncio, mais lhes chama atenção. Considerando que os jovens são expostos a aproximadamente 150 a 200 horas de mensagens comerciais por ano, somando algo próximo a 20.000 anúncios, percebemos como é grande a influência da mídia.

No consumo, cada indivíduo, livre das obrigações e diante das pequenas e grandes coisas da vida, permite-se desejar os produtos (bens e serviços) que mais o atraem; daí a substituição do “sonho da casa própria”, paradigmático de um certo grupo social, pelo “sonho de consumo” dos artigos de luxo e de grifes. Texto adaptado - ANDRÉ, M. G. Consumo de acesso. In Revista da ESPM. Jan/Fev de 2005.

Dos desejos mais simples e de baixo custo aos mais complexos e caros, o que se busca é uma possível felicidade, pela emoção. Esse jogo de desejo, por outro lado, revela as estratégias diversas produzidas a partir do século XX que pretende transformar o cidadão em consumidor. Dessa maneira, vende-se a satisfação dos desejos individuais, mas, também, despertam-se novos desejos a serem satisfeitos, provocando um querer sempre maior.

PRIMEIRA PÁGINA: QUE CAPA, QUE MANCHETE ESCOLHER?

Jornais e revistas têm que vender. A cultura de massa que temos está muito conectada com a pauta apresentada instante a instante em algum dos veículos de comunicação em massa. Nada lhe escapa e, por isso mesmo, enorme é sua responsabilidade na criação da geração-consumo que temos "em nós" e também "diante de nós". Tendo como cenário as mudanças climáticas, a degradação ambiental e os extremos corrosivos da riqueza e da pobreza, a transformação de uma cultura de consumismo irrestrito. Temos o poder de influência e onipresença da mídia.

Existem situações-limite em que não é lícito ser espectador de espetáculo nefasto que nós mesmos produzimos. Alardear a desgraceira toda, desnudar os mecanismos de poder envolvidos no debate para se criar políticas públicas de alcance mundial e, acima de tudo, alertar que o futuro é hoje, são tarefas que os meios de comunicação não podem e não têm a quem delegar.

RÁDIO e TELEVISÃO

Barato e portátil, o rádio é o mais importante veículo de informação, educação, música , humor e futebol. Mais de 95% da população urbana e mais de 70% da população rural possuem rádio.

Podemos dizer que a televisão é um rádio com imagem, e justamente por isso estimula a imaginação. O bom locutor põe uma imagem na mente do ouvinte através da descrição. Nos anos de 1930, o ator e diretor de cinema, Orson Welles, irradiou por uma rádio de Nova York o romance A guerra dos mundos, que narrava a invasão da Terra por marcianos. Orson Welles não avisou o público que se tratava de uma obra de ficção científica. O pânico tomou a cidade, pessoas fugiram de suas casas, procurando trens, carros, ônibus, metrôs para escapar da ameaça alienígena. Passadas algumas horas o pânico tomou o país, sendo necessário que o governo e o exército norte-americano interviessem para acalmar a população. Esse acontecimento mostrou o poder de persuasão e de convencimento do rádio.

No Brasil, nos anos 1940, na ditadura de Getúlio Vargas, foi criado pelo governo um programa diário para transmitir as notícias oficiais e as ideias do ditador: a Voz do Brasil, existente até hoje.

De igual impacto e poder de convencimento é a televisão. Para comentar e criticar esse poderio, o cinema produziu alguns filmes. Os mais interessantes foram Rede de intrigas, Mera coincidência e O show de Truman. Esse último inspirou um programa de TV. No Brasil, uma versão muito famosa, é o Big Brother. A maioria do público brasileiro talvez não saiba o que seja e quem seja o Big Brother ou Grande Irmão. É uma personagem do romance 1984 de George Orwell. Esse romance foi escrito em 1948, descreve uma sociedade totalitária na qual todos são permanentemente vigiados por câmaras de TV. Ao infringirem alguma regra ou lei, são presos, e torturados, condicionados para não voltar a errar. Essa história, teve seu conteúdo crítico inteiramente perdido ao servir de modelo para um programa de entretenimento vazio, como acontece com tudo na indústria cultural.

OS QUADRINHOS

As histórias em quadrinhos ou HQ, não distorcem os hábitos de leitura de crianças e adolescentes, pelo contrário, podem ser o primeiro passo para a formação de leitores. Os quadrinhos surgiram em 1827, quando um professor suíço, utilizou-os em um livro de caligrafia, integrando textos e imagens para motivar as crianças.

CINEMA

O cinema foi inventado pelos irmãos Lumiére, em 1895. É a invenção de uma forma contemporânea de arte: a da imagem sonora em movimento. É considerado a sétima arte; como a televisão, o cinema é uma indústria; depende de investimentos, mercados e propaganda; e também, preocupa-se com o lucro, a moda e o consumo. Desde os irmãos Lumiére até as grandes produções hollywoodianas, o cinema passou por várias transformações, mas sempre levando milhões de espectadores às salas de projeção.

Referências Bibliográficas:

Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003.

Costa, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 1997.

Leitura Complementar: DaMATTA, R. O que faz o brasil, Brasil? São Paulo: Rocco, 1986 - Capítulo 3: A ilusão das relações sociais.

Sugestão para Leitura: “Primeiros habitantes do Brasil” de Norberto L. Guarinello. São Paulo: Atual, 1994.

Dicas de vídeo – Evolução (Canadá - Desenho animado de Michael Mills 12 min.). Trata do processo evolutivo do ser humano. Ganhou nove prêmios internacionais.

ATIVIDADE

1. Explique o surgimento da ideia de nação das ideias de arte e culturas populares.

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2. Explique por que se deu a divisão da cultura e das artes em erudita e popular. Explique cada uma delas.

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3. O que se entende por folclore?

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4. Qual a diferença entre folclore e arte ou cultura de elite ou erudita?

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5. Quais as duas consequências culturais e artísticas da vinda dos trabalhadores rurais para as cidades como operários industriais?

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6. Para ser eficaz, a propaganda deve realizar duas operações simultâneas. Quais são?

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7. Você acha que o cinema, a televisão, a internet e todas as outras mídias têm alguma influência na forma como as pessoas se relacionam? Como explicaria isso?

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8. Existem muitos programas na TV e no rádio que exploram o grotesco, os dramas humanos e o sensacionalismo. Você saberia responder qual a relação do conteúdo do programa com a publicidade dos produtos de consumo anunciados pelos patrocinadores?

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9. Você acha certo um jornal se posicionar, dar sua opinião sobre um fato, a notícia não tinha que ser imparcial?

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10. Você lê gibi ou acha que isso é coisa de criança?

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