Pressuposto ou subentendido
AULA 4
WORKSHOP: ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA O VESTIBULAR
Estratégia 3: Pressupostos, subentendidos e Inferências
EXERCÍCIOS
Questão 1. (gramática e inferência)
Leia a anedota abaixo transcrita:
Dois turistas encontram um cemitério. Vêem uma lápide na qual se lê: “Aqui jaz um político e um homem honesto”. E um dos turistas comenta:
-- Que estranho. O povo deste país enterra duas pessoas no mesmo túmulo.
A. Uma palavra presente na lápide é responsável pela produção do estranhamento nos turistas. Qual é essa palavra?
B. Qual é a inferência feita pelos turistas?
C. A frase da lápide, gramaticalmente correta, a rigor, não produz esse sentido externado pelos turistas. Por quê?
A. Essa palavra é a preposição “e”, tomada pelos turistas como “conjunção coordenativa “e”.
B. A inferência é de que o político não é honesto.
C. A frase da lápide não produz o sentido inferido pelos turistas porque o verbo jazer está conjugado no singular; ainda que se argumentasse que esse verbo nessa conjugação pudesse ter sido distribuído para a segunda predicação ela não se sustenta, porque essa predicação deveria ser antecipada por uma vírgula marcando elipse.
Questão 2. (gramática e pressuposição)
Leia o texto jornalístico abaixo transcrito:
Furto é a principal causa de perdas no varejo, com 47%
Furtos representam 47% das perdas no varejo, seguidos de quebra de mercadorias (25%), erros administrativos (14%) como contagem errada de produtos, fraudes por fornecedores (7%) e outros (7%). Os dados são do Programa de Administração de Varejo (Provar). No total, varejistas perderam 1,7% do faturamento – parece pouco, mas em números absolutos significa milhões. Por isso, toda lojinha hoje tem reforçado o sistema de segurança – câmeras, alarmes presos às roupas, vigias. O setor de luxo, no entanto, é muito discreto. A Louis Vuitton no Brasil (...) informou que seus alarmes são disfarçados em discretas etiquetas com código de barras, os seguranças (apenas um por loja) são treinados para abordar suspeitos de forma “muito delicada”e itens pequenos, fáceis de roubar, são guardados em prateleiras altas e gavetas, com acesso exclusivo a vendedores. “Há até espelhos falsos em provadores”, diz o professor Marcelo Felippe Figueira Júnior, do Programa de Administração de Varejo (Provar). A Zara, segundo ele, implantou sensores dentro das solas de sapatos. Já o grupo Limited Brand, da marca Victoria Secret, treinou funcionários para abordar suspeitos discretamente, antes do furto: “Não que rico não roube, mas tem bons advogados” (O Estado de São Paulo).
A. A conjunção coordenativa adversativa “no entanto”, presente na 7ª linha, permite a interpretação de que o setor de luxo não tem reforçado o seu sistema de segurança contra furtos?
B. A que idéia se opõe a introduzida por essa conjunção?
C. A conjunção coordenativa adversativa “mas”, presente na última frase introduz uma oposição ou um desvio de argumentação? A que argumentação se opõe ou de que direção argumentativa se desvia o enunciado introduzido por “mas”?
D. Esse enunciado traz uma idéia preconcebida. Qual é essa idéia?
A. Não. A conjunção produz um desvio da direção argumentativa até então explicitamente conduzida, a saber, qualquer loja tem reforçado o seu sistema de segurança contra furtos.
B. A idéia “discreta” introduzida pela conjunção “no entanto” se opõe à interpretação pressuposta de que as lojas que não constituem parte do setor de luxo dispõem de sistemas explícitos, não-discretos.
C. O enunciado introduzido por “mas” desvia-se da direção argumentativa de que rico rouba. Traz ainda a pressuposição de que não se conseguem autuar ricos.
D. O preconceito pressuposto é de que pobres roubam.
Questão 3. (gramática e pressuposição)
Juiz é acusado de copiar obra de autor americano
“Marco Antonio Marques da Silva, que disputa vaga de professor titular na USP, diz que houve uma coincidência. - Para o autor da denúncia, o professor doutor David Teixeira de Azevedo (USP), 13 páginas foram retiradas do livro "American Courts".” - UOL – Folha Cotidiano da “Folha de São Paulo”, 28 de Março de 2007. Laura Capriglione.
O professor Marco Antonio Marques da Silva enviou à Folha, por escrito, sua versão dos fatos. Segundo ele, "o suposto reclamo" atinge apenas um dos vários itens do memorial que, no caso dele, é composto de 27 artigos. "Desconsiderando-se o texto questionado restariam ainda 26", diz ele.
A. O autor denunciado defende-se da acusação de plágio com eficácia como faz pressupor o conteúdo do “lead” jornalístico de que houve uma coincidência?
B. Pode-se pressupor que o acusado tem o caso como encerrado?
A. Não. Ao contrário de se defender da acusação de plágio, alegando ter havido coincidência, ele admite o plágio. Em outras palavras, o enunciado “Desconsiderando-se o texto questionado restariam ainda 26 (...)” leva à pressuposição de que o texto questionado constitui deveras plágio;
B. O uso do verbo restar no tempos futuro do pretérito (restariam) leva à pressuposição de que já se tem como eliminado do concurso e, portanto, de que subentende que a acusação de plágio, se não refutada, determina a eliminação.
Questão 4 (inferência)
Leia a anedota transcrita a seguir:
O presidente Clinton e sua esposa, Hillary vão a um posto abastecer o carro. Quando saem, Hillary diz a Clinton que o homem que os atendera tinha sido seu namorado na juventude. Clinton diz a Hillary:
-- Se você tivesse se casado com ele, seria esposa de um empregado de posto.
Hillary responde:
-- Se ele tivesse se casado comigo, ele teria sido o presidente dos Estados Unidos.
A. O que se pode inferir a respeito do ex-presidente americano, Clinton, da resposta de sua esposa Hilary?
A. Pode-se inferir que ela é mais influente do que ele ou que ele deve a sua posição a sua influência.
Questão 5 (inferência)
Leia a anedota transcrita a seguir:
Deus convocara o ex-presidente americano Clinton, o ex-premier russo Boris Yeltsin e o ex-presidente brasileiro FHC para anunciar-lhes que o mundo ia acabar.
Clinton, em sua mensagem em cadeia nacional, anunciou a seu povo:
-- Tenho que dar-lhes uma notícia boa e outra ruim. A boa é que Deus existe, tal como supúnhamos. A ruim é que o mundo vai acabar.
Yeltsin disse a seu povo:
-- Tenho de dar-lhes duas más notícias: ao contrário do que muitos de nós pensávamos, Deus existe. E, além disso, o mundo vai acabar.
FHC, por sua vez, disse aos brasileiros:
-- Tenho que lhes dar duas boas notícias: Deus existe... e todos os problemas do Brasil vão se resolver em poucos dias.
A. Que senso comum sobre os americanos pode-se inferir da forma com que o ex-presidente Clinton anunciou a existência de Deus?
B. Que senso comum está pressuposto na forma no conteúdo sobre a existência de Deus, na fala do ex-premier Yeltsin?
C. Qual é o pressuposto existente sob as reticências na parte do anúncio do ex-presidente FHC relativa à existência de Deus?
A. Infere-se da forma com que o presidente Clinton anuncia a existência de Deus o senso comum de detentor da verdade. Sob o seu conteúdo, infere-se a religiosidade cristã do povo americano (presente inclusive em sua moeda - In God we trust – que, por sua vez, remete ao princípio da ética protestante).
B. Pressupõe-se na expressão “ao contrário do que muitos de nós pensávamos” que muitos pensavam que Deus não existia, porque marxistas são ateus, embora em alguns países (como a Polônia e Romênia) haja russos que acreditem. Subentende-se do conteúdo do que o premier Yeltsin anuncia - más notícias: da atribuição de má à primeira notícia, infere-se que o povo russo teve que se render à crença de existência de Deus, defendida pelos EUA, portanto, render à vitória do capitalismo, pondo fim à guerra fria.
C. Sob as reticências no anúncio do ex-presidente FHC há o pressuposto de que o leitor deve completar esse enunciado, qual seja o subentendido de que já afirmara não acreditar em Deus, o que teria determinado sua derrota em candidatura anterior.
Questões (pressuposição, subentendimento e inferência
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