CEASM - Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré



CENTRO DE ESTUDOS E AÇÕES SOLIDÁRIAS DA MARÉ

Disciplina: História do Brasil.

Professor: Renato Carvalho.

O BRASIL COLONIAL (1500-1822) – APOSTILA 03.

A base econômica da Colonização:

O Açúcar – Ao contrário dos espanhóis, os portugueses não tiveram a sorte de topar, logo de inicio, com minas de metais preciosos. Por isso, a fim de não perderem a posse da terra, foram forçados a optar pela colonização de base agrícola. E nisso Pernambuco foi um importante modelo.

Os portugueses não eram propriamente inexperientes na cultura açucareira pois já a praticavam nas ilhas do Atlântico (Açores e Cabo Verde). O açúcar é de origem indiana. Na época das Cruzadas ele foi introduzido na Europa e chegou a ser produzido, embora em escala modesta, na Sicília (sul da Itália). Trazido da Índia, o açúcar es distribuído por Veneza. Devido á sua raridade e ao seu elevado preço, o açúcar era comprado e consumido em pequenas quantidades. A grande revolução no mercado açucareiro ocorreu com a produção das ilhas do Atlântico, cuja distribuição na Europa foi dada à Holanda, que, assim, quebrou o monopólio veneziano. É nesse contexto que irá se dar a produção brasileira.

Forma de ocupação da terra: a grande propriedade – Desde a instalação das capitanias hereditárias, os donatários estavam obrigados a distribuir terras para promover o povoamento e iniciar a valorização econômica da colônia. Dava-se o nome de sesmarias às terras assim distribuídas. Ao sesmeiro (quem recebia a sesmaria) cabia a propriedade plena da terra, sem nenhum vínculo de dependência pessoal. Assim, o falo de receber uma sesmaria do donatário não convertia ninguém em vassalo desse donatário, como era comum no regime feudal. Era dever do sesmeiro ocupar efetivamente a terra e fazê-la produzir no prazo máximo de cinco anos. O não-cumprimento dessa cláusula implicaria uma multa e, em caso extremo, na perda da sesmaria. Por isso, a sesmaria era concedida apenas àqueles que comprovassem dispor de recursos suficientes para tornar a terra produtiva.

Uma sesmaria tinha em média uma a quatro léguas (entre 6 e 24 quilômetros) e através dela a Coroa esperava atrair pessoas de posse e povoadores. E, de fato, os sesmeiros transformaram-se na camada dominante colonial dos "homens bons".

O engenho como unidade produtora – O engenho não era apenas o local de fabrico do açúcar. Por esse termo entendia-se a grande Iavoura, que era uma unidade produtora típica da colônia, em que se produzia não apenas o açúcar, mas tudo mais de que se necessitava. De acordo com Antonil – jesuíta do inicio do século XVIII –, havia dois tipos de engenho: os engenhos reais, movidos á água, e os trapiches, que utilizavam tração animal (cavalos e bois).

O engenho era composto por casa-grande, senzala, casa do engenho e capela. A casa-grande era a residência do senhor de engenho. A senzala era a habitação dos escravos. Um engenho de porte médio contava com cinqüenta escravos; nos grandes, a cifra subia para algumas centenas.

Muitos engenhos possuíam destilarias: local de produção de aguardente usada no escambo de escravos na África. Alguns existiam exclusivamente para esse fim: as engenhocas ou molinetes, de proporções menores e menos dispendiosas.As terras do engenho eram formadas por canaviais, pastagens e áreas dedicadas ao cultivo de alimentos. A parte destinada ao cultivo da cana era dividida em partidos, explorados ou não pelo proprietário.

No segundo caso, as terras eram cedidas aos lavradores, que eram obrigados a moer sua produção no engenho do proprietário. Eram as chamadas fazendas obrigadas, nas quais o lavrador recebia apenas a metade da sua produção em açúcar e ainda pagava o aluguel pela utilização da terra.

Existiam também os lavradores livres, proprietários de suas próprias terras, que moíam a sua cana em qualquer engenho, mas ao preço de deixar nas mãos do senhor de engenho a metade do açúcar produzido.

Os lavradores livres e de fazendas obrigadas não eram camponeses, mas senhores de terras e escravos e, como tais, pertenciam à camada dominante da sociedade. Especialização da economia: a monocultura – A agricultura canavieira tinha um caráter extensivo: o seu crescimento se dava pela incorporação de novas terras de cultivo e não pela melhoria técnica.

A economia colonial, especializada na produção açucareira, era dependente dos estímulos externos, que faziam contrair ou expandir as áreas de cultivo. Nos períodos em que o mercado europeu mostrava-se particularmente favorável, a totalidade da área de cultivo era ocupada pelo canavial e toda energia voltava-se para o trabalho do setor principal, abandonando-se muitas vezes a cultura de subsistência. Esse fenômeno possibilitou o surgimento de uma agricultura que passou a fornecer, nessas circunstâncias, os produtos alimentares aos moradores dos engenhos. A base desse setor de subsistência era a mandioca.

Ao mesmo tempo, desenvolvia-se a pecuária, cuja origem remontava ao governo de Tomé de Sousa, que trouxe algumas cabeças de gado e continuou a importá-las de Cabo Verde. Primitivamente o gado era utilizado como força de tração e transporte. Tração nos engenhos trapiches e transporte de lenha para os fornos e das caixas de açúcar até os locais de embarque. Com o gradual aumento do rebanho, o gado começou a ser utilizado também como fonte de alimentação.

De inicio, o gado criado no próprio engenho. Com a multiplicação do rebanho, o senhor de engenho foi obrigado a separar o gado do canavial e, na etapa seguinte, a pecuária tornou-se uma atividade independente do engenho. Os seus criadores penetraram no sertão em busca de pasto. Saindo da Bahia e de Pernambuco, seguindo sempre as margens dos rios, o gado tomou duas direções: uma delas para o sul, pelo rio São Francisco em direção a Minas Gerais, e a outra para o norte, através de vários rios, atingindo o Maranhão.

A atividade criatória teve, assim, importantes conseqüências para a colônia, ao estimular a penetração no sertão nordestino, interiorizando o processo colonizador.

A União Ibérica e o Brasil Holandês - 1580 - 1640

A anexação de Portugal:

Desde 1556 a Espanha era governada por Filipe II (1556 - 1598), membro de uma das mais poderosas dinastias européias: os Habsburgos ou Casa d'Áustria, que além da Espanha detinha o controle do Sacro-Império Romano Germânico, sediado na Áustria, com influências também sobre a Alemanha e a Itália.

Nos tempos do reinado de Filipe II, a exploração das minas de prata da América espanhola havia atingido o seu apogeu. Com a entrada da prata do México e do Peru, a Espanha se transformara, durante o século XVI, na mais poderosa nação européia. Isso levou os historiadores a classificarem o século XVI como o século da preponderância espanhola. Tendo em mãos recursos abundantes, Filipe II aliou o poderio econômico a uma agressiva política internacional, da qual resultou a anexação de Portugal (até então, reino independente) e a independência da Holanda (até então, possessão espanhola).

Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, no atual Marrocos, em luta contra os árabes. Com a morte do rei, que não tinha descendentes, o trono de Portugal foi ocupado pelo seu tio-avô, o velho cardeal D. Henrique, que, no entanto, faleceu em 1580, naturalmente sem deixar descendência... Com a morte deste último, extinguia-se a dinastia de Avis, que se encontrava no trono desde 1385, com a ascensão de D. João I, mestre de Avis.

Vários pretendentes se candidataram então ao trono vago: D. Catarina, duquesa de Bragança, D. Antônio, prior do Crato e, também, Felipe II, rei da Espanha, que descendia, pelo lado materno, em linha direta, do rei D. Manuel, o Venturoso, que reinou nos tempos de Cabral. Depois de invadir Portugal e derrotar seus concorrentes, o poderoso monarca espanhol declarou: "Portugal, lo herdé, lo compré y lo conquisté".

Assim, de 1580 até 1640, o rei da Espanha passou a ser, ao mesmo tempo, rei de Portugal, dando origem ao período conhecido como “União Ibérica”.

Portugal havia adotado até então uma política internacional muito prudente, evitando, tanto quanto possível, atritos nessa área, ciente de sua própria fragilidade. Essa situação foi altera­da completamente com a sua anexação pela Espanha, já que Portugal herdou, de imediato, todos os numerosos inimigos dos Habsburgos. Do ponto de vista colonial, o mais temível inimigo era a Holanda.

Holandeses no Brasil.

Origens da Holanda. Os Países Baixos (atuais Bélgica, Holanda e parte do norte da França), desde a segunda metade da Idade Média, constituíram -se numa região de grande prosperidade econômica, cujas manufaturas têxteis desfrutavam inigualável reputação internacional. Formou-se, assim, nos Países Baixos, uma poderosa burguesia mercantil, uma das mais progressistas da Europa.

Os Países Baixos eram possessões dos Habsburgos e tinham grande autonomia no reinado de Carlos V (pai de Filipe II). Suas tradições e interesses econômicos locais eram respeitados.

Essa situação se alterou profundamente com a ascensão de Filipe II, que herdou do pai o trono espanhol e os Países Baixos. A razão da mudança explica-se por dois motivos básicos: em primeiro lugar, o advento do protestantismo tinha polarizado o mundo cristão no século XVI, provocando intermináveis conflitos entre católicos e protestantes. Nos Países Baixos, em razão do predomínio burguês, difundiu-se rapidamente o calvinismo, ao passo que a Espanha mantinha-se profundamente católica. E Filipe II era considerado o mais poderoso e o mais devotado monarca católico. Em segundo lugar, Filipe II era um rei absolutista. Assim, com a sua chegada ao trono terminou a fase de benevolência em relação aos Países Baixos. O novo monarca pôs fim à tolerância religiosa e substituiu os governantes nativos por administradores espanhóis de sua confiança, subordinando os Países Baixos diretamente à Espanha.

A reação nos Países Baixos foi imediata, com a eclosão de revoltas por toda parte. A fim de reprimi-las, Filipe II enviou tropas espanholas sob o comando do violento duque de Alba. À repressão político-religiosa, somou se o confisco dos bens dos revoltosos, conforme relatou o duque de Alba ao rei: “Atualmente detenho criminosos riquíssimos e temíveis e os submeto a multas em dinheiro; logo me ocuparei das cidades criminosas. Desse modo às arcas de Vossa Majestade fluirão somas consideráveis”.

Contra essa violência espanhola uniram-se dezessete províncias dos Países Baixos para resistir melhor. Porém, a luta anticatólica, antiabsolutista e antiespanhola dos Países Baixos começou a tomar, com o tempo, uma coloração mais radical e passou a ameaçar a própria ordem social. A nobreza e os ricos mercadores começaram a se sentir ameaçados em seus privilégios pela crescente participação popular na rebelião antiespanhola, principalmente nas províncias do sul - Bélgica atual. A fim de evitar o agravamento dessa tendência indesejável para a camada dominante, as províncias do sul decidiram abandonar a luta e se submeter aos espanhóis em 1579. No entanto, continuaram a resistir as sete províncias do norte, que formaram a União de Utrecht, em 1581, e não mais reconheceram a autoridade de Filipe II.

Sob a liderança de Guilherme, o Taciturno, prosseguiu a luta da União de Utrecht. Guilherme, entretanto, foi assassinado em 1584, o que conduziu à criação de um Conselho Nacional, integrado pela nobreza e pela burguesia. Nasceram, desse modo, as Províncias Unidas dos Países Baixos na República da Holanda.

Em sua luta contra a Espanha, a Holanda foi apoiada ativamente pela Inglaterra. Assim, devido à tenaz resistência holandesa e à ampliação do conflito, a Espanha aceitou finalmente uma trégua - a trégua dos 12 anos: de 1609 a 1621 –, que foi, na prática, o reconhecimento da independência da Holanda.

Reflexos da Guerra dos Países Baixos em Portugal. Desde a Idade Média, Portugal mantinha com os Países Baixos relações comerciais, que se intensificaram na época da expansão marítima. Os mercadores flamengos eram os principais compradores e distribuidores dos produtos orientais trazidos por Portugal. Ora, essa situação se alterou radicalmente com a Guerra dos Países Baixos. A Espanha, que nesse tempo já havia incorporado o reino português, adotou, em represália aos Países Baixos, medidas restritivas ao comércio com seus portos, incluindo Portugal.

Para a Holanda, que conquistara a independência, tais medidas tornaram-se permanentes. Porém, uma vez vedado o acesso aos portos portugueses, os mercadores de Amsterdã decidiram atuar diretamente no Índico. As primeiras experiências acabaram fracassando, mas a solução para o comércio direto foi finalmente encontrada com a constituição da Companhia das Índias Orientais (1602), que passou a ter o monopólio do comércio oriental, garantindo desse modo a lucratividade da empresa.

O êxito dessa experiência induziu os holandeses a constituírem, em 1621, exatamente no momento em que expirava a trégua dos 12 anos, a Companhia das Índias Ocidentais, a quem os Estados Gerais (órgão político supremo da Holanda) concederam o monopólio do tráfico de escravos, da navegação e do comércio por 24 anos, na América e na África. A essa nova companhia deve-se creditar a maior façanha dos holandeses: a conquista de quase todo o nordeste açucareiro no Brasil.

Os holandeses na Bahia (1624-1625). A primeira tentativa de conquista holandesa no Brasil ocorreu em 1624. O alvo visado era Salvador, a capital da colônia. Os holandeses não faziam muito segredo de seus planos. Diogo de Mendonça Furtado, governador da Bahia, tinha conhecimento do fato, embora não tomasse nenhuma providência para repelir o iminente ataque holandês. Resultado: no ano de 1624, quando a invasão holandesa se efetivou, bastaram pouco mais de 24 horas para que a cidade fosse completamente dominada. O governador Mendonça Furtado foi preso e enviado a Amsterdã. O seu lugar foi ocupado pelo holandês Van Dorth.

Passado o pânico inicial, os colonos se reagruparam e começaram a resistência. Destacou-se aqui o bispo Dom Marcos Teixeira, que mobilizou os moradores através do apelo religioso: a luta contra os holandeses foi apresentada como luta contra os heréticos calvinistas. Essa luta guerrilheira que então se iniciou, contabilizou alguns êxitos, entre eles a morte do próprio governador holandês, Van Dorth. Enfim, os holandeses foram repelidos por uma esquadra luso­espanhola, conhecida com v nome pomposo de Jornada dos Vassalos. Essa primeira tentativa holandesa durou praticamente um ano: de 1624 a 1625.

Apesar do fracasso em Salvador, os holandeses foram amplamente recompensados, em 1628, com a apreensão, nas Antilhas, de um dos maiores carregamentos de prata americana para a Espanha. A façanha é atribuída a Piet Heyn, comandante da esquadra holandesa. Os recursos obtidos com esse ato de pirataria serviram para financiar uma segunda tentativa, desta vez contra Pernambuco.

Domínio Holandês:

Os holandeses em Pernambuco (1630 -1654), Em 1630, com uma esquadra de setenta navios, os holandeses chegaram a Pernambuco, dominando, sem maiores problemas, Recife e Olinda, apesar dos preparativos de defesa efetuados por Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco.Contra os holandeses, organizaram-se as Companhias de Emboscada, grupos guerrilheiros chefiados por Matias de Albuquerque, que iriam se fixar no Arraial do Bom Jesus, situado numa região entre Olinda e Recife.

Apesar de os holandeses estarem mais bem armados e contarem com um contingente apreciável de soldados, a resistência luso-brasileira possuía a seu favor o fator surpresa alia­do ao melhor conhecimento do terreno. Porém, essa situação se alterou com a passagem de Domingos Fernandes Calabar para o lado holandês.

A organização do Brasil holandês. Até 1635 os holandeses estavam arcando com as despesas militares da conquista. A Nova Holanda, que então se constituía, era, aos olhos da Companhia das Índias Ocidentais, um empreendimento comercial de que se esperava extrair altos lucros. Era preciso, portanto, colocá-la rapidamente em condições de produzir. Para organizar os seus domínios no Brasil, foi enviado, como governador-geral, João Maurício de Nassau-Siegen, que aqui permaneceu de 1637 a 1644.

Enquanto administrou a região nordestina, Nassau buscou apoio dos senhores de engenho, oferecendo-lhes recursos financeiros na aquisição de escravos e equipamentos necessários para produção do açúcar. Nassau também foi responsável por um intenso processo de urbanização das cidades de Recife e Olinda, construindo hospitais, asilos e ladrilhos nas ruas da região. Por volta de 1640, os senhores de engenho nordestinos estavam insatisfeitos com os altos impostos cobrados pelos holandeses; e os portugueses, que conseguiram tornarem-se independentes da política expansionista da Espanha, decidiram retomar seu domínio pela colônia brasileira. De certa forma, ambos queriam que os holandeses fossem expulsos do país.

Com a partida de Nassau, em 1644, os conflitos entre holandeses e brasileiros só se intensificariam. O Brasil liderou diversas tentativas de resistência, lutando na Batalha dos Guararapes e Campina de Tamborda com o apoio dos senhores de engenho, tribos indígenas e ex-escravos. Pelo florescimento do nacionalismo brasileiro, tais batalhas foram a força motriz para a organização do primeiro Exército do país.

Após inúmeras batalhas, em 1654 os holandeses foram expulsos com a Insurreição Pernambucana, depois de anos de aprisionamento. Entretanto, a economia colonial seria fortemente abalada, pois os holandeses detinham grande parte do conhecimento técnico da produção açucareira.

Assim que foram expulsos, os holandeses dominaram a região das Antilhas, forçando uma concorrência com a extração de cana brasileira. Os portugueses, retomando o domínio no Brasil, tiveram que explorar outros campos para estabilizar a economia do país.

Hora de Praticar - Exercícios!

Questão 01 - (Cesgranrio)

O início da colonização portuguesa no Brasil, no chamado período "pré-colonial" (1500-1530), foi marcado pelo(a):

a) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo escambo do pau-brasil;

b) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao tráfico africano.

c) deslocamento, para a América, da estrutura administrativa e militar já experimentada no Oriente;

d) fixação de grupos missionários de várias ordens religiosas para catequizar os indígenas;

e) implantação da lavoura canavieira, apoiada em capitais holandeses.

Questão 2:

"Apesar dos exageros e incorreções, a Lettera de Américo Vespúcio para Piero Soderini com certeza continha várias passagens verídicas. Uma delas é o trecho no qual, referindo-se à sua primeira viagem ao Brasil, realizada entre maio de 1501 e julho de 1502, Vespúcio afirma: 'Nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já tendo estado na viagem bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de metal algum, acordamos despedirmo-nos dela.' Deve ter sido exatamente esse o teor do relatório que Vespúcio entregou para o rei D. Manoel, em julho de 1502, logo após desembarcar em Lisboa, ao final de sua primeira viagem sob bandeira portuguesa. O diagnóstico de Vespúcio selou o destino do Brasil pelas duas décadas seguintes. Afinal, no mesmo instante em que era informado pelo florentino da inexistência de metais e de especiarias no território descoberto por Cabral, D. Manoel concentrava todos os seus esforços na busca pelas extraordinárias riquezas do Oriente. (BUENO, Eduardo. Náufragos,traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1998, p. 65.)

A descoberta do Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada prioritariamente para o Oriente, o que explica as características dos primeiros anos da colonização brasileira, entre as quais se inclui o (a):

a) caráter militar da ocupação, visando à defesa das rotas atlânticas;

b) escambo com os indígenas, garantindo o baixo custo da exploração;

c) abertura das atividades extrativas da colônia a comerciantes das outras potências europeias;

d) migração imediata de expressivos contingentes de europeus e africanos para a ocupação do território;

e) exploração sistemática do interior do continente em busca de metais preciosos.

Questão 03 - UFC-CE

Nos primórdios do sistema colonial, as concessões de terras efetuadas pela metrópole portuguesa objetivaram tanto a ocupação e o povoamento como a organização da produção do açúcar, com fins comerciais.

Identifique a alternativa correta sobre as medidas que a Coroa portuguesa adotou para atingir esses objetivos.

a) Dividiu o território em capitanias hereditárias, cedidas aos donatários, que, por sua vez, distribuíram as terras em sesmarias a homens de posses que as demandaram.

b) Vendeu as terras brasileiras a senhores de engenho já experientes, que garantiram uma produção crescente de açúcar.

c) Dividiu o território em governações vitalícias, cujos governadores distribuíram a terra entre os colonos portugueses.

d) Armou fortemente os colonos para que pudessem defender o território e regulamentou um uso equânime e igualitário da terra entre colonos e índios aliados.

e ) Distribuiu a terra do litoral entre os mais valentes conquistadores e criou engenhos centrais que garantissem a moenda das safras de açúcar durante o ano inteiro.

Questão 04 - (Unifesp-SP):

Com relação à economia do açúcar e da pecuária no nordeste durante o período colonial, é correto afirmar que:

a) por serem as duas atividades essenciais e complementares, portanto as mais permanentes, foram as que mais usaram escravos.

b) a primeira, tecnologicamente mais complexa, recorria à escravidão, e a segunda, tecnologicamente mais simples, ao trabalho livre.

c) a técnica era rudimentar em ambas, na agricultura por causa da escravidão, e na criação de animais por atender ao mercado interno.

d) tanto em uma quanto em outra, desenvolveram-se formas mistas e sofisticadas de trabalho livre e de trabalho compulsório.

e) por serem diferentes e independentes uma da outra, não se pode estabelecer qualquer tentativa de comparação entre ambas.

Questão 05:

Sobre a produção açucareira realizada por Portugal durante o período colonial, é incorreto afirmar que:

a) Para extrair lucro máximo na atividade açucareira, Portugal favoreceu a criação de plantations destinadas ao cultivo de açúcar. Essas plantations consistiam em grandes expansões de terras (latifúndios), que eram controladas por um único proprietário (senhor de engenho) e trabalhadas por escravos.

b) O engenho, centro da produção de açúcar, baseava-se em um modo de organização específico. A sede administrativa do engenho fixava-se na casa-grande, local onde o senhor de engenho, sua família e demais agregados moravam. A senzala era o local destinado ao precário abrigo da mão de obra escrava.

c) O governo português contou com o auxílio da burguesia holandesa na economia açucareira. Enquanto Portugal explorava economicamente as terras com a criação das plantações e engenhos, os holandeses emprestavam dinheiro e realizavam a distribuição do açúcar no mercado europeu.

d) Em conformidade com sua ação exploratória, Portugal viu na produção do açúcar uma grande possibilidade de ganho comercial. Contribuiu para isso o capital acumulado com a extração de metais preciosos e o anterior desenvolvimento de técnicas de plantio nas Ilhas do Atlântico.

Questão 06: (PUC-MG)

No processo de colonização do Brasil (sécs. XVI - XVIII), os jesuítas tiveram papel de destaque na difusão do catolicismo. Sobre eles é correto afirmar, exceto:

a) Detinham o monopólio da educação e, na segunda metade do século XVI, fundaram colégios na cidade de Salvador e na Vila de São Vicente.

b) Sua tarefa missionária era a catequização dos índios, convertendo-os à verdadeira fé e à recuperação de fiéis.

c) Construíram as missões para impedir a escravidão dos indígenas pelos coloniais e manter o universo de valores culturais dos índios.

d) Foram expulsos de Portugal e das possessões coloniais pelo Marquês de Pombal, após 1750, devido ao seu poder econômico e político.

Questão 07:

A Companhia de Jesus foi uma ordem religiosa fundada por Inácio de Loyola no século XVI, que exerceu forte influência em diversas áreas coloniais controladas por europeus entre os séculos XVI e XVIII. Apesar de ter sido uma ordem religiosa muito próxima aos clérigos poderosos do Vaticano, somente no século XXI conseguiu fazer com que um de seus membros se tornasse papa. Qual foi esse papa?

a) João Paulo II.

b) Bento XVI.

c) Francisco I.

d) João XXIII

e) Pio XII.

Questão 08: (UEL-PR) - A instalação do governo-geral em 1549 contribuiu para que a colonização do Brasil passasse de transitória para efetiva. Havia um forte motivo que alimentava as esperanças dos portugueses: os espanhóis, nas terras vizinhas encontraram o que buscavam. Ao tomar medidas procurando assegurar a posse sobre o vasto território, a Coroa portuguesa estava motivada pelas notícias sobre:

a) o modelo de colonização, dependente da iniciativa privada que se revelava pouco eficaz nos Açores e na Madeira.

b) as feitorias que vinham dando provas de eficiência como fortificações sólidas para a defesa da terra.

c) as semelhanças das culturas pré-cabralinas do Brasil e pré-colombianas da América Central.

d) os negócios da Índia em crescente lucratividade, sem riscos de prejuízos e decepções.

e) a descoberta de metais preciosos nas terras altas sul-americanas voltadas para o Pacífico.

Questões 09: A sociedade colonial brasileira "herdou concepções clássicas e medievais de organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da diferenciação das ocupações, raça, cor e condição social. (...) as distinções essenciais entre fidalgos e plebeus tenderam a nivelar-se, pois o mar de indígenas que cercava os colonizadores portugueses tornava todo europeu, de fato, um gentil-homem em potencial. A disponibilidade de índios como escravos ou trabalhadores possibilitava aos imigrantes concretizar seus sonhos de nobreza. (...) Com índios, podia desfrutar de uma vida verdadeiramente nobre. O gentio transformou-se em um substituto do campesinato, um novo estado, que permitiu uma reorganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de serem aborígines e, mais tarde, os africanos, diferenças étnicas, religiosa e fenotipicamente dos europeus, criou oportunidades para novas distinções e hierarquias baseadas na cultura e na cor." (STUART B. Schwartz, Segredos internos.) A partir do texto pode-se concluir que:

a) a diferenciação clássica e medieval entre clero, nobreza e campesinato, existente na Europa, foi transferida para o Brasil por intermédio de Portugal e se constituiu no elemento fundamental da sociedade brasileira colonial.

b) a presença de índios e negros na sociedade brasileira levou ao surgimento de instituições como a escravidão, completamente desconhecida da sociedade europeia nos séculos XV e XVI.

c) os índios do Brasil, por serem em pequena quantidade e terem sido facilmente dominados, não tiveram nenhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade colonial.

d) a diferenciação de raças, culturas e condição social entre brancos e índios, brancos e negros tendeu a diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus europeus na sociedade.

e) a existência de uma realidade diferente no Brasil, como a escravidão em larga escala de negros, não alterou em nenhum aspecto as concepções medievais dos portugueses durante os séculos XVI e XVII.

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