Comparativamente a outras potências colonizadoras, a sua ...



REPORTAGEM – HÁ 30 ANOS “RETORNADOS” CHEGAM A SANTO ANDRÉ

VIDAS INTERROMPIDAS

Chegaram à metrópole de mãos vazias. Enquanto alguns nunca recuperaram da perda irreversível de dinheiro, bens e regalias, a maioria encarou este revés do destino como mais um desafio.

Comparativamente a outras potências colonizadoras, a sua integração em Portugal foi um processo notável», realça o historiador João Madeira sobre os cerca de 500 mil deslocados do Ultramar (números oficiais) que se dispersaram pelo país, sobretudo à beira-mar. Uma das zonas que os acolheu foi aquela que hoje conhecemos por Vila Nova de Santo André. Onde havia apenas um «deserto», acabou por emergir uma cidade, na altura sem quaisquer infraestruturas para acolher a população atraída pela oferta de trabalho no projecto industrial de Sines. Em meados de 70,60 por cento dos residentes provinham das ex-colónias. Afirmam ter ultrapassado alguma ostracização inicial dos patrícios mas a verdade é que não perdem uma oportunidade de se reencontrar com os seus. «Nós sentimo-nos africanos» diz, sem margem para dúvidas, um dos entrevistados.

Encontrá-los na cidade é fácil. Estão nos cafés, supermercados, lojas, empresas ou ruas. Numa visita à junta de freguesia, explicado o assunto da reportagem a uma das assistentes administrativas, a resposta mais uma vez não surpreende: «Eu própria vim de Angola aos 22 anos» afirma, sorridente, América Lima. Três meses após o casamento a localidade no sul do país onde vivia com o marido, entretanto ocupada pelo MPLA, foi invadida pela UNITA. Consciente do que iria perder mas também do risco que corria, o casal optou pela fuga. «Estava a trabalhar na altura mas ainda fiz os testes de admissão para o curso de Contabilidade...» lembra, com noção das portas que a formação superior lhe poderia ter aberto. Mas não era isso que lhe estava reservado. No mesmo dia da invasão abandonaram a sua residência «apenas com a roupa no corpo», e entraram num cargueiro grego rumo a África do Sul. Quando pisou o barco soube que as possibilidades de regresso eram quase nulas. Uma viagem angustiante. Entre as 1600 pessoas a bordo, uns remetiam-se ao silêncio e outros choravam. «Por questões sanitárias» e antes de abandonar a embarcação, ainda estiveram de quarentena. Algumas grávidas deram mesmo à luz.

A 27 de Janeiro de 1976 - não se esquece porque coincide com o aniversário do marido -veio definitivamente para Portugal. O Instituto de Apoio ao Refugiado (IARN), perguntou-lhes para onde queriam ir e pouco tempo depois estavam em Portimão, junto à família do marido. Enquanto reconstituiam a sua vida, estiveram seis meses num hotel, com estadia e alimentação pagas. «Houve pessoas que se acomodaram», admite. Quanto a eles, ao mesmo tempo que faziam «um pouco de tudo» para sobreviver, aliaram-se a um grupo em situação idêntica e ocuparam o então devoluto estabelecimento prisional da cidade. «Moramos, com outro casal, no espaço onde habitava o carcereiro», lembra América. E «houve quem transformasse as celas em autênticos apartamentos», diz, com mais orgulho do que embaraço. Um período difícil, «com muitos pesadelos e noites mal dormidas». Acabaram por arrendar uma casa. Após cinco anos a aproveitar todas as oportunidades laborais - incluindo em limpezas - o marido teve conhecimento da falta de mão de obra para os rebocadores no porto de Sines. Oriundo de uma família de pescadores, tinha a cédula marítima e logo aí uma vantagem. «Era gerente de um hotel em Angola, imagine-se...»recorda, com ironia. Mas a vida nunca foi fácil e apesar do momento breve de fraqueza, América retoma o discurso seguro, ciente de que não tem nada a ganhar em perder-se no passado.

«Quando ele arranjou casa em Santo André, vim para cá». Já com dois filhos, ainda esteve mais de um ano sem trabalhar. «Concorri sempre a tudo», frisa. Até que conseguiu uma vaga na junta de freguesia local. Apesar de não ter conseguido formar-se em Contabilidade, as noções ajudaram. E hoje, não tem tempo para lamúrias. «A princípio foi mau» porque os que nunca deixaram a metrópole se sentiam intimidados pela vaga de retornados e refugiados à procura de trabalho. Outras "guerras". Agora, completamente integrada, afirma que a integração em Santo André nem foi demorada. «Havia muitas pessoas de fora, não só das ex-colónias como de outras localidades portuguesas», explica. Negando a separação de comunidades oriundas de países diferentes, acrescenta que se junta bastantes vezes com amigos provenientes de Moçambique ou Cabo Verde. «Trocamos experiências e aprendemos uns com os outros», refere. E há sempre tempo para uma «almoçarada» de convívio.

Não guarda rancores - nem das famigeradas indemnizações nunca atribuídas - preferindo concentrar-se no presente. O que é confirmado na resposta à fatídica pergunta quanto a um eventual regresso. «Prefiro guardar as imagens que tenho, não volto lá tão cedo».

«Santo André é a minha terra»

João Malho ganhou coragem e voltou a pisar solo angolano em Março passado. «Há 25 anos que não o fazia», acrescenta. Enquanto «a maneira de bem receber as pessoas se mantém intacta», o mesmo não se pode dizer do estado de conservação do país que deixou em 1981. A degradação é logo visível nas infraestruturas rodoviárias. Pelo que diz, nem se pode dizer que existam. «Muitas estradas estão intransitáveis... consequência da guerra». Mas acredita que nos próximos anos as coisas vão melhorar. O que não implica um regresso futuro. «Os meus filhos cresceram cá e já não me identifico com aquilo», afirma. E com tantos residentes em Santo André sobretudo de Angola e Moçambique, abraçou-a como a sua terra.

Mas ao contrário de América Lima e dos restantes entrevistados, não tem tempo para grandes confraternizações. Apesar de ter ido recentemente a um encontro anual de ex-colonos angolanos, nas Caldas da Rainha, na cidade alentejana a sua rotina limita-se basicamente a «deslocações de casa para o serviço e do serviço para casa».

Confessa que vive muito em função da sua empresa de materiais de construção civil, numa das zonas industriais de Santo André. Um negócio familiar, conquistado a pulso. Quando veio para o local, convencido pela irmã (cujo marido era enfermeiro e estava colocado no antigo hospital de Santiago do Cacem), acabou por se apaixonar pelo sítio. E «como havia trabalho», deixou-se ficar com a mulher e os dois filhos, nascidos em Lubango. Trabalhou na portaria da Carbogal quando «ainda era só arame farpado», numa fábrica de plásticos que entretanto faliu e chegou a leccionar Mecanotecnia na sede do concelho. «Depois entrei nesta firma que antes funcionava apenas em Sines». O dono abriu uma filial em Santo André mas o negócio não lhe corria de feição e vendeu-a ao empregado. «Na altura não passava de um barracão», lembra. Não culpa ninguém pela vinda atabalhoada de Angola. Outros familiares, esses sim, perderam muito. O avô tinha uma empresa de transportes públicos e de mercadorias, além de várias lojas de comércio. O pai, mecânico de profissão, esteve 37 anos numa fábrica, por conta de outrém: «mas é como se nunca tivesse trabalhado, hoje tem uma reforma mínima». Desabafos de quem não pode esquecer o «abandono» a que, nas suas palavras, os ex-colonos foram votados. Não esquece mas também não recalca. Afinal, seja qual for o percurso de vida, «nós os portugueses» temos uma característica comum: «perdoamos tudo».

«Quando cheguei isto era um deserto»

Ana Maria Nunes, veio de Angola aos 11 anos e também não alinha pelo diapasão de muitos ex-colonos que passados 36 anos do 25 de Abril, ainda exigem, numa petição a circular pela internet (que visa reunir quatro mil assinaturas para poder ser discutida na Assembleia da República), a «reparação moral» pelos danos causados. «Querem instituir o Dia Nacional do Deslocado do Ultramar?!», exclama, surpreendida, em reacção a uma das pretensões do referido documento. «Oh minha senhora, isso é o mesmo que ter o Dia da Mulher, não faz sentido nenhum». Mas reconhece que o apoio recebido aquando da chegada com os pais a Lisboa em 1975, «e apesar do IARN ter ajudado os que pode», ficou aquém das expectativas... e das necessidades.

Lembra-se nitidamente de «famílias inteiras» no aeroporto da Portela, deitadas em mantas, a ser amparadas pela Cruz Vermelha Portuguesa. Ou de uma noite em Luanda - para onde foi com a família no pico das convulsões sociais e políticas - em que ela e o irmão, ainda pequenos, foram levados à pressa para a cama dos pais devido ao tiroteio na rua.

«Angola estava uma grande confusão, havia crimes e roubos, tínhamos de sair». Deixaram, sem olhar para trás, duas mercearias, duas carrinhas e duas casas, «além do dinheiro - escudo angolano -que em Portugal não valia nada» (e cujo câmbio era feito a comissões altíssimas, no mercado negro). Pouco depois, o pai arranjou trabalho naquela zona, como motorista, «a fazer transportes de e para a refinaria», conta Ana Maria Nunes, hoje com 42 anos, funcionária num café do "bairro da Petrogal". «Viemos para cá era isto ainda um deserto», recorda. A comunidade autóctone, a princípio desconfiada e pouco receptiva, acabou por lhes dar tréguas. E agora, diz a plenos pulmões que o convívio «é do melhor!». Especialmente entre os "angolanos" (uns regressaram daquele país, outros nasceram lá), «mais expansivos e alegres do que as pessoas daqui». Juntam-se com frequência para «comer moamba, dançar e rir». E esses encontros, será que também incluem "moçambicanos"? «Não nos misturamos muito, eles são um pouco elitistas», avança.

«Espero que seja emigrante!»

Elitistas ou não, o facto é que o Notícias de Sines encontrou um grupo de amigos, todos eles oriundos de Moçambique, numa esplanada central de Vila Nova de Santo André. Será que não se reúnem com pessoas provenientes de outras ex-colónias? Fernanda Craveiro, de 63 anos, corta o silêncio: «simplesmente nunca aconteceu», desdramatiza.

Todos os dias de manhã, os primeiro a chegar lá vão juntando as mesas para os que ainda hão-de vir. Nunca são poucos. Aos nossos protagonistas, a maioria reformados, somam-se agora os filhos e às vezes os netos. Até antigos residentes na cidade, como António (ele sim, retornado no verdadeiro sentido do termo) e Carla Coelho, de 57 e 47 anos respectivamente, que emigraram para o Luxemburgo há quase duas décadas e hoje trabalham no Parlamento Europeu. De férias, aproveitam para matar saudades. E regressar? A resposta de Carla é elucidativa. «Quanto a isso, tenho duas imagens gravadas. A da minha mãe dizer que Portugal era óptimo para passar férias e a de uma entrevista da Florbela Queirós em que lhe perguntaram o que ambicionava para o filho, na altura recentemente nascido, e ela disse, sem hesitações: - Espero que seja emigrante!»

Voltar a Angola, nem que de passeio, também não lhe agrada. «Fui a Maputo nove meses depois da independência e era só lixo por todo o lado». Admite que prefere «gastar dinheiro noutros sítios», desconhecidos.

António gostava de lá ir um dia. Mas talvez ainda não esteja preparado. E isso implicaria o reavivar de memórias, visivelmente ainda à flor da pele. Como o facto de ter sido obrigado a deixar a carreira de piloto na aviação comercial. Vidas interrompidas, refeitas a custo. Mas não se deixa consumir pelo que poderia ter acontecido, «se tivesse estudado mais». O pai perdeu um negócio de transportes, «já com dez autocarros». Apenas com a quarta classe, é evidente que «para ele, tudo acabou ali». O sogro era gerente num banco e experimentou «um grande stresse emocional». As cicatrizes estão sobretudo nesta geração, demasiado velha e cansada para recomeçar do zero.

«Esse senhor é um herói nacional!»

Naqueles que vieram de lá um pouco mais novos, as cicatrizes também nunca sararam. Há casos em que as marcas saltam à vista. Neste grupo, muitos não se disponibilizam a prestar o testemunho... ou "empurram" a jornalista para o vizinho do lado. Após alguns dias na sua companhia, as defesas baixam. Mas nunca desaparecem. Afinal, no pós 25 de Abril muitos se queixam de a imprensa não os ter tratado com a dignidade que mereciam. E entre este grupo, há quem não o esqueça.

Fernanda Craveiro não parece preocupada. Talvez porque já tenha ambicionado ser jornalista. Terminou o curso comercial aos 15 anos e disse ao pai que queria seguir a área da Comunicação Social. «Só o podia fazer em Londres e era muito jovem para uma aventura dessas sozinha». Acabou por ser secretária nos serviços de educação e mais tarde, já na administração civil, do governador geral em Porto Amélia (hoje designada por Pemba). Recorda os tempos em que não havia televisão, em que ela e o marido se reuniam «em casa de uns e de outros». Assim como da casa citadina e na da praia, do barco a motor e da empresa aérea, com sete aviões, de que tiveram de abdicar. Inclusive do criado, na altura da despedida: «lembro-me dele a chorar e a dizer que não se queria separar de nós».

A meio da conversa, Alpoim Menezes, de 61 anos, bom conversador e companheiro de brincandeiras, traz um café e uma "achega". «O marido desta senhora é um herói nacional! O Estado deve-lhe muito.

e nunca lhe fez a reparação devida!» Fernanda assente com a cabeça e serve de porta-voz ao comandante Craveiro, que já antes lhe tinha remetido a tarefa de recordar pormenores.

«Transportou feridos e mortos de avião durante anos a fio», chegou a ser alvejado e a receber uma condecoração por bravura no 10 de Junho. Mas enquanto colegas seus, nas mesmas condições, já foram indemnizados, o comandante e a esposa continuam a exigir justiça.

Vieram para a localidade quando ele conseguiu uma vaga na Petrogal (Fernanda Craveiro, com três filhos, um deles diabético, pediu a reforma quando chegou a Portugal, onde nunca tinha estado). Explica que o marido «já tinha trabalhado na refinaria em Moçambique, antes de enveredar pela aviação, o que sem dúvida ajudou». Ainda viveram três anos em Tróia, até que o Gabinete da Área de Sines (GÁS) - agora dissolvido e desmantelado - lhes arranjou uma casa em Santo André, onde residem actualmente.

Regressar a África, só se for para visitar os sobrinhos. «Mas não é para ficar!», salienta. O marido já fez três cirurgias ao coração e «precisa de acompanhamento permanente», adianta. Mas subentende-se que mesmo sem essa necessidade de assistência médica contínua, a hipótese de voltar definitivamente é remota. «Sempre quis vir para a metrópole e adoro isto», refere.

Alpoim Menezes diz que se um dia isso acontecer, «é para morrer lá». Acusado de «comparticipar na distribuição de armas e panfletos ou de ter posto a bomba no busto de Salazar», foi mesmo submetido à tortura do sono nas cadeias da PIDE. Em princípios de 80, um primo «mexeu uns cordelinhos» para o trazer à metrópole e conseguiu integrá-lo no GÁS. Apesar de todas as peripécias, confessa que se não fossem os filhos e netos, partia de armas e bagagens. Questões do «coração, da alma e da saudade».

Texto: Lina Manso - Fotos: Filipe Jesus

ENTREVISTA A JOÃO MADEIRA (HISTORIADOR)

“Processo de integração notável”

Há três anos, no âmbito do aniversário da elevação de Santo André à categoria administrativa de vila, João Madeira, historiador, fez, a convite da Junta de Freguesia, uma conferência sobre «os anos que mudaram a freguesia». Um tema que inclui necessariamente a população deslocada do Ultramar.

Porque é que tantos ex-colonos vieram para a freguesia no pós 25 de Abril?

Verificou-se aqui o que podemos chamar um casamento de conveniência. Havia um projecto industrial moderno, ambicioso, que estava a ser lançado num país sem grande tradição industrial para o qual era necessário uma força de trabalho jovem e qualificada. Eram grandes oportunidades laborais que conseguiram - absorver muitos dos ex-colonos e atenuar potenciais disputas em torno do emprego e do trabalho.

Mas não se viveu uma grande tensão social no momento em que chega a primeira grande vaga de ex-colonos?

A oferta de emprego existente - a refinaria entrou em funcionamento em 78 e a petroquímica em 81 - diluiu a ideia de que eles vinham para roubar as oportunidades aos que cá estavam. A tensão social que havia nesses anos tinha a ver mais com o clima revolucionário desses tempos, com a euforia do novo país, que se queria construir do que com o repúdio aos deslocados das colónias. Isto apesar do "retornado" poder ter de facto, a princípio, uma conotação negativa. Mas isso é uma situação que está a desaparecer naturalmente e é já completamente residual.

Diria que estão completamente integrados?

Acho que sim. Aliás, o processo de integração foi notável. Mas é claro que subsistem grupos de afinidade ou pertença, só que nunca no sentido de ghetto, de comunidades resistentes ao exterior.

É curioso que o modo de estar destes indivíduos ajudou a criar em Santo André um ambiente social diferente da que existe em Sines e Santiago do Cacem: digamos que mais aberta e sem tantos pergaminhos aristocráticos, até porque não tem uma identidade que lhe é anterior.

Todos os entrevistados afirmaram que a percentagem de ex-colonos na cidade deve rondar os 80 por cento. Concorda?

A imagem de uma localidade dominada por "deslocados" não corresponde à realidade.

Trata-se de uma espécie de mito matricial, No final dos anos setenta, 60 por cento da população residente era oriunda das ex-colónias, mas em 1985 apenas 18,5 por cento tinha essa proveniência, mesmo que mais de dois terços não fosse natural do concelho. Essa noção corresponde a uma fase anterior, que persiste porque se encontra vinculada ao tal mito de fundação da localidade e à forma como os seus habitantes se viam e os outros os encaravam.

A História de Santo André é curta mas começa a definir-se através de «multiculturalidades identitárias num contexto eminentemente urbano e alicerçado de raiz», refere João Madeira. A congregação de esforços para que o arquivo do antigo Gabinete da Área de Sines (GÁS) fique no concelho, «devidamente tratado, conservado e publicamente disponibilizado» e a edição de um estudo de Luís Sttau Monteiro, um «repositório sensível e por vezes emotivo dos percursos recentes da zona», encomendado pelo próprio GÁS, são propostas que fez em 2002 e que hoje ainda mantém, «no sentido da preservação das memórias sociais desta verdadeira Cidade Nova».

Lina Manso

In NOTÍCIAS DE SINES – 23.09.2006

João Madeira (Historiador)

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