Quarta-feira, 01
Segunda-feira, 19.09.11
Veja os destaques de hoje e do fim de semana:
1. Marconi e Valéria Perillo em evento social
2. Governador José Eliton entrega benefícios no Nordeste goiano
3. Colunista social Daura Sabino
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Revista Stile, Coluna Stile Society, Cristina Ribeiro - Set / 2011
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Jornal Diário da Manhã, Editoria de Política & Justiça - 18.09.11
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Jornal Diário da Manhã, Editoria de Política & Justiça - 17.09.11
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Jornal Opção, Editoria de Cidades - 18 a 24.09.11
A grande dama do colunismo social
A ex-colunista social do Jornal Opção praticamente reinventou o jornalismo sobre a alta sociedade e trouxe os ricos para os jornais publicados em Goiás
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Daura Sabino: a celebrada estilista e colunista social que, no Jornal Opção e noutros veículos de comunicação, “convenceu” a classe alta a “aparecer” nas principais publicações de Goiás
Márcia Abreu e Mônica Navarrete
Pense em Zózimo Barroso do Amaral (“Jornal do Brasil”) e Ibrahim Sued (“O Globo”), do passado, e Mônica Bergamo (“Folha de S. Paulo”) e Joyce Pascowitch (ex-“Folha”), do presente. Zózimo, com sua elegância verbal, e Ibrahim, com sua facilidade de circular no meio social e obter informações privilegiadas (o celebrado repórter-colunista Elio Gaspari foi seu “foca”), foram espécies de reis do colunismo social patropi. Eles praticamente recriaram o colunismo no Brasil, apostando em notas que eram verdadeiras minirreportagens. Joyce e, sobretudo, Mônica vieram na sequência e aprofundaram o trabalho dos antecessores. Em Goiás, vários colunistas sociais fizeram história, como Maria José, LBP (Lourival Batista Pereira), Laila Navarrete e, ainda em atividade, Arthur Rezende e Luiz Carlos Rodrigues. Mas uma colunista, Daura Sabino (ao lado de Laila), é o divisor de águas. Quem diz isso são seus próprios colegas.
Estilista requintada, muito bem informada sobre os bastidores da política e do meio empresarial, pois lidava com as elites goianas — notadamente a goianiense —, Daura Sabino era requisitada por todos os organizadores de eventos chiques e up-to-dates. Uma festa sem Daura era uma festa, claro, mas não era uma big festa. Faltava tempero. Devido à sua desenvoltura e ao seu traquejo social, Daura foi convidada pelo jornalista Herbert de Moraes Ribeiro para assumir a coluna social do Jornal Opção. Suspeitando que não tinha aptidão para o jornalismo, pediu um mês para pensar sobre o assunto. Mulher que não foge de desafios, apaixonada pelo novo, sua essência, Daura acabou aceitando o convite do jornal que, inspirado no “Opinião”, um dos mais importantes jornais “alternativos” do país — ao lado do “Movimento”, foi o mais decisivo veículo de comunicação da esquerda na ditadura civil-militar —, faz história em Goiás há quase 36 anos.
Com apoio da redação, que descobriu que a estilista era uma fonte inesgotável de notícias e furos de reportagem, Daura assumiu o cargo de colunista social do Jornal Opção. Nascia ali uma das maiores colunistas sociais da história de Goiás. É preciso destacar que ela tem o dom de “fazer tudo bem-feito”, registram seus colegas. A jornalista Jô Almeida foi escalada para auxiliá-la, o que fez de modo competente, na nova empreitada.
Em pouco tempo, devido às informações privilegiadas sobre negócios, política e riqueza da vida em sociedade, Daura se tornou a colunista social mais lida dos jornais e revistas goianos. As pessoas, sobretudo na elite e na classe média, acordavam cedo, aos domingos, para ler sua coluna. Sair na coluna “da” Daura era consagrador e classudo. Significava que a pessoa estava “por dentro”, que era um ser da sociedade. Dernier cri. Com habilidade, ela mostrava tanto os indivíduos das elites econômico-financeiras quanto os indivíduos das elites políticas e culturais. Seu critério era até prosaico: se as pessoas contribuíam para o desenvolvimento do Estado, em suas várias atividades, eram mostradas em sua coluna. Mais tarde, Daura migrou para o jornal “Diário da Manhã” e, em seguida, para a revista “People”. Por onde passou deixou sua marca: profissionalismo acima de tudo e informações de cocheira sobre vários assuntos. Era uma connaisseur. Não raro repórteres de política e de economia recebiam informações exclusivas sobre articulações políticas e empresariais. Iam checar e verificavam que as informações eram precisas. Daura apurava bem e não dava informações erradas ou truncadas. Nas redações, repórteres espertos vasculhavam suas notas em busca de detalhes sobre política e economia. Um casamento, na pena de Daura (uma discípula inconsciente de Samuel Wainer, que dava a mesma orientação aos seus repórteres), não era apenas um casamento. Às vezes, como apontava, sem linguagem excessiva e com mestria, era uma união de grupos políticos e econômicos. Como Balzac, Daura descobriu, sem teorizar, que é o social que, em geral, explica a economia, a política e a cultura.
Qual era o segredo de Daura? A própria não gosta de se estender sobre o assunto. Mas admite que um dos segredos do seu sucesso profissional era ouvir bem suas fontes, não menosprezar nenhumas delas e sempre procurá-las com gentileza e interesse genuíno. Muitas fontes privilegiadas da colunista eram suas amigas há anos e, por isso, confiavam em passar informações em “off”. Com sua graça habitual, com sua sutileza ao expor informações extraordinárias como se estivesse narrando histórias simples, Daura entendeu, com presteza, que as pessoas querem ver as informações publicadas, exigindo mais o sigilo da fonte do que da informação.
Em 1997, Daura abandonou definitivamente a alta costura. A colunista conta que o governo do presidente Fernando Collor de Mello (renunciou em 1992), ao promover uma abertura ampla ao comércio internacional — uma, digamos assim, nova abertura dos portos e aeroportos —, liquidou parte do setor têxtil brasileiro. Não dava e não dá mais para competir com os produtos indianos e chineses. A qualidade foi trocada pela produção em massa de outros países. A criação quase artística, meio artesanal, foi superada pela produção industrial maciça e mais barata. Entretanto, Daura nunca foi de ficar lamentando-se. Assim, passou a dedicar-se exclusivamente ao jornalismo.
Mulher elegante, muito bem relacionada, Daura não se casou. Por quê? “Porque não encontrei a alma gêmea”, afirma, com um sorriso nos lábios. O fato é que, nos grandes salões da sociedade de Goiânia, sempre era presença cativa.
Daura, disseram todos os entrevistados pelo Jornal Opção, era uma espécie de ímã — atraía os integrantes da alta sociedade. Era mais fácil uma mulher rica desconvidar uma ricaça a deixar Daura de fora de uma lista de convidados. Sua presença, sofisticação, classe e glamour marcaram todos os que conviveram e convivem com a colunista. Daura nunca foi milionária, mas era tratada pelos ricos como “um” deles.
Aos que a chamam de “rainha do colunismo goiano”, Daura abre um sorriso matreiro e, às vezes, só às vezes, diz: “Há outras colunistas muito boas”. Cita, como exemplo, Laila Navarrete, que, além de colunista competente, é uma poeta refinada.
Por motivo de doença, Daura deixou o colunismo social. Mas não deixou de acompanhar o que ocorre no jornalismo e no colunismo em Goiás e no Brasil. Permanece como a grande dama do colunismo social goiano. Inconteste.
Uma estrela refinada e elegante, dizem os “rivais”
O Jornal Opção ouviu colunistas sociais a respeito de Daura Sabino. De quase todos escutou: “Daura é hors-concours”. Foi elogiada como estilista, sua primeira profissão, e colunista social. “Como colunista social, Daura era uma grande estilista”, diz Ivone Silva, responsável pelo Troféu Persona.
Ivone Silva considera Daura como um “ícone”. Ela conta que, entre as décadas de 1970 e 1980, a estilista-colunista era “a sensação de Goiânia”. “Não se falava noutra pessoa com tanto entusiasmo. Trata-se de um nome singular, ímpar. Quando despontou como colunista, no Jornal Opção, ninguém ficou surpreso”.
Quando Daura foi convidada para escrever no “Diário da Manhã”, Ivone conta que ficou ansiosa para conhecê-la. “O proprietário do jornal, Batista Custódio dos Santos, dizia que só queria gente chique na coluna social. Eu lia a coluna com muito interesse, pois queria saber quem era o povo chique de Goiânia. Daura realmente destacava na sua página as pessoas elegantes da cidade. Os ricos e os talentosos apareciam na sua coluna.” Daura inventou o colunismo dos chiques e talentosos na época em que foi colunista social do Jornal Opção. “O Jornal Opção foi a grande escola de jornalismo de Daura, porque sempre primou pela qualidade do texto e pela informação rigorosa. Daura, por sinal, é uma ariana forte e perspicaz. Ela tem aquela capacidade de intuir novos caminhos e, sobretudo, de mostrá-los.” Ivone faz uma ressalva: “Os colunistas sociais não são amigos. São, no máximo, colegas. Quem falar que tem amizade está mentindo. Mas Daura sempre me tratou com cordialidade”. Em 1993, Daura recebeu o Troféu Persona. Ficou extremamente feliz, porque sentiu-se valorizada.
A linguagem de Daura, antecipando outros colunistas, inclusive nacionais, incorporava palavras estrangeiras e expressões curiosas. “Daura fazia um jornalismo diferenciado. Ela dizia: ‘O big boss fulano de tal fez um negócio no ramo x’. A gente ficava curiosa e queria saber mais sobre o big boss. Ela também gostava de anotar ‘os homens mais’ e ‘as mulheres mais’. A pessoa ia à lua e, se não soubesse controlar o ego, ficava por lá”, conta Ivone Silva. “Agora, o que é impressionante, Daura não ficava entorpecida com os múltiplos e insistentes elogios. Nasceu madura e sensata.”
Daura deixa seguidores? Ivone Silva avalia que sim. “Luiz Carlos Rodrigues, de ‘O Hoje’, tem estilo parecido. Ao contrário de outros colegas, Luiz Carlos não mescla colunismo com jornalismo social.”
Luiz Carlos, tido pelos colunistas como o “Mr. Elegância”, afirma que guardas boas lembranças da época em que Daura movimentava as colunas sociais e festas goianas. Ele a conheceu em 1973, quando começou a escrever para o semanário “Cinco de Março”. Daura e a irmã Tereza tinham um ateliê no centro de Goiânia.
“Daura se firmou como colunista social do Jornal Opção, assentando muito do moderno colunismo praticado no Estado. Mais tarde, nos encontramos no ‘Diário da Manhã’, onde nos tornamos colegas. Éramos amigos e não tínhamos atrito nenhum. Ela é uma pessoa do bem, que gosta de agregar. Quando deixou o jornal, a gente passou a se encontrar nos eventos sociais”, conta Luiz Carlos. “Conversar com Daura é sempre muito bom. Ela é uma mulher espirituosa, divertida. Me mata de rir. Tem umas tiradas engraçadíssimas. Tem um jeito irreverente, sempre sofisticado, que chama a atenção de todos. É o aspecto mais marcante de Daura. Na última vez que a visitei, me fez rir bastante. Às vezes a memória dela falhava, mas, quando se lembrava da história, contava-a com muita graça e eu ria muito.”
Como Ivone Silva, Luiz Carlos destaca os termos em inglês e francês que Daura usava na sua coluna. “Não resta nenhuma dúvida de que foi uma grande profissional. Por meio de sua coluna, o leitor ficava sabendo a origem das personalidades da alta sociedade. De algum modo, ela construía um perfil psicológico da classe alta. A gente lia e ficava sabendo quem era quem — o que hoje é muito difícil. Nas colunas atuais a gente não sabe de que mundo a pessoa veio e para qual vai. É tudo misturado. Daura tinha norte e isto aparecia nas colunas”, afirma Luiz Carlos. Ninguém a enganava. Rico era rico. Emergente era emergente. “Mas uma de suas características sempre foi tratar as pessoas com fidalguia, não importando a classe social.”
Luiz Carlos diz que Daura, Laila Navarrete e ele sempre deram notícias da chamada “classe A”. “Nós falávamos da alta roda.” Apresentado como uma espécie de último dos moicanos do colunismo social goiano, Luiz Carlos frisa que continua falando dos ricos citados por Daura e Laila. “Agora, além dos ‘fundadores’, falo de seus filhos e netos, que já estão casando e reorganizando as empresas.” Daura (e outros colunistas) considera Luiz Carlos como um “gentleman”.
Por mais que o colunismo social tenha se modernizado, com pitadas de reportagem mais bem elaborada, Luiz Carlos garante que as pessoas querem saber detalhes das festas. “Como foi a festa, quem foi, como eram as roupas das pessoas. Isto é universal. Veja na festa do Oscar, nos Estados Unidos. Depois da entrega dos prêmios, que merece destaque na imprensa, os vestidos das atrizes são amplamente citados. As pessoas querem saber detalhes e, algumas vezes, até copiar as roupas. Quem não aprecia o belo? Todos apreciam.”
Para Luiz Carlos, Daura e a irmã Tereza “são imortais”. “São duas figuras emblemáticas, simbólicas, marcantes. Tanto pelo jeito de vestir, de frequentar, quanto pela alegria de viver. Daura foi uma grande companheira de profissão. Ela respeitava os colegas colunistas, sempre foi simpática, afável e solidária. E, mesmo fora do colunismo, continua assim.”
Goiânia é, na opinião de Luiz Carlos, “uma cidade sofisticada, com festas belas, elegantes e caras. Os goianos sabem se vestir, se divertir e se portar. As mulheres são as mais belas e elegantes do País. Os goianos da alta sociedade conhecem o mundo todo. Ainda frequento muito a sociedade. Nos fins de semana são mais de duas festas por dia. Não é fácil acompanhá-las. Colunista social ‘não’ pode ficar doente, nem triste — só alegre. Daura, uma pessoa do bem, ia às festas mais importantes e registrava com inteligência, categoria e precisão o que acontecia”.
A colunista social Laila Navarrete, dona de um texto refinado e mulher de classe ímpar, diz que “Daura marcou o século 20 em Goiás pela sofisticação, pelo jeito de vestir, pela irreverência e pela classe. Descontraída, sempre tratou todos com finesse”.
Daura, afirma Laila Navarrete, “era e é bem relacionada. Tem cultura, informação. Foi destaque como estilista e colunista. O refinamento da estilista transparece no seu colunismo social. É uma estrela. Nunca tivemos nenhum atrito”.
Laila Navarrete diz que, como destacava a classe A, que a lia com interesse, “Daura conhecia cada integrante das famílias mais importantes. Ela sabia e, na verdade, ainda sabe quem realmente contava e conta. Chamava a atenção por onde passava com as roupas que criava, elegantes e estilosas”. Um adendo: todos liam Daura.
Daura está doente, esteve internada num hospital de Goiânia, mas já está em sua casa.
A selecionada lista das mais elegantes da colunista social
Daura Sabino tem um olhar perspicaz. Ela olha para um indivíduo e, em menos de cinco minutos, é capaz de dizer se é elegante ou não. Delicada, não gosta de criticar as pessoas, conhecidas ou não. Mas sabe quando uma roupa, apesar da qualidade, não cai bem para um homem ou para uma mulher. Como estilista refinada, costuma dizer que as pessoas chiques não são chiques tão-somente pela qualidade da roupa que vestem. Os chiques são quase que naturalmente chiques. Às vezes, mesmo vestida com uma roupa simples, uma mulher de fato “cosmopolita” e “por dentro” continua elegante e charmosa.
Perguntada pelo Jornal Opção sobre as mulheres mais chiques de Goiás, Daura, que raramente desconversa, disse: “São várias e é injusto citar apenas algumas”. As repórteres insistiram. Então, meio a contragosto, Daura relacionou algumas, até para homenagear as não citadas: Lucilene Dutra, Carmem Mafra, Delly Sebba, Solange Santos, Lúcia Vânia, Lurdinha, Vânia Godoy e Mônica Navarrete.
Mulher atenta, Daura não se fez de rogada quando perguntada sobre políticos. A colunista frisa que apreciou os governos de Mauro Borges, Irapuan Costa Junior e Marconi Perillo.
Por quê? Porque, destacou, fizeram governos criativos. “Mauro Borges”, frisou, “modernizou a máquina pública e criou órgãos fundamentais para garantir o desenvolvimento do Estado. Irapuan Costa Junior modernizou o setor público, construiu o maior distrito industrial de Goiás, o Daia, em Anápolis, e investiu maciçamente em infraestrutura. Marconi Perillo, ainda jovem, está contribuindo para renovar a política de Goiás e, com a Bolsa Universitária, incentiva os jovens pobres a estudarem”.
A estilista que fez sucesso na Espanha e foi elogiada por Dener
Tão irrequieta quanto a estilista Coco Chanel, Daura Sabino não ficou circunscrita ao seu trabalho em Goiás e mesmo no Brasil. Ao se casar na Espanha, a advogada Maria Tereza Navarrete só fez uma exigência: queria um vestido com a assinatura de Daura. Embora sobrecarregada, a estilista fez o vestido. A peça era tão deslumbrante, reunindo o sóbrio e o elegante, que um dos convidados, absolutamente encantado, quis comprá-lo na porta da igreja. O espanhol parecia mesmerizado. O sucesso começou bem antes, já com o primeiro vestido de noiva que fez, para uma filha do médico e político Peixoto da Silveira, avô do secretário da Educação do governo de Goiás, Thiago Peixoto, e pai do economista Flávio Peixoto e do agitador cultural PX Silveira. Foi uma unanimidade, mas das inteligentes. A estreia profissional ocorreu em 1962. Seu ateliê da Avenida Goiás e, depois, no Setor Marista era o point dos elegantes de Goiânia. Seus primeiros clientes eram funcionários públicos — pioneiros e, depois, filhos dos pioneiros da capital. Todas as mulheres chiques, “antenadas”, queriam um vestido com a marca Daura de qualidade. “As festas em Goiânia eram muito boas. As que aconteciam no Country Clube de Goiás eram chiques; as do Jóquei Clube, animadas; e as do Jaó, ótimas. As das casas dos amigos eram as melhores. Eu amava”, frisa a colunista. Embora não seja particularmente nostálgica, Daura admite que, há alguns anos, as pessoas conversavam mais e, de algum modo, eram mais solidárias.
O trabalho refinado e criativo de Daura chamava a atenção dos melhores estilistas do País. Muitos deles foram atraídos para Goiás por intermédio de sua “arte”. As coisas funcionavam mais ou menos assim: era Bernardo Élis reinando na literatura — elogiado pelos escritores Monteiro Lobato e João Guimarães Rosa (autor de “Grande Sertão: Veredas) — e Daura na área de moda.
No seu concorrido ateliê, Daura vendia com exclusividade as coleções assinadas por costureiros celebrados, como Dener Pamplona e Clodovil Hernandes. Os dois profissionais, percebendo o talento da estilista, sugeriram, e até insistiram, que trocasse Goiânia por São Paulo. “Dener argumentava que Goiânia era muito pequena para meu trabalho”, frisa Daura, com um quê de resignação no olhar. Resignação, mas não falta de altivez. Ao ouvir as palavras de Dener, um amigo admirado, respondeu, ecoando os russos Púchkin e Tolstói: “Prefiro ser a primeira na aldeia do que a segunda em Roma”. Estava certa. Reinou enquanto quis. Durante anos, vestiu as mulheres mais elegantes de Goiás e responsabilizou-se pelos desfiles mais glamorosos. Detalhe: fez roupas para mulheres do jet set de várias partes do País. Cosmopolita, viajou por todo o Brasil e pelo mundo. “Em uma das minhas viagens à Europa, assisti o último show dos Beatles, em Londres. Um fato histórico da música popular”, revela.
Entre os clientes mais distintos de Daura estavam: Maria de Lourdes Stivalett Teixeira (mulher do ex-governador Mauro Borges), Solange Santos, Célia Câmara (da família que dirige a Organização Jaime Câmara), a deputada federal Iris Araújo, Lucilene Dutra, Tereza Oriente e a senadora Lúcia Vânia. A estilista fez mais de 1.500 vestidos de noiva e milhares de vestidos de festa. Ela tornou as mulheres goianas mais bem vestidas e, portanto, mais bonitas e cosmopolitas.
Daura estudou Direito durante três anos. O mundo perdeu uma advogada, mas ganhou uma estilista-colunista refinada, que deixou a sociedade e as pessoas mais bonitas e elegantes.
Irmão era “crítico” do irlandês James Joyce
Os talentos dos irmãos de Daura são múltiplos. Oscar Sabino Júnior era um crítico literário refinado, que escreveu textos de qualidade sobre vários autores, inclusive sobre o complexo irlandês James Joyce, autor de “Ulisses” e “Finnegans Wake”. Mostrava conhecimento de sua obra. Daura e Oscar Sabino eram muito amigos, sobretudo devido ao refinamento de ambos.
Homero Sabino, desembargador aposentado, foi presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Homem corajoso e competente, chegou a enfrentar a ditadura em defesa das liberdades democráticas.
Lenine Sabino de Freitas é advogado e tradutor (expert em inglês). Odessa Sabino Jorge foi a primeira mulher a ser funcionária pública da Prefeitura de Goiânia, em 1935. Foi secretária do primeiro prefeito da nova capital goiana, Venerando de Freitas Borges.
A família Sabino faz parte (muito bem) da história do Estado de Goiás, em seus vários ramos de atividade.
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