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ORTOGRAFIA PORTUGUESA

Divide-se a história da ortografia portuguesa em 3 períodos: o fonético, o pseudo-etimológico e o simplificado:

1) Período fonético_ Começa com os primeiros documentos redigidos em português e termina no sec. XV; as palavras escrviam-se como eram pronunciadas; coincide esse período com a fase arcaica do idioma. Não havia um padrão uniforme na transcriçào das palavras. O i era representado também por y e j . Quando semivogal era freqüentemente precedido de h. A nasalação das vogais era representada de diversas maneiras: por ~ , por dois pontos, por m, ou por n. M e n empregavam-se indistintamente no interior ou no final das palavras: be~ , bem ou ben. O grupo lh, de origem provençal, aparece sob a forma ly (filya > filha). O grupo qu antes de a, o tem valor do k velar (quada, riquo). O ditongo ão era representado on (amaron). O moderno sufixo -vel grafava-se -vil, ou -bil. Era comum o uso do hiato, que se desfez em ditongo, ou crase (feia, ser). A língua era escrita para o ouvido, não se fazia crase na escrita (seer). Havia confusão entre b e v. C e z antes de qualquer vogal podia representar a sibilante surda. O c no grupo ct vocalizou-se (outubro, noite). A letra g pode evoluir para oclusiva ou fricativa (mangar, manjar) O grupo gn palatizou-se ou formou ditongo com a vogal anterior (linho, reino). Usava-se o h medial para separar hiatos (sahir) Havia oscilação no uso de todas as consoantes duplas, inclusive iniciais e finais. A escrita, por normatização deficiente, apresentava variações até dentro do mesmo texto.

2) Período pseudo-etimológico_ Inicia-se no sec XVI e vai até o ano de 1904, quando a Ortografia nacional de Gonçalves Viana foi publicada. Dentro desse período, as palavras eram escritas de acordo com a grafia de origem, reproduzindo-se todas as letras do étimo, mesmo quando não pronunciadas. Esse período é fruto do Renascimento da Cultura Clássica e da influência das letras greco-romanas. Com o advento do Romantismo, verificou-se novo surto etimológico. Buscou-se a origem do vocábulo através do francês, que se imitava largamente. Assim escrevíamos: sepulchro, thesoura, cysne, systhema, Ignez etc. Não havia padrão uniforme de ortografia.

3) Período simplificado_ Principia com a publicação da Ortografia nacional e chega até nossos dias. A reforma de Gonçalves Viana foi baseada na fonética histórica, daí o sistema simplificado ser o verdadeiramente etimológico. A reforma ortográfica proscrevia:

a) prescrição absoluta e incondicional de todos os símbolos da etimologia grega: th, ph etc.

b) redução das consoantes dobradas a simples, com exceção de rr e ss mediais, que têm valor específico.

c) eliminação das consoantes mudas, quando não interferem na pronúncias das vogais que as precedem.

d) regularização da acentuação gráfica.

Em 1911, o governo português tornou obrigatória a rerforma ortográfica. Em 1931, as Academias de Letras do Brasil e de Portugal celebraram um acordo ortográfico, visando a solucionar as divergências ortográficas entre os dois países. Em 1943, há um novo entendimento entre os dois países e a Academia Brasilera de Letras publica o Pequeno vocabulário ortográfico da língua portuguesa, usado oficialmente até nossos dias e visa a dar solução a várias indecisões ortográficas, entre as quais temos;

_ emprego do h : não tem valor fonético em português, como não o tinha em latim; só o empregamos quando a etimologia o exige (homem, hoje, hélice); quando medial, só é empregado como componente de um dígrafo e nos compostos em que o segundo elemento, com h inicial, se une ao primeiro por meio de hífen.

_ emprego do ch : digrama inexistente em latim, é resultado da evolução fonética dos grupos latinos pl, cl, fl.

_ emprego do x : corresponde a palatização do x latino, ou dos grupos sc e ss.

_ distinção entre s e z:

escrevem-se com s : as palavras procedentes de palavras latinas escritas com s;

os sufixos esa, isa, quando indicam títulos nobiliárquicos e profissões:

escrevem-se com z : quando resultante dos grupos de ti, ci, e ce latinos (razão, vizinho, azedo);

os abstratos derivados de adjetivos;

o sufixo -izar de origem grega e seus derivados;

_ emprego do til : surgiu na Idade Média, abreviação de m, ou n, era um recurso usado pelos copistas; fixou-se para o em ditongo e a final ou em ditongo; o uso de m ou n para nasalização já era resolvido em latim;

_ emprego do ss : provém de ss latino ou de uma assimilação;

_ emprego do ç : provém da evolução de um ditongo (lança, paço);

_ emprego do j : provém da consonantização de uma semivogal, ou da palatização dos grupos se, si, di (majestade, queijo, beijo, hoje);

O acordo ortográfico mantém a supressão de k, w, y.

De acordo com o parecer conjunto das Academias Brasileira e Portuguesa de Letras, ficam abolidos: o trema nos hiatos átonos; o acento circunflexo diferencial de timbre à exceção de pôde/pode e outros casos que não pegaram; (nos demais casos não há distinção de timbre) o acento grave com que se assinalava a sílaba subtônica dos vocábulos derivados em -mente, ou sufixos iniciados por z.

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