A Nova Era da Planeta - Inicial — UFRGS



A Nova Era da Planeta

“Mesmo o fato de as formas religiosas

serem geralmente pensadas sob a

forma de entidades espirituais, de

vontades conscientes, de maneira nenhuma

é uma prova de sua irracionalidade”.

Émile Durkheim

O contexto social de desenvolvimento humano marcado por relações quase mediadas, como definido por Thompson (1998), leva a que muitas vezes as pessoas busquem modos para a realização de diversas dimensões de suas vidas através do consumo de meios de comunicação de massa. Assim é com a dimensão religiosa, que a reboque de um antigo processo histórico de secularização e de um contemporâneo modo de consumir cultura, se faz presente em espaços midiáticos.

Há uma bela passagem da Bíblia que disserta sobre a fé. Conta a história de uma mulher vítima de uma hemorragia intermitente, que nenhum médico da época conseguia curar. Sabendo da passagem de Cristo por sua cidade, mas também vendo que este era acompanhado por uma enorme multidão, a mulher enferma pensou: “se eu conseguir pelo menos tocar as vestes dele, serei curada”. Assim ela fez e foi percebida por Cristo que olhou em sua direção e falou que a fé dela a havia curado.

Essa história é simbólica em relação àquilo que pretendo debater aqui a respeito da relação dos indivíduos que consomem produtos midiáticos de conteúdo religioso com a dimensão do sagrado. O acesso à cura através do simples tocar na roupa de Jesus parece nos propor que, muitas vezes, as benesses ganhas através da crença religiosa são passíveis de ocorrer sem que necessariamente aconteça uma prática religiosa em si.

Aquela mulher enferma não participou de nenhum culto específico, nem sequer pôde ouvir a algum sermão de Cristo. Isso entretanto não evitou que, através de um gesto absolutamente simples – o tocar das vestes –, ela pudesse se ver dentro de um acontecimento sagrado. Este é um sobre atos que compõem metáforas sobre o contato com o sagrado e que permeiam as mais diversas religiões.

Isso tudo então cabe de exemplo, no contexto da modernidade, sobre como a mídia vem sendo muito mais do que a expressão do sagrado. Ela é também palco de vivência dele. No caso da Nova Era, levando em conta suas características de inexistência de uma autoridade central, de prática de vivências “soltas”, do caráter de “descanonização”, onde o sagrado assume feições dispersas, o consumo de um meio de comunicação de massa encaixa-se bem. Parece poder haver um certo tipo de aproximação de valores espirituais através do simples consumo de programas de TV ou da leitura de uma revista.

Em meio à pressa da vida moderna, a uma forma mesmo de “cultura self-service” dessa vida, exercitar a dimensão espiritual através da leitura de textos jornalísticos parece “legítimo”. O objetivo, inclusive, muitas vezes, pode até ser a cura de uma doença. A diferença em relação à história bíblica de nossa enferma mulher, é que tal fenômeno não aconteceria de modo tão “automático”, tão “mágico”. Isso está relacionado com um aspecto relevante da própria Nova Era, que é a sua profunda ligação com a dimensão racional da vida. Em “bom português”, talvez fosse possível dizer: “falta de fé”. Ausência da crença de que um ato tão simples possa atravessar todas as noções cientificistas que nós, seres modernos, temos sobre o mecanismo de produção, existência e cura dos problemas de saúde.

Mas, antes mesmo de que seja este o objetivo do leitor que consome algum produto da mídia que trata do religioso, este próprio produto, se antenado com a “gramática” interna da Nova Era, jamais prometerá tamanho feito. Em lugar de “curar”, textos e imagens propõem levar o leitor à compreensão – segundo os ditames aquarianos – do processo de nascimento da doença, sua inter-relação com a dimensão não só física mas também psicológica e, tantas vezes, espiritual. A partir dessa explanação, oferecer-lhe um leque de opções de tratamentos alternativos ou complementares à medicina dita convencional. É quando entram em cena elementos como a acupuntura, a aura-soma, os florais de Bach, entre uma centena de outros que, juntos, fazem parte do repertório de saúde e cura do movimento aquariano.

O meio revista

Do ponto de vista da mídia, dois tipos específicos de meios destacam-se por costumeiramente apresentarem produtos relacionados ao conteúdo Nova Era: são as revistas e os livros. Nem no contexto televisivo ou radiofônico, bem como entre jornais, são encontrados tantos produtos de dedicação exclusiva e considerável tempo de existência (ou número de edições, no caso do universo editorial) quanto as revistas e os livros.

No caso desta pesquisa, nosso objeto de estudo pauta-se sobre a Planeta que em 2005 completa 33 anos de existência no Brasil.

Durante muito tempo a Planeta foi única em seu perfil, mas da década de 90 pra cá esse cenário mudou. Hoje, várias revistas tratam de assuntos que fazem parte do amplo leque temático da Nova Era. São publicações que, no jargão jornalístico, ganham a denominação de especializadas, por se dedicarem especificamente a determinado assunto. Essa é uma tendência, que não é nova, mas constitui-se uma tendência mercadológica baseada na segmentação (Markun, 1988).

É assim que podem ser encontradas nas bancas de jornal dois ou três títulos sobre reiki, uma terapia alternativa baseada na imposição de mãos e canalização da energia universal com o objetivo de cura de males físicos, psicológicos e espirituais. Pelo menos três títulos existem atualmente sobre a religião espírita, outros tantos sobre ufologia, fitoterapia, feng shui, para citar alguns.

Mas a Nova Era também passou a estar presente também em revistas de variedades, as não-especializadas, ou mesmo focadas para outros assuntos que englobem de forma transversal o tema, como é o caso de publicações femininas ou sobre saúde. Na revista Marie Claire, voltada para as mulheres, há a seção “Busca”, que traz dicas de lugares para se fazer meditação, praticar tai chi chuan ou yoga. Na revista Saúde é Vital, as terapias que se contrapõem à ciência tradicional têm espaço na seção “Alternativas”. Em revistas de informações variadas, pode-se citar o exemplo da Veja (a de maior circulação no país), que a despeito do tom irônico e de menosprezo que quase sempre reserva a temas aquarianos, se viu obrigada a criar, já há bastante tempo, uma terceira classificação para as listas de livros mais vendidos que publica semanalmente. Ao lado dos quadros de “ficção” e “não-ficção” há um terceiro, intitulado de “esotéricos e auto-ajuda”.

Há, portanto, do ponto de vista dos meios de comunicação de massa, uma verdadeira “invasão” da Nova Era na imprensa nacional. E esse fenômeno tem uma força e uma intensidade destacáveis no meio revista, que se diferencia do jornal diário, do rádio e, na maioria das vezes, da televisão, por praticar um jornalismo de maior profundidade. Comparada a estes meios, tem em geral textos mais interpretativos, documentais e opinativos (Vilas Boas, 1996).

Uma forte carga de subjetividade no texto é um ponto forte na revista. Vilas Boas (1996 p. 34) explica o motivo disso:

“Ao dispor de um tempo maior para informar, analisar e interpretar o fato, a revista semanal de informações não busca extremos de imparcialidade. Além do mais, a imparcialidade é um mito da imprensa diária. Um mesmo texto pode contar informação, análise, interpretação e ponto de vista. Outra característica da revista é assumir mais declaradamente o papel de formadora de opinião. O texto é decorrência disso. Para tirar da informação uma conclusão implícita ou explícita é preciso raciocinar.”

Outro traço distintivo da revista é o forte apelo à imagem, a um projeto gráfico que chame a atenção do leitor. Sua estrutura baseia-se em fotografia (e outros tipos de ilustração), design e texto. “Se na TV, o texto completa a imagem, na revista semanal de informações, a imagem completa o texto” (Vilas Boas, 1996 p. 35).

Modo geral, a revista é mais literária que o jornal em se tratando de estrutura textual. Admite usos estéticos da palavra e recursos gráficos com muito mais freqüência que os jornais. A linguagem quase sempre é definida pelo tipo de leitor que se quer atingir. Tais características abrem espaço para que o objetivo de informar muitas vezes pareça secundário. Entretanto, do ponto de vista jornalístico, toda revista deve buscar o uso de um texto com correção, precisão, clareza, harmonia e unidade, seja qual for a área temática a qual se dedica.

Estes pontos acima listados colocam qualquer meio de comunicação em harmonia com a objetividade jornalística. Essa perspectiva, que não passa de um mito, tem suas raízes em uma visão positivista da prática do jornalismo, onde as informações existiriam enquanto tais, cabendo ao redator do texto apenas descrevê-la sem colocar em seu trabalho nenhum elemento baseado em enfoque pessoal. A lisura e a ética são, sem dúvida alguma, obrigações do jornalismo frente à prática informacional. Mas daí a crer que ele seja capaz de realizar seu trabalho sem deixar nele vestígios de sua própria forma de ver a vida vai muita distância.

Uma outra Planeta

Objetividade, imparcialidade, distância para com o assunto tratado. Não há como esperar isso de boa parte das revistas ditas especializadas. No caso das revistas que tratam do conteúdo Nova Era, muito menos. Elas carregam consigo a “bandeira” sobre a qual se dedicam.

Vamos conhecer a experiência da revista Planeta Nova Era. Ao mergulharmos na história da Planeta (revista da qual a Planeta Nova Era é um desmembramento) entenderemos que ela é um meio de comunicação paradigmático no que tange ao assunto Nova Era, pois ela traça a trajetória primária da mistura entre mídia e o assunto no Brasil.

Apesar de mostrar-se mais forte na recente década de 90 (em muito fortalecido por idéias milenaristas), o movimento aquariano tem, dentro do contexto midiático nacional, um meio de expressão massiva desde 1972. Inspirada no modelo francês da revista Planéte, a brasileira Planeta embasou sua proposta editorial de acordo com os fundadores de sua “versão-matriz”. Louis Pauwels e Jacques Bergier, no primeiro número da edição francesa, em outubro de 1961, publicaram editorial em que diziam:

“Planeta defende o espírito de tolerância e de liberdade em todos os domínios do conhecimento contemporâneo. No exame dos aspectos essenciais, escondidos ou visíveis, da aventura humana de nossos dias, ela propõe ao leitor exercer uma curiosidade sem limites ou preconceitos. Quer se trate de idéias, artes, ciências humanas ou religiões ela não se permite críticas negativas, procurando, isso sim, o que une os homens e não o que os divide”. (Planeta, nº 68, 1978)

Com a criação da matriz francesa, outros países também passaram a produzir versões a partir daquele modelo. Holanda, Alemanha, Itália e Brasil foram alguns destes. Ironicamente, apesar de ter sido o berço da primeira revista, a França não publica mais a sua Planéte. Apenas o Brasil e a Holanda – esta, com a Bres – mantêm a publicação regular dessa revista cuja estrutura editorial baseia-se em temas os mais diversos, mas sendo quase todos relacionados a uma noção espiritualista da vida.

Textos informativos que expressam claramente a opinião de seus autores, quase sempre assinados, tratando de assuntos “filtrados” por uma visão holístico-esotérica. Na década de 80, a Editora Três (responsável pela produção da Planeta brasileira) encomendou uma pesquisa com o objetivo de conhecer mais de perto o público-alvo da sua revista. O resultado deste trabalho mostrou que era impossível definir tal público – pelo menos dentro dos parâmetros da pesquisa de mercado convencional.

De acordo com o jornalista Luís Pellegrini, segundo editor que a Planeta teve,

“o denominador comum é a inquietude de tipo existencial que é exatamente a mesma nessas pessoas, não importando o nível cultural, a classe social, o poder aquisitivo, nada disso. É uma coisa que tem muito mais a ver com a alma das pessoas que vão consumir esse produto do que com a cabeça delas” (Planeta nº 531, 1997 pág. 21)

Mas apesar da dificuldade em delimitar seu universo consumidor, a Planeta tem todo um significado histórico para o Brasil. Ela foi o primeiro meio de comunicação de massa a falar de temas como extraterrestres, parapsicologia, reencarnação etc. Segundo o jornalista e escritor Inácio de Loyola Brandão, primeiro editor da revista, “quando a Planeta saiu e mostrou que isso era feito da maneira mais séria possível, se abriu esse caminho que terminou hoje dentro da casa de todos”. (Planeta nº 531, 1997 pág. 22)

De fato, quase todo o conteúdo da Planeta em todo esse tempo de existência (inserida no universo macro dos meios de comunicação de massa brasileiros, poucas publicações do tipo revista registram tanto tempo de vida) esteve relacionado direta ou indiretamente à perspectiva de chegada da era aquariana. Em 1996, a editora responsável pela Planeta passou a oferecer ao mercado uma publicação a parte, com o título de Planeta Nova Era.

Esta série, que contou ao todo com 15 números e periodicidade trimestral, foi oferecida nas bancas até o mês de dezembro de 1998. Todos os números publicados sempre vinham com CDs de músicas na linha new age[1]. E em todos eles, o conceito de holismo, mesmo que utilizado sob denominações análogas, é constante. Sempre como uma perspectiva de transformação geral que não prescinde de nenhuma dimensão: pessoal, política, econômica, religiosa etc.

Em se tratando de proposta editorial, a Planeta Nova Era em nada difere da Planeta, que até hoje é oferecida mensalmente aos leitores em bancas ou através de esquema de assinaturas que leva a revista até a casa do leitor. O amplo e holístico leque de temas[2] da Planeta de periodicidade mensal apenas restringiu-se na séria criada em 1996, que voltou o foco para conteúdos mais explicitamente relacionados à Nova Era.

Tomando uma postura assumidamente favorável a este movimento cultural-religioso, a revista Planeta Nova Era se propõe, no editorial do primeiro número, assinado pelo editor Eduardo Araia, a“examinar as várias facetas do conceito de Nova Era, tão maltratado nos últimos tempos: suas diretrizes astrológicas, suas linhas ideológicas e as conseqüências que gera nos mais variados ramos da atividade humana”. (Planeta Nova Era nº 1, 1996)

Temas como ecologia, empresa holística, religião, casamento, sexo, globalização, entre outros, são informados e debatidos à luz da Nova Era. E são tratados, acima de tudo, sob o ponto de vista holístico, qual seja, uma visão onde o todo e as partes são interdependentes. Tal construção, idealista e universalista, estabelece uma conexão intrínseca entre o conteúdo aquariano e uma proposta de visão de homem. Noção que evoca propostas bastante próximas a um tom doutrinário.

Até o número 8, esta série traz em todas as capas, logo abaixo do título Planeta Nova Era, o sub-título “Um guia introdutório para a Era de Aquário”. Então, a proposta desta publicação seria enfatizar no discurso da Planeta o que significaria “de fato” Nova Era. Os motivos para isso estariam principalmente no “boom” de discussões, debates, práticas e produtos identificados de algum modo com a Nova Era devido à proximidade da virada do milênio.

Por um lado, uma questão um pouco até ideológica, no sentido de que, em meio a tantos discursos que se diziam porta-vozes da Nova Era, fazia-se necessário deixar claro o “real” significado deste movimento. Por outro, motivos bem mercadológicos: do início da década de 70 até aquele momento o potencial de público consumidor desta área temática se ampliou bastante, levando a que todo um mercado de mídia (TV, rádio, jornais e revistas impressas, editoras etc.) passasse a investir com força neste novo nicho de mercado. Daí que a própria editora da Planeta optou por não ficar de fora desse contexto.

Um anúncio publicado na terceira capa (localizada no verso da contracapa) do primeiro número mostra o quanto a revista se propõe a ser não só uma espécie de “porta-voz” da Nova Era, como a única porta-voz. A propaganda é sobre a própria Planeta Nova Era e tem o título: “Nova Era. Novidade só para quem não lê Planeta”. Em seguida, o seguinte texto:

“Nem tudo é o que parece. Ainda mais em tempos de realidade virtual. Por trás da explicação racional dos fatos, por trás das previsões convencionais, existe sempre uma outra visão, um outro lado. Um outro mundo. (grifos nossos). Esta outra visão você só encontra em Planeta. Uma revista que vai deixar você mais preparado para o novo mundo que vem aí. Planeta. A revista da nova Era.” (Planeta Nova Era nº 1, 1996 contracapa)

Com este anúncio a Planeta oferece ao leitor uma visão de que é o meio de comunicação “devidamente credenciado” para tratar do tema Nova Era. O texto também apela para a existência de uma outra noção de real: “um outro lado. Um outro mundo”, evidenciando que a revista é um meio de acesso a uma visão A Nova Era seria a grande alternativa mundial para uma visão otimista da virada do milênio e a Planeta, um caminho para a compreensão e até inclusão do leitor no movimento aquariano. De certo modo, ela se oferece como meio de “batismo” do indivíduo dentro do universo aquariano.

Ao tratar de uma visão alternativa sobre a vida, o discurso da revista refere-se ao alcance daquilo que seria a face real da vida. Foucault (1998) seleciona três grandes sistemas de exclusão que atingem o discurso: a palavra proibida, a segregação da loucura e a vontade de verdade. O mais importante seria a vontade de verdade, pois os outros dois seguiriam sem cessar na direção do terceiro, tornando-se mais frágeis, mais incertos na medida em que são atravessados pela vontade de verdade. “Esta, em contrapartida, não cessa de se reforçar, de se tornar mais profunda e mais incontrolável.” (Foucault, 1998 p.19)

A palavra guia, utilizada no subtítulo da revista, remete a uma função para esta série que se assemelha à de um manual. A Planeta Nova Era seria, portanto, um material que contém as noções essenciais sobre o assunto em questão. No lugar de informar, a Planeta, e principalmente a Planeta Nova Era, parece se oferecer à função de formar o leitor. E isso, segundo o próprio discurso da revista, seria possível porque a Planeta traz, ela própria, a “verdadeira” face da Era de Aquário, deixando transparecer aí a sua vontade de verdade.

Este objetivo, não obstante a amplitude temática característica da Planeta desde a sua criação, centraliza o discurso da revista em uma linha de trabalho de orientação sobre um modo de vida. Há uma determinação claramente proposta pela equipe de redação (expressa nos editoriais de cada número) de que a série desenhe um caminho rumo a uma vivência cotidiana que esteja de acordo com os parâmetros aquarianos. E são estes parâmetros que a Planeta Nova Era se propõe a dizer quais são.

No número que abre a série, publicado no segundo semestre de 1996, a capa traz a foto de um céu (sol e nuvens) que remete a um amanhecer. A foto ocupa toda a página, marcando-a com um tom alaranjado. Há quatro chamadas de textos, sendo a que ganha destaque aquela que diz: “O futuro também feito de passado”. Esta chamada trata do primeiro texto da revista, aquele que “avisa” o objetivo de definir o conceito de Nova Era. O discurso contido já no título explica de onde se baseiam os parâmetros da revista para definir tal conceito: “O futuro com base no passado – New Age”.

Segundo Bakhtin (1997), os efeitos de sentido que circulam nos discursos produzidos em uma sociedade, constroem, com as formas discursivas típicas de cada um dos gêneros de discurso, as representações do imaginário de uma certa época. A interpretação deste primeiro texto mostra o quanto a Nova Era anunciada nesta revista fundamenta-se em representações de contextos históricos passados. Um novo que só pode existir enquanto tal se seguir ensinamentos produzidos muito tempo antes.

Foucault (2000 p. 14 e 15) vê uma questão ainda mais funda neste processo. Para ele, o apoio a uma história contínua relaciona-se a uma função fundadora do sujeito:

“a garantia de que tudo que lhe escapou poderá ser devolvido; a certeza de que o tempo nada dispersará sem reconstituí-lo em uma unidade recomposta; a promessa de que o sujeito poderá, um dia – sob a forma da consciência histórica –, se apropriar, novamente, de todas essas coisas mantidas à distância pela diferença, restaurar seu domínio sobre elas e encontrar sua morada.”

Fazer da análise histórica o discurso do contínuo e da consciência humana “o sujeito originário de todo o devir e de toda a prática” é, segundo Foucault (2000 p. 15), a representação de duas faces de um mesmo sistema de pensamento. O “pecado” aí estaria na concepção de tempo dentro de esquema de totalização, onde as revoluções jamais passariam de tomadas de consciência.

Entretanto, ao contrário do que se poderia esperar, segundo o autor do texto (Luís Pellegrini, colaborador da Planeta), basear-se no passado não é nenhum demérito:

“Há pouca coisa realmente nova na New Age[3]. Através da história sempre houve pessoas que a creditavam que a condição comum do ser humano poderia ser transcendida. Temas hoje correntes, como reencarnação, lei do carma, chacras e corpos de energia sutil, a cura pelos poderes da mente ou a função dos sonhos como ponte de ligação entre consciente e inconsciente são, na verdade, temas recorrentes, pois sempre estiveram por aí, desde que a humanidade povoou este planeta.” (Planeta Nova Era, 1996 p. 3)

A imagem principal deste texto, que é a fotografia de uma planta, vem na página 4, à direita, lado que chama mais a atenção do leitor ao virar a página. Isto pode até denotar que a estrutura editorial de revista privilegia a imagem em detrimento do conteúdo textual, mas não é o que foi observado. Modo geral, as imagens utilizadas nas duas versões de Planeta citadas neste trabalho são pouco atrativas se comparadas com o que a mídia moderna oferece em termos imagéticos. A maioria das fotos, percebe-se, foi feita em épocas não atuais. Os cenários são repetitivos: natureza, pessoas em meio à natureza, pessoas em situação de estresse, poluição e trânsito das cidades grandes. Quase todas as matérias evocam sentidos opostos em termos de imagem. Para a foto de uma criança sorrindo, um adulto entristecido em meio a um ambiente de trabalho estressante. Parecem querer mostrar o “lado bom” e o “lado mau” dos temas tratados. Parece um discurso hipnotizador, do tipo “se fizer isso, fica bem como uma criança; se não fizer, ficará estressado como um adulto”.

São através de elementos como estes que se faz possível a identificação dos repertórios interpretativos da Planeta Nova Era, isto é, as unidades de construção de práticas discursivas que demarcam o rol de possibilidades de construções de discurso. É como Spink & Medrado (2000) denominam o conjunto de termos, descrições, lugares-comuns e figuras de linguagem de um conjunto discursivo em estudo. Os parâmetros desta estratégia metodológica são o contexto em que essas práticas são produzidas e os estilos gramaticais específicos.

No primeiro texto do primeiro número da Planeta Nova Era é possível detectar muito da dinâmica do movimento Nova Era. Nele, apesar da evocação a tradições antigas, as imagens não remetem a nada que ilustre mais diretamente esse aspecto da memória. É utilizado o mesmo recurso imagético que ilustra a grande maioria dos textos. As imagens internas remetem a questões místicas, tais como os gnomos, quando é pretendido simbolizar o aspecto positivo do conteúdo do texto. Assuntos mais “difíceis”, como os males causados pela modernização, são simbolizados pela fotografia de fábricas poluentes em uma grande cidade. Esta última surge ainda como uma ilustração do mundo moderno.

A constante remissão do conteúdo Nova Era a saberes passados, fato que esta revista confirma, só fortalece o espaço ocupado por esse movimento, qual seja, o de reconstrutor de redes de memória. Através de diferentes formas possibilita o retorno de temas e figuras do passado, colocando-os na atualidade e ressignificando-as. A Planeta Nova Era, por exemplo, provoca a emergência de uma releitura de elementos do passado na memória do presente. Inseridas em diálogos interdiscursivos, as mensagens dos textos não são transparentemente legíveis, mas atravessadas por falas que vêm de seu exterior: um discurso marcado por “pistas” de outros discursos já exercidos. “Ao remontar a esses arquivos e produzir seus enunciados nessas redes de memória, o autor interpreta a forma como a sociedade se representa” (Gregolin, 2001 p. 70).

Então, que sociedade está apresentada através do discurso da Planeta Nova Era? Segundo Pêcheux (1990), para enxergar algo do tipo é necessário buscar os signos de auto-compreensão da sociedade para posteriormente interpretá-la. Trata-se, antes, de um estatuto social que a memória adquire no corpo da coletividade e que produz as condições para o funcionamento discursivo e, conseqüentemente, de interpretação dos textos.

Também é Pêcheux (1990) que afirma que os implícitos não estão em nenhum lugar sob uma forma sedimentada e estável: é a repetição que dá a eles uma “regularização”, sob a forma de remissões, de retomadas e de efeitos de paráfrases. O texto “O futuro com base no passado – New Age” espalha diversas pistas sobre conteúdos que se repetem através de formatos discursivos.

O texto remete a elementos bastante freqüentes no contexto Nova Era e apresenta-se estruturado em forma de pergunta e resposta – todas elaboradas pelo próprio autor. Um formato que remete muito facilmente a um modo essencialmente doutrinário de comunicar idéias, principalmente quando há nelas conteúdo religioso.

Um dos temas tratados, o milenarismo, está dentro da resposta para a pergunta “O que é New Age?”:

“Com o aproximar-se do novo milênio – e todos os finais de ciclos históricos são caracterizados por situações de crise – a idéia de uma nova era é muito atrativa, particularmente porque a era corrente, em que ainda vivemos, parece ter entrado numa trajetória de completa falência”. (Planeta Nova Era nº 1, 1996 p. 8)

Outro aspecto constante é a perspectiva cosmocêntrica e fraterna, quando para definir a Nova Era “em seu sentido mais correto”, o autor cita “a preocupação para com o resto da humanidade e o meio ambiente”. O respeito ecológico, inclusive, estaria baseado em “qualidades tradicionalmente atribuídas ao ‘princípio feminino’, tais como a receptividade, sensibilidade, emotividade, cooperação, compaixão etc.” (Planeta Nova Era nº 1, 1996 p. 8).

Assumindo o papel de constante recriador de sentidos sociais, próprio dos meios midiáticos, o discurso incorporado pela revista também propõe uma nova visão sobre elementos modernos, como a tecnologia e o consumo. O texto condena o uso excessivo desses recursos e completa afirmando que:

“A New Age inclusive responsabiliza esses excessos pela maioria das mazelas da atual civilização, as quais põe em risco o bem estar e saúde dos indivíduos e da sociedade, ameaçando até a nossa própria sobrevivência como seres vivos. A mentalidade consumista é filha direta do mundo predominantemente patriarcal em que nascemos e crescemos até o dia de hoje. Esse mundo valorizou de modo excessivo os chamados atributos inerentes ao princípio masculino – a honra, a força, a valentia, o espírito de vingança, a ação violenta, a competitividade, a guerra – gerando distorções altamente ameaçadoras como a exploração desenfreada de recursos naturais, o desejo obsessivo de acumular bens materiais (...)”. (Planeta Nova Era nº 1, 1996 p.8)

A valorização do chamado “princípio feminino” e a conseqüente crítica a uma perspectiva “masculina” sobre a vida também são evocadas. Divididos de modo maniqueísta, o feminino representa o aspecto “bom” a ser desenvolvido pelos seres humanos; enquanto o masculino representa de uma lógica “má”, que deve ser abolida de uma vez por todas. O texto lamenta o enfraquecimento histórico do princípio feminino da vida em uma sociedade que funciona sob a lógica masculina do consumismo e da dominação. Nesse contexto, a Nova Era propõe uma outra forma de organização social, onde o verbo “dominar” seria substituído pelo “compartilhar”.

Este convite ao aspecto feminino também o que Terrin (1996 p. 221), ao trata de Nova Era, chama de “tendência à regressão” e realização “de uma espécie de infantilização do mundo, para dar espaço à tendência romântica e à superação da razão ‘estreita’, cartesiana”.

Mas se em alguns momentos o discurso da Planeta Nova Era radicaliza, como mostrado acima, ele na maioria das vezes convoca à construção de um consenso, ao bom relacionamento de conceitos muitas vezes díspares. Nesse caso, a aliança mais buscada é a da ciência moderna com os saberes do passado. Apesar da extrema valorização ao que é antigo (a tradições religiosas e/ou espiritualistas milenares), é constante no discurso da revista remissões à importância de um caminho unido e equilibrado entre tais valores e as descobertas científicas do presente. Tal dinâmica vai além, e muitas vezes se apóia na ciência para dar garantias sobre a veracidade daquilo que fala.

“(...) um outro fator marcou fundo a formação dos alicerces da New Age: as novas teorias científicas que alteraram toda a visão do universo físico, tais como a da relatividade e a da mecânica quântica. No seu aspecto conceitual, essas teorias oferecem impressionantes analogias e paralelos com as antigas místicas do Oriente e do Ocidente. (grifos nossos)”. (Planeta Nova Era nº 1, 1996 p.10)

No segundo número, dedicado a falar de saúde, essa característica mais uma vez se faz presente. Na capa, uma ilustração com ares futuristas (remissão à ciência moderna) onde dois rostos ficam de frente um para o outro. Um “cara-a-cara” entre dois personagens anônimos e irreais, visto que desenhados. Em destaque, a seguinte chamada: “Corpo e mente: o todo indivisível”.

No editorial, que tem o nome de “Carta do Editor” (Eduardo Araia) um texto que começa tratando da psiconeuroimunologia:

“Novo ramo da medicina alopática (que) é um dos mais evidentes sintomas de que a ortodoxia científica ocidental vai mudando seus conceitos sobre saúde e doença; ele já aceita que a saúde não depende só de informações bioquímicas tais como a quantidade de vitaminas e sais minerais que uma pessoa ingere, mas também de seu estado psicológico e até mesmo espiritual”. (Planeta Nova Era nº 2, 1996 p. 2)

Então, para introduzir um modo de olhar sobre a saúde, o texto já começa apoiando-se em uma visão baseada na razão, na cientificidade. No caso, a psiconeuroimunologia. A perspectiva de que a Nova Era carrega toda uma “carga” de racionalidade evidencia-se aqui. Para poder chegar à face espiritualista da saúde e, por conseqüência, do próprio homem, o discurso busca respaldo na racionalidade própria da ciência tradicional pela qual se baseia a medicina praticada no Ocidente.

No mesmo número, mais à frente, um texto trata do futuro da medicina (“A medicina do amanhã”). Assinado pelo médico americano Larry Dossey, o artigo é um excerto do livro “Aspectos Espirituais das Artes de Curar” (Ed. Antroposófica). O texto de abertura fala que:

“... a mudança de paradigma na área da saúde não inviabiliza nem a ortodoxa alopatia nem as terapias complementares: elas juntarão o que têm de melhor, num harmonioso casamento entre ciência e tradição”. (Planeta Nova Era nº 2, 1996 p. 18)

Mais uma vez, um texto que se apóia na racionalização, na convivência harmoniosa entre noções espiritualistas e ciência. Entretanto, algumas vezes o discurso reflete contradições a respeito do assunto. Em um artigo assinado pela jornalista Regina Azevedo sobre a “nova medicina”, intitulado “O todo indivisível”, é contada a história de um personagem chamado Jim que conseguiu vencer problemas de saúde através da criação de imagens que visavam sua cura. Com o objetivo de brincar com o assunto a autora diz que Jim encontrou uma alternativa “mágica”:

“Mas havia entre todos um cientista teimoso, que resolveu deixar de lado a tradição e tentar alguma coisa que pudesse proporcionar algo mais que um simples alívio. Acompanhado por sua fiel assistente, esse obstinado cientista, que via naquele homem não apenas um corpo sofrido, mas uma alma em busca de conforto, resolveu usar ‘magia’ para reverter a situação. Assim, ele propôs ao infeliz que imaginasse sua doença sendo atacada e vencida por milhares de células brancas. O velho, que sabia ter ainda muitas coisas por realizar nesta vida, começou a usar aquela força mágica, somando à força do seu pensamento o desejo do seu coração”. (Planeta Nova Era nº 2, 1996 p. 7)

O discurso utiliza um termo que pertence ao campo religioso-espiritual para mostrar que a técnica usada por Jim não tem nada de “sobrenatural”. Neste caso, saúde estaria vinculada basicamente a um sistema de união entre corpo e mente, deixando o espiritual de lado. Isso mostra o quanto o discurso da revista ao mesmo tempo que afirma uma visão espiritualista da vida, também a nega.

Esta contradição interna surge no mesmo texto, que mais à frente, diz:

“A exemplo dos magos antigos, que utilizavam animais e objetos como seus serviçais, Jim pôs seu exército de células brancas em ação e colocou-as a serviço de sua impotência sexual – mais uma vez desvinculada de seu sistema imunológico!”. (Planeta Nova Era nº 2, 1996 p. 8)

Então, este homem aquariano, que oscila entre fundamentações científicas e espiritualistas, tem, segundo a revista, as seguintes perspectivas sobre a vida:

“Um delas (perspectiva) é de tipo holístico (globalizante, integrativo), focalizada nas interações do corpo, mente, psique e espírito. No coração da New Age há a idéia de que o homem possui muitos níveis de consciência. Levados pelo mundo e pelo sistema sociocultural ainda vigente, tendemos a usar apenas nossos níveis inferiores de consciência. Na maior parte do tempo não vivemos realmente despertos, e sim num estado de existência semi-automática; não estamos em contato com nosso eu superior – aquilo que o psicólogo Carl Jung chamava de self – a parte de nós mesmos que está estreitamente conectada com o elemento divino no universo. Para a Nova Era, é fundamental a idéia de que o despertar do eu superior é o objetivo maior da existência humana, e o processo para esse despertar implica transformações em todos os níveis. Por isso a New Age preocupa-se tanto com técnicas e métodos capazes de ajudar na transformação e na expansão da consciência.” (PLANETA NOVA ERA nº1, 1996 p. 11)

O texto é assinado por Luís Pellegrini. No caso da Planeta, a questão do autor do texto tem um grande peso, inclusive porque os textos são, em maioria, artigos. As questões da autoria, da opinião expressa e, a partir daí, de uma função discursiva voltada para a formação de um modo de ver a vida, parecem ficar ainda mais fortes nos artigos que são excertos de livros, como é o caso do texto “Holismo - A conexão universal” (faz parte da obra “Sabedoria Antiga e Visão Moderna”, de Shirlei Nicholson - Ed. Teosófica).

Em exemplos como este fica mais evidente que a Planeta Nova Era parece transpor para o meio revista uma função discursiva bastante próxima dos livros que carregam a bandeira da Nova Era. É a tal função de formar em lugar de simplesmente informar, já citada aqui. Não por acaso, entre 20% e 30% dos textos são excertos de livros.

O fim do milênio é o tema principal deste texto, que mais uma vez faz remissão a saberes antigos para fundamentar as mudanças que a autora considera necessárias para a transformação do presente. O texto de abertura, que tem destaque gráfico em relação ao restante do artigo, diz:

“O fim do milênio marca a transição do agonizante modelo cartesiano, fragmentário e mecanicista, para o paradigma holístico – a visão que abrange ao mesmo tempo o todo e as partes. Condizente com os ensinamentos das grandes tradições esotéricas, o novo modelo tem aplicações em todas as áreas da natureza e da atividade humana”. (Planeta Nova Era nº1, 1996 p.19)

A Planeta vem, portanto, marcar um modo de comunicação massiva sobre religião que resguarda toda uma proposta construída há trinta anos. Apesar da mídia transitar de maneira forte na dimensão do lazer e do entretenimento, a Planeta sempre demonstrou que existe para além disso. Como um “manual prático da Nova Era”, todo o seu conteúdo volta-se para a construção, preparação e formação desse tempo de transformação anunciado pela Era Aquariana tendo o indivíduo enquanto foco, ocupando o centro de toda a ação comunicativa.

Bibliografia

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Foucault, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense, [1969] 2000.

____________ A Ordem do Discurso. São Paulo: Loyola [1971] 1998.

Gregolin, Ma. Do Rosário. Análise do discurso: as materialidades do sentido.São Carlos, SP: Claraluz, 2001.

Markun, Paulo. VC em Revista. Revista Imprensa. São Paulo: outubro de 1987.

Oliveira, Luciana. Nódulos de Dádiva – religião, Individualismo e Comunicação nas Sociedades

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Pêcheux, M. Lecture et Mémoire: project de recherche. In: Maldidier, D. L´inquiétude du discours.

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Planeta. São Paulo: Editora Três – edições de nº 68, 1978 e nº 531, 1997.

Planeta Nova Era. São Paulo: Editora Três – edições de nº 1 a nº 15.

Spink, Mary Jane. Práticas Discursivas e Produção de Sentidos. São Paulo: Cortez, 2000

Terrin, Aldo. Nova Era: a religiosidade da pós-modernidade. São Paulo: Campus, 1996

Thompson, John. B., Ideologia e Cultura Moderna: Teoria Social Crítica na Era dos Meios de

Comunicação de Massa. Petrópolis: Vozes, 1995

____________ A Mídia e a Modernidade: uma Teoria Social da Mídia. Petrópolis: Vozes, 1998

Vilas Boas, Sérgio. O Estilo Magazine - O Texto em Revista. São Paulo: Summus, 1996

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[1] Estilo musical próprio do universo Nova Era, baseado principalmente em músicas instrumentais e de melodias quase sempre convidativas ao relaxamento, meditação ou alguma prática física análoga.

[2] A pesquisadora mineira Luciana Oliveira uma extensa lista dos temas tratados na Planeta. São eles: ufologia, parapsicologia, quiromancia, astrologia, movimento Hare Krishna, treinamento autógeno, sofrologia, realismo fantástico, cabala, fenômenos paranormais, gnose, oratória, metafísica, ficção científica, tarô, hologramas, comunidades rurais, comunidades alternativas urbanas, rosacruz, maçonaria, hipnotismo, espiritismo, egiptologia, cromoterapia, cultos afro-brasileiros, selos e moedas, metapsíquica, umbanda, grafologia, tantrismo, desdobramento, hermetismo, medicamentos naturais e farmacêuticos, reencarnação, Bíblia, pirâmides, danças sagradas, hieróglifos, irisdiagnose, ramatis, Seicho-no-ie, física e matemática, xamanismo, biorritmo, psicodrama, magia, ecologia, biopsicoenergética, terapias de regressão, cãncer, vícios, esperanto, psicografia, autoconhecimento, viagem astral, mandala, arqueologia, homeopatia, martinismo, telepatia, civilizações antigas, folclore, druidas, hisduísmo, judaísmo, islamismo, cristianismo, budismo, zen-budismo, igrejas e seitas evangélicas, carismáticos, kirliangrafia, mediunidade, radiestesia, macrobiótica, teosofia, apicultura, acupuntura, shiatsu, shantala, técnicas de relaxamento, teoria da relatividade, cristais, tanatologia, chanelling, sufismo, Rajneesh, dentes outros.

[3] Vale observar que em muitos momentos, tanto na revista quanto em pesquisas sobre a Nova Era, o termo New Age é utilizado. Neste trabalho, o único sinônimo que utilizamos para movimento é Era Aquariana. O termo New Age (excetuando-se discursos citados) relaciona-se neste trabalho a apenas o estilo musical identificado com este movimento.

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