Como o CA influenciou a animação do BR?



Entrevista Jonas Brand?oGostaria que tu explicasse um pouquinho, como surgiu a oportunidade ir ao HotHouse, em que ano foi e como foi o processo seletivo ?Foi em 2007. Eu vi que abriu uma chamada para o edital pra participar do convênio Brasil-Canadá, que era o HotHouse. O HotHouse era um programa para jovens animadores, jovens diretores, bem como um programa para primeiro portifólio, primeiro projeto, pra gente que tá come?ando e todo ano que acontece ele tem um tema, ent?o o edital ele já era feito num formato padr?o que os canadenses já fazem pro HotHouse. Ent?o a gente fez esse projeto, um projeto que pedia os desenhos de conceito, uma sinopse, justificativa e até portifólio. E aí no come?o de 2007, eu participei do concurso, você já tinha que mandar em inglês, esse projeto era escrito lá pelo pessoal da National Film Board e aí eu fui aceito, eu com o Diego Stoliar, era um edital para duas pessoas e nós dois fomos selecionados.Eu queria entender assim oh, tu tem ideia de quem que surgiu isso, porque se n?o me engano, na época, vocês chegaram a comentar que era uma das primeiras edi??es que eles estavam abrindo para pessoas de fora do país, n?o foi isso?Exatamente. Na verdade acho que foi a primeira e única. Eu n?o cheguei a perceber se eles abriram para outros países. O Brasil já tem um la?o histórico com a National Film Board, e ele foi retomado nessa época. O piv? disso, até onde eu sei, foi o Araripe. N?o sei como voltou esse papo com o Canadá e tal, mas o Araripe, na época, era o diretor do CTAv e o Araripe chegou a viajar para o NFB, foi conhecer as instala??es, conhecer as pessoas de lá e, eu n?o tenho certeza, mas eu acho que, é possível que tenha sido ele a pessoa que costurou esse convênio junto com o consulado do Canadá, a Savi e outras pessoas, mas a gente foi pelo CTAv, tanto que quando termina o filme, tem o logo do CTAv também.Quanto tempo durou mesmo?Foi bem curtinho, foram 3 meses.E me conta assim, um depoimento assim a nível de aprendizados que fez uma grande diferencial pra ti, eu sei que é uma experiência bem completa, mas assim, pesando no que tu vivenciou lá e depois o que é que tu trouxe aqui pra cá do Brasil, o que é que tu consegue destacar desse interc?mbio, o que tu acha que tu vivenciou lá e que, de certa forma, tá aqui contigo no Brasil, ou daqui tu consegue passar adiante nas tuas aulas, já que tu também é professor, enfim, me diz se é possível essa ponte com o que tu vivenciou e aprendeu lá.Ent?o, eu aprendi muita coisa assim lá, eu, Jonas né, falo por mim e n?o pelo Diego né. Porque quando eu, na ocasi?o que fui para o NFB, eu tinha acabado de me formar na faculdade, eu tava fazendo ainda meu tcc, que era “O lugar comum” né, que era a minha primeira experiência com anima??o, eu nunca tinha feito antes né e eu nunca tinha trabalhado com ninguém que fizesse anima??o. Meu filme, de certa forma, ele é experimental pra mim, porque eu tava experimentando algo que eu sempre quis fazer, mas nunca tinha feito e num tinha muito conhecimento técnico. Ent?o quando eu fui pra lá, pra mim quase foi como uma escola, a NFB, ela n?o é uma escola, mas o HotHouse, ele acaba sendo um programa quase educativo, porque como é pra pessoas iniciantes, a gente tem um mentor, uma espécie de orientador, todo ano tem uma pessoa diferente que orienta, o meu ano foi Torian Colf, uma dinamarquesa, naquele ano ela inclusive ganhou Oscar de melhor curta de anima??o, o filme (...). Ent?o assim, a gente trabalhava muito próximo dela, uma pessoa extremamente lúcida, extremamente delicada, alma de artista mesmo. ? interessante você ver, pensar filme junto com uma pessoa que é muito boa fazendo isso, é um tipo de orienta??o que eu nunca tive, nunca tinha tido. Além disso, eu tive contato com mais gente que tinha interesse por anima??o e tinha uma vontade de ser animador e tal, que é uma coisa que eu n?o tinha aqui no Brasil né, os meus amigos de faculdade, eu sou formado em cinema né, os meus amigos de faculdade, todos queriam fazer cinema, fotografia, na minha turma mesmo, eram poucos os que levavam um ideia de uma carreira em anima??o a sério, ent?o lá eu tava rodeado por pessoas pensando as mesmas coisas que eu, refletindo as mesmas coisas eu sempre refletia, ent?o, as pessoas que fazem né, ent?o foi um momento muito legal de constru??o pra mim e, alem disso, alem de ter a oportunidade de trabalhar com a Torio, a gente tinha oficinas com o pessoal lá de dentro, eram oficinas periódicas e tal sobre momentos da produ??o, ent?o teve dias que a gente foi visitar o estúdio de som, eles explicavam pra gente como é que funcionava, a gente viu uma sess?o de foley, como é que funciona o foley, a gente teve um workshop com as meninas que fazem a distribui??o de todos os filmes da NFB, mostrando como é que funciona envio pra festival, perfil de festival, elas contaram várias experiências de outros filmes da NFB. E n?o só a gente teve esses workshops, mas a gente também teve contato direto com os diretores que estavam lá. Ent?o assim, a gente teve contato com o pessoal jovem da NFB, que tá lá até hoje, ganhando um monte de emprego e tal, mas na época eles eram novos lá, o Nichola Abreu, por exemplo, e a gente teve contato com um pessoal mais velho né, tipo Paul Drissen, ent?o foi uma experiência muito legal assim, legal de conhecer as pessoas que eu já admirava daqui do Brasil, que eu via em festival, via na internet, trabalho do pessoal que eu sempre gostei e, e de repente, eu fui pra lá e tava almo?ando com eles, eles estavam no meu cotidiano, ent?o eu podia fazer pergunta, podia ver o que eles estavam fazendo, ent?o apesar de n?o ser uma escola, foi um puta aprendizado assim. Tanto pra mim e, posso dizer pro Diego também.Vocês n?o tinham aulas formais sobre aprendizado de alguma técnica de anima??o ?Exatamente. A gente n?o tinha uma aula teórica. Ahh é assim que faz anima??o, keyframe, timeline, mas a gente, de estar perto um do outro, lá a gente acabava pegando essas coisas né, e a gente tinha um processo legal, que eu acho que é a melhor aula, a aula realmente reflete sobre o processo, realmente tá pensando no fazer filme e isso é uma coisa muito legal assim.Ent?o, isso que eu queria te perguntar agora, é a tal da metodologia no NFB, que eu já ouvi essa express?o mais de uma vez. Tu reconhece essa metodologia, tu poderia definir ela ent?o ?N?o sei se é uma metodologia né. ? que o HotHouse é um programa especial dentro do NFB. O que tem mais de anima??o lá, pelo menos na época que eu tava lá, era uns diretores, as pessoas mandavam projetos, se aprovados né, a NFB funcionava quase como uma incubadora, as pessoas iam lá, ganhavam uma sala e ficavam fazendo o filme delas, e esse trabalho delas n?o era uma proposta que nem o do HotHouse, de você ficar todo mundo junto, conversando, ter um mentor, alguém mais experiente te auxiliando e tal. As pessoas ficavam lá, fechadas nas salas delas fazendo os filmes delas né, eventualmente, se encontravam no almo?o, eventualmente saiam, iam a algum evento. Ent?o n?o é um processo de forma??o, mas eu acho que na medida em que você tá num ambiente em que há pessoas talentosas, com backgrouds diferentes, tendo projetos bem diferentes, tanto na sua técnica, como em ideia, quest?o de qualidade. Esse convívio é muito gratificante e isso, acho que ajuda todo mundo a crescer. Desde grandes escritores que eram amigos e estudaram juntos, grandes artistas que juntos se tornaram ícones no que faziam, e eu acho que n?o era só pelo lugar que eles estudaram, é mais pelo convívio, pelo fato de você tá convivendo, conversando, debatendo, fato de você ta refletindo o tempo todo e partilhando da reflex?o de outras pessoas, faz com que você cres?a, as pessoas se fazem juntas. E ai você vê, sei lá, falando de anima??o, essa gera??o da “Cal Arts”, Burton, John Lasseter, etc, todo mundo da mesma gera??o, todo mundo criou junto, e assim, a Carl Arts é uma puta escola, mas a gente n?o vê os alunos de hoje, por exemplo, grandes... sei lá, a Carl Arts tem 180 alunos todo ano e s?o poucos que saem assim com esse brilho, mas essa grande quantidade de pessoas que saem dessa época, com esse talento, eu acho que é uma coisa do momento, das pessoas que estavam juntas ali, do interesse de todo mundo, construindo juntas, acho que foi bom pra todo mundo. E a historia se repete né, em escola da música, artes plásticas, literatura, e eu acho que é o que acontece no NFB, o fato de num momento inicial, você ter o Norman McLaren, pensando filme e trazendo pessoas interessadas que nem ele e todo mundo se orientando, é esse clima de juventude, descobrindo coisa, fazendo coisa, é muito bom né.Que é um espírito também do CTAv quando se abriu a turma de anima??o ali, na década de 80.Exatamente.Era no coletivo também.Essa época do Fabio Lanini, da Ainda, do Marcos né, você vê, todo mundo hoje, eles tem um lugar muito claro na historia da anima??o brasileira, foi um momento únicoBom Jonas, ent?o assim, vou te puxar a quest?o principal da nossa pesquisa, que é mais o que encaminha o final da nossa conversa. ? se realmente tu percebe alguma influencia dos canadenses no desenvolvimento da anima??o no Brasil, especialmente quando se come?aram esses contatos lá na década de 70, 80.Eu acho que a anima??o canadense, ela teve muita import?ncia, principalmente no que diz respeito à anima??o autoral, que a gente teve o Marcos indo pra lá, depois voltando e articulando essa vinda e a montagem do CTAv, que culminou, sei lá, você deve ter essa informa??o.Acho que foram 10 pessoas.10 pessoas né, eu ia chutar isso mesmo. Foram 10 pessoas que se espalharam pelo Brasil e ai surgiu o curso de Belas Artes com ênfase em anima??o em Minas...Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Alegre?, teve Fortaleza com o Telmo, montando a Casa Amarela né, e a gente teve, o que eu acho que foi o mais... Como eu posso falar... A coisa mais importante que surgiu desse momento, a coisa mais importante junto com as pessoas que estavam ali, foi o surgimento desse núcleo que originou o Anima Mundi né. O Anima Mundi ele foi... ele é um... Eu acho que o Canadá ele tem esse mérito de juntar esse pessoal que foi muito ativo e muito apaixonado pelo o que fazia e muito articulado, muita for?a de vontade e tal, que, do nada, com pouquíssimo incentivo, muita vontade, pouco dinheiro naquela época e montou o Anima Mundi e a gente vê hoje o Anima Mundi, se eu n?o me engano é o festival com maior publico do mundo. Ent?o isso n?o tem como dizer que isso n?o muda as coisas, porque na medida em que você tem um festival dessa grandeza e você tem centenas e milhares de... Se eu n?o me engano s?o 100 mil pessoas por ano (eu acho que somando os dois, RJ e SP, dá isso aí), tem a mostra itinerante também, deve dar por aí. ? muita coisa, é muita gente tendo contato e é muita gente vendo todo tipo de anima??o, desde anima??o de porquinho dan?ando até as coisas experimentais, as coisas mais existenciais feitas na anima??o. Isso é uma coisa legal né, as pessoas ganham repertório, as pessoas ganham oportunidade de conhecer autores né e papo animado...Agora olha só que interessante, qual é o principal filtro do Anima Mundi, os curadores né? Quem s?o os curadores do Anima Mundi?Ent?o é esse pessoal que se formou ali né. Eu acho que a NFB tem um papel importantíssimo na historia da anima??o, sobretudo, por ter reunido esse pessoal que, né, formou o Anima Mundi na sequencia, isso acho que foi muito legal. Agora é importante falar também do papel do argentino na anima??o brasileira, é importante reconhecer isso, na época da publicidade, muitos animadores argentinos vieram para o Brasil, assumiam cargos de diretores de anima??o nos estúdios de publicidade e a gente teve uma parte da anima??o inteira que cresceu com ele s né e essa gera??o que depois, foi pra Disney, tá na DreamWorks né, o Renato dos Anjos, o Sandro (...), o Aroldo, o pessoal que hoje faz anima??o, o Marcelo de Moura...Que interessante! Que bom tu me fazer esse relato dos argentinos, porque eu tenho uma segunda pesquisa que eu fa?o também na UFPEL, que é a influencia dos argentinos aqui no RS, porque daí é evidente mesmo, mas eu sei que, inclusive, um cara super conhecido nosso aqui, que é o Felix Colonier, ele esteve no Rio, o Alexandre Bersot fez aula com ele também, mas é isso, os argentinos ele vieram com a tradi??o, assim, já antecipada de um conhecimento que a gente n?o tinha e muito aplicada já pra essa parte da propaganda e, as vezes, ate alguns trabalhos terceirizados da Hanna Barbera, ou sei lá que outro estúdios americanos que já tinha uma ponte com animadores argentinos né, que diferente da abordagem dos canadenses, que é muito mais autoral, muito mais artística, n?o tem essa conota??o comercial né.?. Os canadenses da NFB né. Que foi quem veio aqui pro Brasil de fato, porque se a gente for pegar o Canadá mesmo... O NFB, ela é um peda?o da história, o Canadá tem uma tradi??o fortíssima de anima??o pra TV, anima??o pra publicidade, grandes universidades.Mas ent?o se a gente for pegar na atualidade os canadenses, o NFB ele entra, porque a gente ainda mantém o CTAv né, n?o sei ate se tu tá sabendo, mas pra essa ultima parceria que teve Brasil-Cuba que foi feito o projeto ali no CTAv já era com laboratório digital, tem computadores, tem tablets, tem ToonBoom, que é canadense né. Agora nessa gera??o mais recente, eles vem com os produtos né, os programas de anima??o e com essas propostas de parcerias né, muito forte na área das series, n?o vejo muito essa parte da propaganda, tu enxerga alguma coisa por ai canadenses / acho que n?o né, acho que é mais a parte de series mesmo, n?o?Ent?o, é que no Canadá ele tem uma coisa meio parecida com a Fran?a, que é... As TVs, elas tem uma obrigatoriedade de comprar conteúdo canadense, se n?o me engano, 70% do que é exibido em TV no Canadá, tem que ser feito no Canadá. E a TV canadense, ela é muito diferente da TV brasileira, aliás, a TV brasileira é diferente de qualquer TV do mundo né, a TV brasileira, ela produz e exibe seu conteúdo, a Globo, por exemplo, ela produz jornal dela, filme, seriado, mas quase toda a grade dela, ela produz e exibe e o que ela n?o produz, ela compra de fora. E lá no Canadá, as TVs elas s?o apenas difusoras de conteúdo, elas tem que comprar conteúdo independente né, e como tem uma obrigatoriedade de comprar do Canadá, a anima??o se desenvolveu muito pra esse lado de serie, serie de TV e tal. Existe a publicidade, eu tenho amigos de lá que trabalham com publicidade, mas ai a publicidade canadense ela concorre também com a americana e a americana é muito forte, tem muito estúdio de publicidade La nos EUA, ent?o o Canadá, ele é meio quintal nesse caso.Agora na Argentina, eles têm um histórico... Eu posso tá falando besteira, você estudou muito mais do que eu isso, mas se n?o me engano, durante a ditadura... Produzir coisa no país, ent?o isso for?ou as pessoas né, o fato de você ter uma demanda comercial... Porque n?o adianta nada você ter escolas de anima??o se você n?o tem trabalho pra essas pessoas, se n?o tem um mercado. E na Argentina se montou esse mercado, naquela época, ent?o as pessoas, os animadores dos anos 70, anos 80 estavam muito na frente do Brasil, porque tinha ali uma demanda, e como a moeda argentina era mais barata até quebrar, até eles tentarem igualar ao dólar, muita coisa americana era terceirizada La, eles faziam coisas pra Disney, pra Hanna Barbera, TV. Ent?o tem uma gera??o inteira de animadores lá, que cresceram com algo que só tá acontecendo no Brasil hoje. Dos anos 90 pra cá, que come?ou essa coisa de terceirizar né, de vir Disney aqui no Brasil, de vir DreamWorks, de vir produ??o de TV, ent?o eles est?o anos-luz na nossa frente né, nesse caso, tecnicamente falando.Só para fazer um desfecho, tem mais alguma informa??o que você queira falar dessa parceria Brasil-Canadá, algo mais que eu n?o tenha mencionado, te sugerido?Eu tenho um pesar na verdade para falar porque depois que a gente saiu a idéia era o programa continuar né, a idéia inclusive era a gente dar oficinas pelo Brasil, de uma certa forma difundir um pouco daquilo que a gente passou né. Por uma quest?o de articula??o mesmo de quem tava organizando, o Felipe [?] saiu do CTAv, entrou o Gustavo Dal..[?], o Gustavo Dal...[?] descontinuou o programa né, a parceria com o Canadá, o National Film Board. E isso eu acho que é uma perda sem tamanho, tinha que ter mais disso, tinha que ter mais incentivos, mais né... você ter sei lá, uma parceria com Cuba é legal, mas tem que pensar como intensificar esse tipo de coisa. Para n?o ser mais só um episódio, tem que ser algo que tenha continuidade e algo que n?o só se repita, mas que seja melhorado. Eu tenho um ressentimento de n?o ter visto continuidade nisso, porque para mim foi t?o incrível e sei lá, eu fui em 2007 né, s?o 4 anos agora, em 4 anos poderia ter mais gente passando por isso, mais gente convivendo com um monte de idéia.Eu acho assim, vocês foram bem generosos com o blog. Ent?o ali foi bem interessante, deu pra aprender, especialmente na época que vocês estavam lá, que a coisa estava muito intensa que vocês compartilhavam pelo blog, acho que foi super válido né. E depois na volta que eu sei de oportunidade de compartilhamento que vocês estiveram no Granimado, e depois vocês tiveram outras oportunidades que vocês foram divulgar essa experiência pelo Brasil?Ent?o, a gente foi chamado no Granimado pra dar uma palestra e a gente mostrou umas fotos, falamos um pouco de como funcionava, várias pessoas achando que a National Film Board é uma escola, perguntaram como faz para se matricular. Ent?o eu acho que foi legal pra contar nossa experiência, situar melhor as pessoas sobre o que é a National Film Board. Depois a gente deu uma palestra na Cinemateca aqui de S?o Paulo, mais ou menos meio parecida e teve uma no Animamundi do Rio, e depois nunca mais né, nunca mais teve nada. A idéia, a gente chegou até a formatar um programa pra apresentar, tipo a gente apresentou pro Alaripe, a gente apresentou pro pessoal da Cinemateca, um programa de alguns dias de oficina, no qual as pessoas vêm fazer filme, é um programa razoavelmente comprido, acho que de algumas semanas, n?o chegava a dar uns dois meses né, de produ??o mesmo, de pensar roteiro, storyboard, fazer um filme coletivo e por uma falta de, n?o sei de interesse, de articula??o e tal, acabou n?o rolando. Os responsáveis pelos, as pessoas com quem a gente estava falando, as pessoas saindo do cargo, ent?o acabou tudo meio parado. Sempre achei importante ter continuidade, sempre achei importante fazer isso. Eu dou aula hoje, sou professor, sou um pouco realizado fazendo isso, mas um pouco frustrado por n?o ter feito isso na ocasi?o do hot house. Hoje eu fa?o como Jonas, n?o como o Jonas do Hothouse.Nas suas din?micas de sala de aula, volta e meia, n?o vem um pouco de algum exemplo dessa vivência lá com os canadenses?Ah sim, sempre dou exemplo, sempre passo filme da National Film Board, na aula de história da anima??o, na aula de roteiro, ent?o direto eu sempre falo, quando vou falar de anima??o independente, sempre passo National Film Board, umas coisas da Folha e Imagem né, que é meio parecida com a National Film Board da Fran?a. Eu realmente acho que a National Film Board é importante no Brasil e n?o só no Brasil, mas no cenário mundial, ela tem uma import?ncia histórica, uma import?ncia tecnológica, artística. Ent?o eu sempre conto histórias das pessoas que eu conheci, das coisas que aconteceram lá. Foi um período bem curto, foram só 3 meses, mas foram 3 meses incríveis, bem intensos, eu tento passar o entusiasmo que eu tinha na época na aula para os alunos, de fazer coisas, de criar coisas, de experimentar, de espírito da National Film Board, é algo que eu imprimi nas aulas também.? incrível o lugar [National Film Board], ele era uma fábrica, depois foi comprado pelo governo e virou o estúdio. S?o vários corredores grandes, salas enormes (coisa de fábrica), e eles têm um cuidado muito grande com preserva??o da história deles. Ent?o você entra num estúdio, direto você já encontra as fichas que o Norman McLaren fazia, para estudo de som, está numa vitrine, o Oscar que ele ganhou, os prêmios que o estúdio ganhou, est?o numa prateleira. Conforme você vai andando pelo estúdio, tem originais enquadrados, tem textos falando sobre o processo criativo de tal filme, sobre a técnica de tal filme, tem cenários inteiros de stopmotion, como se fosse um aquário para ser preservado, ent?o eu tirei muitas fotos dessas coisas. E eles funcionam num regime assim que poderia ser, pensando assim no padr?o do Brasil, de editais ou s?o produ??es independentes patrocinadas pelo governo? Como é que a pessoa consegue usar a estrutura do NFB para fazer seus projetos de anima??o, que nem o Daniel Schorr?O estúdio tem uma verba anual e todo ano eles abrem uma chamada. As pessoas v?o lá, elas fazem um pitching pro produtor local, porque a National Film Board a matriz é em Montreal, a maior, mas ela tem se n?o me engano em outros três escritórios pelo Canadá. Eu sei que todo ano os produtores recebem os pitchings e os projetos dos autores, depois os produtores de todos os escritórios eles se encontram, pra debater os projetos, e aí eles selecionam alguns desses projetos. Se o projeto for aceito, tiver o or?amento aceito, a pessoa ganha uma sala, um espa?o na National Film Board, equipamento, computador. E os técnicos ficam disponíveis para auxiliar na manipula??o dos equipamentos?Ficam mais ou menos, é porque a National Film Board tem um regime de, é um lugar público, como qualquer lugar público, ela sofre de inani??o, sofre de lentid?o, burocracia, e a National Film Board por muitos anos ela teve diretos que eram contratados por um período vitalício, como no Brasil, você vira funcionário público, você tem estabilidade. Os diretores eles tinham uma estabilidade e por muitos anos e tem o histórico de muitos diretores que ficavam lá e n?o faziam nada e ganhavam salário. Ent?o se n?o me engano nos anos 90, rolou uma reforma da forma de como o estúdio trabalha, eles demitiram os diretores que estavam na época, e come?aram a contratar por projeto. E quanto você tem o seu projeto, o seu projeto tem um or?amento que vai estar definido tudo o que você vai gastar e a National Film Board tem esse quadro de funcionários ausentes, ela tem toda a estrutura pra fazer, só que eles realocam o dinheiro do projeto pra pagar essas pessoas. Ent?o às vezes você quer fazer algo no seu filme, mas n?o existe um or?amento para isso, por mais que tenham as pessoas disponíveis lá, às vezes o projeto n?o tem a verba para poder movimentar para essas pessoas.Mas eles vendem os filmes também, você pode comprar ali pelo site.Você pode comprar, mas é bem pequena a procura. Você sabe mais ou menos o status do Daniel Schorr? Porque pelo site é como se ele fosse um funcionário contratado pelo NFB, mas você acha que n?o mais ent?o?O Daniel,faz tempo que eu n?o tenho notícia dele, por ele. E o que eu ouvi falar é que ele, o Daniel quando eu estava lá ele já n?o estava mais na National Film Board, ele estava sempre lá porque a esposa dele estava fazendo um filme, mas ele mesmo n?o tinha um vínculo formal. Ele tinha a salinha dele ainda e tal, ele podia freqüentar, mas ele n?o tava mais fazendo filme. E eu n?o sei se ele tá fazendo outro filme lá, a informa??o que eu tenho dele de uma notícia, ele dava a aula no College, uma extens?o do colegial, é um período intermediário entre o colegial e a universidade, e se n?o me engano ele se tornou diretor desse College, tava trabalhando, coordenador do curso, n?o tenho certeza. Eu sei que ele estava bem envolvido com ensino, ele tá fazendo filme no National Film Board. ................
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