Pesquisa Qualitativa



Pesquisa Quantitativa

A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente implica a construção de inquéritos por questionário. Geralmente são contatadas muitas pessoas. A primeira razão para se conduzir uma Pesquisa Quantitativa é descobrir quantas pessoas de uma determinada população compartilham uma característica ou um grupo de características. Ela é especialmente projetada para gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística. Uma análise quantitativa apresenta os dados em percentuais. Elas são bastante utilizadas durante as eleições, onde a partir de uma amostragem da população é possível quantificar as preferências do eleitorado.

A Pesquisa Quantitativa é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e preferências como comportamentos.

Quando se quer saber quantas pessoas usam um produto ou serviço ou têm interesse em um novo conceito de produto, a pesquisa quantitativa é o geralmente utilizada. Ela também é usada para medir um mercado, estimar o potencial ou volume de um negócio e para medir o tamanho e a importância de segmentos de mercado.

Também são chamadas de Pesquisas fechadas. Talvez pelo formato em que os dados são coletados, ou seja, não existem possibilidades, de forma geral, para opiniões e discursos abertos e livres. Geralmente atua-se por meio de variáveis pré-determinadas.

Um exemplo interessante para tratamento de dados quantitativos (E não a aplicação de uma pesquisa quantitativa) é um estudo feito por Émile Durkheim sobre suicídios. Durkhein formulou a hipótese de que as causas do suicídio são de natureza social. Para tanto, estudou todos os registros de suicídios disponíveis nos países europeus. Após considerar as mais diversas variáveis, tais como clima, raça, doenças mentais, estado civil, religião etc., concluiu que o suicídio é causado, principalmente, pela quebra dos laços de solidariedade entre os indivíduos. O exemplo citado refere-se a documentos estatísticos, que por sua própria natureza, conduzem a uma análise quantitativa. Todavia, há uma série de outros documentos cujo conteúdo necessita ser adequadamente preparado para possibilitar a obtenção de dados possíveis de serem quantificados. É o caso dos documentos pessoais como cartas e diários, e dos documentos referentes à comunicação de massa, como jornais, fitas de cinema, etc (GIL, 2002).

A análise de dados quantitativos e dos cruzamentos entre as diversas informações coletadas vão produzir algo qualitativo. Vão possibilitar ao pesquisador tirar conclusões que não poderiam ser tiradas sem o levantamento e o cruzamento de informações quantitativas. Esse

Vejamos um exemplo qualquer:

Dados:

Homens de 20 a 40 anos – 40% da amostra

Porcentagem de homens casados entre 20 e 40 anos – 18%

Homens de 20 a 40 anos com renda superior a 20 sal. mínimos – 21%

Homens casados entre 20 e 40 anos com renda de até 5 sal. mínimos – 17%

Homens de 20 a 40 anos com nível superior – 16%

Homens casados entre 20 a 40 com nível superior – 2%

Conclusão: Os homens de nível superior que ganham mais de 20 salários mínimos estão solteiros. A razão disso pode estar expressa em outros dados da pesquisa. São informações qualitativas extraídas de dados quantitativos.

Quando não usar:

Uma Pesquisa Quantitativa não é apropriada nem tem custo razoável para compreender "porquês". As questões devem ser diretas e facilmente quantificáveis e a amostra deve ser grande o suficiente para possibilitar uma análise estatística confiável.

As pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários). São utilizadas quando se sabe exatamente o que deve ser perguntado para atingir os objetivos da pesquisa. Permitem que se realizem projeções para a população representada. Elas testam, de forma precisa, as hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser comparados com outros.

Exige um número maior de entrevistados para garantir maior precisão nos resultados, que serão projetados para a população representada.

As informações são colhidas por meio de um questionário estruturado com perguntas claras e objetivas. Isto garante a uniformidade de entendimento dos entrevistados.

O entrevistador identifica as pessoas a serem entrevistadas por meio de critérios previamente definidos: por sexo, por idade, por ramo de atividade, por localização geográfica etc. As entrevistas não exigem um local previamente preparado, podendo ser realizadas na própria residência do entrevistado ou em pontos de fluxo de pessoas. O importante é que sejam aplicadas individualmente e sigam as regras de seleção da amostra.

De maneira sucinta, em pesquisas qualitativas o importante é o que se fala sobre um tema, enquanto que em pesquisas quantitativas o importante é quantas vezes é falado.

O relatório da pesquisa quantitativa, além das interpretações e conclusões, deve mostrar tabelas de percentuais e gráficos.

Exemplos:

1. – Tabela de freqüência da idade pelo gênero.

|  |2) Gênero |Total |

| |Masculino |Feminino | |

|1) Idade |60 a 65 anos |35 |18 |53 |

| |66 a 70 anos |9 |13 |22 |

| |71 a 75 anos |3 |12 |15 |

| |76 a 80 anos |5 |3 |8 |

| |acima de 80 anos |1 |1 |2 |

|Total |53 |47 |100 |

Fonte: Instituições financeiras de Maringá, 2007.

1. – Freqüência da idade pelo gênero.

[pic]

2. – Freqüência da escolaridade pela agilidade do atendimento dos caixas eletrônicos.

[pic]

Fonte: Instituições financeiras de Maringá, 2007.

2. – Tabela de freqüência da escolaridade pela facilidade da utilização dos caixas eletrônicos durante as operações.

|  |10) É fácil a utilização dos caixas eletrônicos durante |Total |

| |as operações | |

| |muito difícil|difícil |médio |fácil | |

|3) Escolaridade |1º grau incompleto |5 |7 |13 |4 |29 |

| |1º completo |2 |3 |10 |3 |18 |

| |2º incompleto |2 |6 |10 |6 |24 |

| |2 º completo |0 |1 |7 |4 |12 |

| |Superior incompleto |0 |0 |2 |2 |4 |

| |analfabeto |9 |3 |0 |1 |13 |

|Total |18 |20 |42 |20 |100 |

Fonte: Instituições financeiras de Maringá, 2007.

Pesquisa Qualitativa

Pesquisa qualitativa é basicamente aquela que busca entender um fenômeno específico em profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e outras generalizações, a qualitativa trabalha com descrições, comparações e interpretações.

A pesquisa qualitativa é mais participativa e, portanto, menos controlável. Os participantes da pesquisa podem direcionar o rumo da pesquisa em suas interações com o pesquisador.

Exemplos:

1. Pesquisa quantitativa

Qual a sua área de atuação profissional?

( ) Administração/Gestão

( ) Saúde

( ) Tecnologia da Informação

( ) Educação

( ) Indústria

2. Pesquisa qualitativa

Fale sobre sua ocupação profissional :

No primeiro exemplo, a participação das pessoas é restrita a escolher uma dentre algumas opções. Se a área dela não tiver listada, terá que se contentar com um "outro...", sinal de que o seu perfil não interessa muito aos pesquisadores.

No segundo exemplo, a pessoa poderá descrever melhor o que faz. Se ela atua em várias áreas ao mesmo tempo, poderá explicar. Se atua no mercado informal, poderá comentar. Pode até mesmo dizer que faz parte de um movimento social alternativo de crítica à ocupação profissional.

Como resultado, o primeiro exemplo pode produzir estatísticas do tipo "42,3% dos 1.342 pesquisados atuam na área da Saúde", enquanto que o segundo produz uma série irregular de relatos pessoais que não podem ser comparados em números, mas que levam a uma compreensão mais rica do fenômeno.

A pesquisa quantitativa é mais comum nas Ciências Naturais (Engenharia, Física, Matemática, etc), enquanto que a pesquisa qualitativa é mais comum nas Ciências Humanas (Antropologia, Sociologia, Comunicação Social, Psicologia, etc).

Talvez a melhor maneira de entender o que significa pesquisa qualitativa é determinar o que ela não é. Ela NÃO é um conjunto de procedimentos que depende fortemente de análise estatística para suas inferências ou de métodos quantitativos para a coleta de dados [Glazier, 1992]. As principais características dos métodos qualitativos são a imersão do pesquisador no contexto e a perspectiva interpretativa de condução da pesquisa [Kaplan & Duchon, 1988]. Na pesquisa qualitativa, o pesquisador é um interpretador da realidade [Bradley, 1993].

Dados qualitativos [Patton, 1980] e [Glazier, 1992]:

• descrições detalhadas de fenômenos, comportamentos;

• citações diretas de pessoas sobre suas experiências;

• trechos de documentos, registros, correspondências;

• gravações ou transcrições de entrevistas e discursos;

• dados com maior riqueza de detalhes e profundidade;

• interações entre indivíduos, grupos e organizações.

Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. Para aprender métodos qualitativos é preciso aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre pessoas, e entre pessoas e sistemas [Liebscher, 1998].

Abordagens de pesquisa e métodos de coleta de dados mais usados: Tipos de pesquisa que normalmente adotam uma abordagem qualitativa: pesquisa-ação, grounded theory, estudos etnográficos e estudos de caso [Myers].

Métodos mais usados: observação, observação participante, entrevista individual semi ou não estruturada, grupo focal e análise documental.

Consistência e triangulação

Em pesquisas qualitativas, a consistência pode ser checada por meio de exame detalhado da literatura e comparando os achados ou observações com aqueles da literatura. Outra maneira é utilizar a triangulação, isto é, empregar métodos diferentes de coleta dos mesmos dados e comparar os resultados [Glazier, 1992]. (validade e confiabilidade são medidas de consistência).

Vários autores defendem a idéia de combinar métodos quantitativos e qualitativos com intuito de proporcionar uma base contextual mais rica para interpretação e validação dos resultados [Kaplan & Duchon, 1988].

Análise dos dados qualitativos

Em pesquisas qualitativas, as grandes massas de dados são quebradas em unidades menores e, em seguida, reagrupadas em categorias que se relacionam entre si de forma a ressaltar padrões, temas e conceitos [Bradley, 1993]. Análise é o processo de ordenação dos dados, organizando-os em padrões, categorias e unidades básicas descritivas; Interpretação envolve a atribuição de significado à análise, explicando os padrões encontrados e procurando por relacionamentos entre as dimensões descritivas [Patton, 1980].

A análise dos dados em pesquisas qualitativas consiste em três atividades iterativas e contínuas [Miles & Huberman, 1984]:

· Redução dos dados - processo contínuo de seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados originais provenientes das observações de campo. Na verdade a redução dos dados já se inicia antes da coleta de dados propriamente dita;

· Apresentação dos dados - organização dos dados de tal forma que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir dos dados (textos narrativos, matrizes, gráficos, esquemas etc.);

· Delineamento e verificação da conclusão - identificação de padrões, possíveis explicações, configurações e fluxos de causa e efeito, seguida de verificação, retornando às anotações de campo e à literatura, ou ainda replicando o achado em outro conjunto de dados.

Comparação entre pesquisa qualitativa e quantitativa

A pesquisa ou método científico normalmente é definido como quantitativo ou qualitativo em função do tipo de dados coletados (quantitativos ou qualitativos).

A pesquisa qualitativa é indutiva, isto é, o pesquisador desenvolve conceitos, idéias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos preconcebidos [Reneker, 1993].

A pesquisa quantitativa normalmente se mostra apropriada quando existe a possibilidade de medidas quantificáveis de variáveis e inferências a partir de amostras de uma população. Esse tipo de pesquisa usa medidas numéricas para testar constructos científicos e hipóteses, ou busca padrões numéricos relacionados a conceitos cotidianos. Em contrapartida, a pesquisa qualitativa se caracteriza, principalmente, pela ausência de medidas numéricas e análises estatísticas, examinando aspectos mais profundos e subjetivos do tema em estudo. [Dias, 1999].

De uma forma geral, os métodos qualitativos são menos estruturados, proporcionam um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e os entrevistados, e lidam com informações mais subjetivas, amplas e com maior riqueza de detalhes do que os métodos quantitativos [Dias, 1999].

Os métodos qualitativos geralmente empregam procedimentos interpretativos, pressupostos relativistas e representação verbal dos dados, em contraposição à representação numérica [Sutton, 1993].

A pesquisa qualitativa é geralmente associada à pesquisa exploratória interpretativa, enquanto a pesquisa quantitativa é associada a estudos positivistas confirmatórios [Wildemuth, 1993].

Normalmente a pesquisa qualitativa é associada a dados qualitativos, abordagem interpretativa e não experimental, análise de caso ou conteúdo, enquanto a pesquisa quantitativa é associada a dados quantitativos, abordagem positivista e experimental e análise estatística [Patton, 1980].

[pic]

Exemplos:

Em relação a empresa D constatou-se que depois de graduada ela permaneceu durante seis meses em um espaço da incubadora, no entanto quando esse prazo terminou, ela encerrou suas atividades, não atuando no mercado.

Não chegamos a ter um andamento fora da incubadora. Após a graduação da empresa foi oferecido um espaço destinado as empresas graduadas dentro da própria incubadora.. Não houve andamento da empresa fora da incubadora. A empresa não atuou fora da incubadora (relato de entrevista).

Em relação ao processo de incubação dos empreendimentos, verificou-se que uma das principais áreas de conflito entre os gestores das incubadoras e os empreendedores das empresas incubadas diz respeito ao assessoramento. Alguns empreendedores acreditavam que as incubadoras é que deveriam prover a iniciativa de oferecer as assessorias aos empreendimentos incubados.

Nós é que solicitávamos a Coordenação da Incubadora, a presença de alguns especialistas (marketing, finanças) devido as nossas necessidades. Isso não era uma iniciativa da incubadora, infelizmente (E06).

Referências:

BRADLEY, Jana. Methodological issues and practices in qualitative research. Library Quarterly, v. 63, n. 4, p. 431-449, Oct. 1993.

CASSELL, Catherine & SYMON, Gillian (Ed.). Qualitative methods in organizational research: a practical guide. London: Sage, 1994. 253p.

DIAS, Cláudia. Grupo focal: técnica de coleta de dados em pesquisas qualitativas. Nov. 1999. 16p. [em fase de revisão].

GLAZIER, Jack D. & POWELL, Ronald R. Qualitative research in information management. Englewood, CO: Libraries Unlimited, 1992. 238p.

KAPLAN, Bonnie & DUCHON, Dennis. Combining qualitative and quantitative methods in information systems research: a case study. MISQuarterly, v. 12, n. 4, p. 571-586, Dec. 1988.

LIEBSCHER, Peter. Quantity with quality ? Teaching quantitative and qualitative methods in a LIS Master’s program. Library Trends, v. 46, n. 4,p. 668-680, Spring 1998.

MILES, Matthew B. & HUBERMAN, A. Michael. Qualitative data analysis: a sourcebook of new methods. Beverly Hills, CA: Sage, 1984. 263p.

MYERS, Michael. Qualitative research in information systems. [online], abril 2000.].

PATTON, Michael Q. Qualitative evaluation methods. Beverly Hills, CA: Sage, 1980. 381p.

RENEKER, Maxine H. A qualitative study of information seeking among members of na academic community: methodological issues and problems. Library Quarterly, v. 63, n. 4, p. 487-507, Oct. 1993.

SUTTON, Brett. The rationale for qualitative research: a review of principles and theoretical foundations. Library Quarterly, v. 63, n. 4, p. 411-430, Oct. 1993.

WILDEMUTH, Barbara M. Post-positivist research: two examples of methodological pluralism. Library Quarterly, v. 63, n. 4, p. 450-468, Oct.1993.

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