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EntrevistaPlano Nacional de Leitura vai ter medidas para p?r os rapazes a ler mais Teresa Cal?ada e Elsa Maria Conde, que presidem à comiss?o que vai aplicar o Plano Nacional de Leitura 2027, dizem que será preciso "uma certa frescura" para cativar os rapazes para a leitura de livros.Bárbara Wong 23 de Abril de 2017 Elsa Maria Conde (à esquerda) e Teresa Cal?ada Nuno Ferreira SantosTeresa Cal?ada e Elsa Maria Conde dizem que v?o tentar que o Plano Nacional de Leitura tenha presen?a na televis?o, "seja em programas próprios, seja em colabora??o com outros".PUBAté agora o Plano Nacional de Leitura (PNL) esteve concentrado nos alunos e nas suas famílias. Como se leva o plano para fora da escola?Teresa Cal?ada (T.C.)?— O PNL quer que se leia em todo o lado. Vamos apostar em estratégias que ponham a leitura como um bem na vida das pessoas, como um combate à pobreza. N?o ser letrado é uma forma de pobreza.Mas combater a pobreza através da leitura n?o é um trabalho para dez anos…T.C.?— Sim, é muito lento no tempo. Evidentemente, estamos a falar de um país em que o acesso à escola e aos bens culturais tem poucos anos. Portanto, n?o há uma rela??o de progresso como se houvesse uma varinha mágica. Por isso defendo uma política pública de leitura e comparo com a política pública de saúde: vê-se muito bem como esta combateu epidemias, deu melhores condi??es às famílias para criar os seus filhos e é isso que se espera das escolas e da sociedade civil. No caso da política pública de leitura é contribuir para que se seja educado. Os adultos s?o um público que, em muitos casos, n?o é qualificado. Nomeadamente os jovens adultos. O PNL tem de ter condi??es para intervir junto desse púo é que se chega a este que é um público difícil? T.C.?— Há que ter, dentro das ofertas curriculares, propostas que levem à leitura, tanto em ambiente dos livros de estudo, como ao nível de um conjunto imenso de recursos que servem para melhorar o sucesso desses alunos que têm um passado de escolariza??o difícil.E esse é um público maioritariamente masculino.Elsa Maria Conde (E.M.C.)?— A forma de estar e viver a socializa??o, entre os rapazes, é diferente da das raparigas. Tem havido muita literatura para tentar definir estratégias de leitura dirigidas aos rapazes, do secundário e dos primeiros anos do ensino superior, porque é um público específico e para o qual temos de fazer diferente.Já têm alguma ideia?T.C.?— Só identificámos o problema.E.M.C.?— As listas [de livros recomendados] n?o fazem distin??o entre rapazes e raparigas e acho que recomendar um livro para uma rapariga é diferente...T-C. — …Pelo menos alguns livros...E.M.C.?— ... Porque os interesses s?o diferentes. Vamos ter de nos informar o melhor possível e tentar actuar neste campo. Temos de ter uma certa frescura na maneira como abordamos os miúdos.Qual vai ser o papel da RTP?T.C.?— Já que há servi?o público, deve ser chamado à responsabilidade.Em tempos houve um programa do PNL na RTP2.T.C.?— Isso interrompeu-se, mas ser?o retomadas algumas novas/velhas parcerias. Tentaremos que o PNL tenha presen?a [na televis?o] seja em programas próprios, seja em colabora??o com outros. A faixa etária dos jovens leitores é muito importante porque só se consolidam hábitos de leitura se o público for induzido a n?o ter desprezo por ler.O que v?o ser a comiss?o de honra e o conselho científico do PNL previstos na resolu??o do Conselho de Ministros publicada no final de Mar?o, onde se aprovam as linhas orientadoras para o Plano Nacional de Leitura 2027?T.C.?— V?o ser um conjunto de pessoas que testemunham e partilham a ideia do valor que a leitura representa.Já sabem quem ser?o essas pessoas?T.C.?— N?o. Quer dizer, ser?o pessoas com mérito reconhecido pela sociedade e que será uma honra tê-los connosco. Quanto ao conselho científico será um conjunto de pessoas que nos acompanhará nas resolu??es do plano.Entrevista“Se n?o se ler bem, é-se diminuído na cidadania e nas oportunidades” Teresa Cal?ada e Elsa Maria Conde s?o os rostos do novo Plano Nacional de Leitura. Novas listas de livros recomendados "ser?o melhoradas". E a ideia é chegar n?o só aos mais pequenos, também aos pais dos alunos.Bárbara Wong 23 de Abril de 2017 Podem existir clubes de leitura “numa empresa, num banco, numa fábrica”. Pode haver livros nos comboios, e n?o apenas televis?o. Para já, s?o apenas ideias de Teresa Cal?ada, que há décadas está ligada à política do livro e da leitura e esteve à frente da Rede das Bibliotecas Escolares até 2014. Ela e Elsa Maria Conde, que também vem da Rede das Bibliotecas Escolares, s?o agora as responsáveis pelo novo Plano Nacional de Leitura (PNL). Neste domingo, Dia Mundial do Livro, o Governo apresenta o projecto para os próximos dez anos, no Porto.PUBTeresa Cal?ada diz que ainda n?o sabe qual o or?amento que terá para gerir. E há muitas medidas por definir. Mas há decis?es já tomadas: o PNL deixa de estar só sobre a tutela do Ministério da Educa??o e passa a haver uma comiss?o interministerial, a que se juntam os ministérios da Cultura e o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Pretende-se alargar públicos, porque até agora foram essencialmente os mais pequenos que estiveram no centro das aten??es. E apostar na “melhoria das qualifica??es dos pais” dos alunos. Mais: “O digital tem de ser uma oportunidade” para aumentar os níveis de leitura.E que livros novos v?o entrar na lista dos recomendados? Teresa Cal?ada, que lamenta que os contos de fadas n?o sejam hoje “a literatura mais amada”, remete o assunto para a equipa de especialistas que tem essa incumbência.P?BLICO: Em 2014 aposentou-se, em 2016 é homenageada durante a celebra??o dos 20 anos da Rede das Bibliotecas Escolares (RBE) e é criado um prémio com o seu nome. O que a faz voltar ao activo, como comissária do Plano Nacional de Leitura (PNL)?Teresa Cal?ada (T.C.)?— S?o aquelas coisas na nossa vida que, por vezes, n?o s?o muito racionais, ou talvez sejam… A idade, porque a idade conta. Ter a ideia de que ainda posso fazer e que n?o fui capaz. Depois, acredito mesmo que n?o é possível ser gente sem ler, sem gostar de ler, sem ser proprietário do uso da palavra. O meu ponto n?o é o livro, mas a leitura. O meu negócio é a leitura. Era ontem, como é hoje. Se quiser, é um acto de cidadania.Ajudou na decis?o o facto de alguns amigos dizerem que era possível concretizar algumas ideias. Mas a decis?o final tomei-a porque a Elsa aceitou vir comigo. Acredito muito no seu contributo porque tem outras competências, capacidades, modos de agir, de pensar e de estudar e que contribuir?o para esta parceria e ajudar?o no “Ler+”.“Ler+” é o logotipo do PNL. Vai manter-se?T.C.?— Vai manter-se. Nesta segunda fase do PNL, até 2027, terá um novo logotipo, mas o “Ler+” simboliza o que vamos continuar a fazer, a valorizar a leitura. Honramos a história e o património do PNL, que tem dez anos, e as pessoas que passaram por lá.Enquanto responsável da Rede das Bibliotecas Escolares esteve na génese da cria??o do PNL, que balan?o faz dos primeiros dez anos?T.C.?— Estive enquanto coordenadora da Rede das Bibliotecas Escolares e costumava dizer que a rede era o tosco e o PNL era a superestrutura, que trouxe um conjunto de recursos e uma espécie de alegria de vir para a rua dizer que “ler é bom”, “Ler+ é melhor”. O balan?o é positivo porque alguns indicadores que foram construídos ao longo dos anos o mostram. O PNL 2027 vai ter algumas novidades ou pontos que n?o foram t?o explorados.E quais s?o?T.C.?— O PNL tem o envolvimento de outros ministérios, porque um PNL n?o é só o esfor?o que se faz na Educa??o, mas precisa de formas de olhar o mundo que est?o associadas à Cultura, como os museus, servi?os educativos, cinema… O mesmo é verdadeiro para a Ciência e Ensino Superior, com as redes das bibliotecas dos diferentes organismos, que têm muito para dar e partilhar. A nossa inten??o é trabalhar com as autarquias e estas v?o querer associar-se, como antes, às propostas que o PNL terá para fazer. Vamos alargar o público. O PNL sempre disse que se dirigia à popula??o em geral, mas deu respostas muito centradas nos mais pequenos e nas famílias.Elsa Maria Conde (E.M.C.)?— O trabalho em torno da leitura vive muito da rela??o entre as escolas e as bibliotecas, numa colabora??o que já existe e que é para continuar, nomeadamente a nível local, das autarquias. Assim como dizemos que há aspectos que têm de ser refor?ados, que há vertentes que v?o ser trabalhadas de outra maneira, também há outras que é para manter. Tem de haver alguma inova??o e diversifica??o.T.C.?— Há projectos que já n?o têm o impacto que tiveram no princípio, neste momento há excesso de concursos no PNL e podemos ter outros formatos de liga??o a quem trabalha no terreno e com as funda??es e museus. Mas o Concurso Nacional de Leitura é para continuar.A ideia é criar parcerias, projectos, alargar os públicos leitores. Como é que isso se faz?T.C. — Há que alargar o público, dos mais pequenos aos adultos, com programas que favorecem a prática e valoriza??o da leitura, por exemplo, em ambientes de trabalho. Podem existir clubes de leitura numa empresa, num banco, numa fábrica. Todos os indicadores mostram como é importante a qualifica??o dos pais para o sucesso académico dos filhos. Vamos apostar numa melhoria das qualifica??es dos pais, através dos programas dirigidos aos adultos.E haverá também uma aposta na escrita?T.C.?— O PNL sempre disse “leitura e escrita”, mas a verdade é que nomeamos mais a leitura. Queremos refor?ar o valor da escrita em si mesmo, mas também para a própria leitura. Como é que em muitos ambientes digitais a escrita nos pode levar a ser um leitor mais competente? Como é que se desenvolvem capacidades de ler mais qualificadas?Já sabem o que v?o fazer em cada um dos dez anos?T.C.?— N?o. Vamos ter um tempo para fazer o plano estratégico e o que se vai propor come?ará a ser aplicado no próximo ano lectivo, a come?ar em o é que avalia o trabalho feito nos últimos anos?T.C.?— Vivemos um período social de uma crise maior, com cortes muito grandes e esperamos que algumas antigas — e outras novas — parcerias, com funda??es e organiza??es nacionais e internacionais, possam melhorar os recursos financeiros do PNL. Embora o PNL seja uma política nacional de leitura — é assim que o vemos —, como o s?o as políticas de saúde ou ambientais, em que o Estado tem obriga??o de oferecer as condi??es de acesso a todos, é um bem de todos e todos podem colaborar.Ler é um bem e toda a gente tem de ter oportunidades, estímulos e formas criativas ou solidárias para que isso aconte?a. N?o se prop?e dizer que todos os portugueses têm de ler 20 livros, isso n?o tem nada a ver com o PNL, o que queremos é contribuir para a possibilidade de capacitar outros para que valorizem hábitos e competências de leitura. Se n?o se ler bem, é-se diminuído na cidadania e nas oportunidades.N?o se prop?em 20 livros, mas do PNL fazem parte listas com recomenda??es de livros. Estas v?o continuar?T.C.?— As listas de livros do PNL s?o orienta??es e sugest?es por níveis etários que permitem orientar e sugerir para encontrar pistas. Nunca tiveram um carácter autoritário. Ler deve ser por prazer.Mas as listas v?o ser alteradas?T.C.?— Ser?o melhoradas, com informa??o mais qualificada. Vamos relacionar por temas, os títulos podem ter recens?es para ter mais informa??o. Mas n?o deixam de ser sugest?es. As listas s?o feitas por um conjunto de especialistas — poder?o mudar para o ano que vem, mas a ideia é ter este auxiliar no sentido de estimular o gosto pela leitura. Porque a leitura dá-nos mundo! Como é que é a nossa frase, Elsa?E.M.C. — “Ler+, todas as palavras do mundo.” ? a frase que vamos usar no dia do lan?amento do PNL [hoje].T.C. — No sentido de revelar que a leitura nos tira do mundo pequenino em que vivemos, faz-nos compreender a alteridade, faz-nos mais o é que acompanhou a polémica dos pais da secundária Pedro Nunes, em Lisboa, por causa de algumas passagens de cariz sexual do livro de Valter Hugo M?e que estava recomendado para alunos do 3.? ciclo?T.C. — ? estranho, provinciano e denuncia que quem se preocupa é menos letrado do que devia. A polémica teve a novidade de fazer aparecer um número crescente de pessoas que defendeu o livro e isso foi muito bom.Podem surgir outras polémicas semelhantes?T.C. — Antes desta, houve uma com a Alice Vieira. Estas polémicas alertam para a necessidade de o PNL ser criterioso.Que livros gostaria que estivessem nestas listas?T.C.?— Os contos de fadas hoje n?o s?o a literatura mais amada. Nós dizemos que devemos ler se queremos que as crian?as cres?am melhor. Se quisermos que cres?am ainda melhor é ler-lhes mais contos de fadas. Mas n?o há uma receita. Há uma equipa que tem a obriga??o de definir as listas do PNL e para mim devem estar todos os livros que aproximam os miúdos e os graúdos da palavra escrita, da palavra dita, da palavra manipulada. Eu confio nesse conjunto de especialistas, assim como nas editoras e nos autores (escritores e ilustradores). Claro que se edita muita coisa que sabemos que n?o é bem escrita ou bem trabalhada, por isso, existem critérios para a escolha.Onde est?o pessoas devem estar livros, mas livros variados, plurais e sem preconceitos porque as pessoas s?o diferentes. O mundo é muito diverso.Onde devem estar os livros?T.C. — Quer exemplos? Aten??o que ainda n?o corresponde a nenhum projecto do PNL, mas num comboio pode haver livros, em vez de ter só a televis?o. Por exemplo, nas paragens de autocarro podem estar pequenas caixas em que as pessoas podem p?r e tirar livros. Ter bibliotecas abertas 24 horas nas universidades. Fomentar clubes de leitura em empresas, n?o tem que ser um grupo de elite, porque se o modo de atrair for bem feito, tanto pode gostar o mais pobre como o mais rico. E encontrar formas de combater a conectividade permanente e alienante, com outros conteúdos que existem – blogues, youtubers, etc.O PNL n?o quer combater o digital, mas associar-se a ele?T.C. — O digital tem de ser uma oportunidade. Os miúdos trazem o mundo no smartphone, agora a luta é se somos capazes de os convencer que esse mundo é plural e rico, ou se deixamos que os inimigos desta concep??o digam que o que é bom é ser um estúpido digital. O desafio é que a palavra falada e escrita é condi??o da humanidade. A sobrevivência da palavra e compreender o mundo através dela, é isso que vamos fazer, favorecendo aquilo que é bom porque ler é poder.E.M.C. — O digital tem de ser complementar ao papel. Hoje há uma possibilidade muito real de chegar à leitura através do digital, por exemplo, através de comunidades virtuais de leitores.O melhor do Público no emailSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.Subscrever × Está previsto fazer estudos? Quais s?o as necessidades sentidas?T.C. — A avalia??o é para retomar, assim como os estudos que foram interrompidos.E.M.C. — Um dos mais importantes é o da Leitura em Portugal, de 2007, e que vamos retomar. ? fundamental para conhecer a realidade e em dez anos essa modificou-se profundamente. Nomeadamente a quest?o do digital.T.C. — Vamos constituir um conjunto de conselheiros para conseguir identificar áreas associadas a centros de investiga??o, o que vai implicar apoios comunitários. Os estudos s?o importantes para auxiliar as decis?es.Livro de Valter Hugo M?e fica no Plano Nacional de Leitura apenas para o secundário Romance O Nosso Reino gerou polémica pelas passagens de cariz sexual.Lusa 30 de Janeiro de 2017O romance O Nosso Reino, de Valter Hugo M?e, que gerou polémica pelas passagens de cariz sexual, sairá das leituras recomendadas no 3.? ciclo pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) para constar apenas do secundário, disse o comissário Fernando Pinto do Amaral, nesta segunda-feira.PUB“N?o está em causa a sua qualidade literária, o que houve foi um problema de inser??o na lista. O livro entrou no 3.? ciclo por lapso, porque foi escolhido para o secundário”, explicou o comissário do PNL. S?o centenas de livros e dezenas de listas que integram o PNL, pelo que é normal que ocorram erros deste tipo, explicou o responsável, exemplificando com um caso semelhante que aconteceu há uns anos com um livro da escritora Alice Vieira.De qualquer forma, o poeta desvaloriza a polémica, explicando que n?o se trata de uma obra de cariz erótico, mas de um livro com memórias de inf?ncia e que tem umas passagens com conteúdo sexual, que apareceram descontextualizadas da narrativa. Assim, o livro continuará a integrar o PNL, mas na lista das leituras recomendadas para alunos do secundário.O melhor do Público no emailSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.Subscrever × O Nosso Reino?estava nas listas dos livros de leitura recomendada para o 3.? ciclo do ensino básico, que abrange 7.?, 8.? e 9.? anos, portanto, alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos.A polémica surgiu quando pais de alunos do 8.? ano da Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa, que leram o livro nas férias do Natal, se aperceberam do seu conteúdo e protestaram.A decis?o de passar o livro para as listas do secundário foi tomada após uma reuni?o na tarde desta segunda-feira com a comiss?o de especialistas que seleccionam os livros. Contudo, Fernando Pinto do Amaral sublinhou que esta decis?o n?o foi uma “reac??o” à polémica, mas sim a correc??o de um lapso, que entretanto foi detectado. ................
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