Paginas.fe.up.pt



Relatório de Televisão Digital

Codificadores e descodificadores para áudio

Hugo Alexandre Pereira Pinto – 970503032

Sérgio Salvador Oliveira Alves – 970503012

1. Introdução

Este trabalho tem como objectivos  fazer um levantamento dos codificadores áudio actualmente em utilização para aplicações de televisão digital, áudio na web, dispositivos portáteis e aplicações em sofware. Deverão ser apontadas as características principais e áreas de aplicação.

A segunda parte do trabalho vai abordar assuntos relativos à propriedade intelectual, nomeadamente a iniciativa SDMI.

2. Mpeg áudio

Em 1987, o Fraunhofer Institute começou a trabalhar em codificação perceptual de áudio no âmbito do projecto EUREKA. Em conjunto com a Universidade de Erlangen, o instituto desenvolveu um algoritmo que foi normalizado como ISO-MPEG Audio Layer-3, normalmente referido como MP3.

1. Necessidade de codificar o áudio

Sem redução dos dados, os sinais de áudio digitais consistem tipicamente em amostras de 16 bits gravados a uma frequência de amostragem a mais do dobro da actual largura de banda (44.1 kHz para os cds). Nestas condições são necessários 1,4 Mbit para guardar apenas um segundo de estéreo em qualidade de CD. A codificação de áudio MPEG, permite "encolher" o som original de um CD por um factor de 12 sem perder grande qualidade musical. Factores de 24, ou mesmo mais, ainda mantêm uma qualidade de som que é significativamente melhor do que se obtém reduzindo a frequência de amostragem e a resolução das amostras (menos bits por amostra).

Isto é possível usando técnicas de codificação perceptual que tratam da percepção das ondas de som no ouvido humano.

Usando o MPEG áudio, pode-se obter uma redução do tamanho dos dados mantendo ainda a qualidade inicial de CD:

|1:4 |Layer 1 (corresponde a 384 kbps para um sinal estéreo) |

|1:6...1:8 |Layer 2 (corresponde a 256..192 kbps para um sinal estéreo) |

|1:10...1:12 |Layer 3 (corresponde a 128..112kbps para um sinal estéreo) |

2. Qualidade do som

Algumas performances típicas do MPEG Layer-3 são:

|Qualidade de som |Largura de banda |Modo |Bitrate |Taxa de Compressão |

|Som telefónico |2.5 kHz |mono |8 kbps |96:1 |

|Melhor que onda-curta |4.5 kHz |mono |16 kbps |48:1 |

|Melhor que rádio AM |7.5 kHz |mono |32 kbps |24:1 |

|Semelhante a rádio FM |11 kHz |estéreo |56...64 kbps |26...24:1 |

|Quase CD |15 kHz |estéreo |96 kbps |16:1 |

|CD |>15 kHz |estéreo |112..128kbps |14..12:1 |

3. Características

Banco de filtros

O banco de filtros usado no MPEG Layer-3 é um banco de filtros híbrido que consiste num banco de filtros polifásico e numa MDCT (Modified Discrete Cosine Transform). Esta forma híbrida foi escolhida por razões de compatibilidade com os seus antecessores - Layer-1 e 2 .

Modelo perceptual

O modelo perceptual determina essencialmente a qualidade de uma dada implementação de um descodificador. Pode usar um banco de filtros separado ou combina o cálculo de valores de energia (para o cálculo de máscaras) e o banco de filtros principal. A saída do modelo perceptual consiste em valores para o limiar de mascaramento do ruído permitido para cada partição do codificador. Se o ruído de quantificação for mantido abaixo do limiar de mascaramento, então os resultados da compressão devem ser indistinguíveis do sinal original.

|[pic] |

|Figura 1 - Esquema de codificação do MPEG-2 Layer 3 |

"Joint Stereo"

A codificação "joint stereo" tira partido do facto de ambos os canais de um par de canais estéreo conter quase a mesma informação. Estas irrelevâncias estereofónicas e redundâncias são exploradas para reduzir a bitrate total. O "joint stereo" é usado em casos onde só estão disponíveis baixas bitrates mas são pretendidos sinais estéreo.

Quantificação e codificação

Um sistema de dois ciclos iterativos é a solução comum para a quantificação e codificação num codificador de Layer-3. A quantificação é feita via um quantificador que usa uma lei de potência. Desta forma, os valores maiores são automaticamente codificados com menos precisão e alguma quantidade de ruído está já incluída no processo de quantificação. Os valores quantificados são codificados por um código de Huffman.

O processo de obter o ganho óptimo e os factores de escala para um dado bloco, bitrate e saída do modelo perceptual é normalmente feito por dois ciclos iterativos sendo estes o ciclo interior (rate loop) e o ciclo exterior (controlo de ruído/ciclo de distorção).

Ciclo interior (rate loop)

A tabela de códigos Huffman designa palavras de código mais curtas para os valores quantizados mais pequenos (são mais frequentes). Se o número de bits resultantes da operação de codificação exceder o número de bits disponíveis para codificar um dado bloco de dados, isto pode ser corrigido ajustando o ganho global resultando num degrau de quantização maior levando a valores quantizados menores. Esta operação é repetida com diferentes valores de degraus de quantização até à necessidade de bits do código de Huffman ser suficientemente pequena. O ciclo é de chamado "rate loop" porque modifica a taxa global do codificador até ser suficientemente pequena

Ciclo exterior (controlo de ruído/ciclo de distorção)

Para moldar o ruído de quantificação de acordo com o limiar de mascaramento, factores de escala são aplicados a cada banda. O sistema começa com um valor inicial de 1.0 para cada banda. Se o ruído de quantificação para uma dada banda exceder o limiar de mascaramento, o factor de escala para esta banda é ajustado para reduzir o ruído de quantificação. Uma vez que para atingir um menor ruído de quantificação é necessário um número maior de degraus de quantificação e por isso uma bitrate maior, o "rate loop" tem que ser repetido cada vez que um factor de escala novo é usado. Por outras palavras, o "rate loop" está embutido no ciclo de controlo de ruído. O ciclo exterior é executado até o ruído actual (computado através da diferença entre os valores do espectro original menos os valores do espectro quantificado) ser inferior ao limiar de mascaramento para cada banda crítica.

4. Mpeg-2 AAC

A cooperação internacional entre o Fraunhofer Institute e companhias como a AT&T, a Sony e a Dolby produziu o método MPEG mais eficiente de compressão de dados realizado até agora. Chama-se MPEG-2 Advanced Audio Coding (AAC) e foi declarado um standard internacional pelo MPEG em Abril de 1997.

|[pic] |

|Figura 2 – Sistema surround |

A força que levou ao desenvolvimento do AAC foi a procura de método de codificação eficiente para sinais surround, como sinais de 5 canais (esq., dir., centro, esq. surround, dir. surround) que estão a ser usados nos cinemas hoje em dia

O MPEG-2 AAC é uma continuação do método MPEG Audio Layer-3. Com frequências de amostragem entre 8 kHz e 96 kHz e um grande número de canais entre 1 e 48 , o método está bem preparado para desenvolvimentos futuros no sector de áudio.

Como todos os esquemas de codificação perceptual, o MPEG-2 AAC faz uso de propriedades de mascaramento de sinal do ouvido humano para reduzir a quantidade de dados, mas traz novidades relativamente aos métodos antecedentes.

|[pic] |

|Figura 3 - Esquema de codificação do MPEG-2 AAC |

Banco de filtros

Em contraste com o banco de filtros híbrido do MPEG Layer 3 (escolhido por razões de compatibilidade), o MPEG-2 AAC usa apenas a MDCT (Modified Discrete Cosine Transform). Juntamente com o aumento da largura da janela (2048 em vez de 1152 linhas por transformação), a MDCT supera em performance o banco de filtros dos métodos anteriores.

Formatação de ruído temporal (TNS - Temporal Noise Shaping)

Formata a distribuição do ruído de quantificação no tempo, prevendo no domínio das frequências. Os sinais de voz melhoram consideravelmente através da TNS .

Predição

Uma técnica conhecida na área dos sistemas de codificação de voz. Certos tipos de sinais de áudio são fáceis de prever.

Quantização

Controlo mais fino da resolução do quantificador, uma dada bitrate pode ser usada mais eficientemente.

Formatação do bit-stream

A informação a ser transmitida sofre codificação de entropia para manter a redundância o mais baixa possível.

Aplicações para o MPEG-2 AAC

Devido à sua eficiência de codificação é um óptimo candidato para qualquer sistema de brodcast digital.

As autoridades Japonesas foram as primeiras a usar o AAC dentro de praticamente todos os esquemas de "audio broadcasting". Os seus primeiros serviços estavam previstos começar no ano 2000 e já estão a ser desenvolvidos chips de descodificação AAC.

O AAC foi seleccionado para ser usado no sistema DRM (Digital Radio Mondiale - transmissão em AM abaixo dos 30 MHz). Devido à sua performance, o AAC desempenhará um papel importante na distribuição de música de alta qualidade na Internet.

O AAC (com algumas modificações) é um dos esquemas de codificação de áudio usado na norma MPEG-4.

3. DAB

O DAB, Digital Audio Broadcast, é o maior avanço na tecnologia radiofónica desde a introdução do FM Stereo. O DAB oferece aos ouvintes uma recepção de som de alta qualidade livre de interferências, oferece rádios fáceis de usar e um potencial de expansão das escolhas de programas, através da adição de muitas estações de rádios e novos serviços.

1. Descrição

O projecto EUREKA DAB é um sistema de transmissão digital fiável, multi-serviço, para receptores de sistemas móveis, portáteis e fixos, com uma simples antena omnidireccional. A gama de frequências usada varia entre os 30 MHz até aos 3 GHz para recepção móvel (podendo atingir frequências mais altas para sistemas fixos) e pode ser usado em redes de transmissão terrestre, por satélite, redes híbridas (satélite com complemento terrestre) e redes de transmissão por cabo. Para além de suportar programas de áudio com uma vasta gama de débitos binários (a que correspondem diferentes qualidades de som), também suporta um fluxo de dados multiplexados onde se podem transportar um grande número de serviços adicionais, incluindo dados associados aos programas de áudio e serviços de dados independentes.

O EUREKA DAB é um sistema de transmissão de som e dados muito robusto e eficiente. Usa técnicas muito avançadas de compressão de áudio digital (MPEG 1 Audio Layer II e MPEG 2 Audio Layer II) para alcançar uma eficiência espectral igual ou superior à atingida pelo FM convencional. É adicionado ao sinal um código redundante de correcção de erros. A informação transmitida é espalhada no domínio temporal e no domínio das frequências, para que os efeitos de distorção de canal e atenuações sejam eliminados no receptor, mesmo sobre condições de propagação multi-trajecto. A eficiência espectral é aumentada pelo uso de uma técnica chamada Single Frequency Network (rede de frequência única). A rede de transmissão pode ser expandida virtualmente sem limites, operando todos os transmissores na mesma frequência.

A largura de banda de um sistema de transmissão DAB é de 1.536 MHz, dando um débito binário útil de aproximadamente 1.5 Mbit/s. A cada serviço é aplicado um código corrector de erros, com um "overhead" que pode variar desde 25% até 300% (25% até 200% para som). Este valor é especificado segundo os requisitos da transmissão (cobertura, qualidade de recepção, etc.).

As características especificadas para o sistema de transmissão DAB foram as seguintes:

- Débito binário para áudio flexível desde 8 Kbit/s até 384 Kbit/s, o que permite uma configuração do multiplexador de modo a incluir 5 ou 6 programas de áudio estereofónico de alta qualidade ou 20 programas de áudio monofónico de qualidade baixa.

- Serviços de dados, em que cada serviço pode ser um stream de informação único, podendo ser subdividido através de uma estrutura de pacotes.

- Dados associados a programas, transmitidos juntamente com o bit stream de áudio, contendo informações sobre o programa de som que está a ser transmitido. A quantidade desses dados pode ser ajustado, sendo no mínimo de 667 bit/s.

- Acesso condicional, aplicado a cada serviço individualmente ou a pacotes de dados. A gestão dos acessos condicionais não faz parte da especificação do sistema DAB, no entanto o sistema de transmissão suporta a informação do acesso condicional, incluindo mecanismos de encriptação do sinal transmitido.

- Informações de serviço, usadas para operação e controlo dos receptores e para informar o utilizador dos programas disponíveis no bit stream.

2. Geração de um sinal DAB

A figura seguinte mostra o digrama de blocos de um emissor DAB conceptual. Cada sinal é codificado individualmente ao nível da fonte, incluindo um código protector de erros. O sinal é interlaçado temporalmente no codificador de canal. A seguir os serviços são multiplexados no MSC (Main Service Channel), de acordo com uma configuração do multiplexador pré-determinada, mas ajustável. A saída do multiplexador é combinada com as informações de multiplexação e de serviço, que são o FIC (Fast Information

|[pic] |

|Figura 4 - Emissor de DAB conceptual |

Channel). Finalmente é aplicado o bloco de OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing) para formar o sinal DAB, que consiste num grande número de portadoras. O sinal é então transposto para a banda de frequências apropriada, amplificado e

transmitido.

3. Recepção de um sinal DAB

|[pic] |

|Figura 5 - Receptor de DAB conceptual |

A figura seguinte mostra um receptor conceptual de DAB. O sinal DAB é seleccionado no sintonizador analógico, cuja saída digitalizada é introduzida no desmodulador OFDM e descodificador de canal, para eliminar erros de transmissão. A informação contida no FIC (Fast Information Channel) é dada ao receptor para o utilizador seleccionar o serviço que quer utilizar. Essa informação é usada para configurar o desmultiplexador. Os dados do canal de serviço principal (MSC) são processados num descodificador de áudio para produzir os sinais de som esquerdo e direito ou para um descodificador de dados apropriado.

4. Serviços de áudio

Comparado com a codificação de som PCM convencional, no DAB o débito binário é reduzido desde 6 até 12 vezes por meio de técnicas de compressão de áudio digital (ver figura 6). É usado um sistema de codificação de sub-bandas de baixo débito, melhorado por um modelo psico-acústico. Devido ao comportamento específico do ouvido interno, o pavilhão auditório humano apenas se apercebe de uma pequena parte do complexo espectro do sinal. Apenas essas partes do espectro localizadas acima da máscara de threshold de um determinado som são perceptíveis. Para extrair a parte perceptível do sinal, o espectro é dividido em 32 sub-bandas igualmente espaçadas. Em cada sub-banda, o sinal é quantizado de forma a que o ruído de quantização iguale a máscara de threshold. Este sistema de codificação de áudio de alta qualidade, conhecido por MUSICAM (Masking Pattern Universal Sub-band Integrated Coding And Multiplexing) foi estandardizado pelo ISO/IEC 11172-3 (MPEG 1 Audio Layer II) e ISO/IEC 13818-3 (MPEG 2 Audio Layer II). As especificações DAB permitem um uso completo da flexibilidade da Layer II, excepto para o facto de que as frequências de amostragem permitidas são apenas de 48 KHz e 24 KHz. A Layer II é capaz de processar sinais monofónicos, estereofónicos e de canal duplo (programas transmitidos em duas línguas

|[pic] |

|Figura 6 - Máscara Psico-acústica |

em simultâneo, por exemplo). Os débitos binários disponíveis são de 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, 80, 96, 112, 128, 144, 160 e 192 Kbit/s por canal monofónico. Para canais estereofónicos ou duplos, o codificador produz o dobro do débito. Todas estas possibilidades podem ser usadas para variar a qualidade requerida e o número de programas de som para transmissão. Um sinal estereofónico pode ser transmitidos a débitos inferiores no modo "joint-stereo". Este modo aproveita a redundância e o interlaçamento dos dois canais estereofónicos para maximizar a qualidade final do som.

5. Serviços de dados

Dados associados a programas

Cada programa de áudio contêm dados associados ao programa, cujo débito varia desde 667 bit/s até 65 Kbit/s. Estes dados podem ser a indicação do título do programa, uma descrição textual do que é dito pelo locutor, informações sobre a música que está a ser transmitida ou texto com características gráficas.

Serviços de dados independentes

Para além dos dados associados a programas, podem ser transmitidos dados como um serviço separado. Isto pode ser feito num bit stream com débitos binários múltiplos de 8 Kbit/s ou em modo de transmissão por pacotes, onde os pacotes de dados individuais podem ter débitos muito menores, sendo multiplexados num multiplexador de pacotes. Exemplos destes serviços de dados são as informações de trânsito, serviços de paging e jornais electrónicos (electronic newspaper).

6. Acesso condicional

Cada serviço pode ser de acesso condicional, se desejado. O sistema de acesso condicional inclui três funções básicas: encriptação/desencriptação, verificação de autorização e gestão de autorização. As funções de encriptação tornam a informação incompreensível para utilizadores não autorizados. A verificação de autorização consiste na transmissão das condições de acesso requeridas para aceder ao serviço, juntamente com códigos de acesso encriptados para permitir a descodificação para os receptores autorizados. A gestão de autorizações distribui as autorizações pelos respectivos receptores.

7. Informações de serviços

Os seguintes elementos das informações de serviço podem ser disponibilizados ao utilizador para selecção de programas e para operação e controlo dos receptores : nome do programa, tipo de programa (notícias, desporto, música, etc.), língua em que é transmitido, data e hora, anúncio de outros serviços (informações de trânsito, notícias, etc.), referências a outro emissor de DAB que transporta o mesmo serviço, ou noutros formatos de transmissão (FM, AM).

8. Serviços multimédia

Jornal electrónico

Um número crescente de jornais oferece serviços on-line complementares que integram conteúdo multimédia. O DAB oferece serviços de transmissão electrónica inovadores tais como: cobertura em tempo real de grandes áreas geográficas, entrega imediata (o jornal fica disponível logo que acaba a sua produção, sendo possíveis actualizações), um grande número de leitores pode ser atingido a um baixo custo por leitor, não há consumo de papel.

Transmissão de imagens

Para a transmissão de imagens paradas via DAB, um grande número de aplicações podem ser previstas. Por exemplo, podem ser transmitidas imagens durante os blocos noticiosos. As previsões do tempo e as mensagens de trânsito podiam ser ilustradas com mapas, durante programas de música podia ser apresentado a capa do CD ou uma fotografia dos músicos. Para transmitir imagens de uma maneira eficiente, pode ser usada a norma de compressão JPEG. Experiências mostraram que a um débito de 16 Kbit/s uma imagem podia ser transmitida entre 15 a 60 segundos a uma qualidade aceitável, se o factor de compressão for escolhido adequadamente. As imagens podem ser apresentadas sequencialmente, em “slide-show”. Em adição também podem ser enviados ficheiros contendo texto e imagens em formato HTML. Desta forma pode-se aceder a serviços Internet através do DAB.

Transmissão de vídeo

Várias demonstrações públicas mostraram que o sistema DAB é apropriado para transmissão de sinais de áudio e vídeo, até para receptores móveis. Essas demonstrações mostraram que o sistema pode ser operado a um débito de 1.5 Mbit/s usando as normas de compressão MPEG 1 e MPEG 2.

Fax

Quando for inconveniente ler grandes quantidades de texto (por exemplo quando se está a conduzir), a possibilidade de imprimir gráficos ou texto pode ser muito atractivo. Combinando a flexibilidade de transmissão a débitos variáveis com uma impressora compacta de alta resolução, é possível a transmissão e recepção de faxes.

9. O DAB em Portugal

A Rádio Difusão Portuguesa

Desde o final da década de 80 que a RDP tem vindo a manifestar grande interesse pelo DAB e vários dos seus técnicos intervieram, de forma pedagógica, em colóquios e seminários de forma a divulgar as potencialidades do sistema mas, também, as suas dificuldades e constrangimentos. Apesar disso, várias razões foram sucessivamente impondo o adiamento da apresentação pública do sistema em Portugal.

Finalmente, no fim de 1997, foi possível à RDP obter autorização para realizar uma demonstração em Lisboa, o que veio a ter lugar em Janeiro.

Esta demonstração ilustrada por equipamento fixo e por um veículo equipado com um auto-rádio DAB cedido pela Grundig Portuguesa, para além de dar a conhecer a sua alta qualidade, permitiu ainda despertar o interesse de muita gente para o DAB.

Posteriormente, procedeu-se à apresentação oficial do sistema na data da inauguração da EXPO98, através da instalação de quatro emissores constituindo uma rede de frequência única transmitindo 6 programas: Antena 1, Antena 2, Antena 3, Rádio Expo, RR1 e RFM. Também neste caso, novamente com a colaboração da Grundig e da SIVA, preparou-se três viaturas Volkswagen Caravelle que, uma em cada porta da EXPO98, disponibilizaram a milhares de visitantes, nacionais e estrangeiros, informação escrita e auditiva sobre o DAB, sendo que para a maioria dos visitantes foi este o primeiro contacto com esta nova realidade tecnológica.

Em Agosto de 1998 foi anunciado o concurso público para atribuição de uma licença de âmbito nacional para o estabelecimento e fornecimento de uma rede de radiodifusão digital terrestre, o qual foi ganho pela RDP. A respectiva licença foi atribuída à RDP em Março de 1999.

A rede de emissores

|[pic] |

|Figura 4 - Macrocobertura do DAB em Portugal |

De acordo com a proposta apresentada a concurso o dispositivo de emissão será constituído por uma rede sincronizada de emissores, todos na mesma frequência, a funcionar na banda de VHF, canal 12B, frequência central (225,648 MHz).

Em 1999 foram instalados vários emissores que adicionados aos já existentes vão assegurar a cobertura de todo o litoral do continente (conforme mapa de cobertura anexo) e os de Ponta Delgada e Funchal nas Regiões Autónomas.

Nos anos seguintes, até 2004 irá-se proceder à instalação dos restantes emissores que permitirão a cobertura dos principais eixos rodoviários do interior (IP5, IP4, IP3,…) e de todas as capitais de distrito até à cobertura integral do território continental.

Também até 2004 espera-se concluir a cobertura da Região Autónoma da Madeira prevendo-se que a dos Açores só termine em 2006.

Nessa altura, estarão instalados, pelo menos, 40 emissores no Continente, 22 nos Açores e 12 na Madeira, para além de uma rede continental de Feixes Hertzianos em 7.5 GHz e de ligações via satélite para os Açores e a Madeira e Portugal será, sem dúvida, o país europeu que mais rapidamente atingiu a cobertura integral do seu território.

4. Direitos de autor…

… ou das editoras?

O problema que surge com a massificação do digital é que a protecção de conteúdos passa a ser um tema muito mais sensível. As cópias deixam de perder qualidade e a proliferação aparelhos de cópia para uso pessoal, assim como a generalização dos acessos de banda larga à internet, contribuem para quebrar as barreiras físicas e tecnológicas que ainda existiam para limitar a violação dos direitos de autor.

Surgem agora novas discussões, num ponto em que as barreiras tecnológicas desapareceram. Deve a indústria tentar levantar novas barreiras, só para serem mais tarde derrubadas, ou permitir que os utilizadores continuem a perpetuar de forma generalizada aquilo que a lei americana considera já como um crime?

Do outro lado estão os consumidores, que não têm qualquer problema moral em deixar de pagar o serviço às editoras, por saberem de antemão que a percentagem de lucro que efectivamente chega aos artistas é, generalizadamente, mínima.

Estes últimos, vão aparecendo com posições distintas, ora de um lado, ora do outro, ora defendendo os novos meios de partilha de conteúdos grátis como catalisadores da verdadeira liberdade de expressão, libertando os artistas do controlo pesado dos detentores dos meios de produção tradicionais, ora atacando quem pirateia, por verem as vendas a diminuir e as suas receitas directas, já baixas, a diminuirem ainda mais.

Analisemos então a posição da indústria discográfica quanto a esta matéria.

Segundo a PriceWaterHouseCoopers, as vendas de CD nos primeiros 6 meses de 2002 caíram cerca de 7%. No ano de 2001 tinham já caído significativamente. Para os que defendiam que a pirataria online não tinha como consequência directa esta pode ser a prova final. Se no ano de 2001, devido aos acontecimentos de 11 de Setembro, houve de facto um grande abrandamento que se arrastou pela a época das festas, em 2002 o abrandamento económico por si só não é suficiente para explicar nova tendência regressiva nas vendas.

De qualquer maneira, quando aos motivos, o único consenso que existe é sobre a falta de dados objectivos. E por isso aparecem periódicamente novos estudos, sempre orientados a provar a razão de quem os encomenda. É o caso de um que analisamos, denominado “Music and the Internet”, efectuado em Maio de 2002 para a Record Industry Association of America – RIAA.

O estudo incidiu sobre 860 utilizadores de internet, com idades compreendidas entre os 12 e os 54 anos. De entre estes verificou-se que metade efectuam downloads de música sem pagar através da rede, sendo que 22% frequentemente.

Uma das principais conclusões deste estudo advém da resposta à pergunta “Quando ouço uma canção que me agrada, de um artista que não reconheço, é mais provável que faça primeiro:”, à qual, por exemplo, 35% dos consumidores mais novos respondem que fazem o download da internet sem pagar, e apenas 10% admitem que irão logo comprar o album.

A conclusão fundamental a que a RIAA pretende chegar, está espelhada no quadro seguinte. 41% dos utilizadores que serviços de partilha de ficheiros que estavam a fazer mais downloads na altura do inquérito do que seis meses antes, admitiam estar também a comprar menos, enquanto que desses, apenas 19% admitiam estar a comprar mais.

As grandes produtoras, conscientes da perda de receitas provocada pela pirataria generalizada, tentam então criar uma tecnologia que permita acabar com ela. Um formato fechado que viria a definir o padrão de troca de música na internet.

O seu objectivo é converter o mercado à nova tecnologia utilizando como arma de arremesso o seu portfolio de grandes artistas, isto significa que, com as grandes produtoras, o utilizador poderá ouvir os maiores artistas, mas apenas se o fizer através da sua tecnologia fechada.

Nasceu assim a SDMI – Secure Digital Music Iniciative. É um forum mundial criado pela RIAA em parceria com as suas congéneres no resto do globo, que depois envolveram mais de duzentas empresas, desde fabricantes de equipamento e software, a produtores de conteúdos e fornecedores de acesso à Internet.

A SDMI lançou o logo DMAT para utilizar na certificação dos produtos compatíveis com a sua tecnologia.

O objectivo era, numa segunda fase, detectar conteúdo autorizado (screening) através de uma marca de água e impedir a reprodução de conteúdo não autorizado.

A técnica de marca de água permite incluir informação digital inaudível directamente numa faixa de áudio . Esta tecnologia utiliza técnicas de processamento digital de sinal que permitem a inclusão de múltiplas camadas de informação e que torna virtualmente impossível a alteração dessa informação . A Verance desenvolveu e patenteou novas aproximações à técnica de marca de água baseadas em modelos psicoacústicos que garantem o silêncio da marca de água e espalhamento espectral que assegura protecção contra ataques (distribuição do sinal ao longo do plano tempo/frequência )  . A marca de água terá que ter as seguintes características :

Transparência - a marca de água tem de ser inaudível

Sobrevivência - os dados da marca de água são ainda detectados mesmo depois de distorções introduzidas na difusão , algoritmos de compressão(MP3 e AAC) , conversões digital-analógico-digital

Eficiência - a codificação e descodificação da marca de água é conseguida através de baixos recursos computacionais.

Segurança - as marcas de água são resistentes a tentativas de falsificação , alteração , apagamento e descodificação não autorizada.

Débito de dados - as marcas de água permitem altas taxas de transmissão de dados e são descodificadas a partir de segmentos curtos de áudio.

1. Screening

O objectivo do screening é fornecer um mecanismo de detectar música distribuída de forma ilegítima. A tecnologia de screening da SDMI seria implementada em duas fases. Na fase 1 as aplicações teriam de ser capazes de detectar um sinal que indicasse que um upgrade de software incorporando tecnologia de fase 2 estaria disponível. O upgrade para a tecnologia de fase 2 é voluntário, mas apenas aplicações com o upgrade serão capazes de importar conteúdo fase 2. Adicionalmente, aplicações que tenham sido actualizadas para a tecnologia de fase 2 não importarão, farão transferência ou tocarão conteúdo distribuído utilizando tecnologia fase 2 que tenha sido distribuído ilegitimamente.

Embora muito activa inicialmente, a SDMI suspendeu os seus trabalhos em Maio de 2001, após receber propostas dos fornecedores para definição da norma da segunda fase, e não ter conseguido reunir consenso sobre nenhuma das propostas recebidas.

Conforme referido no início desta discussão, o combate contra a pirataria já não se ganha simplesmente levantando barreiras, pois elas serão, mais cedo do que tarde, derrubadas. Portanto é preciso dar aos consumidores, de facto, valor pelo seu dinheiro, para que estes voltem a comprar. Uma tecnologia efectivamente segura de protecção de conteúdos só será adoptada quando representar verdadeiramente um benefício para o consumidor, e não o contrário.

Referências Bibliográficas





















................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download